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APELACAO - SURF FERROVIARIO - CULPA EXCLUSIVA DA VITIMA

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À 24ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE GOIÂNIA, ESTADO DE GOIÁS
Processo n. 2002.001.136702-0
Requerente: João da Silva
Requerida: VIA1000 S.A
VIA 1000 S.A, já qualificada nos autos em epígrafe, vem por meio deste advogado infra-assinado e estagiário firmatário, à presença de Vossa Excelência, inconformada com a sentença proferida por este juízo, evento xxxx, nos termos do artigo 1.0009 e seguintes do Código Processual Civil, bem como demais legislações em vigor, interpor:
RECURSO DE APELAÇÃO
Pelos fatos e fundamentos a seguir expostos, motivo pelo qual requer, desde já, que o presente recurso seja recebido, no seu duplo efeito, e processado, na forma da lei, postulando a juntada das razões anexas. 
Ante o exposto, requer digne-se Vossa Excelência, em recebendo as razões do presente Recurso de Apelação, encaminhá-lo à posterior apreciação pelo Egrégio Tribunal de Justiça de Goiás, através de suas Colendas Câmaras, a qual, por certo, fará a costumeira justiça, dando provimento ao presente, reformando a respeitável sentença proferida.
Termos em que,
Pede deferimento.
Goiânia, 14 de setembro de 2022.
HENRIQUE DANTAS
OAB/GO 48.055
AO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS
Processo n. 2002.001.136702-0
Recorrido: João da Silva
Recorrente: VIA1000 S.A
Colenda Câmara, 
Eméritos Julgadores, 
Trata-se de Recurso de Apelação com a finalidade de reformar a decisão proferida pelo exmo. Juízo a quo da 24º Vara Cível da Comarca de Goiânia, a qual condenou a Recorrente ao pagamento de verbas indenizatórias no montante de R$ 20.000,00 (Vinte mil reais). 
Data vênia, a decisão merece ser reformada, proferindo-se nova decisão, sendo que estas razões recursais atacam diretamente a sentença de primeiro grau, dada a dissonância entre a argumentação jurídica e os argumentos que passo a expor.
DO CABIMENTO DO RECURSO
A Recorrente interpõe Recurso de Apelação em face da sentença proferida em primeira instancia, sendo recurso cabível, nos termos do artigo 1009 do Código Processual Civil.
Art. 1.009. Da sentença cabe apelação.
§ 1º As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões.
§ 2º Se as questões referidas no § 1º forem suscitadas em contrarrazões, o recorrente será intimado para, em 15 (quinze) dias, manifestar-se a respeito delas.
§ 3º O disposto no caput deste artigo aplica-se mesmo quando as questões mencionadas no art. 1.015 integrarem capítulo da sentença.
Assim sendo, considerando que o prazo para interposição do recurso de apelação é de 15 (quinze) dias, e a decisão in casu foi proferida em 19/08/2022, todavia esta recorrente foi intimada somente em 23/08/2022. Ou seja, o prazo findar-se ia em 14/09/2022, portanto, manifestamente tempestivos o presente ato.
Sobre a regularidade formal do recurso, se extrai que a peça recursal preenche todos os requisitos formais exigidos pelo Código Processual Civil e o subscritor das razões recursais.
DOS FATOS
Trata-se de ação indenizatória ajuizada pelo Recorrido, contra este Recorrente, sob fundamento de que esta empresa concessionária de serviços de transporte ferroviário no Estado de Goiás, sustentando que no dia 05/03/2022, sofreu queda de uma das composições da Recorrente, o que lhe causou graves lesões.
Por suas alegações e por entender que a responsabilidade da ré é objetiva – independendo, portando, da comprovação de culpa – requereu sua condenação ao: a) pagamento de pensões mensais vencidas a partir da data do acidente tendo como base de calculo o salário-minimo vigente; b) pagamento de pensões mensais vincendas com base no salario-minimo vigente; c) pagamento de verbas decorrentes do dano moral não inferior à quantia de 30 (trinta) salários mínimos; d) pagamento de verbas decorrentes de dano estético não inferior a quantia de 10 salários-minimos; e) tratamento médico; f) reembolso de despesas realizadas razão do evento e pagamento das despesas eventualmente necessárias a serem arbitradas pelo julgador; g) juros de mora; h) honorários advocatícios na base de 20% (vinte por cento) do valor da condenação.
No entanto, como incansavelmente demonstrado nos autos do juízo a quo, o acidente ocorrido decorreu por única e exclusiva culpa da vítima, fator este que afasta os nexos causal e a responsabilidade objetiva da demandada. Ocorre que, conforme depoimentos colhidos, o Recorrido estava praticando “surfe ferroviário, andando como pingente, em cima da composição férrea. 
Inclusive, Excelência, uma das testemunhas Maria Fernanda Soares afirmou que: viu o autor subindo no teto da composição; que o autor pulou o muro, não pagou passagem, que viajava sem a permissão da ré em pé, no teto, e que, quando a composição fez a curva, o autor caiu”.
Ainda, em fase de instrução processual, o autor foi submetido à perícia médica, em que ficou constatada a ausência de dano estético, bem como a desnecessidade de afastamento da atividade laborativa, já que as lesões foram leves. 
Todavia, mesmo com todas as provas colacionadas nos autos a quo foi proferido sentença, pelo juízo monocrático, entendendo por haver responsabilidade da demandada no presente caso, proferindo sentença, em 19/08/2022, condenando esta Recorrente, ao pagamento de danos morais no importe de R$ 20.000,00 (Vinte mil reais), além de honorários advocatícios em 20% (vinte por cento), sobre o valor da condenação.
Diante destas circunstâncias, não restam dúvidas que a sentença proferida deverá ser reformada, motivo pelo qual passo a fundamentar.
DO DIREITO
DA CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA – EXCLUDENTE DE RESPONSABILIDADE
	
O juízo a quo reconheceu a culpa pela ocorrência do acidente no trânsito, no entanto, desconsiderou, totalmente, um fato primordial: este se deu, única e exclusivamente por culpa do Recorrido, que em um ato imprudente, estava realizando surf ferroviário no automóvel.
Nesse passo, sabe-se que para a configuração da responsabilidade civil exige uma conduta antijurídica do agente (eventos-damni), uma lesão efetiva, ainda que meramente moral (dano) e a relação de causa e efeito entre uma e outra (nexo causal). 
Ora, o dano é elemento essencial da responsabilidade do agente, seja proveniente do ato lícito, nas hipóteses expressamente previstas, ou do ilícito, independente de se tratar de responsabilidade objetiva ou subjetiva.
Sobre o assunto:
A teoria da responsabilidade objetiva do Estado consagrou-se nos seguintes termos: para sua responsabilização basta a existência de nexo causal entre a ação ou omissão estatal e o evento danoso, desde que não ocorram quaisquer das causas de exclusão, como a culpa exclusiva da vítima, caso fortuito, força maior, e outras. Já ficou assentado, ainda, com supedâneo em escólio de Celso Antônio, que a questão, ainda assim, cinge-se apenas a existência ou inexistência de nexo etiológico e nada mais (STOCO RUI, “Tratado de Responsabilidade Civil”, 6º edição, editora RT, p. 1051/1052)
No mesmo sentido, leciona Silvio Rodrigues:
Para que surja a obrigação de reparar, mister se faz a prova da existência de uma relação de causalidade entre a ação ou omissão culposa do agente e o dano experimentado pela vítima. Se a vítima experimentar um dano, mas não se evidenciar que o mesmo resultou do comportamento ou da atitude do réu, o pedido de indenização formulado por aquela, deve ser julgado improcedente. Dai ser neste passo que devem ser estudadas as excludentes de responsabilidade. Se o acidente ocorreu não por culpa do agente causador do dano, mas por culpa da vítima, é manifesto que faltou o liame de causalidade entre o ato daquele e o dano por esta experimentado. (Direito Civil. Responsabilidade Civil. V. 4, 1995, Ed. Saraiva, p.17)
Oportuno destacar que, é notório a culpa do Recorrido, uma vez que este, por não ter dinheiro para pagar a passagem do ônibus, decidiu SURFAR NELE. 
Assim, a responsabilidade objetiva DEVE SER AFASTADAquando comprovada a culpa exclusiva da vítima. Ora, a prova testemunhal foi clara em afastar a responsabilidade do Recorrente no evento, eis que agiu com cautela em todo o momento de sua prestação de serviço. 
Inclusive, assim já decidiu o Superior Tribunal de Justiça:
Responsabilidade civil. Acidente ferroviário. Queda de trem. "Surfista ferroviário". Culpa exclusiva da vítima. I - A pessoa que se arrisca em cima de uma composição ferroviária, praticando o denominado "surf ferroviário", assume as conseqüências de seus atos, não se podendo exigir da companhia ferroviária efetiva fiscalização, o que seria até impraticável. II � Concluindo o acórdão tratar o caso de "surfista ferroviário", não há como rever tal situação na via especial, pois demandaria o revolvimento de matéria fático-probatória, vedado nesta instância superior (Súmula 7/STJ). III � Recurso especial não conhecido.
(STJ - REsp: 160051 RJ 1997/0092328-2, Relator: Ministro ANTÔNIO DE PÁDUA RIBEIRO, Data de Julgamento: 05/12/2002, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: --> DJ 17/02/2003 p. 268 RJADCOAS vol. 43 p. 46 RSTJ vol. 165 p. 317)
"RESPONSABILIDADE CIVIL."SURFISTA FERROVIÁRIO". CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA - Risco assumido inteiramente pelo " surfista ferroviário ", sendo inexigível e até mesmo impraticável nessa hipótese a fiscalização por parte da empresa. Recurso especial não conhecido" (REsp 261.027/RJ, Relator Ministro Barros Monteiro, DJ de 13-8-2001). 
"DIREITO CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE FERROVIÁRIO. SURFISTA FERROVIÁRIO. CULPA EXCLUSIVA DA VITIMA APURADA NAS INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS. VIOLAÇAO DO ART. 17 DA LEI 2.681/12. REEXAME DE PROVA. VEDAÇAO. DISSENSO JURISPRUDENCIAL. INOCORRÊNCIA. RECURSO DESACOLHIDO. I - Apurada nas instâncias ordinárias a culpa exclusiva da vitima,"surfista ferroviário", descabe analisar a violação do art. 17 da Lei 2.681/12, por demandar inequívoco reexame de prova, vedado pelo enunciado n. 7 da Súmula/STJ. II - A abertura da instância especial pela divergência reclama, salvo nos casos de dissidio notório, o cotejo analítico das bases fáticas que sustentam as teses em conflito. III - Decisão singular de relator em agravo é insuficiente para servir como modelo ensejador do especial. (Resp 59.696-3/RJ. Relator Ministro Sálvio de Figueiredo, DJ 02/10/95).
E mesmo sentido segue este Egrégio Tribunal:
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS MORAIS E ESTÉTICOS. ACIDENTE DE TRÂNSITO. TRANSPORTE COLETIVO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA COMPROVADA. 'SURFE RODOVIÁRIO'. RISCO DE LESÃO ASSUMIDO PELA VÍTIMA. RESPONSABILIDADE DA CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO DE TRANSPORTE PÚBLICO AFASTADA. SENTENÇA MANTIDA. 1. As pessoas jurídicas de direito privado, que exploram o serviço público de transporte coletivo de passageiros, respondem objetivamente pelos danos causados a terceiros, usuários ou não do serviço. 2. Para que a concessionária de transporte coletivo tenha a obrigação de indenizar, basta a verificação da conduta administrativa, do resultado danoso e do nexo causal entre este e o fato lesivo, a qual pode ser afastada quando comprovada a ocorrência de força maior ou de caso fortuito, ou, ainda, a culpa exclusiva da vítima. 3. Estando comprovado nos autos que a autora/recorrente subiu no teto do ônibus para praticar o conhecido 'surfe rodoviário', por vontade própria, consciente do risco que corria, conclui-se que demonstrada a culpa exclusiva da vítima, o que afasta a responsabilidade do dever de indenizar da concessionária. 4. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
(TJ-GO - Apelação (CPC): 01994714820118090175, Relator: GERSON SANTANA CINTRA, Data de Julgamento: 13/12/2018, 3ª Câmara Cível, Data de Publicação: DJ de 13/12/2018)
No caso em exame, embora comprovado o nexo causal entre o resultado danoso e o fato ocorrido, emerge da prova coligida aos autos que houve culpa exclusiva da vítima, sobretudo das declarações das testemunhas, colhidas em audiência de instrução.
Conclui-se, portanto, que demonstrada na instrução processual a culpa exclusiva da vítima, não há lugar de imputar-se responsabilidade indenizatória à esta concessionária de transporte coletivo, merecendo a reforma integral da sentença proferida pelo juízo a quo.
DOS REQUERIMENTOS
Diante todo o exposto, requer que o presente recurso de apelação seja CONHECIDO e, quando de seu julgamento, seja TOTALMENTE PROVIDO, para reformar a sentença recorrida, no sentido de rejeitar o pedido inicial do Recorrido e reformar a sentença, por ser da mais inteira justiça.
Termos em que,
Pede deferimento.
Goiânia, 14 de setembro de 2022.
HENRIQUE DANTAS
OAB/GO 48.055

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