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Lei Processual Penal - Direito Processual Penal I

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1 Direito Processual Penal I - Bianca Marinelli 
Lei Processual 
Aplicação da lei processual no tempo 
Princípio do efeito imediato ou da 
aplicação imediata: No conflito da lei 
processual no tempo, vige o princípio do 
tempus regit actum (os atos são regidos pela 
lei processual do seu tempo), com a 
consequência de que: 
→ os atos processuais realizados sob a égide 
da lei anterior são válidos; 
→ as normas processuais têm aplicação 
imediata, regulando o desenrolar restante 
do processo. 
Art. 2º CPP. A lei processual penal 
aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da 
validade dos atos realizados sob a vigência da 
lei anterior. 
Irretroatividade: A lei processual 
penal brasileira não é retroativa, pois se aplica 
aos fatos processuais ocorridos durante a sua 
vigência. 
Irretroatividade da nova lei, ela só é 
aplicada a partir da sua data de vigência, ou 
seja, não é aplicada para atos anteriores a ela. 
Normas 
Normas processuais: Disciplina como 
se inicia um processo, como ele se 
desenvolverá, a função de cada um e como 
ele finalizará. Regulam o início, 
desenvolvimento e fim do processo; as que 
indicam as formas com que os sujeitos 
processuais podem valer-se das suas 
faculdades e direitos processuais etc. 
Art. 37 CPP. As fundações, 
associações ou sociedades legalmente 
constituídas poderão exercer a ação penal, 
devendo ser representadas por quem os 
respectivos contratos ou estatutos 
designarem ou, no silêncio destes, pelos seus 
diretores ou sócios-gerentes. 
A representação vincula uma forma de 
iniciar um processo, está ligada ao direito de 
ação. O promotor não pode iniciar uma ação 
sem a autorização da vítima. 
Art. 396 CPP. Nos procedimentos 
ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou 
queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente, 
recebê-la-á e ordenará a citação do acusado 
para responder à acusação, por escrito, no 
prazo de 10 (dez) dias. 
Art. 399 CPP. Recebida a denúncia ou 
queixa, o juiz designará dia e hora para a 
audiência, ordenando a intimação do 
acusado, de seu defensor, do Ministério 
Público e, se for o caso, do querelante e do 
assistente. 
Normas penais: Atribui ao Estado o 
direito de punir. Todas aquelas que atribuem 
virtualmente ao Estado o poder punitivo ou o 
poder de disposição do conteúdo material do 
processo. Quando a norma está ligada ao 
direito de punir, quer privando ou 
disponibilizando o Estado o direito de punir, é 
norma penal. 
Exemplo: Sursis, abdica o direito de 
punir por questão de regime criminal. 
Art. 121 CP. Matar alguém. Pena – 
reclusão, de seis a vinte anos. 
Normas mistas: Processuais materiais 
ou híbridas, caráter penal e processual. 
Se um preceito processual for 
constituído também de caracteres de natureza 
penal, aplica-se a retroatividade benéfica. 
Art. 38 CPP. Salvo disposição em 
contrário, o ofendido, ou seu representante 
legal, decairá no direito de queixa ou de 
representação, se não o exercer dentro do 
prazo de seis meses, contado do dia em que 
vier a saber quem é o autor do crime, ou, no 
caso do art. 29, do dia em que se esgotar o 
prazo para o oferecimento da denúncia. 
Parágrafo único. Verificar-se-á a decadência 
do direito de queixa ou representação, dentro 
do mesmo prazo, nos casos dos arts. 24, 
parágrafo único, e 31. 
A decadência é a perda do direito de 
ação por não manifestação e a perda do 
direito indireto de punir (pois ocorre em 
seguida). A prescrição é a perda direta do 
Estado de seu direito de punir e indireta do 
indivíduo (pois só o juiz pode exercer). 
A primeira parte do artigo disciplina 
uma maneira de iniciar uma ação/processo, 
pois sem a representação o processo não se 
inicia, sendo, portanto, uma norma 
processual. Já a segunda parte é uma norma 
penal, pois está ligada ao direito de punir ao 
 
2 Direito Processual Penal I - Bianca Marinelli 
disciplinar a perda do direito de ação, e 
consequentemente a perda do direito de punir. 
No Direito Processual, diferente do 
Direito Penal, não faz o raciocínio de 
permanecer a lei mais favorável. Portanto, 
norma processual pura não retroage, tendo 
como exceção as normas materiais (pois 
estabelecem direitos/dão garantias, sendo do 
CP ou do CPP) e as normas mistas que 
retroagem. 
Heterotopia: Norma de natureza 
jurídica estranha a codificação a qual se 
encontra inserida. Situação em que, apesar do 
conteúdo da norma conferir-lhe uma 
determinada natureza, encontra-se ela 
prevista em diploma de natureza distinta. 
Art. 100 CP. A ação penal é pública, 
salvo quando a lei expressamente a declara 
privativa do ofendido. 
Art. 186 CPP. Depois de devidamente 
qualificado e cientificado do inteiro teor da 
acusação, o acusado será informado pelo juiz, 
antes de iniciar o interrogatório, do seu direito 
de permanecer calado e de não responder 
perguntas que lhe forem formuladas. 
Podem retroagir beneficamente 
quando se revestem de conteúdo material, 
como o direito ao silêncio, embora previsto no 
CPP. 
Sistemas processuais 
Sistema Acusatório: Implica o 
estabelecimento de uma verdadeira relação 
processual entre autor, réu e juiz, estando em 
pé de igualdade autor e réu e, acima deles, 
como órgão imparcial o juiz. Relação de 
triangulo, com o juiz no topo e com autor e réu 
na base em paridade, de forma igualitária. 
Sistema Inquisitivo: É a antítese do 
acusatório; não há contraditório, as funções 
de acusar, defender e julgar concentram-se na 
mesma pessoa que é o juiz. Tínhamos esse 
sistema em que era atribuído ao mesmo órgão 
o poder de investigar e julgar, o juiz era o 
grande inquisidor. 
Sistema Misto ou acusatório formal: 
É constituído de uma instrução inquisitiva 
(investigação preliminar e instrução 
probatória) e de um posterior juízo 
contraditório (de julgamento). É utilizado em 
vários países da Europa. Primeiro há a fase 
inquisitiva no qual o ministério público 
investiga e acusa, e depois há a fase 
acusatória realizada pelo órgão julgador 
(devido processo legal). A segunda fase é 
igual a do Brasil, só se distingue do nosso pois 
lá o ministério público que investiga, enquanto 
aqui é a polícia, tendo o ministério público 
atuação na segunda fase. 
Aplicação da lei processual penal no 
espaço 
As leis processuais são eminentemente 
territoriais; não ultrapassam os limites do 
território do Estado. Como uma autoridade ou 
uma jurisdição repressiva exprime por sua 
atividade um dos aspectos da soberania 
nacional, não pode ela ser exercida senão 
dentro nas fronteiras do respectivo Estado. 
A lei processual do Estado pode ser 
aplicada fora de seus limites territoriais nas 
hipóteses de: 
1. Aplicação da lei processual penal de um 
Estado em território nulo (o qual ninguém 
exerce soberania); 
2. Quando houver autorização do Estado 
onde deva ser praticado o ato processual; 
3. Em caso de guerra, em território ocupado. 
Art. 1o CPP. O processo penal reger-se-
á, em todo o território brasileiro, por este 
Código, ressalvados: 
I - os tratados, as convenções e regras 
de direito internacional; 
II - as prerrogativas constitucionais do 
Presidente da República, dos ministros de 
Estado, nos crimes conexos com os do 
Presidente da República, e dos ministros do 
Supremo Tribunal Federal, nos crimes de 
responsabilidade (Constituição, arts. 
86, 89, § 2º, e 100); 
III - os processos da competência da 
Justiça Militar; 
IV - os processos da competência do 
tribunal especial (Constituição, art. 122, 
no 17); 
V - os processos por crimes de imprensa. 
Ressalvas do artigo 1º do CPP: Tratados, 
convenções e regras de direito internacional. 
Aos crimes cometidos a bordo de navios 
ou aeronaves estatais estrangeiras, em águas 
territoriais e espaço aéreo brasileiros, não se 
aplicam a lei penal nem a lei processual 
pátrias. Não se aplica também a nossa lei 
processual aos agentes diplomáticos aqui 
acreditados (imunidade formal); aos 
encarregados de certa missão especial; aos 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao37.htm#art86
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao37.htm#art86http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao37.htm#art89
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao37.htm#art89%C2%A72
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao37.htm#art100
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao37.htm#art122.17
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao37.htm#art122.17
 
3 Direito Processual Penal I - Bianca Marinelli 
que se acreditam para representar o Governo 
em conferências, congressos ou outros 
organismos internacionais; aos funcionários 
diplomáticos que vivam em companhia dos 
respectivos agentes gozam dessas 
prerrogativas. 
A imunidade alcança os familiares, bem 
como os funcionários das organizações 
internacionais, quando em serviço. Estão 
excluídos os funcionários particulares dos 
agentes. Os chefes de Estado e sua comitiva 
desfrutam dos mesmos privilégios quando em 
território nacional. 
As sedes de embaixadas ou legações 
são considerados territórios do país onde se 
acham situadas. Contudo, são consideradas 
invioláveis. 
Os cônsules não gozam das mesmas 
prerrogativas, salvo nos delitos funcionais. 
Os atos processuais nas cartas 
rogatórias obedecem à lei do Estado rogado. 
Imunidade parlamentar: Processual 
ou relativa. Refere-se à prisão, ao processo, 
prerrogativas de foro e para servir como 
testemunhas. Desde a expedição de diploma 
(diplomação é o reconhecimento de que o 
candidato está apto a assumir o cargo), o 
parlamentar não pode ser preso, salvo em 
flagrante de crime inafiançável. Em tal caso, 
os autos serão remetidos dentro de 24 horas 
para a Casa do parlamentar que deliberará, 
por maioria absoluta sobre a prisão. 
Art. 53 CF. Os Deputados e Senadores 
são invioláveis, civil e penalmente, por 
quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. 
§ 2º Desde a expedição do diploma, os 
membros do Congresso Nacional não 
poderão ser presos, salvo em flagrante de 
crime inafiançável. Nesse caso, os autos 
serão remetidos dentro de vinte e quatro horas 
à Casa respectiva, para que, pelo voto da 
maioria de seus membros, resolva sobre a 
prisão. § 3º Recebida a denúncia contra o 
Senador ou Deputado, por crime ocorrido 
após a diplomação, o Supremo Tribunal 
Federal dará ciência à Casa respectiva, que, 
por iniciativa de partido político nela 
representado e pelo voto da maioria de seus 
membros, poderá, até a decisão final, sustar o 
andamento da ação. 
A ação penal pode ser suspensa por 
decisão da respectiva Casa por crime 
cometido após a diplomação. A Casa deve 
deliberar no prazo de 45 dias, após 
provocação de partido político, pela maioria 
absoluta dos seus membros. 
O partido político do deputado pode 
protocolar a Mesa (diretora da Câmara) a 
sentença com requerimento provocando a 
suspensão dessa ação. Anteriormente, ele 
podia peticionar sobre a prisão, e nesse 
momento sobre a própria ação penal. O 
procurador geral denunciou o parlamentar, o 
Supremo recebeu a ação, esta já está 
tramitando, e o partido a que pertencer o 
deputado protocolará a suspensão dessa 
ação. A Mesa pauta os deputados e estes, por 
maioria absoluta, podem aprovar a suspensão 
da ação penal. Ação penal será parada. 
O prazo que a Câmara terá é de 45 dias 
para deliberar a suspensão da ação. Caso não 
faça isso dentro do prazo, não poderá mais 
deliberar sobre a ação (perempção). 
O prazo final que o partido tem para 
provocar a parte é a ação definitiva. Enquanto 
não houver decisão definitiva (acórdão 
transitado julgado), o partido pode provocar. 
Terminado o mandato, retoma a ação 
penal. 
Os deputados estaduais alcançam a 
mesma imunidade. 
Art. 27, § 1º CF. Será de quatro anos o 
mandato dos Deputados Estaduais, 
aplicando- sê-lhes as regras desta 
Constituição sobre sistema eleitoral, 
inviolabilidade, imunidades, remuneração, 
perda de mandato, licença, impedimentos e 
incorporação às Forças Armadas. 
Imunidade processual e concurso de 
agentes: Em caso de suspensão da ação, 
separa-se o processo. Exemplo: Assessor 
envolvido no caso. A Câmara deliberará sobre 
a suspensão da ação em relação ao 
deputado, não sobre o assessor. Suspende 
tão somente a ação em relação ao 
parlamentar, quer seja senador ou deputado. 
Suspensão da prescrição: Em caso 
de suspensão da ação, suspende-se também 
a prescrição. 
Art. 53, §5º. A sustação do processo 
suspende a prescrição, enquanto durar o 
mandato. 
Imunidade para depor: O senador e o 
deputado não são obrigados a testemunhar 
sobre informações recebidas no exercício do 
mandato e nem sobre as pessoas que lhe 
confiaram as informações. Não seria possível 
 
4 Direito Processual Penal I - Bianca Marinelli 
exercer eficientemente a tarefa de fiscalização 
do Poder Executivo caso não houvesse a 
imunidade. Direito de preservar as fontes. 
Art.53 CF. Os Deputados e Senadores 
são invioláveis, civil e penalmente, por 
quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. 
§ 6º Os Deputados e Senadores não serão 
obrigados a testemunhar sobre informações 
recebidas ou prestadas em razão do exercício 
do mandato, nem sobre as pessoas que lhes 
confiaram ou deles receberam informações. 
Prerrogativa de foro: Os deputados e 
senadores são julgados pelo STF. Em face da 
importância do cargo, o indivíduo é 
processado em outro tribunal. 
Art. 53 CF. Os Deputados e Senadores 
são invioláveis, civil e penalmente, por 
quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. 
§ 1º Os Deputados e Senadores, desde a 
expedição do diploma, serão submetidos a 
julgamento perante o Supremo Tribunal 
Federal. 
Art. 102 CF. Compete ao Supremo 
Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da 
Constituição, cabendo-lhe: I - processar e 
julgar, originariamente: b) nas infrações 
penais comuns, o Presidente da República, o 
Vice-Presidente, os membros do Congresso 
Nacional, seus próprios Ministros e o 
Procurador-Geral da República; 
Estado de sítio: Tais imunidades 
subsistirão durante o estado de sítio, podendo 
ser suspensas por voto de 2/3 da Casa no 
caso de ato praticado fora do recinto do 
Congresso e que sejam incompatíveis com a 
execução da medida. 
Art. 53 CF. Os Deputados e Senadores 
são invioláveis, civil e penalmente, por 
quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. 
§ 8º As imunidades de Deputados ou 
Senadores subsistirão durante o estado de 
sítio, só podendo ser suspensas mediante o 
voto de dois terços dos membros da Casa 
respectiva, nos casos de atos praticados fora 
do recinto do Congresso Nacional, que sejam 
incompatíveis com a execução da medida. 
Presidente da República: Imunidade 
formal em relação ao processo. Juízo de 
Admissibilidade pela Câmara, 2/3 do voto de 
seus membros. 
Art. 86 CF. Admitida a acusação contra 
o Presidente da República, por dois terços da 
Câmara dos Deputados, será ele submetido a 
julgamento perante o Supremo Tribunal 
Federal, nas infrações penais comuns, ou 
perante o Senado Federal, nos crimes de 
responsabilidade. 
Prisão: Somente será preso nos 
crimes comuns após a prolação do Acórdão 
condenatório. 
Art. 86. Admitida a acusação contra o 
Presidente da República, por dois terços da 
Câmara dos Deputados, será ele submetido a 
julgamento perante o Supremo Tribunal 
Federal, nas infrações penais comuns, ou 
perante o Senado Federal, nos crimes de 
responsabilidade. § 3º Enquanto não 
sobrevier sentença condenatória, nas 
infrações comuns, o Presidente da República 
não estará sujeito a prisão. 
Caso o Presidente tenha cometido o 
crime de peculato (art. 312 CP), o Procurador 
Geral da República apresentará aos ministros 
do Supremo. Para o Supremo receber essa 
denúncia é preciso receber a permissão da 
Câmara (quórum de 2/3 dos deputados). 
Crime de responsabilidade. 
Prerrogativa de foro: Nos crimes 
comuns será julgado pelo STF e nos crimes 
de responsabilidade pelo Senado Federal. 
Art. 86 e 102, I CF. 
Vice-Presidente, Ministros de Estado e 
Forças Armadas, nos crimes de 
Responsabilidade conexos com o do 
Presidente serão julgados peloSenado 
Federal. 
Art.52. 
O STF julgará os crimes de 
responsabilidade praticados pelos Ministros 
de Estado e Forças Armadas, membros dos 
Tribunais Superiores, os do T.C.U. (Tribunal 
de Contas da União) e os chefes de missão 
diplomática de caráter permanente. 
O Senado Federal julgará os crimes de 
responsabilidade praticados pelos Ministros 
do STF, os membros do CNJ e do CNMP, o 
PGR e o ADGU. 
Art. 52, II CF. Compete privativamente 
ao Senado Federal: II processar e julgar os 
Ministros do Supremo Tribunal Federal, os 
membros do Conselho Nacional de Justiça e 
do Conselho Nacional do Ministério Público, o 
Procurador-Geral da República e o Advogado-
Geral da União nos crimes de 
responsabilidade; 
Militares: Crimes militares é de 
competência da Justiça Militar (CPPM). 
 
5 Direito Processual Penal I - Bianca Marinelli 
Art. 1°, III CPP. O processo penal reger-
se-á, em todo o território brasileiro, por este 
Código, ressalvados: III - os processos da 
competência da Justiça Militar; 
Art. 124 CF. À Justiça Militar compete 
processar e julgar os crimes militares 
definidos em lei. 
Interpretação 
Interpretar a lei é penetrar-lhe o 
verdadeiro e exclusivo sentido. A lei é feita 
para uma finalidade objetiva, não havendo 
motivos para existência de mais de um 
significado. 
Espécies de interpretação: 
Quanto ao sujeito que a realiza a 
interpretação: 
1. Autêntica: Procede da mesma origem que 
a lei e tem força obrigatória. Gera 
segurança. 
Quando é feita pelo próprio legislador e 
está dentro do texto da lei é chamada 
contextual. 
Exemplo: Art. 302 CPP. Qualquer do povo 
poderá e as autoridades policiais e seus 
agentes deverão prender quem quer que 
seja encontrado em flagrante delito. 
Art. 303 CPP. Nas infrações permanentes, 
entende-se o agente em flagrante delito 
enquanto não cessar a permanência. 
Art. 327 CF. Considera-se funcionário 
público, para os efeitos penais, quem, 
embora transitoriamente ou sem 
remuneração, exerce cargo, emprego ou 
função pública. Parágrafo único. Equipara-
se a funcionário público quem exerce 
cargo, emprego ou função em entidade 
paraestatal. 
Pode ser promovida por lei posterior, com 
o fim de dissipar incerteza ou 
obscuridades. O próprio legislador que 
especifica. 
2. Doutrinária (doutrinal ou científica): Feita 
pelos escritores ou comentadores do 
Direito, não tem força obrigatória. 
Constituída da communis opinio doctorum 
(a comum opinião dos doutores, mestres). 
3. Judiciária (jurisprudencial): Deriva dos 
órgãos judiciários (juízes e tribunais). 
Orientação que os juízos e tribunais vêm 
dando à norma. Não tem força obrigatória, 
salvo na súmula com efeito vinculante. 
A jurisprudência é o conjunto de 
manifestações judiciais sobre determinado 
assunto legal, exaradas num sentido 
razoavelmente constante. 
Súmula consiste no condensamento de 
um entendimento predominante 
(majoritário) de um tribunal a respeito da 
aplicação de uma norma ou determinado 
instituto. Exemplo: Art. 28-A CPP, uma 
turma entende que se não tiver sentença 
pode retroagir, e outra que retroage até 
durante a sentença. 
Ou seja, pode haver súmulas diferentes de 
acordo com cada turma. Para resolver 
essa controvérsia, há a súmula com efeito 
vinculante. Súmula com efeito vinculante é 
a decisão de 2/3 após reiteradas decisões 
sobre matéria constitucional. É editada no 
caso de existência de controvérsia que 
acarrete grave insegurança jurídica e 
relevante multiplicação de processos 
sobre questão idêntica. Tem força 
obrigatória. 
Art.103-A-CF. O Supremo Tribunal 
Federal poderá, de ofício ou por 
provocação, mediante decisão de dois 
terços dos seus membros, após reiteradas 
decisões sobre matéria constitucional, 
aprovar súmula que, a partir de sua 
publicação na imprensa oficial, terá efeito 
vinculante em relação aos demais órgãos 
do Poder Judiciário e à administração 
pública direta e indireta, nas esferas 
federal, estadual e municipal, bem como 
proceder à sua revisão ou cancelamento, 
na forma estabelecida em lei. 
Também há efeito vinculante nas ações 
diretas de inconstitucionalidade e nas 
ações declaratórias de constitucionalidade 
de lei ou ato normativo federal. 
Art.102 CF. Compete ao Supremo Tribunal 
Federal, precipuamente, a guarda da 
Constituição, cabendo-lhe: § 2º As 
decisões definitivas de mérito, proferidas 
pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações 
diretas de inconstitucionalidade e nas 
ações declaratórias de constitucionalidade 
produzirão eficácia contra todos e efeito 
vinculante, relativamente aos demais 
órgãos do Poder Judiciário e à 
administração pública direta e indireta, nas 
esferas federal, estadual e municipal. 
Os precedentes judiciais são considerados 
fonte do Direito, ou seja, a 
 
6 Direito Processual Penal I - Bianca Marinelli 
decisão judicial prolatada em um caso 
concreto produz norma jurídica de efeitos 
vinculantes para processos futuros 
Quanto ao modo ou aos meios 
empregados: 
1. Literal, gramatical ou sintática: Leva-se em 
conta o texto da lei e a significação das 
palavras. Apenas com a sua leitura é 
possível compreender o seu alcance e 
significado. Autoexplicativas. 
2. Sistemática: Leva-se em conta a norma 
colocada num todo, como integrante de um 
ordenamento jurídico. Insere a norma no 
contexto do ordenamento que regula a 
matéria, não pode ser vista isoladamente. 
Art. 311 CPP. Em qualquer fase da 
investigação policial ou do processo penal, 
caberá a prisão preventiva decretada pelo 
juiz, a requerimento do Ministério Público, 
do querelante ou do assistente, ou por 
representação da autoridade policial. 
Art. 312 CPP. A prisão preventiva poderá 
ser decretada como garantia da ordem 
pública, da ordem econômica, por 
conveniência da instrução criminal ou para 
assegurar a aplicação da lei penal, quando 
houver prova da existência do crime e 
indício suficiente de autoria e de perigo 
gerado pelo estado de liberdade do 
imputado. 
Nestes dois artigos é dado amplo poder ao 
juiz, mas o art. 282 limita-o. Por esse 
motivo, não pode prender preventivamente 
usando como fundamento apenas os 
artigos 311 e 312, deve-se interpretar as 
leis observando como um todo. 
3. Teleológica: Busca-se a finalidade da 
norma, mens legis (espírito da lei). 
Art. 109. Aos juízes federais compete 
processar e julgar: IX - os crimes 
cometidos a bordo de navios ou 
aeronaves, ressalvada a competência da 
Justiça Militar. 
Questiona-se o que é navio para o 
legislador, pois há tratados que disciplinam 
de forma diferente o seu significado. 
4. Progressiva (adaptativa ou evolutiva): 
Aquela que objetiva ajustar a lei às 
transformações sociais, jurídicas, 
científicas e até mesmo morais que se 
sucedem no tempo e que interferem na 
efetividade que buscou o legislador com a 
sua edição. 
Art. 68 CPP. Quando o titular do direito à 
reparação do dano for pobre (artigo 32, §§ 
1o e 2o), a execução da sentença 
condenatória (artigo 63) ou a ação civil 
(artigo 64) será promovida, a seu 
requerimento, pelo Ministério Público. 
Inconstitucionalidade progressiva da 
norma, a norma só se torna 
inconstitucional a medida que a Defensoria 
avança, onde tem defensor, o MP se retira. 
Apenas o MP realizava essa assistência, e 
a partir do momento que a defensoria se 
tornou obrigatória em todos os estados 
houve essa interpretação. 
5. Histórica: Analisa-se o contexto da 
votação do diploma legislativo para 
entender a feitura da norma. Consulta os 
anais da lei que precedeu a sua 
aprovação. 
Quanto ao resultado: 
1. Declarativa: Quando as palavras da lei 
encontram correspondência com a 
vontade normativa. Não há necessidade 
de se conferir um sentido mais amplo ou 
mais restrito à norma. 
Art. 248 CPP disciplina sobre a casa 
habitada, sendo ela a ocupada por uma ou 
mais pessoas. Não houve ampliação ou 
restrição do alcance normativo, entende-
se por si só. 
2. Restritiva: Quando se reduz o alcance da 
norma para que se possa encontrar a sua 
exata vontade. A norma é 
demasiadamentegenérica e disse mais do 
que a aparência demonstra. 
Lendo o art.271-CPP entende-se que ao 
assistente será permitido anular todos os 
meios de prova, mas a doutrina diz que 
este não pode anular as provas 
testemunhais, pois o momento de anular é 
na denúncia e o assistente vem 
posteriormente. O intérprete deve fazer 
uma interpretação restritiva nesse alcance. 
3. Extensiva: Leva à aplicação da lei a casos 
não expressamente incluídos na sua 
fórmula, mas virtualmente compreendidos 
no seu espírito. É necessário ampliar o 
alcance da lei. Aplicar a lei em casos não 
previstos na fórmula. 
Exemplo: Art. 254 CPP, hipóteses em que 
o juiz pode comprometer a imparcialidade 
do julgamento, deseja o legislador que ele 
se afaste. Na lei não é citada a relação 
com mãe, por exemplo, mas é necessário 
 
7 Direito Processual Penal I - Bianca Marinelli 
interpretar extensivamente a necessidade 
de afastar o juiz por bom senso. Interpretar 
por literalidade afetaria o processo. 
Se o juiz já julgou o réu anteriormente e 
julgará posteriormente novamente, não 
afetará a sua imparcialidade. 
4. Analógica (espécie de interpretação 
extensiva): Ocorre quando fórmulas 
casuísticas inscritas em um dispositivo são 
seguidas de expressões genéricas 
abertas, entendendo-se que estas 
somente compreendem os casos análogos 
destacados por aquelas. A própria lei 
determina a interpretação. 
Exemplo: Art. 121, IV CP. à traição, de 
emboscada, ou mediante dissimulação ou 
outro recurso que dificulte ou torne 
impossível a defesa do ofendido. 
As normas casuísticas do artigo são 
consideradas recursos que dificultam a 
defesa do ofendido, e qualquer outro 
recurso semelhante que qualifica uma 
surpresa para a vítima se encaixa como 
qualificadora. Essa expressão genérica 
aberta qualifica apenas aos casos 
análogos, interpretação analógica, e não é 
aplicada, necessariamente, in bonam 
partem. 
Exemplo: Artigo 6º, CPP. Logo que tiver 
conhecimento da prática da infração 
penal, a autoridade policial deverá: IX – 
averiguar a vida pregressa do indiciado, 
sob o ponto de vista individual, familiar e 
social, sua condição econômica, sua 
atitude e estado de ânimo antes e depois 
do crime e durante ele, e quaisquer outros 
elementos que contribuírem para a 
apreciação do seu temperamento e 
caráter. Perguntar a opinião sobre 
determinado assunto (racismo estrutural e 
feminicídio, por exemplo) e observar o 
comportamento, que pode estar ligado, 
direta ou indiretamente ao fato. Essa 
expressão genérica aberta abrange 
elementos análogos que contribuírem para 
a apreciação do seu temperamento e 
caráter e que estejam de acordo com o 
crime praticado, interpretação analógica. 
5. Analogia (autointegração da lei): Princípio 
jurídico segundo o qual a lei estabelecida 
para um determinado fato se aplica a 
outro, embora por ela não regulado, dada 
a semelhança em relação ao primeiro. 
Exemplo: Art. 354 CPP. A precatória 
indicará: I - o juiz deprecado e o juiz 
deprecante; II - a sede da jurisdição de um 
e de outro; Ill - o fim para que é feita a 
citação, com todas as especificações; IV - 
o juízo do lugar, o dia e a hora em que o 
réu deverá comparecer. 
Art. 783 CPP. As cartas rogatórias serão, 
pelo respectivo juiz, remetidas ao Ministro 
da Justiça, a fim de ser pedido o seu 
cumprimento, por via diplomática, às 
autoridades estrangeiras competentes. 
As solicitações de juízes para outros juízes 
são chamadas de cartas precatórias. 
Nelas são dados instrumentos para 
informar e auxiliar o outro no entendimento 
do processo. Já as solicitações de juízes 
nacionais para juízes de outro país são 
chamadas de cartas rogatórias. A 
diligência entre as duas cartas são as 
mesmas, por isso é aplicado a norma que 
regula o art. 354 para as cartas rogatórias 
desamparadas. 
Diferença entre interpretação analógica e 
analogia: Na primeira, a vontade da lei é 
abranger os casos análogos àqueles por 
ela regulados. Na segunda não há essa 
voluntas legis, não existe essa vontade, 
mas o intérprete preenche a lacuna para a 
completude jurídica. 
Juiz das garantias 
Essas normas estão com a eficácia 
suspensa. 
Art. 3º-A CPP. O processo penal terá 
estrutura acusatória, vedadas a iniciativa do 
juiz na fase de investigação e a substituição 
da atuação probatória do órgão de acusação. 
Esse artigo reafirma o sistema 
acusatório puro, a separação entre órgão 
julgador e acusador. Nele há a expressa 
vedação da iniciativa do juiz na fase 
investigativa. O juiz das garantias não pode 
substituir a atuação do órgão acusatório 
(papel do promotor), ou seja, não pode acusar 
e investigar. Relação triangular. 
Art. 156. A prova da alegação 
incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, 
facultado ao juiz de ofício: I – ordenar, mesmo 
antes de iniciada a ação penal, a produção 
antecipada de provas consideradas urgentes 
e relevantes, observando a necessidade, 
 
8 Direito Processual Penal I - Bianca Marinelli 
adequação e proporcionalidade da medida; 
(Artigo revogado – revogação tácita). 
A vedação da iniciativa do juiz, na fase 
investigativa, atende aos reclamos da 
doutrina, uma vez que o artigo 156, I do 
Código de Processo Penal permitia ao juiz 
ampla liberdade probatória, com o poder, 
inclusive, de realizar diligências antes do 
mesmo oferecimento da denúncia. Verifica-
se, assim, que o artigo 3º-A derrogou o artigo 
156, extirpando o inciso I do mencionado 
artigo. 
A ampla liberdade probatória 
concedida ao juiz permitia que este, nas 
diligências determinadas, substituísse a 
função do Ministério Público. Daí a vedação 
expressa a tal substituição. 
Art. 3º-B. O juiz das garantias é 
responsável pelo controle da legalidade da 
investigação criminal e pela salvaguarda dos 
direitos individuais cuja franquia tenha sido 
reservada à autorização prévia do Poder 
Judiciário, competindo-lhe especialmente: 
[...]. 
Para os Alemães o Estado não pode 
ser abusivo e nem brando, deve equilibrar as 
duas ideias seguindo as normas 
constitucionais. Essa função é dada aos juízes 
da garantia. 
A função do juiz das garantias é ter a 
responsabilidade pelo controle da legalidade 
da investigação criminal e da proteção dos 
direitos individuais sujeitos à tutela do Estado-
Juiz. Reveste-se da competência funcional 
absoluta para atuar nos estágios críticos da 
investigação criminal, e zelar pela 
salvaguarda dos direitos fundamentais do 
investigado e pelo controle da legalidade da 
investigação criminal. Apenas ele tem o livre 
sistema de produção de provas, vedando-se 
as provas ilícitas, como cuidar da reserva de 
jurisdição, interceptação telefônica, sigilo 
fiscal, bancário etc., enquanto o juiz julgador 
só julgará o caso, não terá acesso a esse tipo 
de documentos. 
Sua nova figura repousa em reforçar o 
modelo acusatório e assegurar a 
imparcialidade do juiz, evitando que o juiz da 
sentença seja contaminado pelos elementos 
de informação colhidos na fase da 
investigação criminal. 
A figura do juiz das garantias atende a 
dois objetivos centrais. O primeiro se 
consubstancia em dar especialidade ao juiz 
que atua exclusivamente na fase de 
investigação, advindo daí a esperada 
expertise, eficiência e agilidade. O segundo 
objetivo consiste em assegurar que o juiz do 
processo tenha plena liberdade crítica, em 
relação aos trabalhos da fase investigativa. 
I - receber a comunicação imediata da 
prisão, nos termos do inciso LXII do caput do 
art. 5º da Constituição Federal; 
II - receber o auto da prisão em 
flagrante para o controle da legalidade da 
prisão, observado o disposto no art. 310 deste 
Código; 
O juiz das garantias, além de ser o 
destinatário do auto de prisão em flagrante, 
deverá aferir a legalidade da referida prisão. 
Assim, caso a prisão e a lavratura do referido 
auto se concretizaram, nos termos dos artigos 
301 a 308 do CPP e havendo a necessidade 
da permanência da segregação cautelar, será 
decretada a prisão preventiva do autuado. Em 
se tratando da hipótese de liberdade 
provisória,o juiz das garantias observará 
eventual aplicação cumulativa das medidas 
cautelares (ou contra cautelares) dispostas no 
artigo 319 do CPP. 
III - zelar pela observância dos direitos 
do preso, podendo determinar que este seja 
conduzido à sua presença, a qualquer tempo; 
Ao determinar que o juiz zele pela 
observância dos direitos dos presos deseja o 
legislador que o magistrado seja rigoroso na 
aferição da legalidade da prisão, como 
também na sua própria manutenção, de forma 
que a prisão cautelar somente poderá se 
concretizar quando não for possível a 
submissão do agente às medidas cautelares 
diversas da prisão (ultima ratio). 
Legitima o legislador a requisição do 
preso pelo juiz das garantias, 
consubstanciada na denominada audiência 
de custódia, até então disciplinada apenas 
pela Resolução nº 213/15 do Conselho 
Nacional de Justiça e replicada por normas 
internas dos tribunais de justiça. A audiência 
de custódia é a apresentação do preso ao juiz. 
Ela será desnecessária quando for o caso de 
relaxamento da prisão e da hipótese do artigo 
310, III do CPP. 
IV - ser informado sobre a instauração 
de qualquer investigação criminal; 
 
9 Direito Processual Penal I - Bianca Marinelli 
O Juiz das garantias tem a função 
jurisdicional de aferir a legalidade de toda 
investigação criminal, com o propósito de 
obstar eventual abuso de autoridade, nesta 
primeira fase da persecução penal. Assim, 
tanto autoridade policial, como Ministério 
Público deverão informar eventual 
instauração de procedimento investigatório, 
de natureza criminal. 
Como, de acordo com a nova redação 
do artigo 28 dada pela Lei 13.964/19, o 
arquivamento será efetivado no próprio 
Ministério Público, o referido arquivamento 
também deverá ser comunicado ao juiz 
criminal, notadamente para registro e eventual 
certidão de antecedentes criminais. 
V - decidir sobre o requerimento de 
prisão provisória ou outra medida cautelar, 
observado o disposto no § 1º deste artigo; 
Prisão provisória é uma expressão que 
está fora de uso, o correto é prisão cautelar 
para diferenciá-la da prisão penal. Quem 
decide sobre a prisão preventiva é o juiz das 
garantias, após do pedido da polícia. Ela é 
decidida como ultima ratio, tendo outras 
hipóteses para substitui-la e submeter ao réu. 
VI - prorrogar a prisão provisória ou 
outra medida cautelar, bem como substituí-las 
ou revogá-las, assegurado, no primeiro caso, 
o exercício do contraditório em audiência 
pública e oral, na forma do disposto neste 
Código ou em legislação especial pertinente; 
Como o juiz das garantias é o 
responsável pela aferição da legalidade da 
prisão e pela salvaguarda dos direitos 
individuais dos investigados evidentemente 
todo pedido de prisão cautelar (preventiva e 
temporária) ou prorrogação deverá ser por ele 
analisado, sob o manto da legalidade e 
oportunidade. Aliás a prisão cautelar, como 
medida odiosa, deve ser reservada aos casos 
excepcionais, com demonstração explícita da 
medida extrema. 
O juiz das garantias 
independentemente da manifestação das 
partes poderá revogar a prisão cautelar 
quando entender que não se encontram mais 
presentes os motivos ensejadores da prisão. 
O artigo 319 do CPP estabeleceu 
outras medidas cautelares, de natureza 
diversa da prisão. Além de decidir sobre a 
imposição de tais medidas, o juiz das 
garantias poderá substituí-la ou revoga-las. 
Quando o juiz prorrogar a prisão preventiva ou 
medida cautelar o legislador impõe a adoção 
do juízo do contraditório, inclusive, com a 
designação de audiência. 
VII - decidir sobre o requerimento de 
produção antecipada de provas consideradas 
urgentes e não repetíveis, assegurados o 
contraditório e a ampla defesa em audiência 
pública e oral. 
A prova irrepetível é aquela que se 
caracteriza justamente pelo fato de que não 
poderá ser novamente realizada em virtude do 
desaparecimento, destruição ou perecimento 
da fonte probatória. Podem ser produzidas na 
fase investigatória e em juízo, sendo que, em 
regra, não dependem de autorização judicial. 
Cite-se como exemplo, o exame de corpo de 
delito. 
A prova antecipada é aquela que 
deveria ser realizada no momento da 
instrução criminal, mas em virtude de urgência 
e relevância, será colhida em momento 
antecipado, com o devido contraditório, eu 
audiência pública e oral, na presença do 
Ministério Público e advogado, sendo 
realizada até mesmo na fase de inquérito 
policial. Diante da relevância e da urgência 
demonstradas, o juiz das garantias poderá 
então deferir a sua produção antecipada, 
como na hipótese do depoimento ad 
perpetuam rei memoriam, a que se refere o 
artigo 225 do Código de Processo Penal. O 
juiz das garantias não poderá realizar tais 
provas, de ofício. 
Anotações 
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