Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Projeto Foco no Distintivo – Direito Administrativo – Semana 3 Fonte: Tec Concursos 1 Conceito de atos administrativos INTRODUÇÃO O início da atuação da Administração Pública, de regra, requer a prévia expedição do ato administrativo que lhe sirva de fundamento. O ato administrativo é o ato jurídico típico do Direito Administrativo, diferenciando- se das demais categorias de atos por seu peculiar regime jurídico. Não há conceito legal de ato administrativo; assim, sua definição é tratada pela doutrina. Uma possível definição é a seguinte: a norma concreta, emanada do Estado, ou por quem esteja no exercício da função administrativa, que tem por finalidade criar, modificar, extinguir ou declarar relações jurídicas entre o Estado e o administrado, suscetível de ser examinada pelo Poder Judiciário. Por ser constante objeto de cobranças em provas, vejamos alguns conceitos doutrinários: Celso Antônio Bandeira de Mello: “declaração do Estado, ou de quem lhe faça as vezes, no exercício de prerrogativas públicas, manifestada mediante providências jurídicas complementares da lei a título de lhe dar cumprimento, e sujeitas a controle de legitimidade por órgãos jurisdicionais”. Hely Lopes Meirelles: “toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si própria”. Maria Sylvia Zanella Di Pietro: “declaração do Estado ou de quem o represente, que produz efeitos jurídicos imediatos, com observância da lei, sob regime jurídico de direito público e sujeita a controle pelo Poder Judiciário”. José dos Santos Carvalho Filho: “a exteriorização da vontade dos agentes da Administração Pública ou de seus delegatários, nesse condição, que, sob regime de direito público, vise à produção de efeitos jurídicos, com o fim de atender ao interesse público”. Pelos conceitos apresentados, podemos traçar as seguintes características gerais do ato administrativo: • provém do Estado ou de quem esteja investido em prerrogativas estatais; Projeto Foco no Distintivo – Direito Administrativo – Semana 3 Fonte: Tec Concursos 2 • é exercido no uso de prerrogativas públicas, sob regência do direito público; • trata-se de declaração jurídica unilateral, mediante manifestação que produz efeitos de direito; • sujeita-se a exame de legitimidade por órgão jurisdicional, por não apresentar caráter de definitividade. FATOS DA ADMINISTRAÇÃO A doutrina diferencia ato administrativo de fato administrativo. A origem da distinção vem do Direito Civil. Segundo os civilistas, fato jurídico em sentido amplo é qualquer acontecimento da vida relevante para o Direito, como a morte, por exemplo. Divide-se em: • fatos jurídicos em sentido estrito: fatos naturais; • atos jurídicos em sentido amplo (fatos humanos): acontecimentos voluntários decorrentes do querer individual. Dividem-se em: o atos jurídicos em sentido estrito: efeitos determinados pela lei; e o negócios jurídicos: manifestações de vontade capazes de produzir efeitos jurídicos queridos pelas partes. Perceba que o que importa para o estudo dos atos administrativos é a diferença entre fatos jurídicos em sentido estrito e atos jurídicos em sentido amplo. O fato administrativo pode ser um evento da natureza (fato administrativo natural) ou um comportamento voluntário (fato administrativo voluntário). Ou seja, os fatos administrativos podem ser decorrentes de atos administrativos, mas nada impede que derivem também de condutas administrativas não formalizadas em atos administrativos. ATOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA A Administração Pública, no exercício de suas diversificadas tarefas, pratica algumas modalidades de atos jurídicos que não se enquadram no conceito de atos administrativos. Daí, nem todo ato da Administração é ato administrativo. Vejamos os dois entendimentos doutrinários distintos sobre o conceito de atos da Administração: Projeto Foco no Distintivo – Direito Administrativo – Semana 3 Fonte: Tec Concursos 3 a) CORRENTE MINORITÁRIA: defendida por Maria Sylvia Zanella Di Pietro, considera que os atos da Administração são todos os atos jurídicos praticados pela Administração Pública, incluindo os atos administrativos; b) CORRENTE MAJORITÁRIA: adotada por Celso Antônio Bandeira de Mello, Diógenes Gasparini, José dos Santos Carvalho Filho e, principalmente, por todos os concursos públicos, essa segunda concepção considera que atos da Administração são atos jurídicos praticados pela Administração Pública que não se enquadram no conceito de atos administrativos, como os atos legislativos expedidos no exercício de função atípica, os atos políticos definidos na Constituição Federal, os atos regidos pelo direito privado e os atos meramente materiais. Portanto, se existem atos administrativos praticados fora dos domínios da Administração Pública, como ocorrem com aqueles expedidos por concessionários e permissionários, é possível concluir que: • NEM TODO ATO JURÍDICO PRATICADO PELA ADMINISTRAÇÃO É ATO ADMINISTRATIVO; • NEM TODO ATO ADMINISTRATIVO É PRATICADO PELA ADMINISTRAÇÃO. De acordo com Alexandre Mazza, são espécies de atos da Administração: a) atos políticos ou de governo: não se caracterizam como atos administrativos porque são praticados pela Administração Pública com ampla margem de discricionariedade e têm competência extraída diretamente da Constituição Federal. Exemplos: declaração de guerra, decreto de intervenção federal, indulto, medida provisória, veto a projeto de lei e indulto; b) atos meramente materiais: consistem na prestação concreta de serviços, faltando-lhes o caráter prescritivo próprio dos atos administrativos. Exemplos: poda de árvore, varrição de rua e cirurgia em hospital público; c) atos legislativos e jurisdicionais: são praticados excepcionalmente pela Administração Pública no exercício de função atípica. Exemplo: medida provisória; d) atos regidos pelo direito privado ou atos de gestão: constituem casos raros em que a Administração Pública ingressa em relação jurídica submetida ao direito privado ocupando posição de igualdade perante o particular, isto é, destituído do poder de império. Exemplo: locação imobiliária e contrato de compra e venda; e) contratos administrativos: são vinculações jurídicas bilaterais, distinguindo-se dos atos administrativos que são normalmente prescrições unilaterais da Administração. Exemplos de contratos administrativos: concessão de serviço público e parceria público-privada. SILÊNCIO ADMINISTRATIVO Projeto Foco no Distintivo – Direito Administrativo – Semana 3 Fonte: Tec Concursos 4 No Direito Privado, o silêncio importa, de regra, a concordância tácita, considerando- se os usos e as circunstâncias normais (art. 111 do Código Civil de 2002). No entanto, no mundo administrativo, o silencia é assunto repleto de discussões doutrinárias. No entanto, para a DOUTRINA MAJORITÁRIA (e para as questões de provas), o silêncio não é propriamente ato administrativo, mas sim fato administrativo, o qual pode gerar consequências jurídicas como a prescrição e a decadência. Falta ao silêncio algo que é essencial ao conceito de ato administrativo: a declaração de vontade; e o silêncio é o oposto disso: é ausência de manifestação. E não há ato sem a declaração de vontade. PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO Este tópico é necessário para explorar a diferença entre procedimentos e atos administrativos em geral. Os procedimentos administrativos podem ser definidos como um conjunto concatenado e ordenado de atos produzidos visando à produção de um ato final. Exemplo clássico de procedimento são os processos licitatórios, cujo ato final, a adjudicação, culminará na seleção da proposta mais vantajosa àAdministração. Interessante como boa parte da doutrina “põe à parte” a discussão quanto à utilização dos termos processo ou procedimento, em termos administrativos. Essa discussão costuma ser estéril, para fins de concursos públicos. Sobre o tema, na CF/1988, a expressão processo é utilizada, em diversas ocasiões, como sinônima para o que seria um procedimento administrativo, na visão dos doutrinadores mais “legalistas”. Para estes, esclareça-se, o processo é ligado à atividade jurisdicional, enquanto o procedimento ou faria parte do processo (algo material, necessário à tomada de decisão judicial) ou teria a natureza administrativa. Só que a CF/1988 não é tão rígida quanto os doutrinadores em questão. Veja-se, por exemplo, o inc. LV do art. 5º da CF/1988: aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. Não se faz diferença entre processos administrativos ou judiciais, daí, desnecessária a distinção do significado do termo. Resumo do capítulo Projeto Foco no Distintivo – Direito Administrativo – Semana 3 Fonte: Tec Concursos 5 O ato administrativo é a norma concreta, emanada do Estado, ou por quem esteja no exercício da função administrativa, que tem por finalidade criar, modificar, extinguir ou declarar relações jurídicas entre o Estado e o administrado, suscetível de ser examinada pelo Poder Judiciário. Características gerais do ato administrativo: • provém do Estado ou de quem esteja investido em prerrogativas estatais; • é exercido no uso de prerrogativas públicas, sob regência do direito público; • trata-se de declaração jurídica unilateral, mediante manifestação que produz efeitos de direito; • sujeita-se a exame de legitimidade por órgão jurisdicional, por não apresentar caráter de definitividade. FATOS DA ADMINISTRAÇÃO O fato jurídico em sentido amplo é qualquer acontecimento da vida relevante para o Direito, como a morte, por exemplo. Divide-se em: • fatos jurídicos em sentido estrito: fatos naturais; • atos jurídicos em sentido amplo (fatos humanos): acontecimentos voluntários decorrentes do querer individual. Dividem-se em: • atos jurídicos em sentido estrito: efeitos determinados pela lei; e • negócios jurídicos: manifestações de vontade capazes de produzir efeitos jurídicos queridos pelas partes. O fato administrativo pode ser um evento da natureza (fato administrativo natural) ou um comportamento voluntário (fato administrativo voluntário). Ou seja, os fatos administrativos podem ser decorrentes de atos administrativos, mas nada impede que derivem também de condutas administrativas não formalizadas em atos administrativos. ATOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Dois entendimentos doutrinários distintos sobre o conceito de atos da Administração: a) CORRENTE MINORITÁRIA: defendida por Maria Sylvia Zanella Di Pietro, considera que os atos da Administração são todos os atos jurídicos praticados pela Administração Pública, incluindo os atos administrativos; b) CORRENTE MAJORITÁRIA: adotada por Celso Antônio Bandeira de Mello, Diógenes Gasparini, José dos Santos Carvalho Filho e, principalmente, por todos os concursos públicos, essa segunda concepção considera que atos da Administração são atos jurídicos praticados pela Administração Pública que não se enquadram no conceito de atos administrativos, como os atos legislativos expedidos no exercício de função atípica, os atos políticos definidos na Constituição Federal, os atos regidos pelo direito privado e os atos meramente materiais. Projeto Foco no Distintivo – Direito Administrativo – Semana 3 Fonte: Tec Concursos 6 São espécies de atos da Administração: a) atos políticos ou de governo: não se caracterizam como atos administrativos porque são praticados pela Administração Pública com ampla margem de discricionariedade e têm competência extraída diretamente da Constituição Federal. Exemplos: declaração de guerra, decreto de intervenção federal, indulto, medida provisória, veto a projeto de lei e indulto; b) atos meramente materiais: consistem na prestação concreta de serviços, faltando-lhes o caráter prescritivo próprio dos atos administrativos. Exemplos: poda de árvore, varrição de rua e cirurgia em hospital público; c) atos legislativos e jurisdicionais: são praticados excepcionalmente pela Administração Pública no exercício de função atípica. Exemplo: medida provisória; d) atos regidos pelo direito privado ou atos de gestão: constituem casos raros em que a Administração Pública ingressa em relação jurídica submetida ao direito privado ocupando posição de igualdade perante o particular, isto é, destituído do poder de império. Exemplo: locação imobiliária e contrato de compra e venda; e) contratos administrativos: são vinculações jurídicas bilaterais, distinguindo- se dos atos administrativos que são normalmente prescrições unilaterais da Administração. Exemplos de contratos administrativos: concessão de serviço público e parceria público-privada. SILÊNCIO ADMINISTRATIVO Para a DOUTRINA MAJORITÁRIA e para as questões de provas, o silêncio não é propriamente ato administrativo, mas sim fato administrativo, o qual pode gerar consequências jurídicas como a prescrição e a decadência. PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO Um conjunto concatenado e ordenado de atos produzidos visando à produção de um ato final. Exemplo clássico de procedimento são os processos licitatórios, cujo ato final, a adjudicação, culminará na seleção da proposta mais vantajosa à Administração.
Compartilhar