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Rachel-MelIo-Fonseca---IMPLANTAAÔÇíAãÆO-DE-UM-PROTOCOLO-DE-CATETER-CENTRAL-DE-INSERAÔÇíAãÆO-PERIFAÔÇRICA-contribuiAAúo-dos-enfermeiros-ge

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS 
ESCOLA DE ENFERMAGEM 
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM 
GESTÃO DE SERVIÇOS DE SAÚDE 
MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO DE SERVIÇOS DE SAÚDE 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rachel Melo Fonseca 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
IMPLANTAÇÃO DE UM PROTOCOLO DE CATETER CENTRAL DE INSERÇÃO 
PERIFÉRICA: contribuição dos enfermeiros gestores do processo para a segurança do 
paciente 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Belo Horizonte 
2021 
Rachel Melo Fonseca 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
IMPLANTAÇÃO DE UM PROTOCOLO DE CATETER CENTRAL DE INSERÇÃO 
PERIFÉRICA: contribuição dos enfermeiros gestores do processo para a segurança do 
paciente 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Mestrado apresentado ao 
curso de Mestrado Profissional em Gestão de 
Serviços de Saúde da Escola de Enfermagem da 
Universidade Federal de Minas Gerais, como 
requisito parcial para a obtenção do título de Mestre 
em Gestão de Serviços de Saúde. 
 
Área de Concentração: Gestão de Serviços de Saúde. 
 
Linha de Pesquisa: Tecnologias Gerenciais em 
Saúde 
 
Orientadora: Profª. Drª. Selme Silqueira de Matos 
 
 
 
 
 
Belo Horizonte 
2021 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho aos meus pequenos 
pacientes. 
Com eles aprendo diariamente e por eles 
busco incansavelmente oferecer a melhor 
assistência. 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Às minhas filhas, Júlia, Marina e Lara, que são a razão da minha vida. Por elas, o céu é o 
limite. 
 
Ao meu marido, Rafael, por entender minhas loucuras e estar sempre ao meu lado. 
À minha mãe, Nilde, exemplo de mulher forte e batalhadora. 
Ao meu pai, Wagner, que onde estiver está sempre torcendo por mim, morrendo de orgulho. 
Ao meu padrasto, Roberto, que sempre acredita que sou a melhor enfermeira do mundo. 
À minha Vó Nice, por todo carinho e amor. 
 
 
À minha orientadora, Selme, um doce de pessoa, com quem caminhei junto nessa jornada. 
Minha eterna gratidão e inspiração. 
 
Aos colegas de mestrado, pelos momentos deliciosos que vivemos juntos, mesmo que boa 
parte tenha sido a distância. 
 
Às enfermeiras diaristas da UTIN, com quem divido os meus dias e ajudam a torná-los mais 
leves. 
 
Aos enfermeiros da UTIN, que deram contribuições valiosíssimas a esse trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Um dia aprendi que sonhos existem para tornar-se realidade. E, desde aquele dia, já não 
durmo pra descansar. Simplesmente durmo pra sonhar.” 
WALT DISNEY 
RESUMO 
 
 
 
A segurança do paciente é uma das bases de uma organização hospitalar. É um tema de 
ampla discussão nas últimas décadas em todo o mundo. As crianças estão na linha de frente 
quando consideramos os fatores de risco para a ocorrência de incidentes. A infecção primária 
da corrente sanguínea associada a um cateter venoso central é a principal infecção em Unidade 
de Terapia Intensiva Neonatal. Em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, é muito 
frequente a utilização do cateter central de inserção periférica. Visando a redução da 
probabilidade de eventos adversos faz-se necessário identificar os erros e melhorar os 
processos, apontando aspectos do cuidado que podem ser melhorados tornando a assistência 
aos pacientes mais segura. Os protocolos são ferramentas que contribuem para a sistematização 
da assistência de enfermagem, favorecendo a melhoria dos processos na busca pela excelência 
do cuidado. Neste contexto, questiona-se: a implantação de um protocolo de inserção e 
manutenção do cateter central de inserção periférica pode contribuir para melhorar os processos 
de segurança do paciente na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal de um hospital público em 
Belo Horizonte? O estudo teve como objetivo implantar o protocolo de inserção e manutenção 
de cateter central de inserção periférica na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal de um 
hospital municipal de grande porte em Belo Horizonte - Minas Gerais. Metodologia: Para 
atingir os objetivos propostos, o estudo foi desenvolvido com métodos mistos em três etapas. 
Na 1ª etapa, por se tratar de busca de significados, optou-se pela pesquisa qualitativa, de 
natureza descritiva, o método escolhido foi a pesquisa-ação, os participantes foram os 
enfermeiros da UTIN, como instrumento para a coleta de dados foi escolhida a entrevista 
semiestruturada e a análise dos dados foi realizada através da análise de conteúdo. Foram 
realizadas entrevistas com os participantes sobre o conhecimento e contribuições acerca do 
protocolo de inserção e manutenção de PICC e levantado os pontos críticos do protocolo para 
serem validados pelos especialistas. Na 2ª etapa, ocorreu a validação do protocolo por 
enfermeiros juízes especialistas em neonatologia e a 3ª etapa finalizou com a implantação do 
protocolo de PICC e a elaboração da cartilha com as informações dos participantes e referencial 
teórico sobre o tema. O produto técnico foi um protocolo revisado e validado por enfermeiros 
especialistas em neonatologia. 
 
Palavras-chave: 
Cateter Venoso Central. Neonatologia. Segurança do Paciente. Recém-nascido. Unidade de 
Terapia Intensiva Neonatal. Protocolo. 
ABSTRACT 
 
 
 
Patient safety is one of the foundations of a hospital organization. It is a topic of wide discussion 
in the last decades around the world. Children are at the forefront when we consider the risk 
factors for incidents to occur. Primary bloodstream infection associated with a central venous 
catheter is the main infection in the Neonatal Intensive Care Unit. In a Neonatal Intensive Care 
Unit, the use of a peripherally inserted central catheter is very common. Aiming at reducing the 
probability of adverse events, it is necessary to identify errors and improve processes, pointing 
out aspects of care that can be improved by making patient care safer. Protocols are tools that 
contribute to the systematization of nursing care, favoring the improvement of processes in the 
pursuit of care excellence. In this context, the question is: can the implementation of a protocol 
for insertion and maintenance of peripherally inserted central catheters contribute to improving 
patient safety processes in the Neonatal Intensive Care Unit of a public hospital in Belo 
Horizonte? The study aimed to implement the protocol for insertion and maintenance of 
peripherally inserted central catheters in the Neonatal Intensive Care Unit of a large municipal 
hospital in Belo Horizonte - Minas Gerais. Methodology: To achieve the proposed objectives, 
the study was developed with mixed methods in three stages. In the 1st stage, as it is a search 
for meanings, qualitative research was chosen, of a descriptive nature, the chosen method was 
action research, the participants were the NICU nurses, as an instrument for data collection, the 
semi-structured interview and data analysis was performed through content analysis. Interviews 
were carried out with the participants about their knowledge and contributions about the 
insertion and maintenance protocol of the PICC and the critical points of the protocol were 
raised to be validated by the experts. In the 2nd stage, the protocol was validated by nurse 
judges specializing in neonatology, and the 3rd stage ended with the implementation of the 
PICC protocol and the preparation of a booklet with information from the participants and 
theoretical framework on the subject. The technical product was a protocol revised and validated 
by specialist nurses in neonatology. 
 
Key Words: Central Venous Catheter; Neonatology; Patient Safety; Newborn; NeonatalIntensive Care Unit; Protocol 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
 
 
ACS – Colégio Americano de Cirurgiões 
COEP – Comitê de Ética em Pesquisa 
CVC – Cateter Venoso Central 
CTI – Centro de Terapia Intensiva 
CCIH – Comissão de Controle de Infeção Hospitalar 
EUA – Estados Unidos da América 
ICS – Infecção de Corrente Sanguínea 
ICSRC - Infecção de Corrente Sanguínea Relacionada à Cateter 
IOM – Instituto de Medicina dos Estados Unidos 
IPCS – Infecção Primária da Corrente Sanguínea 
IRAS – Infecção Relacionada à Assistência em Saúde 
NSP – Núcleo de Segurança do Paciente 
OMS – Organização Mundial de Saúde 
PICC – Cateter Central de Inserção Periférica 
PNSP – Programa Nacional de Segurança do Paciente 
PSP – Plano de Segurança do Paciente 
RDC – Resolução da Diretoria Colegiada 
RPA – Regime de Plantão Autônomo 
SIM – Sistema de Informação de Mortalidade 
TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 
UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais 
UTIN – Unidade de Terapia Intensiva Neonatal 
LISTA DE FIGURAS 
 
 
 
Figura 1- Densidades de incidência de infecção primária de corrente sanguínea laboratorial em 
pacientes em uso de cateter venoso central, internados em UTI neonatal. Brasil, 2011 a 2015.
 .................................................................................................................................................. 31 
LISTA DE QUADROS 
 
Quadro 1- Requisitos utilizados para a seleção de enfermeiros especialistas neste estudo. Belo 
Horizonte, 2021. ....................................................................................................................... 40 
Quadro 2- Dados profissionais dos enfermeiros entrevistados ................................................ 46 
Quadro 3 - Conhecimento / treinamento sobre o protocolo ..................................................... 47 
LISTA DE GRÁFICOS 
 
Gráfico 1 – Cortar o cateter no comprimento mensurado na opção mais distal da punção. 52 
Gráfico 2 – Deve ser limitado o número de punções por membro. .......................................... 53 
Gráfico 3 – Número de tentativas de punções realizadas para a inserção do PICC ................. 53 
Gráfico 4 – Deve ser limitado o tempo de procedimento. ........................................................ 55 
Gráfico 5 – Se estiver de acordo com a limitação de tempo ele deve iniciar a partir? ............. 55 
Gráfico 6 – Se não houver sucesso, outro profissional deverá ser acionado para nova tentativa 
posteriormente .......................................................................................................................... 56 
Gráfico 7 – O enfermeiro deverá avaliar a rede venosa antes da realização do procedimento, e 
poderá acionar a cirurgia pediátrica se considerar apropriado, julgando o quadro clínico do 
paciente e as condições da rede venosa .................................................................................... 56 
Gráfico 8 – Em caso de punção no membro superior cabeça do paciente deverá ser mantida 
direcionada ao membro que será puncionado durante a introdução do cateter. ....................... 58 
SUMÁRIO 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 22 
1.1 Justificativa ...................................................................................................................... 24 
1.2 Objetivos .......................................................................................................................... 24 
2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................ 26 
2.1 Segurança do Paciente ...................................................................................................... 26 
2.1.1 Segurança do Paciente ao longo dos anos ................................................................ 26 
2.1.2 Segurança do Paciente no Brasil .............................................................................. 27 
2.2 Unidade de Terapia Intensiva Neonatal ........................................................................... 28 
2.3 Cateter Central de Inserção Periférica .............................................................................. 29 
2.4 Infecções relacionadas à assistência em saúde ................................................................. 30 
2.5 Segurança do paciente no uso de PICC em uma UTIN ................................................... 31 
2.6 A importância dos Protocolos Assistenciais .................................................................... 32 
3 MATERIAL E MÉTODO ................................................................................................... 34 
3.1 1ª Etapa - Identificação dos fatores que impedem a correta execução e processos que 
precisam ser melhorados no protocolo de inserção e manutenção de PICC ............................ 34 
3.1.1 Abordagem da pesquisa ............................................................................................ 34 
3.1.2 Finalidade da pesquisa .............................................................................................. 35 
3.1.3 Método da pesquisa .................................................................................................. 35 
3.1.4 Participantes da pesquisa .......................................................................................... 36 
3.1.5 Técnica de coleta de dados ....................................................................................... 36 
3.1.6 Técnica de análise de dados ..................................................................................... 38 
3.2 2ª etapa - Validação, por enfermeiros juízes especialistas em neonatologia .................. 40 
3.2.1 Instrumento para coleta de dados ............................................................................. 41 
3.2.3 Tratamento dos dados ............................................................................................... 41 
3.3 3ª Etapa............................................................................................................................ 42 
3.3.1 Riscos e benefícios da pesquisa ............................................................................... 42 
3.3.2 Questões éticas ......................................................................................................... 43 
4 CAMINHO PERCORRIDO PARA IMPLANTAÇÃO DO PROTOCOLO DE PICC ........ 44 
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................................... 46 
5.1 Perfil profissional dos participantes ................................................................................. 46 
5.2 Podemos conversar sobre o protocolo de inserção e manutenção de PICC da Unidade em 
que atua? ................................................................................................................................... 47 
 
5.3 Um protocolo pode contribuir para a segurança do paciente? ......................................... 49 
5.4 Perfil acadêmico e profissional dos enfermeiros juízes ................................................... 51 
5.5 Validação do protocolo de inserção e manutenção de PICC ........................................... 52 
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 60 
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 62 
APÊNDICES ............................................................................................................................ 68 
APÊNDICE 1 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE ................................. 69 
APÊNDICE 2 – Roteiro de entrevista ......................................................................................72 
APÊNDICE 3 – Instrumento para Validação ........................................................................... 73 
APENDICE 4 – Pontuação alcançada por cada juiz ................................................................ 79 
APÊNDICE 5 – Protocolo de inserção de PICC ...................................................................... 81 
APÊNDICE 6 – Protocolo de Manutenção de PICC ................................................................ 90 
APÊNDICE 7 – Cartilha .......................................................................................................... 95 
ANEXOS ................................................................................................................................ 113 
ANEXO 1 – Comitê de Ética em Pesquisa............................................................................. 114 
ANEXO 2 – Parecer Consubstanciado do CEP ..................................................................... 115 
ANEXO 3 – Parecer Projeto de Pesquisa ............................................................................... 120 
ANEXO 4 – Declaração de Revisão ...................................................................................... 123 
 
IMERSÃO NA PRÓPRIA EXPERIÊNCIA 
 
 
O meu primeiro contato com neonatos se deu em 2007, quando assumi o cargo de 
enfermeira na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal em um hospital público de Belo 
Horizonte, Minas Gerais. Nesta unidade, participo da assistência direta à esta clientela 
específica, onde percebi e me sensibilizei por suas necessidades, que transcendem à situação de 
recém-nascidas. 
Em fevereiro de 2013, fui convidada a assumir a Coordenação de Apoio da Gerência 
da Criança e do Adolescente. Após quatro meses, assumi a Responsabilidade Técnica da 
Enfermagem do hospital. Em setembro de 2013, fui nomeada assessora da Superintendência, 
onde atuei até fevereiro de 2017. Em março de 2017, retornei para a assistência na Gerência 
de Neonatologia onde atualmente desenvolvo minhas atividades. Atuei também, no período de 
2008 à 2012, como enfermeira em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal privada de 
referência no município de Belo Horizonte. 
Objetivando aprimorar meus conhecimentos, realizei quatro especializações entre os 
anos de 2008 e 2016, a saber: Enfermagem Assistência Integral em Cardiologia (Faculdade de 
Ciências Médicas 2008 – 2009), Enfermagem do Trabalho (Universidade Católica Dom Bosco, 
2012), Qualidade em Saúde e Segurança do Paciente (FIOCRUZ, 2015) e Enfermagem em 
Terapia Intensiva Pediátrica e Neonatal (Centro Universitário UNA, 2016). 
Durante minha trajetória profissional, pude acompanhar avanços significativos na área 
da saúde, no entanto, a prevalência de nascimentos prematuros é algo preocupante em todo o 
mundo. A integração de novas tecnologias exige cada vez mais uma equipe multiprofissional 
capacitada. Os processos de trabalho precisam estar bem estabelecidos, afim de favorecer a 
assistência segura aos pacientes. A singularidade da experiência vivida com os neonatos em 
procedimentos de alta complexidade e de fundamental importância para suas vidas me levou a 
envolver-me ainda mais nesta área e a me capacitar no mestrado profissional para contribuir 
na instituição e na comunidade, 
Assim, desde o início, minha trajetória profissional está intimamente ligada a área 
pediátrica, em especial a neonatologia, seja através da assistência, do gerenciamento, do ensino 
ou da pesquisa. Participei da elaboração, revisão e implantação de protocolos, inclusive 
coordenando a capacitação da equipe de enfermagem para a assistência à essa clientela. 
Escrever e pesquisar sobre neonatologia é um desejo pessoal e uma necessidade 
profissional, pois ao longo da minha trajetória, percebi que pouco tem sido registrado e, 
 
apesar de fazermos muito, não paramos para avaliar o que estamos produzindo em termos de 
gerenciamento do cuidado prestado. O Mestrado Profissional em Gestão de Serviços de Saúde 
da UFMG foi a oportunidade que encontrei para aprimorar meus conhecimentos e, sobretudo, 
para discutir e avaliar o processo de inserção e manutenção de epicutâneo. Escrever sobre o 
assunto é devolver à instituição na qual atuo, resultados importantes para continuar as 
discussões e avanços no cuidado de enfermagem neonatal. 
22 
 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que os danos causados pelos serviços 
de saúde acometam milhões de pessoas todos os anos em diversos países do mundo. Dados do 
Instituto de Medicina dos Estados Unidos – IOM, indicaram que erros associados à assistência 
à saúde causam entre 44.000 e 98.000 disfunções a cada ano nos hospitais do país (KOHN et 
al., 2000), o que gerou o documento “Errar é humano: construindo um sistema de saúde mais 
seguro” (BRASIL, 2017a). Esse documento fomentou a preocupação por uma das dimensões 
da qualidade assistencial, qual seja: a segurança do paciente. 
Em seguida, várias iniciativas relacionadas à segurança do paciente foram 
desenvolvidas em todo o mundo, governos e organizações internacionais se mobilizaram, 
iniciando o apoio às estratégias para prevenção e mitigação de falhas dos cuidados da saúde. 
Somente em 2013 a segurança do paciente passou a ser foco de programas e políticas públicas 
no Brasil. O Ministério da Saúde instituiu, por meio da Portaria MS nº 529, de 1 de abril de 
2013, o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP) e a obrigatoriedade de toda 
instituição hospitalar implantar um Núcleo de Segurança do Paciente – (NSP) (BRASIL, 2014). 
Em consonância a essa portaria foi publicada a RDC nº 36/2013, em 26 de julho, que 
regulamentou as ações para a segurança do paciente em serviços de saúde, incluindo a 
necessidade de se elaborar um Plano Institucional de Segurança do Paciente (PSP). 
As crianças estão na linha de frente quando consideramos os fatores de risco para a 
ocorrência de incidentes (SOUZA; MENDES, 2014). Segundo Brasil, 2017b, a infecção 
primária da corrente sanguínea (IPCS) associada a um cateter venoso central (CVC) é a 
principal infecção em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN). 
Em uma UTIN, é muito frequente a utilização do cateter central de inserção periférica 
(PICC). Trata-se de um cateter, que pode ser de silicone ou poliuretano, que tem inserção 
vascular periférica com localização da ponta de forma central. É a primeira escolha para cateter 
central após o cateterismo umbilical em neonatos. Mesmo com a possibilidade de ocorrência 
de eventos adversos o PICC é muito utilizado em neonatologia pois, a sobrevivência de muitos 
recém-nascidos depende dele. Deve-se sempre pesar o risco benefício antes de cada inserção. 
Segundo Sirqueira e Souza (2017), a utilização do PICC é uma tecnologia inovadora em 
neonatologia e vem se tornando um procedimento comum na prática dos enfermeiros nas 
unidades de alto risco neonatais. Para reduzir as ocorrências que comprometem a permanência 
do cateter é requerida a capacitação e educação permanente dos profissionais no sentido de 
23 
 
 
 
 
desenvolver conhecimento, destreza e habilidade para o manuseio do PICC (RANGEL et al., 
2019). 
Estudos relacionados à segurança do paciente e estratégias para a melhoria da qualidade 
e segurança da assistência são necessários e, ao mesmo tempo, recentes e inovadores, podendo 
ajudar os profissionais da área a conhecer causas e efeitos à saúde do paciente, além de 
possibilitar treinamentos adequados à prevenção de novas ocorrências e implementação da 
cultura da segurança nos serviços de saúde em geral (OLIVEIRA et al., 2014). 
Para Souza e Mendes (2014), a identificação dos fatores que contribuem ou 
potencializam a ocorrência de erros ou incidentes é fundamental para que se possa atuar no 
sentido da mitigação dessas ocorrências, constituindo uma parte fundamental do processo de 
avaliação e melhoria contínua da segurança do pacientee da qualidade em saúde. Ressalta-se 
o impacto da segurança do paciente na qualidade da assistência de enfermagem, já que a 
redução dos riscos e dos danos e a incorporação de boas práticas favorecem a efetividade dos 
cuidados e o seu gerenciamento de modo seguro (GAÍVA; RONDON; JESUS 2017). 
De acordo com Krauzer et al. (2018) protocolos assistenciais são tecnologias que fazem 
parte da organização do trabalho da enfermagem e se constituem em um importante instrumento 
de gerenciamento em saúde. 
Um estudo realizado por Araújo et al., (2017), “Adesão ao bundle de inserção de cateter 
venoso central em unidades neonatais e pediátricas” evidenciou a ruptura em alguma etapa no 
processo de inserção do CVC na maior parte dos procedimentos na UTIN e CTI pediátrico do 
hospital campo da pesquisa. Os pesquisadores optaram pela interrupção da coleta de dados em 
decorrência dos achados da pesquisa e da necessidade de intervenções educativas nas unidades 
em que a pesquisa foi conduzida. 
Enquanto servidora da instituição, inserida na UTIN, vivencio as fragilidades dos 
processos de inserção e manutenção de PICC. A ausência de um protocolo de inserção e 
manutenção de PICC implantado dificulta a elaboração de um plano de ação que consiga 
corrigir as falhas nos processos. Sendo assim, este projeto surgiu de uma inquietação da equipe 
multiprofissional em busca de melhoria nos processos envolvendo a segurança do paciente. 
Neste contexto, questiona-se: o que precisamos fazer em nossa unidade para realizar a 
implantação do protocolo de PICC, contribuindo assim, para melhoria dos processos de 
segurança do paciente na UTIN de um hospital público em Belo Horizonte? 
24 
 
 
 
 
1.1 Justificativa 
 
Este estudo justifica-se pela necessidade de padronização nos processos de inserção e 
manutenção do PICC. Atualmente a UTIN do hospital campo da pesquisa não possui um 
protocolo totalmente implantando, dificultando a correção das falhas nos processos. 
Um protocolo de inserção e manutenção de PICC foi elaborado em 2015, porém não foi 
incorporado à rotina dos enfermeiros. Atualmente cada enfermeiro realiza o procedimento 
conforme acredita estar certo e ser a melhor maneira de executá-lo. Quando ocorrem eventos 
adversos, há dificuldade em encontrar onde está a falha. 
A padronização de rotinas poderá oferecer subsídios para a tomada de decisões relativas 
à gestão da qualidade e segurança do paciente. Tal estratégia poderá proporcionar uma 
assistência mais segura, com menor índice de complicações e com a atuação de uma equipe 
com maior envolvimento. Acredita-se que realizar a implantação do protocolo, com a 
contribuição dos profissionais que o vivenciam no dia a dia, possa contribuir para melhorar a 
segurança do paciente nos processos de inserção e manutenção do PICC na UTIN de um 
hospital público no município de Belo Horizonte. 
Importante ressaltar que a incipiência de estudos nessa temática, principalmente em 
locais especializados como as UTIN’s, justifica a realização desta pesquisa. O desenvolvimento 
de estudos que abordem a cultura de segurança do paciente nas UTIN’s é necessário, uma vez 
que são ambientes responsáveis pelo cuidado integral a recém-nascidos criticamente enfermos, 
altamente vulneráveis e que necessitam de cuidados especiais e contínuos. 
O produto técnico resultante desta dissertação foi a implantação do Protocolo de 
inserção e manutenção de PICC institucional, além da confecção de uma cartilha para consulta 
das principais rotinas de cuidado com o PICC. Assim, com a implantação do protocolo, os 
processos de inserção e manutenção de PICC foram padronizados na unidade, possibilitando 
agilizar e reconhecer as situações de risco, proporcionando uma assistência mais segura aos 
neonatos. 
 
1.2 Objetivos 
 
 
Objetivo Geral 
Implantar o protocolo de inserção e manutenção de PICC na UTIN em um hospital 
municipal de grande porte em Belo Horizonte – Minas Gerais. 
25 
 
 
 
 
 
Objetivos Específicos 
● Identificar quais fatores impedem a correta execução do protocolo de inserção 
e manutenção do PICC; 
● Identificar junto aos enfermeiros os processos que devem ser atualizados no 
protocolo de inserção e manutenção de PICC; 
● Validar a atualização do protocolo junto aos enfermeiros juízes; 
● Elaborar uma cartilha educativa a partir do protocolo validado; 
● Realizar treinamento com a equipe de enfermagem do protocolo de inserção e 
manutenção de PICC; 
26 
 
 
 
 
2 REVISÃO DE LITERATURA 
 
 
2.1 Segurança do Paciente 
 
 
A segurança do paciente é uma das bases da organização hospitalar e um tema de ampla 
discussão nas últimas décadas em todo o mundo. Receber uma assistência em saúde de 
qualidade é um direito do indivíduo e os serviços de saúde devem oferecer uma atenção que 
seja efetiva, eficiente, segura e que vise a satisfação do paciente durante todo o processo 
(BRASIL, 2017a). 
 
2.1.1 Segurança do Paciente ao longo dos anos 
 
 
No século XIX, a enfermeira inglesa Florence Nightingale, além de revolucionar a 
enfermagem e seu ensino, incentivou mudanças nos cuidados, no sentido da melhoria da 
segurança do paciente, com a análise das condições dos hospitais ingleses (SOUZA; MENDES, 
2014). Apesar de demonstrar estatisticamente que os problemas de saneamento, contaminação 
da água, superlotação dos espaços e ventilação incorreta eram responsáveis pelos maus 
resultados, suas recomendações não foram bem acolhidas pela classe médica (SOUZA; 
MENDES, 2014; LOPES, 2010). 
Ernest Amory Codman (1869-1940), cirurgião em Boston, realizou críticas aos 
cuidados médicos. Estudante e cirurgião brilhante, fundador do Colégio Americano de 
Cirurgiões (ACS), foi rejeitado por seus pares. No entanto, em 1917, o ACS publicou um grupo 
de padrões mínimos baseados nas categorias de Codman que vieram a ser o alicerce dos padrões 
para a acreditação (NEUHAUSER, 2002 apud SOUZA e MENDES, 2014). 
Desde os anos de 1960, foi instituída nos Estados Unidos da América (EUA) a prática 
de verificação do “5 certos”. Com o passar dos anos, esse checklist aumentou e, atualmente 
conta com 9 certos na checagem antes da administração medicamentosa ao paciente. Essas 
medidas tiveram como objetivo promover barreiras que atuassem nas diversas etapas do 
processo a ser protegido (PANCIERI et al., 2013). 
Avedis Donabedian (1919-2000) foi um dos primeiros pesquisadores de Avaliação em 
Serviços de Saúde. Médico e professor, estudou a qualidade em saúde, propôs a decomposição 
do conceito de qualidade que ele chamou de “sete pilares de qualidade”: eficácia, efetividade, 
eficiência, otimização, aceitabilidade, legitimidade e equidade (SOUZA; MENDES, 2014). Ao 
vincular a qualidade e a assistência à saúde, Donabedian, (1994), 
27 
 
 
 
 
definiu qualidade como a conquista de benefícios com menores riscos e ao menor custo 
possível, focando na tríade de gestão de estrutura, processo e resultado. 
Em 2000, dados do Instituto de Medicina dos Estados Unidos – IOM, indicaram que 
erros relacionados ao cuidado em saúde causam entre 44.000 e 98.000 disfunções a cada ano 
nos hospitais do país (KOHN et al., 2000). Esta estatística deu origem ao documento intitulado 
“Errar é humano: construindo um sistema de saúde mais seguro”, To err is human: building a 
safer healh system, em 1999 (BRASIL, 2017a). Este documento fomentou a preocupação por 
uma dimensão de qualidade: a segurança do paciente. A partir dessa publicação surgiu a era da 
segurança, mobilizando muitos eventos e estudos acerca do tema (NASCIMENTO; 
DRAGANOV, 2015). Daí em diante várias iniciativas relacionadas à segurança do paciente 
foram desenvolvidas em todo o mundo e governos e organizações internacionais se 
mobilizaram, iniciando o apoio a estratégias para prevenção e mitigação de falhas dos cuidados 
em saúde. 
Em 2004, a Aliança Mundial para a Segurança do Paciente, marcou o início do programa 
internacionalde segurança do paciente. Os objetivos desse programa, (que passou a chamar-se 
Patient Safety Program) eram, entre outros, organizar os conceitos e as definições sobre 
segurança do paciente e propor medidas para reduzir os riscos e mitigar os eventos adversos. 
Assim, a segurança no âmbito dos serviços de saúde passa a ser abordada no campo da avaliação 
tecnológica, numa subdimensão da eficácia e um dos atributos da qualidade do cuidado 
propostos por Donabedian. 
 
2.1.2 Segurança do Paciente no Brasil 
 
 
Desde o final dos anos 1980 quando a Organização Pan-americana de Saúde (OPAS) 
instituiu medidas para aperfeiçoar a assistência prestada ao paciente, o Brasil vem 
desenvolvendo inúmeras modificações cujo objetivo principal é a segurança dos cuidados 
assistenciais (BUENO; FASSARELLA, 2012). 
No Brasil os órgãos e serviços responsáveis pelas transfusões de sangue, controle e 
prevenção da infecção associada ao cuidado em saúde, e serviços de anestesia podem ser 
considerados pioneiros, pois há anos já adotam medidas para garantir a segurança dos processos 
de cuidado, com bons resultados, principalmente no que tange às medidas que promovem a 
segurança do paciente (BRASIL, 2017a). 
Em 2013, foi criado no Brasil o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), 
através da Portaria MS/GM nº 529, de 1 de abril de 2013, tendo como foco principal a 
28 
 
 
 
 
qualificação do cuidado em saúde em todas as instituições de saúde brasileiras, através da 
implantação do Núcleo Segurança do Paciente - NSP (BRASIL, 2017a). Em consonância à essa 
portaria foi publicada a RDC nº 36/2013, em 26 de julho de 2013, que regulamentou as ações 
para a segurança do paciente em serviços de saúde, incluindo a necessidade de se elaborar um 
Plano Institucional de Segurança do Paciente – PSP. A relevância do desenvolvimento desse 
plano institucional de segurança do paciente consiste em impactar na redução de ocorrência de 
Eventos Adversos resultantes do cuidado em saúde, sendo ferramenta fundamental para a 
melhoria contínua dos processos de cuidado e do uso de tecnologias de saúde, do fortalecimento 
sistemático da cultura de segurança, da articulação e integração dos processos de gestão de risco 
e da garantia das boas práticas de funcionamento do serviço de saúde. 
O Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), tem o objetivo de melhorar a 
qualidade do cuidado em saúde por meio da implantação da “Seis Metas Internacionais de 
Segurança do Paciente” a saber: identificar corretamente o paciente; melhorar a comunicação 
entre os profissionais de saúde; melhorar a segurança na prescrição, no uso e na administração 
de medicamentos; assegurar a cirurgia em local de intervenção, procedimento e pacientes 
corretos; higienizar as mãos para evitar infecções; e reduzir o risco de quedas e lesão por pressão 
(BRASIL, 2017a). 
 
2.2 Unidade de Terapia Intensiva Neonatal 
 
 
Apesar do significativo avanço na área da saúde, com a incorporação de novas 
tecnologias, a prevalência de nascimentos prematuros é algo preocupante em todo o mundo. A 
integração de novas tecnologias, a necessidade de intervenção de uma equipe multiprofissional, 
a presença dos pais e o cuidado de bebês cada vez mais prematuros já fazem parte de uma 
realidade que exige posturas diferentes dos profissionais da equipe multiprofissional da 
neonatologia (COSTA; PADILHA, 2011). 
A Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) é um serviço de internação 
responsável pelo cuidado integral a recém-nascidos criticamente enfermos, altamente 
vulneráveis, que necessitam de cuidados especiais e contínuos, e exige da equipe 
multiprofissional grande conhecimento científico, habilidade técnica e capacidade de realizar 
avaliações particularmente criteriosas desses pacientes. A unidade deve ser dotada de estruturas 
assistenciais que possuam condições técnicas adequadas à prestação de assistência 
29 
 
 
 
 
especializada, incluindo instalações físicas, equipamentos e recursos humanos (BRASIL, 
2012). 
A Portaria nº 930, de 10 de maio de 2012, do Ministério da Saúde define as diretrizes 
e objetivos para a organização da atenção integral e humanizada ao recém-nascido grave ou 
potencialmente grave. Ela exige que as UTIN’s cumpram com requisitos de humanização como 
controle de ruído; controle de iluminação; climatização; iluminação natural, para as novas 
unidades; garantia de livre acesso a mãe e ao pai, e permanência da mãe ou pai; garantia de 
visitas programadas dos familiares; e garantia de informações da evolução dos pacientes aos 
familiares, pela equipe médica, no mínimo, uma vez ao dia. Quanto aos recursos humanos, ela 
torna obrigatória a presença de um responsável técnico da equipe de enfermagem, médica e de 
fisioterapia com especialização em Terapia Intensiva Pediátrica ou Neonatal. As equipes devem 
ser formadas por pelo menos um médico, um enfermeiro e um fisioterapeuta a cada 10 leitos e 
um técnico de enfermagem a cada dois leitos. 
A equipe multiprofissional também deve estar inserida em um programa de educação 
continuada, que contemple as normas e rotinas técnicas desenvolvidas na unidade; incorporação 
de novas tecnologias; gerenciamento dos riscos inerentes às atividades desenvolvidas na 
unidade e segurança de pacientes e profissionais; e prevenção e controle de infecções 
relacionadas ao cuidado em saúde (BRASIL, 2012). 
 
2.3 Cateter Central de Inserção Periférica 
 
 
O Cateter Central de Inserção Periférica (PICC) é um cateter venoso central que tem sua 
inserção em uma veia periférica e progride até o terço distal da veia Cava superior ou o terço 
proximal da veia Cava inferior. Segundo Rangel et al., (2019), é um cateter de longa 
permanência, com indicação para terapias acima de seis dias, porém seu tempo máximo de 
permanência ainda não é claro. A inserção do PICC é indicada principalmente para bebês 
prematuros, com peso muito baixo ou em estado crítico, oferecendo uma via circulante, eficaz 
e segura para o resgate e tratamento bem-sucedidos de recém-nascidos (LI; CAO; XIONG, 
2019). 
Di Santo et al., (2017), levantam como as principais vantagens do PICC, o fato de ser 
um cateter de longa permanência, propiciando uma via segura para administração de 
antibióticos e nutrição parenteral, preservação do sistema venoso, possibilidade de ser inserido 
à beira do leito pois pode se utilizar apenas anestesia local ou sedação. As principais 
desvantagens estão relacionadas à necessidade de uma rede vascular integra e calibrosa para o 
30 
 
 
 
 
implante, necessidade de treinamento especial para a inserção e manutenção, monitorização 
rigorosa do dispositivo e necessidade de radiografia. 
Para reduzir as ocorrências que comprometem a permanência do cateter é requerida a 
capacitação e educação permanente dos profissionais no sentido de desenvolver conhecimento, 
destreza e habilidade para o manuseio do PICC (RANGEL et al., 2019). 
De acordo com a Resolução COFEN nº 258/2001, é lícito ao enfermeiro a inserção de 
PICC desde que se submeta a qualificação e/ou capacitação profissional. O sucesso para a 
inserção do PICC aumenta mediante ao conhecimento sobre suas propriedades, bem como, com 
a capacitação do profissional responsável pela inserção e manutenção do dispositivo e da equipe 
que atua continuamente com o cateter (LUI et al., 2018). 
Segundo Menezes (2005), a padronização dos procedimentos de enfermagem, 
estratégias de discussão, treinamento e implementação de rotinas para utilização do PICC são 
fatores contribuintes para a redução de complicações relacionadas ao uso do cateter. Sua 
manutenção também demanda treinamento rigoroso da equipe de enfermagem a fim de 
minimizar complicações pela manipulação inadequada (DI SANTO et al., 2017). 
 
2.4 Infecções relacionadas à assistência em saúde 
 
 
As Infecções Relacionadas à Assistência em Saúde (IRAS) afetam mais de 30% dos 
neonatos, e quando comparadasà população pediátrica de maior idade seus índices podem ser 
até 5 vezes maiores (SRIVASTAVAA; SHETTY, 2007 apud Brasil, 2017b). Estima-se que 
no Brasil, 60% da mortalidade infantil ocorra no período neonatal, sendo a sepse neonatal, uma 
das principais causas, conforme dados nacionais disponibilizados no Sistema de Informação de 
Mortalidade (SIM), acessados no endereço eletrônico http://tabnet.datasus.gov.br. 
As infecções da corrente sanguínea (ICS) relacionadas a cateteres centrais (ICSRC) 
estão associadas a importantes desfechos desfavoráveis em saúde (BRASIL, 2017b). Nas 
últimas décadas tem-se observado um declínio importante nas taxas de ICS nos países 
desenvolvidos, atribuída principalmente ao uso disseminado dos bundles de inserção de 
cateteres. Desde setembro de 2010 a Anvisa disponibilizou formulário eletrônico (Formsus) 
para captação de dados IPCS que utilizavam os Critérios Nacionais de Infecção em 
Neonatologia publicados em 2008 e revisados em 2017 para definição dos casos. Após estes 
seis anos de vigilância foi possível afirmar que as IPCS tiveram uma redução significante. Por 
exemplo, é possível verificar na figura 1 que em 2011 a categoria de peso inferior a 750grs 
http://tabnet.datasus.gov.br/
31 
 
 
 
 
apresentava densidade de incidência de IPCSL maior que as outras categorias, no entanto este 
número foi gradativamente sendo reduzido ao longo dos anos e em 2015 se igualou à categoria 
de 750 a 999 ficando mais próximo ao valor das outras categorias (BASIL, 2017b). 
 
Figura 1- Densidades de incidência de infecção primária de corrente sanguínea laboratorial em pacientes 
em uso de cateter venoso central, internados em UTI neonatal. Brasil, 2011 a 2015. 
 
Fonte: GVIMS/GGTES/ANVISA, 2016 (Boletim Informativo sobre Segurança do Paciente e Qualidade em 
Serviços de Saúde nº 11, Ano VI: http://bit.ly/2pI9gNa). 
 
A identificação, a prevenção e o controle das IRAS representam fundamentos para a 
intervenção sobre o risco em serviços de saúde, antes que o dano alcance o paciente. 
 
2.5 Segurança do paciente no uso de PICC em uma UTIN 
 
 
Para Franceschi e Cunha (2010), os eventos adversos relacionados ao uso de cateter 
venoso central podem ser divididos em eventos adversos infecciosos, eventos adversos 
mecânicos e trombose. Condutas de identificação de eventos adversos são o primeiro passo para 
a construção de um sistema de cuidados visando evitar os erros. 
Do ponto de vista gerencial, é importante por parte dos gestores das instituições de saúde 
compreender que os eventos adversos não estão somente relacionados com descuido ou 
incompetência dos profissionais, mas também estão relacionados às falhas no sistema. Assim, 
http://bit.ly/2pI9gNa
32 
 
 
 
 
mais do que buscar culpados, é necessário identificar as fragilidades existentes no processo e 
adotar medidas preventivas (COLI; ANJOS; PEREIRA, 2010). 
Com a implantação das políticas sobre a segurança do paciente nota-se o início da 
construção de novas percepções culturais acerca do tema. Assim, os serviços de saúde devem 
oportunizar estratégias relacionadas à segurança do paciente. Uma destas estratégias é a 
implantação de protocolos. Estes, por sua vez, são instrumentos baseados em evidências 
científicas que podem contribuir para tornar o processo de cuidado mais seguro por meio da 
utilização dos fluxos, procedimentos e indicadores propostos para cada processo (BRASIL, 
2017a). 
Garantir uma cultura de segurança do paciente em uma UTIN é garantir uma assistência 
segura aos neonatos. A cultura de segurança do paciente é algo que deve estar internalizada na 
equipe multiprofissional, como um processo contínuo. 
A padronização de rotinas de procedimentos favorece o controle de infecções, 
reduzindo o potencial de risco de contaminações, ajuda na realização de intervenções corretivas 
e melhorias nos processos que são necessários para garantir a qualidade da assistência prestada. 
Educar a equipe de saúde sobre as indicações para o uso de cateteres intravasculares, 
procedimentos adequados para a inserção e manutenção de cateteres intravasculares e medidas 
apropriadas de controle de infecções para prevenir infecções relacionadas a cateteres 
intravasculares é considerado categoria 1A para o controle de infeções pelo Centers for Disease 
Control and Prevention (2017). 
A utilização de cheklists, protocolos e escalas preditivas por parte da equipe de 
enfermagem são ferramentas importantes para reduzir a possibilidade de erros, favorecendo a 
melhoria dos processos na busca pela excelência do cuidado (CORREA, 2012; PANCIERI et 
al., 2013). Estudo realizado por Wang et al., (2015) evidenciou que o uso de checklists com 
práticas baseadas em evidências, cuidados padronizados, e bundles estiveram associados à uma 
redução da infecção de corrente sanguínea associada ao uso de cateteres venosos centrais em 
neonatos. Sendo assim, é importante que eles sejam amplamente utilizados pela equipe de saúde 
em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. A questão da segurança do paciente está muito 
presente na atualidade, em virtude do grande impacto econômico para a saúde (VILELA et al., 
2018). 
 
2.6 A importância dos Protocolos Assistenciais 
33 
 
 
 
 
Os protocolos são instrumentos que contêm recomendações estruturadas de forma 
sistemática, baseadas em evidências científicas, na avaliação tecnológica e econômica dos 
serviços de saúde e na garantia de qualidade destes (FIGUEIREDO et al., 2018). Um protocolo 
clínico visa garantir o melhor cuidado à saúde do paciente. 
Protocolos assistenciais são tecnologias que fazem parte da organização do trabalho da 
enfermagem e se constituem como um importante instrumento de gerenciamento em saúde 
(KRAUZER et al., 2018). Trazem a descrição de uma situação específica de 
assistência/cuidado, que contém detalhes operacionais e especificações sobre o que se faz, quem 
faz e como se faz, conduzindo os profissionais nas decisões de assistência para a prevenção, 
recuperação ou reabilitação da saúde, podendo prever ações de avaliação/diagnóstica ou de 
cuidado/tratamento, como o uso de intervenções educacionais, de tratamentos com meios 
físicos, de intervenções emocionais, sociais e farmacológicas, que a enfermagem desempenha 
de maneira independente ou compartilhadas com outros profissionais da equipe de saúde 
(PIMENTA et al., 2017). Eles organizam e facilitam a tomada de decisões tanto assistenciais 
quanto gerenciais, oferecendo maior segurança aos processos. 
Um gestor de serviços de saúde deve compreender a importância e a responsabilidade 
no planejamento de ações educativas junto a equipe de saúde da instituição se pautando em 
evidências científicas. O uso de protocolos tende a aprimorar a assistência, favorecer o uso de 
práticas cientificamente sustentadas, minimizar a variabilidade das informações e condutas 
entre os membros da equipe de saúde, e estabelecer limites de ação e cooperação entre os 
profissionais (PIMENTA et al., 2017). 
Os protocolos são instrumentos legais, construídos dentro dos princípios da prática 
baseada em evidências e oferecem as melhores opções disponíveis de cuidado. Segundo Salles 
et al. (2018) os resultados da utilização de um protocolo demonstram que se trata de uma 
ferramenta moderna que apoia a tomada de decisão do enfermeiro, possibilitando corrigir as não 
conformidades, permitindo que todos os trabalhadores prestem cuidado padronizado para o 
paciente de acordo com os princípios técnico-científicos e, ainda, contribui para dirimir as 
distorções adquiridas na prática, tendo também finalidade educativa. 
34 
 
 
 
 
3 MATERIAL E MÉTODO 
 
 
Para atingir os objetivos propostos, o estudo foi desenvolvido em três etapas: na 1ª 
etapa foram realizadas entrevistas com os participantes sobre o conhecimento e contribuições 
acerca do protocolo de inserção e manutenção de PICC; na 2ª etapa, ocorreu a validação do 
protocolopor enfermeiros juízes especialistas em neonatologia e a 3ª etapa finalizou com a 
implantação do protocolo de PICC e a elaboração da cartilha com as informações dos 
participantes e referencial teórico sobre o tema. 
Assim, para elaboração da metodologia, serviram como subsídios os pressupostos de 
Creswell (2014), para quem a pesquisa de métodos mistos engloba a associação entre 
procedimentos de coleta, análise e combinação de técnicas quantitativas e qualitativas que, 
mediante seu caráter interdisciplinar, são um passo adiante, pois a utilização dos pontos fortes 
de cada uma dessas abordagens encaminha-se recorrentemente para a elaboração de 
investigações de qualidade superior. As perspectivas desse autor também fundamentaram todo 
o percurso de análise dos textos selecionados, visto que foi com suporte em suas orientações - 
acerca das características que orientam a elaboração e validação de um estudo do tipo misto - 
que esta pesquisa foi realizada. 
 
3.1 1ª Etapa - Identificação dos fatores que impedem a correta execução e processos que 
precisam ser melhorados no protocolo de inserção e manutenção de PICC. 
 
3.1.1 Abordagem da pesquisa 
 
 
Por se tratar de busca de significados, optou-se pela pesquisa qualitativa. 
 
 
A abordagem qualitativa permite entender a situação vivenciada através do contato 
direto do pesquisador com a situação estudada procurando compreender os fenômenos 
segundo a perspectiva dos participantes da situação em estudo. Alguns pontos são 
fundamentais para se ter uma "boa" pesquisa qualitativa, tais como: credibilidade, no 
sentido de validade interna, ou seja, apresentar resultados dignos de confiança; 
transferibilidade, não se tratando de generalização, mas no sentido de realizar uma 
descrição densa do fenômeno que permita ao leitor imaginar o estudo em outro 
contexto; confiança em relação ao processo desenvolvido pelo pesquisador; 
confirmabilidade (ou confiabilidade) dos resultados, que envolve avaliar se os 
resultados estão coerentes com os dados coletados; explicitação cuidadosa da 
metodologia, detalhando minuciosamente como a pesquisa foi realizada e, por fim, 
relevância das questões de pesquisa, em relação a estudos anteriores (GODOY, 1995). 
35 
 
 
 
 
Ao discutir as características da pesquisa qualitativa, Creswel (2014), chama atenção 
para o fato de que, na perspectiva qualitativa, o ambiente natural é a fonte direta de dados e o 
pesquisador, o principal instrumento, sendo que os dados coletados são predominantemente 
descritivos. Além disso, o autor destaca que a preocupação com o processo é muito maior do 
que com o produto, ou seja, o interesse do pesquisador ao estudar um determinado problema é 
verificar "como" ele se manifesta nas atividades, nos procedimentos e nas interações cotidianas. 
Outro aspecto é que a análise dos dados tende a seguir um processo indutivo – a pesquisa 
qualitativa é emergente em vez de estritamente pré-configurada. 
 
3.1.2 Finalidade da pesquisa 
 
 
Este estudo foi de natureza descritiva, que segundo Triviños (1987), pretende descrever 
com exatidão os fatos e fenômenos de determinada realidade exigindo do investigador uma 
precisa delimitação de técnicas, métodos, modelos e teorias que orientarão a coleta e 
interpretação de dados. 
Após contato com os gestores do processo e com o material escrito disponível, definiu-
se realizar o processo de implantação do protocolo de inserção e manutenção do PICC com 
posterior revisão com as contribuições dadas pela equipe de enfermeiros visando a segurança 
do paciente na UTIN da instituição em questão. Todo o processo foi descrito para compreender 
as diversas dimensões percebidas pelos enfermeiros. 
 
3.1.3 Método da pesquisa 
 
 
Para esta pesquisa, o método escolhido foi a pesquisa-ação. É um método de pesquisa 
concebida e realizada com a resolução de um problema coletivo no qual os pesquisadores e 
participantes representativos da situação e da realidade a ser investigada estão envolvidos de 
modo cooperativo e participativo (THIOLLENT, 2011). 
Segundo Donabedian (1994) a avaliação da qualidade do cuidado em saúde é feita com 
base em três componentes, a saber: estrutura, processo e resultado. Estrutura inclui a 
infraestrutura física, recursos humanos, equipamentos e suprimentos necessários. O processo 
refere-se ao cuidado ao paciente, baseado em protocolos e intervenções que são realizadas 
dentro do sistema. O resultado é o efeito do cuidado sobre o estado de saúde do paciente. 
Portanto, faz-se necessário estabelecer a relação entre estrutura, processo e resultado para a 
avaliação da qualidade do cuidado em saúde. Nesse contexto, considerando que a implantação 
36 
 
 
 
 
e a manutenção de um acesso venoso central perpassam todo esse cenário, os treinamentos do 
protocolo e as contribuições com melhorias e adequações de acordo com a realidade vivenciada 
no setor dadas pelos enfermeiros que executam o procedimento na prática, favoreceram a 
completa implantação do protocolo de inserção e manutenção de PICC na UTIN. 
 
3.1.4 Participantes da pesquisa 
 
 
A população de uma pesquisa é o conjunto de elementos que possuem as características 
que serão objeto de estudo (VERGARA, 1997). A população alvo deste estudo foi construída 
pela equipe de enfermeiros lotados na UTIN de um hospital terciário em Belo Horizonte. 
Segundo Flick (2009), os pesquisadores qualitativos buscam pessoas que estão 
“realmente” envolvidas e têm experiência com a questão em estudo, devendo ser capazes de 
representar a relevância do fenômeno estudado. Para Rubin e Rubin (1995, apud Flick, 2009) 
a amostragem na pesquisa qualitativa deve ser reiterada e flexível adaptando às condições do 
campo às novas compreensões resultantes da coleta de dados, o que pode sugerir mudanças no 
plano de amostragem original. 
A técnica de encerramento da amostra foi a de amostragem por saturação. A 
identificação da saturação teórica é um critério determinante para interrupção da coleta de dados 
e definição do tamanho da amostra. Saturação é um termo criado por Glaser e Strauss para se 
referirem a um momento no trabalho de campo em que a coleta de novos dados não traria mais 
esclarecimentos para o objeto estudado (GLASER; STRAUSS, 1967 apud MINAYO, 2010). 
Os participantes do estudo foram selecionados utilizando os seguintes critérios de 
inclusão: enfermeiros lotados nos setores envolvidos diretamente nos processos de inserção e 
manutenção de PICC. Os critérios de exclusão foram: licença médica, férias, não possuir curso 
de capacitação e habilitação na inserção e manutenção do PICC e a recusa em participar da 
pesquisa. 
Para os enfermeiros que aceitaram participar da pesquisa, no período da coleta de dados, 
foi entregue o TCLE (apêndice 1), que foi lido, assinado e posteriormente arquivado. 
 
3.1.5 Técnica de coleta de dados 
37 
 
 
 
 
Por se tratar de um estudo onde pretendeu-se aprofundar no tema, foi escolhido como 
instrumento para a coleta de dados a entrevista semiestruturada. Segundo Triviños (1987), a 
entrevista semiestruturada valoriza a presença do pesquisador oferecendo todas as perspectivas 
possíveis para que o entrevistado alcance a liberdade e espontaneidade necessárias, 
enriquecendo a investigação. O roteiro semiestruturado deve permitir flexibilidade nas 
conversas e absorção de novos temas e questões trazidas pelo interlocutor (MINAYO, 2010). 
Em decorrência da pandemia de Covid-19, que é uma doença infecciosa, com alta 
transmissibilidade e letalidade considerável, a coleta de dados da presente pesquisa foi realizada 
por meio não presencial em ambiente virtual. Um e-mail convite foi enviado a todos os 
enfermeiros da unidade onde a pesquisa foi realizada. Aqueles que optaram por participar da 
pesquisa agendaram um horário com a pesquisadora. 
Os protocolos de inserção e manutenção de PICC existentes na unidade foram enviados 
para os entrevistadospreviamente. Dois dias depois deste envio, as entrevistas começaram a ser 
realizadas. Todas as entrevistas foram agendadas conforme disponibilidade do entrevistado e 
entrevistador. Foram realizadas 15 entrevistas, que ocorreram em janeiro, fevereiro e março de 
2021. 
Como a grande maioria das plataformas de reuniões remotas exige um cadastro prévio 
ou até mesmo a instalação de aplicativos, podendo estes serem dificultadores para realizar as 
entrevistas, não foi definido uma plataforma padrão. Sendo assim os encontros virtuais 
aconteceram na plataforma que o entrevistado tivesse disponível. 
A entrevista semiestruturada foi composta de questões norteadoras envolvendo o tema: 
“O que precisamos fazer em nossa unidade para realizar a implantação do protocolo de PICC 
da UTIN?”. Todas as reuniões foram gravadas e depois transcritas na íntegra. 
Cada enfermeiro participou somente de uma entrevista e nela pôde expressar suas 
opiniões, refletindo sobre as questões colocadas pela entrevistadora. O entrevistado teve total 
garantia do anonimato e sigilo das informações fornecidas. Além disso, pôde optar por não 
responder às perguntas feitas e encerrar a entrevista no momento em que desejasse. 
Foram realizadas perguntas abertas para que houvesse uma possibilidade discursiva 
sobre o assunto. O roteiro de perguntas foi construído com base nos objetivos deste trabalho e 
pode ser consultado no apêndice 2. 
Durante a construção e a estruturação do roteiro foram realizados dois pré-testes, em 
momentos distintos. Um deles foi feito em uma reunião em grupo através de uma plataforma 
de reunião digital com algumas enfermeiras que atuam na inserção e manutenção de PICC da 
38 
 
 
 
 
instituição. E um outro foi feito com uma enfermeira que fez residência na UTIN e tem grande 
conhecimento da unidade. A aplicação do pré-teste visou aperfeiçoar a coleta de dados do 
estudo, respeitando toda a configuração e relacionando questões essenciais para a pesquisa. 
Consistiu-se assim numa forma de colher as primeiras impressões. Por outro lado, utilizou-se 
do conhecimento adquirido para melhorias no roteiro de entrevistas e treinamento para a 
aplicação das entrevistas. 
Os áudios foram gravados em formato MP3 em um aparelho smartphone e um notebook. 
Os roteiros das entrevistas serviram como guia para a interpretação da realidade, dos 
sentimentos e do ponto de vista dos entrevistados. Durante a transcrição das entrevistas 
empregou-se códigos para identificar os participantes, a fim de preservar a identidade dos 
entrevistados. As entrevistas foram identificadas pela abreviatura “ENF” seguida de um número 
inteiro de acordo com a ordem de ocorrência dos encontros. Além disso, assumiu-se o 
compromisso de garantir que as informações coletadas seriam utilizadas apenas para fins de 
pesquisa científica e para melhoria no processo de inserção e manutenção de PICC da unidade. 
 
3.1.6 Técnica de análise de dados 
 
 
Nesta fase pretendeu-se estabelecer a compreensão dos dados coletados, respondendo 
às questões formuladas, articulando ao contexto cultural e ampliando o conhecimento sobre o 
assunto pesquisado (MINAYO, 2017). Neste estudo, utilizou-se a técnica da análise de 
conteúdo temática para exame dos dados, a fim de interpretar os significados das respostas 
dos enfermeiros. 
Análise de conteúdo é um conjunto de técnicas que, por meio do rigor de um 
instrumento, possibilita a análise das comunicações utilizando várias modalidades e podendo 
ser aplicado em diversos campos de pesquisa (BARDIN, 2016). Esta técnica permite, de 
maneira sistematizada, a interpretação das mensagens e das atitudes que constituem o contexto 
da enunciação e nas inferências possíveis sobre os dados coletados. Segundo Machado (2002), 
o material da entrevista é tratado segundo temas que surgem do próprio conteúdo obtido. 
O processo de análise dos dados foi construído seguindo as fases da análise de conteúdo 
propostas por Bardin: pré-análise, exploração do material e tratamento das respostas. 
39 
 
 
 
 
A fase um é denominada Pré Análise e “é realizada por meio de sucessivas leituras 
flutuantes de todo material coletado com a finalidade de proporcionar a aproximação e interação 
com o conteúdo a ser analisado” (BARDIN, 2016). 
Nesta fase as entrevistas foram transcritas em sua totalidade para compreender a 
percepção dos enfermeiros sobre o protocolo. Após a transcrição, foi realizada uma nova leitura 
do material, seguida da organização e da classificação das respostas. 
A fase dois é denominada Exploração do Material, “na qual se realiza a exploração e 
o tratamento, seguido da codificação e categorização inicial do conteúdo de análise. 
Posteriormente, a categorização inicial do material de análise forma um corpus, passível de 
ser submetido à próxima fase” (BARDIN, 2016). 
Inicialmente foram realizadas repetidas leituras das entrevistas e, posteriormente, 
extraiu-se os temas relevantes que se destacaram no discurso dos enfermeiros. A partir da leitura 
das entrevistas realizou-se a classificação dos dados, o que possibilitou a identificação das 
estruturas importantes do processo, bem como a seleção de ideias centrais. 
A fase três é a de Tratamento das Respostas em que “realiza-se um processo de 
classificação e reagrupamento de elementos que abarcam diferentes variáveis e a mesma 
significação e este processo resulta nas categorias finais que abarcam o discurso dos sujeitos da 
pesquisa, nas devidas dimensões” (BARDIN, 2016). 
Nesta fase foi realizada uma codificação das entrevistas diante de dois critérios 
principais – repetição e relevância – com o principal objetivo de construir a representação dos 
referidos dados. A fase de explanação dos resultados foi organizada por inferência e 
interpretação, realizando a descrição das características do conteúdo dos recortes das 
entrevistas. Posteriormente, procedeu-se ao apro das ideias, à interpretação dos dados e ao 
estabelecimento de relações, a partir de reflexões baseadas no material das entrevistas e na 
articulação com o referencial teórico. 
Para clarear a descrição do conteúdo foram apresentados trechos dos discursos dos 
enfermeiros com a seguinte organização: reticências entre colchetes, [...], indicam recortes no 
mesmo discurso; informações contidas entre parênteses, (informações), referem-se a 
informações contextuais ou observações importantes para compreensão das respostas dos 
enfermeiros e informações entre chaves, {informações} referem-se ao detalhamento de termos 
ou siglas usadas pelos enfermeiros. Os depoimentos foram codificados para resguardar a 
confidencialidade dos enfermeiros. 
40 
 
 
 
 
3.2 2ª etapa - Validação, por enfermeiros juízes especialistas em neonatologia 
 
 
Fehring (1987) propõe critérios para escolha de especialistas para Validação de 
Conteúdo de Diagnóstico (DCV). Esses critérios contemplam: 
• Doutor em enfermagem com dissertação na área de interesse; 
• Publicação de pesquisa versando sobre temas na área de interesse; 
• Publicação de artigos sobre área de interesse; 
• Prática clínica de no mínimo um ano na área de interesse; 
• Certificado de prática clínica na área de interesse. 
Para cada critério o autor estipula uma pontuação, devendo o especialista obter no 
mínimo um escore de 5 (cinco). 
O contexto atual da enfermagem brasileira revela um quantitativo ainda insuficiente 
de enfermeiros doutores e mestres em enfermagem. Essa constatação se acentua ainda mais 
no tocante à área de neonatologia. Em consequência do reduzido quadro de enfermeiros com 
titulação strictu sensu, constata-se também um déficit de publicações disponíveis na área 
específica. 
Sendo assim, foi elaborada, previamente uma lista de requisitos a serem considerados 
na escolha dos especialistas para a validação do protocolo de inserção e manutenção de PICC. 
Diante do exposto adaptamos os requisitos propostos por Fehring (1987) à realidadebrasileira, como discriminado no Quadro 1: 
 
Quadro 1- Requisitos utilizados para a seleção de enfermeiros especialistas neste estudo. Belo Horizonte, 
2021. 
 
Requisitos Pontuação 
Doutor em enfermagem com tese com conteúdo em neonatologia 3 pontos 
Mestre em enfermagem com dissertação com conteúdo em neonatologia 2 pontos 
Pós-graduação em enfermagem em Terapia intensiva neonatal 1 pontos 
Habilitação para inserção e manutenção de PICC; 1 ponto 
Publicação de artigo na área de interesse 1 ponto 
Prática na inserção de PICC 1 ponto a cada 5 
anos 
Fonte: Elaboração própria adaptada de Fehring (1987). 
 
Para que o especialista fosse convidado a participar do presente estudo, deveria 
obter, no mínimo, cinco pontos. Subsidiado por esses requisitos foram identificados quatro 
especialistas que foram convidados a participar da validação. 
41 
 
 
 
 
3.2.1 Instrumento para coleta de dados 
 
 
O instrumento consistiu de um questionário semiestruturado (Apêndice 4). Na primeira 
parte constou os dados de identificação dos juízes. Na segunda parte foram colocados os pontos 
mais críticos do protocolo levantados pelos enfermeiros nas entrevistas. Os juízes deviam 
assinalar se estavam de acordo ou não com aquela tarefa e por último um espaço para alguma 
observação feita por eles. Este procedimento foi uma estratégia utilizada para que os 
enfermeiros fizessem um raciocínio crítico/clínico, obtendo-se, então, os resultados que 
retratassem com maior exatidão as especificidades. O roteiro de perguntas pode ser consultado 
no Apêndice 4. 
Devido a pandemia de COVID-19 as entrevistas foram realizas por meio virtual através 
do Google Forms. Após a assinatura do TCLE, os enfermeiros juízes responderam as questões 
propostas. 
 
3.2.3 Tratamento dos dados 
 
 
Para avaliar o índice de fidedignidade (IF) entre os especialistas, em relação às 
atualizações realizadas no protocolo, utilizou-se a fórmula de cálculo indicada por Batista 
(1977) que considera aceitável um índice de fidedignidade acima de 70,0%. 
 
 
 
 
 
Neste estudo foram considerados para análise somente os acordos do protocolo 
apresentados por, no mínimo, 75,0%. Para obtenção do índice sobre a categorização do 
protocolo, contou-se com quatro enfermeiros especialistas. Sendo assim, os dados que 
atingiram o valor de 75% foram colocados no protocolo. 
42 
 
 
 
 
3.3 3ª Etapa 
 
 
Essa pesquisa teve ainda os objetivos específicos: realizar treinamento com a equipe 
de enfermagem do protocolo de inserção de PICC; elaborar uma cartilha educativa a partir do 
protocolo validado para proporcionar uma assistência mais segura aos pacientes internados 
em uso de PICC. 
A inspiração metodológica para atingir esses objetivos veio dos diversos artigos 
estudados, bem como da minha experiência profissional como enfermeira e gestora, buscando 
subsídios que contribuíssem para o presente estudo. Assim, por meio dessas obras mencionadas 
nas referências da pesquisa, foi observado então que são diversos os desafios que a educação 
apresenta na contemporaneidade e na relação do saber com as práticas educativas de 
enfermagem. 
Assim, após validação por juízes do protocolo de inserção PICC foi planejado e executado 
o treinamento e a implantação do protocolo PICC, bem como elaborada a cartilha. Espera-se 
que os enfermeiros assistenciais e gestores usem e estimulem a equipe de enfermagem a 
construírem o conhecimento de maneira a potencializar as suas próprias experiências. A partir 
desse pressuposto, este material é o resultado da construção relacional e dialógica dos resultados 
obtidos durante a pesquisa de campo deste estudo. 
A seguir foi feita uma breve descrição da cartilha que poderá ser consultada em sua 
versão integral no Apêndice 7 da presente dissertação. 
Pensando no fortalecimento da equipe de enfermagem a cartilha foi elaborada tendo 
como objetivo manter a equipe atualizada sobre as práticas atuais de inserção e manutenção 
de PICC visando a qualificação da assistência de enfermagem. Nela a equipe encontrará a 
legislação atual, indicações e contraindicações, vantagens e desvantagens, cuidados com a 
inserção e manutenção do cateter, complicações, dentre outros. 
 
3.3.1 Riscos e benefícios da pesquisa 
 
 
Os riscos dessa pesquisa foram mínimos, considerando que em caso de ansiedade 
poderia solicitar a interrupção da entrevista a qualquer momento. Conforme as exigências da 
Resolução nº 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, os participantes foram orientados que 
receberiam uma cópia do TCLE assinado pelo pesquisador responsável. Os riscos de 
constrangimento foram minimizados através das entrevistas individuais em plataforma digital 
e esclarecimento das dúvidas sobre a pesquisa. 
43 
 
 
 
 
Os benefícios foram gratificantes considerando que os resultados desse estudo 
possibilitaram contribuir para o desenvolvimento do corpo de conhecimento específico da 
Enfermagem uma vez que a padronização de rotinas poderá oferecer subsídios para a tomada 
de decisões relativas à gestão da qualidade e segurança do paciente. Tal estratégia poderá 
proporcionar uma assistência mais segura ao paciente, com menor índice de complicações e 
com a atuação de uma equipe com maior nesse processo assistencial. 
 
3.3.2 Questões éticas 
 
 
O presente projeto atendeu a Resolução n° 466/12 do Conselho Nacional de Saúde, 
que estabelece critérios éticos para pesquisa com seres humanos. O estudo foi realizado 
mediante a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa (COEP) da Universidade Federal de 
Minas Gerais (UFMG) e pelo Comitê de Ética em Pesquisa do hospital campo da pesquisa 
(CAEE 34658420.3.0000.5149). O anonimato dos entrevistados foi garantido em todas as fases 
do estudo. 
Para garantir o anonimato dos participantes, esses foram codificados com a sigla ‘ENF’, 
de enfermeiro, seguida do numeral arábico, conforme ordem que foram entrevistados. Foi 
aplicado o TCLE (Apêndice 1) a todos os profissionais que aceitaram participar da pesquisa. 
Segundo as Orientações para Procedimentos em Pesquisas com qualquer Etapa em Ambiente 
Virtual da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa de 24 de fevereiro de 2021 foi apresentado 
previamente o TCLE aos participantes e para aqueles que concordaram em participar foi 
considerado como anuência o de acordo em responder a pesquisa. Posteriormente foi também 
colhido a assinatura deles em meio físico em momento oportuno. 
44 
 
 
 
 
4 CAMINHO PERCORRIDO PARA IMPLANTAÇÃO DO PROTOCOLO DE PICC 
 
 
O protocolo de inserção e manutenção de PICC da instituição foi elaborado em maio de 
2015. Desde então passou por uma revisão em 2019. Porém esse protocolo nunca foi totalmente 
implantado na Unidade Neonatal. 
A inserção e manutenção de PICC é um processo que demanda uma padronização e 
equipe treinada para realizá-lo com segurança. Trabalho realizado por Silva et al. (2017), sugere 
o desenvolvimento de documentos institucionais como normas, rotinas, protocolos e termos de 
consentimento informado, com o objetivo de padronizar condutas e sustentar legalmente a 
prática de inserção e manutenção de cateteres. 
Diante da necessidade de padronização nos processos de inserção e manutenção do 
PICC e correção das falhas, visando uma assistência mais segura ao paciente, com menor índice 
de complicações e com a atuação de uma equipe com maior envolvimento, deu-se início 
ao processo de implantação do protocolo na UTIN do hospital campo de pesquisa. Acredita-se 
que, para que os protocolos sejam implantados e consequentemente seguidos, é necessária uma 
sensibilização anterior dos profissionais, pois o sucesso ou o insucesso destes procedimentos é 
diretamente proporcional ao envolvimento de toda a equipe de saúde (PEREIRA et al., 2017). 
Para começar à implantação foi realizada uma reunião virtual com as enfermeiras 
diaristas. Essas profissionais foram escolhidas pois a maioria dos cateteressão inseridos por 
elas durante o plantão diurno. Nesta reunião, foram discutidos os aspectos que seriam 
importantes de serem debatidos com toda a equipe e ajudou muito na elaboração das questões 
norteadoras da entrevista. 
Com o roteiro pronto e o projeto aprovado pelos comitês de ética deu-se início às 
entrevistas. Diante da pandemia de COVID-19 as reuniões foram realizadas em ambiente 
virtual. Após a realização das entrevistas muitos pontos foram levantados para dar continuidade 
ao processo de implantação do protocolo na unidade. 
Em parceria com os enfermeiros gestores especialistas do processo foram discutidos e 
definidos processos a serem ajustados nos protocolos de manutenção e inserção de PICC. 
A seguir, foi elaborado o instrumento de validação contendo os pontos que geraram 
mais dúvidas entre os enfermeiros gestores do processo. Este instrumento foi encaminhado para 
a validação por 4 enfermeiros juízes especialistas em neonatologia. 
Diante de tudo o que foi identificado e discutido foi realizada a atualização e validação 
do protocolo conforme preconizado por Batista (1977). 
45 
 
 
 
 
Além do protocolo foi elaborado uma cartilha como forma de consulta rápida para a 
equipe multiprofissional. Foi dado início então aos treinamentos de toda a equipe de 
enfermeiros. 
46 
 
 
 
 
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
 
5.1 Perfil profissional dos participantes 
 
 
A pesquisa contou com a participação de 15 enfermeiros, todos lotados na Gerência de 
Neonatologia. Destes, cinco enfermeiros são diaristas, ou seja, estão no setor diariamente de 
segunda a sexta-feira e os demais profissionais entrevistados são plantonistas que cobrem os 
finais de semana e plantões noturnos além de férias em regime de escala definida mensalmente, 
respeitando a carga horária e o vínculo empregatício de cada um. 
O setor possui profissionais com diferentes cargas horárias. Há enfermeiros de 24, 30, 
36 e 40 horas semanais. Dentre os profissionais o vínculo empregatício variou entre estatutários, 
contratados e regime de plantão autônomo (RPA). Os estatutários foram admitidos após 
aprovação em concurso público. Os contratados cobrem vagas ou férias de efetivos e tiveram 
suas admissões após aprovação em processo seletivo. Já o RPA passa por entrevista com a 
coordenação para realizar os plantões emergenciais. 
Os dados profissionais dos participantes encontram-se expostos no quadro 2 
apresentado a seguir. 
 
Quadro 2- Dados profissionais dos enfermeiros entrevistados 
 
Participante 
da pesquisa 
Tempo de 
experiência em 
neonatologia 
Tempo de experiência no 
setor de neonatologia da 
instituição 
Vínculo 
empregatício 
ENF 1 1 ano 5 meses 1 ano 5 meses RPA 
ENF 2 13 anos 13 anos Efetivo 
ENF 3 18 anos 6anos Efetivo 
ENF 4 7anos 7anos Contrato 
ENF 5 7anos 7anos Efetivo 
ENF 6 11 anos 11 anos Efetivo 
ENF 7 1 ano 2 meses 1 ano 2 meses Contrato 
ENF 8 11 anos 11 anos Efetivo 
ENF 9 5 anos 3 anos Efetivo 
ENF 10 12anos 12 anos Efetivo 
ENF 11 12 anos 12 anos Efetivo 
ENF 12 11 anos 11 anos Contrato 
ENF 13 15 anos 13 anos Efetivo 
ENF 14 9 meses 9 meses Contrato 
ENF 15 15 anos 15 anos Efetivo 
Fonte: Elaborado pela autora com dados extraídos das entrevistas. 
47 
 
 
 
 
Pelos dados expostos no quadro 2, 60% dos profissionais possuem mais de 10 anos de 
experiência em neonatologia. Foi evidenciado um perfil de enfermeiros com tempo médio de 
experiência em neonatologia de 11,9 anos (± 9,2) e de 8,3 anos (± 7,8) de serviço dentro da 
UTIN do hospital campo de pesquisa. 
 
5.2 Podemos conversar sobre o protocolo de inserção e manutenção de PICC da Unidade 
em que atua? 
 
Para iniciar a pesquisa foi perguntado aos participantes: “Você conhece o protocolo de 
Inserção e Manutenção de PICC da Instituição?”. Em seguida foi perguntado qual dos 
entrevistados recebeu treinamento acerca do protocolo. Estas perguntas tiveram por objetivo 
identificar quais profissionais estão mais envolvidos com o serviço e conhecem o protocolo 
para conseguirem dar contribuições de melhorias ao mesmo. Esses dados foram reunidos no 
quadro 3. 
 
Quadro 3 - Conhecimento / treinamento sobre o protocolo 
 
Participante da 
pesquisa 
Conhecia o protocolo da 
Unidade 
Recebeu treinamento do 
protocolo 
ENF 1 SIM NÃO 
ENF 2 SIM SIM 
ENF 3 SIM SIM 
ENF 4 SIM NÃO 
ENF 5 SIM NÃO 
ENF 6 SIM NÃO 
ENF 7 NÃO NÃO 
ENF 8 NÃO NÃO 
ENF 9 SIM NÃO 
ENF 10 NÃO NÃO 
ENF 11 NÃO NÃO 
ENF 12 SIM NÃO 
ENF 13 SIM SIM 
ENF 14 NÃO NÃO 
ENF 15 NÃO NÃO 
Fonte: elaborado com dados extraídos das entrevistas. 
 
A partir dos dados acima pode-se concluir que 40% dos profissionais nem conheciam 
o protocolo. E apenas 20% dos profissionais da unidade relatam ter recebido treinamento sobre 
ele. Estes números são próximos de um estudo realizado por Bretas et al. (2013), onde mais da 
metade dos entrevistados (62,5%) disseram não ter recebido treinamento sobre a 
48 
 
 
 
 
inserção e/ou manutenção do PICC. Todos os profissionais fizeram o curso de inserção e 
manutenção de PICC garantindo que eles tenham pelo menos o conhecimento teórico para 
realizar o procedimento. 
Somente o conhecimento teórico e as vivências do dia a dia não são suficientes para 
assegurar uma assistência segura aos pacientes e profissionais. Uma revisão sistemática 
realizada por Russo et al. (2020), revelou que a maioria dos estudos analisados enfatizou a 
importância da existência e a utilização de protocolos que direcionem a prática da enfermagem, 
evitando usar experiência subjetiva e sujeita a erros, padronizando condutas para melhorar a 
prática assistencial. 
A competência técnica e legal para o Enfermeiro inserir o PICC encontra-se no artigo 
1º da Resolução nº 258/2001, do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN). De acordo com 
o artigo 2º desta resolução para o enfermeiro desempenhar tal atividade, deve estar qualificado 
e/ou capacitado profissionalmente. 
Segundo o estudo realizado por Araújo et al. (2017), “Adesão ao bundle de inserção 
de cateter venoso central em unidades neonatais e pediátricas” que evidenciou a ruptura em 
alguma etapa no processo de inserção do CVC na maior parte dos procedimentos na UTIN e 
CTI pediátrico do hospital campo da pesquisa foi sugerido que medidas educativas fossem 
realizadas nas unidades nas quais a pesquisa foi conduzida. Porém a partir dos dados 
encontrados conclui-se que mesmo após 4 anos da pesquisa muitos enfermeiros ainda não 
conhecem o protocolo e a maior parte deles não foi treinada quanto aos processos de inserção 
e manutenção de PICC da unidade. 
Segundo Correa et al. (2020), a utilização do PICC em neonatologia consiste em uma 
prática especializada e de alta complexidade, e para que o enfermeiro esteja apto a desenvolver 
tal procedimento, é necessária uma capacitação especifica. Estudo realizado por Krauzer et al 
(2018), afirma que a educação permanente, apresentou-se como uma vertente potencializadora 
da formação profissional e reafirmação dos processos internos e condutas técnicas. 
A preocupação dos enfermeiros em prestar uma assistência de qualidade de acordo com 
os protocolos da instituição pode ser constatada nos discursos a seguir: 
 
[...] treinar de acordo com o protocolo certinho. A maioria das pessoas não são 
treinadas, simplesmente fazem assim automaticamente do jeito que já estão 
acostumadas a fazer [...]. Minha sugestão é de um treinamento intensivo mesmo [...]. 
(ENF 3) 
Assim o que eu sugiro são treinamentos periódicos (ENF 11). 
[...] tem que treinar (ENF 5). 
49 
 
 
 
 
Eh, deveria ter um treinamento especifico para os enfermeiros, um treinamento 
teórico, prático (ENF 9). 
Precisa de um treinamento e que seja uma educação continuada (ENF 10). 
 
Os relatos demonstram que estes profissionais estão preocupados em estar sempre 
atualizados acerca das boas práticas, garantindo a oferta de um cuidado seguro, livre de danos 
e respaldado nas

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