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1 Reconstruções Filogenéticas Taxonomia ÿEstudo dos relacionamentos entre grupos de organismos – é um antigo ramo da biologia clássica. ÿ Estabelecida por Carolus Linnaeus (1707-1778). Taxonomia e Classificação Hierárquica O sistema taxonômico usado hoje foi desenvolvido por Linnaeus no século XVIII. Este tinha 2 características principais: o assinalamento de um nome duplo (binômio) a cada espécie e um sistema de agrupamento destas espécies. Um binômio (nome Latino de 2 partes) é designado unicamente para cada espécie, onde o primeiro é o nome genérico, e os dois nomes são ditos específicos. Homo sapiens Arabdopsis thaliana Escherichia coli Chromobacterium violaceum Canis lupus O sistema de agrupamento das espécies numa hierarquia de crescentes categorias formaliza o agrupamento de organismos. A nomenclatura Binomial é a primeira etapa no agrupamento: espécies similares são agrupadas no mesmo gênero. O sistema então progride para categorias mais amplas: • Gêneros similares são agrupados na mesma família. • Famílias são agrupadas em Ordens. • Ordens são agrupadas em Classes. • Classes são agrupadas em Filos. • Filos são agrupados em Reinos. A sistemática conecta a diversidade biológica à filogenia Filogenia = A história evolutiva de uma espécie ou grupo de espécies relacionadas. Filogenia é geralmente representada como árvores filogenéticas que traçam relacionamentos evolutivos inferidos. Sistemática = O estudo da diversidade biológica em um contexto evolutivo. Diversidade Biológica reflete episódios passados de especiação e macroevolução. Compreende a taxonomia na sua procura por relacionamentos evolutivos. Taxonomia = Identificação e classificação de espécies; é um componente da sistemática. 2 Baseado nas similaridades e diferenças, os principais grupos de organismos podem ser colocados em um diagrama que ilustra seus relacionamentos evolutivos. Usando dados fósseis e moleculares, podemos estimar os pontos de divergência nas árvores filogenéticas. Que são árvores? Charles Darwin. Anotações 1836-1844 OTU 1 OTU 2 OTU 3 OTU 4 OTU 5 OTU 6 Árvore Filogenética 15 4 3 2678 No de diferenças tempo antiga recente n1 n2 n3 n4 n5 n OTU unidade taxonômica operacional - populações, espécies ou grupos nó interno - ~ ancestral comum - extinto raiz Árvores Equivalentes Por quê árvores? Por quê representamos evolução como árvore e não outro tipo de gráfico? CA DBA B C D Ciclo, reticulação A BC D • Evolução é divergência – espécies se modificam com o tempo - Transformacionismo Darwin: “Descendência com modificação” • Por várias razões, reticulação torna-se difícil com o tempo – provavelmente no pré-cambriano as reticulações devido a transferências gênicas horizontais, fusões de células, etc, eram comuns. • Reticulações são difíceis de se representar 3 Sang et al., 1997 Árvores reticuladas Ex: espécies híbridas de Paeonia sp. japonensis americana grus nigrocollis monachus canadensis bugeranus virgo paradisea leucogeranus antigone rubicanda vipio Filogenia do grou japonensis americana grus nigrocollis monachus canadensis bugeranus virgo paradisea leucogeranus antigone rubicanda vipio Cladograma Árvore UPGMA Cyt. b (Mooers et al., 1999) Árvore sem raiz leucogeranus antigone rubicanda vipio japonensis americana grus nigricollis monachus canadensis Bugeranus virgo paradisea japonensis americana grus nigrocollis monachus canadensis bugeranus virgo paradisea leucogeranus antigone rubicanda vipio Árvore UPGMA Árvore filogenética para os tentilhões de Galápagos. Estas 13 espécies habitam as Ilhas Galápagos. A árvore é baseada em estudos comparativos de estruturas do corpo, especialmente forma e tamanho dos bicos, e nos estudos de campo sobre isolamento reprodutivo e comportamento alimentar. Conexão entre classificação e filogenia A natureza da ramificação de uma árvore evolutiva reflete o arranjo hierárquico de táxons (taxa). Esta árvore sugere as possíveis afinidades genealógicas dentre táxons subordinados à ordem Carnivora. 4 Árvores filogenéticas baseadas em sistemática Dois métodos, comparação de proteínas do sangue e hibridização DNA-DNA, foram usados para construir esta árvore de espécies de ursos e guaximins. Uma revisão moderna sobre focas, leões marinhos e morsas Dados moleculares recentes indicam que de fato as famílias dos Pinípedes (morsas, otárias e leões marinhos, e focas), são monofiléticas. Qual relação entre procariotos e eucariotos? De onde vêm as mitocôndrias e cloroplastos? Árvores filogenéticas podem nos dar informações sobre o passado remoto A classificação dos 5 reinos Atualmente a sistemática filogenética favorece os 3-domínos 5 R iq u ét si as M it o cô n d ri as outras bactérias Archaea Eucariotos Nature, 1998 Árvores filogenéticas e epidemiologia Dentista com HIV Freeman and Herron, 1998 p ac ie n te B -x p ac ie n te B -y p ac ie n te A -x p ac ie n te E -y p ac ie n te E -x p ac ie n te C -x p ac ie n te C -y D en ti st a- y p ac ie n te A -y p ac ie n te G -x p ac ie n te G -y D e n ti st a X LC 0 2 -x LC 0 3 -x LC 0 2 -y LC 0 9 LC 3 5 p ac ie n te D -x p ac ie n te D -y LC 0 3 -y p ac ie n te F -x p ac ie n te F -y H IV LI Biodiversidade e Conservação ÿ Filogenética pode ser extremamente útil para estudos de biodiversidade (inventariamento e classificação) e estabelecimento de prioridades conservacionistas. ÿ Medidas de diversidade utilizando-se de sequências de DNA estão agora sendo usadas para implementar planos de conservação de recursos genéticos. ÿ Aplicações: determinar ESUs (unidades evolutivamente significantes), agrupamentos de espécies, espécies, subesp., populações isoladas e diferenciadas, etc... Termos filogenéticos • Homologia • Analogia • Convergência, Reversão • Plesiomorfia – estado ancestral – “0” (Simplesiomorfia) • Apomorfia – estado derivado – “1” (Sinapomorfia - Autapomorfia) Homologia: um caráter compartilhado entre duas ou mais espécies que estava presente em seu ancestral comum. Analogia: caráter “compartilhado” , não presente no ancestral comum (i.e., o caráter evolui duas vezes, independentemente): evolução convergente, reversão. Analogia 1 32 4Espécies: Estado do caráter: estado ancestral Na Sp. 1 e 3 há uma analogia (caráter análogo); Origem independente – evolução paralela ou convergente 6 Homologia Ancestral (0) 1 32 4Espécies: Estado do caráter: estado ancestral em Sp. 1, 3 e 4 há uma homologia ancestral (simplesiomorfia); é ancestral porque está presente na base da árvore Homologia Derivada (1) 1 32 4Espécies: Estado do caráter: estado ancestral nas Sp. 1 e 2 é homólogo derivado – sinapomorfia (i.e., aconteceu uma transição do estado “basal” ou primitivo no ancestral destas duas OTUs). Separando Homologia de Analogia Sistematas classificavam espécies em táxons superiores baseados na extensão de similaridade em morfologia e outras características. Homologia = Semelhança atribuída à ancestralidade compartilhada. Os membros anteriores de mamíferos são homólogos, e compartilham uma similaridade no suporte esquelético que tem uma base genealógica. Homologia deve ser distinguida de analogia nas árvores evolutivas. Analogia = Similaridades que podem ser devido a convergência evolutiva (ou reversão):. não é ancestralidade comum. Convergência: origem independente do caráter (i.e., duas linhagens evoluem paralelamente em um “fenótipo” similar). Reversão: origem e subseqüente perda ou mutação de volta ao caráter ancestral (i.e., reversão ao estado ancestral). Evolução Convergente = Aquisição de características similares em espécies de diferentes linhas evolutivas, devido ao compartilhamento de nichos ecológicos similares, sendo a seleção natural responsável por moldar adaptações análogas. Exemplo: asas de insetos e pássaros asas de pássaros e morcegos Evolução convergente também se dá nonível molecular: sequências de DNA e proteínas podem ter evoluções paralelas, reversões, etc Evolução Convergente gerou similaridades entre marsupiais australianos e mamíferos placentários em outros continentes 7 Um grupo monofilético: é um grupo de táxons que inclui um ancestral comum e todos seus descendentes Exemplo de grupo não-monofilético: Répteis Peixes TartarugasAnfíbios Cobras Crocodilos AvesMamíferos Lagartos O ancestral comum mais recente dos répteis também deu origem aos mamíferos e aves Classificação da Biodiversidade Fenética (Taxonomia numérica) Cladística (Sistemática Filogenética) Fenética • Abordagem Clássica (Linnaeus). • Agrupa espécies baseada na similaridade fenotípica (ou genotípica). • Usa todas características distinguíveis. • Ex: métodos baseados em distâncias (UPGMA) Análise de vários caracteres (fenótipos, sítios polimórficos, freq. alélicas, etc.) Matriz de dissimilaridade em base ao número de diferenças Construção de árvore filogenética FenogramaA B C A B C 3 7 6 0 0 0 A B CA B A B C Relações de similaridade MÉTODOS FENÉTICOS Cladística ÿ Teoria Evolutiva que postula que grupos de organismos similares descendem de um ancestral comum. ÿ Sistemática Filogenética (cladística) é um método de classificação taxonômica baseado na história evolutiva. ÿ Foi desenvolvido por Willi Hennig, um entomologista alemão, em 1950. 8 Cladística • Nova abordagem (Hennig, 1950) • Baseada nos padrões de ancestralidade comum das espécies • Usa apenas caracteres derivados (apomórficos) compartilhados (sinapomórficos / homólogos derivados) • Portanto, objetiva traçar a história evolutiva real • Ex: métodos baseados em caracteres (parcimônia) Análise de vários caracteres com estados ancestrais (0) e derivados (1) Construção de árvore filogenética Cladograma A B C A B C Relações de ancestralidade comum MÉTODOS CLADÍSTICOS D E 1 2 3 4 5 6 7 8 E D 1 2 3 4 5 6 7 8 Caracteres utilizados SimNãoNãoCladística SimSimSimFenética Homologia Derivada Homologia Ancestral Analogia LagartoAve Dinossauro Fenética Cladística Lagarto AveDinossauro Análise Filogenética ÿ Dado um conjunto de dados (caracteres morfológicos, alinhamento de múltiplas sequências de DNA e proteína, etc), determinar (ou inferir) o relacionamento ancestral dentre as espécies. Esp.1 Esp.2 Esp.3 Esp.4 Tem po Não-resolvida ou filogenia tipo “estrela” Filogenia parcialmente resolvida Completamente resolvida, filogenia bifurcada A A A B B B C C C E E E D D D Politomia ou multifurcação uma bifurcação O objetivo da inferência filogenética é resolver a ordem de ramificação das linhagens nas árvores evolutivas: 9 Há 3 possíveis árvores sem raiz para 4 táxons (A, B, C, D) A C B D árvore 1 A B C D árvore 2 A B D C árvore 3 Métodos de construção (ou inferência) de árvores filogenéticas objetivam descobrir qual das possíveis árvores sem raiz é a "correta". Seria desejável que esta fosse a “verdadeira” árvore biológica — aquela que seguramente represente a história evolutiva dos táxons analisados – mas esta é normalmente chamada de árvore inferida a partir dos dados. O número de árvores sem raiz aumenta exponencialmente com o número de táxons # táxons 3 4 5 6 7 8 9 10 . . . . 30 # árvores sem raiz 1 3 15 105 945 10,935 135,135 2,027,025 . . . . -3.58 x 1036 (2N - 5)!! = # árvores sem raiz para N táxons CA B D A B C A D B E C A D B E C F Inferir relacionamentos evolutivos entre os táxons requer enraizar a árvore: Note que nesta árvore enraizada, o táxon A não está mais estreitamente relacionado ao táxon B em relação a C ou D como sugerido acima. A B C Raiz D A B C D Raiz árvore enraizada árvore sem raiz O enraizamento em outra posição: A B C raiz D árvore sem raiz Note que nesta árvore enraizada, táxon A é mais estreitamente relacionado ao táxon B, enquanto o C é mais relacionado ao D. C D raiz árvore enraizada A B Uma árvore sem raiz, de 4-táxons, pode teoricamente ser enraizada em cinco lugares diferentes para produzir cinco tipos distintos de árvores enraizadas árvore sem raiz: A C B D árvore c/raiz 4 C D A B 4 árvore c/raiz 3 A B C D 3 árvore c/raiz 5 D C A B 5 árvore c/raiz 2 A B C D 2 árvore c/raiz 1 B A C D 1 Estas árvores mostram cinco histórias evolutivas diferentes entre os táxons, dependendo de onde se coloca a raiz ! Todos estes rearranjos mostram o mesmo relacionamento evolutivo entre táxons B A C D A B D C B C A D B D A C B A C D árvore enraizada 1 B A C D A B C D Todas estas árvores são idênticas 10 Há dois modos principais de enraizar árvores: Pelo outgroup (grupo externo): Usa táxons de referência (o “outgroup”) que sabidamente se situam fora do grupo de interesse (o “ingroup”). Requer conhecimento a priori sobre relacionamentos entre os táxons. O outgroup pode ser uma espécie (ex: aves para enraizar uma árvore de mamíferos) ou cópias de genes duplicados (ex: α- globina para enraizar β-globinas). outgroup A B C D 10 2 3 5 2 Pelo ponto-médio ou distância: enraiza a árvore no ponto médio entre os dois táxons mais distantes na árvore, tal como determinado pelo tamanho dos ramos. Pressupõe que os táxons evoluem coordenadamente (clock-like). Esta suposição está embutida em alguns métodos de construção de árvores tal como o UPGMA d (A,D) = 10 + 3 + 5 = 18 Ponto-médio = 18 / 2 = 9 # táxons 3 4 5 6 7 8 9 . . . . 30 # árvores sem raiz 1 3 15 105 945 10,935 135,135 . . . . ~3.58 x 1036 # raízes 3 5 7 9 11 13 15 . . . . 57 # árvores com raiz 3 15 105 945 10,395 135,135 2,027,025 . . . . ~2.04 x 1038 x = CA B D A D B E C A D B E C F Cada árvore sem raiz pode teoricamente ser enraizada em qualquer lugar ao longo de qualquer de seus ramos Reconstruções filogenéticas com dados moleculares Variabilidade genética Fenotípica Morfológica Funcional Protéica Genotípica Macromutações SNP’s – mutações de ponto Inserções de retroposons Microssatélites POP1 A - 0,4 B - 0,2 C - 0,9 D - 0,1 E - 0,2 POP2 A - 0,6 B - 0,5 C - 0,8 D - 0,3 E - 0,1 POP3 A - 0,3 B - 0,2 C - 0,9 D - 0,2 E - 0,4 Freqüências alélicas Freqüência de um dos alelos em cinco locos bialélicos (A-E) em 3 populações (pop1, 2, 3) Microssatélites AT AT AT AT AT CCG CCG CCG CCG CA CA CA CA CA CA CA CA CA CA CA CA CA CA CA CA CA CA CAAlelo 3 Alelo 5 Alelo 7 são multi-alélicos µ = 10-3 / locus / geração 11 Inserções de retroposons Elementos Alu, L1, Retrovírus endógenos são bialélicos alelo 0 alelo 1 µ = 10-8 a 10-9 / locus / geração SNPs ou mutações de ponto Single Nucleotide Polymorphisms são geralmente bialélicos alelo 0 ...AAGCGTTATAGC... alelo 1 ...AAGTGTTATAGC... µ = 10-7 a 10-8 / locus / geração * * * ** * * * * * * A aat tcg ctt cta gga atc tgc cta atc ctg B ... ..a ..g ... .a. ... ... t.. ... ..a C ... ..a ..c ..g ... ..t ... ... ... t.a D ... ..a ..a ..g ..g ..t ... t.g ..t t.. Cada diferença de nucleotídio é um SNP e considerado como um caráter na reconstrução filogenética * Caracteres variáveis entre estas sequências Analogia T A T C C 1 32 4Espécies: Estado do caráter: estado ancestral T Na Sp. 1 e 3 há uma analogia (caráter análogo); Origem independente – evolução paralela ou convergente Homologia Ancestral (0) T C C C 1 32 4Espécies: Estado do caráter: estado ancestral C em Sp. 1, 3 e 4 há uma homologia ancestral (simplesiomorfia); é ancestral porque está presente na base da árvore C Homologia Derivada (1) T T C C C 1 32 4Espécies: Estado do caráter: estado ancestral T nas Sp. 1 e 2 é homólogo derivado – sinapomorfia (i.e., aconteceu uma transição do estado “basal” ou primitivo, no ancestral destas duas OTUs). 12 Tipos de Métodos Filogenéticosÿbaseados no caráter l Parcimônia l Verossimilhança –ML ÿbaseados na distância l Neighbor joining (NJ) l UPGMA Envolvem um critério de otimização baseado na adequação dos caracteres na árvore. Envolvem um critério de otimização baseado na adequação da matriz de distâncias pareadas à árvore Seleciona a árvore que melhor representa as distâncias observadas entre os pares. Seleciona a árvore que tem a maior probabilidade de reproduzir os dados observados. Seleciona a árvore que explica os dados com o menor número de substituições (eventos mutacionais). Distância Verossimilhança Parcimônia Estima-se primeiro qual árvore sem raiz seria a mais “correta” A B C D Alguns métodos produzem a árvore já com a raiz (UPGMA), outros podem fornecer árvores com raiz se os dados possuem informação suficiente (parcimônia, verossimilhança) e outros necessitam obrigatoriamente de um grupo externo para produzir uma árvore com raiz (NJ) Tipos de dados usados em inferência filogenética Métodos baseados em caracteres : Usam diretamente os caracteres alinhados, tais como sequências de DNA ou proteína táxons caracteres espécie A ATGGCTATTCTTATAGTACG espécie B ATCGCTAGTCTTATATTACA espécie C TTCACTAGACCTGTGGTCCA espécie D TTGACCAGACCTGTGGTCCG espécie E TTGACCAGTTCTCTAGTTCG Métodos baseados em distâncias: Transformam os dados em distâncias (dissimilaridades) par-a-par, e usam a matriz durante inferência da árvore. A B C D E espécie A ---- 0.20 0.50 0.45 0.40 espécie B 0.23 ---- 0.40 0.55 0.50 espécie C 0.87 0.59 ---- 0.15 0.40 espécie D 0.73 1.12 0.17 ---- 0.25 espécie E 0.59 0.89 0.61 0.31 ---- Exemplo 1: Distância “p” (= percentagem observada de sequências diferentes) Exemplo 2: distância Kimura 2-parâmetros (estimativa do número real de substituições entre táxons) M A T R I Z Similaridade vs. relacionamento evolutivo Similaridade e relacionamento evolutivo não são a mesma coisa, mesmo que relacionamento evolutivo seja inferido de certos tipos de similaridade. Similar: ser semelhante (uma observação) Relacionado: geneticamente conectado (um fato histórico) Dois táxons podem ser mais similares sem ser mais relacionados: Táxon A Táxon B Táxon C Táxon D 1 1 1 6 3 5 C é mais similar ao A (d = 3) do que ao B (d = 7), mas C e B são mais estreitamente relacionados: C e B compartilham um ancestral comum mais recente do que os dois com A. métodos baseados em caracteres podem discriminar os tipos de similaridade e teoricamente encontrar a verdadeira árvore evolutiva Tipos de Similaridade Similaridade observada entre duas OTUs pode ser por: relacionamento evolutivo : caracteres ancestrais compartilhados (‘simplesiomorfias’) caracteres derivados compartilhados (‘’sinapomorfias’) Homoplasia (evolução independente do mesmo caráter): Eventos Convergentes (em OTUs relacionadas ou não), Eventos Paralelos (em OTUs relacionadas), Reversões (em OTUs relacionadas ou não) C C G G C C G G C C G G C G G T Convergentes Paralelos Reversões 13 Métodos Fenéticos ÿ Algoritmos de computador baseados nos modelos fenéticos se valem dos Métodos de Distância para construção de árvores. ÿ Métodos Fenéticos geralmente contam cada diferença na seqüência de bases igualmente. ÿ Os algoritmos são mais rápidos e produzem propriedades estatísticas “robustas” com dados moleculares. ÿ A abordagem fenética é popular com alguns pesquisadores que “confiam” demasiado nos dados moleculares (tal como seqüências) e requer relativamente poucos pressupostos. Fenética molecular ÿ A sistemática faz o uso freqüente de dados numéricos, (taxonomia numérica) os quais podem ser valores para vários dos “estados de caráter” tal como o tamanho ou forma de uma estrutura visível ou estas podem ser seqüências de DNA ou proteína. ÿ Similaridades e diferenças entre organismos podem ser codificadas como um grupo de caracteres, cada um com dois ou mais estados alternativos de caráter. ÿ Os dados obtidos com análise molecular podem ser freqüências alélicas, perfil ou impressão digital de DNA (produzidos por enzimas de restrição, RAPD, etc) e seqüências de DNA ou proteína. Medidas de Distâncias ÿ É uma medida da diferença genética entre duas espécies, populações, ou mesmo entre dois indivíduos. ÿ O conceito de taxonomia numérica está baseado em computar filogenias a partir de uma matriz de distâncias. ÿ No caso de dados de seqüências, distâncias par-a-par devem ser calculadas entre todas seqüências que serão usadas para construir a árvore - criando uma matriz de distâncias. ÿ Métodos de distâncias geram uma única medida da quantidade de mudanças evolutivas entre duas seqüências desde a divergência de um ancestral comum. Distâncias entre DNA ÿ distâncias entre pares de seqüências de DNA são relativamente simples de computar como a soma de diferenças de bases entre as duas seqüências. l Este tipo de algoritmo somente funciona para pares de sequências similares o bastante para serem alinhadas ÿ Geralmente todas alterações de bases são consideradas iguais ÿ Inserções/deleções geralmente possuem um peso maior do que substituições nucleotídicas (gap penalties). ÿ É também possível corrigir múltiplas substituições em um único sítio, que é comum em relacionamentos filogenéticos distantes e para sítios de rápida evolução. Algoritmos baseados em distâncias (agrupamento) Usam distâncias para calcular árvores filogenéticas. Estas são baseadas somente no número relativo de similaridades e diferenças entre um grupo de seqüências. l Começa com uma matriz de distâncias par-a- par l Estes métodos constróem uma árvore ligando os pares de táxons menos distantes, sucessivamente ligando táxons mais distantes. l Ex: UPGMA, Neighbor joining UPGMA ÿ O mais simples dos métodos de distância é o UPGMA (Unweighted Pair Group Method using Arithmetic averages). ÿ Assume taxas evolutivas idênticas para todas OTUs. ÿ Agrupa as distâncias menores e recalcula novas distâncias através de médias aritméticas para novo agrupamento. ÿ Os programas do PHYLIP DNADIST and PROTDIST calculam distâncias genéticas entre grupos de seqüências criando uma matriz. ÿ Então o programa NEIGHBOR (que também constrói árvores NJ) do PHYLIP constrói a árvore UPGMA a partir da matriz. ÿ Esta árvore é visualizada em um programa apropriado (TREEVIEW ou PTP). 14 Neighbor Joining ÿ O método Neighbor Joining (NJ) é o mais popular na construção de árvores a partir de medidas de distâncias genéticas (Saitou and Nei 1987, Mol. Biol. Evol. 4:406) l NJ corrige o método UPGMA para seu pressuposto (freqüentemente inválido) de que uma mesma taxa de evolução se aplica a todos ramos de uma filogenia. l A matriz de distância é ajustada para diferenças nas taxas de evolução de cada táxon (ramo). l NJ apresentou melhores resultados em simulações e é computacionalmente o mais eficiente algoritmo de distâncias (N. Saitou and T. Imanishi, Mol. Biol. Evol. 6:514 (1989) Métodos de Distância A ACGA B ATGC C GTGC D GCAA A B C D A 0 B 0,5 0 C 0,75 0,25 0 D 0,5 1,0 0,75 0 dij A B C D a b c d e e a b e a e c e a e d e b e c e b e d e c d AB AC AD BC BD CD = + = + + = + + = + + = + + = + Muitos métodos de distâncias (tal como NJ) buscar encontrar uma árvore que minimize um valor tal como: ( )d e e ij ij ij − i< j ∑ 2 Métodos Cladísticos ÿ São baseados na hipótese de que um grupo de seqüências evolui de um ancestral comum por um processo de mutação, deriva e seleção, sem transferência horizontal de genes (hibridização, transdução de DNA por vírus, etc). ÿ Estes métodos funcionam melhor em construções de árvores, se pelo menos uma seqüência ancestral já é conhecida, de modo que comparações podem ser feitas entre um número finito de árvores alternativas ao invés de se calcular todas possíveis árvores para um dado grupo de seqüências. Parcimônia ÿ Parcimônia é o método mais popular de reconstruçãode relacionamentos por ancestralidade comum. ÿ Parcimônia permite o uso de toda informação evolutiva conhecida para a construção da árvore. l em contraste, métodos de distância resumem todas diferenças entre pares de seqüências em um único número, a percentagem de diferença ou distância genética. Construindo árvores com Parcimônia ÿ Parcimônia envolve a avaliação de todas árvores possíveis considerando o número de mudanças evolutivas necessárias par explicar os dados observados. ÿ A melhor árvore é aquela que requer o menor número de alterações de bases (ou aminoácidos) para que todas seqüências derivem de uma ancestral comum. 15 ÿ Considere 4 seqüências a (ACGA), b (ATGC), c (GTGC), d (GCAA). ÿ A parcimônia deve decidir qual das 3 possíveis árvores sem raiz (4 táxons), é a mais “correta” (parcimoniosa). ÿ Posteriormente, se houver informações suficientes, deve-se colocar a raiz. Exemplo de Parcimônia Exemplo de Parcimônia a b c d a c b d a d b c a A C G A b A T G C c G T G C d G C A A árvore 1 árvore 2 árvore 3 1 2 3 4 Tot árvore 1 1 2 1 2 6 árvore 2 2 2 1 2 7 árvore 3 2 1 1 1 5 Exemplo de Parcimônia a d b cárvore 3 Árvore sem raiz escolhida pela análise de parcimônia Neste caso temos informações adicionais de que a sequência d , possui mais estados alélicos plesiomórficos (ancestrais, ou “0”) a b cd Árvore com raiz escolhida usando d como outgroup A análise de parcimônia pode discriminar alguns tipos de eventos paralelos. Na figura ao lado, 4 seqüências alinhadas homólogas (a) de distintos organismos foram utilizadas para construir uma árvore de parcimônia (b). Na árvore estão dispostas os eventos de mutações (apomorfias), numerados de 1 a 8. No evento 2, o estado alélico derivado (nucleotídio A) demonstrou ser um evento paralelo, aparecendo independentemente na seqüência do homem e do milho
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