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AVA Sociologia

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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA
CAIO LONGO NUNES
TRABALHO DE SOCIOLOGIA
AVA2
RIO DE JANEIRO
2022
SUMÁRIO
Introdução	3
Estado, Sociedade e Economia	4
Considerações finais	6
Referências	7
Introdução
Precisamos entender, de forma clara, como o conceito de Estado capitalista se impõe, como surge, bem como suas relações com as classes sociais, a sociedade em si e a própria economia. O Estado tem como função inicial manter relações de produção, deixando definir suas consequências: manutenção e reprodução das classes sociais, incluindo a classe capitalista dominando a classe trabalhadora, as duas em locais distintos na sociedade.
Ao Estado, não interessa apenas uma classe, mas sim, que haja relações sociais entre estas, mesmo havendo desigualdade enquanto estas existirem. O Estado e sociedade não são coisas ou instituições separadas. O Estado e a sociedade não são partes separáveis, mas aspectos apenas analiticamente distinguíveis, impedindo a compreensão do que seja o Estado e de sua ação sobre a economia e a sociedade. 
Aqui, as relações de produção formam um todo unitário do qual o Estado, sociedade e economia são aspectos analíticos. A sociedade, cujo estudo se encontra na economia política, se supera e expressa no Estado. Este, por sua vez, na forma de ser e como síntese da sociedade, é uma relação social contraditória, tal como são a economia e a sociedade.
Estado, Sociedade e Economia
Para que possamos entender, de início, das várias definições do Estado capitalista nas teorias de Marx e Engels, além de outros teóricos do Marxismo, a mais adequada delas é a de Engels, para quem “O Estado é, antes, um produto de Sociedade”, quando esta chega a um determinado desenvolvimento das suas contradições. Este estado capitalista nasce deste desenvolvimento das contradições da própria sociedade capitalista. Logo, o conceito de Estado requere uma investigação sobre o que é a sociedade, como ela se constitui e como ela concebe o Estado, tornando difícil de definir o Estado, sem que antes haja a definição de sociedade, pois a definição de uma implica na outra.
Para Marx, a sociedade capitalista é:
"Em sua totalidade, as relações de produção formam o que se chama de relações sociais, a sociedade e, particularmente, uma sociedade num estágio determinado de desenvolvimento histórico, uma sociedade com um caráter distinto, particular. A sociedade antiga, a sociedade feudal, a sociedade burguesa são os conjuntos de relação de produção (...). O capital também é uma relação social de produção. É uma relação burguesa de produção, uma relação de produção da sociedade burguesa" 
(Marx, 1980, p, 96).
Tentando entender o que é este Estado capitalista, chegamos aos princípios da sociedade capitalista, ou seja, à relação direta entre capitalistas e trabalhadores, enquanto classes sociais, não como indivíduos. Esta sociedade capitalista se constitui a partir de relações sociais, formando o seu próprio terreno. É uma sociedade de classes que se apropria exatamente do excesso da produção originada do trabalho. Além disso, a sociedade capitalista se ancora numa relação social contraditória, não somente pela desigualdade, mas também pela exploração. Quando um excedente de produção é gerado, a outra classe se apropria, se tornando também uma relação de conflitos. Daí que se entende que entre o produto gerado (de maior valor) e o trabalho feito, há uma troca desigual no salário recebido.
É nas relações sociais de produção, em seu modo de ser e como aparece, que se busca a essência e a origem do Estado capitalista, e não nas suas aparências, as instituições estatais. As relações de produção, apesar de aparecerem como relações puramente econômicas, particulares, igualitárias e livres de qualquer imposição, não são relações somente econômicas, particulares, tampouco relações de igualdade e de liberdade entre trabalhadores e capitalistas. Incluindo um terceiro elemento, que é o Estado, que lhes é constitutivo histórica e logicamente, o político é subjacente a essas relações como elemento coercitivo, que garante a sua efetivação.
O Estado (instituições, aparelhos estatais) aparece separado das relações de produção, sendo um poder acima da sociedade e das classes sociais. No entanto, como diz Poulantzas:
"Esta separação (...) não é senão a forma precisa que reveste no capitalismo a presença específica e constitutiva do Estado nas relações de produção" 
(Poulantzas, 1977, p. Í6-17).
Essa separação entre Estado e sociedade é uma exigência da necessidade de mascaramento da coerção nas relações capitalistas de produção, tendo que aparecer separado da sociedade e das relações de produção, porque não pode aparecer como o contribuinte de uma relação que é contraditória, desigual, conflitiva e coercitiva. Antes de ser de uma classe social, o Estado é a garantia da relação social capitalista, sustentando as duas classes sociais, trabalhadores e capitalistas, não enquanto indivíduos, mas enquanto classes sociais. Entendemos que, se o Estado garante o trabalhador, o faz enquanto classe social subordinada, sendo o seu compromisso mantê-lo enquanto trabalhador assalariado. Logo, a função básica do Estado consiste em garantir o estabelecimento e a reprodução contínua dessa relação capitalista. É evidente que a manutenção da relação social capitalista, de forma lógica, implica na reprodução das classes enquanto classe dominante capitalista e enquanto classe trabalhadora subordinada. Não contrariando a sua função básica, que é a de preservar e favorecer a permanência das relações de produção, o Estado pode até mesmo conceder vantagens à classe trabalhadora, impondo perdas a capitalistas particulares.
Considerações finais
Buscamos encontrar uma base em comum para a economia, a sociedade na sua forma capitalista e o Estado, partindo das relações sociais capitalistas de produção, para que entendamos que Estado e sociedade são apenas uma relação social, consistindo num aspecto das relações de produção, junto à economia, estando fortemente relacionados, apesar de serem conceitos que se definem de forma separada, sempre serão complementares. São estas relações de produção que constituem tanto o Estando quanto a sociedade.
No capitalismo, a realidade e as aparências se distinguem. Tudo não aparecendo como é ou deveria ser. Por isso, como diz Marx, se as aparências coincidissem com a essência da realidade, a ciência seria supérflua. Seu papel consiste precisamente em descobrir a verdadeira essência das coisas, ultrapassando as aparências. A formulação do conceito de Estado consistiu precisamente na tentativa de superar suas aparências, buscando seu fundamento comum com a economia e a sociedade: as relações de produção.
Logo, conclui-se que o Estado é um instrumento da classe dominante, e essas questões têm como base comum uma separação real entre Estado, classes sociais, sociedade e a economia, o que significa dizer que não ultrapassam as aparências.
Referências
POULANTZAS, Nicos, org. (1977). O Estado em crise. Rio de Janeiro, Graal;
MARX, Karl. (1980). Sociologia. São Paulo, Ática;
Estado e Relações de Produção.

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