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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE FACULDADE DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE BIOLOGIA SIDNEY RIBEIRO PALMEIRA HUMOR E LUDICIDADE: VÍDEOS COM PARÓDIAS E AULAS PRÁTICAS DISPONIBILIZADOS NUM CANAL DO YOUTUBE COMO FERRAMENTA METODOLÓGICA DE ACESSO LIVRE MOSSORÓ – RN 2019 SIDNEY RIBEIRO PALMEIRA HUMOR E LUDICIDADE: VÍDEOS COM PARÓDIAS E AULAS PRÁTICAS DISPONIBILIZADOS NUM CANAL DO YOUTUBE COMO FERRAMENTA METODOLÓGICA DE ACESSO LIVRE Programa de Pós-Graduação, Mestrado Profissional em Ensino de Biologia da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Ensino de Biologia. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Regina Célia Pereira Marques. MOSSORÓ – RN 2019 SIDNEY RIBEIRO PALMEIRA HUMOR E LUDICIDADE: VÍDEOS COM PARÓDIAS E AULAS PRÁTICAS DISPONIBILIZADOS NUM CANAL DO YOUTUBE COMO FERRAMENTA METODOLÓGICA DE ACESSO LIVRE Programa de Pós-Graduação, Mestrado Profissional em Ensino de Biologia da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Ensino de Biologia. Aprovada em _____ de _____ de _______ _____________________________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Regina Célia Pereira Marques – UERN Orientadora _____________________________________________________________________ Prof. Dr. Diego Nathan do Nascimento Souza – UERN Membro interno _____________________________________________________________________ Prof. Dr. Nicholas Morais Bezerra – UNP Membro externo MOSSORÓ – RN 2019 O MAIOR INIMIGO DA AUTORIDADE É O DESPREZO, E A MANEIRA MAIS SEGURA DE SOLAPÁ-LA É O RISO. (HANNA ARENDT) Dedico este trabalho a todos os colegas professores que sustentam os sonhos de um povo com suas mãos, suor, saliva e resistência... AGRADECIMENTOS Ao infinito de bondade e amor que é Deus em sua eternidade. Ao pai, toda honra e glória para que a vida possa se revestir de proteção, verdade, fé, amor e avanços para um conviver melhor. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), fundação do Ministério da Educação (MEC), meu sincero agradecimento pelo apoio institucional e financeiro a esse honroso programa. Agradeço a todos os profissionais desse importante e necessário PROFBIO, que na marca da sua humildade e sabedoria puderam conduzir conhecimentos muito mais abertos e universalizados pela compreensão das pluralidades e experiências trazidas por todos. Na UERN encontrei grandes profissionais e amigos para uma vida. Aos meus pais que tanto deram de si por toda uma construção familiar. Neles e por eles vivo intensamente. Em especial ao meu pai (in memoriam), que faleceu recentemente, minha eterna gratidão e saudade infindas. (..) Minha mãe, calma e serena Com seu sorriso inseguro Toda vestida de branco De parecer mentira Hoje parece verdade Menino, levante cedo Menino, não chegue tarde Eu só quero pensar Que um dia você possa ser Minha pedra da lua Minha paixão Meu coração Velando os meus passos Velando os meus tropeços Menino, não morra cedo Menino, não chegue tarde (Pedra da lua – Toninho Horta) Relato do Mestrando Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN Mestrando: Sidney Ribeiro Palmeira Título do TCM: HUMOR E LUDICIDADE: VÍDEOS COM PARÓDIAS E AULAS PRÁTICAS DISPONIBILIZADOS NUM CANAL DO YOUTUBE COMO FERRAMENTA METODOLÓGICA DE ACESSO LIVRE Data da defesa: 26 de julho de 2019 As transformações da sociedade dentro dos aspectos biológicos trazem necessidades voltadas à atualização e principalmente reflexão do fazer docente nesse campo por demais plural que é o ensino das ciências biológicas. O Mestrado Profissional em Ensino de Biologia – PROFBIO, trás novos olhares diante da academia e do mundo tão restrito, sensível e complexo das salas de aula. Em consonância, o mestrado profissional se torna um aliado dos professores de Biologia em quaisquer frentes de trabalho, no aspecto de que muitos saberes e necessidades são interligados pela rede criada nesse programa. Especificamente, para mim, muitas práticas de ensino, novas tecnologia, novidades, sempre foram trazidas a minha prática, como professor, de forma muito solta, buscando aleatoriamente o que pudesse contribuir na minha atuação docente. Poder utilizar a música, a rima, práticas laboratoriais, ou mesmo aprender com colegas e alunos, consolidou um TCM bem mais “atualizante” e interessante não só para mim, também para todos que se interessam por essa tão importante disciplina. A criação de um canal no youtube: Movimento Biologia, veio a surpreender a mim e a muitos colegas pela quantidade de acessos e interação dos internautas. Saber que esse trabalho pode consolidar novos olhares para o ensino de Biologia é gratificante, mais ainda, poder contribuir de alguma forma para que esse ensino seja cada dia mais ampliado e acolhido pelos que nessa seara transitam. A biologia é uma ciência viva por essência, desafiante, e dessa forma tende a se tornar ainda mais reflexiva pela contribuição desse programa em rede nacional. Só tenho a agradecer pela forma tão afetiva que fui recebido por todos os servidores da UERN e da UFMG, também pelos amigos e laços que fiz durante o programa, em especial à coordenação que tanto se esmerou para que tudo se consolidasse da melhor forma. A saudade é algo que nos remonta sentimentos de bem querência, de sonhos concretos que se perpetuam pelo reforço da mente no que foi importante. E importar para o nosso íntimo bons momentos é nos construir em planos de vida e do bem viver. O PROFBIO é hoje não só um programa de mestrado profissional, porquanto sua utilidade e disponibilidade para o ensino denota uma função além, de ferramenta para nossa atuação profissional no ensino de biologia. Minha gratidão a todos. RESUMO As novas tecnologias de ensino têm despertado nos profissionais da educação olhares renovados acerca das ações e metodologias desenvolvidas rotineiramente nas salas de aula da educação básica. Os sites de compartilhamento de vídeos são uma grande ferramenta para dinamizar, estimular e difundir práticas, as quais podem, como em exponencial, atuar em sintonia às mudanças observadas na difusão de ideias, ideais, e principalmente como ferramenta para o compartilhamento de saberes e práticas educacionais. O Youtube tem sido um excelente meio de compartilhamento de vídeos com pluralidade e liberdade de criação. Nesse norte, foram propostos vários trabalhos de Biologia a alunos de duas turmas dos cursos técnicos de informática e química do IFRN, campus Nova Cruz, com assuntos presentes na ementa desses cursos, sob um enfoque de práticas, materiais e orientação do curso de Mestrado em Biologia, ProfBio-UERN, em que o autor está matriculado. Os alunos foram agrupados de acordo com as suas afinidades em até cinco componentes por grupo, com a condição de pesquisarem sobre os temas que escolhessem livremente na ementa de Biologia do seu curso, e posterior confecção de vídeos sobre a temática. Um canal denominado Movimento Biologia foi criado no youtube a fim de se tornar um depositário dos trabalhos, com livre acesso na internet. Esse canal foi iniciado pelo autor em 13 de novembro de 2018. Foram disponibilizados 39 vídeos desenvolvidos pelos discentes com orientação e participação do docente, autor, os quais apresentamaulas práticas e paródias de assuntos biológicos. Percebeu-se que o interesse por paródias foi superior às aulas práticas, sendo um elemento interessante de análise da atenção dos alunos, os quais procuraram músicas mais atuais e sucessos do momento para desenvolver seus estudos e pesquisas. PALAVRAS-CHAVE: Recurso pedagógico, aulas práticas, paródias, vídeos, YouTube. ABSTRACT New teaching technologies have awakened in education professionals renewed looks about the actions and methodologies routinely developed in the basic education classrooms. Video sharing sites are a great tool to stimulate, stimulate and disseminate practices, which can, as in an exponential way, act in harmony with the changes observed in the diffusion of ideas, ideals, and mainly as a tool for the sharing of knowledge and practices education. Youtube has been an excellent way of sharing videos with plurality and freedom of creation. In the north, several biology papers were offered to students from two classes of the IFRN technical and chemical courses, Campus Nova Cruz, with subjects present in the syllabus of these courses, under a focus on practices, materials and orientation of the Master's in Biology, ProfBio-UERN, where the author is enrolled. The students were grouped according to their affinities in up to five components per group, with the condition of researching on the subjects that they chose freely in the Biology menu of their course, and later making videos on the subject. A channel called Movimento Biologia was created on youtube in order to become a depositary of the works, with free access on the internet. This channel was started by the author on November 13, 2018. A total of 39 videos were developed by the students with orientation and participation of the teacher, author, who present practical classes and parodies of biological subjects. It was noticed that the interest for parodies was superior to the practical classes, being an interesting element of analysis of the attention of the students, who looked for more current songs and successes of the moment to develop their studies and researches. KEY WORDS: Teaching resource, practical classes, parodies, videos, YouTube. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 9 1.1 O PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM ............................................................. 9 1.2 NOVAS TECNOLOGIAS APLICADAS AO ENSINO ............................................. 9 1.3 O YOUTUBE COMO FERRAMENTA DIDÁTICA ............................................... 11 1.4 MESTRADOS PROFISSIONAIS: O PROFBIO E O ENSINO DE BIOLOGIA .... 12 1.5 O PROFESSOR COMO FACILITADOR DA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO .............................................................................................................. 14 1.6 A CONSTRUÇÃO DO CANAL MOVIMENTO BIOLOGIA ................................. 17 2 OBJETIVOS .................................................................................................................... 20 3 MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................... 21 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................... 26 5 CONCLUSÃO ................................................................................................................. 38 REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 39 ANEXOS ............................................................................................................................. 42 APÊNDICES ...................................................................................................................... 46 9 1 INTRODUÇÃO 1.1 O PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM A educação, durante muito tempo atrás nas suas práticas metodologias ações que se traduzem em repetições de explanações de conteúdos com aspectos voltados muito mais a transmissão de saberes curriculares organizados do professor para os alunos, sob o manto da hierarquia formativa em que o docente se põe acima das experiências dos discentes, desconsiderando o aprendizado e contexto trazido por cada indivíduo, para o seu interesse no melhor estudar dentro do mundo em que vivem principalmente em se tratando de jovens que estão constantemente em contato com aparelhos eletrônicos. De acordo com Silva; Pereira; Melo (2015), o processo de ensino-aprendizagem requer dos educadores inovações, recriação e diversas maneiras que prenda a atenção dos educandos para que possam aprender, pois muitos se sentem cansados da escola e não tem interesse de assistir aulas repetitivas que nem sempre fazem sentido para vida dos sujeitos. A educação vem a cada dia se modernizando, e suas novas vertentes tecnológicas possibilitam uma maior liberdade à disseminação do conhecimento, relativizando a própria compreensão do saber mais, ou menos elaborado, e blindado de críticas pela sua própria denominação de “Educação formal” sob os limites engessados dos currículos escolares. O modelo padrão da educação brasileira atual (tradicional) desestimula o aluno a se interessar pelo conteúdo aplicado em sala, pois a realidade do ensino ainda não corresponde às premissas da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei Federal n. nº 9.394/96) (XAVIER, 2014) Assim, a educação poderia construir meios ao ensino pari passu à alfabetização científica e tecnológica, as quais tornariam os discentes sujeitos mais conexos ao processo, e, sobretudo, em consonância com o que se espera desse sujeito: mais atento, atuante, reflexivo, face à sujeição tão inerente às práticas formativas mais comuns e engessadas pelas próprias condições da escola com suas metas, agendamentos e cumprimentos de deveres postos pelos órgãos de controle. Diferentemente da educação do passado, a escola de hoje precisa articular diversos saberes e práticas metodológicas de ensino para garantir a aprendizagem de seus estudantes (BACICH; MORAN, 2018). 1.2 NOVAS TECNOLOGIAS APLICADAS AO ENSINO 10 A educação não se resume a conteúdos compilados, sistematizados, organizados, concentrados em disciplinas e metodologias propostas por grupos detentores do “poder” na esfera educacional. O mundo acadêmico tem a dificílima responsabilidade de proporcionar uma aprendizagem eficaz que assegurará a perenidade e o sucesso de médio em longo prazo, a qualquer instituição de ensino (FAVA, 2014). Nesse aspecto, a escola remonta práticas inalteradas que subjazem a própria formação do ensinar melhor e precisa delinear novas vertentes de ensino, as quais poderiam protagonizar o aluno e seu viver em sociedade, pois na educação o discente poderia encontrar mais respostas para suas observações cotidianas e reavivar o seu interesse em cada fenômeno, sobretudo ao atrelar necessidades postas pelos currículos na escola, diante do surgimento de ferramentas tecnológicas que poderiam virtualizar, e por demais disseminar saberes pelo compartilhamento tão comum desses conhecimentos nas redes sociais e aplicativos em geral, como vídeos em canais do site youtube. Fonseca e Tosta (2019) em sua pesquisa, relatou que a educação, assim, é concebida como processo de desenvolvimento e não como um fim a ser atingido ou um valor previamente determinado. O objetivo da escola seria o de proporcionar condições plenas para que o aluno possa se desenvolver continuamente, tomando como base a vivência trazida da vida familiar e social de forma a requalificá-la pelo raciocínio. Não se aprenderá na escola algo que seja apartado da vida social, mas nelase tomará os aspectos da vida social como iniciadores de um processo de reflexão que ampliará o conhecimento em extensão e em profundidade. Por certo o ensino como um todo, e o da Biologia não poderia ser diferente, têm procurado novos rumos para que a “distância” das suas atividades perpasse as dificuldades em desenvolver habilidades mais relevantes à “cultura” do fazer reflexivo, duma condição mais voltada à inserção dos estudantes no processo de ensino-aprendizagem em consonância com os avanços, mais especificamente biotecnológicos, e ao acesso dessa biotecnologia principalmente pelos mais excluídos, diante de uma série de novas ferramentas que surgem a todo o momento no contexto dos jovens principalmente nas últimas décadas em computadores, tabletes e de forma mais difundida em todas as classes sociais nos aparelhos celulares. Tendo nascido em meio a todo esse contexto de inovação tecnológica, a chamada geração Z, composta por jovens nascidos entre os anos de 1990 e 2010, tem como uma das principais características a busca pelo imediato e a rejeição pelos meios tradicionais de linguagem, criando uma aproximação muito maior com conteúdos digitais. (MATTOS, 2013). 11 Vivenciar um ensino de Biologia mais interativo é um desafio que remete a própria formação dos professores nas ciências biológicas no ensino superior, os quais repetem, muitas vezes, aquilo que lhes foi oferecido na sua graduação como regra a ser seguida na atuação profissional de cada professor. E assim as práticas de sala de aula são espelhos daquilo que se entende por educação dentro do próprio sistema acadêmico fechado em universidades, como um molde a se reproduzir em escala nos bancos escolares por longos anos. Buscar novas formas de ensinar, e aprender com os jovens, tem mostrado a necessidade de estudar muitas outras formas de tecnologias que surgem a todo o momento na sociedade, como os canais de compartilhamento de vídeos com tutoriais, músicas, palestras, experiências, filmes, paródias. Uma gama de possibilidades que certamente está auxiliando muitos docentes nas suas aulas. 1.3 O YOUTUBE COMO FERRAMENTA DIDÁTICA O site de conteúdos audiovisuais YouTube foi lançado oficialmente no ano de 2005 por três funcionários do site de comércio PayPal, Chad Hurley, Steve Chen e Jawed Karim. Trazendo uma plataforma totalmente inovadora com a possibilidade de realizar uploads de vídeos sem muitas dificuldades e de forma ilimitada e o grande diferencial de oferecer aos usuários a grande vantagem de se conectar uns aos outros, o site passou a se destacar em meio aos seus semelhantes. (ANDRADE; NERY; ARAÚJO, 2017). Dessa forma, utilizar o site youtube para renovar o ensino de biologia é um desafio que possibilita muito conhecimento para professores e alunos, pois quando um professor de Biologia explica o que faz e porque faz, ajuda o aluno a fazer o mesmo em seu próprio processo de construção do conhecimento, com mais autonomia. O aluno percebe que tal atitude, presente em seus bons professores, pode auxiliá-lo a aprender e, principalmente “aprender a aprender”, pois permite planejar seu aprendizado de forma mais reflexiva (MEIER; GARCIA, 2007, p.183) Assim, o professor de Biologia não pode mais ser aquele que tem uma didática definida com papel de apenas ensinar conteúdos estes, pré-definidos em livros didáticos, enquadrados em sequências postas, pois deve assumir seu papel de mentor e facilitador à reflexão, priorizando e intermediando o acesso do aluno à informação e sua compreensão crítica diante do acesso tão comum à tecnologia nos seus próprios celulares. Com isso, suas técnicas devem ser aprimoradas constantemente e seus métodos e metodologias de ensino, consequentemente, devem atender às necessidades que vão surgindo na dinâmica social e nas novas formas de comunicação e relações sociais que procuram nos vídeos, compartilhar e 12 democratizar novas práticas biológicas e nesse trabalho se revestem em experiências laboratoriais e paródias gravadas e editadas em vídeos. Aquele professor transmissor de conteúdo, parado no tempo, que utiliza fichas amarelas que servem para todas as turmas, ano após ano, ou aquele docente que pensa que, mesmo com sua aula expositiva tediosa, maçante, cansativa, proporciona conhecimento e traz informações para estudantes que não sabem quase nada, será substituído pelo computador, que transmitirá informações de modo muito mais lúdico, contagiante, interessante, com recursos adaptativos, de animação, imagens, vídeos, cores, sons, avaliando e apontando deficiências, mostrando caminhos, disponibilizando objetos de aprendizagem sedutores. (FAVA, 2014). Nesse aspecto, as experiências laboratoriais e paródias, registrados em vídeos, organizados num canal do youtube, disseminam conhecimentos biológicos e se coloca como um grande desafio para educadores, diante de uma sociedade em constante transformação. O potencial libertador e agregador que o processo pedagógico educacional pode adquirir é gigantesco, e as novas tecnologias chegam para agregar meios e ações para um saber mais participativo na dicotomia docente-discente, ensino-aprendizagem. Dessa forma, as redes sociais são ferramentas importantes e, sobretudo, impactantes em se tratando de um público normalmente jovem e que acompanha fielmente muitos artistas e tutoriais nos vários canais disponíveis no youtube, chegando a milhões de visualizações e “curtidas”. No Youtube, pode-se aprender de tudo, seja a cozinhar, ajeitar equipamentos os mais diversos ou até a assistir filmes com viés científico de forma mais crítica. Então, se os jovens usam esses vídeos com tanta frequência e motivação, vê-se em tecnologias desse tipo uma oportunidade para dinamizar o ensino de biologia aproximando a sala de aula ao mundo dos jovens. 1.4 MESTRADOS PROFISSIONAIS: O PROFBIO E O ENSINO DE BIOLOGIA Incentivando essas inovações e procurando desenvolver renovadas atuações no fazer biológico, o Mestrado Profissional em Ensino de Biologia - PROFBIO, desde o ano 2017 com sua primeira turma, busca recursos didáticos e pedagógicos que venham a dinamizar e facilitar os assuntos biológicos versados na educação básica. Assim, busca-se estabelecer uma melhor relação dos alunos com os conhecimentos científicos, desse campo do conhecimento biológico, atrelando metodologias ativas que aproxime os jovens do mundo mais interativo e 13 sedutor das telas dos aparelhos eletrônicos, bem como da virtualidade dos processos educativos que antes acreditávamos ser algo tão distante e que hoje é uma realidade. Considerando que um dos principais desafios dos Mestrados Profissionais é a interpretação que venham a fazer das necessidades do contexto educacional, entendemos que a compreensão que seus propositores tenham desse contexto é fundamental para a definição de suas propostas. Assim, muitas perspectivas são possíveis nessas proposições, dada a diversidade e a complexidade das necessidades da educação brasileira. (SOUZA; PLACCO, 2016). O PROFBIO, como um programa voltado à atividade profissional dos docentes de Biologia, tem na sua gênese essa preocupação com uma formação mais ampla e crítica dos profissionais que atuam principalmente na educação básica no ensino de biologia, conforme se percebe no seu documento base: Art. 1º – O Mestrado Profissional em Ensino de Biologia em Rede Nacional – PROFBIO, tem como objetivo a qualificação profissional de professores de Biologia em exercício na educação básica, visando á melhoria do desempenho do professor em sala de aula, tanto em termos de conteúdo como em relação às estratégias de facilitação do processo de ensino-aprendizagem da Biologia como uma ciência experimental. É preciso que os professores do mestrado reflitam a natureza da profissão e que haja um equilíbrio correto entre acadêmicos, profissionais/acadêmicos eprofissionais com pouca vivência acadêmica, isto é, do mundo empresarial. É preciso que os profissionais ricos em experiência e pobres em diplomas possam ter as mesmas regalias, galgar aos mesmos postos funcionais e receber as mesmas remunerações que seus colegas ricos em diplomas e pobres em experiência. (CASTRO, 2005). A experiência docente tem mostrado que apesar dos constantes avanços da ciência e das tecnologias educacionais observa-se que o ensino de Biologia permanece ainda, na maioria dos casos, restrito às aulas expositivas com mínima participação dos alunos. A utilização de métodos ditos “não tradicionais”, como constituinte prático pedagógico pelos professores durante o processo de ensino-aprendizagem permite propiciar uma experiência dinâmica e multidisciplinar, face à precarização atual do ensino e o desinteresse cada vez maior, por parte dos alunos. (CAMPOS; CRUZ; ARRUDA, 2014). E de forma mais específica possibilitar aos alunos escolherem livremente temas presentes na ementa dos cursos técnicos do IFRN para que esses temas escolhidos sejam trabalhados por grupos de afinidade a fim de facilitar a compreensão dos assuntos de uma forma mais lúdica: em experiências laboratoriais e paródias, bem como registrá-los em vídeos que possam ser acessados livremente no youtube. Quando o ensino é complexo ter colegas 14 trabalhando junto significa que eles são capazes de serem muito úteis uns para os outros à medida que elaboram as tarefas adequadas para o trabalho em grupo. (COHEN; LOTAN, 2017) As mudanças que ocorreram na forma de ensino com o uso das tecnologias, os desafios impostos aos professores e as oportunidades com a inserção de novas formas e meios, exige dos professores novas abordagens de ensino. Professores que são formados tendo como prioridade sua formação científica, isto é, considerando com exclusividade as teorias e experimentos relacionados à sua área, quando se defrontam com a sala de aula, nem sempre conseguem traduzir tais saberes em ofertas de situações de aprendizagem que possibilitem o acesso dos alunos a esse conhecimento. É neste momento que se passa a exigir que os professores tenham uma formação em outra dimensão – a dos saberes para ensinar, que afinal deveria ter sido adquirida no momento de sua formação inicial ou nos mestrados profissionais. (SOUZA; PLACCO, 2016). O objetivo geral desse trabalho foi desenvolver um canal no YouTube com vídeos de aulas práticas e paródias de conteúdos de biologia, com acesso livre, para serem utilizados por professores, estudantes, “internautas” em geral, como ferramenta de ensino e aprendizagem de alguns conteúdos de biologia. A introdução do lúdico aos educandos influencia no processo da aprendizagem. O emprego da ludicidade, além de proporcionar a investigação e o questionamento, torna as aulas um momento de grande participação e satisfação do grupo. (MANN; LUTZ; SOUZA, 2014) Assim, procurar aliar o ensino a um mundo mais próximo dos estudantes é um grande passo para uma educação mais significativa em que os vídeos se tornam um elo constante e disponível nos aparelhos tecnológicos. 1.5 O PROFESSOR COMO FACILITADOR DA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO As pesquisas científicas na escola podem variar, desde questões-problema, coleta de dados, interpretação de resultados, entre outras formas que possibilitem ao estudante um maior aprofundamento daquilo que lhe é proposto, sob um enfoque bem mais de dentro para fora, num viés interpretativo do fenômeno biológico proposto nas aulas expositivas. Portanto, deve-se buscar no próprio estudante as respostas diante daquilo que se vê, do que lhe é mostrado como conhecimento sólido e que de certa forma pode produzir inúmeras possibilidades de entendimento lógico, tomando-se como base seu mundo, sua linguagem diante do seu grupo social e sua percepção dos saberes. 15 O homem vive na linguagem, portanto, a linguagem é essencial na facilitação da aprendizagem significativa. As palavras são signos linguísticos e delas dependemos para ensinar qualquer corpo organizado de conhecimentos em situação formal de ensino que é a proposta subjacente à teoria da aprendizagem significativa. (MOREIRA, 2012). Muito comum é termos laboratórios nas escolas que reproduzem práticas centradas nos protocolos, e não em seus reflexos como práticas ensejadoras de dúvidas. Assim, o ensino atenta o olhar, mesmo o mais adestrado processo, para uma fuga do comum, uma caminhada que torna cada prática renovada pela desconfiança de que no fenômeno moram todas as ciências, subjazem outras vertentes que não somente as elencadas nos roteiros postos das aulas práticas, principalmente quando essas experiências podem ser compartilhadas na internet. Quando um professor planeja utilizar um centro de interesse, por exemplo, ele está apontando para o fato de que acredita que é necessário levar em consideração tudo o que seu aluno sabe, assim organizará o espaço educativo para o aluno criar e estudar fazendo suas próprias escolhas, interagindo com o material disponível. (MELO; URBANETZ, 2012). Portanto, nota-se que o uso dos recursos disponíveis no YouTube pode fazer com que o processo de aprendizagem não fique restrito apenas à sala de aula e ao material didático, configurando assim uma forma de estudo na qual os alunos possam complementar e até aprofundar o que é visto na escola. A rede mundial de computadores se torna, então, uma extensão do espaço físico das salas de aula. (ANDRADE; NERY; ARAÚJO, 2017). Diante do ufanismo de alguns teóricos da cibercultura, entre eles Pierre Lévy, que, proclama a emergência de uma inteligência coletiva na rede, negligenciando os imperativos da indústria cultural global e ignorando a maneira como as novas tecnologias são realmente apreendidas pelos jovens, tornam-se imprescindíveis pesquisas que identifiquem os interesses e hábitos de navegação dos adolescentes, correlacionando-os aos sistemas ideológicos vigentes na internet (PRIOSTE, 2016). É nessa visão mais ampla que a construção de vídeos e compartilhamento dessas práticas pode ensejar um ensino, no mínimo, complementar às aulas regulares, um olhar por demais crítico e curioso das coisas fora dos muros escolares, um caminho com estradas desconstruídas e reconstruídas nos mesmos instantes, vivenciados por mundos diferentes e que subsistem pelo conhecimento e sua dinâmica alastrada, em tempos atuais pela tecnologia. É essencial que os vídeos das práticas laboratoriais e paródias biológicas ofereçam condições de aprendizagem em contextos de incertezas, desenvolvimento de múltiplos letramentos, questionamento da informação, autonomia para resolução de problemas 16 complexos, convivência com a diversidade, trabalho em grupo, participação ativa nas redes e compartilhamento de tarefas pela sua natureza mais aberta na internet. De acordo com Souza e Placco (2016), para reconstruir a esperança, é necessário que o professor aprenda a conhecer seus alunos, sua origem social, suas experiências prévias, seus conhecimentos anteriores, sua capacidade de aprender, sua inserção na sociedade, suas expectativas e necessidades. Reconstruir a esperança exige que o professor assuma o projeto político-pedagógico da escola e as necessidades educacionais da sociedade, as políticas públicas, o mercado e o mundo do trabalho. Por isomorfia, a formação do professor também deve se pautar pela atividade criadora, reflexiva, crítica, compartilhada e de convivência com as diferenças, usando as mídias e as tecnologias como linguagem e instrumento da cultura, estruturantes do pensamento, do currículo, das metodologias e das relações pedagógicas. (BACICH; MORAN, 2018) Segundo Prioste (2016), pesquisas acerca da preferência dos jovens para assistir vídeos, o YouTube foi um dos sites mais citados, tanto pelos adolescentes da escola pública como da escola privada.Dessa forma, percebemos nessa ferramenta, YouTube, um importante aliado para a difusão de práticas laboratoriais, paródias, em conteúdos trabalhados na educação básica nos cursos técnicos do IFRN, e servir de modelo para outras instituições. Segundo Veiga (2006), o professor não pode mais ser aquele que tem uma didática definida com papel de apenas ensinar o conteúdo, ele deve assumir seu papel de mentor e facilitador, deve priorizar e intermediar o acesso do aluno à informação. Com isso, suas técnicas devem ser aprimoradas constantemente e seus métodos e metodologias de ensino, consequentemente, atender às necessidades que vão surgindo. É relevante que para a formação dos educandos leva em consideração as dificuldades enfrentadas pelos profissionais das escolas públicas, como, por exemplo: a reduzida quantidade de materiais pedagógicos, baixas condições de investimento, ementas que não levam em consideração o contexto dos alunos, e em termos mais práticos as metodologias utilizadas. Contudo, no IFRN temos estrutura física e corpo docente que tenta vencer as adversidades e nesse aspecto o trabalho com vídeos pode disseminar boas práticas para toda a rede pública. A inovação de práticas pedagógicas, coloca um grande desafio para educadores, diante de uma sociedade em constante transformação. Neste aspecto, o potencial libertador e agregador que o processo pedagógico educacional pode adquirir, é gigantesco. Feuerstein (1994) afirma que a experiência de aprendizagem mediada não deve ser considerada como a única influência eficaz no desenvolvimento do indivíduo. Ambas, a 17 experiência de aprendizagem mediada (EAM) e a Experiência de Aprendizagem Direta (EAD) são necessárias à criação dos pré-requisitos do pensamento, da flexibilidade necessária para a adaptação e da base para o funcionamento operacional. (TURRA, 2007). Assim, além de um planejamento mais voltado a práticas, temos que o aluno assuma uma maior postura de protagonismo no ensino, passando a uma condição de companheiro do professor para a busca do saber mais apurado e atualizado. Segundo Lúcia Sasseron (2013) “Um bom problema em uma aula de ciências envolve a construção do cenário de investigação. Este cenário pode ser composto por ideias trabalhadas em aulas anteriores ou por elementos da experiência cotidiano dos estudantes. O importante é ser o problema capaz de mobilizar a ação dos alunos e, por isso, é preciso que esteja relacionado a conhecimentos já adquiridos”. Dessa forma, as redes sociais são ferramentas importantes e sobretudo impactantes em se tratando de um público normalmente jovem e que acompanha fielmente muitos artistas nos vários canais disponíveis, chegando a milhões de visualizações e “curtidas”. Alerta Marcelo Vaillanta (2012) “As mudanças que ocorreram na forma de ensino com o uso das tecnologias, os desafios impostos aos professores e as oportunidades com a inserção de novas formas e meios, exige dos professores novos métodos de ensino”. Assim, procurar aliar o ensino a um mundo mais próximo dos estudantes é um grande passo para o futuro. 1.6 A CONSTRUÇÃO DO CANAL MOVIMENTO BIOLOGIA O trabalho de dissertação apresentado tem como foco o desenvolvimento de materiais digitais, vídeos, construídos com a participação de alunos sob a orientação do autor, em duas turmas dos cursos técnicos do IFRN campus Nova Cruz-RN. Assim, o mesmo vem como forma de facilitar a compreensão dos discentes no estudo da disciplina de biologia, preparação, gravação, edição e postagem de vídeos com temas biológicos, estes depositados num canal do youtube na rede mundial de computadores. Os alunos foram estimulados à participação e envolvimento nos trabalhos ao observarem algumas paródias musicais e aulas práticas laboratoriais já desenvolvidas pelo professor. Nesse norte, os discentes gostaram dessas metodologias e foram convidados a contribuírem na elaboração de vídeos a fim de dinamizar o ensino de biologia, democratizando-os na internet. 18 O trabalho foi realizado durante o ano letivo de 2018 em duas turmas nos cursos técnicos integrados de informática e no curso técnico de química, todas da educação básica no IFRN campus Nova Cruz-RN. Compreendemos a utilização de aulas práticas, músicas e paródias voltadas para o ensino de biologia como uma melhor forma de engajamento dos alunos e aproximação dos meios tecnológicos da atividade docente, e nesse aspecto a disponibilização de mais ferramentas metodológicas para o ensino. Assim, percebemos o elemento lúdico na possibilidade de aproximação de termos muito específicos da biologia, muitas vezes de difícil compreensão, com um mundo por demais interativo dos jovens, e distanciado do ambiente físico das salas de aula. Trata-se, pois, de uma forma de reavivar o prazer no descobrir dentro do monótono e desinteressante tradicionalismo das salas de aula em confronto com as inovações tecnológicas atuais. A pesquisa com liberdade de escolha de assuntos da ementa denotou afinidades por conteúdos mais próximos dos alunos, retirando do professor uma rigidez e direcionamento no que aprender ou mesmo no que deva ser mais relevante. Foram os alunos que decidiram o que pesquisar, e o professor se tornou um mediador e orientador do processo. Segundo o Projeto Político Pedagógico dos cursos técnicos do IFRN (p.108), os recursos didáticos, assim como a metodologia utilizada pelo professor devem estar em sintonia com o conteúdo, os objetivos esperados, a classe a que se destina e o tempo disponível. O livro didático tem sido o principal aliado do professor quando se trata de recurso didático, porém, segundo os PCN, é importante e necessária a diversificação de materiais ou recursos o que também é uma forma de tentar alcançar autonomia intelectual. Podem ser utilizados vídeos e filmes, computador, jornais, revistas, livros de divulgação e ficção científica e diferentes formas de literatura, manuais técnicos, assim como peças teatrais e música, pois, segundo as orientações curriculares para o ensino de Biologia, dão maior abrangência ao conhecimento, possibilitam a integração de diferentes saberes, motivam, instigam e favorecem o debate sobre assuntos do mundo contemporâneo. Os parâmetros aconselham, também, desenvolver práticas experimentais, indispensáveis para a construção da competência investigativa, e estimular o uso adequado dos produtos das novas tecnologias. Assim, o docente não pode mais ser aquele que tem uma didática linear, definida com papel de apenas ensinar conteúdos pré-definidos, engessados, pois deve assumir seu papel de mentor, facilitador à reflexão, priorizando e intermediando o acesso do aluno a informação e sua compreensão mais crítica, inclusive para incentivar muitas pesquisas além do conhecimento do próprio docente, acrescentando à sua prática de forma dialógica. Com isso, 19 suas técnicas devem ser aprimoradas constantemente e seus métodos e metodologias de ensino, consequentemente, devem atender às necessidades que vão surgindo na dinâmica social e nas novas formas de comunicação e relações sociais. Aquele professor transmissor de conteúdo, parado no tempo, que utiliza fichas amarelas que servem para todas as turmas, ano após ano, ou aquele docente que pensa que, mesmo com sua aula expositiva tediosa, maçante, cansativa, proporciona conhecimento e traz informações para estudantes que não sabem quase nada, será substituído pelo computador, que transmitirá informações de modo muito mais lúdico, contagiante, interessante, com recursos adaptativos, de animação, imagens, vídeos, cores, sons, avaliando e apontando deficiências, mostrando caminhos, disponibilizando objetos de aprendizagem sedutores. (FAVA, 2014, p.174) O trabalho visou, sobretudo, o envolvimento dos alunos no processo de ensino aprendizagem, tomando-se como base suas experiências e afinidades como mundo tecnológico para a construção de vídeos. 20 2 OBJETIVOS O objetivo geral desse trabalho é desenvolver um canal no YouTube com vídeos próprios de aulas práticas e paródias de conteúdos de biologia, com acesso livre, para serem utilizados por professores, estudantes, internautas em geral, como ferramenta de ensino e aprendizagem de biologia. E como objetivos específicos: a) Escolher temas presentes na ementa de biologia; b) Desenvolver atividades com a produção de paródias e/ou aulas práticas; c) Gravar, editar e ajustar vídeos para divulgação dos trabalhos; d) Criar um canal no Youtube; e) Inserir as produções no canal criado no youtube; f) Analisar dados do canal. Dessa forma, o trabalho vem a possibilitar que os alunos possam escolher temas presentes na ementa dos cursos técnicos do IFRN para que os mesmos sejam trabalhados por grupos de afinidade, a fim de facilitar a compreensão dos assuntos de uma forma mais lúdica, divulgando as produções na internet. Quando o ensino é complexo, ter colegas trabalhando junto, significa que eles são capazes de ser muito úteis uns para os outros à medida que elaboram as tarefas adequadas para o trabalho em grupo. (COHEN; LOTAN, 2017, p.130). As mudanças que ocorreram na forma de ensino com o uso das tecnologias, os desafios impostos aos professores e as oportunidades com a inserção de novas formas e meios, exige dos professores novos métodos de ensino. Assim, procurar aliar o ensino a um mundo mais próximo dos estudantes é um grande passo para uma educação mais significativa e contextualizada. 21 3 MATERIAL E MÉTODOS Esse trabalho foi desenvolvido durante o ano letivo 2018 em duas turmas do ensino técnico integrado no IFRN, nos cursos de química e informática, com aproximadamente 70 alunos, no campus Nova Cruz de acordo com reflexões e práticas advindas do programa de mestrado em biologia Profbio. Todos os assuntos trabalhados nas aulas práticas e paródias foram escolhidos livremente pelos discentes, tomando-se como base a ementa da disciplina de biologia, cuja distribuição em Biologia I é vista no terceiro ano do curso técnico integrado, e Biologia II no quarto ano desse curso (anexo I) A inovação de práticas pedagógicas se coloca como um grande desafio para educadores, diante de uma sociedade em constante transformação. Neste aspecto, o potencial libertador e agregador que o processo pedagógico educacional pode adquirir, é gigantesco, e as novas tecnologias chegam para agregar meios e ações para um saber mais participativo na dicotomia docente-discente, ensino-aprendizagem. Para facilitar os trabalhos com aulas práticas, foram elencados roteiros de práticas laboratoriais presentes no: Manual de aulas práticas de ciências e biologia (compêndio) - http://fcjp.edu.br/pdf/20150619104130fc.pdf, e músicas mais atuais para que os estudantes dos cursos técnicos supracitados pudessem desenvolver vídeos com experiências e paródias, os quais pudessem ser disponibilizados num canal da plataforma Youtube. A disponibilização de novas metodologias, modelos e práticas lúdicas, podem despertar no professor uma nova vertente para o ensino da biologia, em que a interação dos alunos se torne mais fácil e as aulas mais fluídas e divertidas. É salutar tecermos uma reflexão acerca do ensino desses conteúdos biológicos, em que pese sua dificuldade na compreensão de conceitos postos nos livros didáticos, relatada comumente pelos envolvidos no processo de ensino aprendizagem. Essa reflexão da ação profissional dá ao docente uma capacidade de enfrentar as situações que ocorrem em sala de aula e tomar as decisões adequadas, na vida profissional futura. (SILVA, et. al. 2014, p. 519). Temos que a formação docente seja baseada em uma prática reflexiva, onde o professor analise sua prática em sala de aula e reflita em ações que promovam o aprendizado diante de pesquisas nessa área. Assim, a organização e rigor na pesquisa são elementos validadores do fazer experimental, onde mesmo na liberdade determinadas ações são norteadas pelo método. http://fcjp.edu.br/pdf/20150619104130fc.pdf http://fcjp.edu.br/pdf/20150619104130fc.pdf 22 O discurso do rigor metodológico revela consigo a ditadura do método, assim o conhecimento científico traz como garantia para a validade dos seus resultados. Neste sentido, são os procedimentos metodológicos rigorosos do conhecimento científico que o diferencia dos outros conhecimentos. Se o processo de conhecimento tem como finalidade descobrir e mudar a realidade, para tanto é fundamental captá-la da maneira mais objetivada possível. (DEMO, 1995, p. 80). Para a consecução dos trabalhos um canal na plataforma Youtube foi criado e denominado como MOVIMENTO BIOLOGIA, pela sua maior possibilidade de divulgação e acesso democratizado, apresentando o seguinte endereço: https://www.youtube.com/channel/UCsFphTVcPu4j5UdUzV8t-6w. Os alunos foram divididos em grupos e os temas foram distribuídos conforme livre escolha na ementa de cada curso. Foi dado um tempo de dois bimestres iniciais do ano letivo 2018 para os mesmos apresentarem seus materiais e as correções necessárias dos trabalhos. No segundo semestre com a finalização de cada trabalho, filmagens e edição dos vídeos, um canal no youtube foi criado para disponibilização das produções na internet. Com isso, 39 trabalhos foram inseridos, como se pode verificar abaixo: Quadro 1. Relação das produções de aulas práticas laboratoriais e paródias. VÍDEOS – TEMA ABORDADO – ANO DO CURSO TÉCNICO INTEGRADO 01. PARÓDIA ABIOGÊNESE X BIOGÊNESE – ORIGEM DA VIDA – 3º ANO 02. PARÓDIA SISTEMA CARDIOVASCULAR – FISIOLOGIA – 4º ANO 03. PARÓDIA EVOLUÇÃO – EVOLUÇÃO BIOLÓGICA – 4º ANO 04. PARÓDIA: ESSA TAL EVOLUÇÃO – EVOLUÇÃO BIOLÓGICA – 4º ANO 05. EXPERIÊNCIA: CATALISADOR BIOLÓGICO – BIOQUÍMICA DA CÉLULA – 3º ANO 06. PARÓDIA SEU CRIME DSTs – REPRODUÇÃO E DESENVOLVIMENTO – 3º ANO 07. PARÓDIA: AS CÉLULAS BIOLÓGICAS – CITOLOGIA – 3º ANO 08. EXPERIÊNCIA: EXTRAINDO DNA HUMANO – BIOQUÍMICA DA CÉLULA – 3º ANO 09. PARÓDIA CICLO DO CARBONO – ECOLOGIA – 3º ANO 10. EXPERIÊNCIA: O CARBONO PRESENTE NOS CARBOIDRATOS – BIOQUÍMICA DA CÉLULA – 3º ANO 11. PARÓDIA: BIOMAS – ECOLOGIA – 3º ANO 12. EXPERIÊNCIA: OS ALIMENTOS ESTRAGAM – CITOLOGIA – 3º ANO 13. EXPERIÊNCIA: PERMEABILIDADE DA MEMBRANA PLASMÁTICA – CITOLOGIA – 3º https://www.youtube.com/channel/UCsFphTVcPu4j5UdUzV8t-6w 23 ANO 14. EXPERIÊNCIA: COMPROVANDO OS MALEFÍCIOS DO TABAGISMO – FISIOLOGIA – 4º ANO 15. EXPERIÊNCIA: OSMOSE NO OVO – CITOLOGIA – 3º ANO 16. EXPERIÊNCIA: CHUVA ÁCIDA – ECOLOGIA – 3º ANO 17. EXPERIÊNCIA: COMO FAZER UM OVO DE "BORRACHA" – CITOLOGIA – 3º ANO 18. GRUPOS SANGUÍNEOS: ABO, RH E MN – GENÉTICA – 4º ANO 19. PARÓDIA: SISTEMA CIRCULATÓRIO – FISIOLOGIA – 4º ANO 20. PARÓDIA: SISTEMA DIGESTÓRIO – FISIOLOGIA – 4º ANO 21. PARÓDIA: SISTEMA CARDIOVASCULAR – FISIOLOGIA – 4º ANO 22. PARÓDIA: LEIS DE MENDEL – GENÉTICA – 4º ANO 23. DIVISÃO CELULAR – CITOLOGIA – 3º ANO 24. PARÓDIA: RELAÇÕES ECOLÓGICAS – ECOLOGIA – 3º ANO 25. EXPERIÊNCIA: EXISTE AR NO SOLO? – ECOLOGIA – 3º ANO 26. EXPERIÊNCIA: PESQUISANDO SOBRE A FOTOSSÍNTESE – CITOLOGIA – 3º ANO 27. EXPERIÊNCIA: TRANSPORTE NA MEMBRANA PLASMÁTICA – CITOLOGIA – 3º ANO 28. EXPERIÊNCIA: CÉLULA VEGETAL – CITOLOGIA – 3º ANO 29. PARÓDIA - HAVANA - Sistema Cardiovascular (versão completa) – FISIOLOGIA – 4º ANO 30. EXPERIÊNCIA: O AR EXERCE PRESSÃO – ECOLOGIA – 3º ANO 31. EXPERIÊNCIA: O OVO QUE BOIA – ECOLOGIA – 3º ANO 32. EXPERIÊNCIA: EXISTE AR NO SOLO – ECOLOGIA – 3º ANO 33. EXPERIÊNCIA: EXTRAINDO FERRO DOS CEREAIS – BIOQUÍMICA DA CÉLULA – 3º ANO 34. EXPERIÊNCIA: BATATAS CHORONAS – CITOLOGIA – 3º ANO 35. EXPERIÊNCIA: REPOLHO ROXO COMO INDICADOR DE ÁCIDO-BASE –BIOQUÍMICA DA CÉLULA – 3º ANO 36. EXPERIÊNCIA: EXTRAÇÃO DO DNA DA BANANA – BIOQUÍMICA DA CÉLULA – 3º ANO 37. EXPERIÊNCIA: PRESENÇA DE AMIDO NOS ALIMENTOS – BIOQUÍMICA DA CÉLULA 24 – 3º ANO 38. EXPERIÊNCIA: REAÇÃO CELULAR – CITOLOGIA – 3º ANO 39. EXPERIÊNCIA: LACTOBACILLUS E FORMAÇÃO DO IOGURTE – ECOLOGIA – 3º ANO TOTAL: 39 vídeos Fonte: Canal Movimento Biologia. Nesse canal foram inseridos 39 vídeos, até o dia 20 de abril de 2019, os quais podem ser acessados livremente. O portal do YouTube é uma espécie de televisão à la carte, supostamente interativa, no qual os internautas escolhem os programas que desejam ver, a qualquer momento, ao mesmo tempo em que podem tornar-se eles próprios emissores de conteúdo, divulgando vídeos pessoais ou de terceiros. (PRIOSTE, 2016, p.197) A escolha da plataforma Youtube se deve por ser um meio democrático para a exposição de vídeos, bem como para a produção e sua popularização, principalmente em relação ao público jovem. Através do uso da paródia no ensino de biologia, é possível realizar uma aula descontraída – pois como é de conhecimento, os famosos “giz e saliva” já são rotulados como práticas tradicionais que sozinhas não contribuem significativamente para a compreensão dos conteúdos por parte dos alunos. “Faz-se necessária a utilização de métodos experimentais positivos que produzam no aluno maior habilidade e aptidão na assimilação dos conteúdos.” (SILVA; PEREIRA; MELO, 2015, p.07). A distribuição de etapas dos trabalhos desenvolvidos seguiu a organização dos quatro bimestres, já apresentada na organização pedagógica da escola: Quadro 2: Cronologia dos trabalhos desenvolvidos. 1º bimestre Reconhecimento dos conteúdos da ementa e divisão de grupos de acordo com a afinidade dos alunos 26/03/2018 a 09/06/2018 2º bimestre Pesquisa sobre os conteúdos escolhidos e metodologias a serem utilizadas para construção dos vídeos 11/06/2018 a 16/08/2018 3º bimestre Elaboração dos trabalhos, 03/09/2018 a 10/11/2018 https://suap.ifrn.edu.br/edu/calendarioacademico/521/ https://suap.ifrn.edu.br/edu/calendarioacademico/521/ https://suap.ifrn.edu.br/edu/calendarioacademico/521/ 25 gravação e edição dos vídeos 4º bimestre Mostra de vídeos, criação do canal Movimento Biologia e publicação dos vídeos 12/11/2018 a 13/02/2019 Fonte: Autoria própria. Dessa forma, pensar em uma educação relevante e com metodologias mais participativas, é fator preponderante para a participação desses alunos e seu maior interesse por temas que na maioria das vezes são distantes da sua compreensão, face às condições e oportunidades limitadas pelo distanciamento dos centros urbanos. Os vídeos inseridos são de boa qualidade, com uma linguagem acessível e a maioria com legendas para facilitar a comunicação. https://suap.ifrn.edu.br/edu/calendarioacademico/521/ 26 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO A Biologia como ciência, por natureza, é um campo fértil para a construção coletiva, vez que nas várias vertentes dessa disciplina temos a interdisciplinaridade como ponto entrelaçador dos saberes. Embora possamos imaginar que em todas as ciências existam amplitudes bem maiores do que os currículos e os planejamentos possam enxergar, temos na biologia desafios que ultrapassam o próprio fenômeno biológico. A atuação dos professores em sala de aula não é uma ação meramente técnica, nem descontextualizada da sua experiência de vida, das concepções de educação, dos conhecimentos científicos que adquiriram, da sua cultura e realidade social, ela é constituída por saberes variados que influenciam diretamente suas ações. Assim, os saberes docentes são importantes porque constituem um campo fértil no que diz respeito aos estudos sobre ensino, fornecendo aos estudiosos e aos próprios professores elementos que levam à superação das problemáticas existentes nesse campo (ANDRADE; ABÍLIO, 2018). Por isso é preciso buscar mais do que o que se mostra no papel e expandir novas formas de entender os fenômenos biológicos. É necessário extrapolar o olhar planejado para conseguir aproximar o ensino do espanto que atiça todos os sentidos para a compreensão crítica e curiosa dos saberes. Nesse aspecto os resultados apresentados na figura 1 denotam a utilização crescente do canal Movimento Biologia desde a sua criação em 13/11/2018 até o dia 26/06/2019, aproximadamente 7 meses. Figura 1: Tempo de exibição, visualizações e duração média da visualização do canal. 27 Fonte: Google Analitics. Desde a criação do site, em 13 de novembro de 2018, pode-se perceber, no seu acesso e interesse, a importância desse tipo de ferramenta auxiliar ao ensino de biologia, pois os gráficos de exibições e visualizações se tornam cada dia mais ascendentes como se percebe nas estatísticas dos 7 primeiros meses (fig. 2). Figura 02: Tempo de exibição e visualizações do canal. Fonte: Google Analitics. Em se tratando de tempo de exibição, observamos que, provavelmente, por colocarmos o canal Movimento Biologia em atividade no final do ano letivo 2018, sua disponibilidade atingiu meses de provas finais, festas natalinas e férias escolares, contudo em 2019 podemos perceber o acentuado acesso, chegando na 23º semana de 2019 a quase 3000 minutos de exibição dos vídeos. Nos dados estatísticos de cada vídeo também podemos realçar as preferências entre os visitantes do canal Movimento Biologia. Em análise à tabela abaixo, com os dez vídeos mais acessados, percebe-se um maior interesse dos alunos pelas paródias em comparação a vídeos com experiências laboratoriais, mostrando que esse universo da música pode ser mais próximo da realidade dos discentes. Segundo Xavier (2014), a paródia é um exercício interessante para demonstrar, representar e aplicar os conteúdos teóricos, se constituindo em uma forma criativa e crítica de encarar o aprendizado de forma prática. Quando no canal foi avaliado quanto, quais os 10 vídeos mais acessados? o resultado obtido é apresentado na Figura 3. 28 Figura 03: Tempo de exibição, visualizações, pessoas que gostam e comentários dos 10 vídeos mais acessados. Vídeo Tempo de Exibição (minutos)* Visualizações Pessoas Gostam Comentários Paródia : Sistema Cardiovascular (Havana) 1 10.417 – 40% 5.470 – 33% 273 16 Paródia: Abiogênese X Biogênese 3.409 – 13% 2.338 – 14% 105 5 Paródia: Biomas 3.026 – 12% 1.834 – 11% 73 5 Paródia: Sistema Cardiovascular 2 1.397 – 5,4% 1.119 – 6,8% 65 0 Experiência: Osmose no Ovo 1.291 – 5,0% 891 – 5,5% 25 0 Paródia: Ciclo do Carbono 681 – 2,6% 488 – 3,0% 25 3 Experiência: Permeabilidade da Membrana Plasmática 645 -2,5% 395 – 2,4% 7 0 Paródia: Sistema Cardiovascular 3 355 -1,4% 358 – 2,2% 13 0 Paródia: Evolução 304 – 1,2% 249 – 1,5% 11 0 Paródia: Relações Ecológicas 218 – 0,8% 225 – 1,4% 6 1 Fonte: Google Analitics. Percebe-se que a música também pode ser considerada como um recurso de ensino que pode facilitar o desenvolvimento de habilidades desejadas, bem como favorecer a assimilação de conteúdos e promover a socialização entre alunos pelo interesse denotado na tabela acima. Isso, porque muitos alunos se interessaram em desenvolver paródias nos seus trabalhos e também pelos comentários postados nos vídeos: PARÓDIA – HAVANA: “Bom trabalho, estou me vendo cantando na hora da prova!” 29 PARÓDIA: BIOMAS: “Vlw ajudou minha filha na prova.” PARÓDIA: AS CÉLULAS BIOLÓGICAS: “vídeo massa.” A música é um elemento importante para o desenvolvimento da mente humana. Ela ajuda a promover o equilíbrio, proporcionando um estado de bem-estar e facilitando a concentração e o desenvolvimento do raciocínio. No contexto educacional a música é uma habilidade a ser trabalhada e exploradapelos alunos. As paródias passam a ser um elo entre o lúdico e o ensino tornando o processo de aprendizagem mais prazeroso. É um instrumento de grande potencial, pois no cenário escolar tem forte contribuição para a aprendizagem dos alunos, os envolvendo com o tema proposto, proporcionando assim uma socialização e a satisfação do discente. (SILVA; PEREIRA; MELO, 2015). O estudo feito com músicas como recurso pedagógico evidenciou que a relação entre conteúdos escolares, o prazer e a alegria pelo desenvolvimento das atividades propostas favoreceu o processo de ensino-aprendizagem, motivando os alunos pois estimula a mente humana, proporciona o equilíbrio, facilita a concentração e desenvolve o raciocínio, melhorando assim o entendimento dos conteúdos trabalhados (JESUS, 2002 apud SANTANA, et al. 2013). Figura 04: Análise percentual dos locais mais acessados, gênero, origens de tráfego e locais de reprodução. Fonte: Google Analitics. 30 Na figura 4 podemos observar o perfil dos usuários quanto aos locais mais acessados, gênero, origens de tráfego e onde os vídeos são produzidos, podemos perceber que as mulheres são maioria com 71%, 74% chegou ao canal através de pesquisa no próprio youtube. Em sala de aula os alunos ficaram muito ansiosos para mostrar suas produções, bem como para mostrar aos colegas e familiares. A música estreita laços entre os alunos, professores e a ciência de forma significativa, sendo capaz de motivar e estimular o aluno, facilitando a aprendizagem e desenvolvendo a socialização. De acordo Vygotsky, citado por Teles (1999) a música estimula o aspecto socializador, favorecendo assim uma eficácia no processo de ensino-aprendizagem. Figura 05: Análise de dados por faixa etária de visualizações, duração média da visualização, porcentagem visualizada média e tempo de exibição. Fonte: Google Analitics. Organizando os vídeos em dois grupos, paródias e experimentos, podemos observar também um maior tempo de exibição das paródias. Figura 06: Análise percentual por dispositivo móvel de tempo de exibição, visualizações e duração média das visualizações. 31 Fonte: Google Analitics. Dessa forma, percebe-se que as pesquisas livres no youtube são a maioria em relação a essa análise. Denota-se a pesquisa no próprio canal como fator importante de acesso e interesse dos usuários pelo site específico do youtube. Figura 07: Dados de origem de tráfego por tempo de exibição, visualizações, duração média da visualização, impressões e taxa de cliques de impressões. Origem do Tráfego Tempo de exibição (minutos) Visualizações Duração Média da visualização Impressões Taxa de Cliques de Impressões Total 26.109 – 100% 16.538 - 100% 1:34 91.011 11,7% Pesquisa do YouTube 19.266 – 73,8% 11.972 – 72,4% 1:36 70.599 13,1% Externa 2.555 – 9,8% 1.568-9,5% 1:37 - - Páginas do canal 1.087 – 4,2% 925 – 5,6% 1:10 11.172 5,9% Outros Recursos do YouTube 894 – 3,4% 501- 3,0% 1:47 - - Vídeos 664 – 2,5% 389 – 2,4% 1:42 2.290 8,9% 32 Sugeridos Recursos de Navegação 487 – 1,9% 323- 2,0% 1:30 3.625 6,6% Direta ou Desconhecida 415 – 1,6% 297 – 1,8% 1:23 - - Playlists 378 - 1,4% 244 – 1,5% 1:32 1.636 6,7% Página da Playlist 266 – 1,0% 235 – 1,4% 1:07 1.689 12,4% Telas Finais 69 – 0,3% 57 – 03% 1:12 - - Notificações 28 – 0,1% 27 – 0,2% 1:02 - - Fonte: Adaptado do Google Analitics. Quanto a origem de tráfego externo, temos o aplicativo WhatsApp como a maior forma de disseminação dos vídeos presentes no canal, mostrando que mesmo sendo o youtube um meio quase auto publicitário, sua taxa de interesse e disseminação é impulsionada por outros meios (fig. 07). Figura 08: Dados de local de reprodução em relação ao tempo de exibição, visualizações e duração média da visualização. Fonte: Google Analitics. Importante destacar que no ano de 2012 o autor já havia publicado uma paródia no youtube somente como forma de verificar o impacto e visualização do seu trabalho, também pela curiosidade em relação ao envolvimento dos internautas em relação a esse site de vídeos. A paródia com o título “Essa tal urina”, versa sobre o sistema excretor humano e já foi visualizada e ouvida por 18.847 internautas até 29 de junho de 2019, com alguns comentários on-line, que servem como parâmetro para a aceitação dos alunos e professores e que pode gerar uma melhor compreensão dos conteúdos de biologia. A motivação para realizar este estudo, também partiu da observação do uso dessa paródia em sala, sua popularização, e 33 como recurso pedagógico por outros colegas professores, por entender a importância deste instrumento, no processo de ensino e aprendizagem. A música, além de atividade cultural e mediadora das inter-relações, poderá ser usada a serviço da educação e do desenvolvimento integral do homem. A melodia de uma música estimula o poder da fala e, quanto mais complexa a ação exigida pela situação e menos direta a solução, maior a importância que a fala adquire na operação como um todo. (CARVALHO, 2008). Figura 09: Dados por playlist de visualizações, duração média da visualização e tempo de exibição. Fonte: Google Analitics. A relevância deste trabalho está na sua própria natureza criativa, uma vez que a partir dele, um conjunto de ferramentas de ensino e aprendizagem estão disponibilizadas através de um canal no site YouTube aos docentes de Biologia, com acesso livre. Assim, busca-se contribuir com a melhoria do processo de ensino e aprendizagem, despertando o olhar dos discentes para o uso de recursos didáticos pedagógicos que incluam práticas mais lúdicas. Figura 10: Quantidade de visualizações por playlist em relação ao total. Fonte: Google Analitics. Com os dados acima, percebe-se um maior interesse dos internautas pelas paródias em relação às aulas práticas laboratoriais. 34 Dessa forma, um trabalho investigativo que demonstre liberdade e prazer em aprender é salutar para a educação. Se muitos alunos têm esse tipo de trabalho com paródias e aulas práticas aparecendo nas redes sociais, temos que sua naturalidade e uso conseguem desenvolver uma consolidação de conceitos biológicos com mais fluidez. Figura 11: Quantidade de compartilhamento por serviço/aplicativo. Fonte: Google Analitics. Dessa forma, compreende-se nas novas tecnologias, nos sites, aplicativos, redes sociais, aliados para o ensino e seu aprofundamento. Pensar no youtube, facebook, instagram, ou mesmo no whatsapp como rivais a educação formal nas salas de aula é algo por demais ultrapassado, ademais essas ferramentas têm se mostrado importantes e necessárias ao mundo contemporâneo. Quadro 3: Dados estatísticos dos vídeos postados no canal Movimento Biologia. TÍTULO DO VÍDEO TEMPO (MIN) ACESS OS PARÓDIA ABIOGÊNESE X BIOGÊNESE (MÚSICA ORIGINAL - JENNIFER - Gabriel Diniz) 496.2567 350 PARÓDIA SISTEMA CARDIOVASCULAR (HAVANA - Camila Cabello) 472.0882 365 PARÓDIA EVOLUÇÃO 135.725 114 PARÓDIA: ESSA TAL EVOLUÇÃO (SÓ QUER VRAU) 113.5691 72 EXPERIÊNCIA: CATALISADOR BIOLÓGICO. 102.0133 100 35 PARÓDIA SEU CRIME DSTs (MÚSICA ORIGINAL: SEU CRIME - Pablo Vitar) 98.6201 133 PARÓDIA: AS CÉLULAS BIOLÓGICAS. 93.6948 70 EXPERIÊNCIA: EXTRAINDO DNA HUMANO. 86.7908 48 PARÓDIA CICLO DO CARBONO - (MÚSICA ORIGINAL - SOU FAVELA - MC Bruninho e Vitinho Ferrari) 83.1799 83 EXPERIÊNCIA: O CARBONO PRESENTE NOS CARBOIDRATOS - ÁCIDO SULFÚRICO NO AÇÚCAR. 72.3138 38 PARÓDIA: BIOMAS 67.7433 45 EXPERIÊNCIA: OS ALIMENTOS ESTRAGAM. 56.3747 35 EXPERIÊNCIA: PERMEABILIDADE DA MEMBRANA PLASMÁTICA. 52.6244 34 EXPERIÊNCIA: COMPROVANDO OS MALEFÍCIOS DO TABAGISMO 48.958 24 EXPERIÊNCIA: OSMOSE NO OVO 45.2615 26 EXPERIÊNCIA: CHUVA ÁCIDA 44.2347 23 EXPERIÊNCIA:COMO FAZER UM OVO DE "BORRACHA". 41.6003 28 GRUPOS SANGUÍNEOS: ABO, RH E MN 38.6631 23 PARÓDIA: SISTEMA CIRCULATÓRIO. 38.3269 50 PARÓDIA: SISTEMA DIGESTÓRIO. 37.6146 34 PARÓDIA: SISTEMA CARDIOVASCULAR (SÓ QUER VRAU) 35.9024 34 PARÓDIA: LEIS DE MENDEL 34.3604 28 DIVISÃO CELULAR 32.6777 21 PARÓDIA: RELAÇÕES ECOLÓGICAS 31.0779 35 EXPERIÊNCIA: EXISTE AR NO SOLO? 25.5269 21 EXPERIÊNCIA: PESQUISANDO SOBRE A FOTOSSÍNTESE. 25.1234 25 EXPERIÊNCIA: TRANSPORTE NA MEMBRANA PLASMÁTICA. 25.0154 16 EXPERIÊNCIA: CÉLULA VEGETAL 22.6168 24 PARÓDIA - HAVANA - Sistema Cardiovascular - versão completa 22.2218 10 36 EXPERIÊNCIA: O AR EXERCE PRESSÃO. 21.6518 19 EXPERIÊNCIA: O OVO QUE BOIA. 20.0297 14 EXPERIÊNCIA: EXISTE AR NO SOLO? 19.6425 22 EXPERIÊNCIA: EXTRAINDO FERRO DOS CEREAIS. 19.6346 22 EXPERIÊNCIA: BATATAS CHORONAS - TRANSPORTE CELULAR. 19.0686 13 EXPERIÊNCIA: REPOLHO ROXO COMO INDICADOR DE ÁCIDO-BASE. 10.5325 11 EXPERIÊNCIA: EXTRAÇÃO DO DNA DA BANANA. 9.1242 10 EXPERIÊNCIA: PRESENÇA DE AMIDO NOS ALIMENTOS 8.9318 10 EXPERIÊNCIA: REAÇÃO CELULAR. 6.9417 10 EXPERIÊNCIA: LACTOBACILLUS E FORMAÇÃO DO IOGURTE. 6.356 11 TOTAL 2622.0893 2051 Fonte: Autoria própria. Em análise do quadro, percebe-se um maior interesse dos usuários pelas paródias em comparação a vídeos com experiências laboratoriais, mostrando que esse universo da música pode ser mais próximo da realidade dos mesmos. A música passa a ser um elo entre o lúdico e o ensino tornando o processo de aprendizagem mais prazeroso. Ela é um instrumento de grande potencial, pois no cenário escolar tem forte contribuição para a aprendizagem dos alunos, os envolvendo com o tema proposto, proporcionando assim uma socialização e a satisfação do discente (SILVA; PEREIRA; MELO, 2015). A música também pode ser considerada como um recurso de ensino que pode facilitar o desenvolvimento de habilidades desejadas, bem como favorecer a assimilação de conteúdos e promover a socialização entre alunos. No contexto educacional a música é uma habilidade a ser trabalhada e explorada pelos alunos. A música é um elemento importante para o desenvolvimento da mente humana. Ela ajuda a promover o equilíbrio, proporcionando um estado de bem-estar e facilitando a concentração e o desenvolvimento do raciocínio. Estudo feito com músicas que foram utilizadas como recurso pedagógico nas séries iniciais do ensino fundamental evidenciou que 37 a relação entre conteúdos escolares, o prazer e a alegria pelo desenvolvimento das atividades propostas favoreceu o processo de ensino-aprendizagem, motivando os alunos pois estimula a mente humana, proporciona o equilíbrio, facilita a concentração e desenvolve o raciocínio, melhorando assim o entendimento dos conteúdos trabalhados (JESUS, 2002 apud SANTANA, et al. 2013). 38 5 CONCLUSÃO Todos os processos de organização do ensino remontam a questões de aprendizagem e inovações para a melhor compreensão dos conteúdos abordados na educação básica. Assim, essa inovação que possibilite uma maior aproximação do mundo dos alunos, na sua contemporaneidade atrelada a novas tecnologias, é um fator salutar para a educação. Com base nas atividades desenvolvidas no programa de Mestrado Profissional em Ensino de Biologia, Profbio, foram propostas práticas aos alunos do ensino médio integrado do IFRN, os quais desenvolveram vídeos acerca de temas escolhidos pelos mesmos. Dessa forma puderam investigar e vivenciar novas descobertas, com a ampla possibilidade de divulgação pelas redes sociais. O trabalho inserido no canal Movimento Biologia no YouTube, trouxe uma nova dinâmica ao ensino, o qual desenvolvido com a participação dos discentes, os tornou mais protagonistas, ou mesmo “senhores do saber” limitado pelos currículos escolares. Percebeu-se um maior interesse dos estudantes e sua maior capacidade em compreender assuntos que antes seriam vistos como mais complexos por muitos discentes. Dessa forma, o eco criado nas redes sociais está prestigiando o ensino com criatividade e uso de novas tecnologias, que tenta desenvolver um maior sendo crítico, de observação e atuação dos professores de biologia diante dos desafios postos pela virtualização das relações, bem como aproximar o aluno do interesse em aprender de forma mais prazerosa e, sobretudo, mais interessante para seu mundo. Novos vídeos e práticas possibilitarão novos olhares acerca do ensino de biologia, com elogios, críticas, prazeres em ver, ouvir, e sentir que a educação pode mudar, bem como o professor e a escola diante dos desafios postos. Que as redes sociais não apresentam muros e nem amarras tão delimitadoras da compreensão de mundo e do próprio refazer-se como professor-aluno. O desafio para o presente não é o futuro das tecnologias, é se desagarrar do passado viciante, cego e paralisante duma educação que rasteja olhando para um horizonte de possibilidades que está em nossas mãos. 39 REFERÊNCIAS ANDRADE, A. L. S.; NERY, L. I. R.; ARAÚJO, M. C. Tecnologia e ensino: o youtube como ferramenta auxiliar na aprendizagem para o vestibular. Disponível em: https://www.webartigos.com/artigos/tecnologia-e-ensino-o-youtube-como-ferramenta- auxiliar-na-aprendizagem-para-o-vestibular/153402. Acesso em: 03/07/2019 ANDRADE, M. J. D.; ABÍLIO, J. P. Alfabetização científica no ensino de biologia: uma leitura fenomenológica de concepções docentes. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências RBPEC. V. 18, n. 2, p. 429-453, ago./2018. ANDRELLA, G. C.; SANTOS, V C.; COSTA, L.; REBUSTINI, M. E. Utilização de vídeos como auxílio da construção do conhecimento no ensino fundamental. Revista Interdisciplinar de Educação do Campus de Três Lagoas/MS. Três Lagoas, v.1. 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Ecologia • Componentes estruturais dos ecossistemas: Cadeia e teia alimentar; Níveis tróficos; Hábitat e nicho ecológico; Fluxo de energia; Ciclos biogeoquímicos; Relações ecológicas; Sucessão ecológica; Desequilíbrios ambientais. 3. Bioquímica da Célula • Características gerais dos seres vivos • Bioquímica celular: Substâncias inorgânicas (água, sais minerais; Substâncias orgânicas (glicídios; lipídios; proteínas; enzimas; ácidos nucléicos). 4. Citologia • Microscopia; Teoria celular; Envoltórios celulares; Transporte através da membrana (difusão, osmose, difusão facilitada, transporte ativo, endocitose e exocitose); Citoplasma (hialoplasma, citoesqueleto, centríolos, cílios e flagelos, ribossomos, retículo endoplasmático, complexo golgiense, lisossomos, peroxissomos, vacúolos, plastos, mitocôndrias); Metabolismo Energético (fotossíntese, quimiossíntese, respiração aeróbia; respiração anaeróbia; fermentação); Núcleo (carioteca; cromatina e nucleoplasma; nucléolo; cromossomos); Ciclo Celular (mitose, meiose). 5. Reprodução e desenvolvimento • Reprodução com ênfase na reprodução e sexualidade humana; Noções de embriologia; Reprodução e saúde humana (DST’s, contracepção, etc.). BIOLOGIA II 1. Metabolismo dos ácidos nucleicos. Replicação; Transcrição; Síntese Proteica. 2. Genética Conceitos básicos; Primeira Lei de Mendel; Cálculos de probabilidade; Cruzamento-teste e retrocruzamento; Codominância e Herança sem dominância; Genes letais; Segunda Lei de Mendel; Alelos múltiplos e o Sistema ABO; Fator Rh ; Herança do sexo; Determinação do 44 sexo; Herança ligada ao X (Daltonismo, Hemofilia A, Distrofia Muscular de Duchene); Herança do; Herança com efeito limitado ao sexo (Hipertricose auricular); Herança influenciada pelo sexo (Pleiotropia, Interação gênica: Epistasia, Herança quantitativa) 3. Biotecnologia Biotecnologia Tradicional e Moderna; Ferramentas da Biotecnologia Moderna (Enzimas de restrição, Reação em Cadeia Polimerase (PCR; Eletroforese em gel de agarose; Teste de DNA – Fingerprint; Projeto Genoma Humano; Transgênicos; Clonagem; Terapia Gênica – Células Tronco); Origem da vida; Evolução (Origem do pensamento evolutivo, Evidências evolutivas, Teoria de Lamarck, Teoria de Darwin, Teoria Sintética da Evolução, Especiação: Isolamento geográfico, Isolamento reprodutivo, Tipos de especiação); Fisiologia I (Noções de Histologia, Homeostase, Sistema Digestório, Sistema Respiratório, Sistema Circulatório). Biologia II – Segundo Semestre Fisiologia (Sistema Urinário; Sistema Endócrino; Sistema Reprodutor; Sistema Nervoso, sistema Esquelético e Muscular); Noções de Embriologia; Classificação dos Seres vivos (Noções de sistemática, Vírus: Principais características, Viroses humanas); Reino Monera (Bactérias: Características Principais, Bacterioses humanas, Cianobactérias) Reino Protista (Protozoários: Classificação, Protozooses humanas); Algas; Reino Fungi (Características Principais; Micoses humanas) Reino Vegetal (Briófitas; Pteridófitas; Gimnospermas; Angiospermas; Reino Animal (Classificação em Filos – Principais representantes) Doenças humanas causadas e/ou transmitidas por animais (Ciclo da Tênia, Ciclo da Esquistossomose, Ciclo do Ascaris lumbricoides, Ciclo do Ancylostoma, Ciclo da Wuchereria, Ciclo da Enterobiose). 45 APÊNDICES 46 APÊNDICE I LETRAS DAS PARÓDIAS Música: Pelados em Santos – Mamonas Assassinas Compositor: Dinho Paródia: Biomas Brasileiros Componentes: Érica Maria, Jefferson Felipe, José Wilson, Mariany Gomes, Sidney Palmeira e Vitor Dantas Mina, o Brasil é da hora Tem cinco regiões Cada um do seu jeito,
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