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COMUNICAR COM EQUOTERAPIA - efeito da equoterapia na reabilitacao de pessoas com transtorno do espectro autista

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Diego Santana

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Editora CRV
Curitiba – Brasil
2022
Leticia Correa Celeste
Amanda de Carvalho Pedra
Alexandre Rezende
(Organizadores)
COMUNICAR COM EQUOTERAPIA: 
efeito da equoterapia na reabilitação de 
pessoas com transtorno do espectro autista
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Copyright © da Editora CRV Ltda.
Editor-chefe: Railson Moura
Diagramação e Capa: Designers da Editora CRV
Fotógrafo: Edson Gonçalves da Silva Júnior 
Capa e Ilustrações: Renato Medeiros
Revisão: Os Autores
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
CATALOGAÇÃO NA FONTE
Bibliotecária responsável: Luzenira Alves dos Santos CRB9/1506
C741
Comunicar com equoterapia: efeito da equoterapia na reabilitação de pessoas com 
transtorno do espectro autista / Leticia Correa Celeste, Amanda de Carvalho Pedra, Alexandre 
Rezende (organizadores) – Curitiba : CRV, 2022.
160 p. 
Bibliografia
ISBN Digital 978-65-251-3784-1
ISBN Físico 978-65-251-3785-8
DOI 10.24824/978652513785.8
1. Medicina e saúde 2. Equitação – reabilitação – autismo 3. Terapia assistida – animais 
4. Fonoaudiologia – linguagem I. Celeste, Leticia Correa. org. II. Pedra, Amanda de Carvalho. 
org. III. Rezende, Alexandre. org. IV. Título V. Série.
2022-28170 CDD 615.8 
CDU 616-053.2:619 
Índice para catálogo sistemático
1. Terapia assistida – animais – 615.8
2022
Foi feito o depósito legal conf. Lei 10.994 de 14/12/2004
Proibida a reprodução parcial ou total desta obra sem autorização da Editora CRV
Todos os direitos desta edição reservados pela: Editora CRV
Tel.: (41) 3039-6418 – E-mail: sac@editoracrv.com.br
Conheça os nossos lançamentos: www.editoracrv.com.br
Distribuição gratuita. A publicação do livro foi financiada pelo Ministério da Mulher 
da Família e dos Direitos Humanos, Secretária Nacional do Direitos da Pessoa com 
Deficiência, por meio do Termo de Fomento nº 905152/2020, proveniente das Emendas 
Parlamentares de autoria dos Deputados Federais: General Girão/RN; General Peternelli/
SP; Paula Belmonte/DF, Tereza Nelma/AL, Vicentinho Júnior/TO e Pedro Westphalen/RS.
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Este livro passou por avaliação e aprovação às cegas de dois ou mais pareceristas ad hoc.
Comitê Científico:
Ana Rosete Camargo Rodrigues Maia (UFSC)
Carlos Leonardo Figueiredo Cunha (UFRJ)
Cristina Iwabe (UNICAMP)
Evania Nascimento (UEMG)
Fernando Antonio Basile Colugnati (UFJF)
Francisco Jaime Bezerra Mendonca Junior (UEPB)
Inez Montagner (UnB)
Janesca Alban Roman (UTFPR)
José Antonio Chehuen Neto (UFJF)
Jose Odair Ferrari (UNIR)
Juliana Balbinot Reis Girondi (UFSC)
Karla de Araújo do Espirito Santo 
Pontes (FIOCRUZ)
Lucas Henrique Lobato de Araujo (UFMG)
Lúcia Nazareth Amante (UFSC)
Lucieli Dias Pedreschi Chaves (EERP)
Maria Jose Coelho (UFRJ)
Milena Nunes Alves de Sousa (FIP)
Narciso Vieira Soares (URI)
Orenzio Soler (UFPA)
Paulo Sérgio da Silva Santos (FOB-USP)
Samira Valentim Gama Lira (UNIFOR)
Thiago Mendonça de Aquino (UFAL)
Vânia de Souza (UFMG)
Wagner Luiz Ramos Barbosa (UFPA)
Wiliam César Alves Machado (UNIRIO)
Conselho Editorial:
Aldira Guimarães Duarte Domínguez (UNB)
Andréia da Silva Quintanilha Sousa (UNIR/UFRN)
Anselmo Alencar Colares (UFOPA)
Antônio Pereira Gaio Júnior (UFRRJ)
Carlos Alberto Vilar Estêvão (UMINHO – PT)
Carlos Federico Dominguez Avila (Unieuro)
Carmen Tereza Velanga (UNIR)
Celso Conti (UFSCar)
Cesar Gerónimo Tello (Univer. Nacional 
Três de Febrero – Argentina)
Eduardo Fernandes Barbosa (UFMG)
Elione Maria Nogueira Diogenes (UFAL)
Elizeu Clementino de Souza (UNEB)
Élsio José Corá (UFFS)
Fernando Antônio Gonçalves Alcoforado (IPB)
Francisco Carlos Duarte (PUC-PR)
Gloria Fariñas León (Universidade 
de La Havana – Cuba)
Guillermo Arias Beatón (Universidade 
de La Havana – Cuba)
Jailson Alves dos Santos (UFRJ)
João Adalberto Campato Junior (UNESP)
Josania Portela (UFPI)
Leonel Severo Rocha (UNISINOS)
Lídia de Oliveira Xavier (UNIEURO)
Lourdes Helena da Silva (UFV)
Luciano Rodrigues Costa (UFV)
Marcelo Paixão (UFRJ e UTexas – US)
Maria Cristina dos Santos Bezerra (UFSCar)
Maria de Lourdes Pinto de Almeida (UNOESC)
Maria Lília Imbiriba Sousa Colares (UFOPA)
Paulo Romualdo Hernandes (UNIFAL-MG)
Renato Francisco dos Santos Paula (UFG)
Rodrigo Pratte-Santos (UFES)
Sérgio Nunes de Jesus (IFRO)
Simone Rodrigues Pinto (UNB)
Solange Helena Ximenes-Rocha (UFOPA)
Sydione Santos (UEPG)
Tadeu Oliver Gonçalves (UFPA)
Tania Suely Azevedo Brasileiro (UFOPA)E
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SUMÁRIO
PREFÁCIO �������������������������������������������������������������������������������������������������������9
Andréa Gomes Moraes
CAPÍTULO 1
O PROJETO COMUNICAR COM EQUOTERAPIA ������������������������������������ 13
Leticia Correa Celeste
Alexandre Rezende
CAPÍTULO 2
CONHECENDO O PRATICANTE: processo de avaliação ��������������������������� 35
Amanda de Carvalho Pedra
Marcella Laís Simões
Andressa Lopes Vieira
Leticia Correa Celeste
CAPÍTULO 3
O PROGRAMA PASSO A PASSO NA COMUNICAÇÃO ���������������������������� 51
Leticia Correa Celeste
Amanda de Carvalho Pedra
CAPÍTULO 4
O CAVALO E A EQUOTERAPIA �������������������������������������������������������������������73
Alexandre Ronald de Almeida Cardoso
Jorge Dornelles Passamani
CAPÍTULO 5
RESULTADOS DA APLICAÇÃO DO PROJETO “COMUNICAR 
COM EQUOTERAPIA”: análise em cinco estados do Brasil ������������������������� 93
Ana Luiza Vieira Benito
Gisele dos Santos de Torres
Camila Santana Lima
Amanda de Carvalho Pedra
Eduardo Santos Andrade
Alexandre Rezende
Leticia Correa Celeste
CAPÍTULO 6
MEDIAÇÕES PARA LIDAR COM AS DIFICULDADES 
DAS CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO 
AUTISTA PARA INICIAR A EQUOTERAPIA ���������������������������������������������� 117
Maíra de Souza Carvalho
Franklin Júnior Dias Ferreira
Amanda de Carvalho Pedra
Leticia Correa Celeste
Alexandre Rezende
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CAPÍTULO 7
CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE O PROJETO 
COMUNICAR COM EQUOTERAPIA ��������������������������������������������������������� 147
Leticia Correa Celeste
ÍNDICE REMISSIVO �����������������������������������������������������������������������������������155
SOBRE OS AUTORES ��������������������������������������������������������������������������������157
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PREFÁCIO
Era uma vez... É assim que muitas histórias incríveis têm o seu início e, 
no caso desse livro, que conta uma história de magnitude e relevância, não 
poderia deixar de iniciar desse modo, que nos remete as mais belas histórias 
lidas em nossa infância. Portanto, era uma vez um menino lindo, que tinha em 
sua mente muitos sonhos e anseios, mas muita dificuldade em os expressar, 
assim como, um padrão mais restrito de comportamento e dificuldades de inte-
ração social... Na verdade, eram duas, três, várias crianças com necessidades 
individuais e os profissionais que se dedicavam a transformar suas vidas por 
meio de um método chamado equoterapia. É assim que tudo inicia...
Quando me convidaram para escrever esse prefácio, sabia do enorme 
desafio, mas, aceitei por saber da grandiosidade do trabalho para que esse 
livro se transformasse em uma realidade. Houve muita dedicação e compro-
metimento dos profissionais, pelos quais tenho admiração e respeito. Espero 
conseguir contagiar você a fazer parte dessa história, reunindo-se a todos os 
que mergulharam de cabeça para compreender vários fenômenos, formular 
perguntas de pesquisa e investigar sem cessar até encontrar possíveis respostas. 
E o melhor, ao final, poder disponibilizartodo esse conhecimento para que 
seja de fato universal, alcançando os praticantes que buscam se beneficiar 
da equoterapia.
Um dos pontos fortes desse livro é contribuir para aprendermos mais 
sobre o Transtorno do Espectro Autista, que atualmente é um dos diagnósticos 
mais frequentes nos Centros de Equoterapia. Essa demanda nos aproxima 
de famílias que estão enfrentando as incertezas na educação dos seus filhos, 
e de profissionais que se dedicam à busca de evidências para garantir um 
atendimento de excelência. A equoterapia é um dos recursos terapêuticos 
destinados a essa população, que ao ter acesso a ela, se beneficia de um 
ambiente acolhedor, extremamente rico em estímulos, marcado pela possi-
bilidade inusitada da interação afetiva com um animal de grande porte, mas 
dócil, o cavalo – principal agente da equoterapia.
Trata-se de um estudo inovador e multicêntrico, realizado em 4 estados: 
Tocantins, Rio Grande do Norte, São Paulo e Alagoas, além do Distrito Fede-
ral. Apesar do avanço das pesquisas na produção de evidências científicas, 
que indicam os benefícios advindos da prática da equoterapia, ainda hoje, 
não temos uma quantidade suficiente de ensaios clínicos randomizados bra-
sileiros sobre os efeitos da equoterapia para pessoas com TEA, ainda mais 
com enfoque na comunicação – a despeito de o Brasil figurar com destaque 
no cenário mundial das pesquisas em equoterapia.
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O livro chama atenção para importância de conhecer o(a) praticante e a 
sua dinâmica familiar, por meio do uso de processos avaliativos apropriados, 
que fornecem um diagnóstico imprescindível para a construção de um plane-
jamento que reúna as melhores estratégias terapêuticas e, ao mesmo tempo, 
seja capaz de analisar o potencial de cada praticante, a fim de selecionar as 
atividades, participações e restrições específicas para cada caso. Essa relação 
entre uma avaliação detalhada para subsidiar uma intervenção direcionada foi 
denominada no livro de “intencionalidade equoterapêutica”.
Uma contribuição essencial do livro para a replicação de estudos que 
articulem a equoterapia com a comunicação social é a descrição do pro-
grama “Passo a Passo na Comunicação”, que teve como objetivo investir em 
experiências que contribuam para a formação de habilidades linguísticas e 
cognitivas, bem como para a funcionalidade comunicativa dos praticantes. 
O programa possui 8 módulos, com atividades distribuídas ao longo de 24 
sessões, são elas: vivenciando a equoterapia; conhecendo o corpo; os ani-
mais; alimentação; locomover-se; cuidando da higiene; pessoas ao meu redor, 
e; despedida.
É claro que não poderia faltar um capítulo destinado ao nosso perso-
nagem principal, que torna tudo isso possível, o cavalo. Foram abordados, 
com a devida profundidade, aspectos relacionados com: o horsemanship; a 
escolha e a preparação do cavalo e do ambiente; a recepção dos participantes 
e a aproximação com o cavalo, e; o treinamento adequado para o desempenho 
máximo na equoterapia. Cumpre destacar a atenção especial concedida aos 
cuidados necessários para garantir a segurança e o bem-estar do animal, dos 
praticantes e dos integrantes da equipe de equoterapia.
Finalizando minhas palavras, convido você a reflexões: Será que uma 
intervenção abordando aspectos relacionados à linguagem e à atenção de forma 
articulada com a equoterapia é capaz de produzir resultados positivos para 
crianças e adolescentes com diagnóstico de TEA? Será que existem diferenças 
nos resultados em função da intensidade da intervenção, ou seja, os efeitos são 
diferentes quando realizamos as sessões de equoterapia uma ou duas vezes 
na semana? Você dispõe de um protocolo de atendimento na equoterapia 
que orienta a sua atuação na prática clínica e ao mesmo tempo contempla as 
demandas individuais dos praticantes? Os instrumentos de avaliação, validados 
ou não, que foram utilizados nesse projeto, podem ser aplicados no seu centro 
de equoterapia? Essas são algumas perguntas relevantes que vão acompanhar 
a sua leitura ao longo dos capítulos, que deve fornecer subsídios para que 
você identifique respostas admissíveis para cada uma delas.
Então, se você pensa que essa história termina por aqui, está engana-
do(a), saiba que ela está apenas começando. Você vai perceber isso quando 
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reabilitação de pessoas com transtorno do espectro autista 11
iniciar a leitura, pois ao colocar em prática esses conhecimentos e práticas em 
sua realidade, no intuito de auxiliar crianças com TEA a desenvolver maior 
autonomia e qualidade de vida, você vai dar continuidade a essa história, com 
novos personagens e, consequentemente, novas lições de vida, que podem 
alcançar uma abrangência inimaginável.
Dra. Andréa Gomes Moraes
Fisioterapeuta e pesquisadora em Equoterapia
Vinculada à ANDE-BRASIL e ao
Centro de Equoterapia da Polícia Militar do Distrito Federal
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Introdução
“Quando ele começou aqui ele não falava um /a/. E ele teve um salto 
muito grade. Ele pede coisas, [...] ele linca uma coisa com a outra [...]. 
Ele sabe que ele é o João, ele sabe reconhecer as pessoas.”
Fala de uma das mães na despedida do Projeto Comunicar com Equoterapia.
O projeto Comunicar com Equoterapia foi realizado ao longo dos anos 
de 2020-2022, por meio de uma parceria entre a Associação Nacional de 
Equoterapia (ANDE-BRASIL) e a Universidade de Brasília (UnB). O pro-
jeto teve financiamento público de emendas parlamentares por intermédio 
do Ministério da Mulher da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH). A 
ideia central do projeto foi elaborar, implementar e avaliar um programa que 
permitisse verificar os efeitos da equoterapia na reabilitação de pessoas com 
Transtorno do Espectro Autista (TEA). Para isso foi utilizado o programa 
“Passo a Passo na Comunicação; nossa preocupação era a mesma contida no 
relato da mãe: a comunicação de crianças com TEA.
Figura 1 – Criança com TEA, assistida pelo especialista em horsemanship, 
acariciando o cavalo; atividade realizada no módulo Vivenciando 
a Equoterapia do Projeto Comunicar com Equoterapia
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Figura 2 – Criança com TEA, assistida por integrantes da equipe de 
equoterapia, dando banho no cavalo; atividade realizada no módulo 
Cuidando da Higiene do Projeto Comunicar com Equoterapia
Figura 3 – Criança com TEA, acompanhada pela equipe de equoterapia, 
dentro do picadeiro, andando a cavalo e comunicando-se com uma 
das mediadoras sobre a posição correta do pé; atividade realizada no 
módulo conhecendo o corpo do Projeto Comunicar com Equoterapia
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COMUNICAR COM EQUOTERAPIA: efeito da equoterapia na 
reabilitação de pessoas com transtorno do espectro autista 17
O Projeto Comunicar com Equoterapia, como o próprio nome indica, é 
uma intervenção que se propõe a fazer uma articulação entre as habilidades 
requeridas pela comunicação social e a equoterapia, uma proposta que integra 
o grupo das terapias com assistência animal, no caso, com o cavalo. A seleção 
das atividades foi realizada de forma a direcionar as vivências e experiências 
equoterapêuticas para a criação de um ambiente interativo que seja favorável 
para o desenvolvimento das habilidades linguísticas e cognitivas necessáriaspara potencialização da comunicação de crianças com TEA.
“Ele melhorou em tudo mesmo, tanto na fala quanto na escola também. 
Ele já está escrevendo, já está, nossa. Não tenho nem palavras para agra-
decer a vocês, a todos [...]. Outro dia ele pediu refrigerante. É uma palavra 
difícil e eles aprendem a falar rapidinho [...], mas ele assim, está falando 
de tudo. Eu achava que ele nunca nem ia falar.”
Fala de uma das mães na despedida do Projeto Comunicar com equoterapia.
Este capítulo tem por objetivo: descrever o contexto no qual o Projeto 
Comunicar com Equoterapia está inserido; explicitar nossa compreensão da 
intencionalidade equoterapêutica, termo de inspiração sociointeracionista 
que propomos como fio condutor para a intervenção; e, por fim, apresentar o 
percurso teórico-metodológico do projeto de pesquisa.
Contextualização
“Eu sempre falei para todos aqui que minha preocupação sempre foi a 
comunicação dele.”
Fala de uma das mães na despedida do Projeto Comunicar com equoterapia.
A palavra “autismo” foi utilizada pela primeira vez por Kanner (1943), 
sob a conceituação da teoria do apego. Atualmente, o Transtorno do Espectro 
Autista (TEA) é visto como uma desordem do neurodesenvolvimento, com 
origem genética e ambiental(1). São critérios diagnósticos do TEA segundo 
DSM-V(2): a) Déficits persistentes na comunicação social e na interação em 
múltiplos contextos; b) Padrões restritos e repetitivos de comportamento, 
interesses ou atividades(2).
O número de pessoas com diagnóstico de autismo tem tido um aumento 
importante nos últimos anos. Em um estudo realizado em 1966, Lotter(3) 
concluiu que na Inglaterra teriam 4,5 crianças diagnosticadas a cada 10.000. 
Desde esse estudo, o aumento da prevalência passou para 1 em cada 150(4) 
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e, após uma análise publicada em 2018 pelo Center for Disease Control dos 
Estudos Unidos há 1 caso a cada 59 crianças nos EUA(5).
O aumento na prevalência de casos de TEA pode ser atribuído, em parte, 
ao aperfeiçoamento tecnológico dos recursos de avaliação neurológica, mas 
também, à ampliação de informações sobre o quadro clínico e à reformula-
ção dos critérios diagnósticos que levaram à nova caracterização do TEA de 
maneira a englobar os seguintes quadros clínicos, anteriormente classificados 
de forma independente: autismo infantil precoce, autismo infantil, autismo de 
Kanner, autismo de alto funcionamento, autismo atípico, transtorno Jjlobal 
do desenvolvimento sem outra especificação, transtorno desintegrativo da 
infância e transtorno de Asperger(2).
Mas, por que fazer uma articulação entre aspectos fonoaudiológicos e 
equoterapia para crianças com TEA? Várias são as razões que levaram a tal 
escolha, dentre elas, destacamos: a motivação e o engajamento que as crian-
ças com TEA tem perante um momento de interação com cavalo; a relação 
afetiva que existe entre o ser humano e o cavalo pode ser usada como gatilho 
para desencadear processos comunicativos entre as crianças e os integrantes 
da equipe de equoterapia; o direcionamento espontâneo da atenção conjunta, 
uma das principais dificuldades das crianças com TEA, para organização a 
postura corporal durante a montaria; a especificidade da relação entre a criança 
e o cavalo, uma díade que possibilita formas alternativas de comunicação, 
isentas da tensão normalmente presente nos momentos de interação social, 
quando é preciso corresponder às expectativas e à pressão de outras pessoas.
Essa condição, também presente em outras terapias assistidas por animais, 
faz com que a prática da equoterapia seja considerada como especialmente 
benéfica para pessoas com diagnóstico de TEA(1,6–10), tanto na perspectiva 
social como na comunicativa. Entretanto, ainda existem diversas lacunas na 
literatura científica que precisam ser respondidas e atendidas.
Primeiramente, não temos, no Brasil, uma pesquisa sobre equoterapia, 
comunicação e TEA, que tenha um delineamento definido como ensaio clí-
nico randomizado. Nesse tipo de estudo, o cruzamento entre as variáveis 
gera um “alto grau de evidência científica”, pois os pesquisadores conse-
guem comparar os resultados em diferentes condições experimentais, como 
também, exercer controle sobre variáveis confundidoras, o que permite a 
avaliação real dos efeitos de uma intervenção realizada em um determinado 
período. Portanto, ter um ensaio clínico elaborado e desenvolvido no país é 
de extrema importância para a ciência nacional, especialmente se tratando 
de temas atuais: equoterapia, comunicação e autismo.
Outro ponto de destaque, é o fato de ser uma pesquisa realizada no 
Brasil, logo, que leva em consideração as particularidades do nosso país. 
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COMUNICAR COM EQUOTERAPIA: efeito da equoterapia na 
reabilitação de pessoas com transtorno do espectro autista 19
Isso favorece: a divulgação dos resultados em língua portuguesa, acessível 
aos brasileiros; a adequação do protocolo de intervenção à cultura equestre 
brasileira, o que favorece a sua replicação; a compreensão dos resultados 
em função das expectativas sociais e dos significados compartilhados entre 
brasileiros; dentre outros aspectos considerados em nossa pesquisa.
Em relação à abrangência regional, o projeto é inovador na medida em 
que avalia os resultados de um mesmo programa de intervenção realizado 
em diferentes localidades do país. A ANDE-BRASIL conseguiu mobilizar 
recursos e reunir Centros de Equoterapia com interesses de estudo afins, o que 
culminou na realização da pesquisa em cinco diferentes localidades: Distrito 
Federal, Tocantins, Rio Grande do Norte, São Paulo e Alagoas. Isso permitiu 
a realização do programa de Equoterapia e Comunicação em quatro diferentes 
regiões do país: nordeste, centro-oeste, sudeste e sul.
O estudo também se propõe a contribuir para análise de uma questão 
metodológica ainda não esclarecida: qual deve ser, no atendimento às crianças 
com TEA, a frequência semanal das sessões de equoterapia, uma ou duas 
vezes por semana? Essa é uma discussão importante, pois tem um impacto 
no número de pessoas que podem ser atendidas com qualidade, ou seja, se 
não há uma diferença significativa nos resultados, é possível recomendar o 
atendimento com uma sessão por semana, o que permite alcançar o dobro de 
praticantes com a mesma estrutura. É por isso que esse tópico está presente 
em diversos estudos da literatura especializada em equoterapia(11,12).
Ainda, a presente proposta se baseia no cerne das dificuldades dos autis-
tas: a comunicação social. Trabalhar aspectos relacionados à linguagem e à 
atenção conjunta na equoterapia pode trazer resultados positivos para crianças 
e adolescentes com diagnóstico de TEA.
Em relação a componentes específicos da questão fonoaudiológica, o 
estudo avalia uma proposta de intervenção que abrange dois pontos rele-
vantes da reabilitação comunicativa: o uso de um programa padronizado e 
a individualização terapêutica. A princípio, tal composição pode parecer um 
paradoxo: como é possível aplicar um programa padronizado, com metas 
e estratégias pré-definidas, que, ao mesmo tempo, permita a adaptação das 
atividades para as características individuais de cada criança com TEA? Isso, 
no entanto, é possível porque o programa segue uma abordagem sociointe-
racionista e cognitiva, com foco em objetivos específicos, que podem ser 
alcançados por meio de diversas atividades equoterapêuticas, planejadas em 
função de habilidades cognitivas e linguísticas que possuem funcionalidade 
comunicativa em comum. Sendo assim, a partir das informações obtidas pela 
avaliação das crianças, os pesquisadores puderam escolher, dentro do pro-
grama, as melhores atividades e metas a serem alcançadas, de acordo com 
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as necessidadesespecíficas de cada uma das crianças, o que garantiu a uni-
formidade das finalidades do programa de equoterapia, porém, com o uso de 
atividades diferenciadas para cada caso.
Considerando a importância da avaliação, tanto a diagnóstica, realizada 
no início, como a avaliação continuada ao longo da execução do programa 
de equoterapia, que fornece subsídios para o planejamento e a sua revisão, 
queremos sugerir termo intencionalidade equoterapêutica para favorecer a 
compreensão de que cada projeto de pesquisa, assim como, cada centro de 
equoterapia, deve ter uma atenção especial para explicitar: como a elaboração 
do programa de equoterapia se aproxima das necessidades e interesses dos 
praticantes a serem atendidos?
Intencionalidade equoterapêutica
“Nós avaliamos todas as crianças com muito cuidado e planejamos tudo 
para que cada uma recebesse o melhor que nós tínhamos para dar.”
Fala de uma das pesquisadoras em um evento de apresentação do Projeto.
O termo intencionalidade equoterapêutica, fundamentado em teorias 
socio interacionistas(13–16), refere-se à postura do mediador principal do pro-
grama de equoterapia quando tem que selecionar as atividades que julga serem 
as mais adequadas para alcançar os objetivos específicos previstos para aquela 
sessão. Esse processo de mediação garante que o programa de equoterapia não 
seja considerado como uma série de atividades técnicas a serem realizadas de 
forma repetitiva, mas como um conjunto de vivências que devem proporcionar 
aos praticantes experiências enriquecedoras de aprendizagem, durante todas 
as etapas do atendimento oferecido pelo centro de equoterapia. 
Nesse sentido, a intencionalidade equoterapêutica compreende a articu-
lação de diversos aspectos metodológicos, que não devem ser vistos de forma 
dissociada: (a) conhecer o praticante e a sua família; (b) obter informações 
sobre o contexto sociocultural no qual estão inseridos; (c) planejar as ativida-
des de acordo com as melhores práticas equoterapêuticas; (d) refletir sobre os 
avanços e retrocessos que ocorrem ao longo do desenvolvimento nas sessões; 
(e) aprender a readequar o planejamento todas as vezes que for necessário, 
e; (f) ampliar a sua compreensão sobre o nível de desenvolvimento dos pra-
ticantes, de forma a estabelecer o momento da alta ou do encerramento do 
processo equoterapêutico. 
No projeto Comunicar com Equoterapia, a prática da equipe de equotera-
pia foi pautada nesse conceito de intencionalidade equoterapêutica, que serviu 
de fio condutor para todas as atividades realizadas, o que está devidamente 
registrado neste livro, como uma sugestão para iniciativas semelhantes.
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reabilitação de pessoas com transtorno do espectro autista 21
A etapa inicial da intencionalidade equoterapêutica, dedicada a conhecer 
o praticante e sua família, pode ser dividida em dois aspectos chaves: o pri-
meiro se dirige para a literatura científica, pois requer o estudo pormenorizado 
do quadro clínico que caracteriza os praticantes que seriam atendidos no centro 
de equoterapia, no caso do nosso projeto, Comunicar com Equoterapia, crian-
ças com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA). Sendo assim, 
toda a equipe envolvida no atendimento da equoterapia, mediadores, guias e 
demais integrantes, recebeu treinamento sobre informações relevantes acerca 
do TEA, que foram discutidas a fim de identificar as possíveis repercussões 
no relacionamento com as crianças e na interação delas com o cavalo.
Depois da apropriação das informações teóricas, o segundo aspecto se 
dirige para conhecer, de fato, cada um dos praticantes e suas famílias, por 
meio de uma anamnese, que reúne os dados históricos que a família recorda 
sobre a criança, desde os sintomas iniciais até o momento atual, e diversos 
outros instrumentos de avaliação voltados para registrar e acompanhar as 
variáveis chaves do estudo. O processo de avaliação, portanto, abrange o 
primeiro encontro com as famílias, as conversas iniciais com as crianças, até 
as avaliações específicas, que foram realizadas com objetivo de entender: 
quais eram as habilidades linguísticas e cognitivas de cada criança? Como 
essas habilidades interferiam na sua funcionalidade social e comunicativa? No 
capítulo “Conhecendo o Praticante” mostramos detalhadamente o processo 
de avaliação realizado no projeto Comunicar com Equoterapia.
Em seguida, a intencionalidade equoterapêutica se dirige para o plane-
jamento. No projeto Comunicar com Equoterapia, a definição dos objetivos 
da intervenção, a seleção das atividades a serem realizadas e a opção pelas 
melhores práticas equoterapêuticas tiveram como base de sustentação teó-
rico-prática: (a) a análise linguístico-funcional de Halliday(17); (b) as teorias 
sociointeracionistas(13–16), e; (c) a prática fonoaudiológica baseada em análise 
de competências linguísticas gramaticais(18). 
A conduta da equipe de equoterapia durante as sessões sempre conside-
rou, além do planejamento, a necessidade de uma atenção especial para: (a) 
interação entre os envolvidos (praticante, cavalo, mediadores, guia e família); 
(b) a funcionalidade do praticante diante das exigências de cada atividade e 
das condições contextuais do momento, e; (c) a interação direta do praticante 
com o cavalo. No capítulo 3, discorremos sobre os detalhes metodológicos 
do Programa Passo a Passo na Comunicação, nossa proposta para articular 
fonoaudiologia com equoterapia.
Uma parte importante do Programa Passo a Passo na Comunicação, 
sugerida pela ANDE-BRASIL, foi a inclusão de atividades iniciais de aproxi-
mação e interação com o cavalo por meio do método horsemanship; ao invés 
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de direcionar a interação com o cavalo para a montaria, incluímos a apresen-
tação do cavalo, sua alimentação e higiene, os encilhamentos, a sua intera-
ção com o equitador, além de outras atividades que contribuem para que a 
criança construa um vínculo afetivo que mobilize a sua funcionalidade social 
e comunicativa. No capítulo 4, escrito pelos especialistas em horsemanship, 
apresentamos os critérios utilizados na seleção dos cavalos e as estratégias 
para promover a interação das crianças e suas famílias com o cavalo.
O conceito de intencionalidade equoterapêutica contribui para escla-
recer que o ponto principal da intervenção é a mediação entre o planeja-
mento, construído a partir de uma expectativa, e as condições/interesses dos 
praticantes, que exigem uma adequação da expectativa para a realidade. A 
mediação, portanto, indica que a execução do programa requer o acompa-
nhamento atento dos progressos e das dificuldades do praticante, a fim de 
definir o ritmo e a direção em que devem ocorrer as mudanças de ativida-
des, ou seja, mais lento ou mais rápido, avançando ou retrocedendo. Essa 
avaliação continuada foi realizada de diferentes formas, tais como: reuniões 
para estudos de cada caso clínico, análise dos resultados das estratégias de 
avaliação e conversas com familiares ou acompanhantes (também identifi-
cados como cuidadores).
A fim de facilitar a compreensão do processo de mediação, optamos por 
realizar reuniões periódicas para fazer uma reflexão conjunta sobre os objeti-
vos de cada sessão, de forma a avaliar, criteriosamente, se o praticante alcan-
çou ou não o desempenho esperado. Quando foi identificado um progresso 
significativo do praticante, os objetivos foram revistos para que as atividades 
da próxima sessão possibilitassem a consolidação das habilidades aprendidas 
e, ao mesmo tempo, apresentassem novos desafios, com um nível de exigência 
maior, capaz de aprimorar o desenvolvimento da comunicação social. 
Em diversas oportunidades, as atividades planejadas para alcançar um 
determinado objetivo tiveram que ser ajustadas para que os estímulos fossemefetivos para cada caso. No capítulo 6 mostramos alguns exemplos práticos 
dessas readequações, realizadas ao longo da execução do programa, para que 
todos possam compreender que as variações não prejudicam a finalidade do 
programa, pois são realizadas em função do conceito de intencionalidade 
equoterapêutica, que lhes confere uma identidade.
Sendo assim, para que haja intencionalidade equoterapêutica, não é pos-
sível seguir um protocolo padrão, com as mesmas atividades, quando estamos 
diante de crianças diferentes; nossa intervenção está pautada no princípio de 
que atividades diferentes, selecionadas para atender a uma intencionalidade 
equoterapêutica comum, garante a identidade do Programa Passo a Passo 
na Comunicação.
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reabilitação de pessoas com transtorno do espectro autista 23
A etapa final da intencionalidade equoterapêutica compreende os cuida-
dos a serem realizados no momento da alta ou do encerramento do processo 
terapêutico. No caso do projeto Comunicar com Equoterapia, a duração do 
programa tinha que atender a limites específicos, considerando que trabalha-
mos com financiamento público, que tem um cronograma fixo de execução 
e prestação de contas. Sendo assim, a despeito das diferenças no progresso 
de cada participante, todos realizaram o mesmo número de sessões, o que 
marcou o encerramento do processo terapêutico.
Todas as avaliações realizadas no início do projeto (baseline), foram 
novamente realizadas no final; os dados obtidos foram analisados de duas 
maneiras: individual, todas famílias receberam um relatório pessoal, mos-
trando como o praticante estava no início e como ele saiu do projeto, e; 
coletiva, a ser divulgada para comunidade acadêmica e profissional em 
forma de trabalhos científicos, sendo um deles o presente livro. Acredita-
mos que essas iniciativas atestam o nosso compromisso com os participan-
tes da pesquisa e com a difusão dos conhecimentos produzidos para toda 
sociedade, da forma mais ampla possível. No capítulo 5 apresentamos, de 
forma quantitativa e qualitativa, os resultados gerados pela participação 
dos praticantes no Programa Passo a Passo na Comunicação.
Projeto de pesquisa
Como o livro aborda as questões relacionadas com uma proposta de 
intervenção na equoterapia que, ao mesmo tempo, é um projeto de pes-
quisa, optamos por incluir nesse primeiro capítulo as informações chaves, 
de acordo com a formatação acadêmica, do projeto de pesquisa que faz parte 
da linha de estudo intitulada “Busca de evidências do efeito da equotera-
pia na reabilitação de distúrbios da fala e linguagem”. Pretendemos, dessa 
maneira, contribuir para que todas as informações estejam disponíveis para 
outros pesquisadores ou profissionais que estejam em busca de subsídios 
sobre como elaborar uma proposta equivalente para atender as necessidades 
de sua realidade específica.
Objetivos da pesquisa
O projeto “Comunicar com Equoterapia” é uma pesquisa que visa avaliar 
os efeitos da utilização de técnicas específicas de equoterapia, articuladas 
com atividades de formação das habilidades linguísticas, para melhoria da 
comunicação de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). 
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O detalhamento das atividades realizadas consta do programa de equo-
terapia intitulado de Passo a Passo na Comunicação.
Materiais e métodos
Como se trata de um extenso projeto de pesquisa, faremos uma 
apresentação resumida dos materiais e métodos, suficiente para com-
preensão da proposta de estudo e das questões teórico-metodológicas a 
serem discutidas.
Aspectos éticos
A pesquisa tem aprovação do Comitê de Ética na Pesquisa da Faculdade 
de Ceilândia da Universidade de Brasília com CAAE 14946819.8.0000.8093 
e número de parecer 3.420.561. Todos os responsáveis assinaram um Termo 
de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e os menores um Termo de 
Assentimento Livre e Esclarecido (TALE).
De acordo com os dispositivos das Resoluções 196/1996, 466/2012 
e 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde, as 
crianças e seus responsáveis legais foram informados sobre o objetivo da 
pesquisa, todos os procedimentos a serem realizados, bem como os riscos e 
benefícios da participação, a fim de garantir que seu consentimento é livre, 
sendo garantida a liberdade de se retirar do estudo a qualquer momento. A 
coleta de dados e as sessões de equoterapia foram realizadas após a assina-
tura dos TCLE e dos TALE. Todas as informações e dados coletados foram 
mantidos anônimos e utilizados apenas para fins de estudo. As instituições 
co-participantes do projeto assinaram um Termo de Anuência para a reali-
zação da pesquisa.
Tipo de estudo
Trata-se de um estudo experimental, com medidas repetidas e compara-
ções inter e intragrupos. Os grupos experimentais 1 e 2 foram compostos por 
crianças com TEA. O delineamento do estudo consistiu nas seguintes etapas: 
recrutamento dos participantes; avaliação inicial; alocação dos praticantes nos 
grupos: G1 – início imediato da intervenção com uma sessão por semana e 
G2 – início da intervenção após 3 meses com duas sessões por semana; reali-
zação do programa de intervenção por 12 sessões com G1; reavaliação de G1 
e G2; realização do programa de intervenção por mais 12 semanas com G1 
e G2; avaliação final de G1 e G2. A duração total da intervenção, calculada 
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em função do número de sessões, foi a mesma para G1 e G2, 24 sessões. A 
figura 4 ilustra o desenho do estudo.
Figura 4 – Desenho do estudo
Seleção dos participantes
Avaliação e alocação dos participantes
3 meses de espera
3 meses de intervenção, 1 vez
por semana
3 meses de intervenção, 1 vez
por semana
3 meses de intervenção, 2 vezes
por semana
Terceira avaliação de todos os participantes
Segunda avaliação de todos os participantes
G1 G2
O Quadro 1 mostra o delineamento da pesquisa em meses para cada 
grupo, considerando entrada, avaliação inicial (Av. 1), intervenção (I) e rea-
valiação (Av. 2, após 12 semanas, e Av. 3, após 24 semanas). É importante 
destacar que os participantes da pesquisa não iniciaram o processo no mesmo 
período, desta forma, o delineamento individual não reproduz exatamente o 
cronograma do projeto como um todo.
Quadro 1 – Caracterização do delineamento da amostra
Grupos Avaliação
Intervenção
(12 semanas)
Avaliação
Intervenção
(12 semanas)
Avaliação
G.1 Av. 1G1 I. G1-1vez/semana Av. 2G1 I. G1-1vez/semana Av. 3G1
G.2 Av. 1G2 --- Av. 2G2 I. G2-2vezes/semana Av. 3G2
Participantes
Iniciaram a pesquisa 120 crianças com TEA e finalizaram 97, com uma 
mortalidade experimental de 23 participantes, 19,2%. Em uma revisão siste-
mática o uso da equoterapia no atendimento a crianças com TEA(7), os autores 
localizaram 16 artigos, com ampla diferença no número de participantes, que 
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variaram de um mínimo de 4 e até o máximo de 127. O Quadro 2, abaixo, 
mostra o número de participantes em cada localidade.
Quadro 2 – Participantes e estados envolvidos na pesquisa
Número de participantes Estado Frequência Semanal Feminino Masculino
31 DF 1 vez na semana 3 28
25 DF 2 vezes na semana 4 21
21 TO 1 vez na semana 5 16
10 MCZ 1 vez na semana 0 10
5 RN 2 vezes na semana 1 4
5 SP 2 vezes na semana 1 4
Durante a realização das sessões de equoterapia, todas as medidas de 
segurança foram adotadas, no intuito de evitar qualquer tipo de intercor-
rência: o uso de capacete era obrigatório, assim como a vestimenta apro-
priada; os cavalos foram devidamente treinadose estavam acostumados 
com as atividades previstas no protocolo de atendimento; os profissionais 
tinham ampla experiência em equoterapia e todos foram devidamente qua-
lificados para realizar o procedimento de retirada de emergência. Além 
disso, seguimos o protocolo de segurança para diminuição da propagação 
do Covid, com o uso obrigatório de máscara de proteção, a higienização 
periódica das mãos e dos materiais utilizados, além de manter o distancia-
mento, quando possível.
A seleção dos participantes do estudo obedeceu aos seguintes critérios 
de inclusão:
a) Ter diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista;
b) Ter indicação para prática de equoterapia por meio de avaliação 
médica dos requisitos básicos, o que inclui a abdução de quadril de 
pelo menos 20 graus para se manter sentado no cavalo;
c) Possuir idade de 2 a 7 anos completos até o início da pesquisa.
Os critérios de exclusão foram:
a) Possuir baixa visão moderada não corrigida, ou seja, quando a visão 
no melhor olho, com a melhor correção é de 20/70 a 20/160 (é 
possível o uso de óculos);
b) Apresentar alguma das seguintes complicações clínicas associadas: 
crises convulsivas sem controle medicamentoso, luxação de quadril, 
contratura excessiva de adutores e osteoporose grave ou qualquer 
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outra razão que impeça de montar a cavalo, como por exemplo, 
medo excessivo.
Procedimentos
Avaliação e reavaliação
Foram utilizados os seguintes instrumentos para a avaliação das crianças 
em relação ao domínio de fala, linguagem, funções cognitivas, motricidade e 
comportamento: 1. Vineland; 2. ATEC; 3. Avaliação do Desenvolvimento de 
Linguagem (ADL); 4. Protocolo de observação comportamental (PROC). A 
duração do processo de avaliação, cerca de 60 min à 70 min, foi semelhante 
para as crianças e os pais. Vejam, a seguir, os detalhes sobre os instrumentos 
de avaliação.
1. Vineland(19,20): A escala consiste em uma entrevista semiestrutu-
rada, em formato de questionário, que através de seus domínios 
e subdomínios, avalia o comportamento adaptativo da pessoa em 
observação (0 a 90 anos), isto é, mensura a capacidade da pessoa 
realizar de atividades da vida diária, considerando todos os aspectos 
de vida. Os domínios são divididos em comunicação, autonomia, 
socialização, motricidade e comportamento desajustado, avaliando, 
respectivamente, os seguintes subdomínios: receptiva, expressiva e 
escrita; pessoal, doméstica e de comunidade; relações interpessoais, 
jogos e lazer e regras sociais; e global e fina. Em cada domínio, a 
avaliação se dá por meio de pontuação de acordo com a frequência 
em que aquele aspecto acontece, o que segue: 2: para “sim, normal-
mente”; 1: para “algumas vezes ou parcialmente”; 0: para “não ou 
nunca”; N: para “não teve oportunidade”; ou D: para “desconhe-
cido”. Devido a abrangência dos domínios observados, a Vineland 
é comumente utilizada para avaliar o comportamento adaptativo de 
pessoas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), 
entre outros transtornos e/ou comorbidades. O tempo de aplicação 
depende da quantidade de formulários utilizados pelos avaliado-
res, pois existem formulários específicos para: pais (Entrevista e 
Formulários de pais), cuidadores (Cuidadores do nascimento aos 
90 anos) e professores (Formulário de professor de 3 a 21 anos). 
Nesta pesquisa, utilizamos o formulário de pais ou, quando a criança 
não vem para a equoterapia acompanhada pelos pais, o formulário 
dos cuidadores.
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2. ATEC: A escala Autism Treatment Evaluation Checklist (ATEC), 
avalia o aumento da ocorrência de especificadores e estereotipias, 
ou seja, mudanças na gravidade do autismo, monitorando compor-
tamentos ao longo do tempo, o que, dessa forma, auxilia tanto na 
avaliação de outras escalas aplicadas em concomitância quanto no 
acompanhamento e comparação da eficácia de algum tratamento. A 
ATEC é subdividida em: (1) fala/linguagem/comunicação; (2) socia-
bilidade; (3) percepção sensorial/cogninitiva; e (4) saúde/aspectos 
físicos/ comportamento. O escore varia de 0 a 180, sendo que o 
melhor resultado é inversamente proporcional à maior pontuação. 
As subescalas são aplicadas aos cuidadores, o que demonstra maior 
especificidade e veracidade nas questões observadas.
3. Avaliação do Desenvolvimento de Linguagem – ADL: Apesar de 
ser uma escala para aplicação em crianças com até 6 anos e 11 
meses, acredita-se que sua utilização será importante na medida 
em que os aspectos de desenvolvimento básicos de semântica e 
morfossintaxe se encerram nesse ciclo do desenvolvimento. Com 
isso, nossa expectativa é que as crianças com TEA que participam 
do estudo alcancem a faixa mais alta do teste. O ADL é relevante 
especialmente por avaliar separadamente a linguagem receptiva e a 
linguagem expressiva, possibilitando o uso da parte receptiva com 
todos os participantes, independentemente do nível de alteração de 
linguagem verbal oral.
4. PROC – Protocolo de observação comportamental: avaliação de 
linguagem e aspectos cognitivos infantis(21): o PROC é um instru-
mento que avalia habilidades comunicativas, compreensão verbal 
e aspectos cognitivos do desenvolvimento. Para coleta de dados, 
o mesmo exige um ambiente semiestruturado e a gravação da 
interação de um adulto com a criança. Utilizamos o PROC nesta 
pesquisa como instrumento de avaliação exploratória, analisando 
as respostas em cada um dos itens propostos pelos autores.
Intervenção
De acordo com a Associação Nacional de Equoterapia (ANDE-BRASIL), 
a intervenção equoterapêutica é um método terapêutico que se utiliza do cavalo 
para estimular o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiência 
e/ou com necessidades específicas, dentro de uma abordagem interdisciplinar 
nas áreas de saúde, educação e equitação(22). No presente estudo, nosso foco se 
dirige para os programas de hipoterapia e educação/reeducação. Hipoterapia 
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(do inglês hippotherapy) é um termo amplamente utilizado na área como uma 
das especializações da equoterapia(7,23,24) e segundo a American Hippotherapy 
Association refere-se a
como os profissionais da terapia ocupacional, da fisioterapia e da fonoau-
diologia usam práticas baseadas em evidências e raciocínio clínico com o 
propósito de manipular os movimentos equinos para engajar os sistemas 
sensório, neuromotor e cognitivos para alcançar resultados funcionais(23).
No Brasil, a ANDE-BRASIL defende que o programa de hipoterapia 
deve ser utilizado com praticantes que não tenham condições de se manterem 
sozinhos no cavalo, seja por necessitarem de auxílio físico ou de suporte 
psicológico; logo, nesses casos, há a necessidade de um auxiliar-guia para 
conduzir o cavalo(22). Já no programa de educação/reabilitação, o praticante 
tem mais autonomia, é capaz de exercer alguma atuação sobre o cavalo, 
logo, pode, após avaliação da equipe de equoterapia, conduzir o cavalo de 
forma autônoma.
A intervenção fonoaudiológica para lidar com os distúrbios da comuni-
cação humana deve sempre ser contextualizada e individualizada. Ser con-
textualizada em respeito às condições de vida, o que abrange casa, escola e 
trabalho, e aos interesses de cada paciente; ser individualizada de forma a 
se adequar às características de cada paciente, sem se desconectar da inten-
ção terapêutica presente no planejamento. Dessa maneira, cada praticante 
precisou de objetivos e estratégias diferentes, porém, o planejamento foi 
realizado dentro de um embasamento teórico, preferencialmente, já testadoanteriormente. Nesta pesquisa elaboramos o Programa Passo a Passo na 
Comunicação que segue os princípios do arcabouço teórico-prático da aná-
lise linguístico-funcional de Halliday(17), as teorias sociointeracionistas(13–16) 
e a prática fonoaudiológica baseada em análise de competências linguísti-
cas gramaticais(18).
Além dos exercícios realizados no Centro de Equoterapia da ANDE-
-BRASIL foram enviadas atividades específicas para serem realizadas em 
casa com o apoio e a supervisão dos pais. Essas atividades, além de enrique-
cer os estímulos para a formação de habilidades comunicativas, contribuem 
para orientar os pais sobre as possibilidades para fornecerem estimulação 
parental ao longo da semana. As atividades foram propostas de acordo com 
o planejamento individual do praticante. Cada praticante recebeu e construiu 
o Caderno da Equoterapia. Por meio do Caderno da equoterapia, é possível 
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acompanhar os objetivos específicos dos módulos da intervenção. A figura a 
seguir ilustra algumas atividades do caderno.
Figura 5 – Praticante mostrando o caderno da equoterapia para mediadoras
Considerações sobre a obra
Cada capítulo deste livro foi elaborado com o objetivo de compartilhar 
as diversas etapas necessárias para a elaboração e implementação dos projetos 
de intervenção e de pesquisa, denominados em conjunto de Comunicar com 
Equoterapia. Acreditamos que, de posse dessas informações, você pode ter 
a oportunidade de replicar ou de construir propostas equivalentes, de acordo 
com a especificidades do seu público-alvo, a composição de sua equipe de 
equoterapia e as condições do seu Centro de Equoterapia.
A despeito da quantidade de trabalho requerido, o estudo possibilitou 
a análise de diversas questões teórico-práticas, que provocaram reflexões 
importantes e inovadoras sobre as possíveis articulações entre fonoaudiologia 
e equoterapia. Parte dos resultados está disponibilizada neste livro e outra 
parte será divulgada por meio de artigos científicos.
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reabilitação de pessoas com transtorno do espectro autista 31
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Introdução
De acordo com o princípio de intencionalidade equoterapêutica, des-
crito no Capítulo 1 (p. 20), as vivências e atividades previstas no Programa 
Passo a Passo na Comunicação para as crianças com TEA foram defini-
das com base no processo avaliativo, que abrange os momentos iniciais 
de contato da equipe de equoterapia com os praticantes e seus familiares, 
até a aplicação dos instrumentos de avaliação previstos na pesquisa. Em 
outras palavras, o processo de avaliação precede a elaboração do planeja-
mento equoterapêutico.
O Programa Passo a Passo na Comunicação teve como objetivo principal 
fornecer estímulos significativos para a formação das habilidades linguísticas 
e cognitivas, de forma a ampliar a funcionalidade comunicativa e social das 
crianças com TEA. Para a identificação adequada dos estímulos não é possível 
se pautar exclusivamente em indicadores teóricos; é imprescindível entender 
as necessidades e os interesses de cada um dos praticantes e de sua família. 
Sendo assim, neste capítulo, vamos apresentar e discutir como foram reali-
zadas todas as etapas da avaliação, como também, como utilizamos os dados 
obtidosna avaliação para a elaboração do planejamento equoterapêutico que 
articula fonoaudiologia com equoterapia.
Contextualização: quais instrumentos utilizamos e os motivos
A escolha dos instrumentos de avaliação levou em consideração as fina-
lidades do projeto Comunicar com Equoterapia, que se propõe a promover a 
reabilitação das habilidades linguísticas e cognitivas de crianças de ambos os 
sexos, com idade entre 2 e 10 anos, que tenham diagnóstico médico confir-
mado de Transtorno do Espectro Autista (TEA) e, segundo a avaliação de seu 
pai, sua mãe ou os responsáveis legais, dificuldades comunicativas evidentes.
Além dos aspectos supracitados, a seleção dos instrumentos de avaliação 
levou em conta a possibilidade de atender a dois qualificadores chaves para 
compreensão da funcionalidade, a saber: capacidade e desempenho, conforme 
descrito abaixo:
1. capacidade, descreve a habilidade ou condição de um indivíduo 
para executar uma tarefa ou uma ação em um ambiente ideal. A 
capacidade descreve o nível mais elevado de funcionalidade que 
uma pessoa pode atingir no momento atual(1–3), e;
2. desempenho, descreve o que um indivíduo faz no seu ambiente real, 
ou seja, as atividades e o nível de participação social em função das 
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barreiras ou facilidades existentes na sua realidade de vida habitual, 
o que inclui o contexto social; também pode ser entendido como 
“envolvimento numa situação de vida”(4).
Para avaliar de maneira minuciosa a capacidade das crianças com TEA 
inseridas no projeto Comunicar com Equoterapia foi preciso considerar os 
prejuízos que já eram esperados pelo diagnóstico de autismo. Sabe-se que 
os prejuízos pragmáticos estão bem descritos para esse público, prejuízos 
em iniciativa na comunicação, bem como em resposta ao outro, funções 
comunicativas com atrasos significativos, meios de comunicação com 
uso atípico e outras manifestações(5–7). Adicionado aos prejuízos pragmá-
ticos também coexistem as dificuldades em morfossintaxe e semântica, 
como uso atípico de pronomes e repertório limitado de conhecimento 
de objetos(8).
Diante disso, a fim de avaliar a capacidade em habilidades pragmáticas 
definiu-se como instrumento de avaliação o Protocolo de Observação Com-
portamental(9) e para avaliação da capacidade em habilidades morfossintáti-
cas e semânticas definiu-se como instrumento de avaliação a Avaliação do 
Desenvolvimento da Linguagem 2(10).
Para avaliar de forma detalhada o desempenho das crianças em seu coti-
diano foi preciso considerar a percepção dos responsáveis que convivem 
com essas crianças na maior parte do dia, bem como realizar uma seleção de 
avaliações pertinentes às variáveis de comunicação analisadas na pesquisa. 
Para cumprir esse objetivo definiu-se pela Escala de Comportamento Adap-
tativo Vineland(11,12) que comporta domínios de fala e linguagem, bem como 
a Avaliação de Tratamentos do Autismo (ATEC)(13) a fim de avaliar a eficácia 
do tratamento, bem como monitorar como o indivíduo progride ao longo do 
tempo nas habilidades de interesse.
Neste capítulo trataremos de três dos quatro instrumentos citados acima: 
o Protocolo de Observação Comportamental (PROC)(9), a Avaliação do Desen-
volvimento da Linguagem 2 (ADL 2)(10) e a Vineland(11).
Sobre as avaliações: objetivos e dicas práticas
Protocolo de Observação Comportamental: PROC
O objetivo principal de utilização de tal protocolo consistiu em ava-
liar o desenvolvimento comunicativo e cognitivo das crianças por meio do 
contexto lúdico. Ele avalia aspectos referentes às habilidades comunicativas 
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expressivas, de compreensão e esquemas simbólicos. Possui dados de refe-
rência para crianças entre 2 e 3 anos(9).
O PROC apresenta três componentes, sendo eles interligados entre si, 
apesar de serem avaliados separadamente, conforme fi gura abaixo:
Figura 1 – Componentes do PROC
Habilidades
comunicativas
Compreensão
verbal
Aspectos do
desenvolvimento
cognitivo
Fonte: Elaborado pelos autores baseado no PROC(8)�
Cada um desses componentes do PROC(9) é subdividido em alguns fato-
res, a saber:
1. Habilidades Comunicativas: habilidades dialógicas, funções comu-
nicativas, meios de comunicação e níveis de contextualização 
da linguagem;
2. Compreensão Verbal: compreensão de ordens e comandos;
3. Aspectos do Desenvolvimento Cognitivo: formas de manipulação 
dos objetos, nível de desenvolvimento do simbolismo e nível de 
organização do brinquedo.
A pontuação de cada habilidade (habilidades comunicativas, compreensão 
verbal e desenvolvimento cognitivo) varia e está descrita no rodapé de cada 
tópico no formulário de avaliação. A pontuação máxima total é de 150 pontos. A 
aquisição do PROC é simples, visto que a folha de marcação do protocolo e as 
instruções básicas estão disponíveis gratuitamente. Ressalta-se, entretanto, que 
é necessário que o aplicador tenha o material (brinquedos) descrito no artigo(8).
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A seguir, apresentamos algumas dicas práticas que podem favorecer a 
aplicação do PROC:
• Observar o comportamento da criança o mais próximo possível do 
natural (semiestruturado – veja a foto abaixo).
• Estimular a criança a brincar, utilizando uma postura com pouca 
ênfase em comandos do aplicador.
• Conhecer o protocolo e planejar previamente os procedimentos 
necessários para testar cada habilidade. Nem sempre a criança obtém 
o escore zero por não saber, mas por falta de teste específico. Por 
exemplo: oferecer brinquedos específicos (móveis em miniatura) 
para observar agrupamentos dos cômodos da casa.
• Não utilizar os blocos de encaixe no início, visto que crianças com 
interesses restritos demonstraram pouca interação com os demais 
brinquedos no decorrer da avaliação.
Figura 2 – Praticante do Projeto Comunicar com Equoterapia 
em processo de avaliação em ambiente semiestuturado
Avaliação do Desenvolvimento da Linguagem 2 – ADL 2(10)
O objetivo principal de utilização de tal protocolo consistiu em analisar 
o desenvolvimento da linguagem compreensiva e expressiva de crianças por 
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reabilitação de pessoas com transtorno do espectro autista 41
meio de atividades estruturadas. A escala avalia a aquisição da linguagem 
em relação ao conteúdo, por meio da semântica, e à estrutura, por meio da 
morfologia e sintaxe. Possui aplicação prevista para crianças entre 1 ano a 6 
anos e 11 meses.
A avaliação é dividida em duas sub-escalas, a saber:
1. Linguagem Compreensiva (52 itens);
2. Linguagem Expressiva (58 itens).
O acesso ao ADL 2(10) é mais restrito, devido ao valor. O kit vendido 
contém: o manual do examinador, com os procedimentos para aplicação das 
tarefas do teste e os valores de referência; o manual de figuras das linguagem 
compreensiva e expressiva; o protocolo de aplicação e pontuação (este pode 
ser encontrado, online e gratuitamente, na maioria dos sites que vendem o 
kit); e o material concreto, composto por alguns brinquedos em miniatura(10).
A análise dos dados do ADL 2 é feita de maneira complexa, posterior-
mente à aplicação. O avaliador deve possuir domínio dos procedimentos, 
visando à minimização dos erros e uma correta análise dos resultados. A pon-
tuação de cada tarefa pode ser: 0 ou NR (não respondeu), quando o avaliado 
errar ou não responder; 1, quando o avaliado acertar, preenchendo os requisitos 
descritos em nota no teste. A pontuação máxima é 298 pontos, somando-se 
linguagem expressiva e receptiva(9).
O ADL 2(10) foi escolhido por ser a versão mais atualizadaaté o presente 
momento. Todas as informações aqui contidas a respeito do ADL 2, apli-
cam-se também ao ADL, excetuando-se que o segundo tem menos tarefas 
que o primeiro, como também, que alguns brinquedos foram acrescentados 
na versão revisada. A maioria das tarefas permanece igual entre as versões, 
podendo ter sido modificado/acrescentado: figuras, habilidades específicas, 
forma de pontuação de algumas tarefas; além da versão revisada conter dois 
protocolos complementares (Observação da Aquisição Fonológica e História 
Clínica e de Desenvolvimento da Criança).
A seguir apresentamos as dicas práticas que podem favorecer a aplicação 
da ADL 2, seguindo as orientações do próprio manual(9):
• Conhecer as tarefas do protocolo, manuseando o livro de figuras 
e os materiais rapidamente, evitando-se a distração do avaliado.
• Iniciar o teste 6 meses antes da idade cronológica. Voltar ao início 
da idade anterior (página anterior), caso erre qualquer uma das 
3 primeiras questões, até encontrar a base. Continuar o teste até 
encontrar o teto.
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• Iniciar pela parte de linguagem compreensiva, no caso de a criança 
ser mais tímida.
• Para analisar os dados: sinalizar a última questão correta, a base e 
o teto; preencher a capa com essas informações; pontuar o nível do 
distúrbio de linguagem.
Vineland
A Vineland é um instrumento utilizado mundialmente, com o objetivo 
de avaliar o comportamento adaptativo das pessoas desde o nascimento até 
a idade adulta e idosa (90 anos)(11). A escala avalia os domínios e as suas 
subdivisões, a saber:
1. Comunicação (67 questões) – receptiva, expressiva e escrita;
2. Habilidades Diárias (92 perguntas) – habilidades pessoais, domés-
ticas e comunitárias;
3. Socialização (66 questões) – relações interpessoais, brincadeiras e 
lazer, habilidades de enfrentamento;
4. Habilidades Motoras (36 questões) – motricidade grossa e habili-
dades motoras finas;
5. Comportamento Desajustado (36 questões) – projetado para avaliar 
comportamentos mal-adaptativos, como obstinação, impulsividade, 
teimosia, agressividade, ansiedade, introversão, negativismo, alte-
ração de humor etc.(12).
O instrumento consiste em uma entrevista semiestruturada em formato 
de questionário, esse questionário pode ser dirigido a diferentes pessoas que 
convivem com o indivíduo sobre o qual se quer obter informações. A impor-
tância da avaliação está relacionada com a compreensão das necessidades 
individuais de cada pessoa, considerando os aspectos de toda vida(11).
O acesso à Vineland é restrito aos que realizam a compra e o treinamento 
para aplicação da Escala. O kit contém: 1 manual de aplicação, 5 formulários 
de entrevista extensiva, 5 formulários de entrevista de domínios, 5 formulários 
de pais/cuidadores extensivo, 5 formulários de pais/cuidadores de domínios, 5 
formulários de professores extensivo, 5 formulários de professores de domí-
nios, bem como tabelas de dados normativos.
A seguir apresentamos as dicas práticas que podem favorecer a aplicação 
da Vineland:
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COMUNICAR COM EQUOTERAPIA: efeito da equoterapia na 
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• Por ser uma avaliação longa, com tempo médio de aplicação entre 1 
hora a 1 hora e meia, recomenda-se que seja realizada pessoalmente, 
em local adequado e sem interrupções.
• Por se tratar de um questionário, indica-se que o avaliador se apro-
prie do conteúdo das perguntas e realize adaptações no momento 
de fazê-las ao entrevistado. O conteúdo das perguntas não deve ser 
modificado, somente a compreensão deve ser facilitada.
• Durante a aplicação muitos entrevistados realizam relatos extensos 
sobre o que a criança “faz” ou “não faz”, ultrapassando o limite 
do que lhe foi perguntado naquele momento. A fim de otimizar a 
aplicação, o avaliador deve estar atento para os momentos em que 
perguntas que seriam feitas posteriormente são respondidas espon-
taneamente durante os relatos e realizar a marcação da pontuação 
referentes a elas.
No Capítulo 1 (p. 27 e 28), que descreve a aplicação do Projeto “Comu-
nicar com Equoterapia” nas cinco localidades em que o estudo foi realizado, 
apresentamos informações adicionais sobre o Protocolo Avaliação de Trata-
mentos do Autismo – ATEC.
Como usar da avaliação para o planejamento do praticante?
As principais competências e habilidades para o desenvolvimento da 
funcionalidade linguística, que devem necessariamente constar no programa de 
intervenção, precisam fazer parte do processo de avaliação. O(a) mediador(a), 
para elaborar o planejamento e tomar decisões ao longo de sua execução, 
precisa conhecer as habilidades linguísticas específicas de cada praticante 
para definir qual deve ser o investimento prioritário, direcionado para dar 
ao praticante mais oportunidades de utilizar espontaneamente novas estrutu-
ras gramaticais(14).
Essa articulação entre os dados resultantes de uma avaliação detalhada e o 
planejamento consciente das atividades a serem realizadas na intervenção, foi 
caracterizada no primeiro capítulo como “intencionalidade equoterapêutica”. 
A partir dessa diretriz, podemos fazer uma relação direta entre os resultados 
da avaliação e os objetivos traçados para os praticantes.
Duas dicas aprendidas ao longo da pesquisa: primeiro, a elaboração dos 
objetivos específicos de cada sessão deve ser revisada a partir da discussão, 
entre os integrantes da equipe de equoterapia, dos dados da avaliação para 
aquele praticante em particular; segundo, é importante esclarecer a diferença 
entre objetivo, definido a partir da intencionalidade equoterapêutica, logo, que 
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deve permanecer inalterado, e estratégias, que se refere a como as atividades 
foram realizadas, o que pode sofrer ajustes para se adequar às características 
do(a) praticante.
Por exemplo, imagine um praticante que tem dificuldade na troca de 
turno, ou seja, não tem iniciativa para interagir com o outro ao exprimir um 
desejo e/ou aguardar uma resposta. O objetivo da intervenção, portanto, é 
“aumentar a frequência de iniciativas em trocas de turno”, mas as estratégias 
utilizadas para criar atividades que permitam desenvolver essa competência, 
podem ser diversificadas. Isto ajuda a esclarecer que, para um mesmo objetivo, 
podemos ter diferentes estratégias, que variam de acordo com as necessidades 
dos praticantes, e podem ser ajustadas para propor atividades mais fáceis ou 
mais difíceis, de acordo com cada caso.
Caso clínico do S.S.C.: planejamento terapêutico
Para exemplificar o papel da avaliação no planejamento da interven-
ção, apresentamos o caso de S.S.C., um menino de seis anos e onze meses 
de idade, com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista, residente do 
estado de Tocantins.
Durante a realização da anamnese, S.S.C.: demonstrou ter um comporta-
mento tímido; não cumprimentou os avaliadores; permaneceu perto de pessoas 
familiares; para sentar-se no chão com a terapeuta e os brinquedos, precisou 
do apoio afetivo do irmão, que sentou junto com ele; não realizou contatos 
oculares duradouros; não mostrou iniciativa em brincar; não direcionou sua 
atenção para a avaliadora, e; não apresentou saudações e despedida.
Existem diferentes formas para se avaliar a pragmática. Vamos descre-
ver a forma como testamos e usamos a avaliação na Associação Nacional de 
Equoterapia, após reuniões de discussão com a equipe de equoterapia, para 
o projeto Comunicar com Equoterapia.
O ambiente foi preparado para aplicação do PROC(8) com os seguintes 
cuidados: o local utilizado foi uma sala bem iluminada, com presença de 
poucos estímulos visuais; o local era silencioso; a avaliação não foi interrom-
pida; o foco da sala foi direcionado para caixa colocada no chão, emcima de 
tatames, no centro da sala.
Na sala de avaliação posicionamos um assistente para realizar a filma-
gem. O assistente não interagiu com a criança em nenhum momento; a filma-
gem, realizada durante 15 minutos, foi dirigida para captar gestos, emissões 
verbais e vocais, expressões faciais e a interação como um todo. A criança 
entrou em sala acompanhada do aplicador do PROC(9), caso necessário, pode-
ria contar com a presença de algum familiar.
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COMUNICAR COM EQUOTERAPIA: efeito da equoterapia na 
reabilitação de pessoas com transtorno do espectro autista 45
Após aplicação do PROC(9), foi feita a transcrição pragmática de toda a 
interação entre a criança e as pessoas e/ou objetos presentes na sala. Cada ato 
comunicativo foi transcrito e avaliado de acordo com às habilidades comunica-
tivas de interesse: iniciativa/resposta; funções da comunicação que foram uti-
lizadas, e; meios de comunicação pelos quais o ato comunicativo foi expresso.
A partir dos resultados do PROC, foram identificados os seguintes pre-
juízos pragmáticos:
1. Baixa iniciativa na comunicação e na interação;
2. Ausência das seguintes funções comunicativas: instrumental, 
nomeação, interativa, informativa, narrativa;
3. Pouco uso do meio verbal, uma vez que o meio comunicativo pre-
dominante foi o gestual.
A partir dos prejuízos pragmáticos coletados pelo PROC e da proposta do 
Programa Passo a Passo na Comunicação, destacamos os seguintes exemplos:
Quadro 1 – Exemplos de objetivos e estratégias, a partir da avaliação 
do PROC e do programa Passo a Passo na Comunicação
Programa Passo a Passo na Comunicação
Objetivos e estratégias definidas a partir da avaliação do PROC
Objetivos
Aumentar a iniciativa na comunicação
Estratégias
No local onde sempre o cavalo entra para iniciar a terapia, o mediador deve dizer “o cavalo está esperando lá fora, 
alguém precisa ir buscar”. É importante aguardar a atitude da criança. Caso ela não demonstre, o mediador deve incitar 
novamente e aguardar. Se a criança não demonstra iniciativa, o mediador repete a ação com mais intensidade. Se a 
criança ainda não tem iniciativa, o mediador assume o papel, perguntando “vamos buscar seu cavalo?”.
Objetivos
Aumentar o uso da função interativa
Estratégias
O mediador deve recepcionar a criança, colocando-se ao nível dela e se aproximar. Ele deve dar a oportunidade para 
a criança vivenciar a função interativa. Por exemplo, o mediador diz “oi”, acenando e falando de forma expressiva e 
aguarda a resposta da criança. Se criança não responde, o mediador repete a saudação. Se a criança não demonstra 
iniciativa, o mediador direciona a criança “fala oi, X (nome da criança)”. Se a criança ainda não corresponde, o mediador 
promove suporte necessário/possível para imitação.
Objetivos
Aumentar o uso da função nomeação
Estratégias
O mediador e o praticante devem alimentar o cavalo juntos. Durante a atividade, conversar sobre a alimentação focando 
no nome dos alimentos, estimulando, assim, a nomeação.
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Como acompanhar a aprendizagem e o desenvolvimento 
dos praticantes?
Para verificarmos se houve aprendizagem nos praticantes, é importante 
realizar a mesma avaliação antes e depois da execução do Programa Passo a 
Passo na Comunicação. Dessa forma, poderemos entender com clareza quais 
habilidades e competências linguísticas as crianças com TEA aprenderam ao 
longo da equoterapia.
Vamos exemplificar a avaliação dos resultados por meio da descrição 
dos resultados obtidos com a aplicação de dois instrumentos utilizados no 
projeto Comunicar com Equoterapia: PROC e ADL 2.
Caso clínico do S.S.C.: formação das habilidades após equoterapia
A Figura 3, a seguir, mostra o gráfico comparativo entre os resultados do 
praticante S.S.C. nas avaliações realizadas no início (Pré-intervenção) e ao 
final do Programa Passo a Passo na Comunicação (Pós-intervenção), o que 
permite verificar os efeitos obtidos após as 24 sessões de intervenção equo-
terapêutica direcionadas para comunicação. S.S.C. apresentou progresso em 
todas as áreas avaliadas no PROC: habilidades comunicativas, compreensão 
verbal e desenvolvimento cognitivo.
Figura 3 – Protocolo de Observação Comportamental (PROC) do praticante 
S.S.C., antes e após participação no projeto Comunicar com Equoterapia
PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO COMPORTAMENTAL
HABILIDADES
COMUNICATIVAS
COMPREENSÃO
VERBAL
ASPECTOS DO
DESENVOLVIMENTO
COGNITIVO
Pré intervenção Pós intervenção
11
30
47
5
10
18
50
40
30
20
10
45
35
25
15
5
0
Em relação às habilidades avaliadas na ADL 2, de acordo com o gráfico 
da Figura 4, a seguir, S.S.C. apresentou: melhora na linguagem expressiva e 
estabilidade na linguagem receptiva. Esses resultados podem ser considerados 
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reabilitação de pessoas com transtorno do espectro autista 47
positivos, especialmente se considerarmos as dificuldades de expressão da 
linguagem oral em pacientes com TEA(8,15).
Figura 4 – Avaliação do Desenvolvimento da Linguagem 2 (ADL 2) do praticante 
S.S.C., antes e após participação no projeto Comunicar com Equoterapia
Pré intervenção Pós intervenção
AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO
DA LINGUAGEM
LINGUAGEM
RECEPTIVA
LINGUAGEM
EXPRESSIVA
106
105
104
103
102
101
100
99
98
97
105 105
100
Nota: A diferença entre as datas da avaliação inicial e da final foi de 6 meses.
Considerações finais
Neste capítulo refletimos sobre a relevância do processo de avaliação para 
subsidiar a elaboração do planejamento e favorecer o acompanhamento da exe-
cução do programa de acordo com as diretrizes do conceito de intencionalidade 
equoterapêutica. O processo avaliativo é extremamente importante para que a 
equipe do centro de equoterapia conheça bem o praticante, sua família e o con-
texto no qual estão inseridos, assim como, para que seja realizado o ajuste neces-
sário das sessões de equoterapia em função do progresso de cada praticante.
Nos limitamos a tratar dos aspectos relacionados à comunicação, por-
que essa é a finalidade principal do projeto Comunicar com Equoterapia. 
Entretanto, cada praticante tem as suas particularidades e especificidades, que 
devem ser também compreendidas pela equipe de equoterapia. Aspectos psi-
comotores, perceptivos, de força muscular e de equilíbrio são alguns exemplos 
de componentes chaves que devem fazer parte do cotidiano dos centros de 
equoterapia, para que tenhamos cada vez mais práticas com intencionalidade, 
visando o melhor desenvolvimento possível de cada praticante.
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Apresentação do programa Passo a Passo na Comunicação
“Foi mais fácil do que eu imaginava.”
Fala de uma das mães na despedida do Projeto 
Comunicar com equoterapia.
“Passo a Passo na Comunicação” é um programa de equoterapia cujo 
objetivo é proporcionar aos equoterapeutas uma proposta estruturada com 
objetivos específicos e estratégias voltados para desenvolvimento e aprimo-
ramento da linguagem oral. A partir da intencionalidade equoterapêutica1, 
avaliações iniciais para conhecer as crianças e suas famílias forneceram a 
linha de base para elaboração do planejamento da intervenção terapêutica. 
As avaliações incluíram a análise do contexto da criança e das habilidades 
linguísticas, como relatado no Capítulo 3. Com os dados resultantes dessas 
avaliações em mãos, podemos classificar as crianças em cinco grupos, tendo 
a gramática funcional como base.
Figura 1 – Classificação em níveis para embasamento do planejamento terapêutico
Níveis
Compreensão 
semântica
Expressão
semântica
Compreensão 
morfossintaxe
Recepção morfossintaxe
Nível 
0
Reconhece poucos 
objetos.
Crianças não verbais ou que se 
expressam apenas de forma 
vocal (sons não articulados ou 
articulados) ou por meio de 
muitas poucas palavras isoladas.
--- ---
Nível 
1
Reconhece 
objetos e suas 
características.
Expressa conhecimento de 
objetos e suas características.
Reconhece 
palavras lexicais 
em enunciados de 
outros.
Faz uso de palavras lexicais 
na formulação de seus 
enunciados de maneira 
coerente.
Nível 
2
Reconhece relação 
entre objetos 
– semelhanças 
e diferenças, 
comparações de 
medidas.
Expressa relação entre objetos 
– semelhanças e diferenças, 
comparações de medidas.
Reconhece palavras 
funcionais.
Faz uso de palavras 
funcionais.
Nível 
3
---
Expressa relações entre 
eventos – relacionar eventos 
dentro do contexto e fora do 
ambiente
---
Faz uso de duas orações 
de forma adicional. Ex: “O 
cavalo correu muito e saltou 
na pista) e de contraposição”, 
“O cavalo correu muito, mas 
não conseguiu saltar”.
1 Para maiores detalhes sobre intencionalidade na equoterapia, consulte o primeiro capítulo do livro (p. 20).
continua...
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Níveis
Compreensão 
semântica
Expressão
semântica
Compreensão 
morfossintaxe
Recepção morfossintaxe
Nível 
4
---
Expressa relações inferenciais 
e metáforas
---
Apresenta coerência e 
coesão textual entre orações 
na fala. Expressa sequência 
lógica dos fatos.
O arcabouço teórico do programa se sustenta nas teorias sociointera-
cionistas(1–3), na gramática funcional de Halliday(4), na exposição a oportuni-
dades comunicativas(5) e na relação única entre humanos e cavalos(6). Dessa 
forma, o objetivo desse programa de intervenção é proporcionar vivências 
e oportunidades para o desenvolvimento linguístico e comunicativo de 
crianças com dificuldades na comunicação, em especial em seus aspectos 
pragmáticos, semânticos e sintáticos, por meio da relação entre criança, 
mediador e cavalo. O programa possui 8 módulos e 24 sessões (Figura 2).
Figura 2 – Módulos e sessões do programa Passo a Passo na Comunicação
EQUOTERAPIA E FONOAUDIOLOGIA: PASSO A PASSO NA COMUNICAÇÃO
MÓDULO 1 – VIVENCIANDO
A EQUOTERAPIA MÓDULO 2 – DESCOBRINDO
O CORPO
MÓDULO 3 – ANIMAIS
MÓDULO 4 – ALIMENTAÇÃO
MÓDULO 5 – LOCOMOVER-
SE
MÓDULO 6 – CUIDANDO DA
HIGIENE
MÓDULO 7 – PESSOAS AO
MEU REDOR
MÓDULO 8 –
ENCERRAMENTO
1ª Sessão: Horsemanship
2ª, 3ª e 4ª Sessões:
Conhecendo a equoterapia
5ª, 6ª e 7ª Sessões:
Conhecendo o corpo
8ª, 9ª e 10ª Sessões:
8ª, 9ª e 10ª Sessões:
Conhecendo os animais do
Conhecendo os animais
10ª, 11ª e 12ª Sessões:
Os alimentos/ Alimentação
24ª Sessões:
Despedida do Programa
21ª, 22ª e 23ª Sessões:
Pro�ssionais
16ª, 17ª e 18ª Sessões:
Cuidados pessoais e com13ª, 14ª e 15ª Sessões:
Meios de transporte o cavalo
20ª sessão:
Banho no cavalo
centro de equoterapia
A seguir, apresentaremos os objetivos de cada módulo, dando exem-
plos de atividades para caracterizar a conduta a ser adotada pela equipe de 
equoterapia no desenvolvimento das sessões do Programa Passo a Passo 
na Comunicação. É importante ressaltar que os objetivos são definidos de 
acordo com o nível da criança e isso fica evidente na descrição de cada um 
dos módulos.
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Módulo 1: Vivenciando a equoterapia
O módulo 1 é subdivido em Horsemanship (1ª sessão) e Conhecendo 
a equoterapia (2ª, 3ª e 4ª sessões).
Horsemanship
A 1ª sessão, chamada horsemanship, tem duração especial de 1 hora e 
30 minutos e pode ser realizada em grupos pequenos.
Figura 3 – Mediadoras recebendo praticante para iniciar sessão de equoterapia
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Figura 4 – Praticante e mediadoras com o caderno de equoterapia iniciado 
no primeiro módulo do Programa Passo a Passo na Comunicação
Figura 5 – Equitador interagindo com o cavalo em um redondel na 
primeira sessão do Programa Passo a Passo na Comunicação. Mediadores, 
praticantes e familiares assistem a esse primeiro momento
Temos como objetivos e exemplos de atividades dessa sessão inicial:
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Programa Passo a Passo na Comunicação
Módulo 1 Vivenciando a equoterapia – Horsemanship
Objetivo
Contextualizar o centro de equoterapia para criança e sua família
Exemplo de atividade para criança no Nível 0
Receber a criança e sua família com local já preparado, utilizando sempre frases muito curtas e acompanhadas de 
imagens para explicação
Objetivo
Iniciar a construção do caderno pessoal
Exemplo de atividade para criança no Nível 0
Fornecer um caderno para que a criança, a família e o mediador utilizem ao longo do programa
Objetivo
Explorar o ambiente do centro que será utilizado na equoterapia
Exemplo de atividade para criança no Nível 0
Apresentar o centro de equoterapia para as famílias
Objetivo
Conhecer a equipe, outras crianças e famílias
Exemplo de atividade para criança no Nível 0
Deixar que cada família se apresente. Aqui já pode ser iniciado o processo de reconhecimento de si próprio
Objetivo
Realizar aproximação agradável entre criança e cavalo2
Exemplo de atividade para criança no Nível 0
O equitador faz um trabalho de horsemanship com aproximação gradual da criança
Objetivo
Ampliar campo compreensão semântica
Exemplo de atividade para criança no Nível 0
Relacionar as regras com figuras que podem ser coladas no caderno. Por exemplo, para explicar a norma de utilizar 
sapatos fechados, dar uma figura de sapatos para criança colar no caderno
Lembre-se: cada atividade deve ser adaptada de acordo com o 
nível da criança!
A construção do caderno é muito importante nesse processo terapêu-
tico. Ele será utilizado ao longo do programa para auxiliar na relação entre 
o ambiente da equoterapia com os demais contextos da criança. Na pró-
xima página, algumas fotos do caderno utilizado no projeto Comunicar 
com Equoterapia.
2 O passo a passo para realizar essa aproximação está descrito no Capítulo 5.
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Conhecendo a equoterapia
As próximas sessões do primeiro Módulo, “Conhecendo a equoterapia” 
(2ª, 3ª e 4ª sessões) tem duração aproximada de 30 minutos e devem ser 
realizadas individualmente. Temos como alguns objetivos e exemplos de 
atividades para crianças do nível 0:
Programa Passo a Passo na Comunicação
Módulo 1 Vivenciando a equoterapia – Conhecendo a equoterapia
Objetivo
Vivenciar funções pragmáticas: interativa, instrumental e heurística
Exemplo de atividade para criança no Nível 0
O mediador deve recepcionar a criança colocando-se ao nível dela e se aproximar. Ele deve dar a oportunidade 
para a criança vivenciar a função interativa. Por exemplo, o mediador diz “oi”, acenando e falando de forma 
expressiva e aguarda a resposta da criança. Se criança não responde, o mediador repete a saudação. Se a criança 
não demonstra iniciativa, o mediador direciona a criança “fala oi, X (nome da criança)”. Se a criança ainda não 
corresponde, o mediador promove suporte necessário/possível para imitação
Objetivo
Possibilitar ao praticante experimentar toda psicomotricidade e emoções iniciais envolvidas na primeira montaria: contato 
físico e emocional com o cavalo, equilíbrio, exploração das emoções e sentidos
Exemplo de atividade para criança no Nível 0
Dar ao praticante a possibilidade de experimentar o momento de montar e os primeiros passos do cavalo. Momento 
de trabalho do equilíbrio físico, do contato emocional com o cavalo e experimentação de emoções relacionadas 
ao montar
Objetivo
Introduzir campo semântico relacionado à equoterapia e ampliar habilidade morfossintática
Exemplo de atividade para criança no Nível 0
Ao chegar no local da montaria com o praticante, o mediador deve chamar pelo cavalo no nível da criança. No nosso 
exemplo (nível 0), mostrar o cavalo e dizer “olha, cavalo”. Em seguida chamar “vem cavalo”. Dar oportunidade para a 
criança chamar o cavalo também
São outros objetivos dessa parte do Módulo 1:
• Promover organização e previsibilidade;
• Seguir instruções verbais;
• Ampliar habilidade dialógica;
• Ampliar campo semântico relacionado à equoterapia.
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COMUNICAR COM EQUOTERAPIA: efeito da equoterapia na 
reabilitação de pessoas com transtorno do espectro autista 59
Figura 6 – No picadeiro, mediador e praticante do Projeto 
Comunicar com Equoterapia chamam pelo cavalo
Módulo 2: Conhecendo o corpo
O módulo 2 é composto pelas 5ª, 6ª e 7ª sessões, com aproximadamente 
30 minutos de duração; no quadro a seguir estão descritos alguns objetivos 
e exemplos de atividades para crianças do nível 0.
Programa Passo a Passo na Comunicação
Módulo 2 Conhecendo o corpo
Objetivo
Facilitar contato ocular
Exemplo de atividade para criança no Nível 0
Ao recepcionar e cumprimentar a criança, o mediador deve se colocar na altura dela antes de começar a falar
Objetivo
Proporcionar organização e previsibilidade e promover relação lógica da linguagem
Exemplo de atividade para criança no Nível 0
É importante que o mediador construa com a criança a ordem das ações que vão acontecer: “primeiro vamos colocar 
o capacete e depois subir no cavalo”. Como nosso exemplo é para uma criança de nível “0”, o mediador deve apontar 
para o capacete e para o cavalo enquanto faz a nomeação
Objetivo
Ampliação de campo semântico (novas palavras) dentro do Módulo 2
Exemplo de atividade para criança no Nível 0
Ao fazer o ajuste do estribo, o mediador deve apontar para o pé da criança e nomear “pé” e repetir dizendo “coloca o 
pé”. Do outro lado, ofereça o modelo “coloca o pé” e aguarde. Realize suporte para ajudar a criança caso necessário
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Veja que aproveitamos de um momento corriqueiro da equoterapia para 
dar ênfase e praticar a parte do corpo “pé”. O nome estribo não é importante 
para a criança no nível “0” nesse momento, seria muita informação. Ao sim-
plificar dizendo “coloca o pé”, aumentamos a chance da criança reconhecer, 
e depois produzir, a palavra “pé”.
Outros objetivos desse módulo incluem:
• Ampliar campo semântico relacionado às partes do corpo 
(tanto compreensão quanto expressão) de acordo com o nível 
do praticante;
• Desenvolver e ampliar as habilidades morfossintáticas de acordo 
com o nível do praticante;
• Trabalhar localização;
• Proporcionar oportunidades para uso da habilidade dialógica (ini-
ciar uma conversa e/ou responder).
Figura 7 – Praticante montado e o mediador apresentando figura da 
mão, correlacionando com essa parte do corpo da criança, referente 
ao Módulo 2 do Programa Passo a Passo na Comunicação
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COMUNICAR COM EQUOTERAPIA: efeito da equoterapia na 
reabilitação de pessoas com transtorno do espectro autista 61
Módulo 3: Conhecendo os animais
O módulo 3 é composto pelas 8ª, 9ª e 10ª sessões, com aproximada-
mente 30 minutos de duração, no quadro a seguir estão descritos alguns 
objetivos e exemplos de atividades para crianças do nível 1:
Programa Passo a Passo na Comunicação
Módulo 2 Conhecendo o corpo
Objetivo
Promover vivências para a experimentação a iniciativa na habilidade dialógica (iniciar um tópico da conversa)
Exemplo de atividade para criança no Nível 0
No local onde sempre o cavalo entra para iniciar a terapia, o mediador deve dizer que o cavalo está esperando lá fora, 
alguém precisa ir buscar. É importante aguardar a atitude da criança. Caso ela não demonstre, o mediador deve incitar 
novamente e aguardar. Se a criança não demonstra iniciativa, o mediador repete a ação com mais intensidade. Se a 
criança ainda não tem iniciativa, o mediador assume o papel perguntando “vamos buscar seu cavalo? ”
Objetivo
Desenvolver habilidade morfossintática – verbo andar
Exemplo de atividadepara criança no Nível 0
O mediador cria encenação e expectativa sobre a saída do cavalo. O terapeuta deve narrar a sua atitude de andar e 
aguardar a criança – “vou dar uma volta, olha todo mundo está andando”. Caso a criança não tenha iniciativa, o terapeuta 
repete o modelo e oferece suporte. Como é um exemplo de nível 1, o modelo é “anda, cavalo”
Objetivo
Ampliar campo semântico animais
Exemplo de atividade para criança no Nível 0
O mediador precisa preparar previamente a trilha dos animais (colocar imagens de animais espalhadas por onde 
vocês passarão durante a terapia). À medida que for passando pelos animais, o mediador deve inicialmente trabalhar 
a compreensão, nomeando os animais para a criança. Em seguida, cantar a música “Seu Lobato”, ainda na trilha de 
animais. Deixar que a criança complete a música com o nome do animal
Outros objetivos desse módulo incluem:
• Conhecer os habitats naturais dos animais;
• Promover conhecimento de proporções: grande e pequeno, 
pesado e leve;
• Facilitar habilidades pragmáticas;
• Possibilitar narrativa (dependendo do nível linguístico da criança).
É importante destacar que dentro de todos os módulos e para cada obje-
tivo específico, é preciso considerar as alterações a serem realizadas depen-
dendo de como a criança evolui ao longo do programa. Ela pode ter começado 
no nível 0, mas passar para o nível 1 depois de algumas sessões, por exemplo.
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Figura 8 – Praticante montado e o mediador apresentando figura de animais, 
referente ao Módulo 3 do Programa Passo a Passo na Comunicação
Módulo 4: Alimentação
O módulo 4 é composto pelas 11ª, 12ª e 13ª sessões, com aproxima-
damente 30 minutos de duração, no quadro a seguir estão descritos alguns 
objetivos e exemplos de atividades para crianças do nível 1:
Programa Passo a Passo na Comunicação
Módulo 2 Conhecendo o corpo
Objetivo
Promover vivências para reconhecimento de si mesmo e do outro
Exemplo de atividade para criança no Nível 0
Com a criança montado, o auxiliar guia deve parar o cavalo em frente a um espelho posicionado no picadeiro de modo 
que a criança veja a si mesma e a todos (cavalo, guia e mediador). O mediador dá o modelo: “Essa sou eu” “Eu sou a 
xxxx” “quem é esse”, incentivando a criança a seguir o modelo
Objetivo
Desenvolver habilidade morfossintática – verbos subir e descer
Exemplo de atividade para criança no Nível 0
Logo antes de ir com o cavalo em local de aclive, o mediador oferece o modelo “sobe, cavalo”, e em declive “desce, 
cavalo”. Em seguida, o mediador deve dar oportunidade para a criança falar “sobe” no aclive e “desce” no declive
Objetivo
Ampliar campo semântico relacionado à alimentação
Exemplo de atividade para criança no Nível 0
O mediador e o praticante devem alimentar juntos o cavalo. Durante a atividade, conversar sobre a alimentação focando 
no nome dos alimentos (já que é uma criança de nível 1)
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COMUNICAR COM EQUOTERAPIA: efeito da equoterapia na 
reabilitação de pessoas com transtorno do espectro autista 63
Para trabalhar mais a alimentação, também é interessante fazer uma 
trilha de alimentos, seguindo os moldes do que foi realizado para os animais.
Outros objetivos desse módulo incluem:
• Promover conhecimentos acerca dos alimentos;
• Reconhecer que animais e seres humanos têm fome e se alimentam;
• Facilitar habilidades pragmáticas;
• Retomar atividades anteriores do caderno.
Figura 9 – Praticante e mediadoras alimentando o cavalo, como 
previsto no Módulo 4 do Programa Passo a Passo na Comunicação
Módulo 5: Locomover-se
O módulo 4 é composto pelas 14ª, 15ª e 16ª sessões, com aproxima-
damente 30 minutos de duração, no quadro a seguir estão descritos alguns 
objetivos e exemplos de atividades para crianças do nível 2:
Programa Passo a Passo na Comunicação
Módulo 2 Conhecendo o corpo
Objetivo
Promover oportunidades para a criança usar da função instrumental (pedido)
Exemplo de atividade para criança no Nível 0
O mediador deve levar a criança para o local de colocar o capacete, deixando-o fora do alcance da criança. A narrativa 
dos fatos é muito importante. “Agora eu vou colocar o meu capacete... e você o seu”. Neste momento, aguardar a criança 
solicitar auxílio para pegar o capacete
continua...
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Programa Passo a Passo na Comunicação
Módulo 2 Conhecendo o corpo
Objetivo
Desenvolver habilidade morfossintática – verbo andar
Exemplo de atividade para criança no Nível 0
O mediador precisa criar encenação e expectativa sobre a saída do cavalo. Em seguida, ele vai narrar a sua atitude 
de andar e aguardar a criança – “vou dar uma volta, olha todo mundo está andando”. O mediador deve inserir palavras 
funcionais uma vez que esse exemplo é para uma criança do nível 2. Ex: “Anda, cavalo. Anda para perto da porta”. O 
mediador deverá dar suporte para ajudar a criança caso seja necessário
Objetivo
Ampliar campo semântico relacionado à locomoção
Exemplo de atividade para criança no Nível 0
O mediador dispõe algumas figuras de meios de transporte, nomeia para a criança e em seguida a criança faz a nomeação. 
Em seguida, conversar sobre algumas características dos meios de transporte
Vejam a diferença entre as atividades para a criança do nível 1 para o 
nível 2: no módulo 4 (exemplo de criança do nível 1), focamos na nomea-
ção. No módulo 5 (exemplo de criança do nível 2), expandimos a atividade 
semântica dando também as características dos objetos.
Outros objetivos desse módulo incluem:
• Promover conhecimentos sobre meios de transporte e 
suas características;
• Seguir instruções verbais;
• Facilitar habilidades pragmáticas e dialógicas;
• Retomar atividades anteriores do caderno.
Figura 10 – Praticante montado conversando sobre meios de transporte, 
como previsto no Módulo 5 do Programa Passo a Passo na Comunicação
continuação
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Módulo 6: Cuidando da higiene
O módulo 6 é subdivido em “cuidados pessoais e cuidados com o 
cavalo” (17ª, 18ª e 19ª sessões) e “banho no boneco e no cavalo” (20ª sessão).
Cuidados pessoais e cuidados com o cavalo
A primeira parte do Módulo 6 é composta pelas 17ª, 18ª e 19ª sessões, 
com aproximadamente 30 minutos de duração, no quadro a seguir estão 
descritos alguns objetivos e exemplos de atividades para crianças do nível 3:
Programa Passo a Passo na Comunicação
Módulo 2 Conhecendo o corpo
Objetivo
Ampliar estruturas morfossintáticas – pronome / verbo
Exemplo de atividade para criança no Nível 0
Para dar destaque ao pronome e verbo, o mediador precisa enfatizar sua fala e a resposta da criança precisa ser 
direcionada para o uso de um pronome e verbo. O terapeuta deve fazer uso de gestos.
Ex: O terapeuta pergunta “você quer ir buscar o cavalo ou você quer esperar?”
Objetivo
Promover conhecimento e expressão de vocabulário relacionado à higiene
Exemplo de atividade para criança no Nível 0
O mediador deve preparar uma trilha da higiene: (17ª sessão: lavar as mãos em cima do cavalo / 18ª sessão: escovar os 
dentes em cima do cavalo / 19ª sessão lavar as mãos e escovar os dentes em cima do cavalo). Como estamos com uma 
criança no nível 3 como exemplo, além de nomear os objetos, o mediador deve propor diálogos sobre as características 
dos objetos e sua importância
Objetivo
Possibilitar a experimentação no momento de montar com andadura diferente. Momento de trabalho do equilíbrio físico 
e emocional, bem como experimentar as sensações do momento
Exemplo de atividade para criança no Nível 0
Deixar o praticante experimentar as emoções do trote. No final, perguntar como se sentiu, deixando queo praticante 
responda com suas próprias palavras
Outros objetivos desse módulo incluem:
• Promover o conhecimento acerca dos objetos e rotinas envolvi-
das nos processos de higiene pessoal: lavar as mãos e escovar 
os dentes;
• Perceber as condições de higiene do corpo do animal, passando 
pelos dentes e patas;
• Facilitar conceitos de limpo e sujo, seco e molhado, vazio e cheio;
• Facilitar habilidades pragmáticas e dialógicas;
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• Retomar atividades anteriores do caderno, relacionando a higiene 
pessoal discutida nas sessões com as realizadas em casa.
Cuidados pessoais e cuidados com o cavalo
A segunda parte do Módulo 6 é composta pela 20ª sessão, com apro-
ximadamente 1 hora de duração. Essa sessão pode ser realizada em dupla 
e tem como passo a passo:
1. O mediador faz o recebimento a família estimulando cumprimen-
tos e percepção do outro;
2. O mediador deve então apresentar o quadro de rotina do dia, mos-
trando que será uma sessão diferente;
3. O praticante e o mediador dão banho no boneco juntos. Durante a 
atividade, as seguintes habilidades devem ser trabalhadas: nomea-
ção, reconhecimento corporal, sequência lógica e narrativa;
4. O praticante e o mediador dão banho no cavalo juntos. Durante a 
atividade, as seguintes habilidades devem ser trabalhadas: nomea-
ção, reconhecimento corporal, sequência lógica e narrativa.
Figura 11 – Praticante e mediadoras dando banho no cavalo, como 
previsto no Módulo 5 do Programa Passo a Passo na Comunicação
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reabilitação de pessoas com transtorno do espectro autista 67
Módulo 7: Pessoas ao meu redor
O módulo 7 é composto pelas 21ª, 22ª e 23ª sessões, com aproxima-
damente 30 minutos de duração, no quadro a seguir estão descritos alguns 
objetivos e exemplos de atividades para crianças do nível 4:
Programa Passo a Passo na Comunicação
Módulo 2 Conhecendo o corpo
Objetivo
Promover oportunidades para a criança usar da função instrumental
Exemplo de atividade para criança no Nível 4
O mediador deve aguardar a iniciativa da criança em montar no cavalo. Para isso, ele deve indicar o local de montaria, 
estar próximo ao cavalo para que a criança tenha iniciativa em montar. Caso a criança não tenha iniciativa ou não peça 
ajuda, o terapeuta pergunta se a criança quer subir
Objetivo
Desenvolver habilidade morfossintática – verbo andar
Exemplo de atividade para criança no Nível 4
Ao ajustar o encilhamento no início da sessão, o mediador deve dar oportunidades para a criança elaborar falas longas. O mediador 
pode perguntar, por exemplo, “Por que você precisa colocar o pé no estribo?”. Dar suporte para criança quando necessário
Objetivo
Ampliar campo semântico relacionado a profissões
Exemplo de atividade para criança no Nível 4
O mediador deve dispor figuras de médico e médico veterinário nos locais onde for passar com a criança (no picadeiro, por 
exemplo). Como estamos em um exemplo de uma criança de nível 4, além da nomeação, de falar sobre as características 
das duas profissões e conversar sobre a importância dela, extrapolar o ambiente da equoterapia e falar de outros contextos 
importantes para atuarem
Outros objetivos desse módulo incluem:
• Estimular o conhecimento das profissões e suas características;
• Expandir o uso de verbos a partir das ações dos profissionais;
• Ampliar conceito semântico rápido e devagar
• Fazer uso das habilidades pragmáticas.
• Retomar atividades anteriores do caderno.
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Figura 12 – Praticante e mediadoras conversando sobre quem 
cuida da saúde do cavalo, médico veterinário, como previsto no 
Módulo 7 do Programa Passo a Passo na Comunicação
Módulo 8: Despedida
O módulo 8 é composto pela 24ª sessão, com aproximadamente 30 
minutos de duração, no quadro a seguir estão descritos alguns objetivos e 
exemplos de atividades para crianças do nível 4:
Programa Passo a Passo na Comunicação
Módulo 2 Conhecendo o corpo
Objetivo
Retomar o conhecimento adquirido ao longo do programa. O mediador deve preparar a trilha da despedida 
antecipadamenteE
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COMUNICAR COM EQUOTERAPIA: efeito da equoterapia na 
reabilitação de pessoas com transtorno do espectro autista 69
Exemplo de atividade para criança no Nível 4
O mediador vai buscar as imagens junto com a criança e conta uma história. Exemplo:
Era uma vez um menino que foi para a equoterapia, lá ele conheceu um cavalo (imagem).
Eles foram passear (imagem).
No meio do caminho encontraram um porco e um cachorro (imagem).
Os três estavam com muita fome (imagem).
Eles foram procurar comida na floresta e encontraram uma horta (imagem).
O cavalo comeu uma cenoura (imagem).
O porco comeu uma banana (imagem).
O cachorro comeu um milho (imagem) e o menino comeu um tomate (imagem).
Eles estavam muito cansados (imagem) e decidiram voltar para casa de caminhão (imagem). Chegando em casa foram 
tomar banho (imagem).
Depois se despediram (imagem) e foram dormir (imagem).
O mediador deve nomear junto com o praticante todos os fatos expostos nas imagens das histórias. É importante que 
o mediador chame a atenção para as imagens e aguarde a iniciativa da criança em realizar comentários. Se ela não o 
fizer, o mediador pode auxiliar com perguntas e depois com modelo. Outra forma de dar apoio é comentando partes das 
imagens e instigar a criança a terminar a história
Outros objetivos desse módulo incluem:
• Retomar os conhecimentos adquiridos;
• Promover o uso das habilidades pragmáticas;
• Conversar com os pais sobre a importância de retomar todo o caderno.
Figura 13 – Praticante e mediadoras conversando sobre 
o projeto Comunicar com Equoterapia, como previsto no 
Módulo 8 do Programa Passo a Passo na Comunicação
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Considerações finais
Neste capítulo apresentamos o programa de intervenção em equoterapia 
Passo a Passo na Comunicação, que foi testado anteriormente no formato de 
estudo piloto(7,8) e teve a análise da aplicação completa descrita no Capítulo 
5 deste livro. Todos os módulos foram apresentados com seus objetivos e 
exemplos de estratégias. Para cada módulo, sugerimos estratégias para dife-
rentes níveis, de 0 a 4. É importante que o mediador conheça seu praticante 
para sempre adaptar a melhor estratégia para o objetivo traçado, lembrando 
de reavaliar constantemente a evolução da criança.
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REFERÊNCIAS
1. Vygotsky LS. Pensamento e linguagem. Fontes M, editor. São Paulo; 1989.
2. Vygotsky LS, Cole M. Mind in society: Development of higher psycho-
logical processes. Harvard university press; 1978.
3. Lisnia M. Problemas y objetivos del estudio de la comunicación en los 
ninos. In: Antrología del desarrollo psiciológico del nino en edad prees-
colar. Puebla: Editorial Trillas; 2010. p. 87–95.
4. Halliday MAK, Matthiessen MIM. Halliday’ s Introduction to Functional 
Grammar. 4th ed. London and New York: Routledge Taylor and Francis 
Group; 2014. 808 p.
5. Smith-lock KM, Leitao S, Lambert L, Nickels L. Effective intervention 
for expressive grammar in children with specific language impairment. 
2013;265–82.
6. Malcolm R, Ecks S, Pickersgill M. “It just opens up their world”: autism, 
empathy, and the therapeutic effects of equine interactions. Anthropol 
Med. 2017;0.
7. Ramos MEV, Benito AL., Pedra AC, Nobre FC, Rodrigues MM, Celeste 
LC. Análise dos atos comunicativos em crianças com transtornodo espec-
tro autista após intervenção em equoterapia. In: Anais científicos do XXVII 
Congresso Brasileiro e V Congresso Íbero Americano de Fonoaudiologia 
[Internet]. Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia; 2020. Available from: 
https://www.sbfa.org.br/plataforma2020/trabalhos-consulta
8. Pedra AC, Nobre FC, Couto-Vale D, Rodrigues MM, Celeste LC. Equo-
terapia e intervenção fonoaudiológica: análise da evolução linguística 
via pés rítmicos. In: Anais científicos do XXVII Congresso Brasileiro e 
V Congresso Íbero Americano de Fonoaudiologia [Internet]. Sociedade 
Brasileira de Fonoaudiologia; 2020. Available from: https://www.sbfa.
org.br/plataforma2020/trabalhos-consulta
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Introdução
Neste capítulo, vamos compartilhar alguns conhecimentos chaves sobre 
um dos personagens principais do método equoterápico: o cavalo, este ser 
maravilhoso que interage com o ser humano há milênios, desempenhou um 
papel chave na história de diversas culturas e possibilitou a realização de uma 
ampla variedade de atividades, entre elas as práticas esportivas e terapêuticas, 
que são o nosso foco de atenção.
No caso específico da equoterapia(1), compreendemos o cavalo como o 
mediador principal, pois é a partir da interação com ele que os praticantes, pes-
soas com deficiência ou com alguma patologia, têm acesso aos benefícios cor-
porais, psicoemocionais, sociais e, em especial para esse livro, comunicativos. 
Devido ao porte físico do cavalo e as características do seu comportamento 
na interação com as crianças, são estabelecidos vínculos afetivos importan-
tes que empoderam os praticantes, que se sentem mais fortes e confiantes. A 
equitação, portanto, oferece um conjunto de experiências significativas que 
influenciam diretamente na definição da identidade que o praticante tem de si 
mesmo, como também, na maneira como é visto pelos outros, principalmente, 
outras crianças.
Na equoterapia, recorremos a diversas estratégias com o propósito de 
fazer a conexão do praticante com o cavalo. Existem desde cuidados prévios 
de treinamento do cavalo até diversas atividades a serem realizadas no solo 
e sobre o cavalo, definidas de acordo com as características específicas de 
cada praticante e os sintomas do quadro clínico relacionado com a deficiência 
ou a patologia.
Ao defender a centralidade do cavalo na proposta de intervenção, amplia-
mos as atividades de forma a incluir, por exemplo: a) a possibilidade de dar 
algo que é recebido com prazer pelo outro, como é o caso da comida, do 
carinho, de um banho; b) a necessidade de conviver com o suor, a saliva 
e as fezes (algo que é rejeitado socialmente, mas que, na equoterapia, é 
visto como parte da natureza); c) a importância de observar e respeitar o 
outro, no caso o cavalo, como também os seus próprios limites corporais; 
d) os cuidados com o uso do equipamento adequado e com a segurança 
do praticante, do cavalo e da equipe multidisciplinar de atendimento; e) a 
oportunidade do contato com a natureza e da interação social com uma 
equipe sensível e acolhedora(2) (p. 16).
A afirmação supracitada é um bom exemplo da proposta de atendimento 
prevista no protocolo da pesquisa sobre a influência da equoterapia nas 
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habilidades de comunicação das crianças com TEA, que dedica uma atenção 
especial à aproximação e à interação com o cavalo, paralelo às atividades 
de equitação. Para atingir esses objetivos, a ANDE-BRASIL recomenda o 
método horsemanship para orientar a escolha e o treinamento dos equinos, 
como também, para a seleção das estratégias mais indicadas para promover 
a aproximação dos praticantes ao cavalo.
O termo horsemanship tem sido largamente utilizado no Brasil para 
designar um conjunto de técnicas para o adestramento de cavalos, utilizadas 
por treinadores e praticantes de equitação, que optam por criar um relacio-
namento com o cavalo pautado na confiança, o que resulta em um comporta-
mento dócil, que garante maior segurança e facilita a realização de diversas 
atividades equestres, seja no trabalho, no esporte ou na terapia.
Essa abordagem, no entanto, é antiga, Xenofon, discípulo de Sócrates, 
escreveu o primeiro tratado sobre o assunto e mostra a importância de o 
treinador conhecer profundamente o comportamento e o temperamento de 
cada cavalo, a fim de construir um bom relacionamento com ele, de forma a 
educá-lo respeitando a sua natureza(3).
A tradução literal de horsemanship é o relacionamento entre o cavalo 
e o homem. Em meados do século passado, domadores e treinadores de 
cavalos americanos começaram a difundir uma nova abordagem de apro-
ximação e contato com os cavalos, considerando os princípios da etologia3, 
que descrevem seus instintos como típicos dos animais que são presas. Essa 
abordagem, viabiliza a domesticação, doma e treinamento do cavalo com 
respeito à sua natureza e sem nenhum tipo de agressão, primando por um 
relacionamento que se aproxima mais de uma parceria do que uma intera-
ção centrada no domínio. Entre esses domadores e treinadores destaca-se 
Monty Roberts, e sua experiência está descrita no livro “O Homem que 
Ouve Cavalos”(4).
Recentemente, Gregory Wathelet, vice-campeão europeu em 2015, 
ganhador do Rolex Grand Prix em Aachen em 2017 e consagrado campeão 
europeu em equipe em 2019, definiu em entrevista para a publicação World 
Of Jumping, em 2021, que:
o bom horsemanship é ter um conhecimento real sobre cavalos. Diz res-
peito a tudo sobre esses animais, desde o desenvolvimento, a equitação, o 
treinamento, como cuidar, como casquear e como alimentá-los. Na minha 
opinião, o cavaleiro que sabe o que é um bom horsemanship é um cavaleiro 
3 Ramo da Biologia que se dedica ao estudo do comportamento social e individual dos animais em seu meio 
ambiente natural.
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reabilitação de pessoas com transtorno do espectro autista 77
que sabe cuidar dos cavalos e sabe exatamente das suas necessidades. Sabe 
o que fazer e porque faz(5).
Ao entender e respeitar a natureza do cavalo, do ponto de vista dos 
comportamentos, dos hábitos e da comunicação, esses precursores do horse-
manship foram capazes de revolucionar tudo o que até então se conhecia a 
respeito desses animais e da sua relação com o homem, indicando a adoção 
de um conjunto de práticas de não agressão, centradas na construção de uma 
confiança mútua, de maneira que os próprios cavalos encontrassem junto ao 
homem o seu parceiro, bem como, um ambiente caracterizado pelo conforto 
e pela segurança.
O advento do horsemanship contribuiu para que as diversas pessoas que 
lidam com o cavalo fizessem uma reflexão sobre suas estratégias de doma e 
treinamento, passando a seguir esses princípios. Os resultados foram surpreen-
dentes e reforçaram a urgência da correção de antigos hábitos, nocivos aos 
cavalos, o que está em total sintonia com as atuais preocupações pertinentes 
ao bem-estar animal.
Na perspectiva recomendada pela ANDE-BRASIL, o termo chave do 
horsemanship é “relacionamento”, o que deixa evidente que não se trata, 
apenas, de um conjunto de técnicas, mas de uma mudança na maneira como 
se compreende o cavalo, que deve ser visto como um parceiro inigualável, 
que complementa o ser humano e amplia consideravelmente as suas possibi-
lidades de ação, mas também, como alguém que está sob os nossos cuidados 
e merece uma atenção especial para as suas necessidades.
A ANDE-BRASIL, em 2022,completa sete anos de experiências prá-
ticas bem-sucedidas com a aplicação do horsemanship aos seus cavalos. 
Atualmente, no conteúdo programático dos cursos de formação de equita-
dores em equoterapia existe uma disciplina que versa sobre os princípios 
teóricos e práticos do horsemanship. Essa iniciativa possibilita a dissemi-
nação desses saberes para centenas de profissionais de todo o Brasil que 
buscam a ANDE-BRASIL para o aperfeiçoamento de seus conhecimentos 
sobre a equoterapia.
No entanto, cumpre esclarecer que a recomendação que fazemos do hor-
semanship no presente capítulo não pretende entrar em conflito e contradizer 
outras técnicas e abordagens também utilizadas com sucesso no Brasil. Nosso 
país é rico em culturas equestres e respeitamos todas elas. Nossa intenção é 
compartilhar uma experiência que vem obtendo resultados importantes no 
contexto da equoterapia para o convívio entre o cavalo e o ser humano. Sendo 
assim, o horsemanship oferece uma alternativa adicional para o treinamento 
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do cavalo, o que amplia o acervo de práticas a serem utilizadas por todas as 
pessoas que amam o cavalo e se relacionam com ele.
Os conhecimentos preconizados pelo horsemanship têm sido aplicados 
nos projetos de pesquisa e de intervenção que a ANDE-BRASIL conduz, 
como é o caso do estudo intitulado “Comunicar com Equoterapia”, que 
une o cavalo a crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Essas 
crianças extraordinárias – cada uma com seu perfil, personalidade, histó-
rico e temperamento – encontram na relação com o cavalo e com a equipe 
de equoterapia, uma oportunidade singular para vivenciar experiências de 
aprendizagem que mobilizam suas sensibilidades, expressões, movimentos, 
pensamentos e sentimentos. Todos nós – crianças com TEA, equoterapeuta 
e familiares – fomos, de diferentes maneiras, impactados por essas experiên-
cias, que repercutiram em nossas vidas. Não temos dúvida de que a imagem 
e o contato com o cavalo agregaram aprendizados importantes para o dia a 
dia desses praticantes.
Os cavalos utilizados no projeto “Comunicar com Equoterapia” foram 
treinados com a orientação da ANDE-BRASIL, usando os princípios do hor-
semanship. Foram cavalos que se mantiveram calmos e pacientes diante da 
variedade de comportamentos e reações das crianças com TEA; para muitas 
delas, a equoterapia possibilitou o seu primeiro contato com um cavalo. A 
figura do treinador-equitador esteve sempre presente durante as sessões, e a 
sua mediação foi crucial para garantir o apoio e a segurança que tanto o cavalo 
como a criança necessitavam.
Os praticantes, ao longo da intervenção equoterápica, foram colecionando 
experiências inesquecíveis, seja no picadeiro ou nas trilhas em contato direto 
com a natureza; a equipe de equoterapia teve a oportunidade de aprofundar 
seu envolvimento com os cavalos e, aos poucos, conhecer melhor cada uma 
das crianças com TEA, de forma a desenvolver estratégias cada vez mais 
eficientes para sua participação efetiva nas sessões. Os próprios cavalos, prin-
cipais agentes de toda a magia da equoterapia e o ponto chave do protocolo 
experimental, foram devidamente recompensados com atenção e o carinho 
de todos os envolvidos. Isso é o que a equoterapia proporciona a todos os 
envolvidos no processo.
Particularmente, no projeto “Comunicar com Equoterapia”, a preparação 
do cavalo para se relacionar com crianças autistas, que podem apresentar 
comportamentos diferenciados, mostrou-se extremamente útil e necessária. 
A plenitude da experiência proposta pela equoterapia pressupõe a existência 
de um cavalo apto a se relacionar com crianças que tenham personalida-
des tão distintas, que podem ter atitudes inesperadas, que variam desde uma 
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curiosidade infantil associada a falta de uma noção do risco, até o receio do 
desconhecido e a relutância em fazer a aproximação, que pode estar acom-
panhada de choro e gritos.
A escolha do cavalo
A escolha do cavalo para interagir com crianças autistas deve ser feita 
considerando, de um lado, as peculiaridades desse quadro clínico e, de outro, 
o temperamento do cavalo. Uma escolha inadequada pode gerar um estresse 
para o cavalo, uma dificuldade extra para a equipe de equoterapia e uma 
experiência desagradável para as crianças, que pode ser traumática e, por-
tanto, difícil de ser superada. Além das dificuldades, a escolha inadequada 
também pode resultar em um risco para a integridade física e a segurança de 
todos os envolvidos.
O cavalo a ser utilizado na equoterapia para crianças com TEA 
precisa ser especial: é preciso avaliar o seu comportamento diante de 
situações inusitadas, quando ocorrem gritos, choro, movimentos brus-
cos e até empurrões, socos ou tapas; o cavalo deve reagir a tais situa-
ções com passividade e sem se assustar, demonstrando total confiança 
no equitador.
Como se tratava de uma pesquisa, onde os parâmetros da intervenção 
equoterápica deveriam seguir um padrão, que permitisse fazer a comparação 
das diferenças entre os grupos experimental e controle, foram feitas suges-
tões aos equitadores dos polos que participaram da amostra do estudo, a fim 
de uniformizar algumas características dos cavalos, em relação aos aspectos 
comportamentais e físicos dos equinos.
No tocante aos aspectos comportamentais, os cavalos deveriam ser 
dóceis, adestrados, calmos e sem vícios comportamentais. No caso dos aspec-
tos físicos, os cavalos deveriam ter uma altura entre 1,40m e 1,52m (medida 
do chão, junto aos anteriores do cavalo, até o ponto mais alto do garrote ou 
cernelha), sem defeitos físicos, com garrote pouco saliente, dorso plano, idade 
superior aos 5 anos, macho, castrado e que realizassem as três andaduras: 
passo, trote e galope, consideradas como requisitos para atender ao protocolo 
de atendimento dos praticantes(6).
Na equoterapia, a utilização de um cavalo adequadamente formado 
cria inúmeras opções de atividades para os diversos tipos de deficiências e 
patologias. No caso específico do projeto “Comunicar com Equoterapia”, 
que teve a participação de crianças com TEA, a escolha do cavalo adequado 
fez toda a diferença. Os cavalos que participaram do estudo proporciona-
ram aos praticantes experiências diversificadas que mobilizaram todos os 
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sentidos do corpo, além do prazer de estar em contato com um animal tão 
forte e precioso.
Preparação do cavalo e do ambiente de trabalho
Na experiência do projeto Comunicar com Equoterapia verificamos 
que no processo de preparação do cavalo convém realizar, previamente, 
treinamentos com os animais que serão utilizados nas sessões de equote-
rapia. É fundamental e educativo, que o equitador tenha a oportunidade de 
conhecer algumas crianças com TEA previamente para que avalie quais 
são as situações com as quais ele e o cavalo terão que aprender a lidar. 
Esse princípio vale também para o próprio cavalo, pois o equitador deve 
observar atentamente as suas reações para familiarizar-se com seu tem-
peramento. Por último, essa experiência prévia contribui para definir e 
deixar claro para todos na equipe de equoterapia, qual é o papel a ser 
exercido pelo equitador a fim de promover e monitorar a aproximação 
dos praticantes com o cavalo.
Aprendemos, por exemplo, que a preparação do cavalo e do local para 
a realização da equoterapia é algo que deve ser incluído no protocolo de 
atendimento, pois deve iniciar pelo menos uma hora antes do horário previsto 
para o atendimento. Para evitar que ocorram improvisações que aumentem o 
risco de situações indesejáveis, é importante, por exemplo, que o equitador 
verifique se o cavaloestá descansado, bem alimentado, sem nenhum descon-
forto aparente ou comportamentos atípicos, como também, se as condições 
do local estão adequadas, ou se existe algo que, potencialmente, pode gerar 
estresse para o cavalo.
Com relação ao cavalo, em primeiro lugar, verificamos as condições 
dos cascos, elemento que deve receber uma atenção especial e muitas vezes 
é negligenciado. Se o cavalo não usa ferraduras, sempre verificamos se o 
casco está corretamente casqueado, isso significa que as paredes devem 
estar sem pontas, bem como, a sola e as barras devem ficar sem excessos. 
O casco, se necessário, pode sofrer correções antes do atendimento, desde 
que o casqueamento seja leve e corretivo; é contraindicado realizar cas-
queamento que deixe o casco sensível de forma a afetar o movimento do 
cavalo. Caso o cavalo use ferraduras, verificamos se essas estão bem fixas. 
Por fim, a limpeza da ranilha garante que o casco não tenha objetos como 
pedras ou pedaços de madeira que possam prejudicar a andadura natural 
do cavalo.
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Em seguida, asseguramos que o cavalo estivesse limpo e escovado. Pre-
ferencialmente, optamos por não utilizar produtos de limpeza que pudessem 
ter odores fortes para não criar rejeição do praticante.
Na avaliação do ambiente, um dos aspectos considerados foi a pre-
sença de moscas em excesso, por ser algo que irrita o cavalo e afeta o 
seu temperamento. De acordo com a situação, recorremos ao uso de uma 
máscara protetora para a cabeça no cavalo, de maneira a poupá-lo do 
incômodo de espantar moscas o tempo todo. Esse foi um pequeno inves-
timento que rendeu muitos benefícios, principalmente para o bem-estar 
do cavalo.
Atentamos também para as condições do ambiente nas quais o cavalo 
aguarda para o início do atendimento. Procuramos um local tranquilo, livre 
de qualquer tipo de estresse, onde o cavalo pudesse pastar junto ao profissio-
nal de equitação, ou ao guia, para reforçar o vínculo entre eles e transmitir 
para o cavalo a segurança de que vai estar junto com alguém que ele já 
conhece e confia.
Por último, verificamos se as ferramentas básicas de trabalho estão dis-
poníveis e de fácil acesso, tais como: chicote longo e chicote curto, que 
funcionam como extensão do braço do equitador; cabresto com guia longa e 
outros itens que se mostrem importantes na relação com o cavalo de forma a 
garantir a preparação do conjunto treinador-cavalo para o melhor atendimento 
possível às crianças com TEA
Apresentação do cavalo às crianças e aos pais ou responsáveis
Apresentar o cavalo aos pais e às crianças com TEA, e ao mesmo 
tempo, criar familiaridade do cavalo com as crianças, foi o primeiro passo 
para promover a aproximação entre eles. A nossa meta foi realizar algumas 
atividades em que estivessem separados, de modo a gerar curiosidade e, 
gradativamente, criar atividades nas quais tivessem que se aproximar um 
do outro. Essa fase contribuiu, ao mesmo tempo, para que o profissional 
de equitação conseguisse entender o tipo de comportamento do grupo de 
crianças com TEA e as variações que poderiam ocorrer. A apresentação foi 
realizada fora e dentro do redondel, circulando o cavalo ao passo com o 
equitador puxando-o pela guia do cabresto. Não foi necessário que o equi-
tador fizesse qualquer comentário ao grupo, pois a cena em si é que iniciou 
o processo de atendimento.
Terminada a apresentação, o cavalo foi colocado no centro do redondel 
e o equitador se dirigiu ao grupo de pais e crianças para explicar o tipo de 
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trabalho que seria realizado com o cavalo. Foi a oportunidade de expor, em 
breves palavras, os princípios do horsemanship, para demonstrar a existência 
de uma relação de respeito e de confiança entre o cavalo e o equitador, como 
também, que o equitador, com sua experiência, vai figurar, continuamente, 
como mediador entre o praticante e o cavalo.
Esses procedimentos iniciais garantiram condições apropriadas para 
que as crianças pudessem se aproximar e interagir com o cavalo de forma 
livre, guiadas pela curiosidade, podendo explorar espontaneamente o corpo 
do cavalo; algumas crianças circularam próximas ao cavalo e, quando cha-
madas, tocaram e “conversaram” com o cavalo. Os cavalos, por sua vez, 
mantiveram-se calmos e confiantes.
Para os pais e responsáveis que estavam acompanhando as crianças, 
as atividades de aproximação demonstraram que: os cavalos recebem um 
treinamento especial; que os profissionais têm experiência e sabem lidar 
com o cavalo; que as crianças estão seguras e todos os cuidados são 
tomados para que não fiquem expostas a riscos para sua integridade física 
e psicológica.
Apresentação de controle do movimento do cavalo
Um dos principais objetivos do método horsemanship é que o controle 
dos movimentos do cavalo seja decorrente de uma integração do cavalo 
com o equitador, o que destaca a comunicação entre eles. Como o foco da 
intervenção é justamente o processo de comunicação, a demonstração de 
que o equitador orienta o cavalo sobre o que deve fazer e, em contrapartida, 
o cavalo entende e obedece aos comandos do equitador, além de ser um 
momento de rara beleza, pois os movimentos do cavalo são majestosos, 
são claramente uma demonstração de parceria, quando o cavalo, após rea-
lizar alguns movimentos, caminha espontaneamente para o equitador ao 
seu chamado.
As atividades de apresentação do cavalo para as crianças e os pais e 
foram breves, pois o objetivo principal era viabilizar o contato das crianças 
com o cavalo. Primeiro deixamos o cavalo em liberdade no redondel; em 
seguida, fizemos o cavalo caminhar ao passo em uma direção e, após uma 
ou duas voltas, mudar para a direção oposta; essa mudança de direção ao 
passo foi repetida duas vezes; repetimos o mesmo exercício ao trote e ao 
galope, de forma a explorar as três andaduras naturais do cavalo; o aumento 
progressivo da velocidade cria a expectativa de um clímax, que encanta 
a plateia.
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Após termos demonstrado a sintonia e a liderança na relação entre 
equitador e cavalo, diminuímos o ritmo dos movimentos e retiramos a 
pressão sobre o cavalo, tranquilizando-o. Esse foi o indicador para ini-
ciar a aproximação entre o cavalo e as crianças com TEA. Vamos descre-
ver a cena:
• o equitador estende a mão na direção do focinho do cavalo, como 
se tivesse uma corda imaginária vinculando um ao outro; em 
seguida, faz um movimento como se estivesse puxando essa corda 
ao seu encontro;
• normalmente, o cavalo diminui o ritmo até parar e olhar na direção 
do equitador;
• o equitador, parado na frente do cavalo, larga o chicote de trabalho, 
abaixa a cabeça, olha para baixo e, lentamente, caminha em direção 
ao cavalo, que permanece parado;
• ao chegar bem próximo, o equitador afaga a testa do cavalo, que 
se mantém receptivo; neste ponto, ligados pelo gesto de carinho, 
equitador e cavalo demonstram respeito mútuo;
• o equitador se vira lentamente, ficando de costas para o cavalo, 
com os ombros na altura do focinho, e caminha afastando-se sem 
olhar para trás;
• o cavalo, espontaneamente, acompanha o equitador caminhando 
atrás dele;
• o equitador, após alguns passos, interrompe a caminhada e se vira 
novamente de frente para o cavalo, que também fica parado na 
sua frente;
• por último, o treinador toca em diversas partes do corpo do cavalo, 
principalmente as partes nas quais as crianças estariam em contato, 
como: pescoço, dorso, garupa, flanco, pernas e cascos.
Finalizadas essas atividades, tudo pronto para a próximafase.
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Figura 1 – Conexão do equitador com o cavalo pelo método Hosermanship
Recepção das crianças
A recepção das crianças com TEA, assim como as sessões de 
equoterapia, foram realizadas individualmente, logo, não deve ser 
feita com um grupo numeroso de crianças, para que não fiquem 
muito tempo esperando, o que pode prejudicar a aproximação com 
o cavalo.
Nossa experiência nos ensinou que se deve evitar que os pais acompa-
nhem as crianças ao picadeiro. O ideal é que o equitador assuma a responsa-
bilidade de se aproximar da criança e de fazer a mediação dela com o cavalo, 
o que contribui para estimular autonomia e liberdade de ação das crianças, 
independente da companhia dos pais. Temos que lembrar que os pais não 
vão estar presentes nas sessões de equoterapia. Na verdade, quando recor-
remos a estratégias de apoio para a participação das crianças, devemos estar 
conscientes de que é um processo em duas etapas: a primeira, alcançar um 
objetivo por meio do apoio (como por exemplo, a presença dos pais favo-
recendo a aproximação com o cavalo), mas, uma vez alcançado o objetivo, 
inicia a segunda etapa, retirar o apoio para que o objetivo seja alcançado de 
forma autônoma. Sendo assim, o apoio apenas deve ser utilizado quando 
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não for possível realizar diretamente a atividade, caso contrário, damos 
início a um processo mais demorado, em duas etapas, que às vezes, nem 
era necessário.
Em todos os atendimentos, o equitador recebeu as crianças no pica-
deiro, acompanhadas de um dos membros da equipe de equoterapia. Verifi-
camos que o primeiro passo foi estabelecer um vínculo entre a criança com 
TEA e o equitador, ao invés de levar a criança para um contato direto com 
o cavalo. Dessa maneira, o equitador, que a criança já viu se relacionando 
com o cavalo, transforma-se no elo entre ela e o cavalo. Na aproximação 
com a criança com TEA, nos agachamos para que o olhar estivesse no 
mesmo nível com o da criança, estendemos os braços e esperamos que a 
criança viesse até nós para um abraço. Sem perda de tempo, de acordo com 
o tamanho da criança, entramos no picadeiro com a criança no colo ou de 
mãos dadas, com o cuidado de permanecer em uma posição intermediária 
entre o cavalo e a criança. Utilizando uma linguagem carinhosa e afável, 
levamos a crianças até o cavalo. A Figura 2 mostra uma foto que registra 
um desses momentos.
Figura 2 – aproximação da criança ao cavalo por meio Hosermanship
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Exercício de contato com o cavalo
A interação com o cavalo ocorreu de diversas maneiras, que variaram 
de acordo com a posição: no solo ou no colo, e com a iniciativa da criança 
com TEA: de forma independente ou com a mediação do equitador. Seja 
no solo ou no colo do equitador, as crianças foram orientadas a explorar 
e conhecer o corpo do cavalo, começando pela crina, o dorso, a garupa, a 
cauda, a cernelha e, por último, a cabeça. Algumas crianças movidas pela 
curiosidade foram independentes e fizeram essa exploração sem qualquer 
ajuda do equitador, que permaneceu ao lado fazendo apenas a supervisão. 
Outras precisaram do apoio do equitador que, primeiro tocava o cavalo 
e depois convidava a criança a fazer o mesmo; em algumas situações, as 
crianças pegaram no braço do equitador enquanto ele tocava o cavalo, 
como se a mão do equitador fosse uma extensão da sua mão. No caso das 
crianças que demonstraram maior autonomia, geralmente elas quiseram 
montar o cavalo de imediato e, como esse era nosso objetivo final, essa 
oportunidade não foi desperdiçada. A Figura 3 mostra uma foto que registra 
um desses momentos.
Figura 3 – Contatos iniciais entre a criança com TEA e o 
cavalo durante as atividades de horsemanship
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Figura 4 – Praticante, mediadora e equitador explorando o cavalo
Em nossa experiência no projeto Comunicar com Equoterapia, pou-
cos praticantes não se interessaram em montar o cavalo logo de início, 
logo, as estratégias sugeridas foram eficientes para motivar as crianças 
com TEA a conhecerem algo novo, o que revela o encantamento que o 
cavalo exerce sobre elas, pois a curiosidade foi maior que a resistência 
que costumam apresentar quando a sua rotina é modificada. As experiên-
cias táteis de contato com o pelo do cavalo, olfativas com o cheiro do 
cavalo, auditivas com os sons que o cavalo emite, visuais com o tama-
nho do cavalo e a mudança do seu ângulo de visão das coisas quando 
está montada, além do calor ao abraçar o pescoço ou se deitar sobre 
o dorso do cavalo, proporcionaram para as crianças a oportunidade de 
conhecer melhor o seu próprio corpo e de interagir com o “outro”, ques-
tões que têm um forte impacto sobre o desenvolvimento das crianças 
com TEA.
Na próxima etapa, com a criança montada, iniciamos o movimento de 
equitação a passo. Seguramos firmemente a criança pelo quadril e pernas, 
contado com o apoio de outro mediador posicionado do lado oposto. Esse 
ponto marca o início do protocolo de intervenção equoterápica, logo, dos 
estímulos que a pesquisa pretende avaliar, principalmente se contribuem 
para a melhoria das habilidades biopsicossociais da criança com TEA e, 
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em particular, a sua expressão oral e gestual. Nas primeiras sessões, foram 
realizadas algumas voltas no redondel e, ao final, estacionamos no centro 
do picadeiro. Sempre que possível, a transição entre as etapas foi realizada 
de forma ágil, sem avisos prévios, aproveitando o ensejo gerado pela curio-
sidade das crianças.
Parados no centro do redondel, procuramos diversificar a posições do 
corpo durante a montaria, familiarizando a criança com as variações que serão 
importantes ao longo da intervenção: viramos as crianças de costas para a 
cabeça do cavalo (de frente para a garupa) e de lado (posição que gera maior 
instabilidade, pois diminui o apoio. Novamente, deitamos a criança sobre a 
garupa e, uma vez aceita essa posição, colocamos o cavalo novamente em um 
movimento lento, para que a criança se acostumasse a essa nova possibilidade 
de balanceio.
Ao final, exercitamos algumas possibilidades para desmontar e mon-
tar. Com o apoio de pessoas posicionadas de ambos os lados, equitador 
e equoterapeuta, deslizamos a criança de costas e de frente para o dorso, 
subindo e descendo do cavalo. Quando a criança desmontou do cavalo, 
aproveitamos a oportunidade para direcionar a atenção para explorar 
as partes baixas do corpo do cavalo, como os cascos e a cauda. Toda 
a cautela foi utilizada nesse exercício, para não expor a criança a ris-
cos desnecessários.
Finalizamos, dessa maneira, a fase de aproximação das crianças com o 
cavalo inspirada no horsemanship. Para completar, convidamos os pais ou 
responsáveis para adentrarem o picadeiro incentivando que a própria criança 
com TEA apresentasse o cavalo a eles. Nos casos em que, por desinteresse, 
a criança não quis apresentar o cavalo aos pais ou responsáveis, o equitador 
incentivou os pais a tocarem as mesmas partes do cavalo de forma a criar 
uma experiência comum que facilitasse, posteriormente, o diálogo entre pais/
mães e filhos/filhas.
Acreditamos, dessa forma, ter alcançado os principais objetivos do hor-
semanship para construir uma aproximação adequada entre os praticantes e 
o cavalo de equoterapia, principalmente quando consideramos que, para a 
maioria, era o primeiro contatocom o cavalo. Desse momento em diante, o 
cavalo de equoterapia se tornou um efetivo agente do processo terapêutico, 
enquanto o praticante se tornou um efetivo beneficiário da equoterapia. As 
sessões de equoterapia, portanto, devem transcorrer em um ambiente seguro 
e saudável, comprometido com o bem-estar de todos (as), o que oferece aos 
profissionais de equoterapia, condições adequadas para o sucesso da inter-
venção terapêutica.
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Figura 5 – Criança montada sem sela abraçando o cavalo 
com auxílio do equitador e auxiliar lateral
Durante as 24 (vinte e quatro) sessões equoterápicas realizadas no projeto 
Comunicar com Equoterapia, por uma questão de segurança, tanto o media-
dor quanto o equitador se mantiveram em uma posição intermediária, entre 
a criança com TEA e o cavalo.
As atividades do protocolo de intervenção utilizaram duas andaduras: 
passo e trote. O passo, por ser a andadura básica da equitação e quando o 
cavalo está mais equilibrado, os movimentos ocorrem de forma contínua, sem 
tempo de suspensão, pois sempre existe um ou mais membros em contato 
com o solo. O passo é ritmado e cadenciado em quatro tempos, em outras 
palavras, produz sempre o mesmo ritmo e a mesma cadência. É um movi-
mento simétrico, ou seja, o movimento que é produzido de um lado do equino, 
reproduz-se simetricamente do outro lado do animal(7).
O passo é a andadura mais utilizada na equoterapia nos programas de 
hipoterapia, voltado para a prática da equitação adaptada à pessoas com 
deficiência, e de educação/reeducação, com foco na iniciação à prática da 
equitação das pessoas de uma maneira geral(7). É nesta andadura que encon-
tramos a característica mais importante para a reabilitação: a realização 
de uma série de movimentos tridimensionais, sequenciados e simultâneos, 
que são produzidos pelo cavalo e transmitidos ao corpo do praticante(8).
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Além do passo, também utilizamos no protocolo de atendimento do 
projeto Comunicar com Equoterapia o trote, que segundo, Licart(7) é um anda-
dura simétrica, em dois tempos, saltada, isto é, existe um tempo de suspenção 
em seu movimento, que produz maior desequilíbrio no praticante, exigindo 
uma maior concentração, alinhamento corporal e força muscular. A transição 
do passo para o trote não fez parte das atividades de aproximação entre os 
praticantes e o cavalo, por ser uma mudança a ser implementada ao longo da 
intervenção, quando os praticantes já possuem alguma experiência. Alertamos, 
no entanto, que será necessário um novo treinamento, como também, que para 
evitar a mudança de cavalo, esse é um dos requisitos apontados na seleção e 
que não deve ser negligenciado
Considerações finais
Ao compartilhar a experiência da ANDE-BRASIL com o uso dos prin-
cípios do horsemanship, pretendemos oferecer à comunidade do cavalo, de 
uma maneira geral, e da equoterapia, em particular, subsídios para que reflitam 
sobre os cuidados importantes na seleção e preparação dos cavalos para a 
qualidade de proposta de intervenção em equoterapia.
O aspecto central a ser ressaltado no horsemanship é o respeito mútuo 
que deve pautar o relacionamento entre o equitador e o cavalo. Da parte do 
ser humano, destacamos a responsabilidade de empreender todos os esforços 
necessários a fim de criar um ambiente de bem-estar e segurança para o cavalo, 
assim como, de conhecer os comportamentos e o temperamento habitual do 
cavalo, de maneira a decidir como (?), se (?) e quando (?) deve ser utilizado 
na equoterapia. Da parte do cavalo, contamos com o seu potencial para res-
ponder ao treinamento e colocar-se à disposição para servir aos nobres pro-
pósitos da equoterapia. O compromisso com esses valores cria um ambiente 
propício ao desenvolvimento e à formação do cavalo para uma convivência 
saudável com o ser humano, independentemente do tipo de atividade que 
deverá desempenhar. (4)
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REFERÊNCIAS
1. Brasil. LEI No 13.830, DE 13 DE MAIO DE 2019. Dispõe sobre a prática 
da equoterapia. Brasília; 2019.
2. Rezende A. Equoterapia baseada em evidência científica: parceria entre 
ANDE-BRASIL e a UnB. In: Equoterapia e ciência: passos que transfor-
mam vidas. Curitiba: CRV; 2020. p. 12–32.
3. Morgan MH. The art of horsemanship. Courier Corporation; 2006.
4. Monty R. O homem que ouve cavalos. Brasil: Bertrand; 2009.
5. world of show jumping. Olympic course designer Santiago Varela “The 
horses are the stars of our sport and we have to protect them.” Available 
from: https://www.worldofshowjumping.com/WoSJ-Exclusive-interviews/
Olympic-course-designer-Santiago-Varela-The-horses-are-the-stars-of-
-our-sport-and-we-have-to-protect-them.html#
6. Cirillo L de C, Wickert H, Marcon J. O cavalo tipo para equoterapia. In: 
Curso básico de equoterpaia da ANDE-BRASIL. Brasília: ANDE-BRA-
SIL; 2010. p. 49–55.
7. Licart C. A arte da equitação: como aprender e ensinar a montar. Campi-
nas: Parapirus; 1988.
8. Wickert H. O cavalo como instrumento cinesioterapêutico. Equoterapia. 
(3):3–7.
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Introdução
Neste capítulo apresentamos a análise dos resultados da aplicação do 
Projeto Comunicar com Equoterapia em cinco estados brasileiros; o principal 
objetivo do projeto foi expandir e estruturar linguisticamente a comunicação 
de crianças com Transtorno do Espectro Autista. No âmbito do projeto Comu-
nicar com Equoterapia, que possui duas configurações, uma ligada à interven-
ção terapêutica e outra ao estudo científico dessa intervenção, elaboramos o 
programa “Fonoaudiologia e Equoterapia: Passo a Passo na Comunicação”. 
A elaboração do programa é um dos resultados do projeto, tanto que mereceu 
um capítulo do livro para ser relatado e devidamente documentado; agora, 
vamos nos dedicar a analisar os seus resultados.
Cumpre lembrar que esse projeto foi desenvolvido a partir de uma par-
ceria entre a ANDE-BRASIL e a Universidade de Brasília, que contou com 
financiamento público4 para sua realização, além da participação dos centros 
de equoterapia que aceitaram o convite para executar o programa e realizar a 
pesquisa com os praticantes que correspondiam aos critérios de inclusão na 
amostra do estudo.
A fim de reunir informações chaves para a compreensão abrangente 
dos resultados, a estrutura do capítulo está organizada com uma introdução, 
contendo aspectos relevantes sobre TEA e equoterapia, seguida pela descrição 
dos métodos da pesquisa, dos principais resultados, das discussões teóricas 
no diálogo com outros estudos relatados na literatura científica e, por fim, as 
conclusões do estudo.
Transtorno do Espectro Autista
O autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento, atualmente carac-
terizado como Transtorno do Espectro Autista pela Associação Americana 
de Psicologia (APA) que em sua quinta edição do Manual de Diagnóstico e 
Estatística dos Distúrbios Mentais (DSM) coloca as dificuldades persistentes 
em comunicação social e padrões repetitivos e restritos de comportamento 
como principais critérios diagnósticos(1,2).
Segundo Fernandes et al.(2), a Associação Americana de Fala, Linguagem 
e Audição (ASHA), descreve as habilidades de comunicação social como[...] habilidade para variar o estilo de fala, considerar a perspectiva de 
outros, compreender e usar de forma apropriada as regras de comunicação 
4 Emendas parlamentares executadas por meio do Ministério da Mulher da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH).
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verbal e não verbal e usar os aspectos estruturais da linguagem (por exem-
plo, vocabulário, sintaxe e fonologia) para atingir esses objetivos.
Além dessas dificuldades, pessoas diagnosticadas com TEA podem tam-
bém apresentar déficits para controlar seus pensamentos e comportamento, 
manter diálogo, dar início ou responder interações sociais, estabelecer contato 
visual, utilizar gestos e expressões faciais, como também, apresentar ausência 
de interesse mútuo(1).
Na tentativa de auxiliar as pessoas com TEA e suas famílias, diferen-
tes propostas de tratamentos e intervenções são descritos no que se refere 
à comunicação(3–6). Alguns relatos sobre as vantagens da interação entre as 
crianças com TEA e os cavalos(7), que indicam benefícios decorrentes das 
intervenções na equoterapia para crianças com TEA(8–13), motivaram a reali-
zação deste estudo.
Equoterapia
A equoterapia é um método de reabilitação que utiliza o cavalo como 
parte de uma abordagem interdisciplinar nas áreas da saúde, educação e 
equitação. Trata-se de uma proposta de intervenção que visa promover o 
desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiência e / ou com neces-
sidades específicas(14).
A palavra EQUOTERAPIA® foi criada pela ANDE-BRASIL, no intuito 
de caracterizar todas as práticas que utilizem técnicas de equitação e atividades 
equestres para a reabilitação e a educação de pessoas com deficiência ou com 
necessidades específicas(15).
A equoterapia envolve o praticante com a realização de atividades que 
exigem a participação do corpo inteiro, contribuindo, assim, para o desen-
volvimento da força, do tônus muscular, da flexibilidade, do relaxamento, 
da conscientização do próprio corpo, do aperfeiçoamento da coordenação 
motora e do equilíbrio.
As formas de socialização, a autoconfiança e a autoestima desenvol-
vem-se como resultado da interação com o cavalo, incluindo os primeiros 
contatos, o processo de montaria e o relacionamento com cavalo(15), mas tam-
bém, pela interação com a equipe de equoterapia, com os demais praticantes 
e com seus familiares, que vivenciam uma experiência prática do potencial 
de aprendizagem da criança.
A equoterapia é realizada por intermédio de programas individualizados, 
elaborados de acordo com as necessidades e potencialidades do praticante(16,17). 
Na equoterapia, o termo praticante é utilizado para designar a pessoa com 
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reabilitação de pessoas com transtorno do espectro autista 97
deficiência e/ou necessidades específicas que participa de forma ativa e cons-
ciente da proposta terapêutica, logo, não se trata de um paciente que é subme-
tido a um tratamento, mas de uma pessoa que tem a oportunidade de colocar 
em prática as suas habilidades para lidar com situações que desafiam a sua 
funcionalidade para responder aos estímulos de se andar a cavalo.
A interação entre o praticante e o cavalo é desenvolvida desde o momento 
em que o praticante monta o cavalo até o manuseio final, o que proporciona 
diferentes oportunidades de socialização, que repercutem no aumento da auto-
confiança e autoestima(16). A intensidade dos sentimentos e emoções desenca-
deados pela interação com o cavalo faz com que o indivíduo tenha melhores 
relações com aqueles que lhe são próximos. A confiança conquistada também 
permite acelerar o desenvolvimento de múltiplas potencialidades que são 
responsáveis pelas interações sociais e pessoais daqueles que têm deficiências 
ou dificuldades com as pessoas que fazem parte do seu cotidiano. Além disso, 
diferentes percepções e sensações corporais criam um ambiente único para 
as trocas linguísticas entre o(a) mediador(a) e o praticante(18).
Estudos recentes desenvolvidos sobre crianças com TEA mostram resul-
tados positivos da equoterapia(11,19–22), porém os aspectos comunicativos ainda 
são pouco estudados. O Programa Passo a Passo na Comunicação foi desen-
volvido com foco nas habilidades comunicativas sociais e foi implementado 
no projeto Comunicar com Equoterapia. A seguir, apresentamos os objetivos 
gerais e específicos da pesquisa considerando: o público-alvo (crianças com 
TEA); a equoterapia, e; as habilidades comunicativas que poderiam ser apri-
moradas pelo programa.
Objetivos
Objetivo geral
Avaliar os efeitos da equoterapia em crianças diagnosticadas com TEA 
em cinco estados do Brasil.
Objetivos específicos
• Analisar, separadamente, os resultados obtidos pelo grupo que 
realizou equoterapia uma vez por semana, e do grupo com duas 
sessões por semana, nas seguintes variáveis: fala, comunicação, 
linguagem, sociabilidade, percepção sensorial, aspectos cognitivos, 
físicos e comportamentais.
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98
• Comparar os resultados obtidos pelo grupo de crianças que prati-
cou o programa uma vez por semana com o grupo de crianças que 
praticou duas vezes por semana.
Métodos
Aspectos éticos
Trata-se de um projeto de pesquisa aprovado pelo Comitê de Ética em 
Pesquisa da Faculdade de Ceilândia da Universidade de Brasília, por meio 
do Parecer N. 3473484 e CAAE N. 14946819.8.0000.8093. Todos os res-
ponsáveis assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e as 
crianças assinaram (ou manifestaram interesse de forma gráfica) um Termo 
de Assentimento Livre e Esclarecido. Participaram da pesquisa crianças com 
diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA), com idade entre 2 e 7 
anos, idade considerada no início do projeto.
Tipo de estudo
Trata-se de uma pesquisa longitudinal, com seis meses de duração, do 
tipo ensaio clínico. Possui um caráter descritivo com 3 momentos de ava-
liação para os grupos G1 (uma sessão por semana, 6 meses de intervenção) 
e 4 momentos para o grupo G2 (duas sessões por semana, 3 meses de inter-
venção) – o G2 foi realizado em Brasília. As medições foram realizadas com 
avaliadores cegos. No primeiro momento, os candidatos inscritos no projeto 
após divulgação realizada pela ANDE-BRASIL foram selecionados. A partir 
da seleção, demos início à primeira avaliação e alocação dos participantes 
nos dois grupos por meio de sorteio. As crianças destinadas ao grupo G1 
iniciaram imediatamente as sessões, uma vez por semana, por 3 meses; as do 
grupo G2 ficaram esses três meses em espera; todas participaram juntas da 
segunda avaliação. Após a segunda avaliação, o grupo G1 deu continuidade 
às intervenções por mais três meses, uma vez na semana, e o grupo G2 iniciou 
suas intervenções, duas vezes na semana, por três meses. Passado os três meses 
finais os dois grupos voltaram para fazer a terceira avaliação (figura 1). Os 
dois grupos fizeram o mesmo número total, ou seja, 24 sessões.
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COMUNICAR COM EQUOTERAPIA: efeito da equoterapia na 
reabilitação de pessoas com transtorno do espectro autista 99
Figura 1 – Diagrama com as fases do delineamento da pesquisa 
sobre equoterapia e comunicação para crianças com TEA
Seleção dos participantes
Avaliação e alocação dos participantes
3 meses de espera
3 meses de intervenção,
1 vez por semana
3 meses de intervenção,
1 vez por semana
1 mês e meio, 2 vezes
por semana
1 mês e meio, 2 vezes
por semana
Terceira avaliação
participantes G2
Última avaliação de todos os participantes
Segunda avaliação de todos os participantes
G1 G2
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100
ParticipantesO estudo iniciou com 120 crianças selecionadas, porém, 23 não concluí-
ram as atividades previstas. Os principais motivos foram: faltas que não foram 
repostas rapidamente; crianças com muita dificuldade de iniciar o programa 
por medo excessivo do cavalo; protocolos de avaliação preenchidos parcial-
mente ou com qualquer suspeita de rasuras.
Participaram até o final do estudo 97 crianças no total, a saber: 31 crian-
ças no G1 de Brasília, 25 crianças no G2 de Brasília (DF), 21 crianças no G1 
de Gurupi – Tocantins (TO), 10 crianças no G1 de Alagoas – Maceió (MCZ), 
cinco crianças no G2 de Jaguariúna – São Paulo (SP) e cinco crianças no G2 
de Natal – Rio Grande do Norte (RN). Todas as crianças do estudo estavam na 
faixa etária de dois até 10 anos de idade antes e após a finalização das coletas, 
bem como possuíam o diagnóstico médico prévio à pesquisa de Transtorno 
do Espectro Autista (TEA).
Em relação às 31 crianças que compuseram o G1 de Brasília (DF), 3 eram 
do gênero feminino e 28 do gênero masculino, e a média de idade do grupo 
foi de 4,4 ao início do estudo e 4,10 ao final do estudo. Enquanto isso, das 
25 crianças que estavam alocadas no G2 de Brasília (DF), 4 eram do gênero 
feminino e 21 do gênero masculino, e a média de idade do grupo foi de 5,1 
ao início do estudo e 5,7 ao final do estudo.
As 21 crianças no G1 de Gurupi – Tocantins (TO) estiveram divididas 
em 16 meninos e cinco meninas, e a média de idade do grupo foi de 5,4 ao 
início do estudo e 5,10 ao final do estudo.
As 10 crianças no G1 de Alagoas – Maceió (MCZ) estavam divididas 
em 10 meninos, e a média de idade do grupo foi de 3,1 ao início do estudo e 
3,7 ao final do estudo.
As cinco crianças no G2 de Jaguariúna – São Paulo (SP) estavam divi-
didas em quatro meninos e uma menina, e a média de idade do grupo foi de 
5,7 ao início do estudo e 6,1 ao final do estudo.
As cinco crianças no G2 de Natal – Rio Grande do Norte (RN) estavam 
divididas em quatro meninos e 1 menina, e a média de idade do grupo foi de 
3,1 ao início do estudo e 3,7 ao final do estudo.
Local Amostra (N) Grupo Frequência Feminino Masculino Idade média
DF 31 G1 1 vez na semana 3 28 4,4 anos
DF 25 G2 2 vezes na semana 4 21 5,1 anos
TO 21 G1 1 vez na semana 5 16 5,4 anos
MCZ 10 G1 1 vez na semana 0 10 3,2 anos
RN 5 G2 2 vezes na semana 1 4 3,1 anos
continua...
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reabilitação de pessoas com transtorno do espectro autista 101
Local Amostra (N) Grupo Frequência Feminino Masculino Idade média
SP 5 G2 2 vezes na semana 1 4 5,7 anos
Legenda: P – número de participantes� Local: DF – Brasília/Distrito Federal; TO 
– Gurupi/Tocantins; MCZ – Alagoas/Maceió; RN – Natal/Rio Grande do Norte; 
SP – Jaguariúna/São Paulo� Grupo: G1 – grupo 1; G2 – grupo 2� Frequência – 
frequência semanal de intervenção� Nas colunas de gênero: F – genêro feminino; 
M – gênero masculino� Na coluna de média de idade: a – anos; m – meses�
Instrumentos
A avaliação inicial e as reavaliações foram realizadas a partir da apli-
cação do protocolo Autism Treatment Evaluation Checklist (ATEC)(23). A 
ATEC é dividida em quatro campos diferentes. O primeiro campo avalia a 
fala, linguagem e comunicação com um total de quatorze perguntas onde o 
entrevistado dirá se descreve a criança, não a descreve ou a descreve mais ou 
menos. O segundo campo avalia a sociabilidade com um total de vinte pergun-
tas. O terceiro campo avalia percepção sensorial e cognitiva com dezenove 
perguntas. O quarto e último campo avalia a saúde, os aspectos físicos e o 
comportamento com vinte e cinco perguntas. A pontuação final varia de 0 a 
180, sendo que quanto menor a pontuação, melhor o resultado(23).
Procedimentos
Os procedimentos para realização da pesquisa incluíram ao todo 13 eta-
pas, conforme figura 2.
Figura 2 – Etapas do processo de avaliação realizado ao longo da 
pesquisa sobre equoterapia e comunicação para crianças com TEA
Triagem
inicial
Avaliações
fonoaudiológicas
Avaliações
psicológicas e
�sioterápicas
Intervenção
1x por
semana
por 3
meses (12
sessões)
Mais 12
sessões 1x
por
semana
(24
sessões
Intervenção
2x por
semana
por 3
meses (24
sessões no
Em
espera
por 3
meses
(12
sessões)
Entrevista ATEC
ATEC
ATEC ATEC
ATEC
no total)
total)
continuação
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A primeira etapa, triagem inicial, foi realizada via telefone para saber se 
a criança estava dentro dos critérios de inclusão e, caso preenchesse os requi-
sitos, a primeira entrevista com os pais era marcada de forma presencial. A 
entrevista inicial tinha por objetivo confirmar se a criança atendia aos critérios 
iniciais de elegibilidade. Em seguida foram realizadas as avaliações específicas 
da própria ANDE-BRASIL, feitas por um psicólogo e um fisioterapeuta com 
média de uma hora de duração.
Após essas três primeiras etapas, os profissionais decidiam pela elegibi-
lidade da criança e as avaliações fonoaudiológicas eram agendadas. A criança 
era submetida a duas avaliações com duração média de uma hora e 30 minutos, 
enquanto os responsáveis respondiam questões relativas à ATEC.
Ao iniciar a avaliação da ATEC era pedido para que os pais sempre 
respondessem da forma mais sincera e objetiva para que não houvesse erro 
na mensuração do progresso de cada criança. As perguntas eram feitas como 
descritas em toda a avaliação e se não houvesse possibilidade de concluir 
nesse primeiro dia, o retorno era marcado para a semana seguinte. A ATEC 
foi reaplicada após 3 e 6 meses, como visto na figura 2.
Análise dos dados
A análise de dados iniciou-se com uma separação das ATEC pelos seus 
momentos, intituladas de pré-avaliação, intermediária 1, intermediária 2, pós 
avaliação. A codificação foi separada por negativo e positivo sendo o módulo 
1 positivo, módulo 2 negativo, módulo 3 positivo, módulo 4 negativo. Nos 
módulos negativos a contagem foi de 0 (base) a 2 (teto) e nos módulos posi-
tivos a contagem foi de 2 (base) a 0 (teto), lembrando que, quanto menor a 
pontuação, melhor o resultado.
Foram realizadas medidas de estatística descritiva, teste t pareado para 
comparação das médias pré e pós-intervenção e não pareado para comparação 
entre grupos.
Resultados e discussão
Após análise estatística exploratória dos dados, 61 crianças apresenta-
ram dados consistentes para uma análise inferencial das questões de estudo. 
Dessas, 39 são do G1, ou seja, participaram 1 vez por semana, e 22 no G2, ou 
seja, fizeram equoterapia 2 vezes por semana. Para apresentação dos resulta-
dos e discussão, identificamos em três questões teóricas principais, a serem 
esclarecidas a partir das evidências obtidas.
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reabilitação de pessoas com transtorno do espectro autista 103
Pergunta 1: Houve indicativo de progresso para os participantes 
do G1?
Os participantes do G1 mostraram progresso em todos os subitens da 
escala ATEC, com diferença estatisticamente significativa ao se comparar pré 
e pós-intervenção, como pode ser visualizado na Tabela 1. A única exceção 
foi o componente percepção sensorial e cognição.
De acordo com a Tabela 1, dos 39 participantes que compõem o G1: 
três tiveram progresso em um dos quatro campos da ATEC, a saber: Fala/
Linguagem/Comunicação, Sociabilidade e Saúde/Aspectos Físicos/Com-
portamento; Nove tiveram progresso em dois dos quatro campos da ATEC, 
sendo 8 em Sociabilidade, 5 em Saúde/Aspectos Físicos/Comportamento, 3 
em Fala/Linguagem/Comunicação e 2 em Percepção sensorial e cognitiva; 17 
tiveram progresso em três dos quatro campos da ATEC, sendo 15 nos campos 
de Fala/Linguagem/Comunicação e Sociabilidade, 12 em Saúde/Aspectos 
Físicos/Comportamento e nove em Percepção sensorial e cognitiva;por fim, 
10 tiveram progressos nos quatros campos da ATEC.
Tabela 1 – Escores parciais da Atec para G1 nos momentos pré e pós-intervenção 
e valor de p para cada componente da escala. Os resultados com inferior a 0,05 
(marcados com “*” são considerados estatisticamente significativos. Situações em 
que houve progresso estão em verde e em amarelo as que não tiveram progresso
Amostra 
Percep. sens. cog. Fala/Ling./Com. Saúde/Fís./Comp.  Sociabilidade
Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós
16 11 16 9 13 18 19 20 13
25 10 11 10 8 20 23 8 15
27 25 28 24 25 30 26 29 29
6 5 15 2 6 14 9 13 4
22 8 9 4 5 16 11 8 2
19 8 10 8 12 9 5 4 3
9 20 22 20 17 16 24 27 15
14 9 20 22 3 17 24 15 12
35 28 32 26 28 20 13 35 24
4 7 10 13 9 18 13 9 14
34 24 18 26 27 33 38 33 31
1 8 3 2 4 17 17 11 4
23 7 11 3 2 20 9 11 6
26 4 7 4 3 26 13 21 16
5 6 9 10 5 17 16 20 12
29 9 10 10 8 15 5 21 17
18 22 25 20 19 29 25 29 19
continua...
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Amostra 
Percep. sens. cog. Fala/Ling./Com. Saúde/Fís./Comp.  Sociabilidade
Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós
3 15 17 23 22 29 28 18 14
32 24 29 25 24 14 0 33 29
37 7 7 16 4 16 9 14 5
30 9 6 6 7 33 25 16 9
2 14 13 6 6 33 16 19 13
38 11 9 13 6 14 16 10 8
7 10 7 16 0 18 20 14 7
39 30 23 19 14 39 58 33 25
13 10 8 20 2 19 21 24 12
36 11 9 20 17 11 11 19 9
24 5 4 7 5 20 13 10 15
12 17 12 22 14 23 13 16 18
15 7 2 3 1 14 8 11 2
10 12 4 5 4 25 22 16 8
17 7 3 8 3 12 7 5 1
33 20 16 18 14 42 25 24 22
21 15 7 21 13 24 8 26 17
31 22 22 21 16 55 35 28 23
20 24 13 21 17 29 20 25 20
11 23 9 23 4 22 18 21 2
28 23 14 23 18 13 7 20 15
8 20 8 25 21 31 5 22 7
Teste t
0,08 0,0001* 0,0002* 0,0000*
p-valor
continuação
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reabilitação de pessoas com transtorno do espectro autista 105
Gráfico 1 – Comparação entre os momentos 
Pré e Pós de cada um dos quatro componentes da 
ATEC para o Grupo 1 (uma vez por semana)
Dados Pré e Pós dos fatores da ATEC: Percepção Sensorial e Cognitiva/ Fala, Linguagem, Comunicação/
Saúde, Aspectos Físicos, Comportamento/ Sociabilidade
Grupo 1 – Uma sessão por semana
P S C - Pré P S C - Pós F L C - Pré F L C - Pós S A S C - Pré S A S C - Pós Soc - Pré Soc - Pós
60
50
40
30
20
10
0
Para o escore final da ATEC, o valor dos quatro componentes são soma-
dos e o Efeito final é calculado pela diferença entre o total nos momentos pré 
e pós intervenção; os dados podem ser visualizados no Gráfico 1, a seguir.
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Gráfico 2 – Escore final da ATEC para o G1 nos momentos pré e pós-intervenção
Valor do Efeito (ATEC Pós - Pré) para cada um dos participantes do Grupo 1
(o destaque indica os participantes acima da média)
Grupo 1 – Uma sessão por semana60,0
40,0
20,0
,0
Ef
ei
to
 (P
ós
-P
ré
)
Participante
Média Efeito = 15,7
2516192763943414324922381
5183523322936263017101215272833
133121
118 3720
O efeito médio, para o Grupo 1, de acordo com o Gráfico 2, foi de 15,7 
pontos no escore total da ATEC. Apenas 5 de 39 crianças não apresentaram 
benefícios quando se comparam os valores da avaliação pré-equoterapia com 
os da pós-equoterapia. Para algumas crianças, como as identificadas com os 
números 8 e 11, o efeito chegou a uma diferença de quase 60 pontos na escala 
da ATEC. Ao compararmos estatisticamente os escores totais da ATEC para o 
Grupo 1, encontramos valor de p<0,000, que é uma diferença estatisticamente 
significativa. Esse resultado indica que a comparação, para cada criança, entre 
os valores antes da equoterapia e os valores ao final das 24 sessões, ao longo 
de seis meses, foram considerados como diferentes, logo, que as crianças 
com uma sessão por semana tiveram uma modificação relevante ao longo 
da pesquisa.
Pergunta 2: Houve indicativo de evolução do G2?
Os resultados do G2 tiveram resultados muito parecidos com G1: verifi-
camos progresso em todos os subitens da escala ATEC, com diferença estatis-
ticamente significativa ao se comparar pré e pós-intervenção (tabela 2), com 
exceção do componente Percepção sensorial e cognição.
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COMUNICAR COM EQUOTERAPIA: efeito da equoterapia na 
reabilitação de pessoas com transtorno do espectro autista 107
Tabela 2 – Escores parciais da Atec para G2 nos 
momentos pré e pós-intervenção e valor de p para cada 
componente da escala. Os resultados com inferior a 0,05 
(marcados com “*” são considerados estatisticamente significativos. Situações em 
que houve progresso estão em verde e em amarelo as que não tiveram progresso
Amostra
Percep. sens. cog. Fala/Ling./Com. Saúde/Fís./Comp. Sociabilidade
Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós
17 25 27 24 24 50 38 16 24
6 16 19 23 24 33 24 21 22
9 13 18 22 24 51 38 23 25
12 6 11 10 11 12 4 16 4
1 5 6 14 7 7 9 18 5
4 5 5 7 2 24 35 11 6
7 12 13 9 3 6 14 14 10
20 17 18 17 11 23 18 15 20
5 12 8 23 19 9 11 12 6
8 9 8 4 6 21 18 5 7
14 22 27 25 19 28 6 21 13
15 19 19 20 16 30 14 34 30
16 11 12 24 20 33 10 20 15
3 13 9 23 11 13 19 14 12
11 9 6 20 10 18 22 26 17
18 22 13 23 18 16 16 23 17
19 13 9 9 6 9 9 14 13
21 10 6 24 11 19 19 19 15
22 15 12 11 8 9 14 18 14
13 11 19 19 13 44 33 12 15
2 13 10 12 8 29 16 15 12
10 13 4 8 3 11 9 5 4
Teste t
0,300 0,000* 0,020* 0,006*
p-valorE
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Gráfico 3 – Comparação entre os momentos 
Pré e Pós de cada um dos quatro componentes da 
ATEC para o Grupo 2 (duas vezes por semana)
Dados Pré e Pós dos fatores da ATEC: Percepção Sensorial e Cognitiva/ Fala, Linguagem, Comunicação/
Saúde, Aspectos Físicos, Comportamento/ Sociabilidade
Grupo 2 – Duas sessões por semana
P S C - Pré P S C - Pós F L C - Pré F L C - Pós S A F C - Pré S A F C - Pós Soc - Pré Soc - Pós
60
50
40
30
20
10
0
De acordo com a Tabela 2, dos 22 participantes que compõem o G2: 
três tiveram progresso em um dos quatro campos da ATEC, a saber: Saúde/
Aspectos Físicos/Comportamento; Sete tiveram progresso em dois dos quatro 
campos da ATEC, sendo cinco em Sociabilidade, quatro em Fala/Lingua-
gem/Comunicação, três Saúde/Aspectos Físicos/Comportamento, e dois em 
Percepção sensorial e cognitiva; 10 tiveram progresso em três dos quatro 
campos da ATEC, sendo 10 no campo de Fala/Linguagem/Comunicação, 
nove em Sociabilidade, sete em Percepção sensorial e cognitiva e quatro em 
Saúde/Aspectos Físicos/Comportamento; por fim, dois tiveram progressos 
nos quatros campos da ATEC.
Na análise do escore final da ATEC, o valor dos componentes são soma-
dos e o Efeito final é a diferença entre os momentos pré e pós intervenção; os 
dados podem ser visualizados no Gráfico 3, acima.
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reabilitação de pessoas com transtorno do espectro autista 109
Gráfico 4 – Escore final da ATEC para o G2 nos momentos pré e pós-intervenção
Valor do Efeito (ATEC Pós - Pré) para cada um dos participantes do Grupo 2
(o destaque indica os participantes acima da média)
Grupo 2 – Duas sessões por semana60,0
40,0
20,0
,0
Ef
ei
to
 (P
ós
-P
ré
)
Participante
Média Efeito = 12,5
58 56 59 50 52 54 53 43 40 44 49 48 45 55 51 47 60 57 61 42 41 46
O efeito médio, para o Grupo 2, de acordo com o Gráfico 4, foi de 12,5 
pontos no escore total da ATEC, um pouco menor do que os resultados do 
Grupo 1. Apenas 2 de 22 crianças não apresentaram benefícios quando se 
comparam os valores da avaliação pré-equoterapia com os da pós-equotera-
pia. Para algumas crianças, como as identificadas com os números 58 e 56, 
o efeito chegou a uma diferença de mais de 30 pontosna escala da ATEC. 
Ao compararmos estatisticamente os escores totais da ATEC para o Grupo 2, 
encontramos valor de p<0,000, que, da mesma forma que no Grupo 1, é uma 
diferença estatisticamente significativa. Esse resultado indica que a compara-
ção, para cada criança, entre os valores antes da equoterapia e os valores ao 
final das 24 sessões, ao longo de 3 meses, foram considerados como diferentes, 
logo, que as crianças com duas sessões por semana tiveram uma modificação 
relevante ao longo da pesquisa.
Pergunta 3: Houve diferença de evolução entre G1 e G2?
Para compararmos a evolução dos grupos, subtraímos o escore inicial 
do escore final da ATEC. Quanto maior o valor, maior foi a evolução medida 
pela escala. A tabela 3 mostra os resultados pré e pós-intervenção, bem como 
a evolução bruta (pré – pós) em ambos os grupos.
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Tabela 3 – Resultados do escore final da ATEC nos momentos pré 
e pós-intervenção e evolução bruta nos grupos G1 e G2
Amostra
G1
Amostra
G2
Pré Pós Escore bruto Pré Pós Escore bruto
8 98 41 57 14 96 65 31
11 89 33 56 16 88 57 31
21 86 45 41 15 103 79 24
13 73 43 30 2 69 46 23
31 126 96 30 21 72 51 21
20 99 70 29 18 84 64 20
37 53 25 28 11 73 55 18
33 104 77 27 1 44 27 17
28 79 54 25 10 37 20 17
2 72 48 24 12 44 30 14
7 58 34 24 3 63 51 12
15 35 13 22 5 56 44 12
12 78 57 21 19 45 37 8
10 58 38 20 13 86 80 6
17 32 14 18 20 72 67 5
30 64 47 17 22 53 48 5
26 55 39 16 6 93 89 4
29 55 40 15 9 109 105 4
36 61 46 15 17 115 113 2
32 96 82 14 7 41 40 1
23 41 28 13 8 39 39 0
18 100 88 12 4 47 48 -1
35 109 97 12
5 53 42 11
1 38 28 10
22 36 27 9
38 48 39 9
9 83 78 5
24 42 37 5
3 85 81 4
14 63 59 4
34 116 114 2
4 47 46 1
39 121 120 1
6 34 34 0
27 108 108 0
19 29 30 -1
16 58 61 -3
25 48 57 -9
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COMUNICAR COM EQUOTERAPIA: efeito da equoterapia na 
reabilitação de pessoas com transtorno do espectro autista 111
Na análise comparativa entre grupos, encontramos valor de p de 0,3. 
Esse resultado indica que não foram encontradas diferenças de evolução bruta 
entre os grupos.
Gráfico 5 – Dados comparativos da ATEC nos momentos pré e pós-intervenção 
para os Grupos 1 (uma vez por semana) e 2 (duas vezes por semana)
Escore Total da ATEC, Pré e Pós, para os Grupos 1 (1x/semana) e 2 (2x/semana)
Grupos
125
100
75
50
25
0
1 (uma sessão por semana) 2 (duas sessões por semana)
ATEC Pré
ATEC Pós
Ao final do projeto a quantidade de crianças participantes do G2 foi 
menor que do G1. No grupo G1, as crianças e suas famílias se deslocavam 
para a equoterapia apenas uma vez por semana. Já no grupo G2, esse des-
locamento ocorria duas vezes por semana. Apesar da diferença entre uma e 
duas não parecer alta em um primeiro momento, os achados desta pesquisa 
mostraram que essa diferença é suficiente para diminuir significativamente o 
número de participantes que conseguiu estar presente sem faltas quando era 
exigida presença mais frequente, diminuindo de 39 (do G1) para 22 (do G2), 
representando quase metade. Possíveis motivos para essas faltas podem ser 
dificuldades de deslocamento, outros compromissos da família e questões 
socioeconômicas. Ressalta-se, entretanto, que todos os participantes iniciais 
de todos os estados foram atendidos até o final do programa, apenas não foram 
incluídos na análise.
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Considerações finais
Ao final desta pesquisa foi possível observar a efetividade do programa 
de equoterapia ‘passo a passo na comunicação’ em crianças diagnosticadas 
com TEA em cinco estados do Brasil nos aspectos de fala, linguagem e comu-
nicação, sociabilidade e na saúde, aspectos físicos e comportamentais.
A análise separada de cada grupo mostrou que todas as variáveis estu-
dadas apresentaram bons resultados na comparação da avaliação antes e após 
participação no Projeto Comunicar com Equoterapia.
Ao se comprar os dois grupos, o grupo de uma e duas vezes por semana, 
vimos que ambos apresentaram progressos de forma semelhante. Entretanto, 
tivemos perda amostral mais acentuada no G2. Podemos inferir, então, que 
o deslocamento para intervenção duas vezes por semana teve custo, finan-
ceiro ou não, muito alto para as famílias envolvidas. Sendo assim, não foram 
identificadas vantagens na oferta do atendimento com a frequência semanal 
de duas sessões.
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reabilitação de pessoas com transtorno do espectro autista 113
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Introdução
Atividades que têm um caráter inusitado, como por exemplo: caixa de 
areia, cama elástica, natação, equitação, dentre outras, representam um desafio 
para as crianças em geral, pois exigem a capacidade de explorar um ambiente 
desconhecido, provocando sensações corporais novas que, às vezes, implicam 
em uma desorganização da postura e, consequentemente, da imagem de si 
mesmo. Para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), esse desafio 
pode, inicialmente, transformar-se em uma barreira, o que exige o emprego de 
estratégias para uma familiarização progressiva com as experiências corporais 
decorrentes dessas atividades.
Nas pesquisas sobre os benefícios da equoterapia, quando essas bar-
reiras persistem além do curto período previsto para adaptação à atividade, 
normalmente, não mais do que duas ou três semanas, as crianças não são 
selecionadas para compor a amostra dos estudos, o que gera uma lacuna de 
conhecimentos sobre o seu potencial de aprendizagem e desenvolvimento. 
Como se trata de uma discrepância que não atende aos critérios de inclusão 
nos estudos, como também, que atinge um número relativamente pequeno de 
casos, as dificuldades de crianças, com ou sem TEA, para iniciar a prática de 
equoterapia ainda não tem despertado o interesse pelo seu estudo.
Quando as crianças estão diante de situações novas de aprendizagem, 
diversas dificuldades podem ser reveladas, o que nos permite conhecer melhor 
as crianças, seus interesses e suas necessidades. Ao reunir as informações 
decorrentes dessa fase diagnóstica, por assim dizer, com os conhecimentos 
sobre o cavalo e a equitação, é possível dar início a um processo de flexibiliza-
ção educacional, a fim de encontrar a melhor maneira de lidar com essas difi-
culdades e, portanto, contribuir para a construção de contextos formativos que 
favoreçam a sua aprendizagem e, consequentemente, o seu desenvolvimento.
Parte dessas dificuldades, como descrito acima, podem estar relacionadas 
com (a) o caráter inusitado das próprias atividades, ou seja, das sensações 
que provocam (vertigem, desequilíbrio, oscilação) e do impacto emocio-
nal que podem gerar (insegurança, medo, ansiedade, estresse), mas também, 
podem estar relacionadas com (b) as experiências anteriores, que marcaram 
a história de vida das crianças (traumas, angústias, sofrimentos) ou com (c) 
suas preferências e a maneira como costumam lidar com situações novas. 
Podem também estar relacionadas com (d) as características do ambiente, o 
que abrange o espaço, os sons, os cheiros e as sensações táteis, ou, com (e) 
o impacto gerado pela interação com os outros, que nesse caso, podem ser 
as diversas pessoas que compõem a equipe multidisciplinar de equoterapia, 
mas também, e principalmente, o cavalo. Não temos a pretensão de descrever 
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todos os aspectos que podem provocar dificuldade, mas, deixar evidente que 
existem muitas questões a serem consideradas, o que indica a necessidade de 
uma observação atenta para identificar o que pode estar desempenhando um 
papel decisivo em cada situação a ser analisada.
Independente da causa, as estratégias para contornar essas barreiras e 
dificuldades normalmente abrangem: (a) o envolvimento gradual da criança 
com a atividade, de forma a permitir uma familiarização progressiva; (b) o 
suporte afetivo que transmita segurança e apoio para que a criança supere 
ou consinta em participar da atividade; (c) o uso de recursos de dispersão 
(brincadeiras, músicas, fantasias, objetos), que retirem o foco de atenção da 
criança das situações adversas, de forma a viabilizar a realização paralela da 
atividade; (d) o apoio social dos pares, ou seja, a possibilidade de realizar a 
atividade em grupo, o que mobiliza sentimentos empáticos que favorecem a 
realização da atividade, pois, as crianças que têm facilidade assumem a lide-
rança e fornecem apoio vicário para que as outras as acompanhem.
Na nossa experiência com a realização do Programa Passo a Passo na 
Comunicação, atendemos, inicialmente, a 120 crianças com TEA, em cinco 
Estados, mas, nos deparamos com seis crianças com TEA que demonstraram 
dificuldades para iniciar a prática da equoterapia. Os motivos são diferentes 
e alguns podem estar sobrepostos, tais como: medo do cavalo, dificuldades 
familiares, medo de altura, rejeição do capacete, são alguns exemplos.
A intenção desse capítulo é fazer uma descrição geral de cada caso, de 
forma a destacar: (a) a singularidade de cada criança; (b) as informações 
disponíveis sobre as suas famílias; (c) as estratégias intuitivas que utilizamos 
para lidar com a situações adversas; (d) os resultados obtidos, favoráveis ou 
não. Em seguida, vamos fazer uma discussão teórica, pautada na teoria da 
Aprendizagem Mediada, proposta por Feuerstein (1991), para verificar as 
possibilidades de uma mediação educativa capaz de promover adaptações 
nas situações de aprendizagem que contribuam para a participação efetiva 
das crianças com TEA na equoterapia.
Vamos utilizar o conceito de recursos auxiliares de mediação que contri-
bui para sugerir possibilidades para a construção de estratégias que culminem 
no sucesso da aprendizagem, a saber: (1) regulação do nível de dificuldade, (2) 
utilização de estratégias de motivação, (3) utilização de meios para mobilização 
da atenção do educando para o tipo de atividade a ser realizada (CUNHA 
et al., 2006).
A regulação do nível de dificuldade pode se dar em dois sentidos antagô-
nicos: (a) diminuir a dificuldade da atividade para que corresponda ao nível de 
competência da criança, e; (b) aumentar a dificuldade para desafiar a criança. 
Ambos pretendem viabilizar a participação ativa da criança na atividade de 
forma a favorecer a formação de novas habilidades.
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COMUNICAR COM EQUOTERAPIA: efeito da equoterapia na 
reabilitação de pessoas com transtorno do espectro autista 121
A utilização de estratégias de motivação pode ser realizada de três 
maneiras diferentes, mas, complementares entre si: (a) elogiar a dedica-
ção da criança, no intuito de ampliar a resiliência, ou seja, a vontade de 
aprender; (b) destacar pequenos avanços na aprendizagem, no intuito de 
ampliar a percepção subjetiva de competência, ao mostrar para criança 
ela está tendo sucesso, e; (c) envolvimento empático-afetivo, ou seja, 
demonstrar para a criança, por meio de expressões corporais, gestuais e 
verbais, o seu interesse na aprendizagem dela. Atenção, nenhuma dessas 
alternativas motivacionais está relacionada com o resultado da atividade; 
todas se referem ao processo de construção de uma experiência de apren-
dizagem mediada.
A mobilização da atenção envolve duas estratégias de caráter cognitivo: 
(a) a experiência partilhada, quando o (a) mediador (a) age de forma coope-
rativa e auxilia na compreensão do tipo de atividade a ser realizada, e; (b) a 
transcendência, quando se recorre a conhecimentos prévios da criança, para 
fazer uma associação entre a atividade a ser realizada com outra que ela já 
aprendeu. Nesses dois recursos, o (a) mediador (a) deve fornecer orientações 
que mobilizem a atenção da criança para o problema a ser resolvido, pois a 
compreensão do problema é o primeiro passo para a descoberta autônoma 
de possíveis soluções.
O quadro 1, a seguir, reúne os recursos auxiliares de mediação de acordo 
com seus princípios organizadores.
Quadro 1 – Recursos auxiliares de mediação para flexibilização educacional
Recursos auxiliares de mediação
1. Regulação do nível de dificuldade
1a. Regulação à competência
1b. Desafio
2. Utilização de estratégias de motivação
2a. Elogiar
2b. Mudança
2c. Envolvimento afetivo
3. Mobilização da atenção
3a. Experiência partilhada
3b. Transcendência
Fonte: Autores�
As sugestões para adequar a proposta educativa às características de 
cada criança também estão pautadas na pesquisa dos significados que as 
experiências corporais podem ter para a criança, a partir dos princípios da 
Psicomotricidade Relacional, voltados para a dimensão afetiva implícita à 
interação da criança com: o seu próprio corpo, o corpo do outro (criança, 
adulto e cavalo), os objetos, o espaço e o tempo.
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Os nomes reais das crianças foram substituídos por nomes fictícios para 
resguardar as identidades dos praticantes e suas famílias.
Para uma compreensão abrangente da natureza das adaptações realizadas 
(intuitivamente) ou sugeridas (pela teoria), recomendamos a leitura prévia 
das atividades realizadas nas sessões de recepção e aproximação utilizando 
o horsemanship5, como também, nas sessões iniciais do Programa de Equo-
terapia Passo a Passo na Comunicação.
Caso Elaine
A criança
Elaine é uma criança de dois anos, do sexo feminino. O diagnóstico de 
autismo foi confirmado; apresenta um grau severo, segundo a Escala Cars. 
No Programa Passo a Passo na Comunicação foi classificada com grau de 
habilidades linguísticas no nível zero, o que significa que Elaine tem intenção 
comunicativa por meio de gestos, porém, não possui fala articulada, mas, 
comunica-se apontando e solicitando coisas. Às vezes, emite sons ininteligí-
veis, que não estão associados a indícios de satisfação ou de contrariedade.
A família
O pai e a mãe de Elaine têm um relacionamento conjugal bem estrutu-
rado, mantém bom entrosamento entre si e com a criança; demonstram estar 
organizados em relação a preservar a rotina e os hábitos que transmitem 
segurança para Elaine. Costumam acompanhá-la regularmente nas sessões 
de equoterapia; adotam uma postura diligente e são cooperativos, acatando as 
estratégias propostas pela equipe de equoterapia. Expressam de forma evidente 
o seu interesse pelo desenvolvimento de Elaine e uma expectativa favorável 
em relação aos resultados a serem obtidos com a equoterapia.
Início
Na primeira sessão de recepção, Elaine participou das atividades que 
consistiam em colar no quadro de rotina os alimentos do cavalo (ração e feno), 
o pelo, figuras das roupas necessárias para prática de equoterapia, uma foto 
sua, uma de seus familiares, figuras do cavalo encilhado e sem sela. Elaine 
5 Para aprofundar conhecimentos sobre atividades de recepção e o método horsemanship, leia 
Capítulo 4.
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reabilitação de pessoas com transtorno do espectro autista 123
mostrou-se muito dispersa e inquieta, não realizou as atividades espontanea-
mente, sendo necessário fornecer assistência.
Ao interagir a primeira vez com o cavalo, foi até o redondel acompa-
nhada pela fonoaudióloga, uma das profissionais que compõem a equipe de 
equoterapia, e iniciou a aproximação com a mediação do especialista em 
horsemanship. Neste momento não quis estabelecer contato físico com o 
cavalo. Foi necessário recorrer a estratégias lúdicas para diminuir o estresse 
e favorecer a aproximação, tais como: fingir que o cavalo está falando com 
ela; imitar o movimento do cavalo com ela no colo; fazer sons parecidos com 
os do cavalo.
As brincadeiras foram adequadas e conseguiram deixá-la menos apreen-
siva, com o corpo menos rígido; concordou em se aproximar aos poucos do 
cavalo, até que seu corpo encostou na anca do cavalo. Não demonstrou alegria; 
suas expressões faciais demonstravam desgosto, como se estivesse prestes a 
chorar. Antes que isso ocorresse, convidamos o pai e a mãe para entraram no 
redondel. Eles se aproximaram e repetiram as estratégias utilizadas pelo hor-
semanship, tentando mediar a interação dela com o cavalo. Posicionaram-se 
entre ela e o cavalo, tocaram no cavalo e disseram para ela que estava tudo 
bem. Com a presença do pai e da mãe, Elaine passou a mão no cavalo, que 
se encontrava ao pelo (sem sela); esse é o indicador de que é possível seguir 
para a próxima etapa: montar. Porém, nas duas tentativas realizadas, Elaine 
demonstrou resistência, e reagiu com choro e irritação.
Um quadro semelhante a esse se repetiu posteriormente, nas sessões de 
equoterapia. Como a participação do pai e da mãe apresentou resultados positi-
vos, eles foram chamados novamente para dentro do redondel, para fornecerem 
apoio afetivo. Com Elaine no chão, demos a guia para ela segurar, mas ela 
se recusou. Decidimos finalizar a aproximação naquele momento, enquanto 
ela estava calma, para que a atividade não se transformasse em algo aversivo.
Independente do cuidado da equipe para que a equoterapia não se tornasse 
um aborrecimento para Elaine, notamos que, no momento da chegada, ainda 
no estacionamento, os episódios de choro e irritação já começavam. Diante 
disso, utilizamos as seguintes estratégias para aproximação e engajamento 
da criança na equoterapia.
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Quadro 2 – Caso Elaine – Estratégias intuitivas de enfrentamento 
das dificuldades para iniciar a equoterapia
Estratégia 1: Montaria solo
Elaine foi acolhida na recepção e levada ao picadeiro. Mostramos para Elaine as gravuras que descrevem as etapas 
básicas da equoterapia e pedimos que colocasse no quadro com rotina, porém, ela não deu atenção à dinâmica. Em 
seguida, a levamos para a sala do capacete; Elaine aceitou colocar o capacete. Fomos para o redondel iniciamos a 
aproximação com o cavalo. Tentamos, sem sucesso, inúmeras formas a montaria, com suporte de músicas e interações 
para descontrair a criança.
Resposta da criança
A criança apresentou muita irritação, choro e enrijecimento corporal. Não aceitou se aproximar do cavalo nem o montar.
Estratégia 2: Montaria dupla com a mãe (maternagem6)
Iniciamos com as atividades propostaspelo programa Passo a Passo na Comunicação para a aproximação da criança 
com o cavalo. Diante da manifestação de reações emocionais adversas de Elaine, pedimos para que a mãe assumisse 
o lugar da equipe de equoterapia e realizasse as mesmas atividades, ou seja: aproximar-se do cavalo para interagir com 
ele, fazer carinho no cavalo para a criança observar e, na sequência, conduzir, de maneira branda, a mão da criança 
para que ela fizesse carinho no cavalo. Em seguida, pedimos que a mãe montasse no cavalo e tentamos colocar Elaine 
junto com ela, no intuito de realizarem uma montaria dupla, mas, não obtivemos êxito. Por fim, optamos por deixar a 
mãe no cavalo para dar algumas voltas no picadeiro e levamos Elaine para acompanhar, revezando, ora no colo da 
mediadora, ora no colo da lateral.
Resposta da criança
Elaine apresentou os mesmos sinais de estresse nas atividades de aproximação do cavalo realizadas pela equipe de 
equoterapia ou pela mãe. Quando a mãe montou no cavalo, Elaine reagiu com gestos que indicavam seu desejo de 
que a mãe descesse e se afastasse do cavalo. A estratégia de montaria dupla, portanto, não foi bem-sucedida. Elaine 
mantém o comportamento de se jogar do cavalo, continua a apresentar muita irritação, acompanhada de choro e do 
enrijecimento do corpo, principalmente, o tronco e os membros inferiores. Mesmo na companhia da mãe, não aceitou 
tocar no cavalo ou montá-lo.
Estratégia 3: Montaria dupla com o pai (maternagem)
Iniciamos a sessão pela colocação das imagens chaves no quadro que descreve a rotina das atividades a serem realizadas. 
Em seguida, repetimos os mesmos passos realizados na montaria dupla com a mãe, mas, substituindo a mãe pelo pai. 
O pai foi orientado a: aproximar-se do cavalo para interagir com ele; fazer carinho no cavalo para a criança observar; 
conduzir, de maneira branda, a mão da criança para também fazer carinho no cavalo. Em seguida, pedimos que o pai 
montasse no cavalo e colocamos Elaine junto com ele, para que realizassem uma montaria dupla. A despeito da relutância 
inicial, Elaine conseguiu realizar parte das atividades previstas para a sessão de equoterapia.
Resposta da criança
Elaine continuou a apresentar comportamentos de recusa, irritação, choro e não aceitou se aproximar do cavalo. No 
momento do quadro de rotina, ela concorda em colar algumas imagens, mas, usa a parede do quadro para se proteger 
e impedir que alguém a pegue para iniciar a aproximação com o cavalo. Aceita colocar o capacete, mas, apresenta 
as reações emocionais adversas assim que é levada para perto do cavalo. Quando tentamos montá-la na companhia 
do pai, Elaine apresentou o comportamento habitual de recusa, acompanhada de choro, porém, com a insistência da 
equipe de equoterapia, articulada com a cantiga de músicas infantis, ela se distrai e, aos poucos, acalma-se, aceitando 
prosseguir com a montaria dupla durante duas voltas dentro do picadeiro.
Em seguida, pedimos ao pai que desmonte. Elaine tenta desmontar do cavalo, mas, equipe a segura e a conduz para 
fazer uma trilha fora do picadeiro, agora, pela primeira vez, na montaria solo. Ao longo do percurso, Elaine se mantém 
calma e passa a observar e interagir com o ambiente ao seu redor. Quando retornamos para o picadeiro e encontramos 
com os pais, Elaine volta a apresentar as reações adversas de rejeição do cavalo.
6 Trata-se de um recurso pontual, que utiliza o vínculo afetivo da criança com a mãe ou o pai, a fim de promover 
a aproximação inicial e a interação com o cavalo; tão logo seja possível, é preciso investir na montaria solo, 
pois, segundo recomendação da ANDE-BRASIL, é a opção mais indicada para garantir o bem-estar animal 
e favorecer a formação do vínculo entre a criança e a equipe de equoterapia.
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Discussão
Diante de dificuldades como as vivenciadas no caso de Elaine, perce-
bemos que as atividades de recepção e horsemanship deixam evidente que 
a equoterapia inicia, em alguns casos, antes de a criança montar no cavalo.
É semelhante ao que ocorre, por analogia, na natação, que tem por obje-
tivo ensinar as crianças a nadar, porém, em muitos casos, não há como iniciar 
as atividades da natação até que a criança aceite entrar na piscina e, depois, 
até que ela aprenda a mergulhar; após o alcance dessas metas é que o apren-
dizado da natação se torna efetivo. No caso da equoterapia, a intervenção, 
propriamente dita, inicia quando a criança aceita montar, mas, às vezes, o 
atendimento requer atividades prévias para os casos nos quais há uma rejeição 
à aproximação com o cavalo; não tem sentido querer avançar com as sessões 
de equoterapia enquanto a criança não aceitar a montar e a permanecer na sela 
interagindo, consigo mesma, com o cavalo e com as outras pessoas ao redor.
Sendo assim, quando a criança se recusa a interagir com o cavalo, deve 
ser criado um programa com atividades anteriores à equoterapia, dirigidas para 
a aproximação com o cavalo, a interação com o cavalo e, por fim, a montaria.
A duração dessas atividades deve ser a mesma prevista para a sessão de 
equoterapia, pois isso contribui para que a criança se habitue ao tempo que 
deve passar no centro de equoterapia. A familiarização progressiva da criança 
com o ambiente da equoterapia exige que ela passe o maior tempo possível 
junto com o cavalo, mesmo quando o cavalo não estiver diretamente envol-
vido na atividade a ser realizada. Se necessário, as atividades que motivam a 
criança devem ser repetidas ao longo de toda a sessão. Quando for possível 
trazer outras crianças para fazerem equitação, principalmente irmãos, ou até 
mesmo os pais, isso pode contribuir para o processo de familiarização, pois 
a criança, ao assistir, interage com um modelo favorável.
A aproximação entre a criança e o cavalo deve ser entendida como uma 
relação mútua, fruto de um interesse parte a parte. Enquanto a criança não 
considerar o cavalo como um par, ou seja, como alguém com quem ela quer 
se relacionar, a aproximação não será efetiva. O objetivo, portanto, não é 
somente fazer com que a criança monte, e sim fazer com que compartilhe 
o mesmo espaço com o cavalo, olhe para o cavalo, converse com o cavalo, 
toque espontaneamente no cavalo, enfim, brinque com o cavalo.
Se isso não ocorrer de maneira espontânea, ou como resultado da curio-
sidade da criança, ou por meio da indução do adulto, é preciso que alguém da 
equipe de equoterapia atue na mediação para criar situações que promovam 
a aproximação entre a criança e o cavalo. A mediação, nesse caso, requer, 
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previamente, a construção de um vínculo afetivo entre a criança e o(a) media-
dor(a), o que habilita o(a) mediador(a) para incluir o cavalo nessa relação. 
O(A) mediador(a) deve interagir ora com o cavalo, ora com a criança, ora 
com ambos.
A meta é ampliar a interação da criança com o cavalo, de forma a abran-
ger as seguintes situações: aproximar-se do cavalo (aspecto espacial); olhar 
mais vezes e por mais tempo para o cavalo (aspecto atencional); falar com 
o cavalo ou sobre ele (aspecto comunicacional); tocar em diversas partes 
do corpo, dar tapinhas leves, empurrar, puxar o cavalo (aspecto relacional). 
Porém, às vezes, para que isso ocorra, é necessário que essas brincadeiras 
sejam realizadas entre a criança e o(a) mediador(a), ou que a criança observe 
essas brincadeiras acontecendo entre o(a) mediador(a) e o cavalo, para que, 
por fim, elas ocorram com a participação dos três juntos, ou entre a criança e 
o cavalo – sem a interferência do(a) medidor(a).
A reação emocional de Elaine sugere que há um componente relacionado 
com insegurança, aversão ou medo do cavalo. A estratégia intuitiva inicial 
utilizada pela equipe de equoterapia se assemelhaà regulação do nível de 
dificuldade, pois, diante da dificuldade para fazer a aproximação entre Elaine 
e o cavalo, a equipe passa a selecionar atividades mais simples, como colocar 
o capacete ou apenas permanecer no redondel junto com o cavalo, mesmo 
sem se aproximar dele.
Como o próprio termo indica, a regulação do nível de dificuldade é um 
recurso de adaptação adequado para casos em que a barreira principal está 
relacionada com o nível de habilidade da criança; como, nesse caso, a barreira 
está relacionada com um aspecto emocional, as adaptações não estão com 
o foco de tornar a atividade mais simples, mas, em realizar atividades que 
exigem menos interação com o cavalo, de forma a construir uma aproxima-
ção progressiva.
A segunda estratégia intuitiva da equipe de equoterapia foi recorrer à 
música e à interação com Elaine, o que envolve diretamente o aspecto emo-
cional. Essa adaptação envolve a utilização de estratégias de motivação para 
a participação na atividade. Porém, o uso da música para revestir a atividade 
de prazer ou para mudar o foco da atenção, não demonstrou ser suficiente 
para contrapor-se às reações emocionais adversas do contato com o cavalo.
As interações da equipe de equoterapia com Elaine tem um potencial 
efetivo para auxiliar na aproximação dela com o cavalo, desde que estejam 
orientadas para favorecer o processo de aprendizagem. Isto requer uma reorga-
nização das atividades de acordo com dois princípios chaves: primeiro, deve-
mos partir da atividades espontâneas da criança, ou seja, ao invés de investir 
na proposição de uma série de atividades que não despertam o interesse dela 
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e que, por vezes, culminam em mensagens implícitas de insucesso, devemos 
optar por conceder a iniciativa das atividades para criança, ou seja, trazê-la 
para perto do cavalo e deixar que ela tome a iniciativa; e, segundo, deve-
mos orientar as atividades para que assumam um formato lúdico, pois, o 
jogo cria as condições apropriadas para o envolvimento da criança como um 
todo: movimento-pensamento-sentimento.
Sendo assim, a música a ser cantada, por exemplo, deve ser selecionada 
dentre as que já fazem parte do repertório da criança, logo, temos que pergun-
tar aos pais que músicas ela gosta e prefere ouvir. Nas brincadeiras, por sua 
vez, a equipe de equoterapia deve se preparar para observar e ouvir a criança 
com atenção; é preciso aguardar que ela faça algo para, aos poucos, tentar 
participar dessa atividade e, dessa forma, dar início a um jogo.
No caso da montaria dupla, o ponto central é fornecer um apoio afetivo 
que transmita a segurança necessária para que Elaine tenha disposição de 
enfrentar o desafio de se aproximar cavalo. Já argumentamos sobre a impor-
tância, nesse caso, quando a criança tem uma rejeição completa à atividade, 
de uma mediação, ou seja, de uma terceira pessoa que auxilie a criança a 
vivenciar essa experiência. Sendo assim, a equipe recorreu a uma pessoa 
com a qual Elaine já tem um forte vínculo afetivo, a mãe. Atendido o critério 
chave, é preciso considerar se a mediadora (a mãe) não tem dificuldades para 
se aproximar do cavalo, pois, caso ela também tenha insegurança, o efeito será 
o contrário ao que se deseja, pois, a criança vai adicionar à sua insegurança, 
a mensagem de insegurança que a mãe vai transmitir para ela.
A substituição da mãe pelo pai na montaria dupla pode parecer uma 
repetição da mesma estratégia realizada anteriormente, porém, essa é uma 
avaliação equivocada, pois, as possibilidades presentes na mediação são, em 
grande parte, dependentes do significado que o(a) mediador(a) tem para a 
criança. Sendo assim, quando há uma troca de mediadores, estamos diante 
de um novo e diferente processo de mediação.
É claro que a dimensão afetiva continua no cerne da proposta de inter-
venção, como também, o objetivo continua a ser o mesmo, fazer a aproxima-
ção com o cavalo; o impacto sobre a criança, no entanto, é outro. Isso pode 
não ser suficiente para explicar a diferença no resultado, pois, não podemos 
esquecer que a experiência anterior com a mãe deixou a sua influência sobre 
Elaine, logo, parte do resultado obtido na montaria dupla com o pai deve ser 
entendido como uma consequência conjunta de todas as estratégias realiza-
das anteriormente.
É preciso também considerar que a personalidade, da mãe e do pai, com 
quem Elaine convive, exerce influências diversas sobre ela. Os pequenos 
avanços obtidos, ao conseguirmos manter Elaine montada no cavalo durante 
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parte da sessão de equoterapia, devem ser analisados de forma crítica, até 
mesmo porque o seu comportamento de rejeição não se modificou. Um alerta 
importante, é que o desenvolvimento infantil comporta alguns avanços e 
retrocessos, logo, não é suficiente que a criança apresente o comportamento 
favorável por um curto período de tempo, para que a equipe comece a exigir 
que ela mantenha o mesmo desempenho daquele momento em diante. É pre-
ciso avaliar de forma contínua as reações da criança e ser flexível na definição 
dos objetivos a serem alcançados.
As estratégias intuitivas realizadas em conjunto com as manobras sutis 
de contenção para que Elaine permaneça montada no cavalo apenas devem 
ser realizadas durante um curto período, na expectativa de que as sensações 
obtidas pelo andar a cavalo revelem para Elaine o prazer desconhecido da 
interação com o animal. É comum termos receio de pular, escorregar, mer-
gulhar, rolar, mas, depois de realizar o movimento sem nenhum dano ou dor, 
querermos repetir. Essa deve ser a intenção quando se recorre à contenção, 
que nunca deve ser forçada, mas que exige uma dose de indução e, portanto, 
de contrariedade, para evitar que a criança desmonte. Se o resultado não for 
alcançado rapidamente, a contenção deve ser abandonada, caso contrário, a 
criança começa a se sentir ameaçada e a manifestar comportamentos de defesa, 
para se defender da negação da sua vontade, algo que já verificamos no início 
da sessão, quando Elaine usa a parede do quadro de rotina para se proteger.
A experiência da montaria dupla com o pai, associada com as músicas 
e a sutil contenção por parte da equipe de equoterapia, fez com que Elaine 
desse as primeiras voltas no picadeiro sobre o cavalo. A montaria dupla se 
assemelha à experiência partilhada, quando o(a) mediador(a) age de forma 
cooperativa com a criança a fim de auxiliá-la na realização do desafio. Não se 
trata, portanto, da mera execução da atividade em si mesma, mas, da apren-
dizagem que resulta da possibilidade de viver a experiência junto com o 
outro, o que mobiliza a atenção da criança para as características requeridas 
na execução da atividade.
Nas primeiras vezes, a responsabilidade de conduzir é do(a) mediador(a), 
mas, ao longo do processo, que precisa ser repetido várias vezes, o nível de 
implicação deve diminuir para que a criança passe a assumir a responsabili-
dade pela atividade. Logo, era importante que a montaria dupla, Elaine-pai, 
fosse realizada durante algumas sessões, até que não fosse mais necessária a 
contenção nem as músicas. Não há por que ter pressa para que o pai desmonte, 
como também, não há por que manter o pai presente quando ela já é capaz 
de realizar a atividade de forma autônoma. Os indicadores que demarcam a 
necessidade de fazer essas mudanças devem estar relacionados com o desa-
parecimento das reações adversas de Elaine e o surgimento de expressões de 
satisfação e de prazer.
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Ao final da sessão, quando asreações de rejeição voltam a ocorrer, deve-
mos considerar se parte da insegurança de Elaine não pode estar relacionada 
com o ambiente fechado do picadeiro, seus sons, os odores, a quantidade de 
pessoas ao redor. A trilha ao ar livre modifica consideravelmente essas ques-
tões, além de acrescentar diversos outros estímulos.
Caso Daniel
A criança
Daniel é uma criança de quatro anos, do sexo masculino. Teve diagnós-
tico de autismo e tem grau severo, segundo a Escala Cars. No Programa Passo 
a Passo na Comunicação foi classificado com grau de habilidades linguísticas 
zero, o que significa que Daniel fala por meio de gestos e balbucia.
A família
A família de Daniel apresenta uma estrutura dupla, por assim dizer, 
pois, os pais são divorciados e a guarda da criança é compartilhada, logo, 
em determinada semana a criança está com o pai e em outra com a mãe. No 
centro de equoterapia, o pai e a mãe são prestativos e cooperativos, porém, nas 
semanas iniciais, em algumas situações, ocorreram desentendimentos entre 
eles. Durante as sessões, a participação do pai e da mãe, vínculos preferenciais 
da criança, dificulta a aproximação afetiva com os terapeutas, o que indica a 
necessidade fazer a separação, a fim de verificar se Daniel, sem a presença 
da família, apresenta um bom desempenho nas sessões.
Início
Na sessão de recepção e horsemanship o hiperfoco de Daniel, segu-
rar objetos, interferiu em sua participação nas atividades, que foram 
realizadas de forma assistemática, mantendo-se sem iniciativa e demons-
trando desinteresse.
Ao interagir a primeira vez com o cavalo, Daniel reagiu com choro e 
irritação. O pai e a mãe se aproximaram para auxiliar na mediação, mas, 
sem sucesso. Recorremos às dinâmicas de aproximação intuitivas da equipe, 
a música ou brincadeiras, que, aos poucos, fizeram com que Daniel acei-
tasse a tocar no cavalo, a montar na sela, criando, portanto, um vínculo 
com o cavalo.
Em seguida, surgiram novas dificuldades, não mais relacionadas direta-
mente com o cavalo, que, igualmente, comprometem a participação efetiva nas 
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sessões de equoterapia: Daniel apresentou hipersensibilidade na cabeça, que 
resultou na rejeição ao uso do capacete. A reunião desses diversos incômodos, 
a saber: ter que se afastar da família e do hiperfoco, ter que se aproximar do 
cavalo e ter que se acostumar com o uso do capacete, conduziram para um 
quadro marcado pelo choro, irritação e fuga.
Quadro 3 – Caso Daniel – Estratégias intuitivas de enfrentamento 
das dificuldades para iniciar a equoterapia
Estratégia 1: Montaria solo
Recepcionamos Daniel e o conduzimos ao picadeiro, na companhia do pai e da mãe. Tentamos realizar a sequencia 
lógica do quadro de rotina, porém, Daniel não apresentou interesse e, várias vezes, fugia em direção aos pais. Não 
aceitou colocar o capacete e recusou a aproximação com o cavalo. Após alguma insistência da equipe de equoterapia, 
aproximou-se e tocou no cavalo, mas, recusou-se a montar.
Iniciamos as atividades com música e algumas brincadeiras com o cavalo, até que Daniel montou, porém, tentava em 
alguns momentos se jogar do cavalo, inclinando o corpo de um lado para o outro. Observamos, em situações anteriores, 
que a criança ao conseguir montar e experimentar a sensação de ser conduzida pelo cavalo, vivencia um prazer que 
dispersa os incômodos. Diante dessa possibilidade, consideramos adequado recorrer a uma indução, mesmo que não 
espontânea, para que a criança monte e o cavalo inicie a marcha.
Resposta da criança
Criança apresentou irritação, choro e desinteresse em realizar as atividades iniciais do quadro de rotina; inicialmente, 
recusou-se a montar e, uma vez na montaria, apresentou fraqueza de tronco e retroversão pélvica, reações que indicam 
a vontade de desmontar. Daniel balbucia de forma repetitiva e não deixa de segurar objetos que são seu hiperfoco, 
atitudes que dispersam o foco das atividades propostas.
Estratégia 2: Montaria solo, com os responsáveis na recepção
Conversamos com os pais sobre a importância aguardarem na recepção, para estimular o desenvolvimento da autonomia 
de Daniel e, ao mesmo tempo, favorecer a construção de vínculos afetivos com os membros da equipe de equoterapia e 
com o cavalo. A ausência do pai e da mãe também transfere, na perspectiva do Daniel, a responsabilidade pela condução 
das atividades para os adultos que estão com ele, logo, para a equipe de equoterapia.
Resposta da criança
Daniel, no início, demonstrou irritação e choro, porém, com a realização das dinâmicas, a equipe de equoterapia 
conseguiu distraí-lo. Aproveitando um momento em que Daniel ficou entretido com as brincadeiras e deixou os objetos 
de hiperfoco no chão, a equipe de equoterapia guardou os objetos, o que contribuiu para que a atenção fosse dirigida 
para as atividades da equoterapia, que foram realizadas com sucesso.
Estratégia 2: Montaria solo, sem os objetos de hiperfoco
Ao observar que a retirada dos objetos de hiperfoco e a separação do pai e da mãe contribuíram para participação de 
Daniel nas atividades da equoterapia, pedimos à mãe que, de uma forma adequada, para não o deixar irritado, retirasse 
os objetos antes do início da equoterapia. Dessa maneira, a equipe de equoterapia não precisa se preocupar, nem perder 
tempo, para realizar estratégias que o afastem do hiperfoco, como também, eliminam uma das fontes de dispersão sem 
o risco de gerar um custo afetivo adicional que amplie os incômodos, pois, se Daniel percebe que querem retirar os 
objetos, pode adotar uma postura defensiva. A diretriz de realizar as sessões de equoterapia de maneira independente, 
sem a presença do pai ou da mãe, que ficam aguardando na recepção, foi mantida.
Resposta da criança
As reações emocionais iniciais de Daniel continuaram a ser de irritação e choro, mas, ao longo do processo, com a 
persistência da equipe de equoterapia e as estratégias de distração, Daniel começa a participar de todas as atividades, 
desde o quadro de rotina até a sessão de equoterapia. Colocar o capacete de proteção continua a ser um momento de 
desconforto, mas, como não é possível realizar a sessão sem os equipamentos de segurança, direcionamos a atenção 
para a aproximação com o cavalo, ou seja, transferimos a colocação do capacete para um pouco antes da montaria, 
o que permite iniciar a sessão imediatamente após a colocação do capacete, para que Daniel esqueça do capacete e 
dirija a atenção para a equitação.
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Discussão
O caso Daniel deixou diversas lições, que não devem ser consideradas 
como “receitas”, pois, as estratégias que deram certo para ele podem não ser 
efetivas para outras crianças. As lições gerais que podem ser aplicadas a outros 
casos são: (a) a importância de uma observação atenta da criança e da família, 
a fim de identificar possibilidades de ação; (b) a necessidade da adaptação das 
estratégias inicialmente previstas, quando os resultados não são favoráveis; (c) 
a persistência na realização das atividades, de forma a experimentar, na prática, 
estratégias que modifiquem o significado emocional de atividades novas, para 
que sejam incorporadas no repertório de vivências da criança.
Dentre as estratégias específicas utilizadas, destacamos: para reverter as 
reações aversivas de Daniel à aproximação com o cavalo e a sua recusa em 
montar, foi importante retirar os aspectos que ele utilizava para se esquivar da 
atividade: os objetos de hiperfoco e a presença do pai e da mãe.
Uma vez que as estratégias permitiram uma participação efetiva de Daniel 
nas sessões de equoterapia, incorporamos essa, por assim dizer, rotina de pro-
cedimentos em todas as semanas subsequentes, o que denota a necessidade de 
ajustes que individualizemo protocolo de atendimento, sem, no entanto, alterar 
as características chaves do programa Passo a Passo na Comunicação.
Um dos pontos de destaque no comportamento de Daniel durante as sessões 
de equoterapia é o olhar atento para detalhes do percurso. Esse deslumbramento 
com um novo ângulo de visão das coisas, pode ser, ao mesmo tempo, o que pode 
ter provocado medo e insegurança, porém, uma vez superadas as reações emocio-
nais negativas, o que desperta o interesse e a curiosidade das crianças. Estar sob 
o cavalo, faz com que a criança seja a pessoa que está na posição mais alta, que 
vê tudo de cima, o que, de forma inconsciente, transmite uma sensação de poder.
Uma questão que merece atenção da equipe de equoterapia, é a ansiedade 
no alcance dos resultados, algo que afeta tanto a família como os profissionais 
que atuam na equoterapia. A mediação pressupõe a construção de um diálogo, 
ou seja, é preciso sugerir uma atividade e aguardar a resposta da criança, ou, 
às vezes, é preciso começar escutando a criança, para agir como uma resposta 
às suas demandas; essas duas possibilidades deixam claro que a interação deve 
transcorrer de forma a respeitar o ritmo da criança. A mediação não pode se res-
tringir ao comando das atividades, como se os benefícios da equoterapia fossem 
decorrentes apenas dos movimentos realizados em si mesmos, nesse caso, os 
simuladores de equitação poderiam substituir o cavalo; não acreditamos nisso, 
logo, temos que adotar práticas que favoreçam a interação entre a criança e o 
cavalo, como também, temos que respeitar a criança. Um dos pontos chaves 
da equoterapia é corresponder à disposição e às condições de cada praticante.
Em relação à associação entre equoterapia e o desenvolvimento da fala, 
Daniel, enquanto está montado, costuma balbuciar sem parar, o que marca a 
sua presença e chama atenção dos outros para si, o que demonstra o seu prazer 
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em montar e permite supor que essas experiências têm um impacto sobre a 
sua identidade.
Caso Guilherme
A criança
Guilherme é uma criança de seis anos, do sexo masculino. Teve diagnóstico 
de autismo confirmado e tem grau severo, segundo a Escala Cars. No Programa 
Passo a Passo na Comunicação foi classificado com grau de habilidades linguís-
ticas zero, o que significa que Guilherme realiza somente balbucios.
A família
A família de Guilherme é comprometida e muito colaborativa. Geralmente 
vem para equoterapia acompanhado do pai, da mãe e da babá. Durante as 
sessões, os acompanhantes procuram auxiliar nos atendimentos, ficam atentos 
às atividades e, em alguns momentos, contribuem com dicas que favorecem a 
comunicação com Guilherme e o seu envolvimento com as atividades sugeridas.
Início
Nas sessões de recepção e horsemanship, Guilherme participou das ati-
vidades iniciais do quadro de rotina que não envolviam o cavalo de forma 
sistemática. Ao interagir a primeira vez com o cavalo, Guilherme aceitou entrar 
no redondel, aproximar-se e tocar no cavalo e, em seguida, montar no cavalo, 
sem demonstrar receios ou qualquer outro tipo de reação emocional negativa.
Entretanto, nas sessões do primeiro módulo do programa de equoterapia, 
Guilherme teve dificuldade para iniciar em função da hipersensibilidade na 
cabeça, ou seja, não aceitou colocar o capacete de forma espontânea. Ao ser con-
trariado com a colocação a revelia do capacete, Guilherme reagiu com irritação 
e, às vezes, atitudes agressivas em resposta à desconsideração da sua vontade.
Quadro 4 – Caso Guilherme – Estratégias intuitivas de 
enfrentamento das dificuldades para iniciar a equoterapia
Estratégia 1: Montaria com colete ponderado
Com intuito de atrair a atenção de Guilherme, recorremos ao “Colete Ponderado7”. Realizamos o Quadro de Rotina, 
com ênfase no uso de imagens chaves, incluindo a colocação do capacete. Em seguida, vestimos o colete para depois, 
enquanto Guilherme explorava as sensações do colete, colocar o capacete e iniciar, imediatamente, a montaria.
7 Recurso sensorial utilizado com a finalidade de reduzir hiperatividade e direcionar a atenção para as 
atividades a serem realizadas; o colete exerce uma pressão tátil constante sobre o tronco que auxilia a 
continua...
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reabilitação de pessoas com transtorno do espectro autista 133
Resposta da criança:
Guilherme participou de forma ativa das atividades previstas na sessão de equoterapia, sem apresentar reações contrárias 
ao uso do capacete. Obedeceu a maior parte dos comandos e, em poucos momentos, teve uma reação de fuga, que 
não era incisiva, logo, não interferiu no andamento da sessão, desde que os terapeutas se mantivessem atentos para 
exercer controle sobre essas reações inadequadas.
Notamos, no entanto, que o tamanho e o peso do colete ponderado dificultam a movimentação de Guilherme e o manejo 
da equipe de equoterapia. Sendo assim, apesar de ser uma estratégia bem-sucedida para favorecer o uso do capacete, 
não era recomendado manter o uso ao longo de todo o programa de intervenção.
Estratégia 2: Montaria sem o colete ponderado
Após a realização de algumas sessões com atenção especial para o quadro de rotina e o colete ponderado, 
experimentamos iniciar a equoterapia sem essas atividades prévias, para avaliar as reações de Guilherme a essas 
modificações. A única estratégia era envolver a criança com os cumprimentos e com a aproximação ao cavalo, para que 
a colocação do capacete figurasse como uma etapa rápida, um pouco antes do início da montaria, de forma a dirigir a 
atenção dele para o cavalo e as demais atividades a serem realizadas.
Resposta da criança:
Guilherme demonstrou aceitar o uso do capacete como parte da equoterapia, pois deixou de apresentar reações contrárias 
e passou a participou ativamente das sessões, desse momento até o final do programa.
Discussão
Apesar do uso do equipamento de segurança ser algo imprescindível, 
que não pode ser flexibilizado, em hipótese alguma, temos que ter consciên-
cia de que se trata de uma parte importante da ambientação, logo, que exige 
um protocolo específico. O que para as pessoas de uma maneira geral pode 
ser explicado como uma regra, que deve ser aceita independente da vontade 
pessoal, para uma pessoa com TEA, deve ser feito um ajuste progressivo para 
que ela aceite, ou seja, para que a regra seja internalizada e gere a sua concor-
dância em obedecê-la.
Sendo assim, se experiências novas exigem um tempo de adaptação e fami-
liarização, comum para todas as pessoas, mas, particularmente relevante para 
quem tem TEA, devemos identificar outras experiências que podem antecipar e 
preparar a criança para aceitar o uso do capacete, como, por exemplo: do uso de 
gorro quando estiver frio; do uso de boné quando estiver exposto ao sol; do uso 
de capacete para andar de bicicleta. Devemos consultar a família para saber se a 
criança já teve essas experiências e pensar em associar as situações, ou seja, se a 
criança aceita usar um boné, pode ser orientada a vir para a equoterapia de boné, 
para que a colocação do capacete seja apenas a substituição de algo que já está 
na cabeça.
Uma opção que não utilizamos, mas, que pode ser importante em situações 
equivalentes, é apresentar para a criança um modelo social prévio, ou seja, 
pedir para que todos ao redor usem boné ou capacete, inclusive o pai e a mãe, 
o que transmite a mensagem de que é algo a ser feito por todos, inclusive ele. 
criança a lidar com as informações proprioceptivas que subsidiam a consciência da posição do corpo 
no espaço.
continuação
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A criança pode ser a última a colocar o capacete. É possível, inclusive, que o 
cavalo participe dessa estratégia, colocando, por exemplo, a máscaraprotetora 
contra moscas.
A reação negativa das crianças ao uso do capacete, na verdade, é um relato 
comum de muitas pessoas obrigadas a usar equipamentos de segurança; para 
evitar o descumprimento da norma, é preciso recorrer a campanhas educativas, 
articuladas com fiscalização e punição pela desobediência. Para as crianças com 
TEA, as alternativas serão semelhantes, porém, com ênfase na dimensão edu-
cativa e no convencimento, pois, a fiscalização e a punição não nos interessam.
Um ponto importante de ser discutido nesse caso, é o conceito de agres-
sividade. Temos que considerar que a despeito de a agressividade ser uma 
expressão utilizada para descrever a atitude de uma pessoa que provoca dano 
à outra, a atitude de Guilherme com a equipe de equoterapia não é algo gra-
tuito ou intencional, mas uma resposta para uma atitude agressiva anterior, 
o desrespeito à sua vontade e ao seu corpo. A agressividade, nesse contexto, 
pode ser entendida como uma atitude positiva de afirmação da vontade, para 
exigir respeito. Isso não significa que deve ser incentivada ou aceita, mas, que 
possui um significado.
Vamos fazer um paralelo. Algo importante de ser ensinado no contexto 
da equoterapia, é que se você tem alguma atitude que machuca o cavalo, isso 
com certeza vai provocar nele uma reação de proteção; ao se esquivar da atitude 
agressiva, o cavalo pode agir de forma a machucar quem está próximo dele, par-
ticularmente, quem o está machucando. Com as devidas proporções, o princípio 
é o mesmo para Guilherme. É evidente que a equipe de equoterapia não tem 
uma atitude para machucá-lo. O ponto de referência, no entanto, não é a inten-
ção da equipe e sim a compreensão que Guilherme tem da atitude deles. Se ele 
está se sentindo agredido, ele pode reagir também com uma resposta agressiva.
As estratégias utilizadas no caso de Guilherme foram voltadas para reti-
rar a atenção do desconforto gerado pelo capacete, direcionando a atenção 
para atividades que gerem prazer ou mobilizem a sua curiosidade. Durante a 
trilha fora do picadeiro, ele realizou balbucios e sorrisos, como também, teve 
a iniciativa de tocar na crina do cavalo, o que indica a compreensão de que o 
cavalo é alguém com quem ele se relaciona e que lhe proporciona a experiência 
de ser carregado.
Ao final, podemos afirmar que essas experiências auxiliaram Guilherme no 
desenvolvimento de diversas competências: a capacidade de internalizar regras; 
a ambientação ao uso de vestuários diversos; a tolerância de situações negativas 
para ter a oportunidade de experimentar situações prazerosas. Para evitar os 
episódios de fuga, mesmo que esporádicos, as terapeutas adotaram uma postura 
mais firme no comando das atividades, o que gerou uma resposta positiva na 
realização do programa e na supressão do comportamento inadequado.
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COMUNICAR COM EQUOTERAPIA: efeito da equoterapia na 
reabilitação de pessoas com transtorno do espectro autista 135
Caso Maurício
A criança
Maurício é uma criança de três anos e sete meses, do sexo masculino. Tem 
diagnóstico de autismo confirmado, em grau severo segundo a Escala Cars. 
No Programa Passo a Passo na Comunicação foi classificado com grau de 
habilidades linguísticas zero, o que significa que Maurício apresenta intenção 
comunicativa por meio de gestos, porém não apresenta fala e sim linguagem 
gestual, por exemplo, apontando.
A família
O pai e a mãe de Maurício têm um bom relacionamento conjugal, como 
também, dedicam atenção e carinho para ele, o que fica evidente no respeito 
à rotina e aos hábitos importantes para a segurança emocional da criança. Nas 
atividades do centro de equoterapia, estão sempre presentes e participam de 
forma cooperativa, auxiliando a equipe na escolha das estratégias mais ade-
quadas ou incentivando Maurício a executar de forma ativa e persistente as 
atividades propostas.
Início
Na sessão de recepção e horsemanship, Maurício participou ativamente 
das primeiras atividades que não envolviam o cavalo de forma sistemática, 
como preencher o caderno e andar pela trilha, o que foi positivo. Ao interagir 
a primeira vez com o cavalo, Maurício apresentou resistência para se apro-
ximar e, ao entrar no redondel, não tocou e não montou no cavalo de forma 
espontânea, nem a partir do convite da equipe de equoterapia. Nas primeiras 
tentativas de montá-lo de forma induzida, a fim de avaliar a reação que teria 
após estar montado, houve resistência, choro e irritação.
Ainda durante a fase de recepção, o pai e a mãe foram chamados para 
dentro do redondel para realizarem uma nova aproximação com o cavalo, 
agora, com Maurício no colo do pai. Com o apoio afetivo do pai, Maurício 
aceitou permanecer ao lado do cavalo. Os próximos passos eram: concordar 
em tocar no cavalo e montar. O pai tocou no cavalo e tentou levar a mão de 
Maurício para também tocar no dorso do cavalo. Maurício aceitou, mas, com 
hesitação e, sempre que podia, retirava a mão para se esquivar da situação, 
demonstrando que continuava incomodado e com medo. Diante dessa dificul-
dade, não tentamos a montaria.
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Quadro 5 – Caso Maurício – Estratégias intuitivas de 
enfrentamento das dificuldades para iniciar a equoterapia
Estratégia 1: Montaria com a presença do pai e da irmã ao lado
Após as tentativas frustradas de montaria solo, precedidas pelo quadro de rotina, que resultaram em reações emocionais 
de choro e irritação, acompanhadas de atitudes de esquiva e até mesmo de comportamentos agressivos de contrariedade, 
convidamos o pai e a irmã de Maurício para participarem das sessões, posicionando-se ao lado do cavalo, enquanto 
ele estava montado.
Resposta da criança
Na primeira sessão, a companhia do pai e da irmã contribuiu para diminuir a intensidade das atitudes de esquiva e dos 
comportamentos agressivos, apesar de Maurício manter as mesmas reações emocionais, pois, chorou durante toda a 
sessão. Ao longo da sessão, dirigia a atenção exclusivamente para o pai e a irmã, evitando o contato com a equipe de 
equoterapia e o cavalo. Independente disso, a equipe de equoterapia realizou todas as atividades previstas para o percurso.
Na sessão seguinte, repetimos a estratégia, e notamos que as reações de choro foram menos intensas, como também, 
que a colocação do capacete, mesmo não sendo espontânea, foi mais fácil. Esses dois indicadores mostraram que 
uma medida simples, como o apoio afetivo da família, associada com a familiarização da criança com as experiências 
psicomotoras da equitação e, provavelmente, com o prazer ou a curiosidade que despertam, podem reverter um quadro 
complicado de total rejeição da equoterapia.
Discussão
Nas sessões do primeiro módulo, Maurício deixou evidente que as expe-
riências vivenciadas na fase de recepção não foram suficientes para promover 
a ambientação e retirar o medo da aproximação e interação com o cavalo. 
Nas tentativas de aproximação com o cavalo Maurício demonstrou irritação 
e começou a chorar; não aceitou tocar nem montar no cavalo. Recorremos às 
estratégias de distração, por meio das músicas e brincadeiras, a fim de favo-
recer a aproximação de maneira fortuita, sem gerar desconforto.
Infelizmente, não deu certo e a insistência fez com que Maurício percebesse 
o ambiente da equoterapia com algo aversivo, tanto que, ao chegar no estacio-
namento, já iniciava episódios de choro e irritação; não concordava em afixar as 
figuras no quadro de rotina; não aceitava nem olhar para o capacete; permanecia 
no colo da terapeuta durante toda a sessão, chorando muito e não querendo 
olhar para o cavalo. Essas reações configuraram um quadro de total rejeição.
Em situações como essa, às vezes é preciso recorrer a estratégias prévias, 
que podem ser realizadas pelo pai e pela mãe em casa, de maneira a favorecer 
a ambientação com as atividades da equoterapia.Por exemplo: é possível 
brincar com a criança pequena de “cavalinho” para que tenha uma experiência 
análoga, mesmo que figurada, do montar; o mesmo pode ser feito para que 
a criança faça um afago no “cavalo”, que pode até ser simulado pelos pais 
com uma “fantasia” improvisada do cavalo, colocando orelhas, rabo ou uma 
crina. A brincadeira pode ser com o adulto em posição quadrúpede ou em pé, 
com a criança enganchada nas costas.
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COMUNICAR COM EQUOTERAPIA: efeito da equoterapia na 
reabilitação de pessoas com transtorno do espectro autista 137
Para familiarização com a altura do olhar, uma atividade similar à monta-
ria é colocar a criança sentada sobre os ombros, pois, ela fica em uma posição 
mais alta do que todos os que estão ao seu redor; passear um pouco com ela 
nessa posição proporciona sensações similares às vivenciadas na equitação. 
Por fim, o adulto, sentado em uma cadeira, pode colocar a criança sentada 
(montada) sobre as suas pernas, como se estivesse em uma montaria dupla. 
Em seguida, de forma lenta e gradual, pode ficar na ponta dos pés para elevar 
alternadamente as pernas, de maneira a reproduzir o movimento lateral da 
equitação. A criança, com essa experiência, vai sentir um pequeno desequilí-
brio do quadril de um lado para o outro, o que deve gerar uma compensação 
do tronco para retificar a posição da cabeça. Não chegamos a realizar essas 
atividades, mas, são sugestões que indicam estratégias para a familiarização 
da criança com as experiências psicomotoras vivenciadas na equoterapia.
Voltando à discussão das possibilidades de mediação da equipe de equote-
rapia, como se trata barreiras provocadas pelas reações emocionais de contato 
com o cavalo, ou com situações desconhecidas, um dos expedientes é fornecer 
apoio afetivo. Se não for possível recorrer a alguém da família, a opção é indicar 
alguém da equipe para desempenhar o papel de mediador(a). A escolha pode 
levar em consideração se a criança tem uma proximidade afetiva maior com a 
mãe ou com o pai, para escolher uma mediadora ou um mediador. É possível 
que a identificação com a mãe ou o pai contribua na aproximação com a criança, 
no entanto, é preciso que se destine um tempo para a construção de um vínculo 
afetivo entre a criança e o(a) mediador(a), aspecto fundamental para habilitar 
o(a) mediador(a) a representar esse papel para criança.
No primeiro momento o foco é verificar se a criança aceita a participação 
do(a) mediador(a) em sua atividade (seu mundo); essa aproximação inicial é 
facilitada quando não há o olhar, quando o adulto está em uma posição inferior 
à da criança. Às vezes é preciso se aproximar de costas, pois, essa postura tem 
um significado passivo, logo, sem traços de dominação, o que pode despertar 
a curiosidade da criança.
Essas atividades devem ser realizadas no cenário sociocultural da equo-
terapia e com a presença do cavalo para que, assim que seja possível, ele 
seja incluído nas atividades. As atividades podem começar pela iniciativa 
da criança, mas, devem, pela intervenção do(a) mediador(a), estar vincula-
das à equoterapia. O(A) mediador(a) pode ora representar o cavalo, o que 
implica na criança “montar” no(a) mediador(a), ora envolver o cavalo na 
atividade, mas, com o seu apoio afetivo, de forma a parecer para a criança 
que ela está mais interagindo com o(a) mediador(a) do que com o cavalo. 
É lógico que esse é um ponto de transição, pois, nosso objetivo final é que 
a criança se relacione diretamente com o cavalo; a partir desse momento, 
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o(a) mediador(a) passa a se dedicar aos objetivos de outras etapas do pro-
grama de equoterapia.
Para Maurício, investimos nas estratégias de aproximação com o apoio 
afetivo da presença e do engajamento ativo de membros da família acompa-
nhando as sessões de equoterapia, conforme descrito a seguir. Após algumas 
sessões, experimentamos, com sucesso, retirar a presença do pai e da irmã, 
pois, Maurício concordou em participar da equoterapia de forma independente.
Caso Rafael
A criança
Rafael é uma criança de cinco anos, do sexo masculino. Tem diagnóstico 
de autismo confirmado, em grau severo segundo a Escala Cars. No Programa 
Passo a Passo na Comunicação foi classificado com grau de habilidades lin-
guísticas nível 1, o que significa que Rafael utiliza palavras lexicais e demons-
tra ter conhecimento dos objetos e de suas características.
A família
A família de Rafael é colaborativa. A criança vem sempre com a mãe 
e a irmã adolescente. A irmã gosta de cavalos, mas, às vezes interferiu, sem 
intenção de atrapalhar, na sessão de equoterapia, sendo necessário pedirmos 
para ela aguardar na recepção, para que fique longe do alcance de visão do 
Rafael. Quando a mãe e a irmã estavam por perto, Rafael se comportou como 
se pedisse ajuda: agitou-se, chorou e se jogou no chão para sair da montaria, 
tendo que ser contido pela equipe. Sendo assim, durante o atendimento, elas 
o esperam em um banco atrás do picadeiro.
Rafael tem um bom relacionamento com a mãe e a irmã; quando está 
agitado, a mãe conversa e interage com ele, o que costuma retirar o foco do 
que o está deixando irritado, como por exemplo, as moscas; a irmã tem outra 
estratégia que geralmente é bem-sucedida, fazer uma fotografia com o celular; 
Rafael faz uma postura para foto que contribui para sua organização corporal 
e, consequentemente, emocional.
Início
Na sessão de recepção e horsemanship Rafael participou das primeiras 
atividades que não envolviam o cavalo de forma inquieta, o que indicou um 
estranhamento do ambiente e das pessoas. Não participou da interação com 
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o cavalo, permaneceu sentado na areia com dois profissionais da equipe; 
começou a repetir, de forma contínua, a palavra “vermelho”, a irmã relatou 
que ele gosta da cor vermelho. Às vezes, fugiu correndo da atividade, logo, 
era preciso correr atrás dele para pegá-lo e trazê-lo de volta no colo.
Ao interagir a primeira vez com o cavalo, Rafael montou no cavalo, 
mas, ficou agitado e não permaneceu muito tempo na posição. O fato de ter 
montado, no entanto, indicou que a familiarização estava sendo positiva e 
que era possível iniciar o programa de equoterapia.
Entretanto, nas primeiras sessões, Rafael não aceitou montar esponta-
neamente no cavalo, logo, foi necessário colocá-lo rapidamente, de forma 
induzida, e sair imediatamente do picadeiro a fim de promover a separação 
dele com a mãe e a irmã. Rafael ficou agitado durante toda a sessão. Várias 
vezes tentou desmontar, jogando as pernas para fora da sela, ou, jogando 
o tronco para lateral em direção aos mediadores, que precisavam conter 
seus movimentos e voltá-lo para a posição correta. Rafael apresentou um 
comportamento de ecolalia e repetiu seguidas vezes as palavras: “aranha” 
e “vermelho”. Notamos que fora do picadeiro, em contato com a natureza, 
Rafael ficou menos agitado. A seguir, relatamos as estratégias utilizadas para 
diminuir as reações emocionais de incômodo e tentar fazer com que Rafael 
permanecesse montado.
Quadro 6 – Caso Rafael – Estratégias intuitivas de enfrentamento 
das dificuldades para iniciar a equoterapia
Estratégia 1: Cantar músicas infantis
Nos contatos iniciais, a equipe de equoterapia notou que Rafael gostava de música e costumava cantar algumas. 
Sendo assim, a primeira estratégia para diminuir o estresse foi cantar “Dona Aranha” e “Pintinho amarelinho”, por 
exemplo. O interesse dele pela música ficou evidente ao vermos que, mesmo quando estava chorando, Rafael chorava 
e, ao mesmo tempo, cantava junto. Em alguns momentos, a música foi suficiente para que Rafael ficasse calmoe 
participasse das atividades.
Resposta da criança
A música exerceu uma influência positiva sobre Rafael, por ser uma atividade familiar que transmite segurança, como 
também, por demonstrar que as pessoas ao seu redor estão disponíveis para corresponder aos seus interesses. Ele 
cantou junto com a equipe e foi, aos poucos, ficando mais calmo. Da metade da sessão em diante, parou de chorar e gritar.
Estratégia 2: Colocar músicas infantis no celular
Diante a experiência positiva com a música, experimentamos tocar músicas gravadas, no intuito de ampliar o repertório 
e acrescentar o fundo musical dos instrumentos, como também, conseguir regular o volume adequado de acordo com 
o ambiente.
Resposta da criança
Rafael, com as músicas gravadas, acalmou-se instantaneamente, tornando possível fazer as atividades do protocolo de 
equoterapia. Mesmo assim, foi preciso manter a separação dele com a mãe e a irmã, pois a presença delas representa um 
elemento de dispersão. O comportamento de esquiva indica a necessidade de a equipe ter uma postura mais afirmativa, 
a fim de auxiliar Rafael a organizar-se em um ambiente mais dirigido.
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Discussão
A experiência bem-sucedida, no caso de Rafael, com o uso das músicas 
infantis, destaca o papel das estratégias de motivação. A música, inicialmente 
descrita como um recurso de distração, que direciona a atenção da criança 
para algo prazeroso e já conhecido, pode também ser compreendida como 
uma experiência que contribui para a formação de um vínculo afetivo.
Ao perceber os benefícios da música, a equipe de equoterapia deve estar 
atenta para destacar o mérito das pequenas mudanças, como também, para 
ensinar à família a ver e compreender os avanços obtidos. Normalmente, as 
mudanças que não correspondem às expectativas usuais das pessoas, cos-
tumam ser negligenciados. O critério utilizado para avaliar a aprendizagem 
é apenas o resultado final esperado, nesse caso, montar no cavalo. Porém, 
antes de a criança montar no cavalo, uma série de progressos em relação à 
aproximação com o cavalo podem ocorrer.
Paralelamente, é crucial exaltar a dedicação da criança nas atividades, 
a fim de ampliar a sua resiliência, ou seja, a disposição dela participar da 
atividade e o empenho em aprender, o que, novamente, deve ser realizado ao 
longo do processo de aprendizagem, e não apenas quando a aprendizagem 
termina, como costuma ser feito na avaliação escolar.
No caso da regulação do nível de dificuldade, a mediação deve considerar 
as características da criança e o caráter dialético do contraste fácil-difícil. Se 
a criança recusa a atividade proposta, após algumas insistências, o(a) media-
dor(a) deve adaptar a atividade ou propor uma substitutiva. A mediação deve 
ser capaz de adequar a atividade ao potencial e ao interesse da criança naquele 
momento. Via de regra, a adaptação torna a atividade mais fácil, porém, deve-
mos ter em mente que o conceito de dificuldade é relativo às condições de 
cada criança, logo, o que é fácil para algumas pode ser difícil para outras. O 
caráter dialético, por sua vez, chama atenção para o fato de que o(a) media-
dor(a), tão logo tenha conseguido construir uma experiência de aprendizagem 
que a criança seja capaz de realizar, após transcorrido o tempo apropriado de 
consolidação, deve fazer o contrário, tornar a atividade mais difícil, a fim de 
suscitar a aprendizagem e, consequentemente, o desenvolvimento da criança.
Para fazer esses ajustes, o(a) mediador(a) deve ter uma capacidade de 
observação e compreensão da criança, como também, um conhecimento sobre 
a equoterapia e suas características, além de uma competência didática para 
lidar com as circunstâncias do ambiente. O domínio desse conjunto de saberes 
é obtido pelos(as) mediadores(as) ao longo de sua formação e da experiência 
profissional, logo, algo que a família ou um(a) medidor(a) sem a capacitação 
adequada podem não estar aptos a fazer.
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COMUNICAR COM EQUOTERAPIA: efeito da equoterapia na 
reabilitação de pessoas com transtorno do espectro autista 141
Por último, algo que está relacionado com a música, a capacidade infantil 
de fantasiar pode ser um recurso importante de mediação. As músicas podem 
ser encenadas por meio de gestos e movimentos, como também, a letra pode 
ser alterada para dar ensejo a paródias que incluam o cavalo e as situações 
típicas da equoterapia. Essas estratégias recorrem ao significado afetivo pre-
sente nas diversas experiências corporais da criança, próximas da proposta 
de intervenção da Psicomotricidade Relacional.
Caso Lucas
A criança
Lucas é uma criança de quatro anos e seis meses, do sexo masculino. 
Teve diagnóstico de autismo e tem o grau mais leve segundo a Escala Cars, 
classificado como “sem-autismo”. No Programa Passo a Passo na Comunica-
ção foi classificado com grau de habilidades linguísticas dois de semântica e 
sintaxe, o que significa que Lucas apresenta palavras funcionais, como artigos 
e pronomes e faz relação entre objetos, identificando semelhanças, diferen-
ças, e comparando de propriedades, como por exemplo, tamanho (pequeno/
grande) e peso (leve/pesado).
A família
Lucas é adotado e o pai e a mãe são separados, mas, eles mantêm um bom 
relacionamento entre si e com a criança. Demonstram conhecer e respeitar 
suas rotinas e hábitos preferenciais. Lucas tem dificuldade em respeitar limites, 
apresenta um comportamento opositor e gosta de se comunicar em inglês. 
Quem o acompanha nas atividades da equoterapia é a mãe, que apresenta uma 
postura participativa e cooperativa, auxiliando a equipe a testar as estratégias 
que facilitem a comunicação com Lucas, como também, incentivando-o a 
participar ativamente das atividades propostas.
Início
Na sessão de recepção e horsemanship Lucas participou das primeiras 
atividades que não envolviam o cavalo de forma sistemática, sendo colabora-
tivo. Ao interagir a primeira vez com o cavalo aceitou se aproximar, mas, ao 
entrar no redondel não tocou e não montou no cavalo, afirmando verbalmente 
que não montaria.
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Após algumas tentativas da equipe de equoterapia, sem sucesso, a 
mãe foi chamada para dentro do redondel, a fim de tentarmos nova apro-
ximação, com o apoio afetivo da sua presença. Lucas, com o incentivo 
da mãe, aceitou acariciar o cavalo, mas, reafirmou que não montaria. Na 
interpretação da mãe, Lucas não gosta de perder o controle, logo, estar 
em cima do cavalo e ser conduzido, significa “ser levado”, portanto, assu-
mir um polo passivo na relação. Se concordarmos com a mãe de Lucas, a 
intervenção da equipe nos dois lados do cavalo para garantir a sua segu-
rança, em vez de ter o significado de proteção, pode ser associado, para 
ele, como um controle e, consequentemente, uma restrição a qual deve 
se opor.
Na primeira sessão de equoterapia, Lucas não apresentou medo do cavalo, 
mas, não colaborou com a equipe na realização das atividades; recusou-se a 
fazer o quadro de rotina e a participar ativamente da sessão. O comportamento 
opositor era acompanhado pela verbalização do “não”, em todas as situações 
nas quais recebia algum tipo de comando. A mãe, quando conversamos sobre as 
dificuldades, instruiu-nos a ignorar suas reações contrárias e insistir na atividade. 
O caso de Lucas é diferente dos demais, pois, as dificuldades estão menos rela-
cionadas com características do TEA e mais próximas do comportamento opo-
sitor, logo, recorremos a estratégias diferentes para adaptar o programa às suas 
características individuais.
Quadro 7 – Caso Lucas – Estratégias intuitivas de 
enfrentamento das dificuldades para iniciar a equoterapia
Estratégia 1: Dar comandos invertidos – dizer para “não fazer” o que queremos que ele faça
Ao perceberque as dificuldades de participação eram geradas pelo comportamento opositor e não pela natureza ou 
circunstâncias da atividade, experimentamos, inicialmente como uma brincadeira, dar comandos invertidos para observar 
qual seria a reação. Sendo assim, durante o quadro de rotina, a equipe disse: “Vou montar o quadro e você deve ficar 
apenas observando, não quero que participe da montagem do quadro de rotina”; ou “vamos entrar no redondel e você 
deve ficar sempre atrás de mim, não chegue perto do cavalo”. Como Lucas é muito perspicaz, a expectativa era utilizar 
comandos em formato de regras, para que ele, em função do comportamento opositor, reagisse com o padrão de 
recusa em obedecer.
Resposta da criança
A estratégia gerou o efeito esperado. Lucas entendeu a regra como uma limitação e, como parte do comportamento 
opositor, agiu de forma a não cumprir regra, participando da construção do quadro de rotina e aproximando-se para 
interagir com o cavalo. Porém, não quis colocar o capacete nem montar no cavalo. Talvez a restrição dele a essas 
atividades tenha motivação em outros elementos, além do comportamento opositor, ou, por serem as atividades centrais, 
Lucas pode ter percebido que se tratava de um estratagema, e não aceitou.
continua...
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Estratégia 2: Acordos e surpresas
O comportamento opositor pode ser considerado como uma estratégia de segurança e afirmação, pois, Lucas se 
dispõe a fazer apenas as atividades nas quais têm interesse e que avalia ser capaz de executar, como também, 
que ele deseja manter o controle e exercer liderança. Sendo assim, a negociação de acordos interfere nesse 
mecanismo básico, sem entrar em confronto com essas necessidades, pois, dependem da aceitação, por parte 
dele, do acordo proposto.
O mecanismo da surpresa, por sua vez, quer acrescentar uma nova motivação, ao despertar a curiosidade de Lucas 
para algo desconhecido. Por exemplo, alguns brinquedos foram guardados em uma bolsa carregada pela equipe, Lucas 
somente poderia pegar o brinquedo após colocar o capacete e montar no cavalo. Não se trata de uma “chantagem” e 
sim da negociação da ordem temporal das etapas.
Resposta da criança
Lucas aceitou o acordo e concordou em montar no cavalo, mas, como expressão do comportamento opositor, 
recusou-se a colocar o pé no estribo e a lateralizar a posição do corpo na sela do cavalo, também, não aceitou colocar 
o capacete. Nas demais sessões, utilizamos as mesmas estratégias (comandos invertidos, acordos e surpresas), 
até que uma delas fosse bem-sucedida; Lucas montou, aceitou o capacete e colocou o pé no estribo, participando 
ativamente da sessão.
Discussão
A impressão é que o comportamento opositor faz parte de um processo 
de afirmação, que permite a Lucas verificar o quanto o ambiente e, principal-
mente, as pessoas, estão disponíveis para aceitá-lo, nos seus termos; uma vez 
que se sinta aceito e não desafiado de forma direta pelos outros, Lucas passa 
a colaborar e usufruir do prazer das atividades.
A sugestão da mãe para que seu comportamento opositor seja ignorado, 
demonstra que essa atitude revela um padrão, que é contrariado pela família, 
que mantém o comando da atividade a ser realizada, independente da vontade 
dele. A equipe de equoterapia pode fazer o mesmo, porém, as estratégias de 
comandos invertidos e de surpresas têm a vantagem de obter o engajamento 
consciente e espontâneo de Lucas na atividade, o que favorece as dimensões 
cognitiva e volitiva.
As próprias atividades também possuem um sentido ambivalente, ou seja, 
se no primeiro momento, montar no cavalo pode significar ser levado para 
onde o cavalo quer ir, em seguida, estar montado sobre o cavalo, podendo 
olhar para todos de cima, em uma posição superior, reafirma o seu controle e 
domínio sobre a situação, o que parece lhe transmitir segurança.
Considerações finais
A reflexão sobre as crianças que apresentaram dificuldades para iniciar a 
equoterapia indicou a necessidade de incluir, no programa de intervenção, não 
continuação
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apenas atividades de recepção e horsemanship, mas, a partir da identificação 
de reações contrárias à aproximação com o cavalo ou ao uso dos equipamentos 
de segurança, uma etapa específica com atividades diferenciadas que culmi-
nem com o(a) praticante montado(a) e disposto(a) a interagir com o cavalo.
A experiência adquirida com os seis casos relatados permite destacar 
algumas estratégias. Primeiro, o apoio afetivo de familiares que dão segurança 
para que as crianças lidem com as situações desconhecidas; segundo, o pra-
zer das crianças na realização do percurso externo ao picadeiro, em contato 
direto com a natureza; terceiro, a atitude afirmativa da equipe de equoterapia 
de realizar uma contenção comedida das crianças para que tenham a oportu-
nidade de experimentar o prazer da equitação; quarto, separar a criança dos 
familiares e do hiperfoco para favorecer a interação com o cavalo; quinto, 
utilizar brincadeiras e músicas que fortaleçam o vínculo da criança com a 
equipe de equoterapia até que a objeção ao cavalo seja superada.
Em relação ao uso dos recursos auxiliares de mediação, diversas possi-
bilidades de adaptação das atividades foram sugeridas. É preciso esclarecer 
que não são soluções, mas sugestões a serem experimentadas na prática e, 
quando não se mostrarem efetivas, devem deixar uma lição, pois permitem 
observar as reações da criança. Praticamente todas foram comentadas, com 
exceção: (a) do desafio (Quadro 1, item 1b), pois eram situações iniciais mar-
cadas pelo insucesso, logo, não tem sentido aumentar a dificuldade, porém, ao 
longo da intervenção, certamente devem surgir diversos momentos nos quais 
o desafio será recurso crucial de mediação; (b) da transcendência (Quadro 1, 
item 3b), pois exige maior familiaridade do(a) mediador(a) com a criança a 
fim de poder recorrer a experiências anteriores como exemplos para mobilizar 
a atenção da criança.
Um primeiro passo foi dado para chamar a atenção para a relevância 
desse tema, mas ainda há muito a ser pesquisado.
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REFERÊNCIAS
1. CUNHA, A. C. B., ENUMO, S. R. F, CANAL, C. P. P. Operacionalização 
de escala para análise de padrão de mediação materna: um estudo com 
díades mãe-criança com deficiência visual. Rev. Bras. Ed. Esp., Marília, 
Set-Dez. 2006, p. 393-412.
2. FEUERSTEIN, R.; KLEIN, P. S.; TANNEMBAUM, A. J. (Eds.). Media-
ted Learning Experience (MLE): Theorical, psychosocial and learning 
implications. London: Freund Publishing, 1991. p. 3-51.
3. GOMES, C.M.A. Feuerstein e a construção mediada do conhecimento. 
Porto Alegre:Artmed, 2002, 298pp.
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Introdução
O projeto Comunicar com Equoterapia teve um alcance e uma dimen-
são sem precedentes na equoterapia nacional. Em um único projeto estiveram 
envolvidos aproximadamente 100 crianças, 180 familiares, 23 profissionais 
equoterapeutas, 2 equitadores, 17 auxiliares guias, 4 auxiliares administrativos 
e marketing, 45 estudantes de graduação e pós-graduação stricto sensu e 4 mem-
bros de diretoria da Associação Nacional de Equoterapia (ANDE-BRASIL).
Se esse número causa espantoem um primeiro momento, também carrega 
o peso do impacto de um projeto que envolveu tantas famílias do nosso país. 
A realização do projeto proporcionou: atendimento para as crianças, emprego 
para equipe de trabalho e divulgação do conhecimento sobre equoterapia. 
Parte do sucesso deve ser atribuída à rede construída para fomentar a busca 
de evidências científicas, que contou com a participação da ANDE-BRASIL, 
da Universidade de Brasília (UnB), da Secretaria Nacional do Direitos de 
Pessoas com Deficiências, do Ministério da Mulher da Família e dos Direitos 
Humanos (MMFDH), por meio da qual recebemos financiamento público 
oriundo de emendas parlamentares.
Ao refletirmos sobre as crianças que tiveram a oportunidade de participar 
do projeto, o progresso das habilidades comunicativas era a principal meta 
deste projeto, alcançada por meio da elaboração e execução do Programa 
Passo a Passo na Comunicação, cujos resultados foram descritos no Capítulo 
5. A formação de habilidades comunicativas foi evidente e deve ser minucio-
samente estudada, a fim de gerar novos produtos que contribuam para que 
seus resultados sejam publicados também em revistas e apresentados em 
congressos científicos.
Entretanto, a oportunidade de conviver próximo das crianças com Trans-
torno do Espectro Autista (TEA) permitiu a observação atenta de outros 
benefícios decorrentes da equoterapia que merecem uma atenção especial. 
Destacamos as emoções das crianças ao verem o cavalo, um animal de grande 
porte, e o prazer de poder se aproximar dele e interagir com ele. Os primeiros 
toques, o medo, a curiosidade e a alegria são exemplos de sensações e emoções 
experimentadas desde a primeira sessão do projeto.
A montaria traz novas emoções, diferentes dessas iniciais. Para alguns, 
a curiosidade cede espaço para a insegurança e o medo de cair. Para outros, a 
alegria de montar supera qualquer dúvida ou reações negativas. Cada criança 
tem uma sensação diferente, em função de sua personalidade, logo, reagem 
de forma única à experiência de montar. Destaca-se que a maior parte das 
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crianças não apresentou dificuldades ou medo excessivo de montar, mesmo 
se sentindo inseguras nas primeiras vezes.
A biomecânica do movimento tridimensional do cavalo, movendo-se ao 
passo, permite uma integração sensório-motora única, que com o passar das 
sessões fica cada vez mais harmônica, possibilitando que criança e cavalo 
se movimentem realmente juntos. Essa integração, no entanto, não elimina 
os momentos de desequilíbrio durante a montaria, que são frequentes e ofe-
recem um estímulo importante para a reorganização da postura corporal. O 
contraste constante entre equilíbrio e desequilíbrio tem uma ação direta no 
sistema nervoso central do praticante, que precisa readaptar-se constantemente 
para não cair do cavalo. Essas e outras experiências tornam a equoterapia 
um espaço privilegiado de estimulação do desenvolvimento biopsicossocial 
dos(as) praticantes.
Figura 1 – Praticante do projeto Comunicar com Equoterapia
Este livro contribui com algumas respostas em relação ao impacto 
que projetos de equoterapia podem proporcionar às crianças com deficiên-
cia, entretanto, ainda restam diversas perguntas e questões a serem densa-
mente investigadas.
Se as crianças adquirem esses diversos benefícios, o que podemos dizer 
sobre as famílias? O projeto envolveu muitas mães, pais, irmãs, irmãos, avós e 
avôs, além de cuidadores que normalmente se incorporam à dinâmica familiar. 
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reabilitação de pessoas com transtorno do espectro autista 151
Todos contribuíram com dicas sobre a aproximação afetiva com as crianças 
e suas preferências, todos acompanharam e se alegraram com os progressos, 
todos se esforçaram para que a criança recebesse o melhor. Observamos que 
quando uma criança com TEA passa a se comunicar melhor, toda a família 
percebe e experimenta o impacto dessa mudança no cotidiano. Logo, é pos-
sível afirmar que essas famílias foram afetadas por esse projeto.
Figura 2 – Integração da família no Projeto Comunicar com Equoterapia
O atendimento a um contingente tão grande de crianças com TEA e de 
suas famílias, somente foi possível pela liderança da ANDE-BRASIL que 
entrou em contato com os Centros de Equoterapia afiliados e conseguiu a 
adesão de profissionais dos estados de Tocantins (APAE de Tocantins), Rio 
Grande do Norte (Centro de Equoterapia Potiguar – Universidade Federal do 
Rio Grande do Norte e Instituto Santos Dumont – ISD), Alagoas (Pestalozzi), 
São Paulo (Centro de Equoterapia de Jaguariúna) e o Distrito Federal (sede 
da ANDE-BRASIL).
Sendo assim, alcançamos 4 das 5 regiões do Brasil: Norte, Nordeste, 
Centro-Oeste e Sudeste. Ao abranger comunidades de estados diferentes, 
com características culturais próprias, enfrentamos alguns desafios, como 
diferenças na estrutura física de cada localidade, divergências na formação 
de mediadores e auxiliares, dentre outros. A equipe do projeto Comunicar 
com Equoterapia fez uma visita a cada uma das instituições coparticipantes 
para que as características mínimas do lugar e a formação básica da equipe 
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local estivesse de acordo com a organização e planejamento inicial do projeto. 
Por outro lado, o envolvimento de pessoas de diferentes regiões, formações e 
influências históricas e socioculturais específicas, trouxe diversidade para o 
projeto, ampliando as fronteiras do próprio Programa de intervenção.
O envolvimento de estudantes de graduação e pós-graduação stricto sensu 
da Universidade de Brasília também foi um ponto positivo a ser destacado. 
Os projetos de pesquisa desenvolvidos e em desenvolvimento a partir dessa 
parceria permitiram que os estudantes ampliassem seus conhecimentos para 
além dos muros da universidade, colocando em prática o que aprendem na 
teoria e desafiando o estado da arte por meio de perguntas científicas e pro-
duções inéditas na área de comunicação humana.
Figura 3 – Defesa de mestrado da discente do Programa de Pós-
Graduação em Ciências da Reabilitação da Universidade de 
Brasília Amanda de Carvalho Pedra8, realizada de forma híbrida 
(presencial na ANDE-BRASIL e transmitida via YouTube9)
Mesmo ciente de que existem questões que ainda estão em aberto, logo, 
que demandam novos estudos, os resultados iniciais desse projeto foram apre-
sentados em congressos internacionais e divulgados por meio da publicação 
deste livro, com distribuição gratuita, que dissemina os resultados da pesquisa 
em uma escala difícil de mensurar. Destacamos em especial os resultados 
8 Orientação da Profa. Dra. Leticia Correa Celeste, coorientação do Prof. Dr. Daniel Couto Vale. Membras 
da banca examinadora Profa. Dra. Ana Cristina de Albuquerque Montenegro, Profa. Dra. Andrea Gomes 
Moraes e Profa. Dra. Laura Davison Mangilli Toni.
9 Link da defesa no YouTube: https://drive.google.com/file/d/1FvyTBB6MWEEtI-0AfMbcVzkJTqb2Zr8v/view
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apresentados no Capítulo 5, decorrentes da realização do projeto Comunicar 
com Equoterapia.
Ressalta-se, entretanto, que, como qualquer pesquisa, tivemos limita-
ções; algumas delas apontadas ao longo do livro, mas a título de conclu-
são, destacamos:
• As dificuldades impostas pela proposta inicial de comparar uma e 
duas vezes por semana, pois a frequência duas vezes por semana 
se mostrou onerosa para muitas famílias, resultando em fal-
tas consecutivas;
• O atraso no início da implementação do Programa Passo a Passo 
na Comunicação por dificuldadesde adaptação das crianças, pois 
algumas apresentaram resistências para se aproximar do cavalo, para 
usar os equipamentos de segurança, ou para se ajustar ao ambiente, 
o que provocou uma diminuição da amostra estudada.
• Apesar de termos um número alto de participantes, os resultados 
não podem ser generalizados para a população, pois novos estudos 
devem ser realizados para confirmar os resultados.
• O processo de avaliação e análise das habilidades linguísticas pode 
ser realizado de forma mais detalhada, o que deve ser alvo da aten-
ção em estudos futuros.
• Apesar de admitirmos que os aspectos qualitativos são relevantes 
e trazem aspectos importantes para pesquisa, esses ainda precisam 
ser explorados.
A despeito dessas limitações, o presente estudo trouxe respostas impor-
tantes, em especial sobre a relevância da equoterapia para auxiliar nas habi-
lidades comunicativas de crianças com TEA. Além disso, a parceria entre a 
ANDE-BRASIL e a UnB possibilitou ampliação de ensino, pesquisa e exten-
são em âmbito nacional e se mostrou forte e robusta para condução de estudos 
de grande porte.
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ÍNDICE REMISSIVO
A
Aproximação com o cavalo 10, 84, 124, 125, 127, 130, 131, 135, 136, 140, 144
Avaliação 5, 10, 18, 19, 20, 21, 22, 24, 25, 26, 27, 28, 29, 37, 38, 39, 40, 41, 
42, 43, 44, 45, 46, 47, 49, 81, 98, 100, 101, 102, 112, 127, 140, 153
C
Cavalo 9, 10, 15, 16, 17, 18, 21, 22, 26, 28, 29, 45, 53, 54, 56, 57, 58, 59, 
61, 62, 63, 64, 65, 66, 67, 68, 69, 75, 76, 77, 78, 79, 80, 81, 82, 83, 84, 85, 
86, 87, 88, 89, 90, 91, 96, 97, 100, 119, 120, 122, 123, 124, 125, 126, 127, 
128, 129, 130, 131, 132, 133, 134, 135, 136, 137, 138, 139, 140, 141, 142, 
143, 144, 149, 150, 153, 157
Comunicação 9, 10, 15, 17, 18, 19, 21, 22, 23, 24, 27, 28, 29, 37, 38, 39, 42, 
45, 46, 47, 53, 54, 56, 57, 58, 59, 61, 62, 63, 65, 67, 68, 70, 76, 77, 82, 95, 
96, 97, 100, 101, 102, 103, 108, 112, 120, 122, 124, 129, 131, 132, 135, 138, 
141, 149, 152, 153, 157, 159
Criança 15, 16, 18, 19, 21, 22, 27, 28, 40, 41, 42, 43, 44, 45, 53, 54, 57, 58, 
59, 60, 61, 62, 63, 64, 65, 67, 69, 71, 78, 84, 85, 86, 87, 88, 89, 96, 101, 102, 
120, 121, 122, 124, 125, 126, 127, 128, 129, 130, 131, 132, 133, 134, 135, 
136, 137, 138, 139, 140, 141, 142, 143, 144, 145, 150, 151
E
Equipe de equoterapia 10, 16, 18, 20, 21, 29, 30, 37, 43, 44, 47, 54, 78, 79, 
80, 85, 96, 122, 123, 124, 126, 127, 128, 130, 131, 133, 134, 135, 136, 137, 
139, 140, 142, 143, 144
Equoterapeuta 78, 88, 158, 159
Equoterapia 3, 4, 9, 10, 11, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 
29, 30, 31, 32, 37, 38, 40, 43, 44, 46, 47, 53, 54, 55, 56, 57, 58, 59, 60, 67, 
69, 70, 71, 75, 76, 77, 78, 79, 80, 84, 85, 87, 88, 89, 90, 91, 95, 96, 97, 100, 
102, 111, 112, 114, 115, 119, 120, 122, 123, 124, 125, 126, 127, 128, 129, 
130, 131, 132, 133, 134, 135, 136, 137, 138, 139, 140, 141, 142, 143, 144, 
149, 150, 151, 152, 153, 157, 158, 159
Exemplos de atividades 54, 56, 58, 59, 61, 62, 64, 65, 67, 69
F
Fonoaudiologia 4, 21, 29, 30, 31, 37, 71, 95, 114, 115, 157, 158, 159
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H
Habilidades linguísticas 10, 17, 21, 23, 37, 43, 53, 122, 129, 132, 135, 138, 
141, 153
I
Intencionalidade equoterapêutica 10, 17, 20, 21, 22, 23, 37, 43, 47, 53
Intervenção 10, 17, 18, 19, 21, 22, 23, 24, 25, 28, 29, 30, 32, 43, 44, 46, 53, 
54, 70, 71, 75, 78, 79, 82, 87, 88, 89, 90, 95, 96, 98, 101, 102, 103, 106, 107, 
108, 109, 110, 111, 112, 113, 114, 115, 125, 127, 133, 137, 141, 142, 144, 
152, 158
L
Linguagem 4, 10, 19, 23, 27, 28, 32, 38, 39, 40, 41, 42, 46, 47, 48, 49, 53, 
59, 71, 85, 95, 96, 97, 101, 103, 108, 112, 113, 135, 157, 158, 159
M
Mediador 20, 43, 45, 54, 57, 58, 59, 60, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 67, 68, 69, 
70, 75, 82, 87, 89, 97, 121, 126, 127, 128, 137, 138, 140, 144
P
Passo a passo na comunicação 10, 15, 21, 22, 23, 24, 29, 37, 45, 46, 53, 54, 
56, 57, 58, 59, 61, 62, 63, 65, 67, 68, 70, 95, 97, 112, 120, 122, 124, 129, 131, 
132, 135, 138, 141, 149, 153
Projeto Comunicar com Equoterapia 15, 16, 17, 20, 21, 23, 38, 40, 46, 47, 
53, 59, 69, 89, 95, 97, 112, 149, 151, 152
R
Resposta da criança 45, 58, 65, 124, 130, 131, 133, 136, 139, 142, 143
T
TEA 9, 10, 11, 15, 16, 17, 18, 19, 21, 23, 24, 25, 27, 28, 31, 37, 38, 46, 47, 
76, 78, 79, 80, 81, 83, 84, 85, 86, 87, 88, 89, 95, 96, 97, 98, 100, 102, 112, 
114, 119, 120, 133, 134, 142, 149, 151
Transtorno do Espectro Autista 3, 4, 9, 26, 27, 31, 44, 71, 78, 95, 98, 114, 
119, 158, 159
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SOBRE OS AUTORES
Alexandre Rezende (Organizador)
Licenciado de Educação Física (UnB), Mestre em Educação (UnB) e Dou-
tor em Ciências da Saúde (UnB). É professor da Faculdade de Educação 
Física (UnB) e se dedica ao ensino da natação para pessoas com deficiência. 
Na pesquisa, estuda a mediação docente para construção de experiências de 
aprendizagem que contribuam para a educação inclusiva, o que abrange a 
participação do educador na equoterapia.
Alexandre Ronald de Almeida Cardoso
Graduado em Ciências Contábeis (UnB) e Mestre em Controladoria e Conta-
bilidade (USP). É Conselheiro Fiscal da Associação Nacional de Equoterapia 
(ANDE -BRASIL) e instrutor de equitação. Na pesquisa, dedica-se ao estudo 
do comportamento e do relacionamento saudável do cavalo com o homem.
Amanda de Carvalho Pedra (Organizadora)
Bacharela em Fonoaudiologia (UnB), Especialista em Linguística Aplicada à 
Educação (FAVENI), Mestre em Ciências da Reabilitação (UnB). É fonoau-
dióloga ambulatorial na rede particular de saúde do Distrito Federal e se 
dedica ao público infantil, com ênfase na reabilitação da comunicação nos 
casos de autismo e transtornos motores da fala. Na pesquisa, estuda a reabi-
litação dos distúrbios de fala e linguagem de crianças com autismo por meio 
da equoterapia.
Ana Luiza Vieira Benito
Estudante de Fonoaudiologia (UnB). Participa do Programa de Iniciação 
Científica da UnB e é membro do Centro Acadêmico de Fonoaudiologia 
(UnB). Na pesquisa, dedica-se ao estudo da equoterapia, do autismo e da 
motricidade orofacial.
Andressa Lopes Vieira
Bacharela em Fonoaudiologia (Uniplan), Pós-graduanda em Transtornos 
Neurocognitivos (FAVENI). É fonoaudióloga da Associação Nacional de 
Equoterapia (ANDE-BRASIL) e atua na reabilitação infantil das habilidades 
de linguagem, fala e aprendizado. Na pesquisa, tem interesse no estudo de 
neurociências e do desenvolvimento infantil.
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Camila Santana Lima
Bacharela em Fonoaudiologia (UnB), Pós-Graduanda em Linguagem 
(CEFAC). É estagiária do Hospital Universitário de Brasília e atua nas áreas 
de linguagem, fala e motricidade orofacial em todas as faixas etárias. Na 
pesquisa, estuda a linguagem infantil, distúrbios de aprendizagem e disfagia 
de adultos e idosos.
Eduardo Santos Andrade
Graduado em Psicologia (UNIRG) e Pós-graduado em Terapia Analítica do 
Comportamento Infantil (IPEMIG). É docente da Faculdade de Pedagogia, 
Fisioterapia e Educação Física (UNIPLAN) nas disciplinas de Psicologia 
do Desenvolvimento e Psicomotricidade. Na pesquisa, estuda a mediação 
do equoterapeuta nos atendimentos da Equoterapia com foco em aspec-
tos psicológicos.
Franklin Júnior Dias Ferreira
Licenciado e Bacharel em Ciências Biológicas (UnB) e Bacharel em Fonoau-
diologia (UnB). É professor de ciências na SEEDF. Na pesquisa se dedica 
a estudos sobre a voz, disfagia e linguagem, com ênfase em Equoterapia 
e Equitação.
Gisele dos Santos de Torres
Bacharela em Fonoaudiologia (UnB), Equoterapeuta formada pela Associação 
Nacional de Equoterapia (ANDE-BRASIL) e Pós-graduanda emIntervenção 
ABA aplicada ao Transtorno do Espectro Autista (CBI). Na pesquisa, tem 
interesse no estudo sobre cuidados fonoaudiológicos para paciente com câncer 
de cabeça e pescoço.
Jorge Dornelles Passamani
Bacharel em Administração e Tecnólogo em Finanças (Universidade Anhan-
guera/UNIDERP), Instrutor de Equitação (EsEqEx/Exército Brasileiro), Curso 
de Mestre em Equitação (Carabineiros/Chile) e Cursos Básico e Avançado de 
Equoterapia (ANDE-BRASIL/ANIRE). Curso Superior de Polícia (UFPA) e 
Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais (PMPB). É Presidente da Associação 
Nacional de Equoterapia (ANDE-BRASIL).
Leticia Correa Celeste (Organizadora)
Bacharela em Fonoaudiologia (UFMG), Especialista em Psicopedagogia 
(FEAD), Mestre (UFMG) e Doutora Estudos Linguísticos (UFMG e Uni-
versité Aix-en-Provence). É professora do curso de Fonoaudiologia e da 
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COMUNICAR COM EQUOTERAPIA: efeito da equoterapia na 
reabilitação de pessoas com transtorno do espectro autista 159
Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação (UnB). Na pesquisa, estuda os dis-
túrbios da comunicação, na linguagem oral e escrita, inclusive na equoterapia.
Maíra de Souza Carvalho
Graduada em Psicologia (UniCeub), Especialista em Terapia Cognitiva Com-
portamental (CTC Veda) e Pós-graduanda em Psicologia e Transtorno do 
Espectro Autista (UniBf Faculdade). Atua como equoterapeuta no Centro de 
Equoterapia Cavaleiros Solidários e na ANDE-BRASIL; atua como psicóloga 
clínica na Cefon Multiespecialidades. Na pesquisa, tem interesse pelo estudo 
dos aspectos psicológicos relacionados com a equoterapia e o atendimento a 
pessoas com deficiência.
Marcella Laís Simões
Bacharela em Fonoaudiologia (UnB) e em Educação Física (UDF), Espe-
cialista em Neuropsicopedagogia (UniAmérica) e Pós-graduanda em Voz 
(USCS). É fonoaudióloga da Policlínica de Sobradinho (SES-DF) e atua na 
reabilitação infantil das habilidades de linguagem, fala e aprendizado. Na 
pesquisa, dedica-se ao estudo em performance comunicativa, neurociências, 
voz e linguagem.
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SOBRE O LIVRO
Tiragem: 3000
Formato: 16 x 23 cm
Mancha: 12,3 x 19,3 cm
Tipologia: Times New Roman 10,5/11,5/13/16/18
Arial 8/8,5
Papel: Pólen 80 g (miolo)
Royal Supremo 250 g (capa)
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