Buscar

COMUNICAR COM EQUOTERAPIA - efeito da equoterapia na reabilitacao de pessoas com transtorno do espectro autista

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 160 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 160 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 160 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

E
di
to
ra
 C
R
V
 –
 P
ro
ib
id
a 
a 
im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
Editora CRV
Curitiba – Brasil
2022
Leticia Correa Celeste
Amanda de Carvalho Pedra
Alexandre Rezende
(Organizadores)
COMUNICAR COM EQUOTERAPIA: 
efeito da equoterapia na reabilitação de 
pessoas com transtorno do espectro autista
E
di
to
ra
 C
R
V
 –
 P
ro
ib
id
a 
a 
im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
Copyright © da Editora CRV Ltda.
Editor-chefe: Railson Moura
Diagramação e Capa: Designers da Editora CRV
Fotógrafo: Edson Gonçalves da Silva Júnior 
Capa e Ilustrações: Renato Medeiros
Revisão: Os Autores
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
CATALOGAÇÃO NA FONTE
Bibliotecária responsável: Luzenira Alves dos Santos CRB9/1506
C741
Comunicar com equoterapia: efeito da equoterapia na reabilitação de pessoas com 
transtorno do espectro autista / Leticia Correa Celeste, Amanda de Carvalho Pedra, Alexandre 
Rezende (organizadores) – Curitiba : CRV, 2022.
160 p. 
Bibliografia
ISBN Digital 978-65-251-3784-1
ISBN Físico 978-65-251-3785-8
DOI 10.24824/978652513785.8
1. Medicina e saúde 2. Equitação – reabilitação – autismo 3. Terapia assistida – animais 
4. Fonoaudiologia – linguagem I. Celeste, Leticia Correa. org. II. Pedra, Amanda de Carvalho. 
org. III. Rezende, Alexandre. org. IV. Título V. Série.
2022-28170 CDD 615.8 
CDU 616-053.2:619 
Índice para catálogo sistemático
1. Terapia assistida – animais – 615.8
2022
Foi feito o depósito legal conf. Lei 10.994 de 14/12/2004
Proibida a reprodução parcial ou total desta obra sem autorização da Editora CRV
Todos os direitos desta edição reservados pela: Editora CRV
Tel.: (41) 3039-6418 – E-mail: sac@editoracrv.com.br
Conheça os nossos lançamentos: www.editoracrv.com.br
Distribuição gratuita. A publicação do livro foi financiada pelo Ministério da Mulher 
da Família e dos Direitos Humanos, Secretária Nacional do Direitos da Pessoa com 
Deficiência, por meio do Termo de Fomento nº 905152/2020, proveniente das Emendas 
Parlamentares de autoria dos Deputados Federais: General Girão/RN; General Peternelli/
SP; Paula Belmonte/DF, Tereza Nelma/AL, Vicentinho Júnior/TO e Pedro Westphalen/RS.
E
di
to
ra
 C
R
V
 –
 P
ro
ib
id
a 
a 
im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
Este livro passou por avaliação e aprovação às cegas de dois ou mais pareceristas ad hoc.
Comitê Científico:
Ana Rosete Camargo Rodrigues Maia (UFSC)
Carlos Leonardo Figueiredo Cunha (UFRJ)
Cristina Iwabe (UNICAMP)
Evania Nascimento (UEMG)
Fernando Antonio Basile Colugnati (UFJF)
Francisco Jaime Bezerra Mendonca Junior (UEPB)
Inez Montagner (UnB)
Janesca Alban Roman (UTFPR)
José Antonio Chehuen Neto (UFJF)
Jose Odair Ferrari (UNIR)
Juliana Balbinot Reis Girondi (UFSC)
Karla de Araújo do Espirito Santo 
Pontes (FIOCRUZ)
Lucas Henrique Lobato de Araujo (UFMG)
Lúcia Nazareth Amante (UFSC)
Lucieli Dias Pedreschi Chaves (EERP)
Maria Jose Coelho (UFRJ)
Milena Nunes Alves de Sousa (FIP)
Narciso Vieira Soares (URI)
Orenzio Soler (UFPA)
Paulo Sérgio da Silva Santos (FOB-USP)
Samira Valentim Gama Lira (UNIFOR)
Thiago Mendonça de Aquino (UFAL)
Vânia de Souza (UFMG)
Wagner Luiz Ramos Barbosa (UFPA)
Wiliam César Alves Machado (UNIRIO)
Conselho Editorial:
Aldira Guimarães Duarte Domínguez (UNB)
Andréia da Silva Quintanilha Sousa (UNIR/UFRN)
Anselmo Alencar Colares (UFOPA)
Antônio Pereira Gaio Júnior (UFRRJ)
Carlos Alberto Vilar Estêvão (UMINHO – PT)
Carlos Federico Dominguez Avila (Unieuro)
Carmen Tereza Velanga (UNIR)
Celso Conti (UFSCar)
Cesar Gerónimo Tello (Univer. Nacional 
Três de Febrero – Argentina)
Eduardo Fernandes Barbosa (UFMG)
Elione Maria Nogueira Diogenes (UFAL)
Elizeu Clementino de Souza (UNEB)
Élsio José Corá (UFFS)
Fernando Antônio Gonçalves Alcoforado (IPB)
Francisco Carlos Duarte (PUC-PR)
Gloria Fariñas León (Universidade 
de La Havana – Cuba)
Guillermo Arias Beatón (Universidade 
de La Havana – Cuba)
Jailson Alves dos Santos (UFRJ)
João Adalberto Campato Junior (UNESP)
Josania Portela (UFPI)
Leonel Severo Rocha (UNISINOS)
Lídia de Oliveira Xavier (UNIEURO)
Lourdes Helena da Silva (UFV)
Luciano Rodrigues Costa (UFV)
Marcelo Paixão (UFRJ e UTexas – US)
Maria Cristina dos Santos Bezerra (UFSCar)
Maria de Lourdes Pinto de Almeida (UNOESC)
Maria Lília Imbiriba Sousa Colares (UFOPA)
Paulo Romualdo Hernandes (UNIFAL-MG)
Renato Francisco dos Santos Paula (UFG)
Rodrigo Pratte-Santos (UFES)
Sérgio Nunes de Jesus (IFRO)
Simone Rodrigues Pinto (UNB)
Solange Helena Ximenes-Rocha (UFOPA)
Sydione Santos (UEPG)
Tadeu Oliver Gonçalves (UFPA)
Tania Suely Azevedo Brasileiro (UFOPA)E
di
to
ra
 C
R
V
 –
 P
ro
ib
id
a 
a 
im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
E
di
to
ra
 C
R
V
 –
 P
ro
ib
id
a 
a 
im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
SUMÁRIO
PREFÁCIO �������������������������������������������������������������������������������������������������������9
Andréa Gomes Moraes
CAPÍTULO 1
O PROJETO COMUNICAR COM EQUOTERAPIA ������������������������������������ 13
Leticia Correa Celeste
Alexandre Rezende
CAPÍTULO 2
CONHECENDO O PRATICANTE: processo de avaliação ��������������������������� 35
Amanda de Carvalho Pedra
Marcella Laís Simões
Andressa Lopes Vieira
Leticia Correa Celeste
CAPÍTULO 3
O PROGRAMA PASSO A PASSO NA COMUNICAÇÃO ���������������������������� 51
Leticia Correa Celeste
Amanda de Carvalho Pedra
CAPÍTULO 4
O CAVALO E A EQUOTERAPIA �������������������������������������������������������������������73
Alexandre Ronald de Almeida Cardoso
Jorge Dornelles Passamani
CAPÍTULO 5
RESULTADOS DA APLICAÇÃO DO PROJETO “COMUNICAR 
COM EQUOTERAPIA”: análise em cinco estados do Brasil ������������������������� 93
Ana Luiza Vieira Benito
Gisele dos Santos de Torres
Camila Santana Lima
Amanda de Carvalho Pedra
Eduardo Santos Andrade
Alexandre Rezende
Leticia Correa Celeste
CAPÍTULO 6
MEDIAÇÕES PARA LIDAR COM AS DIFICULDADES 
DAS CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO 
AUTISTA PARA INICIAR A EQUOTERAPIA ���������������������������������������������� 117
Maíra de Souza Carvalho
Franklin Júnior Dias Ferreira
Amanda de Carvalho Pedra
Leticia Correa Celeste
Alexandre Rezende
E
di
to
ra
 C
R
V
 –
 P
ro
ib
id
a 
a 
im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
CAPÍTULO 7
CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE O PROJETO 
COMUNICAR COM EQUOTERAPIA ��������������������������������������������������������� 147
Leticia Correa Celeste
ÍNDICE REMISSIVO �����������������������������������������������������������������������������������155
SOBRE OS AUTORES ��������������������������������������������������������������������������������157
E
di
to
ra
 C
R
V
 –
 P
ro
ib
id
a 
a 
im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
PREFÁCIO
Era uma vez... É assim que muitas histórias incríveis têm o seu início e, 
no caso desse livro, que conta uma história de magnitude e relevância, não 
poderia deixar de iniciar desse modo, que nos remete as mais belas histórias 
lidas em nossa infância. Portanto, era uma vez um menino lindo, que tinha em 
sua mente muitos sonhos e anseios, mas muita dificuldade em os expressar, 
assim como, um padrão mais restrito de comportamento e dificuldades de inte-
ração social... Na verdade, eram duas, três, várias crianças com necessidades 
individuais e os profissionais que se dedicavam a transformar suas vidas por 
meio de um método chamado equoterapia. É assim que tudo inicia...
Quando me convidaram para escrever esse prefácio, sabia do enorme 
desafio, mas, aceitei por saber da grandiosidade do trabalho para que esse 
livro se transformasse em uma realidade. Houve muita dedicação e compro-
metimento dos profissionais, pelos quais tenho admiração e respeito. Espero 
conseguir contagiar você a fazer parte dessa história, reunindo-se a todos os 
que mergulharam de cabeça para compreender vários fenômenos, formular 
perguntas de pesquisa e investigar sem cessar até encontrar possíveis respostas. 
E o melhor, ao final, poder disponibilizartodo esse conhecimento para que 
seja de fato universal, alcançando os praticantes que buscam se beneficiar 
da equoterapia.
Um dos pontos fortes desse livro é contribuir para aprendermos mais 
sobre o Transtorno do Espectro Autista, que atualmente é um dos diagnósticos 
mais frequentes nos Centros de Equoterapia. Essa demanda nos aproxima 
de famílias que estão enfrentando as incertezas na educação dos seus filhos, 
e de profissionais que se dedicam à busca de evidências para garantir um 
atendimento de excelência. A equoterapia é um dos recursos terapêuticos 
destinados a essa população, que ao ter acesso a ela, se beneficia de um 
ambiente acolhedor, extremamente rico em estímulos, marcado pela possi-
bilidade inusitada da interação afetiva com um animal de grande porte, mas 
dócil, o cavalo – principal agente da equoterapia.
Trata-se de um estudo inovador e multicêntrico, realizado em 4 estados: 
Tocantins, Rio Grande do Norte, São Paulo e Alagoas, além do Distrito Fede-
ral. Apesar do avanço das pesquisas na produção de evidências científicas, 
que indicam os benefícios advindos da prática da equoterapia, ainda hoje, 
não temos uma quantidade suficiente de ensaios clínicos randomizados bra-
sileiros sobre os efeitos da equoterapia para pessoas com TEA, ainda mais 
com enfoque na comunicação – a despeito de o Brasil figurar com destaque 
no cenário mundial das pesquisas em equoterapia.
E
di
to
ra
 C
R
V
 –
 P
ro
ib
id
a 
a 
im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
10
O livro chama atenção para importância de conhecer o(a) praticante e a 
sua dinâmica familiar, por meio do uso de processos avaliativos apropriados, 
que fornecem um diagnóstico imprescindível para a construção de um plane-
jamento que reúna as melhores estratégias terapêuticas e, ao mesmo tempo, 
seja capaz de analisar o potencial de cada praticante, a fim de selecionar as 
atividades, participações e restrições específicas para cada caso. Essa relação 
entre uma avaliação detalhada para subsidiar uma intervenção direcionada foi 
denominada no livro de “intencionalidade equoterapêutica”.
Uma contribuição essencial do livro para a replicação de estudos que 
articulem a equoterapia com a comunicação social é a descrição do pro-
grama “Passo a Passo na Comunicação”, que teve como objetivo investir em 
experiências que contribuam para a formação de habilidades linguísticas e 
cognitivas, bem como para a funcionalidade comunicativa dos praticantes. 
O programa possui 8 módulos, com atividades distribuídas ao longo de 24 
sessões, são elas: vivenciando a equoterapia; conhecendo o corpo; os ani-
mais; alimentação; locomover-se; cuidando da higiene; pessoas ao meu redor, 
e; despedida.
É claro que não poderia faltar um capítulo destinado ao nosso perso-
nagem principal, que torna tudo isso possível, o cavalo. Foram abordados, 
com a devida profundidade, aspectos relacionados com: o horsemanship; a 
escolha e a preparação do cavalo e do ambiente; a recepção dos participantes 
e a aproximação com o cavalo, e; o treinamento adequado para o desempenho 
máximo na equoterapia. Cumpre destacar a atenção especial concedida aos 
cuidados necessários para garantir a segurança e o bem-estar do animal, dos 
praticantes e dos integrantes da equipe de equoterapia.
Finalizando minhas palavras, convido você a reflexões: Será que uma 
intervenção abordando aspectos relacionados à linguagem e à atenção de forma 
articulada com a equoterapia é capaz de produzir resultados positivos para 
crianças e adolescentes com diagnóstico de TEA? Será que existem diferenças 
nos resultados em função da intensidade da intervenção, ou seja, os efeitos são 
diferentes quando realizamos as sessões de equoterapia uma ou duas vezes 
na semana? Você dispõe de um protocolo de atendimento na equoterapia 
que orienta a sua atuação na prática clínica e ao mesmo tempo contempla as 
demandas individuais dos praticantes? Os instrumentos de avaliação, validados 
ou não, que foram utilizados nesse projeto, podem ser aplicados no seu centro 
de equoterapia? Essas são algumas perguntas relevantes que vão acompanhar 
a sua leitura ao longo dos capítulos, que deve fornecer subsídios para que 
você identifique respostas admissíveis para cada uma delas.
Então, se você pensa que essa história termina por aqui, está engana-
do(a), saiba que ela está apenas começando. Você vai perceber isso quando 
E
di
to
ra
 C
R
V
 –
 P
ro
ib
id
a 
a 
im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
COMUNICAR COM EQUOTERAPIA: efeito da equoterapia na 
reabilitação de pessoas com transtorno do espectro autista 11
iniciar a leitura, pois ao colocar em prática esses conhecimentos e práticas em 
sua realidade, no intuito de auxiliar crianças com TEA a desenvolver maior 
autonomia e qualidade de vida, você vai dar continuidade a essa história, com 
novos personagens e, consequentemente, novas lições de vida, que podem 
alcançar uma abrangência inimaginável.
Dra. Andréa Gomes Moraes
Fisioterapeuta e pesquisadora em Equoterapia
Vinculada à ANDE-BRASIL e ao
Centro de Equoterapia da Polícia Militar do Distrito Federal
E
di
to
ra
 C
R
V
 –
 P
ro
ib
id
a 
a 
im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
E
di
to
ra
 C
R
V
 –
 P
ro
ib
id
a 
a 
im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
E
di
to
ra
 C
R
V
 –
 P
ro
ib
id
a 
a 
im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
E
di
to
ra
 C
R
V
 –
 P
ro
ib
id
a 
a 
im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
Introdução
“Quando ele começou aqui ele não falava um /a/. E ele teve um salto 
muito grade. Ele pede coisas, [...] ele linca uma coisa com a outra [...]. 
Ele sabe que ele é o João, ele sabe reconhecer as pessoas.”
Fala de uma das mães na despedida do Projeto Comunicar com Equoterapia.
O projeto Comunicar com Equoterapia foi realizado ao longo dos anos 
de 2020-2022, por meio de uma parceria entre a Associação Nacional de 
Equoterapia (ANDE-BRASIL) e a Universidade de Brasília (UnB). O pro-
jeto teve financiamento público de emendas parlamentares por intermédio 
do Ministério da Mulher da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH). A 
ideia central do projeto foi elaborar, implementar e avaliar um programa que 
permitisse verificar os efeitos da equoterapia na reabilitação de pessoas com 
Transtorno do Espectro Autista (TEA). Para isso foi utilizado o programa 
“Passo a Passo na Comunicação; nossa preocupação era a mesma contida no 
relato da mãe: a comunicação de crianças com TEA.
Figura 1 – Criança com TEA, assistida pelo especialista em horsemanship, 
acariciando o cavalo; atividade realizada no módulo Vivenciando 
a Equoterapia do Projeto Comunicar com Equoterapia
E
di
to
ra
 C
R
V
 –
 P
ro
ib
id
a 
a 
im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
16
Figura 2 – Criança com TEA, assistida por integrantes da equipe de 
equoterapia, dando banho no cavalo; atividade realizada no módulo 
Cuidando da Higiene do Projeto Comunicar com Equoterapia
Figura 3 – Criança com TEA, acompanhada pela equipe de equoterapia, 
dentro do picadeiro, andando a cavalo e comunicando-se com uma 
das mediadoras sobre a posição correta do pé; atividade realizada no 
módulo conhecendo o corpo do Projeto Comunicar com Equoterapia
E
di
to
ra
 C
R
V
 –
 P
ro
ib
id
a 
a 
im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
COMUNICAR COM EQUOTERAPIA: efeito da equoterapia na 
reabilitação de pessoas com transtorno do espectro autista 17
O Projeto Comunicar com Equoterapia, como o próprio nome indica, é 
uma intervenção que se propõe a fazer uma articulação entre as habilidades 
requeridas pela comunicação social e a equoterapia, uma proposta que integra 
o grupo das terapias com assistência animal, no caso, com o cavalo. A seleção 
das atividades foi realizada de forma a direcionar as vivências e experiências 
equoterapêuticas para a criação de um ambiente interativo que seja favorável 
para o desenvolvimento das habilidades linguísticas e cognitivas necessáriaspara potencialização da comunicação de crianças com TEA.
“Ele melhorou em tudo mesmo, tanto na fala quanto na escola também. 
Ele já está escrevendo, já está, nossa. Não tenho nem palavras para agra-
decer a vocês, a todos [...]. Outro dia ele pediu refrigerante. É uma palavra 
difícil e eles aprendem a falar rapidinho [...], mas ele assim, está falando 
de tudo. Eu achava que ele nunca nem ia falar.”
Fala de uma das mães na despedida do Projeto Comunicar com equoterapia.
Este capítulo tem por objetivo: descrever o contexto no qual o Projeto 
Comunicar com Equoterapia está inserido; explicitar nossa compreensão da 
intencionalidade equoterapêutica, termo de inspiração sociointeracionista 
que propomos como fio condutor para a intervenção; e, por fim, apresentar o 
percurso teórico-metodológico do projeto de pesquisa.
Contextualização
“Eu sempre falei para todos aqui que minha preocupação sempre foi a 
comunicação dele.”
Fala de uma das mães na despedida do Projeto Comunicar com equoterapia.
A palavra “autismo” foi utilizada pela primeira vez por Kanner (1943), 
sob a conceituação da teoria do apego. Atualmente, o Transtorno do Espectro 
Autista (TEA) é visto como uma desordem do neurodesenvolvimento, com 
origem genética e ambiental(1). São critérios diagnósticos do TEA segundo 
DSM-V(2): a) Déficits persistentes na comunicação social e na interação em 
múltiplos contextos; b) Padrões restritos e repetitivos de comportamento, 
interesses ou atividades(2).
O número de pessoas com diagnóstico de autismo tem tido um aumento 
importante nos últimos anos. Em um estudo realizado em 1966, Lotter(3) 
concluiu que na Inglaterra teriam 4,5 crianças diagnosticadas a cada 10.000. 
Desde esse estudo, o aumento da prevalência passou para 1 em cada 150(4) 
E
di
to
ra
 C
R
V
 –
 P
ro
ib
id
a 
a 
im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
18
e, após uma análise publicada em 2018 pelo Center for Disease Control dos 
Estudos Unidos há 1 caso a cada 59 crianças nos EUA(5).
O aumento na prevalência de casos de TEA pode ser atribuído, em parte, 
ao aperfeiçoamento tecnológico dos recursos de avaliação neurológica, mas 
também, à ampliação de informações sobre o quadro clínico e à reformula-
ção dos critérios diagnósticos que levaram à nova caracterização do TEA de 
maneira a englobar os seguintes quadros clínicos, anteriormente classificados 
de forma independente: autismo infantil precoce, autismo infantil, autismo de 
Kanner, autismo de alto funcionamento, autismo atípico, transtorno Jjlobal 
do desenvolvimento sem outra especificação, transtorno desintegrativo da 
infância e transtorno de Asperger(2).
Mas, por que fazer uma articulação entre aspectos fonoaudiológicos e 
equoterapia para crianças com TEA? Várias são as razões que levaram a tal 
escolha, dentre elas, destacamos: a motivação e o engajamento que as crian-
ças com TEA tem perante um momento de interação com cavalo; a relação 
afetiva que existe entre o ser humano e o cavalo pode ser usada como gatilho 
para desencadear processos comunicativos entre as crianças e os integrantes 
da equipe de equoterapia; o direcionamento espontâneo da atenção conjunta, 
uma das principais dificuldades das crianças com TEA, para organização a 
postura corporal durante a montaria; a especificidade da relação entre a criança 
e o cavalo, uma díade que possibilita formas alternativas de comunicação, 
isentas da tensão normalmente presente nos momentos de interação social, 
quando é preciso corresponder às expectativas e à pressão de outras pessoas.
Essa condição, também presente em outras terapias assistidas por animais, 
faz com que a prática da equoterapia seja considerada como especialmente 
benéfica para pessoas com diagnóstico de TEA(1,6–10), tanto na perspectiva 
social como na comunicativa. Entretanto, ainda existem diversas lacunas na 
literatura científica que precisam ser respondidas e atendidas.
Primeiramente, não temos, no Brasil, uma pesquisa sobre equoterapia, 
comunicação e TEA, que tenha um delineamento definido como ensaio clí-
nico randomizado. Nesse tipo de estudo, o cruzamento entre as variáveis 
gera um “alto grau de evidência científica”, pois os pesquisadores conse-
guem comparar os resultados em diferentes condições experimentais, como 
também, exercer controle sobre variáveis confundidoras, o que permite a 
avaliação real dos efeitos de uma intervenção realizada em um determinado 
período. Portanto, ter um ensaio clínico elaborado e desenvolvido no país é 
de extrema importância para a ciência nacional, especialmente se tratando 
de temas atuais: equoterapia, comunicação e autismo.
Outro ponto de destaque, é o fato de ser uma pesquisa realizada no 
Brasil, logo, que leva em consideração as particularidades do nosso país. 
E
di
to
ra
 C
R
V
 –
 P
ro
ib
id
a 
a 
im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
COMUNICAR COM EQUOTERAPIA: efeito da equoterapia na 
reabilitação de pessoas com transtorno do espectro autista 19
Isso favorece: a divulgação dos resultados em língua portuguesa, acessível 
aos brasileiros; a adequação do protocolo de intervenção à cultura equestre 
brasileira, o que favorece a sua replicação; a compreensão dos resultados 
em função das expectativas sociais e dos significados compartilhados entre 
brasileiros; dentre outros aspectos considerados em nossa pesquisa.
Em relação à abrangência regional, o projeto é inovador na medida em 
que avalia os resultados de um mesmo programa de intervenção realizado 
em diferentes localidades do país. A ANDE-BRASIL conseguiu mobilizar 
recursos e reunir Centros de Equoterapia com interesses de estudo afins, o que 
culminou na realização da pesquisa em cinco diferentes localidades: Distrito 
Federal, Tocantins, Rio Grande do Norte, São Paulo e Alagoas. Isso permitiu 
a realização do programa de Equoterapia e Comunicação em quatro diferentes 
regiões do país: nordeste, centro-oeste, sudeste e sul.
O estudo também se propõe a contribuir para análise de uma questão 
metodológica ainda não esclarecida: qual deve ser, no atendimento às crianças 
com TEA, a frequência semanal das sessões de equoterapia, uma ou duas 
vezes por semana? Essa é uma discussão importante, pois tem um impacto 
no número de pessoas que podem ser atendidas com qualidade, ou seja, se 
não há uma diferença significativa nos resultados, é possível recomendar o 
atendimento com uma sessão por semana, o que permite alcançar o dobro de 
praticantes com a mesma estrutura. É por isso que esse tópico está presente 
em diversos estudos da literatura especializada em equoterapia(11,12).
Ainda, a presente proposta se baseia no cerne das dificuldades dos autis-
tas: a comunicação social. Trabalhar aspectos relacionados à linguagem e à 
atenção conjunta na equoterapia pode trazer resultados positivos para crianças 
e adolescentes com diagnóstico de TEA.
Em relação a componentes específicos da questão fonoaudiológica, o 
estudo avalia uma proposta de intervenção que abrange dois pontos rele-
vantes da reabilitação comunicativa: o uso de um programa padronizado e 
a individualização terapêutica. A princípio, tal composição pode parecer um 
paradoxo: como é possível aplicar um programa padronizado, com metas 
e estratégias pré-definidas, que, ao mesmo tempo, permita a adaptação das 
atividades para as características individuais de cada criança com TEA? Isso, 
no entanto, é possível porque o programa segue uma abordagem sociointe-
racionista e cognitiva, com foco em objetivos específicos, que podem ser 
alcançados por meio de diversas atividades equoterapêuticas, planejadas em 
função de habilidades cognitivas e linguísticas que possuem funcionalidade 
comunicativa em comum. Sendo assim, a partir das informações obtidas pela 
avaliação das crianças, os pesquisadores puderam escolher, dentro do pro-
grama, as melhores atividades e metas a serem alcançadas, de acordo com 
E
di
to
ra
 C
R
V
 –
 P
ro
ib
id
a 
a 
im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
20
as necessidadesespecíficas de cada uma das crianças, o que garantiu a uni-
formidade das finalidades do programa de equoterapia, porém, com o uso de 
atividades diferenciadas para cada caso.
Considerando a importância da avaliação, tanto a diagnóstica, realizada 
no início, como a avaliação continuada ao longo da execução do programa 
de equoterapia, que fornece subsídios para o planejamento e a sua revisão, 
queremos sugerir termo intencionalidade equoterapêutica para favorecer a 
compreensão de que cada projeto de pesquisa, assim como, cada centro de 
equoterapia, deve ter uma atenção especial para explicitar: como a elaboração 
do programa de equoterapia se aproxima das necessidades e interesses dos 
praticantes a serem atendidos?
Intencionalidade equoterapêutica
“Nós avaliamos todas as crianças com muito cuidado e planejamos tudo 
para que cada uma recebesse o melhor que nós tínhamos para dar.”
Fala de uma das pesquisadoras em um evento de apresentação do Projeto.
O termo intencionalidade equoterapêutica, fundamentado em teorias 
socio interacionistas(13–16), refere-se à postura do mediador principal do pro-
grama de equoterapia quando tem que selecionar as atividades que julga serem 
as mais adequadas para alcançar os objetivos específicos previstos para aquela 
sessão. Esse processo de mediação garante que o programa de equoterapia não 
seja considerado como uma série de atividades técnicas a serem realizadas de 
forma repetitiva, mas como um conjunto de vivências que devem proporcionar 
aos praticantes experiências enriquecedoras de aprendizagem, durante todas 
as etapas do atendimento oferecido pelo centro de equoterapia. 
Nesse sentido, a intencionalidade equoterapêutica compreende a articu-
lação de diversos aspectos metodológicos, que não devem ser vistos de forma 
dissociada: (a) conhecer o praticante e a sua família; (b) obter informações 
sobre o contexto sociocultural no qual estão inseridos; (c) planejar as ativida-
des de acordo com as melhores práticas equoterapêuticas; (d) refletir sobre os 
avanços e retrocessos que ocorrem ao longo do desenvolvimento nas sessões; 
(e) aprender a readequar o planejamento todas as vezes que for necessário, 
e; (f) ampliar a sua compreensão sobre o nível de desenvolvimento dos pra-
ticantes, de forma a estabelecer o momento da alta ou do encerramento do 
processo equoterapêutico. 
No projeto Comunicar com Equoterapia, a prática da equipe de equotera-
pia foi pautada nesse conceito de intencionalidade equoterapêutica, que serviu 
de fio condutor para todas as atividades realizadas, o que está devidamente 
registrado neste livro, como uma sugestão para iniciativas semelhantes.
E
di
to
ra
 C
R
V
 –
 P
ro
ib
id
a 
a 
im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
COMUNICAR COM EQUOTERAPIA: efeito da equoterapia na 
reabilitação de pessoas com transtorno do espectro autista 21
A etapa inicial da intencionalidade equoterapêutica, dedicada a conhecer 
o praticante e sua família, pode ser dividida em dois aspectos chaves: o pri-
meiro se dirige para a literatura científica, pois requer o estudo pormenorizado 
do quadro clínico que caracteriza os praticantes que seriam atendidos no centro 
de equoterapia, no caso do nosso projeto, Comunicar com Equoterapia, crian-
ças com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA). Sendo assim, 
toda a equipe envolvida no atendimento da equoterapia, mediadores, guias e 
demais integrantes, recebeu treinamento sobre informações relevantes acerca 
do TEA, que foram discutidas a fim de identificar as possíveis repercussões 
no relacionamento com as crianças e na interação delas com o cavalo.
Depois da apropriação das informações teóricas, o segundo aspecto se 
dirige para conhecer, de fato, cada um dos praticantes e suas famílias, por 
meio de uma anamnese, que reúne os dados históricos que a família recorda 
sobre a criança, desde os sintomas iniciais até o momento atual, e diversos 
outros instrumentos de avaliação voltados para registrar e acompanhar as 
variáveis chaves do estudo. O processo de avaliação, portanto, abrange o 
primeiro encontro com as famílias, as conversas iniciais com as crianças, até 
as avaliações específicas, que foram realizadas com objetivo de entender: 
quais eram as habilidades linguísticas e cognitivas de cada criança? Como 
essas habilidades interferiam na sua funcionalidade social e comunicativa? No 
capítulo “Conhecendo o Praticante” mostramos detalhadamente o processo 
de avaliação realizado no projeto Comunicar com Equoterapia.
Em seguida, a intencionalidade equoterapêutica se dirige para o plane-
jamento. No projeto Comunicar com Equoterapia, a definição dos objetivos 
da intervenção, a seleção das atividades a serem realizadas e a opção pelas 
melhores práticas equoterapêuticas tiveram como base de sustentação teó-
rico-prática: (a) a análise linguístico-funcional de Halliday(17); (b) as teorias 
sociointeracionistas(13–16), e; (c) a prática fonoaudiológica baseada em análise 
de competências linguísticas gramaticais(18). 
A conduta da equipe de equoterapia durante as sessões sempre conside-
rou, além do planejamento, a necessidade de uma atenção especial para: (a) 
interação entre os envolvidos (praticante, cavalo, mediadores, guia e família); 
(b) a funcionalidade do praticante diante das exigências de cada atividade e 
das condições contextuais do momento, e; (c) a interação direta do praticante 
com o cavalo. No capítulo 3, discorremos sobre os detalhes metodológicos 
do Programa Passo a Passo na Comunicação, nossa proposta para articular 
fonoaudiologia com equoterapia.
Uma parte importante do Programa Passo a Passo na Comunicação, 
sugerida pela ANDE-BRASIL, foi a inclusão de atividades iniciais de aproxi-
mação e interação com o cavalo por meio do método horsemanship; ao invés 
E
di
to
ra
 C
R
V
 –
 P
ro
ib
id
a 
a 
im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
22
de direcionar a interação com o cavalo para a montaria, incluímos a apresen-
tação do cavalo, sua alimentação e higiene, os encilhamentos, a sua intera-
ção com o equitador, além de outras atividades que contribuem para que a 
criança construa um vínculo afetivo que mobilize a sua funcionalidade social 
e comunicativa. No capítulo 4, escrito pelos especialistas em horsemanship, 
apresentamos os critérios utilizados na seleção dos cavalos e as estratégias 
para promover a interação das crianças e suas famílias com o cavalo.
O conceito de intencionalidade equoterapêutica contribui para escla-
recer que o ponto principal da intervenção é a mediação entre o planeja-
mento, construído a partir de uma expectativa, e as condições/interesses dos 
praticantes, que exigem uma adequação da expectativa para a realidade. A 
mediação, portanto, indica que a execução do programa requer o acompa-
nhamento atento dos progressos e das dificuldades do praticante, a fim de 
definir o ritmo e a direção em que devem ocorrer as mudanças de ativida-
des, ou seja, mais lento ou mais rápido, avançando ou retrocedendo. Essa 
avaliação continuada foi realizada de diferentes formas, tais como: reuniões 
para estudos de cada caso clínico, análise dos resultados das estratégias de 
avaliação e conversas com familiares ou acompanhantes (também identifi-
cados como cuidadores).
A fim de facilitar a compreensão do processo de mediação, optamos por 
realizar reuniões periódicas para fazer uma reflexão conjunta sobre os objeti-
vos de cada sessão, de forma a avaliar, criteriosamente, se o praticante alcan-
çou ou não o desempenho esperado. Quando foi identificado um progresso 
significativo do praticante, os objetivos foram revistos para que as atividades 
da próxima sessão possibilitassem a consolidação das habilidades aprendidas 
e, ao mesmo tempo, apresentassem novos desafios, com um nível de exigência 
maior, capaz de aprimorar o desenvolvimento da comunicação social. 
Em diversas oportunidades, as atividades planejadas para alcançar um 
determinado objetivo tiveram que ser ajustadas para que os estímulos fossemefetivos para cada caso. No capítulo 6 mostramos alguns exemplos práticos 
dessas readequações, realizadas ao longo da execução do programa, para que 
todos possam compreender que as variações não prejudicam a finalidade do 
programa, pois são realizadas em função do conceito de intencionalidade 
equoterapêutica, que lhes confere uma identidade.
Sendo assim, para que haja intencionalidade equoterapêutica, não é pos-
sível seguir um protocolo padrão, com as mesmas atividades, quando estamos 
diante de crianças diferentes; nossa intervenção está pautada no princípio de 
que atividades diferentes, selecionadas para atender a uma intencionalidade 
equoterapêutica comum, garante a identidade do Programa Passo a Passo 
na Comunicação.
E
di
to
ra
 C
R
V
 –
 P
ro
ib
id
a 
a 
im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
COMUNICAR COM EQUOTERAPIA: efeito da equoterapia na 
reabilitação de pessoas com transtorno do espectro autista 23
A etapa final da intencionalidade equoterapêutica compreende os cuida-
dos a serem realizados no momento da alta ou do encerramento do processo 
terapêutico. No caso do projeto Comunicar com Equoterapia, a duração do 
programa tinha que atender a limites específicos, considerando que trabalha-
mos com financiamento público, que tem um cronograma fixo de execução 
e prestação de contas. Sendo assim, a despeito das diferenças no progresso 
de cada participante, todos realizaram o mesmo número de sessões, o que 
marcou o encerramento do processo terapêutico.
Todas as avaliações realizadas no início do projeto (baseline), foram 
novamente realizadas no final; os dados obtidos foram analisados de duas 
maneiras: individual, todas famílias receberam um relatório pessoal, mos-
trando como o praticante estava no início e como ele saiu do projeto, e; 
coletiva, a ser divulgada para comunidade acadêmica e profissional em 
forma de trabalhos científicos, sendo um deles o presente livro. Acredita-
mos que essas iniciativas atestam o nosso compromisso com os participan-
tes da pesquisa e com a difusão dos conhecimentos produzidos para toda 
sociedade, da forma mais ampla possível. No capítulo 5 apresentamos, de 
forma quantitativa e qualitativa, os resultados gerados pela participação 
dos praticantes no Programa Passo a Passo na Comunicação.
Projeto de pesquisa
Como o livro aborda as questões relacionadas com uma proposta de 
intervenção na equoterapia que, ao mesmo tempo, é um projeto de pes-
quisa, optamos por incluir nesse primeiro capítulo as informações chaves, 
de acordo com a formatação acadêmica, do projeto de pesquisa que faz parte 
da linha de estudo intitulada “Busca de evidências do efeito da equotera-
pia na reabilitação de distúrbios da fala e linguagem”. Pretendemos, dessa 
maneira, contribuir para que todas as informações estejam disponíveis para 
outros pesquisadores ou profissionais que estejam em busca de subsídios 
sobre como elaborar uma proposta equivalente para atender as necessidades 
de sua realidade específica.
Objetivos da pesquisa
O projeto “Comunicar com Equoterapia” é uma pesquisa que visa avaliar 
os efeitos da utilização de técnicas específicas de equoterapia, articuladas 
com atividades de formação das habilidades linguísticas, para melhoria da 
comunicação de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). 
E
di
to
ra
 C
R
V
 –
 P
ro
ib
id
a 
a 
im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
24
O detalhamento das atividades realizadas consta do programa de equo-
terapia intitulado de Passo a Passo na Comunicação.
Materiais e métodos
Como se trata de um extenso projeto de pesquisa, faremos uma 
apresentação resumida dos materiais e métodos, suficiente para com-
preensão da proposta de estudo e das questões teórico-metodológicas a 
serem discutidas.
Aspectos éticos
A pesquisa tem aprovação do Comitê de Ética na Pesquisa da Faculdade 
de Ceilândia da Universidade de Brasília com CAAE 14946819.8.0000.8093 
e número de parecer 3.420.561. Todos os responsáveis assinaram um Termo 
de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e os menores um Termo de 
Assentimento Livre e Esclarecido (TALE).
De acordo com os dispositivos das Resoluções 196/1996, 466/2012 
e 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde, as 
crianças e seus responsáveis legais foram informados sobre o objetivo da 
pesquisa, todos os procedimentos a serem realizados, bem como os riscos e 
benefícios da participação, a fim de garantir que seu consentimento é livre, 
sendo garantida a liberdade de se retirar do estudo a qualquer momento. A 
coleta de dados e as sessões de equoterapia foram realizadas após a assina-
tura dos TCLE e dos TALE. Todas as informações e dados coletados foram 
mantidos anônimos e utilizados apenas para fins de estudo. As instituições 
co-participantes do projeto assinaram um Termo de Anuência para a reali-
zação da pesquisa.
Tipo de estudo
Trata-se de um estudo experimental, com medidas repetidas e compara-
ções inter e intragrupos. Os grupos experimentais 1 e 2 foram compostos por 
crianças com TEA. O delineamento do estudo consistiu nas seguintes etapas: 
recrutamento dos participantes; avaliação inicial; alocação dos praticantes nos 
grupos: G1 – início imediato da intervenção com uma sessão por semana e 
G2 – início da intervenção após 3 meses com duas sessões por semana; reali-
zação do programa de intervenção por 12 sessões com G1; reavaliação de G1 
e G2; realização do programa de intervenção por mais 12 semanas com G1 
e G2; avaliação final de G1 e G2. A duração total da intervenção, calculada 
E
di
to
ra
 C
R
V
 –
 P
ro
ib
id
a 
a 
im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
COMUNICAR COM EQUOTERAPIA: efeito da equoterapia na 
reabilitação de pessoas com transtorno do espectro autista 25
em função do número de sessões, foi a mesma para G1 e G2, 24 sessões. A 
figura 4 ilustra o desenho do estudo.
Figura 4 – Desenho do estudo
Seleção dos participantes
Avaliação e alocação dos participantes
3 meses de espera
3 meses de intervenção, 1 vez
por semana
3 meses de intervenção, 1 vez
por semana
3 meses de intervenção, 2 vezes
por semana
Terceira avaliação de todos os participantes
Segunda avaliação de todos os participantes
G1 G2
O Quadro 1 mostra o delineamento da pesquisa em meses para cada 
grupo, considerando entrada, avaliação inicial (Av. 1), intervenção (I) e rea-
valiação (Av. 2, após 12 semanas, e Av. 3, após 24 semanas). É importante 
destacar que os participantes da pesquisa não iniciaram o processo no mesmo 
período, desta forma, o delineamento individual não reproduz exatamente o 
cronograma do projeto como um todo.
Quadro 1 – Caracterização do delineamento da amostra
Grupos Avaliação
Intervenção
(12 semanas)
Avaliação
Intervenção
(12 semanas)
Avaliação
G.1 Av. 1G1 I. G1-1vez/semana Av. 2G1 I. G1-1vez/semana Av. 3G1
G.2 Av. 1G2 --- Av. 2G2 I. G2-2vezes/semana Av. 3G2
Participantes
Iniciaram a pesquisa 120 crianças com TEA e finalizaram 97, com uma 
mortalidade experimental de 23 participantes, 19,2%. Em uma revisão siste-
mática o uso da equoterapia no atendimento a crianças com TEA(7), os autores 
localizaram 16 artigos, com ampla diferença no número de participantes, que 
E
di
to
ra
 C
R
V
 –
 P
ro
ib
id
a 
a 
im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
26
variaram de um mínimo de 4 e até o máximo de 127. O Quadro 2, abaixo, 
mostra o número de participantes em cada localidade.
Quadro 2 – Participantes e estados envolvidos na pesquisa
Número de participantes Estado Frequência Semanal Feminino Masculino
31 DF 1 vez na semana 3 28
25 DF 2 vezes na semana 4 21
21 TO 1 vez na semana 5 16
10 MCZ 1 vez na semana 0 10
5 RN 2 vezes na semana 1 4
5 SP 2 vezes na semana 1 4
Durante a realização das sessões de equoterapia, todas as medidas de 
segurança foram adotadas, no intuito de evitar qualquer tipo de intercor-
rência: o uso de capacete era obrigatório, assim como a vestimenta apro-
priada; os cavalos foram devidamente treinadose estavam acostumados 
com as atividades previstas no protocolo de atendimento; os profissionais 
tinham ampla experiência em equoterapia e todos foram devidamente qua-
lificados para realizar o procedimento de retirada de emergência. Além 
disso, seguimos o protocolo de segurança para diminuição da propagação 
do Covid, com o uso obrigatório de máscara de proteção, a higienização 
periódica das mãos e dos materiais utilizados, além de manter o distancia-
mento, quando possível.
A seleção dos participantes do estudo obedeceu aos seguintes critérios 
de inclusão:
a) Ter diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista;
b) Ter indicação para prática de equoterapia por meio de avaliação 
médica dos requisitos básicos, o que inclui a abdução de quadril de 
pelo menos 20 graus para se manter sentado no cavalo;
c) Possuir idade de 2 a 7 anos completos até o início da pesquisa.
Os critérios de exclusão foram:
a) Possuir baixa visão moderada não corrigida, ou seja, quando a visão 
no melhor olho, com a melhor correção é de 20/70 a 20/160 (é 
possível o uso de óculos);
b) Apresentar alguma das seguintes complicações clínicas associadas: 
crises convulsivas sem controle medicamentoso, luxação de quadril, 
contratura excessiva de adutores e osteoporose grave ou qualquer 
E
di
to
ra
 C
R
V
 –
 P
ro
ib
id
a 
a 
im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
COMUNICAR COM EQUOTERAPIA: efeito da equoterapia na 
reabilitação de pessoas com transtorno do espectro autista 27
outra razão que impeça de montar a cavalo, como por exemplo, 
medo excessivo.
Procedimentos
Avaliação e reavaliação
Foram utilizados os seguintes instrumentos para a avaliação das crianças 
em relação ao domínio de fala, linguagem, funções cognitivas, motricidade e 
comportamento: 1. Vineland; 2. ATEC; 3. Avaliação do Desenvolvimento de 
Linguagem (ADL); 4. Protocolo de observação comportamental (PROC). A 
duração do processo de avaliação, cerca de 60 min à 70 min, foi semelhante 
para as crianças e os pais. Vejam, a seguir, os detalhes sobre os instrumentos 
de avaliação.
1. Vineland(19,20): A escala consiste em uma entrevista semiestrutu-
rada, em formato de questionário, que através de seus domínios 
e subdomínios, avalia o comportamento adaptativo da pessoa em 
observação (0 a 90 anos), isto é, mensura a capacidade da pessoa 
realizar de atividades da vida diária, considerando todos os aspectos 
de vida. Os domínios são divididos em comunicação, autonomia, 
socialização, motricidade e comportamento desajustado, avaliando, 
respectivamente, os seguintes subdomínios: receptiva, expressiva e 
escrita; pessoal, doméstica e de comunidade; relações interpessoais, 
jogos e lazer e regras sociais; e global e fina. Em cada domínio, a 
avaliação se dá por meio de pontuação de acordo com a frequência 
em que aquele aspecto acontece, o que segue: 2: para “sim, normal-
mente”; 1: para “algumas vezes ou parcialmente”; 0: para “não ou 
nunca”; N: para “não teve oportunidade”; ou D: para “desconhe-
cido”. Devido a abrangência dos domínios observados, a Vineland 
é comumente utilizada para avaliar o comportamento adaptativo de 
pessoas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), 
entre outros transtornos e/ou comorbidades. O tempo de aplicação 
depende da quantidade de formulários utilizados pelos avaliado-
res, pois existem formulários específicos para: pais (Entrevista e 
Formulários de pais), cuidadores (Cuidadores do nascimento aos 
90 anos) e professores (Formulário de professor de 3 a 21 anos). 
Nesta pesquisa, utilizamos o formulário de pais ou, quando a criança 
não vem para a equoterapia acompanhada pelos pais, o formulário 
dos cuidadores.
E
di
to
ra
 C
R
V
 –
 P
ro
ib
id
a 
a 
im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
28
2. ATEC: A escala Autism Treatment Evaluation Checklist (ATEC), 
avalia o aumento da ocorrência de especificadores e estereotipias, 
ou seja, mudanças na gravidade do autismo, monitorando compor-
tamentos ao longo do tempo, o que, dessa forma, auxilia tanto na 
avaliação de outras escalas aplicadas em concomitância quanto no 
acompanhamento e comparação da eficácia de algum tratamento. A 
ATEC é subdividida em: (1) fala/linguagem/comunicação; (2) socia-
bilidade; (3) percepção sensorial/cogninitiva; e (4) saúde/aspectos 
físicos/ comportamento. O escore varia de 0 a 180, sendo que o 
melhor resultado é inversamente proporcional à maior pontuação. 
As subescalas são aplicadas aos cuidadores, o que demonstra maior 
especificidade e veracidade nas questões observadas.
3. Avaliação do Desenvolvimento de Linguagem – ADL: Apesar de 
ser uma escala para aplicação em crianças com até 6 anos e 11 
meses, acredita-se que sua utilização será importante na medida 
em que os aspectos de desenvolvimento básicos de semântica e 
morfossintaxe se encerram nesse ciclo do desenvolvimento. Com 
isso, nossa expectativa é que as crianças com TEA que participam 
do estudo alcancem a faixa mais alta do teste. O ADL é relevante 
especialmente por avaliar separadamente a linguagem receptiva e a 
linguagem expressiva, possibilitando o uso da parte receptiva com 
todos os participantes, independentemente do nível de alteração de 
linguagem verbal oral.
4. PROC – Protocolo de observação comportamental: avaliação de 
linguagem e aspectos cognitivos infantis(21): o PROC é um instru-
mento que avalia habilidades comunicativas, compreensão verbal 
e aspectos cognitivos do desenvolvimento. Para coleta de dados, 
o mesmo exige um ambiente semiestruturado e a gravação da 
interação de um adulto com a criança. Utilizamos o PROC nesta 
pesquisa como instrumento de avaliação exploratória, analisando 
as respostas em cada um dos itens propostos pelos autores.
Intervenção
De acordo com a Associação Nacional de Equoterapia (ANDE-BRASIL), 
a intervenção equoterapêutica é um método terapêutico que se utiliza do cavalo 
para estimular o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiência 
e/ou com necessidades específicas, dentro de uma abordagem interdisciplinar 
nas áreas de saúde, educação e equitação(22). No presente estudo, nosso foco se 
dirige para os programas de hipoterapia e educação/reeducação. Hipoterapia 
E
di
to
ra
 C
R
V
 –
 P
ro
ib
id
a 
a 
im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
COMUNICAR COM EQUOTERAPIA: efeito da equoterapia na 
reabilitação de pessoas com transtorno do espectro autista 29
(do inglês hippotherapy) é um termo amplamente utilizado na área como uma 
das especializações da equoterapia(7,23,24) e segundo a American Hippotherapy 
Association refere-se a
como os profissionais da terapia ocupacional, da fisioterapia e da fonoau-
diologia usam práticas baseadas em evidências e raciocínio clínico com o 
propósito de manipular os movimentos equinos para engajar os sistemas 
sensório, neuromotor e cognitivos para alcançar resultados funcionais(23).
No Brasil, a ANDE-BRASIL defende que o programa de hipoterapia 
deve ser utilizado com praticantes que não tenham condições de se manterem 
sozinhos no cavalo, seja por necessitarem de auxílio físico ou de suporte 
psicológico; logo, nesses casos, há a necessidade de um auxiliar-guia para 
conduzir o cavalo(22). Já no programa de educação/reabilitação, o praticante 
tem mais autonomia, é capaz de exercer alguma atuação sobre o cavalo, 
logo, pode, após avaliação da equipe de equoterapia, conduzir o cavalo de 
forma autônoma.
A intervenção fonoaudiológica para lidar com os distúrbios da comuni-
cação humana deve sempre ser contextualizada e individualizada. Ser con-
textualizada em respeito às condições de vida, o que abrange casa, escola e 
trabalho, e aos interesses de cada paciente; ser individualizada de forma a 
se adequar às características de cada paciente, sem se desconectar da inten-
ção terapêutica presente no planejamento. Dessa maneira, cada praticante 
precisou de objetivos e estratégias diferentes, porém, o planejamento foi 
realizado dentro de um embasamento teórico, preferencialmente, já testadoanteriormente. Nesta pesquisa elaboramos o Programa Passo a Passo na 
Comunicação que segue os princípios do arcabouço teórico-prático da aná-
lise linguístico-funcional de Halliday(17), as teorias sociointeracionistas(13–16) 
e a prática fonoaudiológica baseada em análise de competências linguísti-
cas gramaticais(18).
Além dos exercícios realizados no Centro de Equoterapia da ANDE-
-BRASIL foram enviadas atividades específicas para serem realizadas em 
casa com o apoio e a supervisão dos pais. Essas atividades, além de enrique-
cer os estímulos para a formação de habilidades comunicativas, contribuem 
para orientar os pais sobre as possibilidades para fornecerem estimulação 
parental ao longo da semana. As atividades foram propostas de acordo com 
o planejamento individual do praticante. Cada praticante recebeu e construiu 
o Caderno da Equoterapia. Por meio do Caderno da equoterapia, é possível 
E
di
to
ra
 C
R
V
 –
 P
ro
ib
id
a 
a 
im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
30
acompanhar os objetivos específicos dos módulos da intervenção. A figura a 
seguir ilustra algumas atividades do caderno.
Figura 5 – Praticante mostrando o caderno da equoterapia para mediadoras
Considerações sobre a obra
Cada capítulo deste livro foi elaborado com o objetivo de compartilhar 
as diversas etapas necessárias para a elaboração e implementação dos projetos 
de intervenção e de pesquisa, denominados em conjunto de Comunicar com 
Equoterapia. Acreditamos que, de posse dessas informações, você pode ter 
a oportunidade de replicar ou de construir propostas equivalentes, de acordo 
com a especificidades do seu público-alvo, a composição de sua equipe de 
equoterapia e as condições do seu Centro de Equoterapia.
A despeito da quantidade de trabalho requerido, o estudo possibilitou 
a análise de diversas questões teórico-práticas, que provocaram reflexões 
importantes e inovadoras sobre as possíveis articulações entre fonoaudiologia 
e equoterapia. Parte dos resultados está disponibilizada neste livro e outra 
parte será divulgada por meio de artigos científicos.
E
di
to
ra
 C
R
V
 –
 P
ro
ib
id
a 
a 
im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
COMUNICAR COM EQUOTERAPIA: efeito da equoterapia na 
reabilitação de pessoas com transtorno do espectro autista 31
REFERÊNCIAS
1. Grandgeorge PM, Hausberger M. Autisme, médiation équine et bien-être. 
Bull Acad Vét Fr. 2019;(1):1–7.
2. Association AP. Diagnostic and statistical manual of mental disorders – 
DSM-5. 5th ed. 2013.
3. Lotter V. Epidemiology of Autistic Conditions in Young Children. 
1964;124–37.
4. Fombonne E. Epidemiology of Pervasive Developmental Disorders. 
2009;65(6):591–8.
5. Report MW. Prevalence of Autism Spectrum Disorder Among Children 
Aged 8 Years — Autism and Developmental Disabilities Monitoring Net-
work, 11 Sites, United States, 2014. 2018;67(6).
6. Anderson S, Meints K. Brief Report : The Effects of Equine-As-
sisted Activities on the Social Functioning in Children and Ado-
lescents with Autism Spectrum Disorder. J Autism Dev Disord. 
2016;46(10):3344–52.
7. Trzmiel T, Purandare B, Michalak M, Zasadzka E, Pawlaczyk M. Equine 
assisted activities and therapies in children with autism spectrum disor-
der : A systematic review and a meta-analysis. Complement Ther Med 
[Internet]. 2019;42(November 2018):104–13. Available from: https://doi.
org/10.1016/j.ctim.2018.11.004
8. Borgi M, Loliva D, Cerino S, Chiarotti F, Venerosi A, Bramini M, 
et al. Effectiveness of a Standardized Equine-Assisted Therapy Program 
for Children with Autism Spectrum Disorder. J Autism Dev Disord. 
2016;46(1):1–9.
9. Ferreira AC, Laura M, Maricato B, Miguel G, Muniz M. Benefícios da 
equoterapia em pacientes com Transtorno do Espectro Autista (TEA).:1–8.
10. NAVARRO PR. Fonoaudiologia no contexto da Equoterapia : um estudo 
Neurolinguístico de crianças com Transtorno do Espectro Autista (Tese 
de doutorado). UNICAMP. UE de C-, editor. Campinas; 2016.
E
di
to
ra
 C
R
V
 –
 P
ro
ib
id
a 
a 
im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
32
11. Rogers SJ, Dawson G. Intervenção precoce em crianças com autismo: 
modelo Denver para a promoção da linguagem, da aprendizagem e da 
socialização. 1st ed. Lisboa: Lidel; 2014. 359 p.
12. GOLDSTEIN H. Communication intervention for children with autism: 
A review of treatment efficacy. J autism Dev Disord. 2002;32(5):373–96.
13. Vygotsky LS, Cole M. Mind in society: Development of higher psycho-
logical processes. Harvard university press; 1978.
14. Vygotsky LS. Pensamento e linguagem. Fontes M, editor. São Paulo; 1989.
15. Lisnia M. Problemas y objetivos del estudio de la comunicación en los 
ninos. In: Antrología del desarrollo psiciológico del nino en edad prees-
colar. Puebla: Editorial Trillas; 2010. p. 87–95.
16. Feuerstein R, Klein PS, Tannenbaum AJ. Mediated learning experience 
(MLE): Theoretical, psychosocial and learning implications. Freund 
Publishing House Ltd.; 1991.
17. Halliday MAK, Matthiessen MIM. Halliday ’ s Introduction to Functional 
Grammar. 4th ed. London and New York: Routledge Taylor and Francis 
Group; 2014. 808 p.
18. Smith-lock KM, Leitao S, Lambert L, Nickels L. Effective intervention 
for expressive grammar in children with specific language impairment. 
2013;265–82.
19. Sparrow SS, Balla DA, Ciccheti D V. Escala de comportamento adapta-
tivo. 2018;(Anexo C):1–11. Available from: https://mundoautista.files.
wordpress.com/2010/04/17-vineland-escala-de-comportamento-adap-
tativo.pdf
20. Murtagh L, Tillmann JE, Loth E, del Valle Rubido M, Eule E, San Jose 
Caceres A, et al. Adaptive behavior in autism: Minimal clinically impor-
tant differences on the Vineland-II. Autism Res. 2017;11(2):270–83.
21. Rocha S, Hage DV, Pereira TC, Zorzi JL, Infantil L. Behavioral Obser-
vation Protocol : (1).
22. ANDE. AN de E-. Curso básico de equoterapia. Brasília: ANDE; 
2010. 205 p.
E
di
to
ra
 C
R
V
 –
 P
ro
ib
id
a 
a 
im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
COMUNICAR COM EQUOTERAPIA: efeito da equoterapia na 
reabilitação de pessoas com transtorno do espectro autista 33
23. American Hippotherapy Association. What is Hippotherapy? [Internet]. 
2019. Available from: https://americanhippotherapyassociation.org/
what-is-hippotherapy/
24. Macauley BL, Gutierrez KM. The Effectiveness of Hippotherapy for 
Children With Language-Learning Disabilities. Commun Disord Q. 
2004;25(4):205–17.
E
di
to
ra
 C
R
V
 –
 P
ro
ib
id
a 
a 
im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
E
di
to
ra
 C
R
V
 –
 P
ro
ib
id
a 
a 
im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
E
di
to
ra
 C
R
V
 –
 P
ro
ib
id
a 
a 
im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
E
di
to
ra
 C
R
V
 –
 P
ro
ib
id
a 
a 
im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
Introdução
De acordo com o princípio de intencionalidade equoterapêutica, des-
crito no Capítulo 1 (p. 20), as vivências e atividades previstas no Programa 
Passo a Passo na Comunicação para as crianças com TEA foram defini-
das com base no processo avaliativo, que abrange os momentos iniciais 
de contato da equipe de equoterapia com os praticantes e seus familiares, 
até a aplicação dos instrumentos de avaliação previstos na pesquisa. Em 
outras palavras, o processo de avaliação precede a elaboração do planeja-
mento equoterapêutico.
O Programa Passo a Passo na Comunicação teve como objetivo principal 
fornecer estímulos significativos para a formação das habilidades linguísticas 
e cognitivas, de forma a ampliar a funcionalidade comunicativa e social das 
crianças com TEA. Para a identificação adequada dos estímulos não é possível 
se pautar exclusivamente em indicadores teóricos; é imprescindível entender 
as necessidades e os interesses de cada um dos praticantes e de sua família. 
Sendo assim, neste capítulo, vamos apresentar e discutir como foram reali-
zadas todas as etapas da avaliação, como também, como utilizamos os dados 
obtidosna avaliação para a elaboração do planejamento equoterapêutico que 
articula fonoaudiologia com equoterapia.
Contextualização: quais instrumentos utilizamos e os motivos
A escolha dos instrumentos de avaliação levou em consideração as fina-
lidades do projeto Comunicar com Equoterapia, que se propõe a promover a 
reabilitação das habilidades linguísticas e cognitivas de crianças de ambos os 
sexos, com idade entre 2 e 10 anos, que tenham diagnóstico médico confir-
mado de Transtorno do Espectro Autista (TEA) e, segundo a avaliação de seu 
pai, sua mãe ou os responsáveis legais, dificuldades comunicativas evidentes.
Além dos aspectos supracitados, a seleção dos instrumentos de avaliação 
levou em conta a possibilidade de atender a dois qualificadores chaves para 
compreensão da funcionalidade, a saber: capacidade e desempenho, conforme 
descrito abaixo:
1. capacidade, descreve a habilidade ou condição de um indivíduo 
para executar uma tarefa ou uma ação em um ambiente ideal. A 
capacidade descreve o nível mais elevado de funcionalidade que 
uma pessoa pode atingir no momento atual(1–3), e;
2. desempenho, descreve o que um indivíduo faz no seu ambiente real, 
ou seja, as atividades e o nível de participação social em função das 
E
di
to
ra
 C
R
V
 –
 P
ro
ib
id
a 
a 
im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
38
barreiras ou facilidades existentes na sua realidade de vida habitual, 
o que inclui o contexto social; também pode ser entendido como 
“envolvimento numa situação de vida”(4).
Para avaliar de maneira minuciosa a capacidade das crianças com TEA 
inseridas no projeto Comunicar com Equoterapia foi preciso considerar os 
prejuízos que já eram esperados pelo diagnóstico de autismo. Sabe-se que 
os prejuízos pragmáticos estão bem descritos para esse público, prejuízos 
em iniciativa na comunicação, bem como em resposta ao outro, funções 
comunicativas com atrasos significativos, meios de comunicação com 
uso atípico e outras manifestações(5–7). Adicionado aos prejuízos pragmá-
ticos também coexistem as dificuldades em morfossintaxe e semântica, 
como uso atípico de pronomes e repertório limitado de conhecimento 
de objetos(8).
Diante disso, a fim de avaliar a capacidade em habilidades pragmáticas 
definiu-se como instrumento de avaliação o Protocolo de Observação Com-
portamental(9) e para avaliação da capacidade em habilidades morfossintáti-
cas e semânticas definiu-se como instrumento de avaliação a Avaliação do 
Desenvolvimento da Linguagem 2(10).
Para avaliar de forma detalhada o desempenho das crianças em seu coti-
diano foi preciso considerar a percepção dos responsáveis que convivem 
com essas crianças na maior parte do dia, bem como realizar uma seleção de 
avaliações pertinentes às variáveis de comunicação analisadas na pesquisa. 
Para cumprir esse objetivo definiu-se pela Escala de Comportamento Adap-
tativo Vineland(11,12) que comporta domínios de fala e linguagem, bem como 
a Avaliação de Tratamentos do Autismo (ATEC)(13) a fim de avaliar a eficácia 
do tratamento, bem como monitorar como o indivíduo progride ao longo do 
tempo nas habilidades de interesse.
Neste capítulo trataremos de três dos quatro instrumentos citados acima: 
o Protocolo de Observação Comportamental (PROC)(9), a Avaliação do Desen-
volvimento da Linguagem 2 (ADL 2)(10) e a Vineland(11).
Sobre as avaliações: objetivos e dicas práticas
Protocolo de Observação Comportamental: PROC
O objetivo principal de utilização de tal protocolo consistiu em ava-
liar o desenvolvimento comunicativo e cognitivo das crianças por meio do 
contexto lúdico. Ele avalia aspectos referentes às habilidades comunicativas 
E
di
to
ra
 C
R
V
 –
 P
ro
ib
id
a 
a 
im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
COMUNICAR COM EQUOTERAPIA: efeito da equoterapia na 
reabilitação de pessoas com transtorno do espectro autista 39
expressivas, de compreensão e esquemas simbólicos. Possui dados de refe-
rência para crianças entre 2 e 3 anos(9).
O PROC apresenta três componentes, sendo eles interligados entre si, 
apesar de serem avaliados separadamente, conforme fi gura abaixo:
Figura 1 – Componentes do PROC
Habilidades
comunicativas
Compreensão
verbal
Aspectos do
desenvolvimento
cognitivo
Fonte: Elaborado pelos autores baseado no PROC(8)�
Cada um desses componentes do PROC(9) é subdividido em alguns fato-
res, a saber:
1. Habilidades Comunicativas: habilidades dialógicas, funções comu-
nicativas, meios de comunicação e níveis de contextualização 
da linguagem;
2. Compreensão Verbal: compreensão de ordens e comandos;
3. Aspectos do Desenvolvimento Cognitivo: formas de manipulação 
dos objetos, nível de desenvolvimento do simbolismo e nível de 
organização do brinquedo.
A pontuação de cada habilidade (habilidades comunicativas, compreensão 
verbal e desenvolvimento cognitivo) varia e está descrita no rodapé de cada 
tópico no formulário de avaliação. A pontuação máxima total é de 150 pontos. A 
aquisição do PROC é simples, visto que a folha de marcação do protocolo e as 
instruções básicas estão disponíveis gratuitamente. Ressalta-se, entretanto, que 
é necessário que o aplicador tenha o material (brinquedos) descrito no artigo(8).
E
di
to
ra
 C
R
V
 –
 P
ro
ib
id
a 
a 
im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
40
A seguir, apresentamos algumas dicas práticas que podem favorecer a 
aplicação do PROC:
• Observar o comportamento da criança o mais próximo possível do 
natural (semiestruturado – veja a foto abaixo).
• Estimular a criança a brincar, utilizando uma postura com pouca 
ênfase em comandos do aplicador.
• Conhecer o protocolo e planejar previamente os procedimentos 
necessários para testar cada habilidade. Nem sempre a criança obtém 
o escore zero por não saber, mas por falta de teste específico. Por 
exemplo: oferecer brinquedos específicos (móveis em miniatura) 
para observar agrupamentos dos cômodos da casa.
• Não utilizar os blocos de encaixe no início, visto que crianças com 
interesses restritos demonstraram pouca interação com os demais 
brinquedos no decorrer da avaliação.
Figura 2 – Praticante do Projeto Comunicar com Equoterapia 
em processo de avaliação em ambiente semiestuturado
Avaliação do Desenvolvimento da Linguagem 2 – ADL 2(10)
O objetivo principal de utilização de tal protocolo consistiu em analisar 
o desenvolvimento da linguagem compreensiva e expressiva de crianças por 
E
di
to
ra
 C
R
V
 –
 P
ro
ib
id
a 
a 
im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
COMUNICAR COM EQUOTERAPIA: efeito da equoterapia na 
reabilitação de pessoas com transtorno do espectro autista 41
meio de atividades estruturadas. A escala avalia a aquisição da linguagem 
em relação ao conteúdo, por meio da semântica, e à estrutura, por meio da 
morfologia e sintaxe. Possui aplicação prevista para crianças entre 1 ano a 6 
anos e 11 meses.
A avaliação é dividida em duas sub-escalas, a saber:
1. Linguagem Compreensiva (52 itens);
2. Linguagem Expressiva (58 itens).
O acesso ao ADL 2(10) é mais restrito, devido ao valor. O kit vendido 
contém: o manual do examinador, com os procedimentos para aplicação das 
tarefas do teste e os valores de referência; o manual de figuras das linguagem 
compreensiva e expressiva; o protocolo de aplicação e pontuação (este pode 
ser encontrado, online e gratuitamente, na maioria dos sites que vendem o 
kit); e o material concreto, composto por alguns brinquedos em miniatura(10).
A análise dos dados do ADL 2 é feita de maneira complexa, posterior-
mente à aplicação. O avaliador deve possuir domínio dos procedimentos, 
visando à minimização dos erros e uma correta análise dos resultados. A pon-
tuação de cada tarefa pode ser: 0 ou NR (não respondeu), quando o avaliado 
errar ou não responder; 1, quando o avaliado acertar, preenchendo os requisitos 
descritos em nota no teste. A pontuação máxima é 298 pontos, somando-se 
linguagem expressiva e receptiva(9).
O ADL 2(10) foi escolhido por ser a versão mais atualizadaaté o presente 
momento. Todas as informações aqui contidas a respeito do ADL 2, apli-
cam-se também ao ADL, excetuando-se que o segundo tem menos tarefas 
que o primeiro, como também, que alguns brinquedos foram acrescentados 
na versão revisada. A maioria das tarefas permanece igual entre as versões, 
podendo ter sido modificado/acrescentado: figuras, habilidades específicas, 
forma de pontuação de algumas tarefas; além da versão revisada conter dois 
protocolos complementares (Observação da Aquisição Fonológica e História 
Clínica e de Desenvolvimento da Criança).
A seguir apresentamos as dicas práticas que podem favorecer a aplicação 
da ADL 2, seguindo as orientações do próprio manual(9):
• Conhecer as tarefas do protocolo, manuseando o livro de figuras 
e os materiais rapidamente, evitando-se a distração do avaliado.
• Iniciar o teste 6 meses antes da idade cronológica. Voltar ao início 
da idade anterior (página anterior), caso erre qualquer uma das 
3 primeiras questões, até encontrar a base. Continuar o teste até 
encontrar o teto.
E
di
to
ra
 C
R
V
 –
 P
ro
ib
id
a 
a 
im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
42
• Iniciar pela parte de linguagem compreensiva, no caso de a criança 
ser mais tímida.
• Para analisar os dados: sinalizar a última questão correta, a base e 
o teto; preencher a capa com essas informações; pontuar o nível do 
distúrbio de linguagem.
Vineland
A Vineland é um instrumento utilizado mundialmente, com o objetivo 
de avaliar o comportamento adaptativo das pessoas desde o nascimento até 
a idade adulta e idosa (90 anos)(11). A escala avalia os domínios e as suas 
subdivisões, a saber:
1. Comunicação (67 questões) – receptiva, expressiva e escrita;
2. Habilidades Diárias (92 perguntas) – habilidades pessoais, domés-
ticas e comunitárias;
3. Socialização (66 questões) – relações interpessoais, brincadeiras e 
lazer, habilidades de enfrentamento;
4. Habilidades Motoras (36 questões) – motricidade grossa e habili-
dades motoras finas;
5. Comportamento Desajustado (36 questões) – projetado para avaliar 
comportamentos mal-adaptativos, como obstinação, impulsividade, 
teimosia, agressividade, ansiedade, introversão, negativismo, alte-
ração de humor etc.(12).
O instrumento consiste em uma entrevista semiestruturada em formato 
de questionário, esse questionário pode ser dirigido a diferentes pessoas que 
convivem com o indivíduo sobre o qual se quer obter informações. A impor-
tância da avaliação está relacionada com a compreensão das necessidades 
individuais de cada pessoa, considerando os aspectos de toda vida(11).
O acesso à Vineland é restrito aos que realizam a compra e o treinamento 
para aplicação da Escala. O kit contém: 1 manual de aplicação, 5 formulários 
de entrevista extensiva, 5 formulários de entrevista de domínios, 5 formulários 
de pais/cuidadores extensivo, 5 formulários de pais/cuidadores de domínios, 5 
formulários de professores extensivo, 5 formulários de professores de domí-
nios, bem como tabelas de dados normativos.
A seguir apresentamos as dicas práticas que podem favorecer a aplicação 
da Vineland:
E
di
to
ra
 C
R
V
 –
 P
ro
ib
id
a 
a 
im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
COMUNICAR COM EQUOTERAPIA: efeito da equoterapia na 
reabilitação de pessoas com transtorno do espectro autista 43
• Por ser uma avaliação longa, com tempo médio de aplicação entre 1 
hora a 1 hora e meia, recomenda-se que seja realizada pessoalmente, 
em local adequado e sem interrupções.
• Por se tratar de um questionário, indica-se que o avaliador se apro-
prie do conteúdo das perguntas e realize adaptações no momento 
de fazê-las ao entrevistado. O conteúdo das perguntas não deve ser 
modificado, somente a compreensão deve ser facilitada.
• Durante a aplicação muitos entrevistados realizam relatos extensos 
sobre o que a criança “faz” ou “não faz”, ultrapassando o limite 
do que lhe foi perguntado naquele momento. A fim de otimizar a 
aplicação, o avaliador deve estar atento para os momentos em que 
perguntas que seriam feitas posteriormente são respondidas espon-
taneamente durante os relatos e realizar a marcação da pontuação 
referentes a elas.
No Capítulo 1 (p. 27 e 28), que descreve a aplicação do Projeto “Comu-
nicar com Equoterapia” nas cinco localidades em que o estudo foi realizado, 
apresentamos informações adicionais sobre o Protocolo Avaliação de Trata-
mentos do Autismo – ATEC.
Como usar da avaliação para o planejamento do praticante?
As principais competências e habilidades para o desenvolvimento da 
funcionalidade linguística, que devem necessariamente constar no programa de 
intervenção, precisam fazer parte do processo de avaliação. O(a) mediador(a), 
para elaborar o planejamento e tomar decisões ao longo de sua execução, 
precisa conhecer as habilidades linguísticas específicas de cada praticante 
para definir qual deve ser o investimento prioritário, direcionado para dar 
ao praticante mais oportunidades de utilizar espontaneamente novas estrutu-
ras gramaticais(14).
Essa articulação entre os dados resultantes de uma avaliação detalhada e o 
planejamento consciente das atividades a serem realizadas na intervenção, foi 
caracterizada no primeiro capítulo como “intencionalidade equoterapêutica”. 
A partir dessa diretriz, podemos fazer uma relação direta entre os resultados 
da avaliação e os objetivos traçados para os praticantes.
Duas dicas aprendidas ao longo da pesquisa: primeiro, a elaboração dos 
objetivos específicos de cada sessão deve ser revisada a partir da discussão, 
entre os integrantes da equipe de equoterapia, dos dados da avaliação para 
aquele praticante em particular; segundo, é importante esclarecer a diferença 
entre objetivo, definido a partir da intencionalidade equoterapêutica, logo, que 
E
di
to
ra
 C
R
V
 –
 P
ro
ib
id
a 
a 
im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
44
deve permanecer inalterado, e estratégias, que se refere a como as atividades 
foram realizadas, o que pode sofrer ajustes para se adequar às características 
do(a) praticante.
Por exemplo, imagine um praticante que tem dificuldade na troca de 
turno, ou seja, não tem iniciativa para interagir com o outro ao exprimir um 
desejo e/ou aguardar uma resposta. O objetivo da intervenção, portanto, é 
“aumentar a frequência de iniciativas em trocas de turno”, mas as estratégias 
utilizadas para criar atividades que permitam desenvolver essa competência, 
podem ser diversificadas. Isto ajuda a esclarecer que, para um mesmo objetivo, 
podemos ter diferentes estratégias, que variam de acordo com as necessidades 
dos praticantes, e podem ser ajustadas para propor atividades mais fáceis ou 
mais difíceis, de acordo com cada caso.
Caso clínico do S.S.C.: planejamento terapêutico
Para exemplificar o papel da avaliação no planejamento da interven-
ção, apresentamos o caso de S.S.C., um menino de seis anos e onze meses 
de idade, com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista, residente do 
estado de Tocantins.
Durante a realização da anamnese, S.S.C.: demonstrou ter um comporta-
mento tímido; não cumprimentou os avaliadores; permaneceu perto de pessoas 
familiares; para sentar-se no chão com a terapeuta e os brinquedos, precisou 
do apoio afetivo do irmão, que sentou junto com ele; não realizou contatos 
oculares duradouros; não mostrou iniciativa em brincar; não direcionou sua 
atenção para a avaliadora, e; não apresentou saudações e despedida.
Existem diferentes formas para se avaliar a pragmática. Vamos descre-
ver a forma como testamos e usamos a avaliação na Associação Nacional de 
Equoterapia, após reuniões de discussão com a equipe de equoterapia, para 
o projeto Comunicar com Equoterapia.
O ambiente foi preparado para aplicação do PROC(8) com os seguintes 
cuidados: o local utilizado foi uma sala bem iluminada, com presença de 
poucos estímulos visuais; o local era silencioso; a avaliação não foi interrom-
pida; o foco da sala foi direcionado para caixa colocada no chão, emcima de 
tatames, no centro da sala.
Na sala de avaliação posicionamos um assistente para realizar a filma-
gem. O assistente não interagiu com a criança em nenhum momento; a filma-
gem, realizada durante 15 minutos, foi dirigida para captar gestos, emissões 
verbais e vocais, expressões faciais e a interação como um todo. A criança 
entrou em sala acompanhada do aplicador do PROC(9), caso necessário, pode-
ria contar com a presença de algum familiar.
E
di
to
ra
 C
R
V
 –
 P
ro
ib
id
a 
a 
im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
COMUNICAR COM EQUOTERAPIA: efeito da equoterapia na 
reabilitação de pessoas com transtorno do espectro autista 45
Após aplicação do PROC(9), foi feita a transcrição pragmática de toda a 
interação entre a criança e as pessoas e/ou objetos presentes na sala. Cada ato 
comunicativo foi transcrito e avaliado de acordo com às habilidades comunica-
tivas de interesse: iniciativa/resposta; funções da comunicação que foram uti-
lizadas, e; meios de comunicação pelos quais o ato comunicativo foi expresso.
A partir dos resultados do PROC, foram identificados os seguintes pre-
juízos pragmáticos:
1. Baixa iniciativa na comunicação e na interação;
2. Ausência das seguintes funções comunicativas: instrumental, 
nomeação, interativa, informativa, narrativa;
3. Pouco uso do meio verbal, uma vez que o meio comunicativo pre-
dominante foi o gestual.
A partir dos prejuízos pragmáticos coletados pelo PROC e da proposta do 
Programa Passo a Passo na Comunicação, destacamos os seguintes exemplos:
Quadro 1 – Exemplos de objetivos e estratégias, a partir da avaliação 
do PROC e do programa Passo a Passo na Comunicação
Programa Passo a Passo na Comunicação
Objetivos e estratégias definidas a partir da avaliação do PROC
Objetivos
Aumentar a iniciativa na comunicação
Estratégias
No local onde sempre o cavalo entra para iniciar a terapia, o mediador deve dizer “o cavalo está esperando lá fora, 
alguém precisa ir buscar”. É importante aguardar a atitude da criança. Caso ela não demonstre, o mediador deve incitar 
novamente e aguardar. Se a criança não demonstra iniciativa, o mediador repete a ação com mais intensidade. Se a 
criança ainda não tem iniciativa, o mediador assume o papel, perguntando “vamos buscar seu cavalo?”.
Objetivos
Aumentar o uso da função interativa
Estratégias
O mediador deve recepcionar a criança, colocando-se ao nível dela e se aproximar. Ele deve dar a oportunidade para 
a criança vivenciar a função interativa. Por exemplo, o mediador diz “oi”, acenando e falando de forma expressiva e 
aguarda a resposta da criança. Se criança não responde, o mediador repete a saudação. Se a criança não demonstra 
iniciativa, o mediador direciona a criança “fala oi, X (nome da criança)”. Se a criança ainda não corresponde, o mediador 
promove suporte necessário/possível para imitação.
Objetivos
Aumentar o uso da função nomeação
Estratégias
O mediador e o praticante devem alimentar o cavalo juntos. Durante a atividade, conversar sobre a alimentação focando 
no nome dos alimentos, estimulando, assim, a nomeação.
E
di
to
ra
 C
R
V
 –
 P
ro
ib
id
a 
a 
im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
46
Como acompanhar a aprendizagem e o desenvolvimento 
dos praticantes?
Para verificarmos se houve aprendizagem nos praticantes, é importante 
realizar a mesma avaliação antes e depois da execução do Programa Passo a 
Passo na Comunicação. Dessa forma, poderemos entender com clareza quais 
habilidades e competências linguísticas as crianças com TEA aprenderam ao 
longo da equoterapia.
Vamos exemplificar a avaliação dos resultados por meio da descrição 
dos resultados obtidos com a aplicação de dois instrumentos utilizados no 
projeto Comunicar com Equoterapia: PROC e ADL 2.
Caso clínico do S.S.C.: formação das habilidades após equoterapia
A Figura 3, a seguir, mostra o gráfico comparativo entre os resultados do 
praticante S.S.C. nas avaliações realizadas no início (Pré-intervenção) e ao 
final do Programa Passo a Passo na Comunicação (Pós-intervenção), o que 
permite verificar os efeitos obtidos após as 24 sessões de intervenção equo-
terapêutica direcionadas para comunicação. S.S.C. apresentou progresso em 
todas as áreas avaliadas no PROC: habilidades comunicativas, compreensão 
verbal e desenvolvimento cognitivo.
Figura 3 – Protocolo de Observação Comportamental (PROC) do praticante 
S.S.C., antes e após participação no projeto Comunicar com Equoterapia
PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO COMPORTAMENTAL
HABILIDADES
COMUNICATIVAS
COMPREENSÃO
VERBAL
ASPECTOS DO
DESENVOLVIMENTO
COGNITIVO
Pré intervenção Pós intervenção
11
30
47
5
10
18
50
40
30
20
10
45
35
25
15
5
0
Em relação às habilidades avaliadas na ADL 2, de acordo com o gráfico 
da Figura 4, a seguir, S.S.C. apresentou: melhora na linguagem expressiva e 
estabilidade na linguagem receptiva. Esses resultados podem ser considerados 
E
di
to
ra
 C
R
V
 –
 P
ro
ib
id
a 
a 
im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
COMUNICAR COM EQUOTERAPIA: efeito da equoterapia na 
reabilitação de pessoas com transtorno do espectro autista 47
positivos, especialmente se considerarmos as dificuldades de expressão da 
linguagem oral em pacientes com TEA(8,15).
Figura 4 – Avaliação do Desenvolvimento da Linguagem 2 (ADL 2) do praticante 
S.S.C., antes e após participação no projeto Comunicar com Equoterapia
Pré intervenção Pós intervenção
AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO
DA LINGUAGEM
LINGUAGEM
RECEPTIVA
LINGUAGEM
EXPRESSIVA
106
105
104
103
102
101
100
99
98
97
105 105
100
Nota: A diferença entre as datas da avaliação inicial e da final foi de 6 meses.
Considerações finais
Neste capítulo refletimos sobre a relevância do processo de avaliação para 
subsidiar a elaboração do planejamento e favorecer o acompanhamento da exe-
cução do programa de acordo com as diretrizes do conceito de intencionalidade 
equoterapêutica. O processo avaliativo é extremamente importante para que a 
equipe do centro de equoterapia conheça bem o praticante, sua família e o con-
texto no qual estão inseridos, assim como, para que seja realizado o ajuste neces-
sário das sessões de equoterapia em função do progresso de cada praticante.
Nos limitamos a tratar dos aspectos relacionados à comunicação, por-
que essa é a finalidade principal do projeto Comunicar com Equoterapia. 
Entretanto, cada praticante tem as suas particularidades e especificidades, que 
devem ser também compreendidas pela equipe de equoterapia. Aspectos psi-
comotores, perceptivos, de força muscular e de equilíbrio são alguns exemplos 
de componentes chaves que devem fazer parte do cotidiano dos centros de 
equoterapia, para que tenhamos cada vez mais práticas com intencionalidade, 
visando o melhor desenvolvimento possível de cada praticante.
E
di
to
ra
 C
R
V
 –
 P
ro
ib
id
a 
a 
im
pr
es
sã
o 
e/
ou
 c
om
er
ci
al
iz
aç
ão
48
REFERÊNCIAS
1. WHO – World Health Organization. Classificação Internacional da Fun-
cionalidade Incapacidade e Saúde : Versão para Crianças e Jovens. 2003;
2. Medeiros AM De. Caracterização de aspectos fonoaudiológicos segundo 
as categorias da Classificação Internacional de Funcionalidade, Inca-
pacidade e Saúde para Crianças e Jovens (CIF-CJ) Characterization of 
communication disorders. 2018;1782(4):4–11.
3. Morettin M, Regina M, Cardoso A, Delamura AM, Zabeu JS, Célia R, 
et al. O uso da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapaci-
dade e Saúde para acompanhamento de pacientes usuários de Implante 
Coclear Use of the International Classification of Functioning, Disability. 
2013;3(4):216–23.
4. WHO – World Health Organization. Classificação Interna-
cional de Funcionalidade Incapacidade e Saúde [Internet]. 
2001. Available from: https://www.who.int/classifications/
international-classification-of-functioning-disability-and-health
5. Queiroz AM de. Estudo da linguagem e o comportamento adaptativo de 
estudantes com autismo (Dissertação de Mestrado) [Internet].

Continue navegando