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MINISTÉRIO DA SAÚDE CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS MUNICIPAIS DE SAÚDE UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL IMUNIZAÇÃO PROGRAMA SAÚDE COM AGENTE E-BOOK 20 Brasília – DF 2023 MINISTÉRIO DA SAÚDE CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS MUNICIPAIS DE SAÚDE UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL PROGRAMA SAÚDE COM AGENTE E-BOOK 20 Brasília – DF 2023 IMUNIZAÇÃO 2023 Ministério da Saúde. Esta obra é disponibilizada nos termos da Licença Creative Commons – Atribuição – Não Comercial – Compartilhamento pela mesma licença 4.0 Internacional. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte. A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada, na íntegra, na Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde: bvsms.saude.gov.br Elaboração, distribuição e informações: MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde Departamento de Gestão da Educação na Saúde Coordenação-Geral de Ações Educacionais SRTVN 701, Via W5 Norte, lote D, Edifício PO 700, 4º andar CEP: 70719-040 – Brasília/DF Tel.: (61) 3315-3394 E-mail: sgtes@saude.gov.br Secretaria de Atenção Primária à Saúde: Departamento de Saúde da Família Esplanada dos Ministérios Bloco G, 7º andar CEP: 70058-90 – Brasília/DF Tel.: (61) 3315-9044/9096 E-mail: aps@saude.gov.br Secretaria de Vigilância em Saúde: SRTVN 701, Via W5 Norte, lote D, Edifício PO 700, 7º andar CEP: 70719-040 – Brasília/DF Tel.: (61) 3315.3874 E-mail: svs@saude.gov.br CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS MUNICIPAIS DE SAÚDE – Conasems Esplanada dos Ministérios, Bloco G, Anexo B, Sala 144 Zona Cívico-Administrativo, Brasília/DF CEP: 70058-900 Tel.:(61) 3022-8900 Núcleo Pedagógico do Conasems Rua Professor Antônio Aleixo, 756 CEP: 30180-150 Belo Horizonte/MG Tel: (31) 2534-2640 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL Av. Paulo Gama, 110 - Bairro Farroupilha - Porto Alegre - Rio Grande do Sul CEP: 90040-060 Tel: (51) 3308-6000 Coordenação-geral: Cristiane Martins Pantaleão – Conasems Hishan Mohamad Hamida – Conasems Leandro Raizer – UFRGS Luciana Barcellos Teixeira – UFRGS Direção técnica: Isabela Cardoso de Matos Pinto - SGTES/MS Célia Regina Rodrigues Gil – DEGES/SGTES/MS Organização: Núcleo Pedagógico do Conasems Supervisão-geral: Rubensmidt Ramos Riani Coordenação técnica e pedagógica: Cristina Fatima dos Santos Crespo Valdívia França Marçal Elaboração de texto: Fabiana Fernandes Silva de Paula Milena Silva Costa Revisão técnica: Andréa Fachel Leal– UFRGS Diogo Pilger – UFRGS Érika Rodrigues De Almeida – SAPS/MS Fabiana Schneider Pires – UFRGS José Braz Damas Padilha – SVS/MS Michelle Leite da Silva – SAPS/MS Patrícia Campos – Conasems Designer educacional: Alexandra Gusmão – Conasems Juliana de Almeida Fortunato – Conasems Pollyanna Lucarelli – Conasems Priscila Rondas – Conasems Colaboração: Antonio Jorge de Souza Marques – Conasems Daniela Riva Knauth - UFRGS Josefa Maria de Jesus – SGTES/MS Katia Wanessa Silva – SGTES/MS Lanusa Terezinha Gomes Ferreira - CGAES/MS Marcela Alvarenga de Moraes – Conasems Marcia Cristina Marques Pinheiro – Conasems Rejane Teles Bastos – SGTES/MS Roberta Shirley A. de Oliveira – CGAES/MS Rosângela Treichel – Conasems Suellen da Silva Ferreira– SGTES/MS Assessoria executiva: Conexões Consultoria em Saúde LTDA Antonio Jorge de Souza Marques Coordenação de desenvolvimento gráfico: Cristina Perrone – Conasems Diagramação e projeto gráfico: Aidan Bruno – Conasems Alexandre Itabayana – Conasems Bárbara Napoleão – Conasems Lucas Mendonça – Conasems Ygor Baeta Lourenço – Conasems Fotografias e ilustrações: Biblioteca do Banco de Imagens do Conasems Imagens: Freepik, Brasil Escola e Wikipédia Revisão ortográfica: Camila Miranda Evangelista Gehilde Reis Paula de Moura Keylla Manfili Fioravante Normalização: XXX – Editora MS/CGDI Brasil. Ministério da Saúde. Imunização [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde. Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Brasília : Ministério da Saúde, 2023. xx p. : il. – (Programa Saúde com Agente; E-book 20) Modo de acesso: World Wide Web: xxx ISBN xxx-xx-xxx-xxxx-x 1. Agentes Comunitários de Saúde. 2. Promoção da saúde. 3. Vacinas. I. Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde. II. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. III. Título. CDU 614 Ficha Catalográfica Catalogação na fonte – Coordenação-Geral de Documentação e Informação – Editora MS – OS 2023/0xxx Título para indexação: Immunization Tiragem: 1ª edição – 2023 – versão eletrônica http://www.saude.gov.br/bvs Este é o seu e-book da disciplina Imunização. Nele, iremos refletir sobre como as vacinas surgiram, sua atuação, eficácia e os fatores que influenciam sua resposta contra as doenças no organismo das pessoas. Vamos relembrar alguns conceitos da epidemiologia para compreender a importância da vacinação para a saúde individual e coletiva. Refletiremos, também, sobre as diretrizes do Programa Nacional de Imunizações (PNI) e sua aplicabilidade na prática profissional, sua história, seus objetivos, o calendário vacinal e os avanços e desafios enfrentados devido à hesitação vacinal que vem provocando uma redução da cobertura de determinadas vacinas e o aumento de casos de doenças imunopreveníveis. Você, agente de saúde, vai perceber a importância da sua participação para o sucesso da Imunização nas atividades de rotina, nas campanhas de vacinação, como, por exemplo, das populações especiais e nas boas práticas. Estude este material com atenção e consulte-o sempre que necessário! Acompanhe também a aula interativa, a teleaula e realize as atividades propostas para assimilar as informações apresentadas. Bons estudos! BEM-VINDA (0)! ACE | Agente de Combate às Endemias ACS | Agente Comunitário de Saúde APS | Atenção Primária à Saúde BCG | Bacilo de Calmette e Guérin Covid-19 | Coronavírus disease CRIEI | Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais dT | Difteria e Tétano Adulto DTP | Difteria, Tétano, Pertussis (Coqueluche) dTpa | Tríplice Bacteriana Acelular EAPV | Evento Adverso Pós-Vacinação ESF | Estratégia Saúde da Família HPV | Papilomavírus Humano (sigla em inglês) PNI | Programa Nacional de Imunizações PNAISP | Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional SBIm | Sociedade Brasileira de Imunizações SISAB | Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica SUS | Sistema Único de Saúde UBS | Unidades Básicas de Saúde VORH | Rotavírus Humano LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS LISTA DE FIGURAS 12 | Figura 1: Composição das vacinas 19 | Figura 2: Cadeia Epidemiológica de Doenças 32 | Figura 3: Aspectos para decisão sobre a vacina mais recomendada 35 | Figura 4: Processos pelos quais passam as vacinas 57 | Figura 5: Estrutura, Organização e Insumos para boas práticas em Imunização LISTA DE QUADROS 31 | Quadro 1: Pessoas em condições especiais para vacinação 56 | Quadro 2: Boas práticas recomendadas pela SBIm SUMÁRIO BASES IMUNOLÓGICAS E EPIDEMIOLÓGICAS QUE PRECEDEM A VACINAÇÃO PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÕES E SUA APLICABILIDADE NA PRÁTICA HESITAÇÃO DE VACINAS E A VACINA CONTRA COVID-19 VACINAÇÃO DE POPULAÇÕES ESPECIAIS E BOAS PRÁTICAS EM IMUNIZAÇÕES RETROSPECTIVA BIBLIOGRAFIA 7 20 41 50 55 64 BASES IMUNOLÓGICAS E EPIDEMIOLÓGICAS QUE PRECEDEM A VACINAÇÃO Você sabe o que são vacinas e como elas atuam em nosso organismo? Elas são produzidas a partir do agente causador da doença ou de seus derivados. Quando são inseridas no nosso organismo, desencadeiam uma resposta imunológica e produzem anticorpos para nos proteger da doença caso tenhamos contato com o agente causador, sendo essa proteção chamada de IMUNIDADE PASSIVA (BALLALAI, 2016). 8 As vacinas são substâncias usadas para estimular as defesas naturais doorganismo com a finalidade de nos proteger contra diferentes doenças infecciosas, que podem causar transmissão, sequelas e mortes. Você sabia que a palavra “Vacina” vem do latim e significa “de vaca”? Vamos conhecer essa história... A primeira vacina a ser descoberta no mundo foi contra a varíola no século XVIII por um naturalista e médico britânico chamado Edward Jenner. Em certo momento, o médico inoculou (inseriu) uma secreção de uma pessoa contaminada pelo vírus da varíola em outra pessoa saudável e passou a observar os resultados. Posteriormente, ele identificou que esta pessoa desenvolvia sintomas mais leves, tornando-se imune à doença. Com essa observação, ele desenvolveu a vacina a partir de outra doença chamada cowpox, um tipo de varíola que acometia as vacas. Como resultado, percebeu que as pessoas que ordenhavam as vacas adquiriam imunidade à varíola humana. Assim, essa descoberta foi denominada vacina (FIOCRUZ, 2022). No Brasil, a vacinação é organizada pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI), considerado um dos maiores do mundo! 9 As vacinas, conhecidas também como um dos tipos de imunobiológicos, são obtidas a partir de partículas do próprio agente agressor. O mecanismo de ação delas depende dos seus componentes antigênicos, e elas são constituídas por: • Componentes dos próprios microrganismos: proteínas, DNA ou RNA. • Microrganismos inteiros inativados: microrganismos mortos. • Microrganismos vivos atenuados: microrganismos enfraquecidos (AMARO NETO, 2011). Interessante, não é mesmo? Vamos ver agora como as vacinas são feitas. 10 • Líquido de suspensão: água destilada ou solução salina fisiológica, podendo conter proteínas e outros componentes dos meios de cultura ou das células utilizadas na produção das vacinas. • Conservantes: são substâncias utilizadas em pequenas quantidades necessárias para evitar o crescimento de contaminantes. • Estabilizadores: são nutrientes contidos nas vacinas atenuadas, para mantê-las eficazes por período determinado. • Antibióticos: são substâncias que impedem o crescimento de microrganismos, utilizados para o tratamento de doenças infecciosas causadas por bactérias. • Adjuvantes: são substâncias que aumentam a resposta imune de vacinas que contêm microrganismos inativados (BRASIL, 2014). Vejamos, a seguir, na figura 1, a composição das vacinas. LÍQUIDO DE SUSPENSÃO CONSERVANTES ESTABILIZADORES ANTIBIÓTICOS ADJUVANTES 01 02 03 04 05 11 Figura 1 – Composição das vacinas Fonte: Elaborado pelo Núcleo Pedagógico – Mais Conasems A vacinação pode acontecer de três formas diferentes: • Combinada: dois ou mais agentes são administrados numa mesma preparação; • Associada: quando se misturam as vacinas no momento da aplicação, e ; • Simultânea: quando duas ou mais vacinas são administradas em diferentes locais ou por diferentes vias num mesmo atendimento (BALLALAI, 2016). As vacinas são seguras e eficazes, pois passam por diferentes processos em sua produção, que exigem requisitos e especificidades para garantir o controle de sua qualidade. Elas são submetidas a testes rigorosos, inicialmente, em animais, para se avaliar a segurança e o potencial para prevenir a doença e, após uma resposta satisfatória, são testadas em humanos por meio de três fases e, se aprovada em todas elas, a vacina é introduzida no programa de vacinação dos países (BRASIL, 2014). 12 Por isso, agora, vamos ver algumas recomendações aos profissionais que supervisionam a caderneta de vacina e/ou que administram a aplicação delas em serviços de saúde. Mesmo sabendo que as vacinas são administradas pela equipe de enfermagem, é importante conhecermos as recomendações sobre o adiamento, contra-indicação e efeitos adversos para orientar as pessoas que moram em nosso território de trabalho. 13 • As vacinas deverão ser adiadas nos casos de doenças agudas febris graves e em pessoas submetidas a tratamento com medicamentos em doses imunodepressoras. No caso da vacina contra febre amarela, recomenda-se que seja aplicada, simultaneamente, com a maioria das vacinas do Calendário Nacional de Vacinação, exceto com as vacinas tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) ou tetraviral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela) em crianças menores de 2 (dois) anos de idade. Neste caso, deve ser respeitado o intervalo mínimo de 30 dias entre as duas vacinas, salvo em situações especiais que impossibilitem manter esse intervalo ou com intervalo de duas semanas das outras vacinas vivas (BRASIL, 2020a). • Não devem ser administradas vacinas compostas por bactérias ou vírus vivos atenuados em pessoas com imunodeficiência congênita ou adquirida, acometidas por neoplasia maligna, em tratamento com corticosteroides em esquemas imunodepressores, ou submetidas a outras terapêuticas imunodepressoras (quimioterapia antineoplásica, radioterapia, etc.) (AMARO NETO, 2011). • É importante saber que alguns fatores internos e externos poderão influenciar a resposta imune do indivíduo às vacinas. Os fatores internos estão relacionados à ausência de anticorpos maternos, desnutrição, idade avançada da pessoa, imunidade comprometida por outras doenças. Os fatores externos estão relacionados a questões que envolvem a vacina como, por exemplo, a produção adequada, o transporte, o armazenamento, o prazo de validade, a conservação na temperatura recomendada, a dose, a forma e o tempo de diluição do imunobiológico (BRASIL, 2014). 14 Os profissionais de saúde devem explicar às pessoas que o Evento Adverso Pós-Vacinação (EAPV) não possui, necessariamente, relação com a vacina administrada e que, se ocorrer, a pessoa poderá apresentar febre; dor e edema locais; convulsões febris; etc.. Caso isso ocorra, ela deve procurar o serviço de saúde mais próximo de sua casa (BRASIL, 2020a). Quando não houver reações adversas, deve-se dar seguimento ao esquema de intervalo entre as doses. É fundamental lembrar da importância das doses de reforço, evitando o atraso vacinal. Esse atraso é quando um esquema de vacinação não é seguido conforme o intervalo de tempo recomendado para a vacina. Atente-se para a próxima informação! 15 Nos casos de atraso vacinal, recomenda-se que o maior número possível de vacinas seja administrado em cada visita, com as doses subsequentes sendo agendadas, considerando o intervalo mínimo entre as doses. Lembrar que não existe intervalo máximo entre as doses (BRASIL, 2020b). Reflita: no seu território de atuação, já aconteceu de alguém apresentar evento adverso após ter sido vacinado? O que foi feito? Se em sua área de atuação houver pessoas que apresentem algum Evento Adverso Pós-Vacinação (EAPV), encaminhem para o médico de sua equipe avaliar a situação e tomar as providências iniciais. Em equipe, comuniquem à Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde sobre o ocorrido e orientem o usuário/família sobre como proceder com as doses subsequentes, conforme o tipo de vacina. 16 Agora, vamos falar sobre as bases epidemiológicas que precedem a vacinação! Para entender melhor sobre a importância da vacinação, e em que momento as vacinas devem ser aplicadas, é preciso conhecer alguns conceitos que explicam e direcionam os profissionais de saúde que atuam com a saúde pública, a saber (BRASIL, 2022a): 1. Cadeia Epidemiológica de doenças: pode ser chamada, também, de Cadeia de Transmissão ou de Cadeia de Infecção. Ela representa um conjunto de elementos formado pelo agente infeccioso, fonte de infecção, porta de saída do agente infeccioso (via de eliminação), forma de transmissão, porta de entrada do novo hospedeiro e o hospedeiro suscetível. Um ciclo de eventos envolvendo esses elementos forma essa Cadeia de Transmissão, através da qual ocorre o processo de propagação de doenças transmissíveis (Figura 2). 17 Figura 2 – Cadeia Epidemiológicade Doenças Fonte: Elaborado pelo autor com base na referência de Brasil (2022) 2. Surto: Situação em que há aumento acima do esperado na ocorrência de casos de evento ou doença em uma área ou entre um grupo específico de pessoas, em determinado período. Exemplo: surto de sarampo em algumas localidades do país. 3. Endemia: É a presença contínua de uma enfermidade ou de um agente infeccioso em uma zona geográfica determinada. É uma doença “típica” de um determinado lugar, por se concentrar em uma região e não se espalhar para outros locais. Exemplo: A febre amarela e a malária são consideradas doenças endêmicas na região norte do Brasil. 4. Epidemia: Quando ocorre o aumento no número de casos de uma doença em várias regiões de um país. Exemplo: Casos de Dengue ocorridos em diferentes regiões do Brasil. CADEIA EPIDEMIOLÓGICA AGENTE INFECCIOSO FONTE DE INFECÇÃO PORTA DE SAÍDA DO AGENTE INFECCIOSO FORMA DE TRANSMISSÃO PORTA DE ENTRADA DO NOVO HOSPEDEIRO HOSPEDEIRO SUSCETÍVEL 18 5. Pandemia: Quando determinado agente infeccioso se dissemina em diversos países ou continentes e transmite para muitas pessoas. Exemplo: Casos de covid-19 no mundo. Outro exemplo foi a gripe suína pelo H1N1 declarada pela Organização Mundial da Saúde, em junho de 2009. 6. Taxa de Transmissão: É um parâmetro que avalia a possibilidade de transmissão de um agente infeccioso por uma pessoa doente para uma pessoa sadia. 7. Taxa de imunidade de rebanho: Chamada também de imunidade coletiva, é utilizada para explicar a proteção indireta contra uma infecção que é obtida por pessoas suscetíveis a ela quando há uma taxa elevada de pessoas não suscetíveis, ou seja, pessoas que estão imunes à infecção por terem sido vacinadas (ou por já terem sido infectadas em algum momento, em alguns casos). Com esses conceitos, é possível entendermos como as doenças infecciosas agem no nosso organismo e os prejuízos que elas poderão causar para a população, quando se disseminam nas diferentes localidades geográficas. É importante saber, também, que as vacinas são produzidas como uma forma de conter as doenças infecciosas ou de mitigar (aliviar) os casos desse tipo de doenças. 19 O que você achou desse primeiro conteúdo? Agora… Vamos conhecer mais sobre o PNI e sua aplicabilidade na prática profissional. PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÕES E SUA APLICABILIDADE NA PRÁTICA Reflita: você já parou para pensar sobre há quantos anos o PNI vem prevenindo e controlando as doenças imunopreveníveis no Brasil? Se você respondeu “Há 48 anos.”, acertou! Criado no ano de 1973 pelo Ministério da Saúde, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) objetiva coordenar as ações de imunizações no país, e dentre elas estão: ● a normatização, implantação e manutenção das vacinas de caráter obrigatório; ● a aquisição e distribuição dos imunobiológicos de rotina e especiais indicados para situações e grupos populacionais específicos; ● a supervisão, o controle e a avaliação das vacinas administradas em rotina e em campanhas nos serviços de saúde do território nacional; ● a coordenação do Sistema de Informação, consolidação e divulgação dos dados de cobertura vacinal nos municípios e nos estados brasileiros (AMARO NETO, 2011). Um dos grandes resultados das ações do PNI foi a erradicação da varíola e da poliomielite no país, assim como o controle de várias doenças imunopreveníveis, como a tuberculose, hepatite B, difteria, coqueluche, tétano, varicela, caxumba, rubéola e o sarampo. 21 Entretanto, nos últimos anos, vem acontecendo uma queda significativa na adesão das vacinas por determinadas pessoas, predispondo-as ao adoecimento e à transmissão e ao aumento de doenças como a tuberculose. Essa queda tem provocado até a volta de doenças até há pouco consideradas erradicadas ou controladas, como é o caso da poliomielite ou do sarampo. Com o cenário de queda de cobertura da vacinação e retorno/aumento de algumas doenças evitáveis, como você, agente de saúde, pode atuar para ajudar a reverter essa situação? 22 A revisão dos cartões de vacinação dos usuários deve ser uma ação contínua desenvolvida pelas equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF). Nas visitas domiciliares, vocês, Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e Agentes de Combate às Endemias (ACE) deverão sempre ficar atentos(as) para ajudar a fazer o encaminhamento, quando identificarem a necessidade de algum usuário atualizar seu calendário básico de vacinas, de modo que a equipe de enfermagem da Unidade Básica de Saúde (UBS) possa administrar a vacina apropriada. É importante saber que, no momento, o PNI disponibiliza 48 tipos de imunobiológicos (vacinas, imunobiológicos especiais, soros e imunoglobulinas) nos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS). Destes imunobiológicos, 20 (vinte) são vacinas oferecidas ao público nos diferentes ciclos de vida, conforme Calendário Nacional de Vacinação. São elas: BCG, hepatite B, pentavalente, pólio inativada, pólio oral, rotavírus, pneumo 10, meningocócica C, febre amarela, tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), tetra viral (sarampo, caxumba e rubéola e varicela), DTP, hepatite A, varicela, difteria e tétano adulto (dT), meningocócica ACWY, HPV quadrivalente, dTpa, influenza (esta ofertada durante campanha anual) e pneumocócica 23-valente (pneumo 23). Salienta-se que, no ano de 2021, foi inserida a vacina contra covid-19 (BRASIL, 2021). Vejamos como você, agente, pode atuar. 23 Agora, vamos falar sobre a Cobertura Vacinal. Você sabe o que é? Cobertura Vacinal é a proporção de pessoas vacinadas e supostamente protegidas para determinada doença, em um espaço geográfico, num intervalo temporal (BRASIL, 2014). O PNI estabelece metas para a cobertura vacinal, sendo que, para a maioria, a meta é de 95% de cobertura. Apenas para as vacinas BCG (Bacilo de Calmette Guerin) e a Vacina Oral contra Rotavírus Humano (VORH) apresenta-se a meta de 90% de cobertura vacinal. Clique aqui e acesse o Calendário Nacional de Vacinação de 2023. Se estiver lendo este material no formato impresso, escaneie o QR para fazer download. Conheça o calendário de vacinação da criança, do adolescente, do adulto, da gestante e da pessoa idosa, recomendado pelo PNI, conforme a idade que precisa receber a vacina, os tipos de vacinas, a quantidade de doses e as doenças que são evitadas com as respectivas vacinas. 24 https://aps.saude.gov.br/noticia/20425 https://aps.saude.gov.br/noticia/20425 Se houver uma redução na cobertura vacinal, o controle das doenças imunopreveníveis fica sob riscos, pois podem vir a acontecer surtos, endemias, epidemias e até uma pandemia. Quando ocorre um surto de doença imunoprevenível decorrente do quadro epidemiológico instalado, seja ou não devido a essa baixa cobertura da vacina, o PNI recomenda a realização de vacinação de bloqueio. Esta ação consiste em vacinar toda a comunidade exposta a determinada doença para impedir o surgimento de novos casos e reduzir a transmissão do agente causador. Quando a cobertura vacinal não é alcançada, é necessário investigar as razões e criar estratégias de busca ativa dos faltosos, a qual deve ser feita da forma mais precoce possível e pode ser realizada por meio de visita domiciliar, correspondência, mensagens pelas redes sociais ou por programas de rádio, anúncios em espaços religiosos, em escolas ou, ainda, por meio dos grupos comunitários. Sempre com o objetivo de lembrar, conscientizar e convidar a pessoa faltosa para atualizar as doses da vacina. Nesse sentido, de acordo com Brasil (2022b), a equipe de ESF deve: ● planejar as ações para orientar sobre as vacinas; ● ofertar a vacinação e, ● ampliar a adesão dos usuários. Como sugestão, os gestores de saúde poderão: ● pactuar com as equipes para proporem horários alternativos de funcionamento da UBS para oportunizar aadesão das pessoas que trabalham no horário comercial; ● não exigir o comprovante de residência para ofertar a vacina; ● identificar populações em situação de maior vulnerabilidade para as doenças imunopreveníveis, como crianças, gestantes e idosos; 25 ● verificar a situação vacinal durante as consultas; ● administrar as vacinas independentemente da estabilidade do sistema de informação; ● quando disponível, manter a geladeira sempre abastecida; ● trabalhar em parceria com as escolas; ● promover campanhas regulares na própria unidade e extramuros, e, ● evitar as oportunidades perdidas de vacinação. Segundo a Organização Mundial da Saúde (2022), oportunidade perdida de vacinação é a condição em que a pessoa em qualquer idade, que esteja elegível para vacinação, procura o serviço de saúde para qualquer finalidade, mas não é vacinada. No Brasil, são consideradas como oportunidades perdidas de vacinação os fatores relacionados às crenças e aos aspectos sociais, econômicos, comportamentais, religiosos e culturais; às falhas nas práticas e protocolos de vacinação; à administração não-simultânea das doses; aos problemas logísticos que acontecem nas UBS; e às falsas contraindicações (FERNANDES, et al. , 2021). 26 Uma estratégia que possibilita identificar vacinas atrasadas; promover a cobertura vacinal e evitar as oportunidades perdidas são as CAMPANHAS anuais. As campanhas anuais são promovidas pelo Ministério da Saúde em parceria com as Secretarias de Saúde dos estados, dos municípios e do Distrito Federal. Anualmente, ocorre a Campanha Nacional de Vacinação contra a influenza e campanhas de multivacinação e/ou de vacinas específicas, conforme a situação epidemiológica evidente no território. No ano de 2022, além da Campanha Nacional contra influenza, o Ministério da Saúde (em parceria com os estados e municípios brasileiros) realizou a Campanha Nacional de Vacinação contra a poliomielite e multivacinação para atualização da caderneta de vacinação da criança e do adolescente. 27 Outras estratégias importantes, além das campanhas, para verificar o esquema vacinal e atualizá-lo, quando indicado, são os momentos de: • consultas de puericultura; • consultas de pré-natal; • consultas em geral; • sessões de educação em saúde; • visitas de rotina à UBS e, • visitas domiciliares. Nesses momentos, é preciso que os cartões de vacinação sejam revisados para identificar a necessidade de vacinação. Nós, agentes de saúde, precisamos ficar sempre atentos ao esquema individual de vacinação e encaminhar os usuários para a UBS para que possam receber as doses, quando for necessário. 28 É isso mesmo. Ao chegarem na UBS, esses usuários serão orientados sobre a vacina, sua importância e possíveis reações adversas pelo médico, enfermeiro ou técnico de enfermagem – profissionais que podem confirmar a necessidade da(s) dose(s), e como administrá-la(s). Em seguida, eles também irão registrar a(s) dose(s) administradas e aprazar as outras subsequentes na caderneta ou no cartão da pessoa, conforme recomendação do calendário do PNI. Ressalta-se que esse aprazamento deverá ser feito a lápis, pois o uso de caneta só é permitido após a administração da vacina. Os profissionais que administram as vacinas não devem se esquecer de fazer o registro no cartão-espelho (impresso ou virtual) para o controle do acompanhamento. Assim, é possível ampliar a cobertura vacinal em todas as faixas etárias e cumprir com o que está preconizado no Plano Nacional de Saúde 2020-2023 do Ministério da Saúde. Nele, espera-se que 50% dos municípios apresentem cobertura vacinal adequada (95%) para cinco tipos de vacinas do Calendário Nacional de Vacinação para crianças menores de 1 ano de idade: pentavalente, poliomielite, pneumocócica 10 valente, tríplice viral e febre amarela (BRASIL, 2020c). Você já parou para pensar se na sua microárea de atuação, há pessoas que precisam de alguma vacina especial? Vamos falar sobre esse assunto para entendermos como agir nesse caso? 29 Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais Os Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais (CRIE) têm como objetivo ofertar os imunobiológicos às pessoas em condições especiais, em que seu sistema imunológico não responde de forma satisfatória aos imunobiológicos ofertados no calendário básico de vacinação do PNI (Quadro 1). Quadro 1 – Pessoas em condições especiais para vacinação Quem são as pessoas que se classificam como condição especial para vacinação e precisam dos serviços dos CRIEs? Pessoas que apresentam imunodeficiência Recém-nascidos prematuros em condição especial Gestantes com imunidade comprometida Pessoas que convivem com pacientes com imunodeficiência Profissionais expostos a riscos Viajantes para áreas endêmicas para doenças imunopreveníveis Pessoas que apresentaram eventos adversos pós-vacinais graves Pessoas alérgicas a soros heterólogos Pessoas com doenças hemorrágicas Pessoas em caso de Transplantes Revacinação pós quimioterapia Outras condições clínicas crônicas de risco Fonte: BRASIL, 2019a. 30 É importante que as pessoas citadas no Quadro 1 que precisam receber vacinas que não estão disponíveis nas UBS sejam informadas de que devem procurar os Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais (CRIE) de sua cidade ou de sua região. Para receber de forma gratuita as vacinas indicadas, é necessária uma avaliação sobre a condição de saúde de cada pessoa para confirmação do(s) imunobiológico(s) mais recomendado(s). Portanto, ao identificar uma situação em que o(a) usuário(a) cadastrado(a) em uma microárea de ESF precisa de determinada vacina, você, agente deve encaminhar esse(a) usuário(a) para avaliação do(a) médico(a) da ESF ou do serviço de saúde mais acessível para ele(a). Na ocasião da consulta médica, serão avaliados os seguintes aspectos para a decisão sobre a vacina mais recomendada. Veja a figura 3 a seguir: Fonte: BRASIL, 2019a. HISTÓRIA CLÍNICA HISTÓRIA VACINAL SITUAÇÃO IMUNOLÓGICA ATUAL EXAMES LABORATORIAIS Conhecer a história clínica da pessoa e familiar, incluindo doenças e alergias. Investigar as vacinas recebidas até a data da avaliação. Avaliar como está a condição de saúde da pessoa. Solicitar exames laboratoriais conforme a necessidade de cada pessoa. 31 Figura 3 – Aspectos para decisão sobre a vacina mais recomendada As vacinas disponíveis nos CRIEs para encaminhamento dos usuários que necessitarem delas são as seguintes: ● Vacina adsorvida difteria e tétano infantil (dupla infantiL – DT) ● Vacinas adsorvidas difteria, tétano e pertússis acelular infantil e adulto - DTPa (acelular infantil) e dTpa (acelular adulto) ● Imunoglobulina humana antitet nica (IGHAT) ● Vacina haemophilus influenzae Tipo B (conjugada) – HIB ● Vacina hepatite A (HA) ● Vacina hepatite B recombinante (HB) e Imunoglobulina humana anti-hepatite B (IGHAHB) Fonte: BRASIL, 2019a. ● Vacina HPV quadrivalente (6, 11, 16 E 18) ● Imunoglobulina humana antirrábica (IGHAR) ● Vacina influenza inativada (INF) – “Vacina contra gripe” ● Vacina meningocócica C conjugada (meningo C) e Vacina meningocócica ACWY conjugada (MENACWY) ● Vacinas pneumocócicas polissacarídica (PNEUMO 23) e conjugadas (pneumo 10 e pneumo 13) ● Vacina poliomielite 1, 2 e 3 inativada (VIP) ● Vacina varicela (VZ) e imunoglobulina humana antivaricela- zoster (IGHAVZ) 32 Curiosidade! Assim como as vacinas que estão disponíveis nas UBS são registradas no eSUS APS, as vacinas que são administradas nos CRIEs, também, são, pois assim é possível haver controle, avaliação e planejamento das ações direcionadas a um público especial. Considera-se que a vacina da covid-19 é a única que deve ser registrada no SI-PNI (BRASIL, 2019b). Sua cidade tem algum CRIE? Como acontece a comunicaçãocom a sua equipe de Estratégia Saúde da Família? Que tal conversar com sua equipe sobre esse tema! Clique aqui e veja essas e outras informações sobre o CRIE no Manual Dos Centros de Referência Para Imunobiológicos Especiais. Se estiver lendo este material no formato impresso, escaneie o QR para fazer download. 33 https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_centros_imunobiologicos_especiais_5ed.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_centros_imunobiologicos_especiais_5ed.pdf O PNI orienta e coordena as ações da Rede de Frio dos imunobiológicos oferecidos pelo SUS. As vacinas são produtos termolábeis, isto é, se deterioram depois de determinado tempo quando expostas a variações de temperaturas inadequadas à sua conservação. Por isso, é importante mantê-las constantemente refrigeradas, utilizando instalações e equipamentos adequados em todas as instâncias (nacional, estadual, regional/distrital, municipal e local (sala de vacinação)). É importante saber que as vacinas precisam passar por processos rigorosos para garantir a imunização das pessoas. Vamos entender como isso acontece? REDE DE FRIO RECEBIMENTO ARMAZENAMENTO CONSERVAÇÃO MANUSEIO DISTRIBUIÇÃO TRANSPORTE 34 Figura 4 – Processos pelos quais passam as vacinas Fonte: Elaborado pelo Núcleo Pedagógico – Mais Conasems Dessa forma, os profissionais de saúde que lidam diariamente com as vacinas precisam seguir os protocolos de orientação sobre o armazenamento indicado pelos laboratórios produtores. Alguns desses protocolos são: manter as vacinas na temperatura recomendada, que geralmente é de +2ºC a +8ºC; cumprir o tempo de validade do frasco após aberto e/ou diluído, quando for o caso; ter os cuidados devidos com a geladeira e as caixas térmicas; controlar a temperatura no termômetro; e evitar exposições desnecessárias. Quando o manuseio é inadequado, ou um dos equipamentos de armazenamento apresenta defeito, ou falta energia elétrica no local em que as vacinas estão acondicionadas, a eficácia dessas vacinas poderá ficar comprometida e por isso não garantir a imunização, se elas forem administradas (BRASIL, 2013). Caso o técnico de enfermagem e/ ou outro profissional de enfermagem que atuam na sala de vacinas, tenham dúvidas sobre a qualidade da vacina antes de administrá-la, eles devem notificar por meio do Formulário para Avaliação de Imunobiológicos sob Suspeita e enviar para o PNI a fim de que os 35 responsáveis recomendem ou não o reteste e indiquem no formulário a autorização para a utilização ou o descarte da vacina. Ao ocorrer a dúvida sobre a qualidade da vacina, é preciso que se suspenda de imediato sua utilização, mantendo-a sob refrigeração adequada. O número e a data de validade do lote da vacina devem ser registrados, como também a, procedência, a quantidade, o local, as condições de armazenamento, até o recebimento do resultado da análise (BRASIL, 2014). Apesar de essa atividade não ser uma atribuição do(a) ACS nem do(a) ACE, é preciso que toda a equipe conheça esse fluxo e sempre fique atenta à qualidade das vacinas. Quando é indicado pelo PNI o descarte, o próprio município poderá fazê-lo se apresentar as condições técnicas locais (incineração, autoclavagem, aterro, etc.) recomendadas e terá acompanhamento da Vigilância Sanitária. Porém, quando não disponibilizar dessas condições apropriadas, deverá encaminhar as vacinas para a Central Regional ou Estadual de Imunizações para as providências cabíveis. Interessante não é? Outro assunto importante sobre o PNI é a atividade dos registros das vacinas. Vamos conhecer! 36 As vacinas do calendário básico, quando administradas nas UBS, devem ser registradas no eSUS APS, com exceção da vacina da covid-19, que deve ser registrada no Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI). No SI-PNI, ficarão hospedados, apenas, os relatórios de cobertura vacinal para consulta; os dados sobre a movimentação dos imunobiológicos nas salas de vacinas e os eventos adversos pós-vacinação (BRASIL, 2019b). Com os dados registrados e disponíveis nesses sistemas, é possível que as equipes da Atenção Primária à Saúde (APS) analisem os indicadores e planejem melhor suas ações para ampliar a cobertura vacinal. Como exemplo, elas podem analisar o indicador, “Proporção de crianças de 1 (um) ano de idade vacinadas na APS contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B, infecções causadas por haemophilus influenzae tipo B e poliomielite inativada”, que tem como objetivo mensurar o nível de proteção da população infantil contra as doenças imunopreveníveis citadas, mediante o cumprimento do esquema básico de vacinação de pentavalente e poliomielite no primeiro ano de vida (BRASIL, 2022f). 37 Com esse resultado, é possível conhecer o diagnóstico situacional sobre a vacinação das crianças menores de 1 (um) ano adscritas na ESF e propor intervenções que possam favorecer a saúde das crianças e reduzir a morbimortalidade infantil por essas causas. 1. Realizar captação das crianças logo após o nascimento, verificando a Caderneta da Criança na visita domiciliar pelo(a) ACS e ACE, no momento do teste do pezinho e/ou consulta puerperal, encaminhando/marcando a primeira consulta de puericultura para a primeira semana de vida. 2. Garantir que as vacinas que compõem o calendário vacinal sejam ofertadas nas UBS e não restritas a ações focalizadas, mesmo para aquelas que possuem restrição de validade/estabilidade (por exemplo, BCG). 3. Orientar, nas consultas de pré-natal e de puericultura, sobre a importância da administração das vacinas preconizadas pelo Ministério da Saúde. 4. Manter contato com creches para verificação do calendário vacinal. 5. Construir protocolos locais que organizem a atenção, o rastreamento, a busca ativa de crianças com esquema vacinal incompleto e a realização do acompanhamento dos faltosos (atraso no calendário vacinal) individualmente. Veja a seguir as recomendações para melhorar os resultados do indicador de cobertura vacinal que a ACS Bia aprendeu após ler a Nota Técnica Nº 17/2022-SAPS/MS. 38 6. Realizar intervenção educativa, sistematizada e permanente com os profissionais de saúde é um aspecto fundamental para mudar as práticas em relação à imunização e aprimorar a qualidade do registro das informações de saúde. 7. Realizar ações educativas direcionadas à comunidade para sensibilização da importância de manter o esquema vacinal completo nas crianças nessa faixa etária. 8. Monitorar permanentemente o cadastro individual completo e mantê-lo atualizado, incluindo dados sociodemográficos e de condições e situações de saúde. 9. Reforçar a importância do cadastramento da população adscrita. O aumento do cadastro propicia que seja utilizado o valor informado no Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (SISAB) no denominador para o cálculo do indicador. 10. Estabelecer mecanismos locais de remuneração por desempenho para APS. 11. 11. Estabelecer uma rotina de atualização e acompanhamento das Cadernetas da Criança, tanto na aplicação do calendário vacinal (incluindo as vacinas de campanha), quanto com relação aos registros anteriores de vacinação no prontuário do cidadão. Fonte: (BRASIL, 2022f) Acrescenta-se como ação em prol da melhoria da cobertura vacinal no país o Projeto Reconquista das Altas Coberturas Vacinais. 39 O Projeto Reconquista das Altas Coberturas Vacinais é uma iniciativa da Fiocruz e do Ministério da Saúde. Esse Projeto será realizado por meio de colaboradores interinstitucionais, envolvendo setores governamental, não-governamental e privado, nacionais e internacionais, e visa assegurar o controle do sarampo, da poliomielite, da gripe, do câncer de colo do útero, das meningites e de todas as outras doenças que são prevenidas com as vacinas disponíveis pelo PNI (FIOCRUZ, 2021).Salienta-se, ainda, que, nas salas de vacina, há formulários impressos e virtuais que possibilitam os registros nos referidos sistemas de informação em saúde e o mapeamento das condições vacinais dos indivíduos por território de ESF, a saber: ● ficha de vacinação do e-SUS Registro individual das doses de vacina administradas, ● Registro das atividades diárias, ● Arquivos da sala de vacinação, ● Movimento Diário de Imunobiológicos, ● Formulário para Notificação/Investigação de Eventos Adversos Pós-Vacinação associados ao uso de Vacina, Soro ou Imunoglobulina. Vamos falar agora sobre a Hesitação de Vacinas e a Vacina contra a Covid-19. Assuntos importantes para complementar seus estudos. 40 HESITAÇÃO DE VACINAS E A VACINA CONTRA COVID-19 O PNI existe no Brasil desde 1973. Este é um dos programas de vacinação mais reconhecidos em todo o mundo pela sua excelente qualidade. Ele tem proporcionado o aumento das coberturas vacinais; o avanço nas pesquisas; o desenvolvimento e a produção de imunobiológicos no país; a realização de campanhas e dias nacionais de vacinação; a divulgação das ações de vacinação, resultando no controle de diferentes doenças imunopreveníveis. Com a Constituição Federal de 1988, as ações do PNI foram integradas ao SUS. Hesitação significa estar indeciso no momento de tomar decisões. Quando a hesitação está relacionada à vacinação, isto é, Hesitação Vacinal, estamos falando de uma situação em que uma pessoa demora para aceitar uma vacina ou decididamente se recusa a fazer a vacina, embora a vacina esteja disponível através do sistema de saúde (SOUTO; KABAD, 2020). O que é Hesitação Vacinal? 42 A hesitação vacinal existe desde quando as primeiras vacinas foram criadas. Ela é o resultado da interação de fatores sociais e comportamentais e está sempre situada dentro de um contexto histórico. Justamente porque é bastante complexa, é fundamental que existam políticas públicas para reduzir a hesitação vacinal. Afinal, quando ela existe – quando as pessoas ficam na dúvida sobre tomar uma vacina, ou decidem simplesmente não se vacinar – a cobertura vacinal diminui. E quando menos pessoas tomam vacina, todos nós corremos o risco de que uma doença que poderia ser evitada pela ação da vacina volte a ser um problema: o aumento no número de casos da doença. A queda na cobertura vacinal é um problema de saúde pública. Observamos, nos últimos anos, a eclosão de casos de sarampo, por exemplo. Estamos correndo o risco do retorno da poliomielite. A hesitação vacinal pode acontecer por diferentes fatores, como por exemplo, o acesso das pessoas ou não às vacinas, falhas na coordenação das ações, fragilidades nos fluxos, escassez de recursos humanos, limitação da alfabetização em saúde do usuário, crenças religiosas, orientações culturais, movimentos antivacina e situações pessoais (GONZÁLEZ-BLOCK et al., 2022). 43 Outro fator que amplia a hesitação vacinal são as informações incorretas/falsas – que geram notícias sobre vacinas ou sobre doenças – e que geralmente são compartilhadas pela internet e são também chamadas de “fake news”. Fake news são definidas como notícias falsas que são publicadas e compartilhadas por veículos de comunicação como se fossem informações reais. Seu principal objetivo é dar razão a um determinado ponto de vista sobre um assunto ou prejudicar uma pessoa, grupo ou ação. As fake News relacionadas às vacinas ganharam destaque, em especial, no início da pandemia da covid-19, no ano de 2020. Com as notícias falsas circulando sobre a doença e, depois, sobre as vacinas, aumentou o risco do contágio entre as pessoas. Alguns indivíduos não acreditavam que manter distância de outras pessoas ou usar máscaras, por exemplo, fosse importante. Outros desconfiavam da vacina contra o vírus Sars-CoV-2 – e até mesmo começaram a desconfiar das demais vacinas. 44 Um estudo apontou que, no mês de janeiro de 2021, após mais de 200 mil pessoas terem ido a óbito por causa da covid-19, as fake news incentivaram diferentes pessoas a não confiarem nas recomendações das agências de saúde oficiais, causando a hesitação para receber a primeira e/ou a segunda dose da vacina contra a covid-19, por motivo das reações adversas e dúvidas sobre o intervalo das doses (GALHARDI et al., 2022). Na sua área de atuação, como está sendo a aceitação das vacinas? Vocês, ACS e ACE, têm importância fundamental no combate às fake News. Vocês são profissionais de saúde que conhecem o território e são referências para a comunidade. Vocês vão na casa das pessoas e podem conversar com elas, entender quais são as suas dúvidas, direcioná-las para fontes confiáveis de informações como os próprios serviços de saúde. 45 A hesitação pode acontecer com as diferentes vacinas, pois outro estudo revelou diversos motivos para os trabalhadores de saúde de um estado brasileiro não aceitarem receber a dose da vacina contra influenza, mesmo tendo conhecimento científico sobre a importância de sua eficácia (SOUSA et al., 2022). Com essas e outras situações semelhantes, a Organização Mundial da Saúde passou a considerar a hesitação vacinal como uma das dez maiores ameaças à saúde pública no mundo (CAMARGO JUNIOR, 2020). Para sensibilizar as pessoas e mudar o quadro situacional das baixas coberturas vacinais devido à hesitação, algumas estratégias estão sendo implementadas pelos profissionais de saúde como, por exemplo, apresentação do cartão de vacinação na matrícula escolar das crianças; busca ativa de faltosos; palestras educativas; compartilhamento de informações verídicas sobre as vacinas pelas redes sociais e divulgações através das mídias. 46 Reflita: como a sua equipe de Estratégia de Saúde da Família está sensibilizando e mobilizando as pessoas que apresentam hesitação vacinal? Agora vamos conhecer mais sobre as recomendações da vacina contra covid-19. Em janeiro de 2021, foi iniciada a administração das doses da vacina contra covid-19 no Brasil. Desde então, campanhas estão sendo realizadas para alcançar a aceitação de um maior número de pessoas, com o intuito de ser uma das medidas de controle e prevenção da doença. O Ministério da Saúde, com base nas orientações da Organização Mundial da Saúde, Organização Pan-Americana da Saúde, agências de saúde, laboratórios produtores das vacinas e comprovações científicas, vem atualizando as informações sobre a administração das doses, o público-alvo e a cobertura vacinal. Assim sendo, ele criou e vem melhorando o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19 (BRASIL, 2022b), com objetivo de estabelecer as ações e estratégias para a operacionalizar essa vacinação no Brasil. 47 Estão disponíveis para a população brasileira os seguintes imunizantes: AstraZeneca, Covax Facility, Coronavac, Covaxin, Sputnik, Janssen e Pfizer. Essas vacinas apresentam particularidades que devem ser seguidas pelos profissionais de saúde que as manipulam e administram na população. Você sabia que a Campanha Nacional de Vacinação contra a covid-19 teve início no dia 18 de janeiro de 2021? No início, as campanhas tiveram fases que priorizaram a imunização de alguns grupos populacionais mais vulneráveis, como: pessoas institucionalizadas com 60 anos ou mais; pessoas com deficiência institucionalizadas; povos indígenas vivendo em terras indígenas; trabalhadores da saúde; população idosa; povos e comunidades tradicionais ribeirinhas e quilombolas; pessoas com comorbidades; gestantes e puérperas; pessoas com deficiência permanente; pessoas em situação de rua; população privada de liberdade; funcionários do sistema de privação de liberdade; trabalhadores da educação; forças de segurança e salvamento; forças armadas; 48 trabalhadores de transporte coletivo rodoviário de passageiros urbano e delongo curso; trabalhadores de transporte metroviário e ferroviário; trabalhadores de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos; trabalhadores de transporte aéreo; trabalhadores de transporte aquaviário; caminhoneiros; trabalhadores portuários e industriais; e depois, foram ampliadas para toda a população (BRASIL, 2022b). É importante destacar que as atualizações em relação à vacinação para a covid-19 vão acontecendo conforme as mudanças das variantes do vírus, do quadro epidemiológico e das recomendações dos laboratórios produtores dos imunobiológicos e das agências de saúde que regulamentam e fiscalizam as vacinas. Saiba mais informações sobre a covid-19. Clique aqui, ou, se estiver lendo este material no formato impresso, escaneie o QR para fazer download. Agora, vamos aprender mais sobre a vacinação de pessoas indígenas, aquelas que são privadas de liberdade, aquelas que residem em instituições de longa permanência e as pessoas em situação de rua. Vamos aprender também sobre as boas práticas em imunização e as recomendações para os procedimentos técnicos para administração de vacinas. 49 https://www.gov.br/saude/pt-br/coronavirus https://www.gov.br/saude/pt-br/coronavirus VACINAÇÃO DE POPULAÇÕES ESPECIAIS E BOAS PRÁTICAS EM IMUNIZAÇÃO Como você acompanha ou acompanharia a situação vacinal das Populações Especiais em seu território de atuação? Vamos pensar juntos? Vacinação de pessoas indígenas O calendário básico de vacinação para as pessoas indígenas é o mesmo da população em geral. Entretanto, para incentivar a procura e adesão das vacinas, foi criada a Campanha Mês de Vacinação dos Povos Indígenas (MVPI) com o objetivo de aumentar a cobertura vacinal e o acesso à vacinação; reduzir as iniquidades e fortalecer a vigilância epidemiológica das doenças imunopreveníveis nas aldeias. A campanha é anual, acontece no mês de maio e reforça a cobertura vacinal em regiões com baixas coberturas. As vacinas que estão disponíveis são as mesmas que estão previstas no Calendário Nacional de Vacinação. 51 Vacinação de pessoas privadas de liberdade Clique aqui, e saiba mais sobre a vacinação de pessoas indígenas. Ou, se estiver lendo este material no formato impresso, escaneie o QR para fazer download. A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP) foi criada com o objetivo de incluir essa população no SUS, por meio de ações de promoção da saúde e prevenção de agravos no sistema prisional, cumprindo os princípios de universalidade e de equidade. Tais ações são voltadas para essa população, aos profissionais dos serviços penais, familiares e outras pessoas relacionadas ao sistema (BRASIL, 2014). Como a maioria das pessoas privadas de liberdade no sistema prisional ficam alocadas em celas coletivas, insalubres, pouco ventiladas e superlotadas, o risco de contaminação de doenças infecciosas se potencializa, justificando-se a recomendação da vacinação como uma medida preventiva. Assim sendo, o calendário de vacinação para esse público é o mesmo indicado para a população em geral, acrescido da vacina para influenza. 52 https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/sesai/departamento-de-atencao-a-saude-indigena/imunizacao https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/sesai/departamento-de-atencao-a-saude-indigena/imunizacao Vacinação de pessoas que residem em instituições de longa permanência Os idosos que vivem em instituições de longa permanência podem se encontrar numa situação de maior vulnerabilidade ocasionada pelas condições ou limitações de saúde. Assim, esse público torna-se prioritário para alguns tipos de ações de promoção da saúde e prevenção de doenças e agravos. Dentre essas ações, está a vacinação, que é recomendada para esse público conforme o calendário básico padrão para as pessoas idosas. Vacinação de pessoas em situação de rua As pessoas que não têm uma residência e que se encontram morando nas ruas dos municípios são consideradas de extrema vulnerabilidade social, econômica, cultural e de saúde; são discriminadas pela sociedade e, muitas vezes, pela gestão pública. Essa invisibilidade vivenciada por esse público o deixa mais exposto a doenças que poderiam ser evitadas se houvesse ações preventivas, como a vacinação, conforme o calendário básico por ciclo de vida recomendado pelo PNI. Qualquer que seja a condição de vida dessas pessoas e das demais citadas anteriormente, é preciso que vocês, ACS e ACE, junto com a equipe da Atenção Primária, façam busca ativa para promover a vacinação. 53 Com essa perspectiva e sob orientação da Organização Mundial da Saúde, o Ministério da Saúde do Brasil inseriu essas populações especiais como prioritárias no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a covid-19 e passou a realizar as vacinas nos espaços vividos por elas ou adaptados para elas. Considera-se que as demais vacinas do Calendário Nacional estão disponíveis nas UBS para que elas também possam ter acesso. No caso das pessoas em situação de rua, é fundamental que você, ACS e ACE, as identifique nas proximidades de sua área de atuação, para que possa orientá-las a buscar esse serviço, mesmo sendo ou não assistidas pelas equipes de Consultório na Rua do SUS. As boas práticas aplicadas em todo o processo de vacinação são essenciais para garantir a eficácia e a ação da imunização no organismo da pessoa que recebe a vacina. Vamos refletir mais sobre as Boas Práticas em Imunização? Como você acompanha ou acompanharia a situação vacinal dessas pessoas em seu território de atuação? 54 As boas práticas aplicadas em todo o processo de vacinação são desenvolvidas, principalmente, pelo técnico de enfermagem que atua na sala de vacina, mas os demais membros da equipe da APS precisam conhecer e ficar em atenção durante esse processo. A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) (2021) apresenta as seguintes etapas para o sucesso da imunização. Veja no Quadro 2 a seguir. Quadro 2 - Boas práticas recomendadas pela SBIm 55 Cadeia de Frio Manter armazenamento, conservação e manuseio de vacinas de forma adequada. Proteção do Profissional Os profissionais devem ter acesso aos Equipamentos de Proteção Individuais (EPI) antes de administrar as vacinas. Acolhimento O profissional deve oferecer informações sobre o benefício das vacinas e o risco das doenças imunopreveníveis de forma gentil. Triagem O profissional deve analisar o histórico de saúde do usuário e as possíveis contraindicações/precauções. Preparo Ter cuidados no preparo para garantir que seja administrada a vacina correta e de forma adequada. Administração Seguir os cuidados de paciente certo, vacina certa, momento certo, dose certa, preparo e administração certos. Descarte Descartar os resíduos de acordo com sua classificação. Registro Entregar cartão de vacina com os seguintes registros: nome da vacina, fabricante, lote, data da administração, data da próxima dose, quando aplicável, identificação do vacinador. Orientações sobre eventos adversos Informar o usuário sobre a possibilidade de eventos adversos e os cuidados para amenizar as queixas. Farmacovigilância Preencher o formulário do e-SUS Notifica em casos de eventos adversos pós-vacinação (EAPV) Fonte: SBIm, 2021 Para a equipe da Estratégia Saúde da Família desenvolver as boas práticas, é essencial que haja um protocolo contendo as informações para que todos possam seguir e compreender a dinâmica de cada etapa. Os(as) ACS e ACE, como integrantes da equipe, deverão conhecer essa dinâmica para orientar, explicar e esclarecer dúvidas que as pessoas adscritas em seu território possam manifestar. É importante que nesse protocolo estejam previstas as informações sobre a Estrutura, a Organização e os Insumos que serão utilizados para a vacinação, conforme citadas na Figura 5 - Estrutura,Organização e Insumos para boas práticas em Imunização. Figura 5 – Estrutura, Organização e Insumos para boas práticas em Imunização Fonte: Elaborado pelo autor com base em SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA (SBP), 2021. ESTRUTURA 01 02 03 ESTRUTURA ORGANIZAÇÃO INSUMOS ● Sala de Vacina ● Materiais Permanentes ● Recursos Humanos ● Sistema de informação ● Imunobiológicos ● Seringas, agulhas, algodão, descartes. Estrutura, Organização e Insumos para boas práticas em Imunizações 56 No tocante à Estrutura, é necessário que a sala de vacina seja exclusiva na UBS e haja materiais permanentes como geladeira, termômetros, caixas térmicas, mesa, cadeiras, maca, armários e computador. Quanto à Organização, deverá haver recursos humanos habilitados e qualificados para realizar os procedimentos técnicos para a administração das vacinas, que pode ser o(a) técnico de enfermagem e/ou o(a) enfermeiro(a) da UBS. No que diz respeito aos Insumos, estes são os imunobiológicos, as seringas, as agulhas, o algodão, o descartex e outros materiais de consumo utilizados durante o processo de vacinação. Com esse conjunto é possível realizar os procedimentos técnicos de vacinação com segurança. Agora, vamos para a nossa retrospectiva! 57 RETROSPECTIVA Nesta disciplina, estudamos as bases imunológicas e epidemiológicas que precedem a vacinação, além da definição dos tipos de vacinas e seus componentes, associação, eventos adversos pós-vacinação, atraso vacinal e contraindicações dos imunobiológicos. Refletimos sobre a história, os objetivos e as diretrizes do PNI, seus avanços e desafios enfrentados devido à redução da cobertura de determinadas vacinas e o aumento de casos de doenças imunopreveníveis, além da aplicabilidade dessas informações na sua prática profissional. Outro assunto importante foi a reflexão sobre a sua atuação como agente de saúde nas atividades de rotina e nas campanhas de vacinação, por serem momentos oportunos de identificar os usuários que precisam se vacinar. E refletimos também sobre os fatores que poderão influenciar na hesitação vacinal e aprendemos algumas informações sobre a vacina contra a covid-19 e a vacinação de populações especiais. Esperamos que você tenha absorvido todo conteúdo apresentado para contribuir com a qualidade das boas práticas da Imunização em seu município. Até a próxima disciplina! 59 BIBLIOGRAFIA 61 AMARO NETO, V. Atualizações, orientações e sugestões sobre imunizações. Editor Vicente Amato Neto. São Paulo: Segmento Farma, 2011. BALLALAI, I. Manual prático de imunizações. 2.ed. São Paulo: A.C. Farmacêutica, 2016. BRASIL, Ministério da Saúde. Calendário Nacional de Vacinação. Brasília: Ministério da Saúde, 2022c. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/c/calend ario-nacional-de-vacinacao. Acesso em: 17 fev. 2023 BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis. Coordenação Geral do Programa Nacional de Imunizações. Estratégia de recuperação do esquema de vacinação atrasado de crianças menores de 5 anos de idade. Brasília: Ministério da Saúde, 2020b. Disponível em: https://sbim.org.br/images/files/notas-tecnicas/informe-tecnico-rec uperacao-esquema-vacinacao- atrasado.pdf Acesso em: 17 fev. 2023 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Articulação Estratégica de Vigilância em Saúde. Guia de vigilância em saúde [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Articulação Estratégica de Vigilância em Saúde. – 5. ed. rev. – Brasília: Ministério da Saúde, 2022a. 1.126 p. : il. Disponível em https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/biblioteca/guia-de-vigilanci a-em-saude-ms-2022/ BRASIL, Ministério da Saúde. Informe técnico da Campanha Nacional de Vacinação contra a poliomielite e multivacinação para atualização da caderneta de vacinação da criança e do adolescente. Brasília: Ministério da Saúde, 2022e. 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