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Cuidado com o SEU

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CUIDADO COM O “SEU”! 
(Sérgio Nogueira) 
 
 
O CASO 
Este caso aconteceu com um velho amigo. Ele, gerente de vendas de uma 
multinacional, ao voltar do almoço, encontrou sobre sua mesa um memorando 
interno no qual estava escrito: 
“Encontrei o seu diretor e resolvemos fazer uma reunião em seu escritório às 15h.” 
Imediatamente ligou para sua secretária e pediu que ela preparasse tudo para a tal 
reunião, principalmente a limpeza da mesa e mais algumas cadeiras. 
Às 15h em ponto, lá estava ele à espera do seu diretor. 
Às 15h10min, nada. Achou estranho, pois o diretor sempre exigiu muita 
pontualidade de todos. 
Às 15h15min, um telefonema. Era o diretor: “Que é que você está fazendo aí que 
ainda não veio para a reunião?” 
Só então ele entendeu que o “seu escritório” não era o dele próprio, mas sim o do 
diretor. 
Não foi demitido, mas foi obrigado a ouvir algumas “belas” palavras, por não ter 
percebido a ambiguidade da mensagem. 
É óbvio que quem escreveu a frase também não tinha notado a ambiguidade. E o 
que é pior: sabia onde seria a reunião. Para o autor a frase estava “claríssima”: 
“Encontrei o seu diretor e resolvemos fazer uma reunião em seu escritório às 15h” 
(= no escritório dele, do diretor). 
O meu amigo, ao ler a frase, também não percebeu o duplo sentido. E o que é pior 
ainda: entendeu o “outro”. Para ele, também estava claro: 
“Encontrei o seu diretor e resolvemos fazer uma reunião em seu escritório às 15h” 
(= no seu próprio escritório, de quem recebe a mensagem, do meu amigo). 
Tudo isso comprova o “perigo” das ambiguidades na comunicação interna ou 
externa das organizações. 
Frases ambíguas podem ser interessantes e curiosas, e muito úteis na publicidade. 
Para fazer piadas então, são excelentes. O pessoal do Casseta e Planeta que o diga. 
É interessante observar que, na tal frase ambígua de hoje, não havia erro 
gramatical. O pronome possessivo seu é de 3ª pessoa e permite perfeitamente a 
dupla interpretação: 
Seu = dele (de quem se está falando = o diretor) ou 
Seu = de você (com quem se está falando = o receptor da mensagem = o meu 
amigo). 
Portanto, cuidado com o SEU! 
Recentemente, numa reunião familiar, ouvi uma ótima. 
Ao saber que um sobrinho havia levado uma mordida, minha mulher perguntou: 
“Afinal, quem mordeu o Pedro?” A resposta foi imediata: “Foi a cachorra da 
namorada do João neurótica.” 
Agora você decide. 
Se você acha que quem mordeu o Pedro foi a cachorra, que é neurótica e pertence 
à namorada do João, ligue para 0900.0001; se você entendeu que quem mordeu 
foi a cachorra, que pertence à namorada neurótica do João, ligue para 0900.0002; 
e se, para você, quem mordeu o Pedro foi a namorada do João, que, além de ser 
uma “cachorra”, é uma neurótica, ligue para 0900.0003. A resposta você terá 
proximamente, se eu ainda estiver vivo. Temo que o João solte seus cachorros 
atrás de mim.

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