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Mulheres em Julgamento Volume 2 Alexandre Uhlmann Chollet Pedro Ivo Genú Jussara Melo Chollet, Alexandre Uhlmann. Genú, Pedro Ivo. Melo, Jussara. Mulheres, Vol. 2 / Alexandre Uhlmann Chollet, Pedro Ivo Genú, Jussara Melo. Ed. Clube de autores. 2014. Diagramação – Enoque Ferreira Cardozo Copyright "©" 2014. Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução parcial ou total, por qualquer meio. Lei Nº 9.610 de 19/02/1998 (Lei dos direitos autorais). 2014. Escrito e produzido no Brasil. http://pt.wikipedia.org/wiki/%C2%A9 SUMÁRIO PREFÁCIO CASADA NA BALADA EU TENHO UM AMANTE CALEI-ME DE VERGONHA MEU EX ARRUMOU OUTRA E QUERO RECONQUISTÁ-LO SIAMESAS ESCOLHI SER ASSIM MELHOR QUE NADA CALIENTE BONEQUINHA O ABORTO DO PRIMOGÊNITO Prefácio por Pedro Ivo Genú Contam-se nos dedos, na história da Amazon Brasil, as obras que em menos de 24 horas após o lançamento, tornaram- se a mais baixada. Por isso, a continuação de Mulheres em Julgamento surge com a mesma fórmula de sucesso: Uma romancista com larga experiência de vida e vários trabalhos publicados unida a dois consultores comportamentais extremamente sinceros, responsáveis pelos conceituados blogs Cérebro Masculino (www.cerebromasculino.com) e Querer é Poder, Tente! (www.qpt.com.br), que já ajudaram milhares de homens e mulheres nos cinco anos de existência, apresentando uma coletânea de histórias comentadas que retratam conflitos de relacionamentos presentes do dia-a-dia das mulheres de todas as idades e classes sociais. A facilidade com que a leitora se identifica com os contos narrados aglutina-se a curiosidade, encantamento e, por vezes, espanto diante das opiniões do defensor e do acusador dos atos das personagens centrais de cada texto. Sem a intenção de, literalmente, julgar as mulheres, esta obra apresenta sólidas, práticas e claras argumentações tanto de embasamento, quanto de recriminações aos atos cometidos pelas personagens que farão muitas mulheres refletirem segundo múltiplos ângulos sobre inúmeros acontecimentos tanto do passado, quanto presentes e muitos que possam vir a acontecer no futuro. CASADA NA BALADA http://www.cerebromasculino.com/ http://www.qpt.com.br/ CASADA NA BALADA Por Jussara Melo Chamam-me de Angel em casa, talvez porque meu jeito pacato de ser, passe essa ideia para quem me conhece. Vivo com Mauro há sete anos, tempo demais para quem pensava em jamais se apegar a alguém, mas os dias foram passando e ele me convencendo que precisávamos um do outro. Temos um relacionamento mais liberal, não tenho ciúmes das partidas de futebol em que ele vai religiosamente todos os domingos pela manhã e ele também não me proíbe de nada. Então, pelo menos um dia na semana tenho livre para sair com minhas amigas. No começo ia a shoppings e passava horas vendo as vitrines e comprando livros, sapatos e roupas, mas com o tempo comecei a ver que esse pequeno mundo comercial não mais me satisfazia e pensei que mal algum teria se fosse curtir um pouco a vida durante a noite. Mauro, ao contrário do que pensei, não impôs nenhuma objeção, apenas se deteve em dizer que tomasse cuidado e que me comportasse bem. Assenti com a cabeça e garanti a ele que não beberia, pois sabia que eu teria que voltar dirigindo. Minhas amigas me ajudaram na produção, me maquiaram e escolheram inclusive a casa noturna que iríamos. De salto alto, roupa curta, maquiada e chapinha no cabelo, pareci uns anos mais jovem que era. Sorri animada e quase ensurdeci com o volume do som dentro daquele ambiente escuro e inebriante. Rapidamente minhas amigas avistaram alguns conhecidos e paramos perto do bar. Tentei compreender o que estavam dizendo, mas desisti quando ouvi a voz do DJ que anunciava a próxima música. Ele era moreno e alto, usava camiseta escura e calça jeans, parecia estar conectado naqueles aparelhos que transformavam as músicas que eu conhecia em algo diferente e atraente, uma coisa única assinada por ele. Quando voltei pra casa não consegui esquecer aquele rapaz. Não sabia o seu nome, mas na semana que se passou lembrei todos os dias dos seus movimentos rápidos e precisos naquelas pick ups e pensei demais nisso para desistir de vê-lo trabalhando outra vez. E outra e outra, até que pudesse conhecê-lo. Foi o que fiz. Todo sábado saía com a desculpa de dançar e conversar com minhas amigas, mas na realidade queria ver Adrian, o DJ por quem eu já estava completamente apaixonada. Não demorou muito para ser apresentada a ele e muito menos para começarmos a sair juntos quando a casa noturna fechava. Continuei não bebendo, já que isso tranquilizava Mauro que permanecia apoiando minhas saídas noturnas. Infelizmente o interesse de Adrian por mim não durou muito, logo fui substituída por outra garota e não tive muita escolha. Ou parava de vez com tudo aquilo e voltava a frequentar os centros comerciais da minha cidade ou simplesmente passava a frequentar outras casas noturnas. Preferi a segunda opção. Adrian foi o primeiro de muitos homens que conheci nesse mundo de som e frenesi. Aprendi a beber, a dançar e a seduzir. Cada fim de semana é uma nova balada. Meu nome verdadeiro, não costumo fornecer e também não me importo se voltarei a ver outra vez aquele que foi escolhido para dançar e viver uma noite. Esta que meu esposo permite que eu curta e seja livre, caso me comporte bem, mas o que os olhos não veem, o coração não sente. Hoje a vida noturna faz parte de todos meus fins de semana e não carrego culpas pelas aventuras amorosas que tenho na balada. Vou porque gosto de me divertir, de dançar e de estar com minhas amigas. ACUSAÇÃO Por Alexandre Chollet Certa vez ouvi que “não se deve dar chance ao azar” e essa afirmação não poderia ser mais correta. É não só saudável como imprescindível às pessoas que estão em relacionamentos terem um período com amigos para relaxar, desopilar e divertir-se. No entanto, existem locais e locais para pessoas comprometidas. Shopping centers, cinemas, restaurantes, bares, happy hours e até um show ou outro de artistas que gostam muito são locais bem aceitáveis para pessoas que estão em todos os tipos de relacionamentos. Entretanto, uma balada é dar chance ao azar. Apesar da maioria das pessoas afirmar que o objetivo de ir a uma casa noturna é se divertir – e pode até ser -, na verdade grande parte vai para paquerar mesmo, afinal, se não fosse o caso, por que gastariam horas se arrumando e tanto dinheiro para impressionar o sexo oposto? Calma, não estou dizendo que todo mundo que vai à balada necessariamente precisa ficar com alguém, mas que o local é extremamente propício a isso. E falo com autoridade, pois sou DJ e fui promoter e produtor de eventos por um bom tempo. Quando se está em uma casa noturna, a música empolgante, bebidas e diversão, o público solteiro, muitas vezes faz com que os comprometidos esqueçam que possuem pessoas que as amam esperando por eles. Consequentemente, não é o local mais adequado para pessoas que estão em relacionamentos sérios. Se Angel está há sete anos com uma pessoa, que tipo de sentimento nutre por Mauro se ela se interessa e vai atrás do primeiro homem atraente que vê? E pior, depois que levou um fora, continua “curtindo” a vida, saindo com diversos homens, enquanto Mauro fica em casa confiando na sua fidelidade, já que Angel prometeu que se comportaria em todas as festas. Ele deu liberdade para ela ir a esses locais, pois confia nela e o modo que retribui é traindo-o constantemente? Onde está a confiança, o respeito e o amor? Se ela quer sair com vários, é uma escolha dela. Mas Mauro não merece isso. O correto seria simplesmente encerrar o relacionamento enquanto está vivendo essa fase mais liberal. No entanto, ao continuar em uma relação que deveria ser monogâmica, com um homem queconfia nela, não há como não condenar esta pessoa que de anjo não tem nada. DEFESA Por Pedro Ivo Genú Ser desprezado é uma das mais terríveis formas de sofrimento. E quando o desprezo parte de alguém que queremos bem, de alguém que amamos é muito pior. Neste caso, realmente, perdemos o chão. Sentimos apenas o desamor da pessoa amada. É, exatamente, esse sentimento que inflama no seio dessa pobre mulher, pois aquele que a jurou amor eterno não dá a mínima importância a ela. Afinal, se ela tivesse alguma relevância na sua vida, não a deixaria ir sozinha a baladas, ficar desprotegida num local onde a “regra” é “atacar” as mulheres. Ponha-se no lugar da doce Angel e experimente o desconcerto mental ao saber que aquela pessoa de quem você espera todo o cuidado do mundo, não dá a mínima para você. Pois, ao invés de querer o seu bem ao lado dele, “joga-te na jaula dos leões” sem culpa, medo ou dor na consciência. Poucos possuem a sensibilidade para perceber, mas a atenção é uma das maiores fontes de prazer da vida. Inclusive, é um dos maiores dinamizadores sexuais, ou seja, ela irá estimular os hormônios e aumentar a libido. Fora todo esse desgaste psicológico que essa atitude de desdém ocasiona, não se pode deixar de vinculá-la ao fato de que, muito provavelmente, o Mauro dá suas escapadas, seja nas horas de folga, no horário do trabalho, ou até mesmo no tempo em que deveria estar jogando futebol com os amigos. Afinal, não se importa que outros homens se aproximem com segundas intenções da sua companheira, inclusive apoiando a frequência dela em locais onde o “clima de pegação” gera de forma absoluta. Por tudo isso, não há porque culpar a doce Angel. Afinal, todos os seus atos foram consequências da atitude de completo desdém de Mauro, que, perfeitamente, poderia prevê-los quando não se importou que sua mulher fosse sozinha para a balada. VEREDICTO Por Jussara Melo Esse é um dos poucos casos que já li em que vi claro que cada um tem sua parcela de culpa na história. Quem confia e dá liberdade a alguém não merece receber em troca a traição, porém quem não cuida, dá chance para que outra pessoa ocupe seu lugar. E pensando nisso, coloco em xeque-mate aquele velho dito popular em que se afirma que os opostos se atraem. Posso dizer que isso até tenha grandes possibilidades de acontecer, mas também me atrevo em dizer que os opostos não permanecem juntos por muito tempo, salvo, é claro, algumas exceções. Manter um relacionamento em que as pessoas envolvidas seguem por caminhos diferentes pode ser sinal de que um grande erro foi cometido. A regra é simples: um ama carnaval e o outro a igreja que frequenta, um aprecia a vida no campo e o outro longas caminhadas pela praia, um prefere os hotéis cinco estrelas o outro as pescarias e acampamentos nas beiras dos rios. A pergunta obvia nesse caso é: Onde essas duas pessoas se encontram? Apenas na cama? Ou pior, nos momentos para colocar as finanças em dia e decidem simplesmente que cada um arque com suas próprias contas a pagar? Isso parece ser até normal, mas em longo prazo, essa vida individualizada será refletida no casamento. E vemos isso claro na relação de Mauro e Angel. Um foi dando liberdade demais ao outro até que o cuidado que deveria ser atribuição dos dois passou a simplesmente não existir. Nesse caso os dois são responsáveis pelo ato um do outro. Acredito que um homem por deixar a mulher tão livre assim esteja aproveitando muito bem seus momentos de liberdade, afirmar que ele também a trai eu não posso, porém a falta de zelo pela mulher deixa claro que ela tem carta branca para fazer o que deseja. Tanto o acusador como o defensor batem na mesma tecla ao afirmarem que ir a balada é entregar o ouro ao bandido, ou seja, qualquer adulto seja homem ou mulher sabe que nesses lugares as pessoas não conseguem ir por muito tempo apenas para dançar e o surgimento de novos relacionamentos é natural, já que a música, a bebida favorecem esses encontros. O casal está equivocado, os dois estão deixando de cuidar um do outro. Cada um está ausente tempo suficiente para que o outro encontre alguém que realmente faça a diferença. A mulher, nesse caso, e é nela que vou focar agora, está por livre e espontânea vontade deixando livre sua casa e principalmente sua família para que outra mais sábia saiba cuidar, inclusive de seus filhos se ela os tiver. Pensar nisso agora talvez seja o tempo suficiente para rever suas atitude e salvar o seu casamento. EU TENHO UM AMANTE EU TENHO UM AMANTE Casei-me muita nova, na época nem sabia nada sobre a vida. Mas mesmo assim, aos vinte anos já era uma respeitável dona de casa e mãe de um lindo menino. Dois anos depois nasceu meu segundo filho. Estava em um relacionamento estável e invejado por muitas das minhas amigas. Passo horas a fio cuidando do meu lar e dos meus filhos que ainda são muito pequenos. Além dos afazeres domésticos, sou encarregada de fazer as compras e cuidar dos estudos dos meus dois meninos. Meu esposo nunca me incentivou a trabalhar porque acredita que lugar da esposa é no lar. Edgar é um homem muito trabalhador, digno e honesto. Um marido maravilhoso e não me deixa faltar absolutamente nada. É um ótimo pai, dedica grande parte do seu tempo a satisfazer meus desejos e de nossos filhos. Temos nossa casa própria, carro e não me falta nada, ou não me faltava até que conheci Felipe. Eu estava um pouco acima do peso quando procurei uma academia e comecei a ter aulas com ele, o homem mais bem definido em quem eu já tinha posto meus olhos. Seu corpo era bronzeado de sol e seus músculos eram fortes, mas na proporção certa. Quando aquele homem sorria, eu simplesmente amolecia e esquecia quem era. Um mês depois de ver Felipe quase todos os dias e de ser tocada por ele, mesmo que profissionalmente, enquanto me ensinava à sequência de exercícios que deveria executar, eu já estava completamente envolvida. No início eram apenas pequenas conversas no fim de cada aula. Depois progredimos para passeios pela orla da praia de Copacabana e quando os sorvetes à beira-mar não satisfaziam mais nossos desejos, passamos a nos encontrar pelo menos duas vezes na semana num motel que ficava a três quadras da academia. Perdi completamente a noção do perigo. Quando estou ao lado de Felipe não me importo com o que as pessoas possam pensar a meu respeito. A atração que sinto por ele é tão forte que esqueço por vezes que sou casada e tenho dois filhos que são os meus tesouros. Meu marido nem imagina que eu estou nessa vida dúbia. Quando estou com Edgar, sinto-me uma mulher completamente feliz e em harmonia com meu lar. Amo vê-lo sentado em um dos sofás lendo seu livro preferido e ele me faz sentir uma mulher especial com seus mimos e carinhos. Com ele sou a esposa dedicada ao lar e mãe extremosa. O sexo é uma mistura de prazer e confiança, não nego ao meu marido seus desejos e tampouco reclamo a falta de criatividade na cama. Faço com carinho e dedicação cada movimento, mas tenho que confessar que muitas vezes não sinto a explosão que momentos de intimidade deveriam proporcionar. Talvez por causa disso, ele jamais tenha percebido nada, já que continuo fazendo as coisas que sempre fiz em casa e na cama e justifico minha demora na rua ora dizendo que a fila do mercado estava muito grande, ora jogando toda a culpa no trânsito e meu marido, em nenhum momento, colocou em dúvida minha conduta. Ao lado de Felipe eu me torno outra mulher. Sou atrevida, voraz e livre de qualquer pudor. O sexo é uma tormenta sem fim, meu corpo flameja quando sou tocada e as poucas horas que passamos naquele quarto de motel são como que se eu não fosse à mulher que todos veem e sim a mulher que eu realmente gostaria de ser. Sinto-me mais atraente e bonita e acredito que isso, eu esteja levando para a minha vida. Dia desses Edgar comentou que estou com um corpo espetacular e que meus olhos adquiriram um brilho que há muito não via. Sorrio e digo que estou me sentindo muito bem fisicamente e que ele é o responsável por eu estar tão feliz.Não é uma mentira completa, mas o fato é que eu me sinto feliz ao lado desses dois homens. Às vezes choro muito arrependida por estar fazendo com meu marido algo que sei não merecer perdão, mas por mais que eu tente, não consigo me separar de Felipe. Eu preciso dos dois para ser feliz e sei que um deles jamais aceitaria me dividir. Também estou ciente que Edgar me ama e Felipe não, mas meu marido não consegue me proporcionar o sexo que meu amante faz com maestria, e por outro lado, Felipe jamais será o homem que eu desejaria ter como companheiro. Por várias vezes tentei me ver sem um dos dois e simplesmente não consegui me separar de nenhum. Tenho consciência que se for descoberta por Edgar perco tudo, serei abandonada e provavelmente jamais perdoada, mas enquanto isso não acontece, eu desfruto os momentos com meu amante, torcendo para que nosso caso fique incógnito aos olhos do marido, pois apesar de estar fazendo isso, eu não gostaria de o ver sofrer por causa da minha traição. ACUSAÇÃO Por Alexandre Chollet Não sei se rio ou se choro com esse relato. Em muitos pontos é triste e em outros chega a ser hilário o modo como a ré coloca a culpa em outras pessoas pelos seus atos. Primeiramente, culpa o personal trainer por ter uma aparência e corpo perfeitos e fazer sexo de um modo que ela adora, tornando-se, assim, irresistível. Depois, tenta justificar a traição com o marido, pois as relações sexuais com ele não são tão satisfatórias quanto as com o amante. E é isso que grande parte dos infiéis fazem: tentam justificar o ato cruel, imaturo, egoísta e sem caráter que cometem, tentando ser menos culpados. Talvez seja um modo para amenizar a consciência pesada ou de não se achar um ser humano tão cruel. Mas independente das tentativas de isenção da culpa, todos nós sabemos que cabe apenas a nós mesmos a responsabilidade das nossas atitudes e consequências. Até posso entender que a frustração – principalmente sexual – no seu relacionamento pode abrir as portas do interesse em outras pessoas, mas cabe a você, e apenas a você, a decisão de seguir em frente ou afastar-se. Já tive muitas namoradas completamente inexperientes sexualmente – e até muitas experientes, mas que não sabiam fazer nada direito – e senti-me frustrado algumas vezes. Tive a escolha de trair, mas preferi ensiná-las as coisas que gosto. Em pouco tempo, todas se tornaram excelentes amantes (no sentido de fazer amor) e o sexo era sensacional. Eu tive a escolha de ficar frustrado em silêncio e sair com mulheres que fazem exatamente o que gosto ou ser sincero e ensinar a minha parceira. Escolhi a segunda opção, mantendo-me fiel. Por que a nossa ré não poderia fazer isso? Porque escolheu o caminho mais fácil que é ter um homem carinhoso, que a ama e uma família, mas no sexo é morno, e ao mesmo tempo, ter um amante com quem as relações são muito mais prazerosas, mas é só isso. Essa atitude pode até parecer interessante quando somos jovens e imaturos, mas depois que viramos adultos, principalmente depois de casamento e filhos, chega a hora de escolher: O que é mais importante? Além disso, é natural que os relacionamentos esfriem, mas existem diversos modos de reverter a situação: sex shops, fantasias, brinquedos, terapia de casal, ler blogs de relacionamento, etc. E o mais importante, o casal tem que ir conversando e falando suas preferências e desejos. Isso é o que ela deveria ter feito, mantendo a integridade, o respeito ao seu marido, a ela mesma e, principalmente aos seus filhos. A traição tem grandes consequências para toda a família. Além do grande dano à estrutura interna dos filhos quando ficarem sabendo. E acreditem, eles a culparão. Hoje em dia é bem difícil esconder traição por muito tempo. E o que os amigos deles falarão da mãe? Eles serão considerados filhos de uma mulher sem escrúpulos e passarão por essa humilhação que pode gerar traumas. Pois é, cara ré. Não há como voltar atrás, mas existem maneiras de acabar com tudo isso e viver uma vida fiel e honesta, assim como seu marido vive. DEFESA Por Pedro Ivo Genú Um dos maiores enganos da nossa sociedade é pensar na traição como sintoma de alguma doença, efeito de algum desvio, erro. Muitas mulheres cultivam relações paralelas sem que estejam infelizes. Em síntese, continuam satisfeitas com o contexto geral do seu relacionamento, mas detestam a monotonia e odeiam a rotina em que vivem. Com o passar do tempo, elas não sentem mais aquele desejo pelo parceiro e muito menos se sentem desejadas, circunstâncias fundamentais para o pleno bem estar físico e mental feminino. Isso fica claro quando o marido elogia o brilho de seus olhos que até então ela não possuía. Ou seja, passou de uma triste e esquecida peça figurativa de um lar, que não era incentivada nem a trabalhar pelo marido, a alguém que emana uma energia radiante que contagia a todos dentro de casa. Felipe só veio para preencher o grande vazio da ausência de emoções, paixões e, principalmente, de vigor sexual em sua vida enfadonha. Já que o seu marido, acomodado com a aparência e sem vontade, desejo ou atitude para melhorar a vida sexual do casal, tornou-se uma frustração quando o assunto é satisfazer de forma plena sua mulher. Sem contar que, muito provavelmente, assim como a grande maioria dos homens, o Edgar dá suas “puladas de cerca”. Pois, se não há mesmo potência, energia, força e robustez sexual masculina dentro de casa, provavelmente, ela está sendo praticada fora. Em resumo, não há porque controlar suas emoções, paixões e impulsos sexuais avassaladores porque seu parceiro, supostamente, não está agindo dessa forma. Não faça igual a inúmeras mulheres que se culpam por serem felizes. Aproveite o momento e curta sua felicidade com seus dois amados, pois, eles também estão mais felizes e a vida é muito curta para perdermos tempo nos submetendo a convenções sociais que só levam ao desgaste físico e mental. VEREDICTO Por Jussara Melo O caso clássico de continuar no relacionamento por comodidade. Todos os adjetivos positivos em relação ao marido vinham diretamente da carteira dele e ela mesma afirma que não lhe falta nada, a não ser, é claro, o sexo, coisa que ela tratou de logo resolver seu problema com seu amante. Ela sabe que perdendo seu marido, perde também status, e isso infelizmente é muito valorizado no mundo feminino. As mulheres separadas ou solteiras que o digam! Ser casada é, de certo modo, um carimbo que mulheres recebem que prova que são melhores que as outras. Isto, é claro, acontece de forma velada e jamais será assumido publicamente. O fio de pensamento dessa mulher é muito parecido ao fio que a aranha tece para atrair sua presa. A aranha necessita de alimento porque quer viver, trabalha por horas até que sua teia fique pronta e pegajosa demais ao ponto da infeliz mosca não conseguir se soltar. E mesmo depois de alimentada, se outra mosca cair em sua teia, ela a mantém ali para alimentar-se da sua segunda opção. A segunda mosca pode ser até a mais saborosa, mas a primeira foi a que matou a sua fome. Eu condeno a aranha por seu egoísmo e a mulher também. CALEI-ME DE VERGONHA CALEI-ME DE VERGONHA Quando ouvi a sirene da viatura policial parando frente à minha casa, não sabia se naquele momento meu sentimento era de alivio ou de profunda tristeza. Apenas tinha a certeza que acabava ali a minha história de vida com Victor, meu primeiro e único namorado. Eu não sabia quem havia dado aquele telefonema denunciando o meu agressor, só que ao ser socorrida, as lágrimas que caíam eram de vergonha e dor. Precoce, comecei a namorar Victor quando ainda tinha treze anos de idade. Os alertas de meus pais não impediram nossos encontros quase diários depois que eu saía da escola. Meu namorado era quatro anos mais velho e isso me fazia sentir muito mais importante do que realmente era. Minhas amigas me cercavam com perguntas sobre nosso relacionamento e isso me embevecia e me fazia acreditar que ele era o príncipe azul da minha real vida. Durante algum tempo de namoro, Victorse portou como toda garota espera. Era atencioso e gentil, cumpria eficazmente quase todos meus caprichos e isso foi criando uma dependência natural em mim, que eu só percebi quando comecei a notar que já não tinha mais amigas para sair e conversar, pois meu mundo se resumia a ele. Com o passar dos anos, o grau de intimidade também aumentou e Victor não se satisfazia com o fato de ficarmos juntos somente nos finais de semana. Ele manipulava o meu horário, verificava a minha rotina, chegando a opinar inclusive se eu deveria ou não participar de festas familiares. Para evitar chateações, muitas vezes me negava a ir a uma festa ou qualquer outro lugar em que ele não pudesse estar comigo, pois sabia que teria que aguentar seus longos sermões. Quando completei dezoito anos, meus pais me presentearam com uma viagem a Punta Del Este. Era algo que eu almejava há anos e o simples fato de poder viajar pela primeira vez sozinha era para mim, a prova de emancipação por parte de meus pais que tanto esperava. Porém, ao contar ao meu namorado a grande novidade, ele franziu o cenho e apenas disse que eu deveria devolver o presente aos meus pais, pois se ele não pudesse ir comigo eu também não iria. Nesse dia não aguentei e brigamos feio, Victor me acusava com palavras que até então eu jamais imaginaria ouvir e se mostrou violento pela primeira vez. Começou a chutar o que via pela frente, gritava e gesticulava muito. Seu olhar estava parado e fixo em mim. Assustei-me tanto que acabei dizendo que conversaria com meus pais sobre uma forma de trocar meu presente por outra coisa qualquer. E esse foi mais um erro. A partir desse dia, Victor foi ficando cada vez mais possessivo. Quando não estávamos juntos, ele ligava de meia em meia hora. Afirmava que nosso casamento era questão de meses e que eu deveria me acostumar a ter uma vida pacata e de dona de casa, pois eu teria que deixar o trabalho e estudos e apenas cuidar dele e do lar. Por vergonha, fui deixando meu namorado limitar a minha vida. Tudo o que eu fazia era controlado por ele. Notei que Victor não era mais gentil comigo, sua impaciência era velada e a desculpa era que precisávamos ter o nosso canto e que o melhor a fazer seria eu desistir da faculdade, pois não precisaria de estudo para cuidar dos filhos que iríamos ter em breve. O pior de tudo era ter que esconder essas coisas de meus pais, fazê-los pensar que essas atitudes eram minhas e não impostas por meu namorado. Quando a viatura enfim desapareceu, corri para dentro de casa em direção ao espelho de meu quarto e quando vi o estrago no meu rosto, odiei a mim e a Victor mais que tudo no mundo. Atrás de mim, uma policial me orientava a pegar algumas peças de roupas e documentos para irmos ao hospital e à delegacia para fazer exame de corpo de delito. Pedi cinco minutos, instantes suficientes para reviver o terror que vivi naquele quarto. Meus pais haviam saído de viagem ao litoral e como de costume eu inventara uma desculpa para não os acompanhar porque Victor não permitira que eu fosse. Quando ele chegou à minha casa, eu estava ao telefone com um amigo da faculdade marcando a data de um trabalho em grupo isso o transtornou. Violentamente ele tomou o telefone celular de minhas mãos e o arremessou contra a parede, caminhou em minha direção e disse que não admitiria que sua mulher ficasse de conversinha com outro homem. Quando falei que faria sim o trabalho no dia marcado, ele intensificou sua fúria, dessa vez contra mim e o pior ocorreu: agrediu-me fisicamente. Comecei a gritar para que parasse, mas ele estava enlouquecido, restando-me torcer para que alguém ouvisse e me salvasse de suas mãos. Vendo-me diante do espelho agradeci mesmo que mentalmente à pessoa que me salvara ao chamar a polícia. Vários meses se passaram. Victor fora proibido de se aproximar e eu não sabia o que sentia por ele, se era ódio, pena, decepção ou mágoa. Certa manhã, quando estava saindo da universidade, ele, desobedecendo às ordens policiais, veio conversar comigo. Parecia aquele velho Victor do começo, gentil e carinhoso. Com voz mansa e controlada, pediu desculpas por todo o mal que me fizera e prometeu jamais tocar-me daquela forma novamente. Disse que me amava tanto que perdera o controle e que precisava de meu perdão. Disse que se o aceitasse de volta, eu veria que ele agora era outro homem. Entrei no fretado escolar com minhas pernas trêmulas. O amor que eu senti por tanto tempo por aquele homem havia se transformado em medo e eu sabia que essa linha tênue não era suficiente para me livrar definitivamente daquele que, por anos havia sido meu algoz príncipe azul. Pela janela do ônibus vi a silhueta de Victor. Um homem aparentemente normal, mas que me privara de tanta vida e por tanto tempo. A decisão de continuar ou não vivendo ao lado de alguém que a qualquer momento poderia perder o controle era só minha e fazer parte das estatísticas da violência doméstica também. Meu nome é Leandra e essa é uma parte da minha curta história de vida. DEFESA Por Alexandre Chollet Leandra errou feio. Errou ao deixar de viver e por limitar-se por conta de um relacionamento. Este é feito para dar felicidade, prazer e amor, não privar de viver e trazer tristeza e vergonha. Errou ao se calar quando não tinha mais liberdade, ao suportar um homem tão machista e cujos pensamentos iam de encontro aos dela. Se ela queria trabalhar e estudar, não há uma maneira de ficar com quem acha que lugar de mulher é em casa. Chega um ponto em que temos que ficar com uma pessoa que pense do mesmo modo que a gente, não completamente diferente. A vida é curta demais para gastar ao lado de uma pessoa que não te faz ou fará feliz. Errou muito mesmo quando desistiu da viagem de seus sonhos devido ao ciúme. Também quando percebeu que seu ciúme se tornara mais agressivo. No entanto, ela não teria como imaginar que uma pessoa que ama poderia chegar a esse ponto de violência física. Não adianta falar que existiam sinais que mostravam essa possibilidade, pois quando amamos, não passa na nossa cabeça que essa pessoa possa nos agredir ou nos machucar. Sim, pessoas mudam e o Victor pode ter mudado. Conheço casos de homens e até mulheres que eram agressivos e mudaram. No entanto, não há como reconstruir algo que não existe mais, ou que no mínimo foi reduzido ao substrato do pó. ACUSAÇÃO Por Pedro Ivo Genú Há uma passagem bíblica que diz: “Quem ama nunca desiste, mas suporta tudo com fé, esperança e paciência.” Além disso, tudo está sempre em constante mudança. As pessoas mudam, o mundo muda. Tudo se transforma com o tempo, e nada permanece igual. Principalmente quando se aprende com o grande erro de perder, mesmo que momentaneamente, o grande amor de uma vida. Independente do que tenha ocorrido, Leandra corre o risco de se lamentar perpetuamente por não ter dado uma segunda chance ao amor. Dessa vez mais maduro, cauteloso, prudente, sensato e maleável depois de tudo que aconteceu. Enquanto houver uma mínima fagulha, uma pequena chance, deve-se acreditar nesse maravilhoso sentimento que não só une dois corpos, mas duas almas. Quanto mais quando há grandes probabilidades de que essa nova união dê certo, como é o caso desse casal, que após superar tudo isso, deve permanecer junto. Por isso, é mister esquecer o passado e construir, sem ressentimentos, uma nova, linda, fortificada, inabalável e duradoura estória de amor. VEREDICTO Por Jussara Melo Em determinado momento de minha vida ouvi uma frase bem interessante e que me abrira os olhos: “perdoar não significa que você tem que permanecer junto”. Isso me bastou para que eu pudesse, na época, tomar a decisão mais importante de minha vida. O perdão é sim algo que faz bem a quem é perdoado, mas mais ainda àquele que perdoa, pelo simples fato de liberar de dentro da si a mágoa, a tristeza, a humilhação e outros sentimentos que trazem para dentro de nós doenças e tristezas sem fim. Acredito que Leandra aprendeu uma lição sofrendo fisicamente o que já sofria psicologicamente há tempos.A violência doméstica contra a mulher nem sempre é física. A maioria de nós sofre a violência verbal durante anos e, na pior das hipóteses, uma vida toda. Justificada apenas pelo direito que o matrimônio em nenhum momento dá. Leandra foi socorrida e para que não precise passar por isso novamente, necessita tomar a única decisão que uma mulher prudente tomaria: perdoar e se afastar. Eu não acredito que o amor possa sobreviver à violência. Não acredito que alguém acostumado a resolver suas neuras de forma agressiva não volte a agir desse modo. Essa pessoa tem o direito de receber tratamento médico e psicológico, pode sim mudar e isso seria ótimo para ele. Mas eu, particularmente não me relacionaria de novo com alguém que me agrediu ao ponto de ter que ser socorrida por terceiros. Será que Leandra estaria viva para repensar sua vida e seu relacionamento se alguém não tivesse chamado a polícia? Ela deve ter a oportunidade de viver um novo amor, de constituir família, de poder crescer profissionalmente e adquirir o conhecimento que deseja. Por isso a absolvo por ter continuado sua vida, mesmo depois de ter errado, justificada pelo medo que sentia de Victor. MEU EX ARRUMOU OUTRA E QUERO RECONQUISTÁ-LO MEU EX ARRUMOU OUTRA E QUERO RECONQUISTÁ-LO Por Jussara Melo Ainda estávamos na Universidade quando começamos a namorar. Era um tempo de conquistas e novos sonhos. Projetamos nossas vidas baseados no que tínhamos nas mãos e achávamos que seria um futuro promissor para os dois. Meu nome é Alessandra, sou bióloga e meu ex-namorado se chama Marcos e é o mais lindo pediatra que conheço. Vivemos de escolhas e ser bons profissionais era algo que nós dois almejávamos para nosso futuro. Marcos também queria ser pai, casar e construir uma grande família. Quando eu o ouvia dizer essas coisas, costumava mudar de assunto rapidamente, pois a maternidade ainda não fazia parte de meus planos. Combinamos então de casar quando terminássemos a faculdade, mas nem sempre o acordado pode ser cumprido. Faltando seis meses para me formar, fui convidada para participar de um intercâmbio cultural na França. Deveria aperfeiçoar meus estudos no período de um ano, o que me pareceu pouco se comparado às vantagens que um curso na Europa traria para meu currículo. Fiquei tão entusiasmada que de pronto aceitei ao convite sem mesmo perguntar a Marcos sua opinião, o que contribuiu e muito para o término do nosso relacionamento antes mesmo da minha partida. No dia em que embarquei, pensei que ele apareceria para se despedir, mas isso não aconteceu. Mesmo assim entrei no avião resoluta que aquela decisão era a mais importante no momento e que quando voltasse resolveria tudo com Marcos. Durante dois anos tentei entrar em contato com ele, mas não respondia aos meus e-mails e nem aos torpedos. Por várias vezes liguei, mas foi em vão, ele não contestava. Nesse período conheci várias pessoas, mas nenhum homem fora capaz de substituir o amor que eu sentia por Marcos. O que fiz foi só estudar e focar minhas ações a aperfeiçoar a minha tese de mestrado que pretendia defender assim que voltasse ao Brasil. Desembarquei no aeroporto do Rio de Janeiro em um dia ensolarado de fevereiro. Esperava que enfim pudesse voltar a ver meu amor. Depois de tantos dias sem notícias, iria à busca de seu perdão e assim poderíamos realizar nosso sonho de ficarmos juntos finalmente. Estava morta de cansaço e peguei um taxi até meu apartamento, que ficou aos cuidados de uma amiga, pois não via a hora de tomar uma ducha refrescante e descansar. No dia seguinte dia iria até a casa de Marcos. Foi muito difícil reconhecer meu lar depois de tantos dias longe. Os móveis estavam em outros lugares, minha cama parecia já não ter mais meu contorno, meu cheiro havia sumido daquela casa. Depois de tanto tempo fora eu apenas esperava que em Marcos minhas lembranças ainda estivessem presentes. Quando despertei, o sol já estava forte. Tomei um banho morno, um reforçado café da manhã, coloquei uma roupa confortável e fui em busca do meu futuro marido, pensei... Quando cheguei diante da sua casa, levei um susto. Havia brinquedos espalhados por toda a garagem. Alguém havia trocado as roseiras que eu tanto amava por margaridinhas brancas e mais que isso, a casa exalava vida familiar. Estremeci. Não precisei de muito tempo para descobrir que Marcos havia se casado e em breve seria pai. Ângela teria seu terceiro filho. Dois ela os teve de seu primeiro casamento e agora o herdeiro daqueles olhos negros que eu tanto amava estava prestes a nascer. Eu não achava justo ele ter me trocado por outra mulher assim tão rápido. Resolvi que o procuraria no hospital onde trabalhava, pois precisava de explicações. Naquela mesma tarde estacionei meu carro diante de seu trabalho e esperei até que saísse. Quando o vi, meu coração quase parou. Ele estava lindo, todo de branco. Andava tão despreocupadamente falando ao celular que passou por mim e nem notou. Não sentiu meu cheiro, não reconheceu minha presença. Voltei ao meu apartamento e praticamente me escondi por um mês. Vivi um luto pessoal que não queria explicar a ninguém. Marcos não saía da minha cabeça. A mulher grávida também não. Ela tinha a vida que eu não quis. Voltei a trabalhar e aos poucos a viver, mas algo ainda me faltava. Queria a família que sonhei com Marcos. Desejava tudo que tínhamos planejado e lutaria por isso. Desobedeceria a normas sociais, padrões religiosos e somente desistiria se ouvisse de sua boca que não me amava mais. Voltaria a conversar com amigos da universidade, procuraria estar onde Marcos estivesse. Iria impor a minha presença até que ele me notasse e quando isso acontecesse, declararia o quanto ainda o amava e que agora estava pronta para ser a mãe dos filhos que tanto queria. Sei o quanto se sentia atraído por mim no passado, então voltaria a seduzi-lo, demonstraria meu amor por ele. Sei que está casado, mas eu o vi primeiro e o quero de volta. ACUSAÇÃO Por Alexandre Chollet Seria muito bom se a vida nos desse segundas chances, se as pessoas nos esperassem e se pudéssemos fazer tudo que desejássemos como viajar, estudar, trabalhar, conhecer outras pessoas e o amor da nossa vida ficasse nos esperando para sempre. Sinto lhe dizer isso, Alessandra, mas isso não acontece mais nem em contos de fadas. Parece que você acredita estar vivendo dentro de um romance do Nicholas Sparks, pois neles a mulher faz o que quer e o otário, digo, homem sempre a recebe de volta. No entanto, no mundo real as coisas são bem diferentes. A vida é feita de escolhas e quando decidimos que algo pesa mais na nossa balança de prioridades, o que era mais leve é arremessado para longe. Foi exatamente isso que você fez: lançou Marcos para longe sem sequer consultá-lo. O que custava ter uma conversa? Dizer que era o melhor para si e que ter o apoio dele seria muito importante, pois quando voltasse, poderiam finalmente formar uma família? Se ele fosse o homem certo, batalharia pelo relacionamento, esperando por dois anos. Caso terminasse tudo, não era para você. Tudo bem que não podemos mudar o passado e não adianta de nada ficar chorando pelo leite derramado, mas você errou. E este erro causou o afastamento de Marcos. Seja adulta e aceite isso. É o fim, acabou. Se você o ama como diz, por que quer destruir sua vida, felicidade e família? Por que quer afastar uma criança do seu pai? Amar é fazer o possível e o impossível para a felicidade do outro, mesmo que isso lhe cause tristeza. É difícil, eu sei, mas quem disse que amar é fácil? Mas tenho uma boa notícia. Você vai encontrar outra pessoa por quem vai sentir muito mais do que sente por ele. E não, não estou dando consolo para quem está deprimida, mas falando a simples verdade. Muitas vezes, quando acabamos um relacionamento, ficamos idealizando o ex, pensando apenas nas qualidades e esquecendo os defeitos. Acreditamos que a pessoa era perfeita quando na verdade não chegava nem perto disso. Existem pessoas que vem para ficar e as que passam na nossavida para nos ensinar algo. Esse foi o caso. Você pôde aprender que o diálogo é sempre a melhor opção e que quando tomamos uma decisão no impulso, podemos chatear outra pessoa. Também que, muitas vezes, na vida, precisamos escolher entre duas coisas. Temos que analisar, ver o que é mais importante no momento, tomar uma decisão e aprender a conviver com a perda do que abrimos mão. A vida é assim. Desejo-te sorte, pois com Marcos, você não poderia ser mais culpada do fim. DEFESA Por Pedro Ivo Genú É necessário conhecer o passado, pois ele lhe traz experiências para que não se cometa os mesmos erros. Contudo, não se deve gastar energia com lamentações, decepções e choramingo de fatos os quais você não pode mudar. Uma vida mentalmente saudável deve ser focada na atenção de um produtivo presente que gerará uma construção sólida de um ótimo futuro. Portanto, é necessário limitar-se a entender que dentre sete bilhões de pessoas no mundo é Marcos que ela ama. Quantas pessoas atravessam uma longa existência sem sentir, mesmo que por milésimos de segundos, o nobre e sublime sentimento do amor? Este sentimento é um dos maiores bens que um ser humano possui, perdendo apenas para vida, pois sem ela nada mais pode existir. Por isso, exceto atentar contra a vida de alguém, vale tudo por amor, para conseguir estar perto daquela pessoa que você ama. Em outras palavras, para salvaguardar o bem maior que é o amor guardado dentro do peito, nada mais sensato, lógico e natural que independentemente de como esteja hoje a vida do ser amado, essa mulher de sentimentos nobres tente de todas as maneiras, principalmente sem culpa, fazer com que esse amor triunfe em sua plenitude, ou seja, que ela passe a viver novamente ao lado de seu amado. VEREDICTO Por Jussara Melo Alessandra e Marcos fizeram escolhas e isso era o considerado prioritário para a vida de cada um. Pensaram de forma individual e realizaram o que queriam e acharam ser o melhor naquele momento. O tempo passou e Alessandra percebeu que em sua decisão faltava a presença de Marcos, o homem que ama, e concluiu que sem ele tudo o que conquistou não tem valor se ele não estiver ao seu lado. Porém Marcos, ao contrário, está muito bem e feliz sem ela. Virou a página, reescreveu sua história colocando outros personagens que o fazem feliz. Não acredito que Alessandra possa tirar essa felicidade de Marcos se realmente ele estiver satisfeito com sua vida. Acredito ser perda de tempo investir tantos esforços num relacionamento que já teve seu fim há dois anos. A questão agora já não está apenas entre os dois, há uma família envolvida. Marcos a constituiu na ausência de Alessandra porque sentiu necessidade de encontrar uma mulher que quisesse as mesmas coisas que ele valorizava. Não culpo Alessandra por ter pensado no lado profissional. Querer se especializar era seu direito e uma oportunidade que eu também abraçaria. Porém, ao decidir assim, ela também optou por estar longe de Marcos e deu a ele liberdade para também fazer suas próprias escolhas. Se realmente Alessandra ama esse homem deve deixá-lo viver a vida que ele escolheu, não usando de subterfúgio algum para destruir sua vida e nem seu relacionamento. Todos nós erramos e muitas vezes isso acontece sem que tenhamos planejado. Nesses casos somos passiveis de arrependimentos e a melhor saída é nos afastarmos definitivamente do outro. Só assim abrimos espaço para que outra pessoa apareça em nossa vida e sejamos novamente feliz. SIAMESAS SIAMESAS Chamavam-nos de Ana Julia e o motivo era bem simples: vivíamos grudadas uma na outra, por todo o tempo, dia após dia, nada e nem ninguém jamais nos separava. Ana era seis meses mais jovem que eu e éramos amigas praticamente desde a nossa primeira infância. Estudávamos, brincávamos e íamos todos os dias juntas à escola. Ela sempre que podia, emprestava- me todo o material de pesquisa que eu necessitava graças à vasta biblioteca que sua mãe mantinha em sua casa. A família de Ana sempre fora financeiramente melhor que a minha, mas isso não impedira nossa amizade e crescemos assim, compartilhando todas as coisas, todos os segredos e todos os sonhos, até que começamos a cursar o ensino médio. Por causa dos cursos que escolhemos, tivemos que estudar em salas diferentes, mas a nossa rotina não mudara em nada. Íamos ao colégio juntas e, na saída, uma esperava a outra para contar as novidades do dia. Falávamos de tudo: dos professores e suas avaliações, das companheiras de curso e principalmente dos rapazes que já chamavam nossa atenção e povoavam nossos pensamentos diariamente. Numa dessas conversas, Ana me contou do seu interesse por certo colega de classe. Falava que ele era o garoto mais bonito que conhecera e que aparentemente ele não tinha namorada, pelo menos nenhuma das meninas da mesma sala, ela sabia que não era. Era inteligente e muito popular, expressava-se bem em público e se destacava sempre com boas notas, o que contribuía muito, pois Ana era muito exigente nesse sentido. Eu a ouvia diariamente e mesmo sem conhecê-lo, era como se fôssemos íntimos. Tudo o que ela descobria sobre ele, corria para me contar e a cada dia minha curiosidade aumentava mais. Cheguei a ir por várias vezes até a sala onde estudavam para ver se enfim conhecia aquele deus grego de olhos claros e cabelos enrolados que povoava a mente de minha amiga dia e noite. Porém todos meus esforços foram em vão, até que desisti definitivamente de procurá-lo. O tempo foi passando e minha amiga foi ficando desesperançada, pois definitivamente ele não sentia por ela o mesmo e durante meses de tentativas para se aproximar dele, fora frustrada com desculpas que levaram Ana a desistir de tentar conquistá-lo. Eu o odiei mesmo sem conhecê-lo, pois por culpa dele minha amiga agora sofria a primeira dor de amor de sua vida. Apesar de continuarmos amigas, a vida, os estudos e o trabalho foram fatores que me levaram a trilhar um caminho diferente ao de minha amiga, que era mantida em casa sem poder trabalhar por sua mãe superprotetora. Sempre que podíamos, saíamos juntas ou nos falávamos por telefone e em todos esses contatos, ela me falava sobre o amor que sentia pelo colega de classe e o sofrimento por não ser correspondida. Os meses foram passando e Ana se mantinha no mesmo lugar de sempre. Eu, por necessidade, comecei a trabalhar de dia e estudar num colégio à noite e foi nessa época que conheci Giorgio. Era um rapaz simples e cheio de vida, aparentemente muito responsável e trabalhador, fator esse determinante que me fez aceitar ser sua namorada. Eu não via a hora de contar a Ana sobre o meu namorado. Queria muito que ela o conhecesse, sabia que iria aprovar a minha escolha, pois além de bonito era trabalhador e honesto, tudo o que uma garota como eu mais desejava. Marcamos para ir à sua casa na véspera de Natal e Ana prometeu fazer um lanche especial para passarmos uma tarde todos juntos. Quando chegamos lá, minha amiga veio toda alegre nos receber. Tratei de logo apresentar meu novo namorado e qual minha surpresa quando um olhou para o outro e deram sorrisos amarelos. Sem entender nada perguntei o que estava acontecendo e Giorgio apenas me respondeu que já conhecia minha amiga do colégio. Despedimo-nos bem mais rápido que o previsto, pois Ana, se desculpando, disse que não estava passando muito bem. No dia seguinte fui à sua casa para saber se estava melhor e minha amiga não quis me receber, apenas pediu para me avisarem que quando estivesse melhor me procuraria. Esperei por uma semana um telefonema e nada. Perguntei a suas irmãs se eu havia feito algo de errado e nenhuma delas quis me esclarecer o ocorrido. Quinze dias depois do nosso último encontro fui procurá-la e ela, a contragosto, contou-me o que eu já imaginava ser a causa disso tudo. Ana me jurou que nossa amizade continuaria sendo a mesma, mas me pediu para não trazer mais Giorgio até lá, pois ele era o rapaz que por todosesses meses amou. Cumpri o prometido e, por já estar envolvida emocionalmente com ele, não rompi nosso namoro. Ana acabou se distanciando. Casei-me alguns anos depois. Infelizmente minha amiga não participou desse meu momento, mas não me sinto culpada por ter me apaixonado justamente pelo único homem que nem deveria olhar. Sinto muita falta das longas conversas com Ana, porém tenho ao meu lado um homem maravilhoso e pai dedicado. Acho que fiz a escolha certa apesar de ficar, às vezes, ainda triste, pois minha amizade nunca mais foi a mesma. ACUSAÇÃO Por Alexandre Chollet Como que alguém se diz amiga de outra pessoa e nem sequer sabe o nome do homem por quem ela está interessada? Ainda mais se eram tão próximas e falavam sobre absolutamente tudo, nem sequer saber o nome do amado, demonstra um descaso total. Pior ainda é depois que descobrir o ocorrido, continuar com o namorado e preferir prejudicar uma amizade de anos. O pior é que isso é extremamente comum no universo feminino. Uma garota beijar o paquera, ex, rolo ou até namorado da amiga é algo corriqueiro. E os homens, que são considerados tão safados pela sociedade, mantém um código de ética enorme em relação a isso. Até os mais cafajestes sempre colocam os amigos acima de mulheres. Irônico, não? Eu nunca vi amigos brigando por mulher, mas mulheres brigando por homens, é o que mais temos por aí. De fato, esse é fator número um para amizades de anos acabarem e no nosso exemplo não poderia ser diferente, pois iria de encontro com o que vemos na sociedade. Mas não é por ser normal que é correto. Não só a ré errou, como também todas as mulheres que fazem isso. Eu exijo a condenação não apenas por Ana, mas por todas as mulheres que foram apunhaladas nas costas por alguém que se dizia uma amiga. Que isso sirva como exemplo para serem criadas mais amizades verdadeiras. DEFESA Por Pedro Ivo Genú A vida imita a arte ou arte imita a vida? É o que muitas pessoas dizem quando se deparam com fatos singulares e inesperados como esse... Por uma coincidência do destino, um mero acaso, sem possuir consciência da tragédia que estava ocorrendo, a pobre Júlia começou a se envolver com o homem pelo qual sua melhor amiga estava apaixonada. Assim como não se passou pela cabeça de Julia que aquele homem pelo qual ela havia se interessado, se envolvido e estava se relacionando era o “amor platônico” de Ana, não deveria pairar pela mente dela nem a possibilidade de abandonar um grande amor, coisa rara hoje em dia, para apaziguar o falacioso sentimento de rejeição sofrido pela amiga. Afinal, de fato, nunca houve nada entre os dois, além de um interesse unilateral não correspondido. A conduta de surrupiar, larapiar, rapinar os homens das amigas, infelizmente, não tem sido anormal entre as mulheres e deve ser combatida. Todavia, neste caso, só existiria algum ato antiético, contrário ao bom senso, caso fosse deixado de lado um relacionamento sólido de duas pessoas que se gostam, para satisfazer um simples capricho de uma garota ignorada por um homem. VEREDICTO Por Jussara Melo De acordo com o relato Julia apenas ouviu falar desse amor e por várias vezes tentou conhecê-lo sem sucesso. Meninas na adolescência têm a mania de falar sobre determinado paquera sem às vezes nem citar o nome. Já vi muitas vezes isso ocorrer. Usam adjetivos como: gatinho, amorzinho etc., fora os apelidos carinhosos que colocam até mesmo como um código para que possam falar da pessoa sem que fique muito claro quem seja. Não havia um relacionamento entre Ana e Giorgio, fato que a deixava triste e desesperançada. Tampouco havia interesse por parte dele em firmar algo com ela, o que por si só, já deixa claro que se não fosse com Julia, ele provavelmente arrumaria uma namorada e Ana seria apenas mais uma garota apaixonada cujo sentimento não fora correspondido. E isso foi o que aconteceu, o problema está na escolha que ele fez e na triste coincidência que levou duas amigas se interessarem pelo mesmo rapaz. Apenas tenho que ressaltar que existe uma diferença muito grande em surrupiar o namorado da amiga e começar um namoro com alguém que essa amiga gostava, mas que não era de seu conhecimento. Acredito que Julia não tenha feito nada premeditado e que ao saber que seu namorado na verdade era o paquera de sua amiga, já não havia como se separar dele por também existir entre os dois o sentimento de amor, tanto que se casaram, constituíram família e estão felizes até hoje. Nesse caso caberia a Ana entender e seguir sua vida e ser feliz assim como Julia vem sendo no seu casamento. ESCOLHI SER ASSIM ESCOLHI SER ASSIM Por Jussara Melo Quando o celular tocou me despertando para um novo dia de trabalho, espreguicei-me satisfeita por mais um dia de vida. Vida que aproveito no sentido amplo da palavra. Tenho trinta e cinco anos, minha aparência ainda é jovial e credito a isso o fato de nunca ter me casado. Não tenho as obrigações que a maioria das mulheres da minha idade possui, não preciso chegar ao lar correndo todos os dias para preparar o jantar, nem preciso lavar e passar um cesto enorme de roupas toda a semana. Nunca tive que enfrentar o trânsito caótico das manhãs da cidade de São Paulo para levar um filho à escola e não tenho que discutir a relação com ninguém, porque simplesmente não me relaciono seriamente. Sou solteira por opção e meu nome é Anita. Muitos dizem que a vida que levo se deve a um trauma de infância. Meus pais (já separados há mais de vinte anos) nunca se deram muito bem, ou melhor, que eu me lembre, pois quando criança os via discutindo quase que diariamente ora com palavras ofensivas, ora com ironias, coisa que acreditava ser a parte mais cruel daquela família. Eu era a caçula de três irmãos e talvez por esse motivo, crescesse com o pensamento fixo que o que minha mãe vivia ao lado de meu pai, eu jamais viveria ao lado de homem nenhum. As mesmas pessoas que não aprovam o meu modo de viver, ironicamente, são as mesmas que elogiam meu aspecto físico, minha vida profissional, a simpatia e desenvoltura com que me relaciono socialmente. E é este meu talento nato que me faz ter momentos de prazeres indescritíveis. Claro que no meu círculo de amizades, jamais assumiria o que faço para me satisfazer sexualmente, mas como isso apenas me diz respeito, também acho viável que entre os meus, eu siga sendo a Anita pacata que eles pensam que eu seja. Gosto de escolher meus parceiros e não suporto nenhum tipo de cobrança em relação a minha vida. Por conta disso, ter um namorado ou um marido é completamente desnecessário para mim. Não suporto seguir regras nem viver de forma rotineira e por esse motivo, faço durante o ano no mínimo umas duas viagens ao exterior e, é claro, pequenos roteiros também aqui no Brasil. Tenho algumas amigas que facilmente convenço a virem comigo ou opto por viajar só e isso torna minha vida bem menos solitária que a maioria de minhas colegas casadas que reclamam de seus maridos e das inúmeras tarefas diárias que geralmente fazem solitariamente. Vou semanalmente ao shopping para ver as últimas tendências da moda. Amo comprar roupas, sapatos e bolsas. Sou sem dúvida uma consumista compulsiva e sei que só me sinto confortável nesse papel porque não tenho que prestar contas dos meus gastos a ninguém, ou seja, tenho a noção exata do que o meu dinheiro pode comprar e eu simplesmente compro. Compro todas as coisas que preciso e, pensando nisso, foi que há mais ou menos uns três anos, comecei a comprar também noites de prazer. Encaro isso como se fosse mais uma aquisição, não carrego culpas e nem me sinto menos mulher que as que conheço. Claro que não faço como os homens fazem quando vai à busca de prostitutas numa rua qualquer. Meu modo de agir é completamente diferente. Geralmente encontro esses homens em casas noturnas, observo os seus modos, vejo se está só e com uma desculpa qualquer começo a conversar. Rapidamente explico a ele o que quero, digo que arco com todas as despesase na maioria das vezes recebo uma resposta afirmativa. Possuo uma lista de alguns homens que me impressionaram, então quando estou ansiosa demais ou me sentindo carente, dou uma olhada nela e aproveito para me divertir e viver dessa forma pouco usual por nós mulheres, a vida que eu escolhi viver. ACUSAÇÃO Por Alexandre Chollet Pobre Anita, será que realmente acredita ser feliz ou apenas tenta crer nisso para não entrar em depressão por ser sozinha? Esse discurso de independência geralmente é usado por pessoas solitárias, que não conseguem encontrar ninguém especial ou que tiveram diversos relacionamentos fracassados. A Anita usa o mau exemplo que teve em casa como base de todo relacionamento e por isso os evita, achando que se ela se vir em um romance, será a repetição do que houve com seus pais. Também, apenas fala do lado negativo das relações, esquecendo tudo de bom que ter um companheiro traria: amor, companhia, apoio, amizade, você finalmente se sentir completo. E também tem o sexo de verdade. Não esse comprado com qualquer um, que é o resultado apenas de desejos carnais. Todos que já fizeram sexo por amor e também por desejo sabem muito bem a diferença. Quando você tem relação com quem ama, tudo é diferente. Tem mais carinho, intimidade, confiança, beijos e um aprende sempre o que o outro gosta. Já quando se faz por fazer, nada disso existe, apenas busca-se o prazer próprio e quando acaba, o desejo é que a outra pessoa simplesmente suma. Anita não escolheu viver assim, o que ocorreu foi que ela não conseguiu viver de outro modo por ser covarde, por ter medo ser feliz ao lado de alguém. Ela acredita que seria uma repetição do que viu na sua infância e se acha incapaz de ser feliz com alguém. Na verdade, não escolheu o que quer, fugiu do que teme ocorrer sem sequer ter tentado e tenta esconder sua frustração com bens materiais, inclusive com pessoas, que para ela não passam disso. DEFESA Por Pedro Ivo Genú Se perguntássemos as sete bilhões de pessoas que habitam nosso planeta, o que elas realmente querem? A resposta se resumiria a duas simples palavras: “Ser Feliz”. Desde que não prejudique terceiros, nenhum meio de busca pela felicidade deve ser reprovável. Não existem caminhos corretos ou equivocados para encontrá-la, mas sim, formas diversas e tão únicas como cada singular ser humano. Portanto, como esta mulher age ou deixa de agir para ser feliz nada mais é que a expressão espontânea, pura e natural de alguém que não se prende a amarras e imposições sociais, nas quais se prega que pessoas só podem ser e estarem felizes caso se encontre em um relacionamento sério e duradouro. Acredito que por mais autossuficiente, desprendido e sem intenção de constituir um relacionamento estável que um ser humano possa ser, ele inevitavelmente, em algum momento da vida, vai sucumbir às garras do amor... Não como prêmio, castigo ou simplesmente por obra do destino, mas sim porque, assim como a morte, o amor é uma das únicas certezas da nossa existência, afinal somos “homo sapiens” porque inevitavelmente pensamos, mas, primordialmente, somos chamados de “seres humanos” porque amamos. Que o amor traz a felicidade plena eu não duvido. Todavia, não existem idades nem momentos certos para alcançar esse ápice de contentamento e não se pode alegar que quem não se encontra nesse “estágio de nirvana” não seja feliz. Afinal, não é anormal ver pessoas infelizes, reclusas e solitárias dentro de um casamento ou “relacionamento estável”. O VEREDICTO Por Jussara Melo Certa vez ouvi de uma amiga que o amor faz sofrer e após pensar nessa frase por vários dias, cheguei à conclusão que ela tinha razão em partes. O amor é sem dúvida o sentimento primeiro. Ele gera amigos, amores, filhos e é responsável pela sobrevivência da nossa raça. Pensando em Anita me pus a me imaginar vendo um filme de ficção cientifica onde todas as pessoas com medo do sofrimento que o amor pudesse causar, simplesmente optassem por não amar e em pouco tempo começassem a se notar mais velhos, menos ágeis, num mundo silencioso sem crianças e completamente apáticos. Eu não acredito que alguém possa ser feliz nessa vida sem amor, assim como também não acredito que com o passar do tempo, Anita venha a manter essa sua atitude puramente comercial que ela aceita ser a solução para toda a sua vida. Um fato é que envelhecemos e quando o outono chega às nossas vidas nem todo o dinheiro do mundo consegue comprar o carinho, a atenção, o contato que alguém que nos ame pode nos proporcionar. Anita deve repensar seus atos e perceber que necessita de ajuda profissional. Em seu lugar, eu aproveitaria todo o dinheiro que possui para fazer um bom tratamento num terapeuta ou psicólogo que seguramente a ajudaria a encontrar respostas para os traumas, os medos e as inseguranças que ela tenta esconder nessa carteira recheada de notas que poderiam comprar melhores produtos para fazer de sua vida uma existência realmente prazerosa. MELHOR QUE NADA MELHOR QUE NADA Por Jussara Melo Quando conheci Adriano no colégio, imediatamente senti por ele uma simpatia gratuita. Não era como os outros rapazes que só pensavam em a cada momento estar com uma mulher diferente e nem deixava de fazer seus deveres escolares para sair com a turma de amigos nos finais de semana. Ele era muito sério, aplicado e responsável, um joio no meio do trigo e isso me conquistava a cada dia mais e mais. Com o tempo começamos a fazer os trabalhos escolares juntos e uma grande amizade surgiu desde então. Ficamos muito próximos, tínhamos muita coisa em comum, dentre elas o gosto musical, a paixão pela leitura e filmes. Íamos sempre ao cinema juntos, passeávamos, riamos e enquanto todos pensavam que tínhamos um relacionamento amoroso, Adriano mantinha- se distante o suficiente para que a nossa amizade não fosse abalada. Porém, no coração não se manda e essa admiração foi pouco a pouco se transformando em amor e eu fazia o possível para que ele não percebesse o quanto eu já estava apaixonada. Adriano era muito bonito, tinha o corpo esguio e cabelos negros e brilhantes cortados muito curtos. Quase sempre estava de calça jeans, camiseta e tênis, carregando uma mochila recheada de livros. Era simples, apesar de ter uma posição social invejável e talvez por isso, fosse considerado pelas moças um bom partido. Não demorou muito para se apaixonar pela menina mais popular do colégio e tristemente essa não era eu. Vê-los todos os dias se abraçando de forma tão carinhosa e natural corroía todo meu ser e talvez por causa disso adoeci gravemente e fui internada. Adriano logo que soube foi me visitar no hospital e quando eu o vi entrar, uma felicidade imensa se apoderou da minha alma, mas ao constatar a distância que ele cuidadosamente impôs, fez-me compreender que estava ali apenas por piedade e não amor. Depois de um ano de tratamento, felizmente a úlcera fora cicatrizada e eu agora estava pronta para cursar o último ano do ensino médio. Adriano e eu não estudávamos mais na mesma classe, mas mesmo assim, nos intervalos nos falávamos às vezes e outras eu simplesmente ficava olhando sua felicidade estampada ao lado de Elisabete que agora usava um anel de compromisso. Eu sentia muita falta de sua companhia nas aulas e trabalhos e sabia que para ele eu jamais seria nada além de sua melhor amiga. Passamos a nos falar por telefone, pois na escola sua namorada não o largava e eu até compreendia essa atitude. Minhas amigas comentavam que Elisabete morria de ciúmes da nossa amizade e que já havia avisado a Adriano que aos poucos ele teria que se afastar de mim. E fora isso que aconteceu. No dia da minha formatura nem me atrevi a convidá-lo para ser meu padrinho, pois sabia que sua namorada não aprovaria tal atitude. Deixei que minha mãe fizesse isso por mim pois, na verdade, não sendo ele, pouco me importava quem fosse meu par aquele dia. Era para ser o dia mais feliz de minha vida, mas a ausênciade Adriano ao meu lado tirou o brilho do meu olhar e daquele momento. Faltava pouco para terminar o baile quando o vi num canto escuro do salão. Olhava-me com olhos de saudade e eu sabia o que aquele olhar representava. Ele esperou até o momento da minha saída para se aproximar, me deu um suave beijo no rosto e disse que eu estava linda. Sorri e uma lágrima caiu quando nos despedimos. Eu sabia que aquele seria o último dia que o veria. Já se passaram muitos anos e guardo ainda dentro de mim essa lembrança, já que ele fora meu primeiro amor. Por anos esperei que ele voltasse, mas nunca mais o vi. Aceitei ser apenas sua amiga, mesmo sabendo que queria muito mais. Não sei se perdi tempo de vida ou ganhei com tudo isso, mas aceitei de Adriano apenas sua amizade pelo tempo que pôde me dar. ACUSAÇÃO Por Alexandre Chollet É incrível como pessoas se prendem a lembranças e imaginações. Eu até entendo quando a ré era uma adolescente na escola, mas manter isso por anos esperando é demais. Eu me pergunto onde fica o amor próprio, pois ficar tão infeliz por alguém que nunca foi nada além de amigo, a ponto de adoecer e passar um ano se tratando e ainda depois disso continuar com esperança, demonstra que ela não tem a menor autoestima. Sei que não é fácil amar sem ser correspondida, mas quando sabemos claramente que nada além de amizade ocorrerá, do que adianta ficar na esperança, imaginando e sonhando com isso? Ao contrário do que dizem por aí, não existe uma única pessoa para você, ou a pessoa certa. Existem pessoas que lutam para fazer o relacionamento dar certo. Se uma dos dois não quer, independente de já tiveram algo ou não, o outro precisa respeitar isso e seguir a sua vida. Em todo esse tempo que ela ficou apaixonada por Adriano, quantas oportunidades podem ter sido perdidas? Quantos homens melhores que ele podem ter aparecido, mas ela não prestou atenção, já que estava fixada em uma ilusão? A felicidade não entra em portas fechadas, então quando alguém se fecha para o mundo, não existe nenhum modo de viver a não ser a infelicidade. Ela decidiu ser infeliz e continuará assim enquanto não esquecer essa paixão de adolescente. DEFESA Por Pedro Ivo Genú Quando encontramos alguém que faz nosso coração parar de funcionar por alguns segundos, que faz com que o nosso olhar brilhe ao cruzar com o dele, que é o primeiro e o último pensamento do nosso dia; alguém cuja vontade de ficar junto aperta o coração, pode começar a pensar que, muito possivelmente, você encontrou a pessoa que estava esperando desde o dia em que nasceu, seu grande amor. Contudo, nem sempre se tem a sorte de ser correspondido nesse sentimento. O usual é existirem mais amores não correspondidos do que aqueles recíprocos. Mesmo nos casos onde as pessoas estejam juntas, se relacionando, é raro que esse sentimento seja mútuo, ou seja, amar alguém e ser amado pela mesma pessoa é um acontecimento tão notável que se pudesse ser confirmado, com veracidade inequívoca, mereceria destaque em qualquer capa de jornal. Todavia é pesaroso não só não ser correspondido, como também, não poder concretizar esse sentimento, mesmo que de forma unilateral num relacionamento. Triste fato ocorrido com a garota, que foi forte e colocou seu sentimento a toda prova abrindo mão até da convivência fraternal do ser amado em prol da felicidade dele com a noiva. O VEREDICTO Por Jussara Melo Uma frase que minha avó materna dizia sempre: “Vão-se os brincos, ficam os anéis”. Quando eu a ouvia dizendo essa frase sabia que era para puxar minha orelha, para dizer: “-Acorda, netinha. Deixe essa história pra lá”. E quase sempre minha avó tinha razão, pois sabia que na adolescência tudo é muito exagerado e dramatizado. E que drama esse, da amiga e fiel escudeira, que enfrenta a noiva determinada a ter seu noivo livre da grudenta que infelizmente não conhecia seu lugar. E a regra de “eu cheguei primeiro”, nesse caso não é levada em consideração. Posso estar errada, mas a verdade é uma só. A amizade entre um homem e uma mulher só existe quando não há por parte de nenhum o sentimento de amor. E se Adriano deixou bem claro desde o começo a escolha que estava fazendo, cabia a ela perceber que naquele momento nem a amizade que tinham era mais importante que o sentimento dele por sua noiva. Apenas isso deveria ser motivo suficiente para deixá-lo livre e a partir daí tentar esquecê-lo definitivamente. Se fosse juíza nesse caso, condenaria a ré a levar uma cesta básica a um orfanato e prestar trabalhos voluntários com as crianças por pelo menos duas horas diárias. Garanto que nesse tempo, ela estaria bem mais feliz do que se estivesse pensando no fim de uma amizade que para mim nunca existiu de verdade. CALIENTE CALIENTE Por Jussara Melo Eu não sabia mais como deixar de pensar naquela boca roçando o meu pescoço, nas mãos acariciando a minha pele úmida e nem conseguia me concentrar nas notas fiscais que deveria calcular e enviar para meu chefe em meia hora. Tudo isso porque eu simplesmente estava excitada. Bem ali, rodeada de pessoas trabalhando freneticamente para entregar em tempo hábil tudo o que fora requerido por nosso gerente. Olhei para o lado e vi Jorge digitando um memorando que deveria ser enviado sem falta para a nossa sede em São Paulo. Comecei a notar que, talvez por estar ansioso, ele afrouxava o nó da gravata e liberava um botão de sua camisa impecavelmente passada. Levantei e posicionei-me atrás de sua cadeira giratória, passei minhas mãos por dentro do seu peito e ele me girou. Sentei no seu colo, beijei-o e ali mesmo fizemos amor. – Paula! Já somou as notas que pedi? – perguntou o senhor Alfredo, já mostrando impaciência. – Estão quase prontas – respondi envergonhada, com receio que alguém tivesse notado minha excitação imaginária. Terminei meu trabalho o mais rápido que pude e fui entregá-lo ao meu chefe que nem sequer agradeceu. Saí bufando e no corredor encontrei Jorge no bebedouro. – Quente? – perguntei languidamente. – Ele assentiu com a cabeça, jogando seu olhar para meu decote profundo. Puxei-o para o refeitório que naquele horário ainda estava vazio e transamos. Dessa vez de verdade. Ao chegar à minha casa, ainda pensava em Jorge e não me sentia satisfeita. Joguei minha bolsa no sofá, fui até meu quarto e me masturbei. No banho comecei a pensar nas reações que eu ultimamente tinha e pensei que talvez precisasse de ajuda médica. Estava me sentindo péssima e envergonhada por ter sido tão atrevida no meu trabalho. Agora não sabia como enfrentar a todos pois, com certeza, Jorge contaria o ocorrido para pelo menos meia dúzia dos meus colegas. Pensei nos meus últimos relacionamentos e na enorme lista de homens na minha agenda telefônica: nenhum passou de uma estação. Eu definitivamente precisava trocar de parceiros com muito mais frequência que minhas amigas e nem sempre isso também me satisfazia. Por este motivo não saio mais com elas, não frequento shoppings ou cinemas, pois tenho vergonha que algum desses homens me reconheça e comente algo. Então é melhor permanecer no meu apartamento sozinha. Eu já não estava me sentindo tão atraente. Talvez por isso precisasse fazer uma consulta médica e fazer uma nova lipoaspiração. Quem sabe isso mudaria algo e eu sossegaria por um tempo. Sinto falta de sexo a todo instante e tenho medo de adquirir alguma doença sexualmente transmissível. O problema é que só penso nisso depois que já transei. Eu e Jorge não usamos preservativo, mais uma preocupação tardia. Confesso que preciso de ajuda tanto quanto preciso de sexo, mas agora nesse momento, ninguém pode me ajudar. Estou sentido a necessidade aflorando em mim e não quero cometer mais nenhuma bobagem hoje. Olho o meu computador inofensivo, ligo e conecto. Busco uma sala de chat qualquer, falo com o primeiro interessado em sexo, abro a câmera, tomando cuidado para não mostrar o meu rosto e transo virtualmente até sentir prazer. Um prazerque não é absoluto, apenas necessário até que consiga me curar disso. ACUSAÇÃO Por Alexandre Chollet É claro que sexo é bom e todo mundo gosta e ainda traz diversos benefícios para a saúde, se feito com segurança e responsabilidade. Aí que está o ponto, com segurança e responsabilidade, coisas que Paula não se atenta. Não vou mencionar se é certo ou errado transar com diversos homens diferentes, pois é uma decisão pessoal. No entanto, não conseguir se controlar e arriscar ter problemas no trabalho, perder amizades, sentir-se mal, tudo por sexo, será que vale a pena? Paula mesma diz que sente vergonha de encontrar esses homens e que não consegue se controlar; então pode-se dizer que o sexo se tornou um vício. Ela sabe que essa atitude descontrolada a causa mal psicológica e talvez fisicamente, pois não se protege e pode pegar doenças, mas continua fazendo sem pensar nas consequências do ato. Ela age por impulso e desejos momentâneos. Imagine se todos fossem assim. No meio do trabalho, iríamos socar o chefe chato, colidir com a traseira do carro lento na nossa frente ou pegar aquela amiga bonitona da sua namorada. Mas a vida não é para ser vivida dessa maneira. Somos seres racionais e devemos usar a mente para tomar as melhores decisões e assumir o controle da vida. Temos que pensar em todas as consequências das atitudes que iremos tomar. Caso não fizermos isso, não podemos considerar-nos pensantes. E se mesmo sabendo dos males que uma atitude nos causará, não conseguirmos parar, isso virou um vício, uma droga e devemos buscar soluções e tratamentos. Eu condeno Paula não pelas atitudes que toma, mas por saber o mal causado e mesmo assim continuar agindo por impulso para depois se sentir mal. DEFESA Por Pedro Ivo Genú De acordo com o Código Internacional de Doenças (CID), a ninfomania é considerada uma compulsão, não relacionada à produção de hormônios sexuais. Assim como a compulsão por comida, bebida ou por compras, ela acontece quando a paciente não consegue controlar seu impulso por sexo. No entanto, a medicina não tem critérios numéricos para classificar a partir de que momento uma mulher se torna ninfomaníaca. Por isso, o diagnóstico é feito quando há incômodo da paciente. A repressão sexual, ao longo da história, alimentou uma fantasia resistente na qual mulheres não tinham prazer sexual. Tais “verdades” faziam supor que, se as mulheres não tinham desejo, qualquer uma que tivesse algum era doente, e, se tivesse mais que qualquer homem, então, era caso de internação e reclusão social. Contudo, nos dias atuais a imagem machista do “desejo insaciável” vem se desfazendo aos poucos. Por isso, essa mulher insaciável, vampira do gozo, aquela que “suga machos indefesos” não deve ser vista como uma coitada ou perturbada mental, mas sim, como uma pessoa alegre e despossuída de pudor em transar com todos os homens que lhe excitam de alguma forma, do mesmo modo que a maioria dos homens faria se tivessem essa possibilidade. VEREDICTO Por Jussara Melo Paula precisa ser tratada. Ser viciada em sexo pode ser um perigo maior que pensa. Viver com o pensamento constante em algo retira de você outros momentos que a vida poderia lhe oferecer. A culpa e o arrependimento que ela sente não são suficientes ao ponto de fazê-la parar, pelo contrário, em pouco tempo seu corpo reage compulsivamente e o círculo vicioso de prazer e dor são práticas incontroláveis que denotam que a pessoa está doente e necessita de cuidados médicos. Paula demonstra vários sintomas do vício: sexo compulsivo e inúmeros parceiros, masturbação compulsiva e o abuso de pornografia virtual. Existem terapias que podem ajudar no tratamento dela, que poderá aprender a controlar seus impulsos e manter relacionamentos sexualmente saudáveis, sem que precise diminuir a frequência sexual. Deve-se conscientizar o viciado da necessidade do uso de preservativos e, em casos mais graves, a utilização de antidepressivos que colaboram para inibir o desejo e pode ser indicado até que o paciente melhore. Uma boa opção é a Psicoterapia de casal e psicoterapia de grupo especialmente voltada para adição sexual. Esse tipo de tratamento também tem demonstrado bons resultados, diminuindo a ansiedade, a impulsividade e ajudando no controle do comportamento. Paula não pode ser condenada, pelo contrário, pessoas como ela devem ser tratadas. A cura dessa compulsão trará de volta o prazer verdadeiro pela vida e não apenas o sexual, que claro tem sua importância, mas que deve ser algo saudável, feito com carinho e amor e não um vício. BONEQUINHA BONEQUINHA Por Jussara Melo Tomei uma decisão muito importante em minha vida no dia em que minha mãe me levou ao porto de Santos para nos despedirmos do meu irmão mais velho. Ele ficaria fora de casa por dois anos a trabalho num desses transatlânticos que todo verão visitam nosso país. Ao mesmo tempo em que acenava loucamente para ele e todas aquelas pessoas que partiam para mais um luxuoso cruzeiro internacional, eu pensava que da próxima vez que viesse a esse lugar, estaria vendo de outra perspectiva os acenos de despedida. Eu nasci pobre, mas ninguém me convenceria que eu teria que ser assim pelo resto da minha vida. O modo que encontrei para resolver isso fora justamente usando o que a vida me dera de graça: a minha beleza. No colégio só ficava com os riquinhos, filhinhos de papai e, por causa disso, criei a fama de ser interesseira, coisa que nunca neguei. Meus relacionamentos não duravam muito tempo, então percebi que ficar com garotos da minha idade não me daria o que eu queria. Comecei a frequentar casas noturnas e gastava todo o dinheiro do meu salário em roupas e sapatos da moda. Até que conheci Alberto em uma boate no centro da cidade de São Pailo. Aceitei sair com ele quando abriu sua carteira e vi as notas de cem reais saltando diante dos meus olhos. Naquele dia, ele não me deixou pagar nada, tudo foi por sua conta. Convidou-me para sair e aproveitar o resto da noite. Ele tinha o dobro da minha idade, mas em compensação, tinha o status, o dinheiro, o carro e o poder econômico que eu tanto queria. Relacionei-me com ele por três meses e nesse meio tempo consegui fazer uma poupança que era três vezes maior que o salário que eu ganhei no último ano de trabalho. Alberto me vestia dos pés a cabeça, levava-me para viajar em seu iate quase todo fim de semana, eu era sua bonequinha de luxo. E mais que isso, ele me apresentou o seu mundo e eu sabia que isso era de suma importância se eu quisesse continuar vivendo nesse mundo de festas e glamour. Percebi que relacionar-me com homens mais velhos me dava certa segurança. Eu gostava do que me era oferecido e eles cobravam seus favores de forma objetiva, quase profissional. Não era amor, não era carinho, era apenas sexo e um jogo de interesse. Conheci vários países ao lado desses homens de meia idade. Eu os paparicava e eles fingiam acreditar. Quando nos separávamos, não era com aquele estresse causado por uma ruptura sentimental, na verdade era como se desfizéssemos uma sociedade e continuássemos amigos. Hoje tenho quarenta anos, sou uma promissora empresária no ramo de cosméticos, não me casei e nem tive filhos. O dinheiro que consegui saindo com esses homens me proporcionou a vida que sempre quis. Meu atual namorado tem sessenta e sete anos. É um viúvo que conheci numa viagem ao Japão. Estamos juntos há um ano, ele é generoso, amável e um bom amigo. Nessa minha trajetória, conheci várias moças que tentaram, como eu, ter uma vida melhor se relacionando com homens ricos e mais velhos e fracassaram drasticamente. O segredo do meu sucesso? Muito simples: eu jamais cobrei desses homens o que eles nunca poderiam me dar. ACUSAÇÃO Por Alexandre Chollet Pobre mulher! Por um lado tem ambição e desejo de uma vida melhor, o que é ótimo, mas por outro, não se acha capaz
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