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Disciplina: HISTÓRIA DA IGREJA I Referência do Livro: GONZÁLEZ, L. Justo. Uma breve história das doutrinas cristãs. Belo Horizonte: Editora Hagnos, 2015. Nome: Daniel da Silva Miranda Curso: Bacharel em Teologia Data: 13/04/2023 1. Breve biografia do autor do livro: Formação acadêmica, área de atuação, principal produção literária. Justo González, historiador e teólogo cristão cubano-americano, nasceu em 1937 e formou-se no Seminário Evangélico Matanzas em Cuba em 1958 com um doutorado. Recebeu um Ph.D. em História da Igreja pela Universidade de Yale em 1965, sendo a pessoa mais jovem a receber o doutorado em Teologia Histórica na Universidade de Yale. Gonzalez é professor emérito de história da igreja e teologia no Columbia Theological Seminary e presidente da American Society of Church History. Sua principal área de atuação é a história da Igreja Cristã, com ênfase na América Latina e a relação entre teologia e cultura. Gonzalez é autor de vários livros importantes, incluindo Uma Breve História da Doutrina Cristã, A Era dos Mártires, Uma História do Cristianismo, O Caminho de Jesus Cristo e Cinco Séculos de Protestantismo. Seus escritos são amplamente utilizados em cursos de teologia e história da igreja em todo o mundo. 2. Visão geral do livro: 2.1. Qual o assunto principal do qual trata o livro? O livro Uma Breve História da Doutrina Cristã, de Justo González, tem como tema principal a evolução e o desenvolvimento da doutrina cristã ao longo da história, desde o período do Novo Testamento até o presente. 2.2. Qual é a tese que o autor defende? O livro "Uma Breve História das Doutrinas Cristãs" de Justo González apresenta uma tese central, segundo a qual a formação da doutrina cristã é um processo histórico que emerge da vida e da prática da Igreja ao longo do tempo, em resposta às necessidades e aos desafios que se colocam à comunidade cristã. González enfatiza que a doutrina cristã foi formada e desenvolvida em resposta às necessidades e desafios teológicos e práticos que a Igreja enfrentava. Ele propõe a centralidade do culto e da vida prática do povo de Deus como base para a compreensão do processo pelo qual os ensinamentos surgiram e como a teologia deve estar enraizada na vida de uma comunidade cristã. 2.3. Mencione e explique dois ou três argumentos centrais do livro. Gonzalez argumenta que o desenvolvimento doutrinário é histórico, resultante de questões teológicas e práticas da igreja. A liturgia e vida prática do povo de Deus são importantes na formação doutrinária, assim como a influência prática na formação de doutrinas como justificação e santificação. As doutrinas cristãs surgem organicamente em resposta às necessidades e desafios da comunidade cristã ao longo do tempo. Portanto, é fundamental entender a importância da adoração e da vida prática na formação da doutrina cristã. 2.4. São válidos esses argumentos? Por quê? Pode-se questionar a ideia de que a doutrina cristã se desenvolve organicamente em resposta às demandas da igreja. Em vez disso, se adotarmos uma perspectiva reformada, enfatizaríamos a autoridade da Escritura como a fonte primária da doutrina cristã e que a doutrina deve ser testada à luz da Palavra de Deus. Ou seja, a doutrina não se desenvolve de forma autônoma e orgânica, mas depende da autoridade da Escritura. Além disso, a adoração e a vida prática não são a base da formação doutrinária, mas sim a doutrina bíblica que deve informar a adoração e a vida prática da igreja. Em outras palavras, a doutrina é o fundamento da adoração e da vida prática, e não o contrário. Por fim, podemos questionar a ideia de que a liturgia e as cerimônias da igreja têm uma influência prática na formação de doutrinas como justificação e santificação. Em vez disso, a doutrina é derivada da Escritura e não da liturgia ou cerimônias da igreja. A doutrina não se desenvolve a partir de práticas litúrgicas, mas sim, deve ser fundamentada na Escritura. 2.5. Quais são as falhas ou imperfeições que o livro apresenta, seja nos argumentos, na diagramação, na grafia, na estrutura dos capítulos etc.? O autor parece atribuir grande importância às práticas e à liturgia da igreja como formadoras da doutrina, ao invés de enfatizar a centralidade da Escritura como a única fonte de autoridade para a doutrina cristã. Gonzalez dá pouco peso ao papel da teologia sistemática na formação da doutrina cristã. Em relação à estrutura do livro, talvez a falta de profundidade em algumas áreas, especialmente na cobertura de tradições cristãs orientais e africanas, bem como uma abordagem muito abrangente que pode sacrificar detalhes importantes em favor de uma visão geral ampla. No entanto, é importante lembrar que o autor possui obras mais amplas e que essa obra, mais se parece com um resumo daquelas. 3. Visão específica do livro: Em suas palavras, num parágrafo curto, faça uma síntese de cada capítulo do livro; além disso, transcreva uma frase impactante do próprio autor (uma frase para cada capítulo). Na introdução o autor se detém a explicar termos cruciais para o entendimento e desenvolvimento dos seus capítulos, explicando primeiro o que é a doutrina, seu desenvolvimento, continuidade e explica como serão dispostos os capítulos posteriores. Na palavra final ele diz sobre a doutrina: “é parte da nossa intenção de praticar e demonstrar o amor de Deus com toda a nossa mente”. 1 No segundo capítulo, Israel, a igreja e a Bíblia, o autor apresenta a história de Israel desde Abraão até a era apostólica, explorando como a teologia e a prática judaicas influenciaram o cristianismo. O capítulo destaca a importância do conhecimento da história judaica e da igreja para compreender a teologia e a prática cristãs, bem como a relevância da autoridade bíblica na formação da doutrina cristã. Se destaca, no trecho final do capítulo a seguinte frase: “Por ignorar o Antigo Testamento, com frequência reduzimos o evangelho a uma mensagem sobre a salvação individual e perdemos de vista as dimensões cósmicas do evangelho completo de Jesus Cristo.” 2. Já no terceiro capítulo, A criação, o autor explora a relação entre Deus e a criação, examinando as diferentes visões sobre a natureza da criação e a relação entre a natureza e a graça. Destaca-se ao falar a respeito das doutrinas expostas e as conclusões da igreja, a seguinte sentença: “Certamente o mal existe no mundo. Mas o mundo físico em si mesmo não é mau. Deus é o criador de “todas as coisas visíveis e invisíveis.”3 Em A cultura, o autor discute como o cristianismo se relacionou com a cultura ao longo da história, examinando a influência do cristianismo na arte, na filosofia e na política. “Do mesmo modo que os cristãos dos séculos II e III tiveram de lidar com o relacionamento entre o cristianismo e o helenismo, os cristãos do século XXI também precisam enfrentar a urgente e mais complexa questão da relação da nossa fé com as culturas que estão surgindo e se diferenciando.”4 Ao falar sobre Deus, o autor examina a natureza de Deus, explorando diferentes visões teológicas sobre a Trindade, a soberania divina e a relação entre Deus e o mal. Quando fala sobre O Ser Humano, o autor discute a natureza do ser humano, 1 p. 25 2 Ibid., p.44 3 Ibid., p.61 4 Ibid., p. 85. examinando diferentes visões teológicas sobre a origem do homem, sobre o que é o homem, a origem da alma, sobre o pecado original e a redenção. Para reforçar meus pontos de crítica ao autor, destaco o trecho: “Logo, uma vez mais, a teologia cristã se encontra firmemente entrelaçada com o culto, que ás vezes descobre modos de manifestar em poesia, símbolos e gesto o que os teólogos não conseguem expressar com suas palavras e sistemas”.5 No capítulo 7, Jesus Cristo, o autor examina a vida, morte e ressurreição de JesusCristo, bem como a influência de sua vida e ensinamentos na formação da doutrina cristã. Acredito que nesse ponto o autor poderia abordar a definição exposta no capítulo anterior acerca do que é o ser humano, para evitar ambiguidades. Como por exemplo, ao descrever os antioquenos: “(...) se Jesus não tivesse uma alma racional humana, como seria capaz de salvar-nos a alma?” 6. A Igreja: Neste capítulo, o autor discute a natureza da igreja, examinando as diferentes visões sobre a Igreja como instituição e como comunidade de crentes. “Já não se pensa mais a igreja como parte essencial do evangelho, parecendo assim razoável aos cristãos ignora-la.” 7 Sobre Os Sacramentos, o autor explora o desenvolvimento histórico e a teologia dos sacramentos cristãos, examinando sua função e significado na vida cristã. “Se os sacramentos têm poder, é porque o verbo, ou a Palavra, existe desde o início, pelo qual todas as coisas foram feitas, sendo agora proclamado pelas palavras humanas da pregação.” 8 A Salvação discute a natureza da salvação, examinando as diferentes visões teológicas sobre a salvação pela graça e a salvação pelas obras. “Ao ler [John] Wesley (...) [percebemos uma] visão holística da salvação como o cumprimento dos propósitos de Deus não somente para os crentes individuais, mas também para a sociedade como um todo e mesmo para o restante da criação.” 9 A Tradição: Neste capítulo, o autor explora a relação entre a tradição e a Escritura na formação da doutrina cristã ao longo dos séculos. Ao falar sobre a Bíblia o autor diz: “(...) sempre deve ser interpretada do ponto de vista do leitor, para não haver uma leitura ou interpretação da Bíblia que seja universalmente válida e absolutamente demonstrável.” 10 O Espírito de Esperança: Neste capítulo, que mais se parece com um anexo, o autor discute a natureza do Espírito Santo, e a Escatologia, examinando o papel do Espírito Santos na vida e na obra da igreja e na formação da doutrina cristã e o tardio desenvolvimento de uma doutrina escatológica. Destaca-se a frase quando, ao falar sobre o Espírito Santo como o penhor da nossa 5 Ibid., p. 128. 6 Ibid., p. 145. 7 Ibid., p.173. 8 Ibid., p.199. 9 Ibid., p.219. 10 Ibid., p. 242. fé, o autor diz que: “Em meio aos nossos desacordos presentes, é muito fácil esquecer que o futuro não está nas nossas mãos, mas, sim, nas de Deus. Portanto, devemos dar graças, pois sabemos do que somos capazes, sendo muito melhor confiar naquilo de que Deus é capaz.” 11 4. Percepção pessoal do livro: 4.1. Mencione e comente três conclusões às quais você chegou com a leitura deste livro. Uma possível conclusão acadêmica é que o livro de Justo Gonzalez contribui para a compreensão da pluralidade do pensamento teológico cristão, evidenciando a existência de diversas interpretações e visões sobre as doutrinas fundamentais do cristianismo, tais como a Trindade, a Encarnação, a Salvação e a Eucaristia. Outra possível conclusão é que a obra de Justo Gonzalez destaca a importância da história da Igreja e da teologia na formação da identidade cristã e na reflexão sobre a fé, mostrando como a compreensão da tradição cristã pode enriquecer e aprofundar a experiência religiosa dos fiéis. Finalmente, pode-se concluir que o livro "Uma breve história das Doutrinas Cristãs" de Justo Gonzalez representa um recurso valioso para estudantes, pesquisadores e interessados em geral que desejam aprofundar seus conhecimentos sobre a história e a evolução do pensamento teológico cristão, fornecendo uma visão panorâmica e acessível de um tema complexo e relevante para a compreensão da cultura ocidental. 4.2. De que modo esta leitura contribuiu com a sua formação espiritual e acadêmica? Explique. Nasce, a partir dessa leitura, uma compreensão da necessidade de valorizar a história como um meio pelo qual Deus, organicamente, instrui a sua igreja. Sem desprezar as Escrituras, que é nossa regra de fé e prática, devemos entender, a partir da história, como podemos desenvolver nossa teologia com o objetivo último de glorificar a Deus e edificar Seu corpo, a igreja. Academicamente, podemos compreender que, para a maioria dos assuntos que queremos discutir já houve, por assim dizer, uma “jurisprudência” sobre ele. E ainda que, dentre todos os aspectos abordados doutrinariamente no livro, há dois que possuíram proeminência no nosso século: escatologia e pneumatologia. Cabe a nós, discutir esses assuntos visando mais uma vez a glorificação de Deus e a edificação da igreja. 11 Ibid., p.
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