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DISSERTAAÔÇíAãÆO---Vinicius-Ferreira-dos-Santos-Andrade

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VINICIUS FERREIRA DOS SANTOS ANDRADE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RELAÇÃO ENTRE APTIDÃO FÍSICA E OS 
DESLOCAMENTOS REALIZADOS NO JOGO DE 
FUTEBOL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA 
2016 
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VINICIUS FERREIRA DOS SANTOS ANDRADE 
 
 
 
 
 
 
 
 
RELAÇÃO ENTRE APTIDÃO FÍSICA E OS DESLOCAMENTOS REALIZADOS NO 
JOGO DE FUTEBOL 
 
 
Dissertação apresentada como 
requisito parcial para a obtenção do Título de 
Mestre em Educação Física do Programa de 
Pós-Graduação em Educação Física, do Setor 
de Ciências Biológicas da Universidade 
Federal do Paraná. 
 
Orientador: Prof. Dr. Sergio Gregorio da Silva 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA 
2016 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico esse trabalho a minha 
esposa Drieli, por todo incentivo, carinho 
e apoio durante essa caminhada, e aos 
meus pais, Mário e Jocimara, por todo 
esforço que fizeram para que eu pudesse 
chegar até aqui. 
AGRADECIMENTOS 
 
Primeiramente à Deus, por ter me dado saúde e perseverança nos 
momentos de dificuldade. 
A minha família, por me apoiar e incentivar a sempre buscar mais. 
Ao meu orientador Prof. Dr. Sergio Gregorio da Silva, por acreditar em mim e 
por todo conhecimento transmitido. 
Aos componentes da banca, Prof. Dr. Valdomiro de Oliveira e Prof. Dr. Elto 
Legnani pela contribuição nesse importante processo da minha formação. 
Ao Rodrigo Waki, por toda atenção e por ser um exemplo de qualidade e 
eficiência no serviço público. 
Aos amigos Sandro, Érick, Lúcio, Ragami, Paulo, Mauro e Rodolfo por me 
ajudarem desde o ínicio do projeto. 
Aos amigos e preparadores físicos Gamarra, Jackson e Squinalli por 
confiarem nas minhas ideias e me apoiarem durante as coletas de dados. 
Aos amigos Vitor e Julimar pelo interesse em minha pesquisa e por estarem 
sempre dispostos a ajudar. 
Ao Operário Ferroviário Esporte Clube, por mais uma vez abrir as portas da 
instituição, contribuindo para o meu desenvolvimento profissional e acadêmico. 
A todos os atletas que participaram do estudo, sem a dedicação e a 
colaboração deles nada teria sido possível. 
A todos do Centro de Educação Física e Desporto, que estiveram comigo e 
me apoiaram durante esta etapa. 
A Universidade Federal do Paraná, por incentivar a qualificação de seus 
servidores. 
A todos que não foram citados nesse momento, mas que de alguma forma 
contribuíram para minha formação acadêmica. 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
Objetivo: Verificar a relação entre aptidão física, através de testes de laboratório e 
de campo, com o deslocamento realizado em jogos oficiais de futebol. Metodologia: 
Durante o período de transição entre o campeonato estadual e o campeonato 
nacional, 20 atletas profissionais de futebol (idade: 26,9 ± 3,3 anos, massa corporal: 
78,9 ± 6,0 kg, estatura: 180,2 ± 59 cm, %G: 10,2 ± 0,9) foram submetidos às 
seguintes avaliações: Velocidade 10m, 20m e 30m, yoyo intermittent recovery 2 
(YoYo IR2), yoyo intermittent recovery 1 (YoYo IR1) e teste incremental de esteira 
até a exaustão para determinação do consumo máximo de oxigênio (VO2máx). O 
deslocamento durante os jogos do campeonato paranaense e brasileiro foi 
monitorado através de dispositivos de GPS com 10Hz. As seguintes variáveis de 
performance foram avaliadas: distância total percorrida (DTP), distância percorrida 
em alta velocidade (HIR: >14,4km/h) e distância percorrida em velocidade muito alta 
(VHIR: >19,8km/h). Resultados: Foi verificada significante correlação entre o 
VO2máx e a DTP (r = 0,71), HIR (r = 0,73) e VHIR (r = 0,75). A vVO2 se 
correlacionou com DTP (r = 0,54), HIR (r = 0,64) e VHIR (r = 0,62). Com relação aos 
testes de velocidade, apenas a distância de 30m apresentou correlação com com a 
DTP (r = 0,56), com a HIR (r = -0,62) e com a VHIR (r = -0,45). O YoYo IR1 foi 
correlacionado com DTP (r = 0,83), HIR (r = 0,78) e VHIR (r = 0,63). O mesmo 
ocorreu com YoYo IR2, apresentando as seguintes correlações: DTP (r = 0,86), HIR 
(r = 82) e VHIR (r = 0,64). Entre os testes houve correlação entre o VO2máx e o 
YoYo IR1 (r = 0,61), VO2máx e YoYo IR2 (r = 0,68), vVO2 e YoYo IR2 (r = 0,68), e 
entre YoYo IR1 e YoYo IR2 (r = 0,84). O nível de significância adotado em todas 
essas correlações foi p<0,05. Conclusão: O presente estudo demonstra a 
associação entre o VO2máx, a vVO2, o YoYo IR1 e o YoYo IR2 com a distância total 
percorrida e as distâncias em alta velocidade, fornecendo suporte para utilização 
dessas avaliações no planejamento e controle dos treinamentos. 
 
Palavras-chave: Futebol. Análise do deslocamento. Avaliação física. 
 
 
ABSTRACT 
Objective: To verify the relation between physical fitness, through laboratory and 
field tests, with the displacement realized in official soccer games. Methodology: 
During the transition period between the state championship and the national 
championship, 20 professional soccer players (age: 26.9 ± 3.3 years, body mass: 
78.9 ± 6.0kg, height: 180.2 ± 59cm, %BF: 10.2 ± 0.9) were submitted to the following 
evaluations: 10m, 20m and 30m speed, yoyo intermittent recovery 2 (YoYo IR2), 
yoyo intermittent recovery 1 (YoYo IR1) and incremental treadmill test until the 
exhaustion to determine the maximum oxygen consumption (VO2max). The 
displacement during the matches of the paranaense and Brazilian championship was 
monitored through GPS devices with 10Hz. The following performance variables 
were evaluated: total distance (DTP), distance at high speed (HIR:> 14.4km/h) and 
distance at very high speed (VHIR:> 19.8km/h). Results: There was a significant 
correlation between VO2max and DTP (r = 0.71), HIR (r = 0.73) and VHIR (r = 0.75). 
VVO2 correlated with DTP (r = 0.54), HIR (r = 0.64) and VHIR (r = 0.62). In relation to 
the speed tests, only the distance of 30m showed a correlation with DTP (r = 0.56), 
with HIR (r = -0.62) and with VHIR (r = -0.45). YoYo IR1 was correlated with DTP (r = 
0.83), HIR (r = 0.78) and VHIR (r = 0.63). The same occurred with YoYo IR2, 
presenting the following correlations: DTP (r = 0.86), HIR (r = 82) and VHIR (r = 
0.64). Among the tests, there was a correlation between VO2max and YoYo IR1 (r = 
0.61), VO2max and YoYo IR2 (r = 0.68), vVO2 and YoYo IR2 (r = 0.68), and 
between YoYo IR1 and YoYo IR2 (r = 0.84). The level of significance adopted in all 
these correlations was p <0.05. Conclusion: The present study demonstrates the 
association between VO2max, vVO2, YoYo IR1 and YoYo IR2 with total distance 
traveled and high speed distances, providing support for the use of these evaluations 
in training planning and control. 
 
Keywords: Soccer. Match analysis. Physical assessment. 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
FIGURA 1 – AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA ....................................................... 44 
FIGURA 2 – AVALIAÇÃO DA VELOCIDADE........................................................... 45 
FIGURA 3 – DEMARCAÇÃO DE ESPAÇOS – YoYo IR1 e YoYo IR2 ..................... 46 
FIGURA 4 – ATLETAS RECEBENDO INTRUÇÕES FINAIS ANTES DA EXECUÇÃO 
DO YoYo IR ............................................................................................................... 47 
FIGURA 5 – EXECUÇÃO DO TESTE INCREMENTAL DE ESTEIRA PARA 
VERIFICAÇÃO DO VO2máx ..................................................................................... 48 
FIGURA 6 – ACOMPANHAMENTO DAS RESPOSTAS FISIOLÓGICAS DURANTE 
EXECUÇÃO DO TESTE DE ESFORÇO MÁXIMO EM ESTEIRA ............................. 49 
FIGURA 7 – COLETE UTILIZADO PARA A SUSTENTAÇÃO DO GPS DURANTE 
JOGO OFICIAL ......................................................................................................... 50 
FIGURA 8 – UTILIZAÇÃO DO GPS DURANTE JOGO OFICIAL 1 ...........................51 
FIGURA 9 – UTILIZAÇÃO DO GPS DURANTE JOGO OFICIAL 2 ........................... 51 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
 
GRÁFICO 1 – PERFIL DO DESLOCAMENTO REALIZADO EM JOGOS DA 
PRIMEIRA DIVISÃO DO FUTEBOL INGLÊS – VALORES RELATIVOS .................. 34 
GRÁFICO 2 – PERFIL DOS DESLOCAMENTOS REALIZADOS NAS 3 PRINCIPAIS 
DIVISÕES DO FUTEBOL INGLÊS – VALORES ABSOLUTOS ................................ 34 
GRÁFICO 3 – PERFIL DO DESLOCAMENTO REALIZADO POR JOGADORES DE 
DIFERENTES POSIÇÕES TÁTICAS ........................................................................ 35 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
TABELA 1 – RESUMO DO DESEMPENHO ENCONTRADO EM ESTUDOS 
UTILIZANDO O YoYo IR1 E YoYo IR2 ..................................................................... 22 
TABELA 2 – RESUMO DA DISTÂNCIA TOTAL PERCORRIDA ENCONTRADO EM 
ESTUDOS DESCRITIVOS ........................................................................................ 28 
TABELA 3 – RESUMO DA DISTÂNCIA TOTAL PERCORRIDA ENCONTRADO EM 
ESTUDOS COMPARATIVOS ................................................................................... 29 
TABELA 4 – CLASSIFICAÇÃO DO DESLOCAMENTO EM DIFERENTES ZONAS 
DE VELOCIDADE ..................................................................................................... 33 
TABELA 5 – DISTÂNCIA PERCORRIDA EM ALTA VELOCIDADE (ACIMA DE 
14,4Km/h) DURANTE JOGOS OFICIAIS .................................................................. 36 
TABELA 6 – DISTÂNCIA PERCORRIDA EM VELOCIDADE MUITO ALTA (ACIMA 
DE 19,8Km/h) DURANTE JOGOS OFICIAIS DE FUTEBOL .................................... 38 
TABELA 7 – CARACTERÍSITCAS ANTROPOMÉTRICAS E FISIOLÓGICAS DOS 
ATLETAS DE FUTEBOL OBTIDAS ATRAVÉS DE TESTES DE LABORATÓRIO ... 53 
TABELA 8 – RESULTADOS DOS TESTES FÍSICOS REALIZADOS NO CAMPO .. 53 
TABELA 9 – DESLOCAMENTOS REALIZADOS DURANTE OS JOGOS OFICIAS 
DE FUTEBOL ............................................................................................................ 54 
TABELA 10 – CARACTERÍSTICAS DAS AÇÕES DE ALTA INTENSIDADE ........... 54 
TABELA 11 – CORRELAÇÃO ENTRE AS RESPOSTAS FISIOLÓGICAS E O 
DESLOCAMENTO .................................................................................................... 55 
TABELA 12 – CORRELAÇÃO ENTRE AS RESPOSTAS FISIOLÓGICAS E O % DE 
DESLOCAMENTO EM CADA ZONA VELOCIDADE ................................................ 56 
TABELA 13 – CORRELAÇÃO ENTRE AS RESPOSTAS FISIOLÓGICAS E AS 
AÇÕES DE ALTA INTENSIDADE ............................................................................. 56 
TABELA 14 – CORRELAÇÃO ENTRE OS TESTES DE CAMPO E O 
DESLOCAMENTO .................................................................................................... 57 
TABELA 15 – CORRELAÇÃO ENTRE OS TESTS DE CAMPO E O % DE 
DESLOCAMENTO EM CADA ZONA VELOCIDADE ................................................ 58 
TABELA 16 – CORRELAÇÃO ENTRE OS TESTES DE CAMPO E AS AÇÕES DE 
ALTA INTENSIDADE ................................................................................................ 58 
TABELA 17 – CORRELAÇÃO ENTRE AS RESPOSTAS FISIOLÓGICAS E OS 
TESTES DE CAMPO ................................................................................................ 59 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
DTP - Distância total percorrida 
FC - Frequência cardíaca 
FCmáx - Frequência cardíaca máxima 
GPS - Sistema de posicionamento global 
HIR - Distância percorrida em alta velocidade 
TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido 
UEFA - União das Federações Europeias de Futebol 
VHIR - Distância percorrida em velocidade muito alta 
VO2 - Consumo de oxigênio 
VO2máx - Consumo máximo de oxigênio 
YoYo IR - yoyo intermittent recovery test 
YoYo IR1 - yoyo intermittent recovery test level 1 
YoYo IR2 - yoyo intermittent recovery test level 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 14 
1.1 JUSTIFICATIVA............................................................................................ 16 
1.2 OBJETIVOS ................................................................................................. 17 
1.2.1 Objetivo Geral ............................................................................................... 17 
1.2.2 Objetivos Específicos ................................................................................... 17 
1.3 HIPÓTESE ................................................................................................... 17 
2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................ 18 
2.1 AVALIAÇÕES FÍSICAS REALIZADAS NO FUTEBOL ................................. 18 
2.1.1 Velocidade 10, 20 e 30m .............................................................................. 19 
2.1.2 YoYo intermittent recovery test level 1 e 2 ................................................... 20 
2.1.3 Consumo máximo de oxigênio ..................................................................... 24 
2.2 SISTEMAS UTILIZADOS PARA MONITORAR OS DESLOCAMENTOS 
REALIZADOS NO FUTEBOL ................................................................................... 25 
2.3 CARACTERÍSTICAS DOS DESLOCAMENTOS REALIZADOS NO JOGO 
DE FUTEBOL ............................................................................................................ 27 
2.4 RELAÇÃO ENTRE A APTIDÃO FÍSICA E OS DESLOCAMENTOS 
REALIZADOS NO FUTEBOL .................................................................................... 40 
3 METODOLOGIA........................................................................................... 42 
3.1 DESENHO DO ESTUDO ............................................................................. 42 
3.2 PARTICIPANTES ......................................................................................... 42 
3.3 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO ................................................. 43 
3.4 LIMITAÇÕES METODOLÓGICAS ............................................................... 43 
3.5 PROCEDIMENTOS DO ESTUDO ................................................................ 44 
3.5.1 Medidas antropométricas e composição corporal ........................................ 44 
3.5.2 Velocidade 10, 20 e 30 metros ..................................................................... 45 
3.5.3 YoYo intermittent recovery test level 1 ......................................................... 46 
3.5.4 YoYo intermittent recovery test level 2 ......................................................... 46 
3.5.5 Testes de esforço máximo em esteira .......................................................... 47 
3.5.6 Análise dos jogos.......................................................................................... 49 
3.6 TRATAMENTO ESTATÍSTICO..................................................................... 52 
4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ..................................................... 53 
4.1 RELAÇÃO ENTRE OS ÍNDICES FISIOLÓGICOS, OBTIDOS EM TESTES 
DE LABORATÓRIO, E OS DESLOCAMENTOS REALIZADOS NO JOGO DE 
FUTEBOL ................................................................................................................. 55 
4.2 RELAÇÃO ENTRE O DESEMPENHO NOS TESTES DE CAMPO E OS 
DESLOCAMENTOS REALIZADOS NO JOGO DE FUTEBOL ................................ 57 
4.3 RELAÇÃO ENTRE AS RESPOSTAS FISIOLÓGICAS E O DESEMPENHO 
NOS TESTES DE CAMPO ....................................................................................... 59 
5 DISCUSSÃO ................................................................................................ 60 
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 69 
7 REFERÊNCIAS ............................................................................................70 
ANEXO A – PLANILHA YOYO IR1 ............................................................. 79 
ANEXO B – PLANILHA YOYO IR2 ............................................................. 82 
ANEXO C – CONCORDÂNCIA DA INSTITUIÇÃO COPARTICIPANTE ..... 85 
ANEXO D – TCLE ........................................................................................ 86 
 
14 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
O futebol é uma modalidade intermitente que intercala pausas curtas e 
incompletas de recuperação ativa com ações intensas de elevada demanda física, 
técnica e tática (Datson et al., 2014). Esta modalidade não exige dos atletas o 
desenvolvimento extraordinário de uma capacidade física específica. No entanto, 
níveis físicos razoavelmente elevados em diversas áreas são exigidas (Reilly et al., 
2000). Sendo assim, para competir em alto nível, o atleta necessita se recuperar 
rapidamente após uma ação de alta intensidade e tolerar esses esforços durante o 
jogo todo (Hoffmann Jr et al., 2014). 
Como consequência, protocolos de testes têm sido desenvolvidas ao longo 
dos anos com o intuito de avaliar as capacidades mais exigidas no jogo. Durante a 
seleção dos testes, critérios de validade, reprodutibilidade, sensibilidade e 
especificidade devem ser observados (Hoff, 2005; Svensson e Drust, 2005). Além 
disso, deve ocorrer um equilíbrio entre os testes de laboratório e os testes de 
campo. Os testes de campo fornecem informações diretas sobre o nível de 
treinamento e de jogo, enquanto os de laboratório indicam os fatores que contribuem 
ou que regulam o desempenho (Drust et al., 2007; Rampinini, Bishop, et al., 2007) 
Entre os testes de laboratório realizados, o consumo máximo de oxigênio 
(VO2máx) apresenta grande relação com o desempenho no jogo, de forma que 
atletas com valores mais elevados percorrem maiores distâncias e realizam maior 
número de sprints (Krustrup et al., 2003; Rebelo et al., 2014). No entanto, este índice 
fisiológico não é capaz de diferenciar profissionais de amadores, nem é sensível o 
suficiente para investigar adaptações do treinamento (Tonnessen et al., 2013). 
Neste sentido, as variações do yoyo intermittent recovery test aparecem como 
ferramentas úteis, simulando o padrão intermitente do futebol e avaliando a 
habilidade que o indivíduo tem de realizar repetidamente exercícios intensos (O'reilly 
e Wong, 2012). 
A pesquisa na área da ciência esportiva tem evoluído consideravelmente nos 
últimos anos devido ao desenvolvimento de novas tecnologias que auxiliam a 
investigar e a monitorar a performance (Castellano et al., 2014; Mallo et al., 2015). 
Essa evolução forneceu subsídios para constatarmos que os atletas estão mais 
rápidos ao longo das temporadas (Martinez-Santos, 2016; Haugen 2013) e que 
15 
 
grande parte das ações que ocasionam gols são precedidas de movimentos de alta 
intensidade (Faude et al., 2012), demonstrando a importância da velocidade para o 
resultado da partida e consequentemente a necessidade de sua avaliação. 
Entre as tecnologias empregadas, tanto na ciência quanto no dia a dia dos 
clubes, está o sistema de posicionamento global (GPS) (Cummins et al., 2013). 
Estes dispositivos portáteis permitem a análise em tempo real do deslocamento 
durante treinos e jogos, quantificando o esforço em diferentes zonas de velocidade 
de forma individual. A validade e reprodutibilidade (Barbero-Alvarez et al., 2010; 
Aughey, 2011; Castellano et al., 2011; Varley et al., 2012), bem como a utilização do 
GPS no futebol está bem documentada (Barbero-Alvarez et al., 2010; Cummins et 
al., 2013; Varley e Aughey, 2013; Mallo et al., 2015). 
 A literatura aponta uma grande variedade de estudos investigando a relação 
entre a aptidão física e deslocamento no futebol. No entanto, o nível de treinamento 
das amostras é bastante variado, com pouca informação sobre atletas de elite 
(Krustrup et al., 2005; Castagna et al., 2010; Rebelo et al., 2014; Mohr e Krustrup, 
2016). Além disso, nenhuma pesquisa utilizou GPS de alta precisão em suas 
coletas. Esse detalhe é fundamental, uma vez que os sistemas de análise de 
deslocamento apresentam resultados diferentes para a mesma investigação, 
impossibilitando a comparação dos resultados (Randers et al., 2010) e que apenas o 
GPS de 10Hz apresenta sensibilidade suficiente para captar as ações intensas que 
ocorrem na partida (Varley et al., 2012). 
Neste sentido, o objetivo do presente estudo foi correlacionar os índices de 
aptidão física, através de testes de laboratório (VO2máx) e testes de campo 
(desempenho nos testes YoYo IR1, YoYo IR2, velocidade em 10, 20 e 30m) com o 
deslocamento (distância total percorrida, distância percorrida acima de 14,4km/h e 
distância percorrida acima de 19,8km/h) ocorrido em jogos oficiais de futebol, 
monitorados através de GPS de alta precisão, buscando fornecer novos subsídios 
para o melhor entendimento das exigências físicas do futebol. 
 
 
 
16 
 
1.1 JUSTIFICATIVA 
 
O diagnóstico das ações motoras que ocorrem no jogo de futebol via GPS 
possibilita uma análise detalhada das exigências físicas impostas aos atletas. Essa 
ferramenta é capaz de analisar o deslocamento em tempo real, investigando o 
movimento durante treinos e jogos de maneira eficiente e precisa (Dellaserra et al., 
2014). Os dispositivos individualizam o nível de esforço, quantificando as cargas e 
estabelecendo as intensidades (Mallo et al., 2015; Suarez-Arrones et al., 2015). 
Nesse contexto, estudos que avaliem a aptidão física de atletas e as possíveis 
associações com as cargas impostas durante os jogos merecem atenção. A 
literatura científica sobre o tema é escassa, os trabalhos produzidos utilizaram 
jogadores com nível de treinamento e idade diferentes, resultando em respostas 
variadas (Krustrup et al., 2006; Castagna et al., 2010; Rebelo et al., 2014; Mohr et 
al., 2016). Além disso, as ferramentas empregadas para investigar o deslocamento, 
em sua maioria, apresentam pouca aplicabilidade, uma vez que são fixas em 
estádios (Castellano et al., 2014). 
É nesse sentido que o presente estudo se faz válido, pois fornecerá indicadores 
fidedignos acerca dos padrões de movimentação durante jogos oficiais de futebol, 
auxiliando na prescrição e no controle do treinamento, uma vez que o parâmetro 
principal para o planejamento das cargas de treinamento é a carga imposta durante 
o jogo. Além disso, as possíveis correlações entre o deslocamento e os índices de 
aptidão física, obtidos através dos testes de laboratório e dos testes de campo, 
fornecerão subsídios para utilização destas avaliações como ferramentas de 
diagnóstico e de controle durante os programas de treinamento. Desta forma, esta 
pesquisa irá contribuir para o avanço científicos da área e irá fornecer suporte para o 
planejamento e a prescrição de treinamentos. 
 
 
 
 
17 
 
1.2 OBJETIVOS 
 
1.2.1 Objetivo Geral 
 
Investigar a relação entre a aptidão física, através de indicadores fisiológicos e 
físicos, com os deslocamentos realizados durante jogos oficiais de futebol. 
 
1.2.2 Objetivos Específicos 
 
a) Verificar o grau de correlação entre as respostas fisiológicas (VO2máx) 
e indicadores físicos (desempenho no YoYo IR1 e no YoYo IR2) com a 
distância total percorrida em jogos oficiais de futebol. 
b) Identificar o grau de correlação entre as respostas fisiológicas 
(VO2máx) e indicadores físicos (desempenho no YoYo IR1 e no YoYo 
IR2) com a distância total percorrida em alta velocidade (acima de 
14,4km/h) em jogos oficiais de futebol. 
c) Detectar o grau de correlação entre as respostas fisiológicas (VO2máx) 
e indicadores físicos (desempenho no YoYo IR1 e no YoYo IR2) com a 
distância total percorrida em velocidade muito alta (acima de 19,8km/h) 
em jogos oficiais de futebol. 
d) Correlacionar a velocidade em testes de 10, 20 e 30m com a 
velocidade máxima atingida em jogos oficiais de futebol. 
e) Correlacionaros testes de laboratório (VO2máx e vVOmáx) com os 
testes de campo (velocidade 10, 20 e 30m, YoYo IR1 e YoYo IR2). 
 
1.3 HIPÓTESE 
 
Os índices de aptidão física irão apresentar relação com os deslocamentos 
realizados em jogos oficiais de futebol. 
18 
 
2 REVISÃO DE LITERATURA 
 
2.1 AVALIAÇÕES FÍSICAS REALIZADAS NO FUTEBOL 
 
O futebol não exige dos atletas o desenvolvimento extraordinário de uma 
capacidade física específica (Reilly et al., 2000). Além disso, não existe uma relação 
direta entre o condicionamento físico e o sucesso da equipe (Rampinini et al., 2009). 
O desempenho é resultado da integração entre componentes técnicos e táticos, de 
modo que as equipes com melhor classificação no ranking final da competição 
apresentam maior número de passes completos, maior número de bolas recebidas e 
maior números de troca de passes por posse de bola quando comparadas as 
equipes de classificação inferior (Bradley, Carling, et al., 2013). Outro dado 
interessante é a relação inversa entre a posse de bola e a distância percorrida, 
sugerindo que a inferioridade técnica é compensada pelo esforço físico (Bradley, 
Lago-Penas, et al., 2013). 
No entanto, níveis físicos razoavelmente elevados em diversas áreas são 
exigidos para que o atleta possa competir em alto nível (Reilly et al., 2000). Durante 
a partida o jogador necessita se recuperar rapidamente após uma ação intensa e 
tolerar esses esforços durante o jogo todo, uma vez que a fadiga afeta tanto o 
desempenho técnico quanto a tomada de decisão (Hoffmann Jr et al., 2014). Além 
disso, grande parte dos gols são precedidos de ações anaeróbias (Faude et al., 
2012). 
Como consequência, vários testes têm sido aplicados ao longo dos anos com 
o intuito de avaliar as capacidades mais exigidas no jogo. Estes são o ponto inicial 
para o planejamento do treinamento, fornecendo um diagnóstico individualizado do 
condicionamento físico e fornecendo subsídios para a prescrição dos treinamentos 
(Svensson e Drust, 2005). 
Durante a seleção dos testes, critérios de validade, reprodutibilidade, 
sensibilidade e especificidade devem ser observados (Hoff, 2005; Svensson e Drust, 
2005). Além disso, deve ocorrer um equilíbrio entre os testes de laboratório e os 
testes de campo. Os testes de campo fornecem informações diretas sobre o nível de 
treinamento e de jogo do atleta, enquanto os de laboratório indicam os fatores que 
19 
 
contribuem ou que regulam o desempenho. Desta forma, um acaba 
complementando o outro (Drust et al., 2007; Rampinini, Bishop, et al., 2007). 
Entre pontos positivos e negativos, os testes de laboratório apresentam 
resultados extremamente precisos, uma vez que são realizados sob condições 
controladas, utilizando metodologias rigorosas e equipamentos confiáveis, porém 
demandam tempo, custo elevado e mão de obra especializada. Já as avaliações de 
campo aumentam a especificidade da avaliação, possibilitam a análise de vários 
atletas ao mesmo, apresentam baixo custo e necessitam de pouco equipamento, 
porém são menos precisas que as de laboratório (Svensson e Drust, 2005; Drust et 
al., 2007). 
O calendário do futebol é composto por um período longo de jogos precedido 
por uma curta etapa de preparação, limitando as possibilidades de planejamento 
para o condicionamento físico (Hoff, 2005). Desta forma, os testes devem ser 
aplicados em momentos pontuais, possibilitando a avaliação e o monitoramento de 
capacidades físicas essenciais (Svensson e Drust, 2005; Drust et al., 2007). Entre os 
mais utilizados no futebol estão os testes de velocidade, as variações do YoYo 
intermittent recovery test (YoYo IR) e o consumo máximo de oxigênio (VO2máx). 
 
2.1.1 Velocidade 10, 20 e 30 metros 
 
A realização de sprints curtos é extremamente comum em esportes coletivos 
como o futebol. Entre as características mais comuns, observamos que durante o 
jogo, essa ação ocorre aproximadamente a cada 60 segundos (Di Salvo et al., 2010; 
Carling et al., 2016). Além disso, o número de sprints e a distância percorrida nesta 
zona de velocidade está diretamente relacionado a posição do atleta, de modo que 
os meio campistas e os zagueiros realizam respectivamente o maior e o menor 
número de ações, o mesmo acontece com a distância (Gregson et al., 2010). A 
velocidade média atingida em um jogo é 27,5km/h, podendo chegar a 32km/h. Outro 
dado interessante é que 56% dos sprints que ocorrem no jogo são realizados na 
distância de 0 a 5m e apenas 4% em distâncias superiores a 20m (Di Salvo, 2010). 
Embora representem um pequeno percentual da distância total percorrida, 
essas ações são responsáveis pelos momentos decisivos da partida (Faude et al., 
2012), demonstrando a importância de sua avaliação. A literatura sugere a utilização 
20 
 
das seguintes distâncias: 10, 20, 30 e 40m, com 2 a 3 tentativas em cada uma delas 
(Haugen et al., 2014; Haugen e Buchheit, 2016). 
Com base nos resultados foi observado que a distância de 10m é capaz de 
diferenciar profissionais de amadores (Cometti et al., 2001), bem como diferenciar as 
posições táticas (Ferro et al., 2014). Já a distância de 20m tem demonstrado que os 
atletas estão mais rápidos ao longo dos anos (Haugen et al., 2013). As outras duas 
sugetões presentes na literatura não apresentaram resultados favoráveis. A 
distância de 30m não possui sensibilidade para diferenciar o nível de treinamento do 
atleta (Ferro et al., 2014) e a distância de 40m foge da especificidade do jogo (Di 
Salvo et al., 2010). 
Alguns aspectos metodológicos merecem atenção ao avaliarmos a 
velocidade, entre eles o tipo de saída e a distância até o início da cronometragem. 
Estes procedimentos podem resultar em resultados superiores a anos de 
treinamento (Al Haddad et al., 2015; Haugen e Buchheit, 2016). Além disso, o tipo 
de calçado utilizado e o piso em que é realizado o teste também podem interferir no 
resultado (Haugen e Buchheit, 2016). 
 
2.1.2 YoYo intermittent recovery test level 1 e 2 
 
A habilidade para executar exercícios intermitentes de alta intensidade por 
prolongados períodos do jogo apresenta papel chave no futebol competitivo. 
Consequentemente, estratégias de teste e de treino devem ser propostas para 
monitorar e ampliar a realização de tais ações (Rampinini et al., 2009; Vigne et al., 
2013). 
Nesse sentido foram desenvolvidas as variações do yoyo intermittent recovery 
test (YoYo IR). O objetivo de sua aplicação é avaliar a habilidade que o indivíduo 
tem de realizar repetidamente exercícios intensos (Bangsbo et al., 2008). O teste 
possui duas versões: 
 
 yoyo intermittent recovery test level 1 (YoYo IR1): Busca a realização 
de exercício intermitente até a máxima ativação do sistema aeróbio 
(Krustrup et al., 2003). 
21 
 
 yoyo intermittent recovery test level 2 (YoYo IR2): Determina a 
capacidade que o indivíduo tem de se recuperar de exercício repetido 
com grande contribuição do sistema anaeróbio (Krustrup et al., 2006). 
 
As duas versões consistem em o avaliado percorrer a distância de 20m indo e 
voltando, intercalados por 10 segundos de recuperação após cada vai e vem. A 
diferença nas versões está na velocidade inicial do teste e nos incrementos de 
velocidade a cada mudança de estágio. O perfil da atividade claramente fornece o 
padrão intermitente do futebol (Bangsbo et al., 2008). 
Além disso, em virtude dos valores elevados de frequência cardíaca e do 
lactato sanguíneo ao final de sua realização, podemos concluir que o teste estimula 
tanto a produção aeróbia de energia quanto a glicólise anaeróbia. A grande quebra 
da fosfocreatina demonstra também a contribuição do sistema dos fosfagênios, 
resultando em um fornecimento energético semelhante ao que ocorre no jogo 
(Bangsbo et al., 2007; Bangsbo et al., 2008). 
Essas avaliações podem ser aplicadas sem a necessidade de muitos 
equipamentos, exigindo apenas o áudio do teste, cones, fita métricapara a 
demarcação da distância e um espaço apropriado. Além disso, devido a sua 
praticidade, os testes podem ser realizados em qualquer período do treinamento, 
incluindo a fase preparatória, competitiva e transitória (Bangsbo et al., 2008; Pyne et 
al., 2014). 
A validade e reprodutibilidade das duas versões estão bem documentadas. 
Durante o intervalo de uma semana nenhuma diferença foi encontrada na 
performance do teste. Além disso, quando comparado ao resultado obtido pouco 
antes da competição, o desempenho do período preparatório apresentou 
significativa evolução (Krustrup et al., 2003; Krustrup et al., 2006). 
Os YoYo IR testes são capazes de diferenciar as posições e o nível do atleta. 
Os laterais e os meio campistas apresentam melhores performances que os 
zagueiros e os atacantes. Além disso, atletas de elite apresentam melhores 
resultados que moderados (Krustrup et al., 2003; Krustrup et al., 2006). Outro 
detalhe fundamental é que o desempenho no teste apresenta forte relação com a 
distância percorrida no jogo e é mais sensível que o VO2máx para avaliar as 
adaptações do treinamento (Svensson e Drust, 2005). 
 
22 
 
TABELA 1 – RESUMO DO DESEMPENHO ENCONTRADO EM ESTUDOS UTILIZANDO O YoYo IR1 E YoYo IR2 
Referências Amostra Período YoYo IR1 (m) YoYo IR2 (m) 
 Elite Moderada-elite Sub-elite Elite Moderada-elite Sub-elite 
(Bangsbo et 
al., 2008) 
Profissionais NR 2420 2190 2030 1260 1050 840 
 Sub-19 Sub-17 Sub-15 
(Deprez et al., 
2014) 
Sub-19, sub-
15 e sub-17 
NR 2540 ± 337 2404 ±347 2024 ± 470 
 Preparatório Competitivo Preparatório Competitivo 
(Fanchini et al., 
2014) 
Sub-17 Preparatório: 
T1 a T3. 
Competitivo: 
T4 e T5 
 T1: 1668 ± 256 
T2: 1795 ± 322 
T3: 1856 ± 255 
T4: 2080 ± 312 
T5: 2130 ± 298 
 T1: 645 ± 144 
T2: 660 ± 163 
T3: 696 ± 125 
T4: 773 ± 184 
T5: 747 ± 181 
 
 Preparatório Competitivo 
(Fanchini et al., 
2015) 
Semi-
profissionais 
Preparatório e 
Competitivo 
 1695 ± 243 2385 ± 412 
 Elite Sub-elite Elite Sub-elite 
(Ingebrigtsen 
et al., 2012) 
Elite e sub-
elite 
Competitivo 2033 ± 416 1633 ± 476 747 ± 201 571 ± 155 
 
(Karakoç et al., 
2012) 
Sub-15 NR 2730 ± 160 1208 ± 90 
 
(Mohr et al., 
2016) 
 
Elite Competitivo 2236 ± 57 1106 ± 59 
23 
 
Referências Amostra Período YoYo IR1 (m) YoYo IR2 (m) 
(Pivovarniček 
et al., 2013) 
Sub-21 Competitivo 1283 ± 294 
 Profissionais Amadores Profissionais Amadores 
(Rampinini et 
al., 2010) 
Profissionais 
e amadores 
NR 2231 ± 294 1827 ± 292 958 ± 99 613 ± 125 
YoYo IR1, yoyo intermittent recovery test level 1; YoYo IR2, yoyo intermittent recovery test level 2; NR, Não reportado. Os valores estão reportados em média 
e desvio padrão. 
 
Continuação 
 
 
24 
2.1.3 Consumo máximo de oxigênio 
 
O consumo máximo de oxigênio (VO2máx), também conhecido como 
potência aeróbia máxima, representa a maior quantidade de oxigênio que o corpo 
pode utilizar durante um exercício exaustivo, sendo o indicador mais utilizado do 
metabolismo aeróbio (O'reilly e Wong, 2012). Durante a partida de futebol o VO2máx 
e a frequência cardíaca máxima permanecem respectivamente a 70-80% e 80-90%, 
demonstrando o predomínio aeróbio da modalidade (Stolen et al., 2005). No entanto, 
os atletas realizam de 150-200 ações de alta intensidade, utilizando de 40-90% do 
glicogênio muscular (Bangsbo et al., 2007). Desta forma, o futebol é caracterizado 
por períodos repetidos de alta intensidade intercalados por fases de recuperação 
quase completas (Bangsbo et al., 2006). Essa característica fez com que o VO2máx 
e sua importância para o desempenho se tornassem um tema extremamente 
debatido no futebol moderno (Tonnessen et al., 2013). 
O consumo máximo de oxigênio apresenta relação com a distância total 
percorrida e com a distância percorrida em alta velocidade durante o jogo (Krustrup 
et al., 2005). Além disso, modificações positivas no VO2máx resultam em elevações 
da performance (Bradley, Carling, et al., 2013). Esse índice fisiológico varia de 50 a 
75ml/kg/min, sendo similar ao encontrado em outras modalidades coletivas, porém 
substancialmente menor que o observado em atletas de elite de endurance (Hoff, 
2005). 
A sensibilidade do VO2máx é um tema controverso. Os pesquisadores 
discordam da capacidade que esse parâmetro fisiológico tem de diferenciar as 
posições, o nível de treinamento dos atletas e o padrão da competição (Tonnessen 
et al., 2013; Di Paco et al., 2014). Isso pode ocorrer em virtude das ações 
intermitentes características do futebol, frequentemente exigindo a realização de 
esforços que excedem o VO2máx. Desta forma, alguns pesquisadores sugerem um 
valor mínimo para que as exigências metabólicas do jogo sejam atendidas (Reilly et 
al., 2000). Outros apontam para a utilização adicional de testes que simulem o 
padrão de atividade do jogo, complementando a avaliação (Chamari et al., 2004; 
Svensson e Drust, 2005; Bangsbo et al., 2008). 
 
 
 
 
 
25 
2.2 SISTEMAS UTILIZADOS PARA MONITORAR OS DESLOCAMENTOS 
REALIZADOS NO FUTEBOL 
 
A pesquisa na área da ciência esportiva tem evoluído consideravelmente nos 
últimos anos devido ao desenvolvimento de novas tecnologias que auxiliam na 
investigação das variáveis relacionadas a performance (Cummins et al., 2013; 
Castellano et al., 2014; Mallo et al., 2015). Um dos primeiros sistemas utilizados foi o 
monitoramento semiautomático por vídeo. Esta técnica conhecida como vídeo 
análise, foi desenvolvida inicialmente para monitorar objetos e animais com uma 
frequência de 5Hz, sendo utilizada pela primeira vez no futebol em 1980 durante 
jogos não oficiais. Entretanto, apresentou uma série de limitações e foi substituído 
por um sistema computadorizado semiautomático de multicâmeras (Randers et al., 
2010; Castellano et al., 2014). 
Esta ferramenta conta com diversas câmeras fixadas no estádio, operando 
com frequência de 10 a 25Hz, permitindo a análise física, técnica e tática da partida. 
O sistema é capaz de capturar todo movimento que ocorre dentro do campo, 
incluindo os jogadores, o árbitro e a bola (Castellano et al., 2014). A primeira equipe 
a utilizá-la foi a seleção da França durante a preparação para a Copa do Mundo de 
1998. Logo em seguida várias competições inseriram essa tecnologia na análise de 
seus jogos, entre elas: English Premier League, Italian Serie A, Spanish La Liga, 
French Ligue 1, German Bundesliga, UEFA Champions’ League e nos jogos 
internacionais da UEFA European Championship (Castellano et al., 2014). Essa 
inserção contribuiu para o avanço da ciência, uma vez que foram conduzidos 
diversos estudos utilizando as informações fornecidas pelo sistema durante as 
referidas competições (Di Salvo et al., 2007; Rampinini, Coutts, et al., 2007; Bradley 
et al., 2009). 
 Apesar das vantagens já citadas, o sistema semiautomático de multicameras 
sofre com algumas deficiências, entre elas: não abrange saltos e acelerações, 
apresenta variações nas áreas de captura de imagem, apresenta oclusão entre os 
jogadores e necessita de condições de iluminação adequadas. Além disso, é um 
sistema de alto custo que permanece imóvel, exigindo a instalação de várias 
câmeras ao redor do estádio, possibilitando assim apenas a avaliação de jogos 
como mandante (Randers et al., 2010; Castellano et al., 2014). 
 
 
26 
Uma alternativa para essas deficiências é a utilização do sistema de 
posicionamento global (GPS). Esta tecnologia de navegação se baseia em satélites 
e foi desenvolvida inicialmente para uso militar. O recente desenvolvimento portátil 
permitiu sua aplicação em uma variedade de cenários, incluindo o meio esportivo, no 
qual foi introduzida em 1997 (Aughey, 2011; Cummins et al., 2013). 
Essa ferramenta é capaz de analisar o deslocamento em tempo real, 
investigando o movimentodurante jogos e treinos de maneira eficiente e precisa 
(Dellaserra et al., 2014). Os dispositivos individualizam o nível de esforço imposto ao 
atleta, quantificando as cargas e estabelecendo as intensidades (Mallo et al., 2015; 
Suarez-Arrones et al., 2015). Além disso, o deslocamento realizado (carga externa) 
pode ser utilizado em adição as respostas fisiológicas (carga interna) para 
caracterizar a demanda do jogo (Aughey, 2011; Cummins et al., 2013). 
Os aparelhos são produzidos com frequência de 1, 5, 10 e 15Hz. No entanto, 
dispositivos com 1Hz são incapazes de avaliar movimentos com duração menor que 
1 segundo (Cummins et al., 2013). Os estudos sugerem que quanto maior for a 
frequência maior será a validade ao investigar a distância e a velocidade (Aughey, 
2011; Varley et al., 2012). No entanto, as unidades com 15Hz não apresentam 
benefícios adicionais aos encontrados em 10Hz, sugerindo que este último é 
sensível o suficiente para captar as ações intensas e mudanças de direção que 
ocorrem nos esportes coletivos (Scott et al., 2016). 
A validade e reprodutibilidade dos aparelho de GPS (Coutts e Duffield, 2010; 
Aughey, 2011; Castellano et al., 2011; Varley et al., 2012), bem como sua utilização 
no futebol está bem documentada (Barbero-Alvarez et al., 2010; Cummins et al., 
2013; Varley e Aughey, 2013; Mallo et al., 2015). Entre as variáveis mais utilizadas 
por treinadores e cientistas esportivos estão a distância total percorrida, a distância 
percorrida em diferentes zonas de velocidade, a velocidade máxima atingida e o 
número de acelerações e desacelerações. Entretanto, a falta de padronização dos 
limiares de velocidade referentes a cada zona e dos descritores de cada atividade 
dificultam a comparação entre os estudos (Cummins et al., 2013). 
A natureza intermitente e imprevisível do deslocamento realizado no futebol 
não permite a classificação de um dos métodos citados acima (vídeo análise, multi-
cameras e GPS) como padrão ouro para análise do deslocamento. Todos são 
capazes de detectar quedas no rendimento ao longo da partida, entretanto, grande 
diferença ocorre na determinação da distância absoluta e relativa. Dessa forma, 
 
 
27 
cuidado deve ser tomado ao comparar resultados obtidos através de estudos 
utilizando diferentes sistemas de análise (Randers, 2010). 
 
2.3 CARACTERÍSITCAS DOS DESLOCAMENTOS REALIZADOS NO JOGO DE 
FUTEBOL 
 
O futebol é um esporte intermitente, caracterizado por atividades acíclicas, 
representadas por mudanças de intensidade, direção e do padrão de movimento. O 
perfil dessas ações está diretamente relacionado ao envolvimento do atleta com o 
jogo, de modo que a maior parte do deslocamento é realizado em caminhada e trote 
(Bradley et al., 2009). Desta forma, a frequência cardíaca (FC) varia entre 80 a 90% 
da máxima e o consumo máximo de oxigênio (VO2máx) atinge valores próximos de 
70 a 80% do seu total (Stolen et al., 2005). Essa natureza submáxima faz com que o 
fornecimento energético seja predominantemente aeróbio (Bangsbo et al., 2006). 
Além das ações de baixa intensidade já citadas, os atletas realizam 
acelerações, sprints, saltos e gestos técnicos, caracterizados por alta intensidade e 
curta duração, necessitando assim do sistema anaeróbio para o suprimento 
energético (Bangsbo et al., 2007). Essas informações fornecem subsídios para 
elaboração de avaliações e programas de treinamento específicos, demonstrando a 
importância de estudos que quantifiquem o deslocamento e investiguem a demanda 
fisiológica imposta ao atleta (Castellano et al., 2014). 
Ao longo dos anos tais trabalhos foram desenvolvidos em países como: 
Austrália, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Suécia, Japão, Itália, Espanha e Inglaterra 
(Sarmento et al., 2014). No entanto, a grande maioria não contava com o aparato 
tecnológico disponibilizado hoje e consequentemente sua precisão (Cummins et al., 
2013; Castellano et al., 2014). Independentemente do método utilizado, é consenso 
geral que a distância total percorrida (DTP) em um jogo de futebol varia entre 9 a 
12km (TABELA 2), com valores chegando a 14km em algumas investigações 
(Cummins et al., 2013; Castellano et al., 2014; Sarmento et al., 2014). 
 
 
 
 
 
28 
TABELA 2 – RESUMO DA DISTÂNCIA TOTAL PERCORRIDA ENCONTRADO EM ESTUDOS 
DESCRITIVOS 
Referências Competição Método DTP (m) ± DP 
(Bradley et al., 2009) English Premier 
League 
Multicameras 10714 
(Di Salvo et al., 2007) Spanish Premier 
League e Chapions 
League 
Multicameras: 11393 ± 1016 
(Mallo et al., 2015) Spanish “La Liga” GPS 1Hz 10793 ± 1153 
(Mascherini et al., 
2014) 
Sexta divisão da Italian 
Football League 
GPS 10Hz 9256 ± 385 
DTP, distância total percorrida; DP, desvio padrão. 
 
Alguns fatores como a posição do atleta (Bradley, 2009), o nível da 
competição (Bradley, 2013; Di Salvo, 2012), o período da temporada (Rampinini, 
2007), a carga de treinos semanal (Barker, 2016) e o nível do adversário enfrentado 
(Rampinini, 2009) interferem na distância final. Outros como a posse de bola 
(Bradley, 2013), o número de jogos semanais (Djaoui, 2014) e fatores contextuais 
como local e resultado do jogo (Bush, 2015) apresentam limitado impacto. Já a 
organização tática é um tema controverso, alguns autores encontraram interferência 
(Tierney, 2016) enquanto outros não (Bradley, 2011). Essas informações estão 
melhor representadas na tabela 3. 
 
 
 
29 
TABELA 3 – RESUMO DA DISTÂNCIA TOTAL PERCORRIDA ENCONTRADO EM ESTUDOS COMPARATIVOS 
Referências Objetivo do 
estudo 
Competição Método DTP (m) ± DP 
 Zagueiros Laterais Volantes Meio 
campistas 
Atacantes 
(Bradley et al., 
2009) 
Determinar o perfil 
de deslocamento 
English Premier 
League 
Multicameras 9885 ± 555 10710 ± 589 11450 ± 608 11535 ±933 10314 ± 1175 
 Primeira divisão Segunda divisão Terceira divisão 
(Bradley, 
Carling, et al., 
2013) 
Comparar o 
deslocamento 
entre três padrões 
de competição 
FA Premier 
League, 
Championship e 
League 1 
Multicameras 10722 ± 978 11429 ± 816 11607 ± 737 
 Primeira divisão Segunda divisão 
(Di Salvo et al., 
2013) 
Comparar o 
deslocamento 
entre dois padrões 
de competição 
English Premier 
League e 
Championship 
Multicameras 10746 ± 964 11102 ± 916 
 Início da temporada Meio da temporada Final da 
temporada 
(Rampinini, 
Coutts, et al., 
2007) 
Examinar as 
variações do 
deslocamento 
durante a 
temporada. 
UEFA European 
Champions 
League, National 
Cup e National 
League 
 
 
Multicameras 10617 ± 769 10827 ± 616 10921 ± 753 
 
 
30 
Referências Objetivo do 
estudo 
Competição Método DTP (m) ± DP 
 Semana Padrão Semana com carga 
reduzida 
 
(Fessi et al., 
2016) 
Examinar o efeito 
da redução da 
carga de treino 
semanal no 
deslocamento 
Stars League Multicameras 8643 ± 745 9612 ± 1281 
 Contra equipes 
melhores 
 Contra equipes 
piores 
 
(Rampinini, 
Coutts, et al., 
2007) 
Investigar a 
influência da 
qualidade do 
adversário no 
deslocamento 
UEFA European 
Champions 
League, National 
Cup e National 
League 
Multicameras 11097 ± 778 10897 ± 760 
 5 primeiros 
colocados 
 5 últimos colocados 
(Rampinini et 
al., 2009) 
Comparar o 
deslocamento dos 
5 primeiros 
colocados com os 
5 últimos 
colocados no 
ranking final. 
 
Italian Serie A Multicameras 11647 12190 
Continuação 
 
 
31 
Referências Objetivo do 
estudo 
Competição Método DTP (m) ± DP 
 Baixa posse de 
bola 
 Alta posse de bola 
(Bradley, Lago-
Penas, et al., 
2013) 
Examinar o efeito 
da posse de bola 
no deslocamento 
 
English Premier 
League 
Multicameras 10778 ± 979 10690 ± 996 
 Semana 
congestionada 
 Semana não 
congestinada 
 
(Djaoui et al., 
2014) 
Examinar o 
deslocamento 
durante 
sucessivas 
semanas de jogos 
congestionados 
 
French League 
1, FrenchCup e 
UEFA Chmpions 
League 
Multicameras 10974 ± 915 10736 ± 824 
 4-4-2 4-3-3 3-5-2 3-4-3 4-2-3-1 
(Tierney et al., 
2016) 
Determinar o 
padrão de 
deslocamento dos 
5 esquemas 
táticos mais 
utilizados no 
futebol 
 
NR 
Apenas fala que 
é do futebol 
inglês 
GPS 10Hz 10131 ± 583 10284 ± 879 10528 ± 565 10168 ± 449 10044 ± 538 
Continuação 
 
 
32 
Referências Objetivo do 
estudo 
Competição Método DTP (m) ± DP 
 4-4-2 4-3-3 4-5-1 
(Bradley et al., 
2011) 
Examinar o efeito 
do esquema tático 
no deslocamento 
English Premier 
League 
Multicameras 10697 ± 945 10786 ± 1041 10613 ± 1104 
 2006/2007 2012/13 
(Barnes et al., 
2014) 
Investigar a 
evolução física 
durante 7 
temporadas 
English Premier 
League 
Multicameras 10679 10881 
DTP, distância total percorrida; DP, desvio padrão; NR, não reportado. 
Continuação 
 
 
33 
Por mais que a DTP apresente variações em virtude dos motivos citados 
acima, nos últimos anos ela praticamente não aumentou (Barnes et al., 2014). A 
evolução está ocorrendo na forma de se deslocar, de modo que o jogo está cada 
vez mais intenso (Bush, M. et al., 2015; Bradley et al., 2016). Tal modificação é 
visível quando fracionamos o deslocamento em zonas de velocidade. No entanto, a 
falta de padronização dos limiares referentes a cada atividade e até mesmo a 
nomenclatura utilizada para se referir a cada zona dificultam a comparação entre os 
estudos (Mackenzie e Cushion, 2013; Castellano et al., 2014). 
Bradley et al (2009) realizaram interessante classificação categorizando o 
deslocamento conforme consta na tabela 4: 
 
TABELA 4 – CLASSIFICAÇÃO DO DESLOCAMENTO EM DIFERENTES ZONAS DE VELOCIDADE 
Parado 0 – 0,6km/h 
Caminhada 0,7 – 7,1km/h 
Trote 7,2 – 14,3km/h 
Corrida 14,4 – 19,7km/h 
Corrida rápida 19,8 – 25,1km/h 
Sprint >25,1km/h 
HIR >14,4km/h 
VHIR >19,8km/h 
FONTE: Bradley et al., 2009; HIR, corrida em alta velocidade; VHIR, corrida em velocidade muito alta 
 
Com base nessa divisão e utilizando valores relativos, podemos constatar que 
durante 5,6% do tempo total do jogo os atletas permanecem parados e que durante 
85,9% dos 90 minutos o jogador apenas caminha ou trota até 14,3km/h. Já as ações 
acima de 14,4km/h, responsáveis pelos momentos decisivos da partida, ocorrem em 
apenas 9% do tempo total (Bradley et al., 2009; Di Mascio e Bradley, 2013). Essas 
informações estão melhor representadas no Gráfico 1. 
 
 
 
 
 
 
 
34 
GRÁFICO 1 – PERFIL DO DESLOCAMENTO REALIZADO EM JOGOS DA PRIMEIRA DIVISÃO DO 
FUTEBOL INGLÊS – VALORES RELATIVOS 
FONTE: Adaptado de Bradley et al (2009) 
 
Em termos absolutos, observamos que fatores como o nível competitivo 
(Bradley, 2013; Di Salvo, 2012) e a posição tática (Bradley et al., 2009) interferem na 
forma de se deslocar. O gráfico 2 demonstra os valores médios de deslocamento em 
diferentes zonas de velocidade, percorridos por equipes de três divisões do 
campeonato inglês (Bradley, Carling, et al., 2013). 
 
GRÁFICO 2 – PERFIL DOS DESLOCAMENTOS REALIZADOS NAS 3 PRINCIPAIS DIVISÕES DO 
FUTEBOL INGLÊS – VALORES ABSOLUTOS 
FONTE: Adaptado de Bradley, Carling et al., 2013 
 
Com base nos resultados, podemos observar que os atletas que disputam as 
divisões inferiores percorrem maior distância total e maior distância em alta 
velocidade que os atletas de elite. Este estudo realizou ainda avaliações físicas e 
analisou os gestos técnicos durante as partidas. O desempenho na avaliação física 
 
 
35 
foi semelhante entre os três padrões competitivos, indicando que apesar de 
apresentarem o mesmo nível físico, atletas das divisões inferiores percorrem maior 
distância total e maior distância em alta velocidade. Uma possível explicação para 
isso pode estar na análise técnica, uma vez que equipes de elite apresentaram 4-
39% mais ações de sucesso, tais como passes completos, bolas recebidas e 
número de toques por posse de bola, indicando que atletas com menor padrão 
competitivo realizam maior esforço físico para compensar deficiências técnicas 
(Bradley, Carling, et al., 2013). 
Com relação a posição tática, meio campistas e laterais percorrem maiores 
distâncias que atacantes e zagueiros (Bradley et al., 2009; Di Salvo et al., 2009). 
Além disso, meio campistas e zagueiros percorrem respectivamente as maiores e as 
menores distâncias acima de 19,8km/h durante o jogo (Di Salvo et al., 2009). A 
interferência da posição tática na forma de se deslocar foi também verificada através 
das modificações sofridas nas exigências técnicas e físicas em atletas 
desempenhando função diferente da sua de origem (como exemplo, um zagueiro de 
ofício jogando na lateral), demonstrando que o padrão do deslocamento é 
característico da posição e não do atleta (Schuth et al., 2016). 
 
GRÁFICO 3 – PERFIL DO DESLOCAMENTO REALIZADO POR JOGADORES DE DIFERENTES 
POSIÇÕES TÁTICAS – VALORES ABSOLUTOS 
FONTE: Adaptado de Bradley, Carling et al., 2013 
 
Como citado anteriormente, a partida de futebol tem se tornado mais intensa 
ao longo das temporadas (Barnes et al., 2014). No entanto, mais uma vez a falta de 
padronização para classificar o que é alta velocidade dificulta a comparação entre os 
estudos (Mackenzie e Cushion, 2013; Castellano et al., 2014). Alguns autores 
adotam distâncias acima de 13 km/h (Rebelo et al., 2014; Fernandes-Da-Silva et al., 
 
 
36 
2016), outros deslocamentos acima de 14,4km/h (Bradley et al., 2010; Bradley e 
Noakes, 2013), há quem considere valores acima de 15km/h (Mohr et al., 2003; 
Krustrup et al., 2005) e quem utilize deslocamentos superiores a 19,8km/h (Barnes 
et al., 2014; Bush, M. et al., 2015; Fessi et al., 2016). 
A investigação dessas ações apresenta grande importância pois permite 
diferenciarmos o nível dos atletas (Bradley et al., 2010) e possui forte relação com o 
status do treinamento, sendo um válido indicador do condicionamento físico 
(Krustrup et al., 2003; Krustrup et al., 2005). Estudos utilizando a distância acima de 
14,4km/h como parâmetro para alta intensidade verificaram a variação desse 
deslocamento ao longo da temporada, encontrando os maiores valores no período 
final (Rampinini, Coutts, et al., 2007). Valores mais elevados também foram 
encontrados em equipes de menor sucesso no ranking final da competição quando 
comparadas as de maior sucesso (Rampinini et al., 2009), corroborando com os 
achados de Bradley (2013), já citados na investigação do perfil de deslocamento. 
Alguns dados de investigações utilizando a HIR estão presentes na tabela 5. 
 
TABELA 5 – DISTÂNCIA PERCORRIDA EM ALTA VELOCIDADE (ACIMA DE 14,4Km/h) DURANTE 
JOGOS OFICIAS 
Referências Competição Método DTP (m) ± DP 
 Início da 
tempora 
Meio da 
temporada 
Final da 
temporada 
(Rampinini, 
Coutts, et al., 
2007) 
Champions, 
Cup e League 
Multicameras 2456 ± 533 2544 ± 441 2738 ± 527 
 Contra equipes 
melhores 
 Contra 
equipes 
piores 
(Rampinini, 
Coutts, et al., 
2007) 
Champions, 
Cup e League 
Multicameras 2770 ± 528 2630 ± 536 
 Equipes de 
nível 
internacional 
 Equipes de 
nível 
doméstico 
(Bradley et al., 
2010) 
NR Multicameras 2520 ± 332 2745 ± 678 
UEFA European Champions League, National Cup, National League, NR, não reportado 
 
 
 
37 
Devido à importância do deslocamento em alta velocidade para o resultado da 
partida (Di Salvo et al., 2009; Rampinini et al., 2009; Bradley, Carling, et al., 2013; 
Vigne et al., 2013), alguns autores optam por utilizar limiares de velocidade ainda 
mais elevados, tais como a distância acima de 19,8km/h, em suas investigações. A 
distância média percorrida nessa zona de velocidade evoluiu aproximadamente 30% 
ao longo de 7 temporadas da English Premier League, enquanto a distância total 
recebeu acréscimos de apenas 2% (Barnes et al., 2014). Fatores como o esquema 
tático (Tierney et al., 2016), o nível da competição (Bradley, Carling,et al., 2013), a 
classificação da equipe na competição (Rampinini et al., 2009), o período da 
temporada (Rampinini, Coutts, et al., 2007) e a carga de treinos semanal (Fessi et 
al., 2016) contribuem para as variações nessa distância. Estas informações estão 
descritas na tabela 6. 
 
 
 
38 
TABELA 6 – DISTÂNCIA PERCORRIDA EM VELOCIDADE MUITO ALTA (ACIMA DE 19,8Km/h) DURANTE JOGOS OFICIAIS DE FUTEBOL 
Referências Objetivo do 
estudo 
Competição Método DTP (m) ± DP 
 4-4-2 4-3-3 3-5-2 3-4-3 4-2-3-1 
(Tierney et al., 
2016) 
Determinar o 
padrão de 
deslocamento dos 
5 esquemas 
táticos mais 
utilizados no 
futebol 
NR 
 
Apenas fala que 
é do futebol 
inglês 
GPS 10Hz 497 ± 175 514 ± 204 642 ± 215 551 ± 171 538 ± 174 
 Primeira 
divisão 
 Segunda divisão Terceira 
divisão 
(Bradley, 
Carling, et al., 
2013) 
Comparar o 
deslocamento 
entre três padrões 
de competição 
FA Premier 
League, 
Championship e 
League 1 
Multicameras 929 ± 305 1111 ± 348 1242 ± 305 
 5 primeiros 
colocados 
 5 últimos 
colocados 
 
(Rampinini et 
al., 2009) 
Comparar o 
deslocamento dos 
5 primeiros 
colocados com os 
5 últimos 
colocados 
 
Italian Serie A Multicameras 1196 1309 
 
 
39 
Referências Objetivo do 
estudo 
Competição Método DTP (m) ± DP 
 Início da 
temporada 
 Meio da 
temporada 
 Final da 
temporada 
(Rampinini, 
Coutts, et al., 
2007) 
Examinar as 
variações do 
deslocamento 
durante a 
temporada. 
UEFA European 
Champions 
League, National 
Cup e National 
League 
Multicameras 813 ± 231 829 ± 193 977 ± 213 
DTP, distância total percorrida; DP, desvio padrão; NR, não reportado. 
Continuação 
 
 
40 
Outra evolução ocorrida no futebol está presente nas ações mais intensas, 
conhecidas como sprints (Martinez-Santos et al., 2016). Essa zona de velocidade 
pode ser composta por deslocamentos acima de 25,1km/h e representada por ações 
explosivas (caracterizadas por uma rápida aceleração) e por ações progressivas 
(caracterizadas por uma aceleração gradual) (Di Salvo et al., 2010). A distância 
percorrida nesta zona e o número de esforços realizados durante o jogo 
aumentaram respectivamente 35% e 85% quando comparadas a temporada 2012-
13 com a temporada 2006-07 da English Premier League, demonstrando mais uma 
vez o acréscimo da intensidade do jogo (Barnes et al., 2014). 
Com relação as características dos sprints, a maior concentração dessas 
ações está nas menores distâncias, de modo que o número total de sprints 
realizados durante o jogo reflete praticamente o número de sprints curtos (0 a 10m) 
(Di Salvo et al., 2009). Além disso, o número de sprints acima de 20m diminuiu ao 
longo dos anos, demonstrando que o futebol está exigindo cada vez mais ações 
curtas e intensas (Di Salvo et al., 2009; Di Salvo et al., 2010). Outra característica 
interessante é que o pico médio de velocidade encontrado em uma partida é 
27,5km/h, podendo chegar a 32km/h (Haugen et al., 2014). Além disso, o tempo 
médio de recuperação entre cada estímulo é superior a 60 segundos. Esses 
resultados geram implicações sobre a necessidade da aplicação de testes de sprints 
repetido (Carling et al., 2012; Di Mascio e Bradley, 2013). 
 
2.4 RELAÇÃO ENTRE A APTIDÃO FÍSICA E OS DESLOCAMENTOS 
REALIZADOS NO FUTEBOL 
 
A literatura aponta uma grande variedade de estudos investigando a relação 
entre a aptidão física (através de testes de laboratório e de campo) e o 
deslocamento no futebol. No entanto, o nível de treinamento das amostras é 
bastante variado, com pouca informação sobre atletas de elite (Krustrup et al., 2005; 
Castagna et al., 2010; Rebelo et al., 2014; Mohr e Krustrup, 2016). 
Entre os testes de laborátorio, foi verificado que o VO2máx apresenta relação 
com a distância total percorrida por árbitros (r = 0,50, p<0,05) e por atletas 
profissionais (r = 0,52, p<0,05) (Krustrup e Bangsbo, 2001; Krustrup et al., 2003). No 
entanto, quando a amostra foi composta por mulheres a correlação não foi 
observada (r = 0,20, p = 0,5) (Krustrup et al., 2005). Outra associação investigada foi 
 
 
41 
a do consumo máximo de oxigênio com as ações de alta intensidade realizadas por 
jovens, não sendo encontrada correlação com a distância entre 13 e 18km/h (r = 
0,00, p=0,99), tampouco com distância acima de 18km/h (r = 0,15, p=0,49) (Rebelo 
et al., 2014). 
Seguindo para as avaliações de campo, Mohr et al (2016), utilizaram atletas 
de elite para demonstrar a relação entre o YoYo IR1 e a DTP (r = 0,76, p<0,05). O 
mesmo já havia sido feito com jovens (r = 0,65, p=0,002), mulheres (r = 0,56; 
p<0,05) e árbitros (r = 0,66; p<0,05) (Krustrup e Bangsbo, 2001; Krustrup et al., 
2005; Castagna et al., 2010). Além da distância total, o YoYo IR1 apresenta relação 
com a distância acima de 13km/h (r = 0,73; p<0,01) (Castagna et al., 2010) e com a 
distância acima de 18km/h (r = 0,63; p=0,002) (Rebelo et al., 2014) 
A versão 2 do YoYo IR também está sendo estudada. Entretanto, apenas 
uma investigação foi desenvolvida no futebol (Mohr et al., 2016). Os autores 
encontraram relação com a distância percorrida acima de 14km/h (r = 0,63, p<0,05), 
com os 5 minutos de maior distância percorrida acima de 21km/h (r = 0,56, p<0,05) e 
com os 5 minutos de maior distância percorrida acima de 24km/h (r = 0,50, p<0,05). 
Os outros estudos foram realizadas com atletas de futebol australiano e tag (Hogarth 
et al., 2015a; b; Stein et al., 2015). 
A relação entre os testes de laboratório e de campo também foi alvo de 
estudo. Lizana et al (2014) demonstraram que o consumo máximo de oxigênio está 
relacionado ao desempenho no YoYo IR1 (r = 0,52, p<0,01). Essa relação também 
foi apontada por Karakoç et al (2012) (r = 0,56, p<0,05). Já Rampinini et al (2010) e 
Krustrup et al (2006) investigaram a relação entre o VO2máx e o YoYo IR2, 
encontrando associação entre os testes. 
Como demonstrado, vários estudos foram realizados. No entanto, nenhuma 
pesquisa utilizou GPS de alta precisão em suas coletas. Esse detalhe é 
fundamental, uma vez que os sistemas de análise de deslocamento apresentam 
resultados diferentes para a mesma investigação, impossibilitando a comparação 
dos resultados (Randers et al., 2010) e que apenas o GPS de 10Hz apresenta 
sensibilidade suficiente para captar as ações intensas que ocorrem na partida de 
futebol (Varley et al., 2012). 
 
 
 
 
 
42 
3 METODOLOGIA 
 
3.1 DESENHO DO ESTUDO 
 
O delineamento do presente estudo classifica-se como transversal 
correlacional e foi desenvolvido em uma equipe de futebol profissional durante o 
período competitivo, buscando aproximar ao máximo a execução dos testes com a 
participação nos jogos. Os procedimentos realizados foram divididos em duas fases: 
A FASE 1 foi destinada aos testes físicos e desenvolvida em três dias 
consecutivos no mesmo horário para que possíveis interferências fossem evitadas. 
Todos os participantes foram submetidos a uma avaliação antropométrica, seguida 
dos testes de velocidade de 10, 20, 30m e do YoYo IR2. No segundo dia foi 
realizado o YoYo IR1. Já o terceiro dia foi destinado ao teste de esforço máximo em 
esteira para a determinação do VO2máx. Durante este período os atletas tiveram 
sua rotina de treinos suspensa e apenas os testes foram realizados. 
Durante a FASE 2 ocorreu o monitoramento de 22 jogos oficiais do 
campeonato paranaense e brasileiro. Os dados referentes a distância total 
percorrida (DTP), a distância percorrida acima de 14,4km/h (HIR), a distância 
percorrida acima de 19,8km/h (VHIR) e velocidade máxima atingida nos jogos foram 
coletados através da utilização do GPS Minimax 10Hz pelos atletas. 
 
3.2 PARTICIPANTES 
 
A amostra foi composta intencionalmente por 20 atletas de futebol do sexo 
masculino pertencentes à categoria profissional (idade: 26,9 ± 3,3 anos, massa 
corporal: 78,9 ± 6,0 kg, estatura: 180,2 ± 59 cm, %G:10,2 ± 0,9), dividos em 
zagueiros (n = 4), laterais (n = 4), volantes (n = 4), meio campistas (n = 4) e 
atacantes (n = 4). 
Todos os avaliados foram informados textual e verbalmente sobre os 
objetivos e a metodologia deste estudo, aqueles que estiveram dispostos a participar 
assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido. Com o intuito de manter 
sigilo das informações coletadas, cada indivíduo simbolicamente foi identificado por 
uma numeração. Todos os procedimentos foram desenvolvidos em conformidade 
 
 
43 
com a Resolução Nº 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde sobre pesquisas 
envolvendo seres humanos, bem como todos os procedimentos foram aprovados 
pelo Comitê de Ética em pesquisa da Universidade Federal do Paraná sob o 
protocolo de parecer: 1671698. 
O contato com os atletas foi feito por intermédio prévio dos membros da 
comissão técnica. Após assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido, os 
atletas foram submetidos aos procedimentos metodológicos da presente pesquisa. 
 
3.3 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO 
 
O participante precisava ser atleta profissional de futebol, envolvido 
regularmente em treinamento, apresentar experiência em competições oficiais e não 
ter se afastado dos treinos por lesão ou qualquer outro motivo durante as 4 últimas 
semanas que antecederam o teste e os jogos. 
Caso o atleta não participasse integralmente do jogo oficial não teria o dado 
desta partida computado. Além disso, cada atleta teve os dados de dois jogos 
analisados para evitar as variações do deslocamento típicas do jogo (Bradley e 
Noakes, 2013; Bush, M. D. et al., 2015; Carling et al., 2016). Devido às 
especificidades da posição, os goleiros foram excluídos da pesquisa. 
Durante as partidas somente os dados referentes a presença de pelo menos 
8 satélites durante a utilização dos GPS foram incluídos (Varley et al., 2012). Estas 
informações foram obtidas através do software próprio do sistema de GPS (Sprint 
5.1, Catapult Sports, Melbourne, Australia). 
 
3.4 LIMITAÇÕES METODOLÓGICAS 
 
 Foram monitorados 22 jogos oficiais do campeonato paranaense e brasileiro. 
No entanto, possuíamos apenas 4 dispositivos de GPS. Desta forma, no máximo 4 
atletas foram avaliados por partida. Além disso, alguns dados foram perdidos devido 
às substituições de atletas que ocorrem durante os jogos e algumas falhas no 
dispositivo de GPS. 
 
 
 
 
 
44 
3.5 PROCEDIMENTOS DO ESTUDO 
 
3.5.1 Medidas antropométricas e composição corporal 
 
As medidas antropométricas foram realizadas seguindo procedimento padrão, 
aplicado por um único avaliador com experiência (Lohman et al., 1992). O peso 
corporal foi obtido através da utilização de uma balança para uso profissional com 
precisão de 100g (Filizola, São Paulo, Brasil). Para a determinação da estatura foi 
utilizado um estadiômetro (Sanny®) com precisão de 0,1 cm. As medidas de dobras 
cutâneas foram mensuradas utilizando o plicômetro científico com precisão de 0,1 
mm (Cescorf®, Porto Alegre, Brasil). Para a determinação do percentual de gordura 
corporal foi utilizada a equação de Faulkner, representada pela seguinte fórmula: 
%GC = 5,783 + 0,153 x (SE + TR + SI + AB), sendo SE = subescapular, TR = 
tricipital, SI = supra-ilíaca, AB = abdominal. 
 
FIGURA 1 – AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA 
Fonte: O autor (2016) 
 
 
 
 
 
45 
3.5.2 Velocidade 10, 20 e 30 metros 
 
O teste consiste em o avaliado percorrer no menor tempo possível a distância de 
10m. Cada participante realizou 2 tentativas intercaladas por 2 minutos de 
recuperação. O menor tempo foi utilizado para o cálculo do resultado através da 
seguinte fórmula: velocidade = variação do espaço / variação o tempo. O resultado 
foi expresso em metros/segundo (m/s). Os tempos foram registrados através de 
fotocélulas (Cefise®, Brasil) localizadas no início e no fim do percurso. Os jogadores 
ficaram posicionados 1 metro antes da primeira fotocélula, iniciando a corrida de 
forma padronizada. Além disso, todos estavam utilizando chuteiras para que as 
condições fossem condizentes com as de jogo. Os mesmos procedimentos foram 
utilizados para os testes de 20m e 30m (Little e Williams, 2005; Haugen et al., 2013; 
Ferro et al., 2014). 
 
FIGURA 2 – AVALIAÇÃO DA VELOCIDADE 
Fonte: O autor (2016) 
 
 
 
 
 
 
 
 
46 
3.5.3 YoYo intermittent recovery test level 1 
 
Todos os atletas eram familiarizados com a execução do teste antes de sua 
realização. O objetivo desta avaliação é determinar a máxima ativação do sistema 
aeróbio. Sua execução consiste em os avaliados percorrerem repetidamente 2 x 
20m (indo e voltando) acompanhando um ritmo sonoro que determina a velocidade. 
A cada repetição os participantes têm 10 segundos de recuperação. A velocidade 
aumenta progressivamente e o teste é encerrado por desistência voluntária ou 
quando o indivíduo não consegue atingir a linha de chegada dentro do ritmo sonoro 
por duas vezes consecutivas. O resultado do teste é a distância percorrida (Krustrup 
et al., 2003; Bangsbo et al., 2008). 
 
 
FIGURA 3 – DEMARCAÇÃO DE ESPAÇOS – YoYo IR1 e YoYo IR2 
 
3.5.4 YoYo intermittent recovery test level 2 
 
Apresenta organização semelhante ao yoyo intermittent recovery 1, através 
da repetição de 2 x 20m indo e vindo, intercaladas por 10 segundos de recuperação. 
No entanto, apresenta maior velocidade inicial. Este teste busca avaliar a habilidade 
que o atleta tem de se recuperar de um exercício repetido com alta contribuição do 
sistema anaeróbio. A avaliação é encerrada por desistência voluntária ou quando o 
participante não consegue por duas vezes consecutivas cruzar a linha dentro do 
ritmo sonoro. A distância percorrida é o resultado do teste (Krustrup et al., 2006; 
Bangsbo et al., 2008). 
 
 
 
47 
 
FIGURA 4 – ATLETAS RECEBENDO INTRUÇÕES FINAIS ANTES DA EXECUÇÃO DO YoYo IR 
Fonte: O autor (2016) 
 
3.5.5 Teste de esforço máximo em esteira 
 
Este teste terá por objetivo determinar o consumo máximo de oxigênio 
(VO2máx), a velocidade associada ao VO2máx (vVO2) e a frequência cardíaca 
máxima (FCmáx). A avaliação foi realizada em uma esteira ergométrica (Master 
Super ATL, Inbramed, Porto Alegre, Brasil). A determinação dos parâmetros 
fisiológicos (FC e VO2) foi realizada com o auxílio de um analisador de gases portátil 
(K4 b2, Cosmed, Roma, Itália), coletando os dados respiração a respiração (breath 
by breath). A FC (bpm) foi mensurada a cada 5 segundos, durante todo o teste, 
usando um sistema de monitoramento Polar (Polar Electro™, Oy, Finlândia). O 
protocolo utilizado foi escalonado com inclinação constante de 1%, velocidade inicial 
de 8 km/h e incrementos de 1 km/h a cada minuto. O teste foi encerrado por vontade 
do avaliado. Este protocolo foi semelhante ao observado em outros estudos 
utilizando jogadores de futebol (Di Paco et al., 2014; Manzi et al., 2014). A FCmáx foi 
definida como a maior FC apresentada durante todo o período do teste. Já o 
VO2máx foi definido como o valor médio de consumo de oxigênio (VO2) no último 
estágio completo do teste incremental. Para a determinação final do VO2máx foi 
considerado pelo menos um dos seguintes critérios: (a) um platô no VO2 (variações 
< que 150 ml/min nas últimas três médias consecutivas de 20 seg.); (b) uma razão 
 
 
48 
de troca respiratória (RER) ≥ 1,10; e (c) uma FCmáx dentro de ± 10 bpm da FCmáx 
predita para a idade. Há de se ressaltar que todos os atletas foram submetidos 
anteriormente à avaliação cardiológica, estando aptos à prática esportiva de alta 
intensidade. 
 
 
FIGURA 5 – EXECUÇÃO DO TESTE INCREMENTAL DE ESTEIRA PARA VERIFICAÇÃO DO 
VO2máx 
Fonte: O autor (2016) 
 
 
 
49 
 
FIGURA 6 – ACOMPANHAMENTO DAS RESPOSTAS FISIOLÓGICAS DURANTE EXECUÇÃO DO 
TESTE DE ESFORÇO MÁXIMO EM ESTEIRA 
Fonte: O autor (2016) 
 
3.5.6 Análise dos jogos 
 
Foram avaliados 22 jogos oficiais do campeonato paranaense e brasileiroatravés 
da utilização de dispositivos de GPS. Cada jogo teve a duração de 2 tempos de 45 
minutos intercalados por 15 minutos de intervalo. Antes de cada partida os atletas 
realizaram aquecimento padronizado e específico (sob responsabilidade da 
comissão técnica), consistindo em movimentos articulares, exercícios de 
alongamento, estímulos curtos de velocidade e atividades técnicas. 
O deslocamento foi quantificado através de unidades de GPS com frequência de 
10Hz (MinimaxX; Catapult Innovations, Austrália). Esta tecnologia fornece 
informações referentes a velocidade, distância percorrida e aceleração, sendo 
extensivamente utilizada nos esportes e fornecendo uma estimativa válida e 
confiável da carga física (Coutts e Duffield, 2010; Varley et al., 2012). 
Os dispositivos foram ligados 20 minutos antes de cada partida em local aberto 
para aquisição dos sinais de satélite (Varley et al., 2012). Antes de entrarem em 
campo, os dispositivos eram colocados na parte superior das costas em um colete 
 
 
50 
de neoprene para evitar o movimento do dispositivo durante o jogo. Os atletas foram 
familiarizados com a utilização GPS antes de sua utilização nos jogos oficiais. 
 
FIGURA 7 – COLETE UTILIZADO PARA A SUSTENTAÇÃO DO GPS DURANTE JOGO OFICIAL 
Fonte: O autor (2016) 
 
Os dados foram compilados e analisados através do software Sprint 5.1 
fornecido pelo fabricante do GPS (Catapult Sports, Melbourne, Australia). O 
deslocamento foi classificado em 5 categorias locomotoras: Caminhada (0,7 - 
7,1km/h), Trote (7,2-14,3 Km/h), Corrida (14,4-19,7 Km/h), Corrida rápida (19,8-25,1 
Km/h) e Sprint (>25,1 Km/h) (Bradley et al., 2009; Mallo et al., 2015). 
As seguintes distâncias foram analisadas: 1) Distância total percorrida (DTP); 2) 
Distância percorrida em alta velocidade (distância percorrida acima de 14,4km/h, 
HIR); 3) Distância percorrida em velocidade muito alta (distância percorrida acima de 
19,8km/h, VHIR). Além disso, foi verificada a velocidade máxima atingida durante a 
partida. Os jogadores foram categorizados de acordo as seguintes posições táticas 
assumidas na equipe: zagueiros, laterais, volantes, meio campistas e atacantes 
(Bradley et al., 2009; Carling et al., 2012; Bradley, Carling, et al., 2013; Mallo et al., 
2015). 
 
 
51 
 
FIGURA 8 – UTILIZAÇÃO DO GPS DURANTE JOGO OFICIAL 1 
Fonte: O autor (2016) 
 
 
FIGURA 9 – UTILIZAÇÃO DO GPS DURANTE JOGO OFICIAL 2 
Fonte: O autor (2016) 
 
 
 
 
 
52 
3.6 TRATAMENTO ESTATÍSTICO 
 
Os dados foram digitados em uma planilha do aplicativo do Microsoft Excel® 
(versão 2010). Em seguida, foram transportados para uma planilha do pacote 
estatístico SPSS® (versão 18). Inicialmente foram realizados os procedimentos da 
estatística descritiva (média, desvio padrão, valores mínimos e máximos), após isso 
foram analisados o padrão de distribuição dos dados através do teste de Shapiro-
Wilk (n<50). 
Para estabelecer o grau de correlação entre as variáveis determinadas nos 
testes com as demandas de movimentações durante o jogo foi utilizado a correlação 
linear de Pearson. Em todas as análises foram adotados como nível de significância 
p ≤ 0,05. Na interpretação dos valores de correlação, além da significância (p<0,05), 
os coeficientes de correlação (r) foram classificados em fraco (0,1 – 0,3), moderado 
(0,3 – 05), forte (0,5 – 0,7), muito forte (0,7 – 0,9), praticamente perfeito (>0,9) e 
perfeito (1) (Hopkins et al., 2009). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
53 
4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 
 
As características da amostra e os valores descritivos dos índices fisiológicos 
relacionados à capacidade aeróbia, obtidos através do teste de esforço máximo em 
esteira, estão descritos na tabela 7. 
 
TABELA 7 – CARACTERÍSITCAS ANTROPOMÉTRICAS E FISIOLÓGICAS DOS 
ATLETAS DE FUTEBOL OBTIDAS ATRAVÉS DE TESTES DE LABORATÓRIO 
 Média ± DP Mínimo Máximo 
Idade 26,9 ± 3,3 22,0 31,0 
Massa corporal (kg) 78,9 ± 6,0 70,3 95,6 
Estatura (cm) 180,2 ± 5,8 170,0 193,0 
%G 10,2 ± 0,9 9,0 12,3 
VO2máx (ml/kg/min) 54,5 ± 3,5 49,5 62,5 
vVO2máx (km/h) 15,7 ± 0,8 14,0 17,0 
FCmáx (bpm) 193,5 ± 3,5 189,0 199,0 
%G, percentual de gordura; VO2máx, consumo máximo de oxigênio; vvO2máx, velocidade associada 
ao consumo máximo de oxigênio; FCmáx, frequência cardíaca máxima; DP, desvio padrão. 
 
Os resultados dos testes de campo, entre eles, velocidade 10m, 20m e 30m e 
dos testes YoYo IR1 e YoYo IR2 estão na tabela 8. 
 
TABELA 8 – RESULTADOS DOS TESTES FÍSICOS REALIZADOS NO CAMPO 
 Média ± DP Mínimo Máximo 
Velocidade 10m (m/s) 6,06 ± 0,12 5,88 6,37 
Velocidade 20m (m/s) 7,05 ± 0,18 6,69 7,38 
Velocidade 30m (m/s) 7,42 ± 0,19 7,10 7,70 
YoYo IR1 (m) 2396 ± 226 1920 2720 
YoYo IR2 (m) 1326 ± 190 1040 1600 
YoYo IR1, yoyo intermittent recovery 1; YoYo IR2, yoyo intermittent recovery 2; DP, desvio padrão 
 
Os valores descritivos do deslocamento realizado durante o jogo estão 
presentes na tabela 9. 
 
 
 
54 
TABELA 9 – DESLOCAMENTOS REALIZADOS DURANTE OS JOGOS OFICIAIS 
DE FUTEBOL 
 Valores absolutos (m) Valores relativos (%) 
 Média ± SD Mínimo Máximo Média ± DP Mínimo Máximo 
DTP 10043 ± 963 7949 11401 100 - - 
Caminhada 4229 ± 401 3739 5249 42,5 ± 5,7 33,7 54,8 
Trote 3886 ± 672 2610 5205 38,5 ± 4,1 32,1 50,2 
Corrida 1309 ± 325 825 1903 12,9 ± 2,3 9,4 17,0 
Corrida rápida 489 ± 170 164 799 4,8 ± 1,4 2,0 7,1 
Sprint 130 ± 76 41 275 1,3 ± 0,7 0,4 3,0 
Vmáx (km/h) 29,5 ± 1 28 33 - - - 
DTP, distância total percorrida; Caminhada, 0,7 a 7,1km/h; Trote, 7,2 a 14,3km/h; Corrida, 14,4 a 
19,7km/h; Corrida rápida, 19,8 a 25,2km/h; Sprint, > 25,1km/h; Vmáx, velocidade máxima atingida no 
jogo; DP, desvio padrão. 
 
Os parâmetros de deslocamento em alta intensidade, caracterizados por 
ações acima de 14,4km/h e acima de 19,8km/h estão descritos na tabela 10. 
 
TABELA 10 – CARACTERÍSTICAS DAS AÇÕES DE ALTA INTENSIDADE 
 Média ± DP Mínimo Máximo 
Distância em HIR (m) 1928 ± 502 1069 2650 
Distância em VHIR (m) 619 ± 219 244 1008 
% HIR 19 ± 4 13 24 
% VHIR 6 ± 2 3 9 
Número de esforços em HIR 145 ± 32 83 190 
Número de esforços em VHIR 43 ± 14 17 64 
HIR, deslocamento em alta velocidade (>14,4km/h); VHIR, deslocamento em velocidade muito alta (>19,8km/h); 
DP, desvio padrão 
 
 
 
 
55 
4.1 RELAÇÃO ENTRE OS ÍNDICES FISIOLÓGICOS, OBTIDOS EM TESTES DE 
LABORATÓRIO, E OS DESLOCAMENTOS REALIZADOS NO JOGO DE 
FUTEBOL 
A tabela 11 apresenta as correlações observadas entre as respostas 
fisiológicas, obtidas através do teste de esforço máximo em esteira, e o 
deslocamento 
. 
TABELA 11 – CORRELAÇÃO ENTRE AS RESPOSTAS FISIOLÓGICAS E O 
DESLOCAMENTO 
 DTP 
(m) 
Caminhada 
(m) 
Trote 
(m) 
Corrida 
(m) 
Corrida 
rápida (m) 
Sprint 
(m) 
Vmáx 
(km/h) 
%G -0,36 -0,33 0,04 -0,37 -0,52** -0,38* -0,03 
VO2máx 
(ml/kg/min) 
0,71** -0,10 0,53** 0,62** 0,74** 0,52** 0,26 
vVO2máx 
(km/h) 
0,54** -0,08 0,34 0,57** 0,64** 0,36 -0,09 
FCmáx 
(bpm) 
0,11 -0,17 0,07 0,16 0,20 0,55** 0,43* 
%G, percentual de gordura; VO2máx, consumo máximo de oxigênio; vVO2máx, velocidade associada 
ao consumo máximo de oxigênio; FCmáx, frequência cardíaca máxima; DTP, distância total 
percorrida; Caminhada, 0,7 a 7,1km/h; Trote, 7,2 a 14,3km/h; Corrida, 14,4 a 19,7km/h; Corrida 
rápida, 19,8 a 25,2km/h; Sprint, > 25,1km/h; Vmáx, velocidade máxima atingida no jogo; *p<0,05, 
**p<0,01 
 
A tabela 12 demostra as correlações observadas entre as respostas 
fisiológicas e o percentual em cada zona de deslocamento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
56 
TABELA 12 – CORRELAÇÃO ENTRE AS RESPOSTAS FISIOLÓGICAS E O % DE 
DESLOCAMENTO EM CADA ZONA VELOCIDADE 
 % 
Caminhada 
% 
Trote 
% 
Corrida 
% Corrida 
rápida 
% 
Sprint 
%G 0,05 0,36 -0,33 -0,51* -0,35 
VO2máx 
(ml/kg/min) 
-0,57** 0,23 0,49* 0,63** 0,40* 
vVO2máx (km/h) -0,42* 0,07 0,48* 0,55** 0,27 
FCmáx (bpm) -0,19 0,00 0,15 0,21 0,55** 
%G, percentual

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