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Doença Parasitária (fatores inerentes e alterações) APRESENTAÇÃO Nessa unidade de aprendizagem, estudaremos as doenças parasitárias, definindo o agente etiológico e as principais alterações e sintomas que ocorrem no organismo humano. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar os principais fatores inerentes ao parasita e ao hospedeiro.• Definir as doenças parasitárias, identificando o parasita causador.• Reconhecer as principais alterações e sintomas de cada doença parasitária.• DESAFIO No Brasil, algumas doenças parasitárias se apresentam com maior relevância para a população e para a saúde coletiva. Diante disso, o Ministério da Saúde lança, periodicamente, um Guia de Bolso de doenças infecciosas e parasitárias no qual se destacam as doenças de interesse para a Vigilância Epidemiológica. Esse guia tem sido reconhecido pelos profissionais de saúde como um manual prático e de grande utilidade (Brasil, 2010). Com base nesse guia do Ministério da Saúde, você deverá: 1) Identificar cinco doenças parasitárias causadas por protozoários ou helmintos. 2) Identificar o agente causador (nome do parasita) dessas doenças. 3) Descrever o quadro clínico e as principais complicações que a doença causa no organismo humano. Para isso, acesse o seguinte arquivo: Guia de Bolso Doenças Parasitárias Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! INFOGRÁFICO Vejamos os fatores associados às doenças parasitárias: CONTEÚDO DO LIVRO As doenças parasitárias são causadas por diferentes espécies de parasitas que, dependendo da sua forma (larva, ovo, cisto, esporozoíto, etc), infectam os seres humanos e causam as manifestações clínicas. Aprofunde seu conhecimento com a leitura do capítulo Doença Parasitária (Fatores Inerentes e Alterações) da obra Mecanismos de agressão e defesa I: Imunologia e Parasitologia. Boa leitura. MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA I: IMUNOLOGIA E PARASITOLOGIA Juçara Gastaldi Cominal Doença parasitária (fatores inerentes e alterações) Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar os principais fatores inerentes ao parasita e ao hospedeiro. Definir as doenças parasitárias e seus parasitas causadores. Reconhecer as principais alterações e os sintomas de cada doença parasitária. Introdução As doenças parasitárias são definidas como infecções ocasionadas por um parasita, que pode ser um protozoário ou metazoário (tam- bém conhecidos como vermes). Essas doenças estão relacionadas a condições precárias de saneamento básico, sendo responsáveis por milhões de mortes ao ano e consideradas uma das 10 principais causas de mortes no mundo segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) (WHO, 2018). Neste capítulo, você estudará as principais doenças parasitárias e seus parasitas causadores. Para isso, você irá compreender os fatores do parasita e do hospedeiro que são fundamentais para a existência da doença e também as alterações provocadas após a infecção, além de suas principais características e sintomas. Fatores inerentes e sua contribuição nas doenças parasitárias A associação entre um parasita e um hospedeiro, na forma de parasitismo, é geralmente equilibrada, e o hospedeiro é pouco prejudicado. Contudo, quando há um desequilíbrio, a doença parasitária manifesta-se (NEVES, 2016). O início de uma doença parasitária depende de alguns fatores que podem ser inerentes ao parasita, como: carga parasitária: número de parasitas existentes no período da infecção (NEVES, 2016); virulência: capacidade de multiplicação do parasita dentro do hos- pedeiro, o que pode variar entre as diferentes espécies dentro de um mesmo gênero de um parasita (NEVES, 2016; KASPER; FAUCI, 2015); localização anatômica: qual órgão foi atingido e no qual podemos encontrar o parasita (NEVES, 2016; KASPER; FAUCI, 2015); tamanho: as dimensões do parasita e a capacidade adaptativa ao hos- pedeiro de suas formas. A seguir, veja algumas de suas principais formas (NEVES, 2016). Formas de resistência ou vegetativa É uma forma que confere resistência ao parasito, seja por estar no meio exterior ou para fi car no organismo e não ser detectado, evadindo, assim, a resposta imunológica do hospedeiro, assim como tratamentos. Nos protozoários, temos os cistos e oocistos. Os oocistos são resultantes da reprodução sexuada de alguns protozoários, como espécies de Toxoplasma e Plasmodium. Nos metazoários, temos os ovos. Forma ativa É a forma em que os parasitas são capazes de se reproduzir e se alimentarem. Nos protozoários, ela é conhecida como trofozoíto. Os protozoários do fi lo Apicomplexa apresentam formas específi cas para o processo de reprodução sexuada, chamada de gametas. Um exemplo é encontrado no gênero Plas- modium, com os microgametas (gameta masculino) e macrogametas (gameta feminino). Para os metazoários, isso varia muito com o fi lo e a classe aos Doença parasitária (fatores inerentes e alterações)2 quais o parasita pertence. De maneira geral, temos os estágios larvais e os vermes adultos. Da mesma forma, temos os fatores inerentes ao hospedeiro, que você confere a seguir. Idade: os mais susceptíveis são neonatos, crianças e idosos (THEEL; PRITT, 2016); Imunidade: a intensidade da resposta imunológica desencadeada pelo hospedeiro. Indivíduos imunocomprometidos são mais susceptíveis; em contraste, indivíduos imunocompetentes apresentam menor gravidade em uma segunda infecção (THEEL; PRITT, 2016; COURA, 2015); Hábitos e costumes: alimentares, como a ingestão de alimentos crus ou pouco cozidos contaminados (carnes ou peixes). A ingestão de água não tratada, além do consumo de verduras, frutas e hortaliças mal higienizadas, andar descalços, comer com as mãos e higienização pessoal precárias (NEVES, 2016; COURA, 2015); Nível nutricional: a carência nutricional, ou seja, a desnutrição, pode fa- cilitar e também aumentar e prolongar o quadro da doença (ZUZARTE- -LUÍS; MOTA, 2018). Doenças intercorrentes: favorecimento para o desenvolvimento de uma parasitose ou manifestação de uma já preexistente devido ao tra- tamento utilizado ou alterações provocadas pela própria doença, como desnutrição e diminuição da resposta imunológica. Um exemplo são pacientes com lúpus eritematoso sistêmico, uma doença reumática autoimune, que podem desenvolver parasitoses intestinais ocasiona- das por Entamoeba ou Strongyloides stercorali devido ao tratamento prolongado com corticosteroides ou por consequência da doença em atividade (BRAZ et al., 2015). Medicamentos: uso de medicação imunossupressora, como cortisona, quimioterápicos e imunomoduladores, pode favorecer o início de uma doença parasitária ou agravar uma parasitose preexistente (BRAZ et al., 2015). A presença dos fatores inerentes ao parasita e ao hospedeiro, em diferen- tes intensidades e combinações, explica por que em certas doenças temos indivíduos que manifestam sintomas, variando de moderados a mais graves, e aqueles que são portadores assintomáticos (NEVES, 2016). 3Doença parasitária (fatores inerentes e alterações) As condições ambientais também influenciam o parasitismo, contribuindo para a sua prevalência e até mesmo para epidemias. Isso é observado principalmente em países subdesenvolvidos, onde as condições de saneamento básico são precárias. Você sabia que, no Brasil, apenas 39% da população tem acesso a serviços de saneamento básico seguros? Ou seja, a maior parte de nossa população encontra-se exposta a uma condição ambiental favorável para a disseminação de doenças parasitárias (WHO, 2018). Outro fator que também impacta em uma maior prevalência de doenças parasitárias é um baixo nível socioeconômico de uma população, já que as condições de moradia, alimentação e educação são inadequadas (NEVES, 2016). Classificação das doenças parasitárias As doençasparasitárias são ocasionadas por endoparasitas, ou seja, por pa- rasitas com capacidade de invasão do hospedeiro. São considerados agentes causadores de doenças parasitárias os protozoários e os metazoários. As doenças parasitárias ocasionadas pelos protozoários são também conhe- cidas como protozooses, e seus principais agentes causadores são Entamoeba, Achanthamoeba, Giardia, Trypanosoma e Toxoplasma. As popularmente conhecidas como verminoses estão no grupo de doenças parasitárias ocasionadas por metazoários, cujos principais agentes patológicos são as tênias (platelmintos), como Taenia saginata, e as lombrigas (nematel- mintos), como Ascaris lumbricoides. As doenças parasitárias também podem ser classificadas de acordo com a localização anatômica desses parasitas, como no trato gastrointestinal, no sangue e em outros tecidos, como fígado, pulmão, coração e cérebro. Assim, temos os parasitas intestinais, como Entamoeba, Giardia, Taenia saginata, Taenia solium e Ascaris lumbricoides, e os parasitas do sangue e tecidos, como Trypanosoma, Plasmodium e Toxoplasma (LEVINSON, 2016; KASPER; FAUCI, 2015). Observe, na Figura 1, a exemplificação dos principais parasitas que habitam o trato gastrointestinal e os que habitam o sangue e os tecidos. Doença parasitária (fatores inerentes e alterações)4 Figura 1. Doenças parasitárias: classificação de acordo com a localização anatômica do parasita. As principais doenças parasitárias estão agrupadas de acordo com a localização anatômica nos humanos. Entre os parasitas que habitam o trato gastrointestinal, destacam-se a Entamoeba histolytica, a Taenia sp., a Ascaris lumbricoides e a Giardia lamblia. Os parasitas também podem habitar o sangue e outros tecidos, como pulmão, cérebro, coração e fígado, é o caso principalmente do Toxoplasma e do Trypanosoma. Fonte: Adaptada de Fotovapl; Kateryna Kon; Sebastian Kaulitzki; Alexey Godzenko; Sciencepics/Shut- terstock.com. Trato gastrointestinal Toxoplasma Trypanosoma Entamoeba histolytica Taenia saginata Taenia solium Giardia lamblia Ascaris lumbricoides Sangue e tecidos Alguns parasitas podem ser encontrados em mais de um sítio anatômico, como no caso da Entamoeba histolytica, encontrada no trato gastrointestinal e no fígado. Os diferentes mecanismos de infecção apresentados pelo parasita contribuirão para o seu direcionamento ao órgão/tecido afetado. De maneira semelhante, é possível encontrar diferentes formas de um mesmo parasita em diferentes sítios em nosso organismo. Um exemplo ocorre com a Taenia solium, na qual os cisticercos podem ser encontrados no sistema nervoso central e nos músculos, e os ovos e segmentos, no trato gastrointestinal (NEVES, 2016). No Quadro 1, você encontrará a descrição dos principais protozoários patogênicos, a doença associada a cada um deles, o mecanismo de infecção e diagnóstico. No Quadro 2, por sua vez, você encontrará o mesmo conjunto de dados e sua associação com os metazoários com importância clínica. 5Doença parasitária (fatores inerentes e alterações) Lo ca liz aç ão Es pé ci e D oe nç a M ec an is m os d e in fe cç ão D ia gn ós ti co Tr at o ga st ro in te st in al En ta m oe ba hi st ol yt ic a Am eb ía se In ge st ão d e ci st os e m á gu a e al im en to s q ue fo ra m co nt am in ad os c om fe ze s o u tr an sm iss ão o ro an al . Tr of oz oí to s o u ci st os n as fe ze s, so ro lo gi a G ia rd ia la m bl ia G ia rd ía se In ge st ão d e ci st os n a ág ua n ão in at iv ad os p el o cl or o. Tr of oz oí to s o u ci st os n as fe ze s, te st es s or ol óg ic os Cr yp to sp or id iu m ho m in is Cr ip to sp or id io se In ge st ão d e oo ci st os , c on ta m in aç ão fe ca l. Co lo ra çã o ac id or re sis te nt e do s ci st os , t es te s s or ol óg ic os Sa ng ue e te ci do s To xo pl as m a go nd ii To xo pl as m os e In ge st ão d e pa ra sit as e m a lim en to s co nt am in ad os , p rin ci pa lm en te c ar ne m al co zi da . In ge st ão d e oo ci st os p re se nt es e m fe ze s d e ga to in fe ct ad os . Co ng ên ita (v ia tr an sp la ce nt ár ia ) o u de vi do a tr an sf us ão d e sa ng ue . So ro lo gi a, e xa m e m ic ro sc óp ic o do te ci do Tr yp an os om a cr uz i D oe nç a de Ch ag as At ra vé s d as fe ze s d o ve to r ( in se to tr ia to m ín eo ) qu e sã o lib er ad as d ur an te a p ic ad a ou n o ol ho . Co ng ên ita (v ia tr an sp la ce nt ár ia ) o u de vi do a tr an sf us ão d e sa ng ue . Es fre ga ço d e sa ng ue , te st es m ol ec ul ar es Q ua dr o 1. R es um o da s p rin ci pa is do en ça s p ar as itá ria s o ca sio na da s p or p ro to zo ár io s (C on tin ua ) Doença parasitária (fatores inerentes e alterações)6 Lo ca liz aç ão Es pé ci e D oe nç a M ec an is m os d e in fe cç ão D ia gn ós ti co Sa ng ue e te ci do s Es pé ci es d e Pl as m od iu m M al ár ia At ra vé s d o ve to r ( fê m ea d o m os qu ito A no ph el es ), qu e lib er a es po ro zo íto s n o sa ng ue q ue p en et ra m o fíg ad o e pe rm an ec em c irc ul an te s n o sa ng ue . Es fre ga ço d e sa ng ue Es pé ci es d e Le ish m an ia Le ish m an io se At ra vé s d o ve to r ( m os qu ito ), qu e in je ta fo rm as p ro m as tig ot as , a m as tig ot as q ue in va de m o s m ac ró fa go s e m on óc ito s. An ál ise d e le sõ es cu tâ ne as , f lu íd o da le sã o, m ed ul a ós se a, ba ço o u lin fo no do s; te st es s or ol óg ic os e m ol ec ul ar es Es pé ci es d e Ac an th am oe ba M en in gi te ou c er at ite (in fla m aç ão da c ór ne a) N ad ar e m fo nt es d e ág ua d oc e co nt am in ad as (la go s, fo nt es te rm ai s, rio s). A s a m eb as de v id a liv re (t ro fo zo íto s) p en et ra m n a m em br an a na sa l, no s o lh os o u po r f er im en to s, at in gi nd o o cé re br o, p or s er em c ap az es d e at ra ve ss ar a b ar re ira h em at oe nc ef ál ic a. M en in gi te : An ál ise d o líq ui do ce fa lo rr aq ui di an o (L CR ) Ce ra tit e: e xa m e fís ic o da p el e Q ua dr o 1. R es um o da s p rin ci pa is do en ça s p ar as itá ria s o ca sio na da s p or p ro to zo ár io s Fo nt e: A da pt ad o de L ev in so n (2 01 6) e B ro ok s e t a l. ( 20 14 ). (C on tin ua çã o) 7Doença parasitária (fatores inerentes e alterações) Lo ca liz aç ão Es pé ci e D oe nç a M ec an is m os d e in fe cç ão D ia gn ós ti co Tr at o ga st ro in te st in al As ca ris lu m br ic oi de s (lo m br ig a, n em at ód eo ) A sc ar id ía se In ge st ão d e ov os d o so lo o u al im en to s c on ta m in ad os c om fe ze s. O vo s n as fe ze s En te ro bi us ve rm ic ul ar is (o xi úr io , n em at ód eo ) En te ro bí as e ou o xi ur ía se In ge st ão d e ov os , au to co nt am in aç ão p or v ia o ro an al . O vo s n as fe ze s St ro ng yl oi de s s te rc or al is (o xi úr o hu m an o, ne m at ód eo ) Es tr on gi lo id ía se Au to in fe cç ão in te rn a ou ra ra m en te la rv a do s ol o pe ne tr am a p el e. La rv as n as fe ze s Es pé ci es d e tê ni a (c es tó de os ) Ta en ia sa gi na ta (t ên ia do b oi ) Ta en ia so lium (t ên ia d o po rc o) D ip hy llo bo th riu m la tu m (t ên ia d o pe ix e) Te ní as e (A ) e Ci st ic er co se (B )* (A ) I ng es tã o de c ist ic er co s en ci st ad os e m c ar ne d e bo i m al co zi da /c ru a. (A ) I ng es tã o de c ist ic er co s en ci st ad os e m c ar ne d e po rc o m al c oz id a. (B ) I ng es tã o do s o vo s e m á gu a ou a lim en to s c on ta m in ad os p or fe ze s h um an as . (A ) I ng es tã o de c ist ic er co s en ci st ad os e m p ei xe c ru . (A ) P ro gl ót id es n as fe ze s (A ) P ro gl ót id es n as fe ze s (B ) B ió ps ia , t om og ra fia co m pu ta do riz ad a (A ) O vo s o pe rc ul ad os na s f ez es Q ua dr o 2. R es um o da s p rin ci pa is do en ça s p ar as itá ria s o ca sio na da s p or m et az oá rio s (C on tin ua ) Doença parasitária (fatores inerentes e alterações)8 Fo nt e: A da pt ad o de L ev in so n (2 01 6) e B ro ok s e t a l. ( 20 14 ). Lo ca liz aç ão Es pé ci e D oe nç a M ec an is m os d e in fe cç ão D ia gn ós ti co Te ci do s e sa ng ue W uc he ria b an cr of ti (n em at ód eo ) Fi la ría se Pi ca da s d o m os qu ito v et or tr an sm ite a s l ar va s. Es fre ga ço d e sa ng ue Fa sc io lo ps is he pa tic a (T re m at ód eo d o fíg ad o de o ve lh as ) Fa sc io lía se In ge st ão d e m et ac er cá ria s pr es en te s e m h or ta liç as ou p la nt as a qu át ic as . O vo s n as fe ze s An cy lo st om a ca ni nu m An cy lo st om a br as ili en sis (n em at ód eo ) La rv a m ig ra ns cu tâ ne a (p op ul ar bi ch o ge og rá fic o) Co nt at o co m s ol o co nt am in ad o po r f ez es d e cã es e g at os . Ex am e fís ic o da p el e e ac ha do s c lín ic os Es pé ci es d e Sc hi st os om a (tr em at ód eo s) S. m an so ni S. ja po ni cu m S. h ae m at ob iu m Es qu ist os so m os e La rv as c er cá re as p en et ra m pe la p el e em á gu as in fe st ad as po r c ar ac ói s i nf ec ta do s. O vo s n as fe ze s * pr ov oc ad a pe la T ae ni a so liu m . Q ua dr o 2. R es um o da s p rin ci pa is do en ça s p ar as itá ria s o ca sio na da s p or m et az oá rio s (C on tin ua çã o) 9Doença parasitária (fatores inerentes e alterações) O diagnóstico das doenças parasitárias necessita de uma anamnese, ou seja, recu- perar, a partir de uma entrevista, o histórico de todos os sintomas observados pelo paciente. Além disso, muitos dos parasitos apresentam aspectos epidemiológicos característicos, que podem envolver uma determinada região endêmica, ocupação ou mesmo atividade de recreação. O conjunto dessas informações vai permitir um melhor direcionamento quantos aos exames solicitados, além de uma abordagem mais sistêmica (NEVES, 2016; KASPER; FAUCI, 2015). Profissionais da saúde, principalmente os habilitados em patologia clínica ou análises clínicas, poderão atuar em laboratórios clínicos e realizar diversas abordagens técnicas para o diagnóstico e monitoramento das doenças parasitárias. Para o diagnóstico principalmente de parasitas que povoam o trato gastrointestinal, o exame de fezes é o mais utilizado. O exame permite a identificação da presença de ovas e/ou parasitas tanto em sua forma adulta quanto na fase larval. Recomenda-se pelo menos a realização de três exames, em dias alternados, para um diagnóstico mais preciso. O exame de fezes envolve tanto etapas macroscópicas quanto microscópicas. É fundamental que o exame microscópico envolva não apenas o exame a fresco, que pode utilizar solução de soro fisiológico ou de iodo, mas também técnicas de concentração, fixação, coloração. A escolha do conjunto de técnicas deverá levar em consideração a suspeita diagnóstica. Giardíase, amebíase, criptosporidíase, ascaridíase, estrongiloidíase, teníase, esquistossomose e fasciolíase são doenças que podem ser diagnosticadas por exame de fezes (LEVINSON, 2016). Para o diagnóstico de parasitas que não estão presentes no trato gastrointestinal, geralmente, é realizado o exame de sangue, no qual são realizados a coloração e a ob- servação da presença dos parasitas. A coloração de Giemsa é comumente utilizada para a detecção de espécies de Plasmodium e Wucheria bancrofti. Outro exame igualmente importante é o sorológico, com o qual se pode pesquisar a presença de anticorpos e antígenos, e é usado no diagnóstico de giardíase, toxoplasmose, criptosporidíase e leishmaniose. Outros exames complementares são as biópsias teciduais, radiografias e os exames físicos e testes moleculares, que podem ser usados no auxílio ao diagnóstico de doença de Chagas, leishmaniose, ceratite e larva migrans. Por fim, alguns parasitas são mais facilmente detectados em outros tecidos ou fluídos corporais, como, por exemplo, a detecção de Giardia lamblia no fluído duodenal ou a detecção de Acanthamoeba no líquido cefalorraquidiano (LEVINSON, 2016; NEVES, 2016; KASPER; FAUCI, 2015). Principais alterações relacionadas às doenças parasitárias Após o estabelecimento de uma doença parasitária em um hospedeiro, é possível não observar danos e o indivíduo ser assintomático, o que se considera doença subclínica ou infecção subclínica. Contudo, um indivíduo pode apresentar a Doença parasitária (fatores inerentes e alterações)10 infecção propriamente dita, ou doença clínica, caracterizada pela presença de sintomas no organismo hospedeiro em decorrência da patogênese do agente parasitário (NEVES, 2016). Para a sua melhor compreensão, destacamos, a seguir, algumas ações patogênicas do parasita e as alterações e efeitos delas no hospedeiro infectado (NEVES, 2016; LEVINSON, 2016). Alterações nutricionais: ação espoliativa (privação) do parasita vista na competição pela absorção direta de alguns nutrientes ou alimentação com o sangue do hospedeiro, obtendo seus nutrientes de forma indireta. A ação mecânica devido à presença de parasitas pode impedir ou blo- quear a absorção e/ou fluxo de alimentos, influenciando negativamente no estado nutricional do hospedeiro. Alterações no aporte de oxigênio: hipóxia (diminuição) ou anóxia (au- sência) de oxigênio, de forma sistêmica, devido a consumo parasitário de oxigênio presente na hemoglobina humana ou quando sua infecção provoca a anemia. Efeitos tóxicos: liberação de metabólitos ou enzimas prejudiciais ao hospedeiro. Isso poderá provocar lesões no epitélio em prol da nutrição do parasita, auxiliar na penetração do parasita ao hospedeiro ou de- sencadear respostas alérgicas ou inflamatórias. São conhecidos como ação tóxica e enzimática do parasita. Efeitos diversos: são decorrentes da ação irritativa provocada pela presença continuada do parasita em um órgão/tecido, sem provocar lesões. Ações traumáticas, por sua vez, provocam lesões no tecidos e células do hospedeiro e são geradas pela migração e/ou invasão do parasita a outra localização. O aumento da concentração de eosinófilos no sangue, ou eosinofilia, é uma alteração comum encontrada em pessoas com doenças parasitárias provocadas por metazoários (vermes) (LEVINSON, 2016). A eosinofilia é caracterizada quando o número absoluto de eosinófilos no sangue é superior a 500/µL. Nas parasitoses, podemos observar tanto uma eosinofilia no sangue periférico quanto a eosinofilia tecidual. A carga parasitária definirá o grau da eosinofilia observada (HOFFBRAND; MOSS, 2019; LONGO, 2015). Os eosinófilos são os agentes de defesa que atuam na resposta imunológica contra a infecção parasitária (LEVINSON, 2016; LONGO, 2015). Acredita-se que a provávelação 11Doença parasitária (fatores inerentes e alterações) Sintomas A presença de manifestações clínicas nos portadores de uma doença parasitária deve-se às ações patogênicas desempenhadas pelos parasitas. A maioria dos sintomas são inespecífi cos, mas observe na Figura 2 os principais sintomas associados a essas doenças. Figura 2. Principais sintomas associados às doenças parasitárias. Fonte: Adaptada de Metamorworks/Shutterstock.com. Cansaço Febre Palidez Mal-estar Sonolência Desconforto abdominal Diarreia Dor de cabeça Vômitos e náuseas Icterícia Principais sintomas Indivíduos com o sistema imunológico comprometidos, como portadores de AIDS ou que estão em uso de medicamentos imunossupressores, como os transplantados, podem ter um quadro mais grave e com a prolongação de alguns sintomas. A resistência ao tratamento com terapia antiparasitária também já foi relatada, assim como a maior taxa de mortalidade e morbidade (THEEL, PRITT, 2016). dos eosinófilos se dê sobre as larvas migratórias devido à liberação de seus grânulos, que exercem efeitos citotóxicos na superfície das larvas. Essa ação só é possível devido à ligação do eosinófilo ao parasita, que é mediada pelos receptores de superfície do eosinófilo, por reconhecerem a porção Fc de cadeias pesadas das imunoglobulinas IgG e IgE (LEVINSON, 2016). Os parasitas que possuem o ciclo pulmonar, como Ascaris lumbricoides, Ancylostoma duodenale, Strongyloides stercoralis e Necator americanus, são capazes de provocar a eosinofilia e também podem ocasionar a síndrome de Loeffler. Essa doença reacional lesiona o tecido pulmonar devido a uma marcante e persistente eosinofilia (mais de seis meses, e eosinófilos acima de 1.500/µL no sangue) nos pulmões (LONGO, 2015; HOFFBRAND; MOSS, 2019). As principais doenças parasitárias associadas com a presença de eosinofilia são ancilostomose, estrongiloidíase, ascaridíase, teníase e esquistossomose (HOFFBRAND HOFFBRAND; MOSS, 2019; NEVES, 2016). Doença parasitária (fatores inerentes e alterações)12 No Quadro 3, você encontrará a associação entre as alterações e sinto- matologia para as principais doenças parasitárias, bem como o tratamento utilizado. Doença Alterações no indivíduo infectado Sintomas Tratamento Amebíase Efeitos tóxicos por ação enzimática; ações traumáticas com lesões na forma de úlceras, migração para o fígado. Aguda: disenteria Crônica: diarreia oca- sional, perda de peso e fadiga A maioria dos infecta- dos são assintomáticos Metronidazol ou tinidazol Giardíase Nutricional: ação mecânica, formação de um “tapete” que causa inflamação e prejudica a absorção de proteí- nas e gorduras. Diarreia aquosa e com mau cheiro, cólicas ab- dominais, flatulência, náusea e anorexia 50% dos infectados são assintomáticos Metronidazol Criptosporidiose Adesão à parede intes- tinal e efeitos pouco conhecidos. Diarreia Afeta mais indivíduos imunocomprometidos Paromicina Toxoplasmose Migração para vá- rios órgãos, mas dificilmente ocasiona inflamação e da- nos em indivíduos imunocompetentes. Maioria assintomática Afeta mais indivíduos imunocomprometidos Sulfadiazina e primetamina Doença de Chagas Ação traumática promovida pelas formas amastigotas com morte celular que desencadeia inflama- ção, afetando princi- palmente o músculo cardíaco e tecido neural. Fase aguda: nódulo próximo ao local de picada, edema facial, febre e hepa- toesplenomegalia e linfadenopatia Maioria assintomática Fase crônica: miocar- dite e megacolo Nifurtimox Quadro 3. Associação entre as alterações patogênicas e as manifestações clínicas nas diferentes doenças parasitárias e tratamento recomendado (Continua) 13Doença parasitária (fatores inerentes e alterações) Doença Alterações no indivíduo infectado Sintomas Tratamento Malária Alterações no aporte de oxigênio; ação traumática obser- vada pela destruição de hemácias para liberação dos merozoítos e por sequestro do baço de hemácias infectadas. Febre abrupta e com calafrios, sudorese, mial- gias, dor de cabeça e nas articulações Cloraquina, cloraquina associada à primaquina Leishmaniose visceral Ação traumática obser- vada pela destruição ce- lular no baço; alterações no aporte de oxigênio devido à presença de anemia. Febre intermitente, ema- grecimento, fraqueza e esplenomegalia Estibogluco- nato Ascaridíase Nutricional: ação mecânica, obstrução intestinal e competi- ção por nutrientes. Efeitos tóxicos: me- tabólitos provocam reações alérgicas. Ação traumática devido a migração larval, o que pode provocar inflamação intensa. Dor abdominal, obstru- ção intestinal quando muitos parasitas Albendazol, mebendazol Teníase (T. solium) Efeitos irritativos pelas ventosas do parasita na parede intestinal Anorexia e diarreia Maioria assintomática Praziquantel Cisticercose (larvas T. solium) Efeitos mecânicos, ocasionando lesão ocupante de espaço no principalmente no encéfalo Cefaleia, convulsões e vômitos Praziquantel ou albenda- zol, remoção cirúrgica Quadro 3. Associação entre as alterações patogênicas e as manifestações clínicas nas diferentes doenças parasitárias e tratamento recomendado (Continuação) (Continua) Doença parasitária (fatores inerentes e alterações)14 Para complementar os seus conhecimentos a respeito das alterações desencadeadas pelas doenças parasitárias, acesse o link a seguir para ler sobre um estudo brasileiro do efeito das hospitalizações por doenças infecciosas e parasitismo na evolução nutricional de crianças atendidas em creches públicas. https://qrgo.page.link/CovQz Fonte: Adaptado de Levinson (2016) e Neves (2016). Doença Alterações no indivíduo infectado Sintomas Tratamento Larva migrans cutânea (popular Bicho geográfico) Efeitos diversos: ação irritativa pela migração do parasita pela pele Coceira intensa (que piora à noite), inchaço, linhas vermelhas Albendazol, ivermectina, tiabendazol tópico Esquistossomose Efeitos tóxicos: secreções do miracídio geram reações teciduais, produção de enzi- mas proteolíticas pelos ovos com inflamação. Ações traumáticas devido à formação de granulomas induzidos pela res- posta imunológica. Aguda: prurido, febre, diarreia, calafrios — maioria assintomática Crônica: hemorragias gastrointestinais, hepatomegalia, esplenomegalia Praziquantel Quadro 3. Associação entre as alterações patogênicas e as manifestações clínicas nas diferentes doenças parasitárias e tratamento recomendado (Continuação) 15Doença parasitária (fatores inerentes e alterações) BRAZ, A. S. et al. Recomendações da Sociedade Brasileira de Reumatologia sobre diagnóstico e tratamento de parasitoses intestinais em pacientes com doenças reu- máticas autoimunes. Revista Brasileira de Reumatologia, São Paulo, v. 55, n. 4, p. 368-380, jul./ago. 2015. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/ S0482500414002435?via%3Dihub. Acesso em: 16 set. 2019. BROOKS, G. F. et al. Microbiologia médica: de Jawetz, Melnick & Adelberg. 26. ed. Porto Alegre: Penso, 2015. COURA, J. R. Dinâmica das Doenças Infecciosas e parasitárias. 2. ed. Rio de Janeiro: Gua- nabara Koogan, 2015. HOFFBRAND, A. V.; MOSS, P. A. H. Fundamentos em hematologia de Hoffbrand. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2019. KASPER, D. L.; FAUCI, A. S. Doenças Infecciosas de Harrison. 2. ed. Porto Alegre: AMGH, 2015. LEVINSON, W. Microbiologia médica e imunologia. 13. ed. Porto Alegre: McGraw-Hill, 2016. LONGO, D. L. Hematologia e oncologia de Harrison. 2. ed. Porto Alegre: Penso, 2015. NEVES, D. P. Parasitologia Humana. 13. ed. São Paulo: Atheneu, 2016. PEDRAZA, D. F. Hospitalização por doenças infecciosas, parasitismo e evolução nutricio- nal de crianças atendidas em creches públicas. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 22, n. 12, dez. 2017. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_artte xt&pid=S1413-81232017021204105.Acesso em: 16 set. 2019. THEEL, E. S.; PRITT, B. S. Parasites. Microbiology spectrum, v. 4, n. 4, 2016. Disponível em: 10.1128/microbiolspec.DMIH2-0013-2015. Acesso em: 16 set. 2019. WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). The top 10 causes of death. 2018. Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/the-top-10-causes-of-death. Acesso em: 16 set. 2019. WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). World health statistics 2018: monitoring health for the SDGs. Geneva: World Health Organization, 2018. Disponível em: https://www.who.int/gho/publications/world_health_statistics/2018/en/. Acesso em: 16 set. 2019. ZUZARTE-LUÍS, V.; MOTA, M. M. Parasite sensing of host nutrients and environmental cues. Cell Host & Microbe, v. 23, n. 6, p. 749-758, Jun. 2018. Disponível em: https://www. researchgate.net/publication/325748844_Parasite_Sensing_of_Host_Nutrients_and_ Environmental_Cues. Acesso em: 16 set. 2019. Doença parasitária (fatores inerentes e alterações)16 Leituras recomendadas NEVES, D. P.; BITTENCOURT NETO, J. B. Atlas didático de Parasitologia. 3. ed. São Paulo: Atheneu, 2019. TAVARES, W.; MARINHO, L. A. C. Rotinas de diagnóstico e tratamento das doenças infecciosas e parasitárias. 4. ed. São Paulo: Atheneu, 2015. ZEIBIG, E. A. Parasitologia Clínica: uma abordagem clínico laboratorial. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. 17Doença parasitária (fatores inerentes e alterações) DICA DO PROFESSOR Nessa unidade de aprendizagem, serão identificados: os fatores inerentes ao parasita e ao hospedeiro, as principais doenças parasitárias, o agente causador dessas doenças e as alterações e sintomas clínicos que ocorrem no organismo humano. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Diante de algumas doenças parasitárias, os profissionais de saúde precisam estar prontos para relacionar qual o método diagnóstico mais adequado. Diante disso, relacione a segunda coluna, de acordo com a primeira: 1o coluna (A) Leishmaniose (B) Teníase e Cisticercose (C) Ascaridíase (D) Larva migrans cutânea (E) Filaríase 2o coluna ( ) Identificação de Ovos nas fezes ( ) Esfregaço de sangue ( ) Identificação de Proglótides ou Ovos operculados nas fezes e Biópsia e/ou tomografia computadorizada ( ) Exame físico da pele e achados clínicos ( ) Análise de lesões cutâneas, fluído da lesão, medula óssea, baço ou linfonodos; testes sorológicos e moleculares A) A, D, C, E, B B) C, E, B, D, A C) C, E, A , B, D D) A, B, C, D, E E) C, E, B, A, D 2) Com relação à teníase: A) É uma doença que desenvolve a cisticercose. B) Ocorre no sangue e nos tecidos. C) Causada pelo consumo de peixe cru contaminado por larvas. D) Taenia solium e Taenia saginata são cestódeos que causam essa doença. E) Os sintomas mais comuns são: cefaleia, diarreia e tosse crônica. 3) Associe o nome do parasita à doença que ele causa: A) Wuchereria bancrofti - filariose B) Leishmania tropica– malária C) Ascaris lumbricoides - ancilostomíase D) Trypanosoma cruzi – doença do sono E) Trichuris trichiura – meningite eosinofílica 4) Diversos são os tratamentos utilizados nas doenças parasitárias. Alguns dos medicamentos utilizados são comuns à mais de uma parasitose. Nas questões abaixo, coloque (V) para verdadeiro e (F) para Falso. ( ) A Sulfadiazina e primetamina é comumente usada para o tratamento da Criptosporidiose ( ) Metronidazol pode ser utilizado no tratamento de amebíase e giardíase ( ) A toxoplasmose é tratada com uso de Paromicina. ( ) O Praziquantel pode ser usado para tratar a cisticercose e teníase. ( ) A ascaridíase é tratada com o uso de Albendazol ou mebendazol A) V, F, V, F, F B) F, F, F, V, V C) V, F, F, V, F D) F, V, V, F, F E) F, V, F, V, V 5) A manifestação clínica de uma doença parasitária depende de alguns fatores inerentes ao parasita e ao hospedeiro. São exemplos de fatores inerentes ao parasita e ao hospedeiro, respectivamente: A) Idade do parasita e imunidade do hospedeiro. B) Virulência do parasita e gênero do hospedeiro. C) Número de exemplares do parasita e imunidade do hospedeiro. D) Imunidade do parasita e do hospedeiro. E) Idade do parasita e doenças intercorrentes do hospedeiro. NA PRÁTICA Doenças negligenciadas são doenças causadas por agentes infecciosos ou parasitas. São consideradas endêmicas em populações de baixa renda, e representam forte entrave ao desenvolvimento dos países. No Brasil, há uma alta prevalência de doenças negligenciadas, e a maioria delas ocorrem em regiões pobres, mostrando uma relação direta entre a prevalência dessas doenças e o índice de desenvolvimento humano. A Organização Mundial de Saúde classifica essas doenças em três categorias, com base no controle emergencial e na disponibilidade de medicamentos. Falaremos apenas das doenças negligenciadas causadas por parasitas. De acordo com dados do Ministério da Saúde e do DATASUS, foram registrados, entre os anos de 1998 e 2007, 33.787 casos de Leishmaniose visceral (1.598 óbitos), 268.866 casos de Leishmaniose tegumentar (666 óbitos somente de 2001 a 2007), 4.791.853 casos de Malária (960 óbitos), 1.031.838 casos de esquistosomose (4.539 óbitos). Registros entre os anos de 2005 a 2008: 444 casos de Doença de Chagas (14 óbitos) (Lindoso & Lindoso, 2009). SAIBA + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: WARREN, Levinson. Microbiologia Médica e Imunologia Leia a parte VI Parasitologia. BROOKS, Geo F. et al. Microbiologia Médica de Jawetz, Melnick & Adelberg Leia o capítulo 46 Parasitologia médica. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Doenças infecciosas e parasitárias: guia de bolso Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! LINDOSO, José A. L. & LINDOSO, Ana Angélica B P. Neglected tropical diseases in Brazil Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
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