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Unidade IV Fisiologia do sistema digestório, endócrino e hormonal Fisiologia Humana Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial ALESSANDRA VANESSA FERREIRA DOS SANTOS Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria ANNA GABRIELLE GOMES COUTINHO AUTORIA Anna Gabrielle Gomes Coutinho Olá. Sou bacharel em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Paraná. Fiz meu mestrado e meu doutorado em Fisiologia, também pela Universidade Federal do Paraná. Durante o Mestrado, trabalhei com cultivo de células renais, pesquisando o efeito de um antibiótico causador de nefrotoxicidade, a gentamicina. No Doutorado, também trabalhando com células renais, pesquisei as vias de sinalização intracelulares envolvidas na formação de cálculos renais. Pela mesma Universidade, atuei como professora substituta no Departamento de Fisiologia por três anos. Por isso, fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: OBJETIVO: para o início do desenvolvimento de uma nova competência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de apresentar um novo conceito; NOTA: quando necessárias observações ou complementações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamento do seu conhecimento; REFLITA: se houver a necessidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou discutido; ACESSE: se for preciso acessar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso fazer um resumo acumulativo das últimas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de autoaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando uma competência for concluída e questões forem explicadas; SUMÁRIO Controle das funções do sistema digestório .................................. 10 A anatomia do sistema digestório ...................................................................................... 10 As funções do sistema digestório ....................................................................................... 13 Mecanismos que regulam as funções do sistema digestório ....................... 17 Motilidade do sistema digestório ........................................................ 21 A motilidade ........................................................................................................................................ 21 As secreções que promovem a digestão .....................................................................24 Absorção de água e nutrientes ............................................................................................. 31 Glândulas endócrinas e hormônios do eixo hipotálamo-hipófise....39 As glândulas endócrinas e seus hormônios .............................................................. 39 O eixo hipotálamo-hipófise ...................................................................................................... 41 Glândula adrenal e pâncreas endócrino ........................................... 53 Os hormônios da glândula adrenal ....................................................................................53 O pâncreas endócrino ................................................................................................................ 56 7 UNIDADE 04 Fisiologia Humana 8 INTRODUÇÃO Nesta unidade, veremos os principais aspectos envolvendo a fisiologia do sistema digestório e do sistema endócrino. O sistema digestório, que é responsável pela absorção da água e nutrientes que ingerimos, é fundamental na regulação e na integração dos processos metabólicos em todo o nosso corpo. Dessa forma, a função normal do sistema digestório é necessária para a homeostasia corporal. Já o sistema endócrino é aquele responsável pela produção e secreção dos hormônios, os quais são importantes mensageiros químicos que entram no sangue e chegam até suas células-alvo. Os hormônios ligam funcionalmente vários sistemas orgânicos entre si, ou seja, permite que um tecido promova uma modificação em outro tecido, localizado em um local distante. Esse fluxo de informações entre células, tecidos e órgãos, constitui uma característica essencial da homeostasia e possibilita a integração dos processos fisiológicos. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva, você vai mergulhar neste universo! Fisiologia Humana 9 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 4 – Fisiologia do sistema digestório, endócrino e hormonal. Nosso objetivo é auxiliar você no atingimento dos seguintes objetivos de aprendizagem até o término desta etapa de estudos: 1. Reconhecer a anatomia, as funções e os mecanismos que controlam as funções do sistema digestório. 2. Explicar os processos de motilidade do sistema digestório e identificar as secreções que promovem a digestão e, consequentemente, a absorção dos nutrientes. 3. Identificar as glândulas endócrinas e os hormônios do eixo hipotálamo-hipófise. 4. Interpretar as principais funções da glândula adrenal e do pâncreas endócrino. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! Fisiologia Humana 10 Controle das funções do sistema digestório OBJETIVO: Neste capítulo, vamos entender como funciona o sistema digestório, analisando sua anatomia, suas principais funções e os principais mecanismos responsáveis por controlá-las. Vamos lá, então! A anatomia do sistema digestório O sistema digestório de nosso organismo é formado por órgãos ocos em série que se comunicam em ambas as extremidades com o meio externo, constituindo o chamado trato gastrointestinal (TGI). Também chamado de canal alimentar, o TGI é composto pela boca, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso e ânus. Alguns órgãos e tecidos acessórios auxiliam na atividade dos componentes do TGI. Dentre tais estruturas com função complementar estão as glândulas salivares, o fígado, a vesícula biliar e o pâncreas exócrino. VOCÊ SABIA? O canal alimentar de um adulto mede aproximadamente 9 metros de comprimento e se estende da boca até o ânus. Os órgãos formadores do tubo estão delimitados entre si por esfíncteres. O esfíncter esofágico superior delimita a faringe da porção superior do esôfago, o qual é delimitado do estômago pelo esfíncter esofágico inferior. O estômago é separado do intestino delgado pelo piloro, e o intestino delgado separado do intestino grosso pelo esfíncter ileocecal. Fisiologia Humana 11 IMPORTANTE: O sistema digestório recebe um elevado suprimento sanguíneo, correspondendo mais ou menos a 25% do débito cardíaco. O alto suprimento de sangue ao intestino é importante por transportar os nutrientes absorvidos pelo órgão para o restante do organismo. Ademais, após uma refeição, o sangue também pode ser redirecionado da periferia do organismo para o TGI, servindo às necessidades metabólicas do trato. Porém, é fundamental destacar que, ao contrário do que ocorre em outros órgãos do corpo, o sangue venoso proveniente do sistema digestório não segue diretamente para o átrio direito do coração. Ele primeiro entra na circulação porta, em direção ao fígado, impedindo que substâncias tóxicas absorvidas pelo intestino alcancem a circulação sistêmica antes de serem metabolizadas pelo fígado. Figura 1 – A anatomia do sistema digestório, constituída dos órgãos que formam o canal alimentar e pelos órgãos acessórios Fonte: Pixabay. Fisiologia Humana 12 A estrutura da parede do TGI A parede do tratogastrointestinal é composta por camadas constituídas de células especializadas, a partir da parte média do esôfago até o ânus. A maior parte da superfície voltada para o lúmen é bastante contorcida, característica fundamental para aumentar a área disponível para a absorção dos nutrientes. As reentrâncias do epitélio formam glândulas exócrinas que secretam ácido, água, enzimas, íons e muco no lúmen. Outros tipos celulares secretam hormônios no sangue, os quais participam da regulação da digestão e do apetite. A parede do trato gastrointestinal está organizada em diferentes camadas: mucosa, submucosa, camadas musculares e camada serosa. Ao longo do trato, a estrutura das camadas é muito semelhante, com algumas diferenças no epitélio da camada mucosa. Essas diferenças incluem tipos celulares distintos com funções específicas e algumas diferenças estruturais. Abaixo da camada mucosa, encontra-se a submucosa, a qual possui uma rede de neurônios: o plexo submucoso. IMPORTANTE: Com exceção do estômago, que possui três camadas musculares (longitudinal, circular e oblíqua), a maior parte do trato é formada por apenas duas camadas musculares, a longitudinal externa e a circular interna. As fibras da camada muscular circular estão orientadas perpendicularmente em relação ao eixo do trato. Sua contração diminui a luz do trato, facilitando a mistura com as secreções luminais. Já as fibras musculares da camada longitudinal estão orientadas segundo o eixo longitudinal do tubo. Quando estas se contraem acabam encurtando o trato, movimentando o conteúdo que está no lúmen no sentido do seu comprimento. Fisiologia Humana 13 Entre as duas camadas musculares encontra-se um segundo conjunto de neurônios do sistema digestório, o plexo mioentérico ou plexo de Auerbach. NOTA: Os plexos submucosos e mioentérico formam o sistema nervoso entérico (SNE), o qual faz parte do sistema nervoso autônomo. As funções do sistema digestório O sistema digestório tem como principais funções a digestão, a absorção, a secreção e a excreção. É responsável pela absorção de nutrientes e água ingeridos na dieta, tendo um papel fundamental na regulação e na integração dos processos do metabolismo de todo o corpo. NOTA: Além dos nutrientes e da água, o trato também absorve os fármacos que são administrados via oral e retal. A absorção ocorre predominantemente no intestino delgado, o qual absorve todos os produtos da quebra dos nutrientes orgânicos, as vitaminas e grande parte da água e eletrólitos. A absorção no intestino delgado se dá preferencialmente na região denominada duodeno e na parte inicial do jejuno. Já a região do íleo absorve sais biliares e vitamina B12. No intestino grosso, a região do cólon absorve um volume pequeno de água e eletrólitos. Fisiologia Humana 14 Figura 2 – O intestino é formado por células especializadas em absorver, os enterócitos Fonte: Freepik. Porém, os alimentos normalmente entram no trato gastrointestinal na forma de macromoléculas, como proteínas e polissacarídios, incapazes de atravessar a parede intestinal. Dessa forma, antes que o alimento ingerido possa ser absorvido, precisa ser decomposto em moléculas menores, processo denominado digestão. IMPORTANTE: A maioria das macromoléculas da dieta, após serem decompostas, consegue atravessar a parede do intestino e atingir a circulação, com exceção de lipídios e outras moléculas lipossolúveis que não conseguem penetrar os capilares e, em vez disso, penetram nos vasos linfáticos da parede intestinal. Esses vasos linfáticos, por sua vez, drenam para a circulação sistêmica. Os processos de digestão e de absorção necessitam de uma característica essencial da parede muscular do trato gastrointestinal: a motilidade efetuada pela musculatura do trato. A contração e o relaxamento dessa musculatura propiciam a mistura, a trituração e a progressão dos nutrientes. Fisiologia Humana 15 DEFINIÇÃO: O conjunto dos processos determinados pela motilidade é denominado de peristalse. Para que o processo de digestão ocorra de forma eficiente, uma série de substâncias deve ser liberada no lúmen do trato por meio do processo de secreção. Os órgãos acessórios ao trato, o estômago e o intestino produzem e secretam substâncias que quebram (por ações enzimáticas de hidrólise) os nutrientes. As secreções proporcionam um ambiente com características adequadas, como por exemplo, tornam o pH ideal para a digestão dos compostos orgânicos ingeridos na dieta. Figura 3 – As secreções presentes no TGI transformam as macromoléculas ingeridas na dieta em moléculas possíveis de serem absorvidas Fonte: Freepik. O sistema digestório também tem uma função na excreção de substâncias. Pequenas quantidades de determinados produtos metabólicos são eliminadas do corpo pelo trato gastrointestinal, principalmente por meio da bile produzida no fígado. Metabólitos de Fisiologia Humana 16 fármacos também são eliminados do corpo pelo trato. O material que permanece dentro do TGI é denominado fezes e deixa o corpo por meio do ânus no final do trato. As fezes são constituídas por bactérias e material ingerido que não foi digerido e nem absorvido pelo trato. Figura 4 – A bile produzida pelo fígado e armazenada na vesícula biliar é uma importante excreta do organismo Fonte: Freepik. VOCÊ SABIA? Além dos quatro processos básicos citados realizados pelo trato gastrointestinal: absorção, digestão, secreção e excreção, e de características importantes como a motilidade, pode-se adicionar uma função extra ao trato gastrointestinal, que é a atividade imunológica. Existe um extenso sistema imunológico ao longo do trato, representado por agregados de tecido linfoide e uma população difusa de células imunológicas. A maior parte das células desse sistema localiza-se no intestino. Tal sistema imunológico é importante porque o lúmen do trato é continuo com o meio externo. Além do mais, o intestino grosso é colonizado por bilhões de bactérias, cuja maior parte é benéfica ao organismo. Mas, se essas bactérias adentrarem o meio interno, elas podem causar infecção grave. Dessa forma, a atividade imunológica além de proteger o trato gastrointestinal contra agentes infecciosos exógenos, também nos protege de nossa própria flora bacteriana. Fisiologia Humana 17 Figura 5 – Células do sistema imune no intestino nos protegem de infecções por nossa própria flora bacteriana, a qual é formada por diferentes microrganismos. Fonte: Freepik. Mecanismos que regulam as funções do sistema digestório REFLITA: Diferentemente de outros sistemas do nosso organismo que estão sempre ativos, como o respiratório e o cardiovascular, o sistema digestório passa por momentos de inatividade relativa (entre as refeições) e por períodos de intensa atividade (após a ingestão de alimentos). Então, como o sistema digestório “entende” que deve estar mais ativo ou menos ativo? Para que o trato tenha a resposta adequada ao período correspondente, ele precisa detectar se houve ingestão de alimentos ou não. Além do mais, não apenas o período, mas a quantidade de Fisiologia Humana 18 macromoléculas ingeridas também precisa ser interpretada. Para tanto, existem três mecanismos de controle principais envolvidos na regulação da atividade do sistema digestório: endócrino, parácrino e neural. A regulação endócrina da atividade do sistema digestório Neste tipo de regulação uma célula específica, chamada célula sensora ou enteroendócrina do trato responde a um estímulo secretando um hormônio que cai na corrente sanguínea até encontrar suas células-alvo em um local distante, com receptores específicos para essas substâncias. Nem sempre tais receptores estão localizados no trato gastrointestinal, podendo estar localizados no fígado e no sistema nervoso central. As células enteroendócrinas contêm grânulos de secreção, os quais são secretadosem resposta a estímulos químicos e mecânicos que ocorrem na parede do trato. Também podem ser estimuladas por impulsos nervosos ou outros fatores não associados diretamente à refeição. EXEMPLO: As células G do estômago secretam o hormônio gastrina, liberado na corrente sanguínea pela presença de oligopeptídeos na luz do trato. Seu efeito é estimular as células parietais do corpo do estômago a secretarem íons hidrogênio e, também, a célula semelhante à célula enterocromafim (CSCEC) do corpo do estômago a secretar histamina. A regulação parácrina da atividade do sistema digestório O que difere a regulação parácrina da endócrina é o local onde a substância liberada pela célula enteroendócrina atua. Na regulação parácrina a substância liberada pela célula sensora, normalmente um mensageiro químico ou peptídeo regulador, não alcança a corrente sanguínea, mas sim se difunde pelo espaço intersticial e atua em células- alvo vizinhas. EXEMPLO: A colecistocinina (CCK), que é liberada pelo duodeno em resposta a proteínas e lipídios provenientes da alimentação, age como uma substância parácrina nas terminações nervosas locais. Fisiologia Humana 19 A regulação neural da atividade do sistema digestório Neste tipo de regulação, um neurotransmissor é liberado por uma terminação nervosa, localizada no trato, e atua sobre a célula que esse neurônio está inervando. Ou seja, é uma sinapse química. A regulação neural do TGI é complexa, pois o intestino é inervado por dois conjuntos de nervos: o sistema nervoso intrínseco e o sistema nervoso extrínseco. O sistema nervoso extrínseco é constituído por nervos que inervam o intestino, mas que têm seus corpos celulares do lado de fora da parede do intestino. Os nervos extrínsecos fazem parte do sistema nervoso autônomo simpático e parassimpático. Já o sistema nervoso intrínseco, também denominado sistema nervoso entérico, é composto por neurônios cujos corpos celulares estão na parede do intestino. São o plexo submucoso e o plexo mioentérico, já descritos anteriormente. NOTA: O sistema nervoso autônomo parassimpático aumenta a motilidade e a contração dos órgãos do sistema digestório que inervam; levam ao relaxamento dos esfíncteres e aumentam as secreções. Dessa forma, a atividade do SNA Parassimpático tende a auxiliar no processo de digestão. Já o sistema nervoso autônomo simpático reduz a motilidade e a contração dos órgãos-alvo e aumenta a contração dos esfíncteres. Sendo assim, a atividade do SNA Simpático tende a retardar o processo de digestão. Outra característica importante do sistema nervoso extrínseco é que o mesmo leva informações como a concentração de nutrientes e o grau de estiramento do músculo liso do sistema digestório em direção ao sistema nervoso central. Uma vez que a informação chega ao SNC, gera- se uma resposta reflexa via fibras eferentes motoras. EXEMPLO: No reflexo do relaxamento receptivo gástrico, a distensão do estômago causa o relaxamento da musculatura lisa do órgão. Isso permite que o estômago se encha sem que haja aumento da pressão dentro do órgão. Fisiologia Humana 20 No sistema nervoso intrínseco, formado pelos plexos mioentérico e submucoso, os estímulos que chegam à parede do trato são detectados pelos neurônios desses plexos e, como consequência, há a alteração do funcionamento do órgão. Sendo assim, essa divisão do sistema nervoso é capaz de agir sem a influência do SNC e do sistema nervoso extrínseco. Entretanto, os neurônios do sistema nervoso intrínseco são inervados pelos do extrínseco, podendo, portanto, ser modulado por ele. VOCÊ SABIA? Devido ao fato de poder controlar seu próprio funcionamento, o sistema nervoso intrínseco é muitas vezes chamado de pequeno cérebro do intestino. Além dessa propriedade, pode-se destacar a grande quantidade de neurônios que formam o sistema nervoso entérico, principalmente na região do intestino. RESUMINDO: Gostou do que lhe mostramos? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir o que vimos. Você deve ter aprendido que o sistema digestório de nosso organismo é formado por órgãos ocos em série que se comunicam em ambas as extremidades com o meio externo. A parede do trato gastrointestinal está organizada em diferentes camadas: mucosa, submucosa, camadas musculares e camada serosa. O sistema digestório tem como principais funções a digestão, a absorção, a secreção e a excreção. Existem três mecanismos de controle principais envolvidos na regulação da atividade do sistema digestório: endócrino, parácrino e neural. O controle endócrino da atividade do sistema digestório acontece via liberação de hormônios na corrente sanguínea. Já no controle parácrino são secretadas substâncias que agem próximo ao local de origem de sua liberação. O controle neural das atividades do digestório envolve a ação do sistema nervoso extrínseco e intrínseco. Fisiologia Humana 21 Motilidade do sistema digestório OBJETIVO: Neste capítulo, entenderemos os processos de motilidade gástrica e intestinal que auxiliam na digestão e impulsionam o bolo alimentar em direção ao ânus. Ainda, veremos quais são as principais secreções que determinam a digestão e promovem a consequente absorção dos nutrientes. Vamos iniciar, então! A motilidade DEFINIÇÃO: Enquanto os processos de digestão, secreção e absorção estão ocorrendo, o músculo liso na parede do trato gastrointestinal sofre contrações que misturam o conteúdo luminal com as secreções e movimentam o conteúdo em direção ao ânus. Essas contrações são designadas como motilidade do trato. Em alguns casos, os movimentos musculares ocorrem de modo semelhante a uma onda, processo denominado peristalse. A motilidade gástrica O estômago armazena, mistura e tritura os alimentos e promove a propulsão peristáltica e a regulação da velocidade de esvaziamento gástrico. Tais funções são exercidas nas diferentes regiões do órgão, sendo elas: a cárdia, o corpo (ou fundo) e o antro. O estômago produz ondas peristálticas em resposta à chegada do alimento. Cada onda inicia-se na região do corpo gástrico (região de marca-passo), e produz apenas uma ondulação à medida que prossegue em direção à região do antro pilórico. Porém, essa contração é muito fraca e não é suficiente para promover a mistura dos alimentos com as secreções gástricas. Mas, à medida que a onda vai se aproximando do antro pilórico, ela produz uma contração mais forte. Como as ondas Fisiologia Humana 22 peristálticas aumentam de velocidade e intensidade em direção à região antro-pilórica, proporcionam a mistura do alimento com as secreções gástricas, otimizando a digestão. O alimento, já parcialmente digerido, forma o que se chama quimo. As ondas peristálticas promovem o fechamento do esfíncter pilórico. Com o esfíncter fechado, apenas uma pequena quantidade de quimo passa para o duodeno a cada onda e, ainda, o fechamento do esfíncter promove a retropropulsão do quimo, auxiliando mais ainda na mistura. IMPORTANTE: As ondas peristálticas de contração são geradas no estômago pelas células marca-passo, presentes na camada de músculo liso longitudinal. Essas células sofrem ciclos espontâneos de despolarização e repolarização. Entretanto, na ausência de impulsos neurais ou atividade hormonal, essas despolarizações são muito fracas para causar contrações significativas. Sendo assim, neurotransmissores e hormônios excitatórios atuam sobre o músculo liso para despolarizar ainda mais a membrana, aproximando-a do limiar de disparo de um potencial de ação. Os potenciais de ação sim são capazes de gerar contrações fortes o suficiente para misturar o conteúdo do estômago com as secreções. O que determina a participação de neurotransmissores e hormônios na despolarização da membrana é a concentração de determinadas substâncias no lúmen do TGI e o grau de distensão do estômagoe intestino. A motilidade do intestino delgado A função motora do intestino delgado tem três objetivos: • A mistura do quimo com as secreções, principalmente no duodeno onde há secreções pancreáticas e a bile. • Aumentar o contato do quimo com a mucosa intestinal, fortalecendo os processos de digestão e absorção. • A propulsão do quimo no sentido do ânus. Fisiologia Humana 23 Os padrões motores do intestino delgado, durante o período pós- refeição, são predominantemente voltados para a mistura. Consistem, em sua maioria, em contração e relaxamento estacionários de segmentos intestinais. Cada segmento em contração tem apenas poucos centímetros de comprimento, e a contração dura apenas alguns segundos. O quimo que está no lúmen do segmento que está se contraindo é forçado para cima e para baixo no intestino. DEFINIÇÃO: As contrações e relaxamentos rítmicos do intestino são conhecidos como segmentação. Os movimentos de segmentação são iniciados pela atividade elétrica gerada por células marca-passo na camada de músculo liso circular. Da mesma forma como ocorre no estômago, o ritmo elétrico básico intestinal produz despolarizações. Se o limiar for alcançado deflagra-se o potencial de ação que aumenta a força de contração. A intensidade da segmentação pode ser alterada por hormônios, pelo sistema nervoso entérico e por nervos do sistema nervoso autônomo. Depois que a refeição foi digerida e absorvida, o intestino delgado precisa ser preparado para a próxima refeição e o que não foi digerido precisa seguir em direção ao ânus. Essa eliminação é feita pelo peristaltismo, que é a sequência coordenada de contrações que ocorre acima do conteúdo intestinal, e o relaxamento abaixo, e que permite o transporte do conteúdo por distâncias consideráveis. A motilidade do intestino grosso Enquanto o intestino delgado digere e absorve os nutrientes, a principal função do intestino grosso consiste em armazenar e concentrar o material fecal antes da defecação. O intestino grosso não participa do processo de digestão e são poucas as suas secreções. O intestino grosso acaba absorvendo apenas líquido e eletrólitos, mas muito pouco se comparado ao intestino delgado. Fisiologia Humana 24 VOCÊ SABIA? Se o material fecal permanecer muito tempo no cólon, quase toda a água é absorvida, deixando as fezes bastante endurecidas e difíceis de serem eliminadas. Por isso, deve- se evitar sempre que possível inibir o reflexo da defecação. O intestino grosso está envolvido com as seguintes funções motoras: • Movimentação com retropropulsão do conteúdo colônico, otimizando o processo de absorção de água e eletrólitos. • Mistura e lubrificação do conteúdo colônico com a secreção de muco. • Propulsão no sentido do ânus do conteúdo colônico. • Expulsão das fezes, a defecação, que envolve o reto e o ânus. Dois padrões de motilidade ocorrem no cólon: os movimentos de mistura do conteúdo colônico, que facilitam o processo absortivo da água e íons e o chamado movimento de massa, que pode percorrer toda a extensão do cólon. O movimento de massa ocorre de 1 a 3 vezes por dia. Quando o reto se distende pela chegada das fezes ao seu interior, devido ao movimento de massa, desencadeia-se o reflexo da defecação. NOTA: Assim como no intestino delgado, as células marca-passo iniciam as contrações no intestino grosso. As secreções que promovem a digestão Para que as macromoléculas ingeridas na dieta sejam quebradas em partículas menores, podendo então ser absorvidas pelo intestino, é necessária a secreção de uma série de substâncias na luz do trato gastrointestinal. Fisiologia Humana 25 A secreção salivar O processo de digestão inicia-se já na boca com a secreção salivar. A saliva é um líquido composto por solutos orgânicos e eletrólitos, secretada principalmente pelas glândulas salivares maiores: as parótidas, as submandibulares e as sublinguais. Também compõem a saliva os microrganismos da cavidade oral e o fluido secretado por outras pequenas glândulas dispersas na boca. IMPORTANTE: A secreção salivar é muito importante para a higiene e saúde da cavidade oral. Pessoas com xerostomia – neuropatia congênita caracterizada por boca seca proveniente da falta de saliva – têm frequentes infecções da mucosa oral e muitas cáries dentárias. A saliva possui algumas substâncias que possuem ação bactericida: lisozimas, as quais ligam a parede celular das bactérias; sulfocianeto; e a proteína ligadora de imunoglobulina A, a qual é ativa contra vírus e bactérias; dentre outras. NOTA: O controle da secreção de saliva tem uma peculiaridade em relação às demais secreções lançadas no trato gastrointestinal, pois a secreção salivar, diferente de outras secreções que estão sobre controle neural e hormonal, está apenas sob o controle do sistema nervoso autônomo. As principais enzimas secretadas pelas glândulas salivares são a α-amilase salivar, ou ptialina, e a lipase lingual. Estão relacionadas, respectivamente, à digestão de carboidratos e de gorduras. A α-amilase hidrolisa as ligações α[1,4] – glicosídicas no interior das cadeias polissacarídicas, resultando em oligossacarídeos. O pH ótimo para seu funcionamento é 7, mas consegue atuar entre os pHs 4 e 11. A ação dessa enzima na cavidade oral dura pouco tempo, porém ela continua atuando no estômago no interior do bolo alimentar, mas só enquanto Fisiologia Humana 26 não se iniciam os movimentos peristálticos no estômago. Quando o bolo alimentar é misturado com as secreções gástricas, o baixo pH dessas secreções inativa a α-amilase. Deve-se destacar que sua ação não é considerada essencial, pois a α-amilase pancreática presente no duodeno, secretada em grandes quantidades pelo pâncreas, tem a mesma função de hidrolise dos carboidratos. A lipase lingual é secretada pelas glândulas de von Ebner da língua, enzima que hidrolisa os triacilgliceróis em ácidos graxos e monoacilglicerois. A lipase lingual é considerada ácida, pois ainda encontra-se ativa em pHs inferiores a 4. A lipase lingual também não é considerada essencial, devido à existência da lipase pancreática. A secreção gástrica O estômago não tem só importante papel na motilidade, mas também no processo digestivo, pois secreta enzimas que continuam a hidrólise dos macronutrientes iniciada na boca, além de secretar hormônios e substâncias parácrinas que participam da regulação da secreção gástrica. DEFINIÇÃO: O fluido secretado pelo estômago é chamado de suco gástrico. O estômago secreta cerca de 1 a 2 litros de suco gástrico por dia. O suco gástrico apresenta alguns compostos principais, são eles: HCl; pepsinogênio; lipase gástrica; muco rico em bicarbonato; gastrina; fator intrínseco, dentre outros. O HCl, secretado pelas células oxínticas do estômago, confere um pH baixo ao suco gástrico, que fica em torno de 2. O pH ácido regula a secreção de pepsinogênio por um outro tipo de célula do estômago, as células principais, e a sua conversão em pepsina na luz do estômago. Já nos períodos entre as refeições o pH luminal não é tão ácido, ficando entre 4 e 6. Fisiologia Humana 27 VOCÊ SABIA? O fármaco omeprazol utilizado para tratamento de gastrites tem a função de inibir as bombas de H+ na membrana plasmática das células oxínticas, diminuindo a formação de HCl e, consequentemente, diminuindo a acidez no estômago. O pepsinogênio é secretado pelas células principais. Lançado no lúmen gástrico como uma proenzima, é hidrolisado a sua forma ativa, a pepsina, apenas na presença de pH com valores menores do que 5. Por isso, é fundamental a secreção de HCl pelas células oxínticas. A pepsina tem a função de hidrolisar ligações no interior de cadeias polipeptídicas, ou seja, participa da digestão de proteínas. Células não específicas da glândula gástrica secretam a lipase gástrica, a qual é lançada na luz do estômago já na sua formaativa. É uma enzima que hidrolisa, em meio ácido, os triacilgliceróis. O muco secretado pelas glândulas gástricas é de dois tipos: muco insolúvel e muco solúvel. Secretado pelas células superficiais da glândula gástrica, o muco insolúvel retém o bicarbonato secretado por essas mesmas células. IMPORTANTE: O muco insolúvel forma uma camada sobre a superfície luminal do estômago, evitando que o pH ácido danifique o epitélio estomacal. O muco secretado por células localizadas mais abaixo na glândula gástrica, o muco solúvel, é misturado aos alimentos, lubrificando-os. A gastrina é um hormônio produzido pelas células G do estômago, tendo a função de aumentar a motilidade do estômago e estimular diretamente a secreção de HCl pelas células oxínticas. O fator intrínseco é uma glicoproteína produzida pelas células oxínticas e é fundamental para a absorção da vitamina B12 no íleo do Fisiologia Humana 28 intestino delgado. Na ausência do fator intrínseco, desenvolve-se a anemia megaloblástica ou perniciosa, já que a vitamina B12 é essencial na formação de glóbulos vermelhos. Nesse tipo de anemia, há uma redução no número de hemácias normais, que se tornam grandes e disfuncionais. As secreções presentes no intestino que promovem a digestão A maioria das secreções presentes no intestino deriva do fígado e do pâncreas. O fígado contribui para a digestão das gorduras pela liberação da bile no intestino delgado. A bile é produzida no fígado, mas é armazenada na vesícula biliar. Já as secreções pancreáticas digerem lipídios, proteínas e carboidratos. IMPORTANTE: A secreção da bile pelo fígado executa duas funções: digestiva e excretora. Esta última porque vários solutos são excretados na bile, como a bilirrubina resultante da degradação da hemoglobina. A bile secretada pelos hepatócitos do fígado contém sais biliares (67%), fosfolipídios (22%), colesterol (4%), bilirrubina (0,3%) e proteínas (4,5%). Embora a bile não contenha nenhuma enzima digestiva, sua função na digestão e na absorção dos lipídios é de grande importância. A bile tem ação detergente sobre as gorduras em suspensão no fluido aquoso do lúmen do intestino. Os componentes da bile – sais biliares, fosfolipídios e colesterol – formam micelas que interagem com as gorduras em suspensão, diminuindo sua tensão superficial e rompendo- as em gotículas. Esse processo recebe o nome de emulsificação das gorduras. A emulsificação tem como princípio ampliar a área de superfície das gorduras expostas às ações das enzimas lipolíticas do pâncreas. Também, os produtos da hidrólise lipídica incorporam-se às micelas e são transportadas por elas, facilitando sua chegada à borda absortiva do intestino. Por isso, a bile não é só importante para a digestão de lipídios, mas também para sua absorção. Fisiologia Humana 29 Figura 6 – A formação de micelas (no centro da imagem) pela bile facilita a digestão e a absorção das gorduras no intestino delgado Fonte: Pixabay. VOCÊ SABIA? Parte da população com mais de 30 anos tem litíase ou cálculo biliar. Quando há um aumento excessivo de colesterol compondo a bile, pode ocorrer a formação de cristais de colesterol, os quais se precipitam na bile e formam cálculos. Este constitui o principal tipo de litíase biliar. Quando os nutrientes adentram o intestino delgado, as células I do intestino delgado liberam o hormônio colecistocinina (CCK) na corrente sanguínea, o qual promove a liberação da bile pela vesícula biliar e das secreções pancreáticas pelo pâncreas. As secreções do pâncreas são quantitativamente as maiores contribuintes da digestão enzimática da refeição, além de secretar outras substâncias que são vitais para que a digestão ocorra no intestino delgado, como o bicarbonato. NOTA: Estamos nos referindo às secreções exócrinas do pâncreas, e não às secreções endócrinas. Vamos estudar o pâncreas endócrino no final desta unidade. Muitas das enzimas digestivas produzidas pelo pâncreas são armazenadas na forma inativa, protegendo o pâncreas da sua própria digestão. O suco pancreático é formado por cinco grupos de proteínas digestivas: Fisiologia Humana 30 1. Precursores de proteases: tripsinogênio, quimiotripsinogênio, proelastase, procarboxipeptidase A e procarboxipeptidase B. 2. Enzimas digestivas de amido: amilase. 3. Enzimas digestivas de lipídios ou precursores: lipase, esterase inespecífica, fosfolipase A2. 4. Nucleases: desoxirribonuclease e ribonuclease. 5. Fatores reguladores: procolipase, inibidores de tripsina e peptídeo monitor. As enzimas do pâncreas digerem todos os tipos de macronutrientes. As enzimas proteolíticas, sendo as mais importantes a tripsina, a quimiotripsina e as carboxipeptidades, são lançadas no lúmen do intestino nas suas formas inativas citadas acima (1). Uma enzima da borda em escova do delgado, a enteropeptidase, cliva o tripsinogênio, ativando-a na forma de tripsina. Uma vez ativa a própria tripsina ativa as demais proteases pancreáticas. A amilase pancreática (2), lançada já sob a forma ativa no duodeno, é semelhante à salivar e cliva ligações glicosídicas no interior da cadeia polissacarídica. As enzimas lipolíticas (3) são na sua maioria lançadas sob a forma ativa no duodeno e de suas ações resultam ácidos graxos livres, diacilglicerois e colesterol. Apenas a fosfolipase é secretada como proenzima e é específica para a hidrólise de fosfolipídios. As nucleases (4) são secretadas também na forma ativa e quebram as ligações entre os nucleotídeos. Os produtos da hidrólise são mono e oligonucleotídeos. Quanto aos fatores reguladores (5), a procolipase atua como cofator para ação das lipases; o inibidor de tripsina previne a ativação da tripsina e das demais enzimas proteolíticas; e o peptídeo monitor atua na liberação da CCK. Fisiologia Humana 31 Absorção de água e nutrientes A absorção intestinal dos produtos da ação das enzimas, e também das vitaminas e da maior parte da água e dos eletrólitos ocorrem no duodeno e no início do jejuno. A região do íleo está relacionada à absorção da vitamina B12 e o intestino grosso absorve principalmente água e NaCl. O intestino delgado absorve de 8 a 9 litros de água por dia, centenas de gramas de monossacarídeos e de produtos da quebra das gorduras, 50 a 100 gramas de aminoácidos, de sódio e de potássio. REFLITA: Por que o intestino delgado tem essa capacidade absortiva tão grande? O intestino delgado é a porção mais longa e convoluta do trato gastrointestinal, sendo que o seu comprimento pode chegar até 7 metros. Além disso, a superfície absortiva do delgado é amplificada cerca de 600 vezes, pois ela apresenta especializações que amplificam muito a digestão e também a absorção. A primeira amplificação se deve às dobras de Kerckring, as quais são dobras da mucosa e da submucosa que se projetam para o lúmen intestinal e formam pregas que elevam cerca de três vezes a área absortiva. O segundo grau de complexidade estrutural no delgado são as vilosidades, as quais são dobras da mucosa. Elevam cerca de dez vezes a superfície absortiva. VOCÊ SABIA? As vilosidades podem ser modificadas em condições patológicas, como o ocorre na doença celíaca, prejudicando a absorção. Fisiologia Humana 32 O terceiro grau de complexidade são as chamadas microvilosidades presentes na membrana luminal das células do intestino delgado, os enterócitos. Estas elevam cerca de vinte vezes a área absortiva. Assim, o aumento total da área disponível para absorção no delgado, considerando-se os três níveis de complexidade, é de 3 x 10 x 20, ou seja, igual a 600. Absorção de carboidratos Na dieta ocidental, os principais carboidratos ingeridos são: amido (50%); sacarose (30%); lactose (10%); maltose (2%); glicogênio de origem animal em quantidades variáveis; e outros carboidratos de origem vegetal, como a celulose, também em porcentagens variáveis. O amido consisteem um polímero de glicose e é encontrado em grãos e tubérculos de origem vegetal. É formado por cadeias retilíneas de amilose, com ligações α[1,4]-glicosídicas, e por cadeias ramificadas de amilopectina, com ligações α[1,6]-glicosídicas. O glicogênio é um polissacarídeo de origem animal semelhante à amilopectina, mas dispõe de um número maior de ramificações e de monômeros de glicose. O polissacarídeo celulose, de origem vegetal, tem cerca de 2.500 monômeros de glicose em cadeias retas, mas com ligações α[1,4]. Esse carboidrato não sofre hidrólise no nosso trato gastrointestinal e compõem as chamadas fibras da alimentação. A sacarose, extraída principalmente da cana-de-açúcar, é muito utilizada como adoçante de alimentos e bebidas. É hidrolisada em glicose e frutose por enzima específica da borda em escova do delgado, a sacarase. A lactose é um dissacarídeo presente no leite e seus derivados, sendo digerida por enzima específica, a lactase, da borda em escova do delgado. Os produtos da quebra da lactose são a glicose e a galactose. Fisiologia Humana 33 VOCÊ SABIA? Pessoas que produzem pouca lactase têm dificuldade em quebrar a lactose. A lactose não absorvida impede a absorção de parte da água pelo intestino, pois cria um gradiente osmótico que retém a água no lúmen do intestino e leva à diarreia. Quando esse líquido cheio de lactose chega ao intestino grosso, onde há a presença de muitas bactérias, ocorre a degradação da lactose pelas mesmas, gerando uma grande quantidade de gases que distendem o cólon, muitas vezes provocando dor e desconforto. Figura 7 – A dificuldade em digerir o a lactose denomina-se intolerância à lactose Fonte: Freepik. A maltose é um dissacarídeo produto da quebra do amido, e é degradada por uma enzima específica, a maltase, da borda em escova do delgado. Fisiologia Humana 34 IMPORTANTE: Os principais produtos da hidrólise dos carboidratos são a glicose, a galactose e a frutose. Esses monossacarídeos são absorvidos em duas etapas mediadas por carreadores presentes nas membranas dos enterócitos. Na membrana voltada para o lúmen, a glicose e a galactose são transportadas com gasto de energia pelo cotransportador SGLT-1 (sodium- glicose transporter). Por meio dele ocorre a entrada de 1 mol de glicose ou galactose e de 2 moles de Na+. A atividade da bomba de Na+/K+ do outro lado da célula (membrana basolateral) é essencial para que tal transporte ocorra, visto que cria o gradiente para entrada do Na+ na célula. Assim sendo, a absorção intestinal de glicose e de galactose pela membrana luminal é um transporte ativo secundário, acoplado à entrada de Na+ na célula. Na membrana basolateral, tanto a glicose como a galactose são transportadas passivamente por difusão facilitada pelo carreador GLUT2, em direção aos capilares. O transporte da frutose por meio da membrana luminal se dá pelo carreador GLUT5 por difusão facilitada, independente ao transporte de Na+. Na membrana basolateral, a frutose deixa a célula da mesma forma que a glicose e a galactose, pelo GLUT2. A absorção desses monossacarídeos é rápida e se completa até o início do jejuno. Absorção de proteínas Os processos digestivos e absortivos das proteínas ingeridas na dieta, provenientes de carnes e vegetais, são muito eficientes, pois praticamente todas as proteínas ingeridas são digeridas e absorvidas. São transportados para o interior dos enterócitos tanto aminoácidos livres como peptídeos. Na membrana luminal dos enterócitos existem diferentes sistemas transportadores, com afinidades pouco específicas aos diversos aminoácidos. O principal deles é o chamado sistema B, pelo qual ocorre transporte ativo secundário de aminoácidos neutros, por Fisiologia Humana 35 cotransporte com o Na+. Já pela membrana basolateral os aminoácidos são absorvidos por difusão facilitada. O transporte de oligopeptídeos na membrana luminal é realizado pelo cotransportador Pep-T1, o qual transporta os peptídeos para dentro da célula junto com o H+. Este é um transporte ativo secundário, pois utiliza o gradiente gerado pelo contratransportador Na+/H+, o qual transporta o Na+ para dentro da célula e o H+ para fora. NOTA: A absorção de peptídeos é mais rápida que a de aminoácidos, principalmente porque os aminoácidos competem entre si nos transportadores. Absorção de lipídios Os principais lipídios da dieta ocidental são os triacilgliceróis (TAG), o colesterol e os fosfolipídios. Os triacilgliceróis são resultado da combinação do glicerol com ácidos graxos de cadeia longa. Caracterizam-se por ser a principal fonte energética do organismo, pois fornecem 9 kcal/g e acumulam-se dentro da célula. O colesterol é um álcool policíclico de cadeia longa, considerado um esteroide. O colesterol contém uma hidroxila na posição 3 do anel esteroídico, esterificado por ácidos graxos de dimensões variáveis. O colesterol de origem animal é o principal consumido. Os fosfolipídios são formados por glicerol, ácidos graxos e ácido fosfórico. Os mais abundantes são a fosfatidiletanolamina e a fosfatodilcolina, os quais são os principais formadores de membranas celulares. Fisiologia Humana 36 IMPORTANTE: Os produtos da digestão da gordura são capazes de atravessar facilmente as membranas biológicas devido ao seu caráter lipofílico. Porém, existe uma outra forma de eles atravessarem a membrana dos enterócitos: por transportadores de membrana específicos. A proteína MVM-FABP parece ser responsável pela absorção de ácidos graxos de cadeia longa por meio da borda em escova. Também, o NPC1L1 foi recentemente identificado como via de absorção do colesterol e pode ser um alvo no tratamento do colesterol alto. Além da forma como atravessam a membrana dos enterócitos, os lipídios também diferem dos carboidratos e das proteínas em termos de seu destino. Os monossacarídeos e os aminoácidos deixam os enterócitos na forma molecular e entram na circulação. Já os produtos da lipólise sofrem um processo chamado reesterificação dentro dos enterócitos, para formar triglicerídeos, fosfolipídios e ésteres de colesterol. Esses lipídios ressintetizados combinam-se com proteínas, as apolipoproteínas, formando estruturas conhecidas como quilomícrons, os quais consistem em um núcleo lipídico (predominantemente triglicerídeo) recoberto pelas apolipotrieínas. Os quilomícrons deixam os enterócitos por exocitose. Mas, como eles são muito grandes para permear os capilares, são absorvidos por vasos linfáticos. NOTA: Os ácidos graxos de cadeia média são relativamente solúveis em água e conseguem atravessar entre os enterócitos, não sendo incluídos nos quilomícrons. As vitaminas lipossolúveis são absorvidas nos enterócitos junto com os produtos da hidrólise lipídica. Fisiologia Humana 37 As vitaminas hidrossolúveis podem ser absorvidas de diferentes formas na membrana luminal dos enterócitos, sendo a mais frequente delas via o transporte ativo secundário dependente de Na+. Absorção de água e eletrólitos Pouca água é reabsorvida já no estômago, pois as células do seu epitélio são bastante aderidas umas às outras. A maior parte da água é reabsorvida no intestino, mais especificamente no jejuno. O epitélio do duodeno é bastante permeável à água, mas como o quimo que chega ao duodeno é hipertônico em relação ao plasma, predominam os fluxos secretórios, do compartimento intersticial- plasmático para o lúmen intestinal. O intestino grosso absorve cerca de 95% da água que o atinge diariamente. NOTA: A absorção transcelular de água ao longo do intestino ocorre de forma secundária à absorção de solutos, principalmente NaCl. Parte da água também consegue ser absorvida via transporte paracelular. Em relação à absorção dos eletrólitos, o Na+ consiste no principal eletrólito do líquido extracelular e o principal responsável pela manutenção do seu volume. O Na+ é absorvido aolongo de todo o intestino, embora isto vá se reduzindo no sentido do ânus. O Na+ está envolvido na absorção de vários substratos orgânicos, como glicose, galactose, aminoácidos e vitaminas. A absorção de Na+ ao longo do intestino ocorre basicamente por cinco mecanismos distintos de transporte, distribuídos na membrana luminal e basolateral das células intestinais: cotransporte Na+ - substratos orgânicos; cotransporte Na+ - Cl-; cotransporte Na+ - H+; cotransporte Na+ - ânions inorgânicos; e transporte desacoplado de Na+ mediado por canais. Fisiologia Humana 38 Assim como ocorre com a água, parte do Na+ também pode ser absorvido por transporte paracelular. SAIBA MAIS: Quer se aprofundar em uma patologia que afeta o sistema digestório? Recomendamos a leitura do artigo Doença celíaca, hábitos e práticas alimentares e qualidade de vida, disponível aqui . RESUMINDO: Agora, vamos resumir pontos importantes que vimos nesse capítulo. Enquanto os processos de digestão, secreção e absorção estão ocorrendo, o músculo liso na parede do trato gastrointestinal sofre contrações que misturam o conteúdo luminal com as secreções e movimentam o conteúdo em direção ao ânus. Essas contrações referem-se à motilidade do trato. O conjunto dos processos determinados pela motilidade é denominado de peristalse. Para que as macromoléculas ingeridas na dieta (carboidratos, proteínas e lipídios) sejam quebradas em partículas menores, podendo então ser absorvidas pelo intestino, é necessária a secreção de uma série de substâncias na luz do trato gastrointestinal, como a pepsina no estômago que digere proteínas. No intestino delgado, todas as macromoléculas podem ser quebradas e absorvidas, devido à presença do suco pancreático e da bile. A vesícula biliar armazena a bile produzida pelo fígado. A bile secretada no delgado tem a importante função de emulsificar as gorduras, processo fundamental para a digestão e absorção dessas moléculas. A absorção intestinal dos produtos da ação das enzimas, e também das vitaminas e da maior parte da água e dos eletrólitos ocorrem no duodeno e no início do jejuno. Nos próximos e últimos capítulos, vamos entender de que maneira o sistema endócrino controla muitas funções do nosso organismo. Fisiologia Humana http://www.scielo.br/pdf/rn/v23n3/14.pdf 39 Glândulas endócrinas e hormônios do eixo hipotálamo-hipófise OBJETIVO: Neste capítulo, vamos entender como ocorrem a produção e a secreção dos principais hormônios do nosso organismo. Veremos, também, de que maneira nosso organismo entende quando devemos secretar maior ou menor quantidade de um determinado hormônio. Vamos lá! As glândulas endócrinas e seus hormônios O sistema endócrino juntamente com o sistema nervoso tem a função de controlar diferentes atividades corporais. O sistema nervoso realiza tal controle pelas sinapses elétricas e pela liberação dos neurotransmissores nas sinapses químicas, enquanto o sistema endócrino o faz via liberação de hormônios na corrente sanguínea. Existem dois tipos de glândulas em nosso organismo: as glândulas exócrinas e as endócrinas. DEFINIÇÃO: Glândulas exócrinas lançam seus produtos para fora do corpo ou em alguma cavidade interna, como por exemplo, as glândulas sudoríparas, as salivares e as mamárias. Já as glândulas endócrinas produzem suas substâncias, chamadas hormônios, e as secretam na corrente sanguínea. Os hormônios são substâncias mensageiras, isto é, enviam sinais para outras células que modificam sua atividade, inclusive para locais bem distantes das glândulas que os secretaram. Fisiologia Humana 40 IMPORTANTE: Um hormônio só consegue exercer seu papel quando a célula-alvo possui um receptor específico. Tais receptores podem estar localizados na membrana plasmática das células-alvo, em seu citoplasma ou no núcleo. De acordo com sua composição química, os hormônios podem ser classificados em hormônios lipossolúveis e hidrossolúveis. Os hormônios lipossolúveis atravessam as membranas plasmáticas e ligam-se aos seus receptores no citoplasma ou no núcleo. Esses hormônios têm a capacidade de alterar a expressão gênica e, consequentemente, a produção de proteínas. Como exemplos podemos citar a testosterona e os hormônios tireoidianos (T3 e T4). Os hormônios hidrossolúveis não atravessam a membrana plasmática das células-alvo e atuam nos receptores encontrados na superfície extracelular das membranas. Ao se encaixarem em seus receptores específicos, ocorre um disparo de reações químicas intracelulares que acabam por alterar o metabolismo da célula. Como exemplo podemos citar o hormônio tireoestimulante (TSH). Controle da produção e secreção dos hormônios A regulação da produção e da secreção dos hormônios pode ocorrer de três maneiras: • Controle neural. • Pela própria concentração dos hormônios no sangue. • Pela ação de outros hormônios. Porém, de forma geral, podemos dizer que o principal mecanismo que controla a maior parte da produção hormonal é o feedback negativo ou retroalimentação negativa. Já estudamos essa forma de controle na unidade 1, quando estudamos a homeostase. Se a quantidade de um determinado hormônio estiver baixa, a glândula produtora daquele hormônio passa a produzir mais do mesmo. Contudo, quando a quantidade Fisiologia Humana 41 desse hormônio produzido chega até um limite ideal, a retroalimentação negativa passa a inibir a produção hormonal. Isto é, o próprio aumento na quantidade do hormônio ou o efeito que ele causa inibe a sua produção e secreção. Ao longo desse capítulo o mecanismo de retroalimentação negativa controlando a secreção de hormônios ficará mais claro. O eixo hipotálamo-hipófise O hipotálamo localiza-se no centro do encéfalo, mais especificamente no diencéfalo e, logo abaixo dele, em íntima comunicação, está localizada a glândula hipófise, a qual também recebe o nome de pituitária. A hipófise é dividida em duas partes: adeno-hipófise (ou hipófise anterior), a qual é uma verdadeira glândula endócrina; e neuro-hipófise (ou hipófise posterior), a qual é uma extensão do tecido neural do encéfalo. Quando estudamos o sistema nervoso, vimos algumas funções do hipotálamo, como controlar o sistema nervoso autônomo, regular a temperatura corporal e ser responsável por comportamentos como o da sede. Além dessas funções, o hipotálamo contém neurônios capazes de produzir e secretar hormônios (neuro-hormônios), os quais comandam grande parte do sistema endócrino. DEFINIÇÃO: A relação entre o hipotálamo e a hipófise é conhecida como eixo hipotálamo-hipófise. Está localizado no sistema nervoso central e é uma interface entre o SNC e o sistema endócrino. O hipotálamo envia seus comandos à adeno-hipófise e à neuro- hipófise de maneiras diferentes. O hipotálamo e a adeno-hipófise Os neuro-hormônios hipotalâmicos chegam à parte anterior da hipófise por meio de vasos sanguíneos que constituem o sistema porta- hipofisário. Fisiologia Humana 42 NOTA: Em um sistema porta, o sangue circula por uma rede de capilares entre duas regiões, sem passar pela circulação sistêmica. A adeno-hipófise é responsável pela produção e secreção dos seguintes hormônios: • Hormônio do crescimento (GH). • Hormônio tireoestimulante (TSH). • Hormônio folículo-estimulante (FSH). • Hormônio luteinizante (LH). • Hormônio prolactina (PRL). • Hormônio adrenocorticotrófico (ACTH). O hipotálamo controla a produção de GH na adeno-hipófise por meio da liberação de três hormônios: GHRH (hormônio de liberação do hormônio do crescimento) e pelos inibidores GHIH (hormônio de inibição do hormônio do crescimento) e somatostatina. Quando lançados no sistema porta-hipofisário chegam à adeno-hipófise e atuam em células específicas chamadas somatotrofos. Quando as concentrações de GH no sangue estão baixas, o hipotálamo é estimulado a produzir GHRH e a produção de GHIH e somatostatina é inibida. Os somatotrofosproduzem o GH principalmente durante o sono. Uma vez na circulação sistêmica, o GH promove a produção e a liberação de fatores de crescimento semelhantes à insulina (IGFs) no fígado. Os IGFs promovem a multiplicação celular e o crescimento em diferentes tecidos, principalmente na musculatura esquelética, ossos e cartilagens. Além de ser muito importante durante a infância e adolescência, o GH na fase adulta ajuda a manter a massa óssea e muscular, além de atuar em processos de reparo tecidual. Fisiologia Humana 43 IMPORTANTE: A deficiência de GH na infância leva ao nanismo. O excesso do GH antes da puberdade, quando as placas epifisárias dos ossos ainda estão abertas, leva ao gigantismo. Caso o excesso de GH ocorra após a puberdade, quando os ossos não crescem mais em comprimento porque as placas epifisárias estão fechadas, ocorre a acromegalia, caracterizada pelo aumento das cartilagens e por ossos espessos. O controle da produção do hormônio tireoestimulante (TSH) por células chamadas tireotrofos na adeno-hipófise se dá pelo hormônio hipotalâmico TRH (hormônio liberador de tireotrofina). O TSH, uma vez lançado na circulação, atua nas células foliculares da glândula tireoide. NOTA: Quando um hormônio produzido por uma determinada glândula endócrina é secretado no sangue e regula a atividade de uma outra glândula, podemos chamá-lo de hormônio trópico, trófico ou trofina. As células foliculares, uma vez estimuladas pelo TSH, produzem os hormônios tireoidianos T3 (tri-iodotironina) e T4 (tetraiodotironina). Para que a produção dos hormônios tireoidianos seja eficaz necessita-se de duas substâncias fundamentais: o iodo e a tirosina. As principais ações dos hormônios da tireoide em diferentes tecidos do organismo são: aumentar o metabolismo celular; estimular a produção de proteínas; aumentar o consumo de glicose e lipídios para produção de energia; acelerar o crescimento corporal; dentre outras. Podemos dizer, portanto, que os hormônios tireoidianos fazem o corpo trabalhar mais, fazendo com que as células do nosso corpo produzam mais seus produtos e desempenhem com mais eficiência suas funções. Fisiologia Humana 44 TESTANDO: Vamos ver se você entendeu como funciona a regulação da secreção dos hormônios pela retroalimentação negativa. Quando a quantidade de T3 e T4 cai a níveis abaixo do normal no sangue, como estão as concentrações de TSH e TRH? Veja, se os hormônios tireoidianos estão baixos, os níveis de TRH e TSH no sangue estarão elevados, buscando reestabelecer as concentrações ideias de T3 e T4. Quando a quantidade dos hormônios tireoidianos se eleva além do normal, entra em cena a retroalimentação negativa, que inibe a produção tanto de TSH como de TRH. Essa forma de controle encontrada no eixo hipotálamo-hipófise-tireoide é válida para os demais eixos estudados. IMPORTANTE: Distúrbios na produção de T3 E T4 podem afetar drasticamente o organismo. O excesso desses hormônios resulta em hipertireoidismo, resultando em perda excessiva de peso, tremores, sudorese abundante, pensamento acelerado, insônia, exoftalmia (olho saltado para fora do globo ocular) etc. Já no hipotireoidismo, caracterizado pela baixa produção de T3 e T4, há a diminuição do metabolismo celular. Como consequências ocorrem sonolência extrema, ganho de peso, temperatura corporal diminuída, fraqueza etc. Tanto um quadro de hiper como de hipotireoidismo podem aumentar o tamanho da glândula tireoide, o chamado bócio. Fisiologia Humana 45 Figura 8 – O bócio é a glândula tireoide aumentada de tamanho em virtude de distúrbios na produção hormonal. É muito comum encontrarmos esse distúrbio em regiões onde há baixa ingestão de iodo. Por isso, o fato de nosso sal de cozinha ser iodado é fundamental para prevenir o mau funcionamento da glândula tireoide Fonte: Freepik. Os hormônios FSH e LH são chamados de gonadotrofinas, pois estimulam as gônadas (ovários e testículos). O hormônio hipotalâmico que controla a secreção das gonadotrofinas é o GnRH (hormônio liberador de gonadotrofina). Nos testículos, o alvo do LH são as células de Leydig, que são estimuladas a produzir a testosterona. Já o FSH tem sua influência nas células de Sertoli, nas quais, junto com a testosterona, determinam o desenvolvimento e a diferenciação das espermatogônias em espermatozoides. Nos ovários, o FSH estimula o desenvolvimento das células foliculares e a produção de estrogênio e progesterona, enquanto o LH promove o crescimento das células foliculares, a ovulação e também induz o corpo lúteo a produzir estrogênio e progesterona. Fisiologia Humana 46 IMPORTANTE: Dentre os seis hormônios secretados pela adeno-hipófise, apenas a prolactina atua em um alvo não-endócrino, as mamas. Os outros cinco hormônios possuem outra glândula endócrina como alvo, os chamados hormônios tróficos. Também, não há um hormônio hipotalâmico que estimule a produção de prolactina pela adeno-hipófise. A prolactina controla a produção de leite (lactação) nas mamas femininas. A prolactina e o hormônio de crescimento são os únicos dois hormônios da adeno-hipófise que possuem hormônios hipotalâmicos inibidores. No caso da prolactina, é o hormônio inibidor da prolactina (PIH) que inibe sua secreção. Mas lembre-se, mesmo para esses hormônios que possuem inibidores diretos, o mecanismo de retroalimentação negativa também é válido. Nas fases finais da gestação a secreção de PIH diminui e a prolactina chega a níveis dez ou mais vezes maiores do que os encontrados em uma mulher não grávida. Antes do parto, as mamas produzem somente pequenas quantidades de uma secreção fina e com baixa quantidade de gordura, denominada colostro. Após o parto, as mamas produzem quantidades maiores de leite que contêm 4% de gordura e quantidades substanciais de cálcio. As proteínas no colostro e no leite incluem imunoglobulinas maternas absorvidas pelo intestino do bebê. Tal processo é responsável por transferir parte da imunidade da mãe para o bebê durante as suas primeiras semanas de vida. VOCÊ SABIA? A sucção, o estímulo mecânico do bebê sugando o mamilo da mãe, inibe a produção de PIH. Na ausência do PIH, a secreção da prolactina aumenta, resultando na produção de leite. Já foi demonstrado que a gestação não é determinante para a lactação, pois algumas mulheres que adotam crianças conseguem amamentar. Fisiologia Humana 47 Figura 9 – A prolactina induz à produção de leite nas mamas Fonte: Freepik. O hormônio hipotalâmico que estimula a produção de ACTH é o hormônio liberador de corticotropina (CRH). O CRH chega até a adeno- hipófise e estimula as células chamadas corticotrofos a produzir o ACTH, o hormônio adrenocorticotrófico. Uma vez na circulação sistêmica, o ACTH encontra seus receptores no córtex da glândula adrenal, estimulando principalmente a produção de glicocorticoides (cortisol e corticosterona). Fisiologia Humana 48 IMPORTANTE: O cortisol é o principal glicocorticoide em humanos. Produzido na zona fasciculada do córtex da adrenal, tem funções fundamentais sobre o metabolismo em momentos de estresse (dor, estresse emocional, jejum etc), além de evitar respostas inflamatórias e imunitárias exacerbadas. O cortisol, de forma geral, provoca alterações no metabolismo a fim de aumentar a quantidade de glicose no sangue (é um hormônio hiperglicemiante), como por exemplo, pela inibição da captação de glicose por músculos e tecido adiposo e pela quebra de proteínas e lipídios. Em relação a sua participação em respostas inflamatórias e imunes, o cortisol inibe diferentes sinalizadores químicos que participam da inflamação, como as prostaglandinas, tromboxanos e leucotrienos, diminuindo o processo inflamatório. Também, o cortisol diminui a migração de leucócitos em tecidos lesionados. Como nos outros eixos endócrinos estudados, a retroalimentação negativa desliga a via. À medida que o cortisolaumenta, ele próprio age como um sinal de retroalimentação negativa, fazendo a hipófise e o hipotálamo diminuírem a secreção de ACTH e CRH, respectivamente. O hipotálamo e a neuro-hipófise A neuro-hipófise, ou hipófise posterior, é uma extensão do tecido neural do encéfalo. Ela secreta neuro-hormônios produzidos no hipotálamo. IMPORTANTE: Observe que o hipotálamo se comunica com a adeno- hipófise pela presença de uma rede de capilares entre eles. Já a neuro-hipófise é uma continuação do encéfalo e apenas armazena os hormônios produzidos pelo hipotálamo, ou seja, a neuro-hipófise não produz hormônios. Fisiologia Humana 49 A neuro-hipófise é o local de armazenamento e liberação de dois neuro-hormônios: a ocitocina e o hormônio antidiurético (ADH). Os neurônios que produzem a ocitocina e o ADH estão agrupados em áreas do hipotálamo, conhecidas como núcleo paraventricular e núcleo supraóptico. NOTA: Um agrupamento de corpos celulares de neurônios no sistema nervoso central é chamado de núcleo. Uma vez que os neuro-hormônios são empacotados em vesículas secretoras, eles são transportados para a neuro-hipófise pelas longas projeções dos neurônios, os axônios. Após a chegada das vesículas nos terminais axonais, os neuro-hormônios são estocados ali e esperam um sinal para serem liberados. Quando um estímulo chega ao hipotálamo, um impulso nervoso passa do corpo celular do neurônio no hipotálamo para a extremidade final da célula na neuro-hipófise. A despolarização do terminal axonal abre canais de Ca2+ dependentes de voltagem e o íon entra na célula. A entrada de cálcio inicia o processo de exocitose, e os hormônios são liberados na circulação sistêmica. Uma vez no sangue, os neuro-hormônios encontram seus alvos específicos. Nas mulheres, a ocitocina liberada pela neuro-hipófise controla a ejeção de leite durante a amamentação (causa a contração da musculatura lisa das mamas) e as contrações do útero durante o trabalho de parto e a expulsão do feto. REVISANDO: O controle da secreção de ocitocina durante o parto, diferente da maioria dos demais hormônios, se dá por feedback positivo, conforme vimos na unidade 1. Quando o bebê está pronto para nascer, ele desce para a parte inferior do útero e começa a pressionar a abertura do útero (cérvice). Os sinais enviados do útero para o encéfalo causam a liberação do hormônio ocitocina, que faz o útero contrair e empurrar a cabeça do bebê ainda com mais força contra a cérvice, causando mais estiramento. O aumento do estiramento produz mais liberação de Fisiologia Humana 50 ocitocina, o que intensifica ainda mais as contrações que empurram o bebê contra a cérvice. O ciclo continua até o bebê ser expulso, cessando o estiramento da cérvice e interrompendo a alça de retroalimentação positiva. NOTA: Inúmeros experimentos realizados em animais e em seres humanos indicam que a ocitocina possui um importante papel no comportamento social, sexual e maternal. Por isso, a ocitocina é muitas vezes chamada de “hormônio do amor”. A ejeção do leite a partir das glândulas mamárias é conhecida como reflexo de ejeção do leite e necessita da presença da ocitocina liberada pela neuro-hipófise. Na mama produtora de leite, a ocitocina causa a contração das células que circundam os alvéolos e as paredes dos ductos. Embora a liberação de prolactina necessite do estímulo mecânico da sucção, a liberação de ocitocina pode ser estimulada por diferentes estímulos cerebrais, como pensar na criança. O ADH, também chamado de vasopressina, tem a principal função de atuar sobre os rins controlando a reabsorção de água. REVISANDO: A parte final do néfron consegue absorver quantidades diferentes de água, dependendo da necessidade de nosso organismo. Tal controle se dá via hormonal, pelo ADH. Seu nome já diz, hormônio antidiurético, ou seja, evita a diurese. Os sinais para liberação de ADH pela neuro-hipófise são principalmente o aumento da osmolaridade e, em menor grau, a diminuição do volume do líquido extracelular e da pressão arterial, indicando que há uma necessidade de maior reabsorção de água pelos rins. No hipotálamo, receptores específicos nos neurônios (osmorreceptores) detectam tais alterações e disparam impulsos nervosos em direção aos axônios que se encontram na neuro-hipófise, promovendo a liberação do ADH. Fisiologia Humana 51 TESTANDO: Você consegue imaginar de que maneira o ADH aumenta a reabsorção de água nos rins? Uma dica é lembrar de que maneira a água atravessa as membranas celulares. Quando o ADH chega à circulação que permeia os néfrons encontra receptores específicos para ele na parte final do néfron, mais especificamente em um tipo celular do ducto coletor: nas células principais. A maior parte da água atravessa os túbulos renais via aquaporinas, que são canais para água. O efeito do ADH é justamente aumentar a quantidade de aquaporinas na membrana das células principais, aumento o transporte de água da luz do túbulo em direção ao interstício e plasma, ou seja, aumenta a reabsorção de água e diminui a diurese. Quando a reabsorção de água é suficiente para normalizar a osmolaridade e o volume do líquido extracelular, a secreção de ADH diminui pela neuro-hipófise. NOTA: A deficiência na produção de ADH pelo hipotálamo ou a incapacidade dos rins em responderem ao ADH leva ao quadro de diabetes insípido, caracterizada pela excreção de bastante urina diluída. Esse tipo de diabete nada tem a ver com uma elevada quantidade de glicose no sangue (diabetes mellitus), mas sim com a menor capacidade de reabsorção de água pelos rins pela deficiência do hormônio antidiurético. Fisiologia Humana 52 RESUMINDO: Vamos resumir os principais pontos que vimos sobre o sistema endócrino até agora? Esse sistema é formado por glândulas endócrinas que produzem os hormônios secretados na corrente sanguínea, os quais só podem exercer seus efeitos sobre células-alvo com receptores específicos. Os hormônios hidrossolúveis se ligam a seus receptores na membrana plasmática da célula, enquanto os hormônios lipossolúveis encontram seus receptores no citoplasma ou no núcleo da célula. A principal forma de controle da secreção de diferentes hormônios é via retroalimentação negativa. A produção e a secreção da maioria de nossos hormônios estão relacionadas ao eixo hipotálamo-hipófise. O hipotálamo produz neuro- hormônios que estimulam a secreção de outros hormônios pela adeno-hipófise, os quais por sua vez atuam em diferentes glândulas do organismo. Por exemplo, o TRH hipotalâmico secretado no sistema porta atinge a adeno- hipófise e estimula a liberação do TSH na circulação sistêmica, o qual atinge a tireoide estimulando a produção de T 3 e T4. Já a neuro-hipófise não produz hormônios, mas armazena os hormônios hipotalâmicos ocitocina e ADH, liberados frente a sinais específicos. O principal sinal para a liberação do ADH é o aumento da osmolaridade do líquido extracelular. O efeito desse hormônio é aumentar a permeabilidade e, portanto, a reabsorção de água pelos rins. Já o hormônio ocitocina é importante no momento do trabalho de parto e na amamentação. Fisiologia Humana 53 Glândula adrenal e pâncreas endócrino OBJETIVO: Neste capítulo, vamos estudar duas glândulas fundamentais em nosso organismo: a adrenal e o pâncreas endócrino. Assim, seremos capazes de entender o principal papel dos hormônios produzidos por essas glândulas em nosso corpo. Vamos lá! Os hormônios da glândula adrenal Estudamos no tópico anterior que o hormônio ACTH liberado pela adeno-hipófise estimula a secreção de cortisol pelo córtex da adrenal. Mas esse não é o único hormônio produzido por essa glândula. As glândulas adrenais ou suprarrenais estão localizadas acima dos rins. Cada glândula é revestida por uma cápsula de tecido conjuntivo e apresenta uma região mais externa, o córtex, e uma mais interna, a medula. O córtexe a medula secretam diferentes hormônios sob diferentes tipos de regulação. Figura 10 – A glândula adrenal localiza-se acima do rim e é dividida em córtex e medula Fonte: Pixabay. Fisiologia Humana 54 O córtex da adrenal está divido em zonas e cada uma delas libera diferentes hormônios esteroides. A zona glomerulosa, que é a mais externa, sintetiza os mineralocorticoides. A zona fasciculada produz os glicocorticoides. A zona reticulada é responsável pela produção dos hormônios andrógenos. NOTA: O precursor para todos os hormônios produzidos no córtex da adrenal é o colesterol, que pode ser sintetizado na adrenal, mas a maior fonte de colesterol para a produção dos hormônios esteroides é o colesterol transportado no plasma pelas lipoproteínas de baixa densidade (LDL). Já as células da medula da adrenal produzem principalmente adrenalina (ou epinefrina) e quantidades variáveis de noradrenalina (ou noraepinefrina). A medula adrenal é na realidade um gânglio simpático no qual os neurônios pós-ganglionares perderam seus axônios e se tornaram células secretoras. Essas células secretam quando estimuladas por fibras nervosas pré-ganglionares que chegam à glândula. Os hormônios medulares adrenais não são considerados essenciais à vida, mas ajudam a preparar o indivíduo a lidar com situações de emergências como nas reações de “luta ou fuga”. Já vimos que o ACTH adeno-hipofisário estimula principalmente a secreção de cortisol pela adrenal. Porém, o ACTH também tem uma influência sobre a secreção dos andrógenos na zona reticulada. Alguns estudos mostram evidências de que existem outros fatores estimuladores da secreção de andrógenos adrenais, como a prolactina e o fator de crescimento semelhante à insulina tipo I (IGF-I). IMPORTANTE: A secreção de andrógenos adrenais corresponde a mais de 50% de andrógenos circulantes na mulher. No homem, a principal fonte de andrógenos provém dos testículos, sendo pouca a contribuição das adrenais em condições fisiológicas. Fisiologia Humana 55 Focaremos agora na síntese dos mineralocorticoides, que ocorre na zona glomerulosa. O principal mineralocorticoide é a aldosterona e sua síntese está sob controle do sistema renina-angiotensina. O ACTH tem pouca influência sob a secreção de aldosterona. A síntese do hormônio renina acontece em uma porção especializada do néfron, o aparelho justaglomerular. A secreção de renina acontece quando há uma queda na concentração de sódio no fluido tubular, proveniente de um menor fluxo sanguíneo que chega aos rins. EXEMPLO: Em uma hemorragia ou em uma desidratação, há uma queda na pressão arterial e no fluxo de sangue que chega aos nossos órgãos, inclusive aos rins. Com a diminuição da quantidade de sangue que chega aos capilares glomerulares, há uma queda na taxa de filtração glomerular (TFG), com consequente menor quantidade de fluido dentro dos túbulos. No néfron existem células específicas que conseguem aferir a quantidade de sódio presente no fluido. Quando há pouco sódio, essas células acabam por promover a secreção de renina na circulação. Na circulação sistêmica, a renina converte o angiotensinogênio produzido no fígado em angiotensina I, que, ao passar pelos pulmões, é convertida em angiotensina II, a qual estimula a síntese de aldosterona no córtex da adrenal. IMPORTANTE: A aldosterona tem o principal efeito de aumentar a reabsorção de sódio com consequente absorção de água nos rins, o que reestabelece as concentrações ideais do íon, a volemia e a pressão arterial. Portanto, a aldosterona participa do controle da pressão arterial, no controle a longo prazo da pressão arterial. Os receptores específicos para a aldosterona encontram-se no túbulo distal e no ducto coletor do néfron. Fisiologia Humana 56 O pâncreas endócrino O pâncreas é uma glândula mista, com funções exócrinas e também endócrinas. Já estudamos nessa unidade as secreções exócrinas do pâncreas e suas funções na digestão. Agora veremos a função dos hormônios secretados pelo pâncreas endócrino. Existem, no pâncreas, células que formam agrupamentos em que são produzidos os hormônios. Esses grupos de células são chamados de ilhotas pancreáticas ou ilhotas de Langerhans. Os principais tipos celulares que compõem essas ilhotas são: • Células alfa: produzem o hormônio glucagon. • Células beta: produzem o hormônio insulina. Estes dois hormônios, trabalhando em conjunto, possuem a importante função de controlar a quantidade de açúcar no sangue, a glicemia. Eles atuam de maneira antagônica, pois a insulina diminui a glicemia (é um hormônio hipoglicemiante) e o glucagon eleva a quantidade de glicose no sangue (é um hormônio hiperglicemiante). Figura 11 – O pâncreas secreta na circulação os hormônios insulina e glucagon Fonte: Freeoik. Fisiologia Humana 57 NOTA: Em um curto prazo, a hiperglicemia não prova sintomas tão perceptíveis, mas a hipoglicemia pode provocar desmaios, convulsões e até mesmo o coma. A glicose é a principal fonte de energia de nosso organismo. O encéfalo consome muita glicose e as células neuronais são capazes de transportar livremente a glicose do sangue para os seus citoplasmas, enquanto a maioria das outras células corporais depende da ação da insulina para realizar tal transporte. IMPORTANTE: Novamente, é o sistema de feedback negativo que controla a secreção dos hormônios pancreáticos. O aumento da glicemia é um estímulo para a secreção de insulina e inibição do glucagon, enquanto a hipoglicemia inibe a secreção de insulina e aumenta a de glucagon. Distúrbios dos hormônios pancreáticos e a diabetes mellitus DEFINIÇÃO: Diabetes é uma patologia que compromete as biomoléculas (carboidratos, lipídios e proteínas), afetando todo o metabolismo corporal. Caracteriza-se pela hiperglicemia constante, causada pela deficiência de insulina ou pela incapacidade de suas células-alvo responderem ao hormônio. Quando não tratada adequadamente pode causar problemas de cicatrização e danos aos vasos sanguíneos, coração, olhos, rins e ao sistema nervoso. As pessoas com diabetes sofrem de polidipsia (muita sede) e de poliúria (formação de muita urina). Fisiologia Humana 58 Figura 12 – A diabetes leva a um consumo elevado de água. Fonte: Freepik. Existem dois tipos de diabetes mellitus: diabetes mellitus tipo 1, uma doença autoimune na qual as células-beta deixam de produzir insulina. Pessoas com esse tipo de diabetes são denominadas insulinodependentes. Já na diabetes mellitus tipo 2 ocorre uma resistência à insulina pelas células-alvo. Pessoas com esse tipo de diabetes devem ter uma dieta com consumo moderado de carboidratos e praticar atividade física regularmente. O exercício físico provoca a entrada de glicose nas células sem a ajuda da insulina. O uso de medicamentos hipoglicemiantes pode ajudar no tratamento da diabetes tipo 2. Fisiologia Humana 59 RESUMINDO: Para terminar, vamos resumir o que aprendemos nesse capítulo. O córtex da glândula adrenal é estimulado pelo hormônio adeno-hipofisário ACTH a produzir principalmente o cortisol, hormônio relacionado a períodos de estresse. Mas o córtex da adrenal também produz hormônios andrógenos, importante principalmente para as mulheres, e a aldosterona, fundamental para o controle da volemia e da pressão arterial. O pâncreas endócrino produz principalmente os hormônios insulina e glucagon, os quais estão relacionados ao controle da quantidade de glicose presente no sangue. A insulina é um hormônio hipoglicemiante, enquanto o glucagon tem o efeito oposto. Com isso, a insulina é liberada principalmente após as refeições e o glucagon nos períodos de jejum. A deficiência na produção ou a resistência à insulina levam à diabetes mellitus tipo 1 e 2, respectivamente. Com isso finalizamos nossa disciplina de Fisiologia Humana. Espero que tenham gostado! Fisiologia Humana 60 REFERÊNCIAS AIRES,
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