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D Penal - Aula 07 - 2 Fase OAB - Estratégia

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Sumário 
Concurso de Pessoas ...................................................................................................................................... 3 
1 - Definição.............................................................................................................................................. 3 
2 - Autoria ................................................................................................................................................. 4 
2.1 - Espécies de autoria........................................................................................................................ 4 
3 - Coautoria ............................................................................................................................................. 5 
4 - Autoria Colateral ................................................................................................................................. 5 
5 - Participação ......................................................................................................................................... 6 
5.1 - Formas de participação ................................................................................................................. 7 
Concurso de Crimes ....................................................................................................................................... 8 
1 - Definição.............................................................................................................................................. 9 
2 - Espécies de Concurso de Crimes ........................................................................................................... 9 
3 - Conflito aparente de normas .............................................................................................................. 12 
3.1 - Regras para solução do conflito aparente de normas .................................................................. 13 
4 - Concepção das infrações penais ........................................................................................................ 14 
4.1 - Concepção Bipartida ................................................................................................................... 15 
4.2 - Concepção Tripartida .................................................................................................................. 15 
Considerações Finais.................................................................................................................................... 16 
 
 
 
3 
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CONCURSO DE PESSOAS 
Galera, vamos agora entrar num dos temas mais importantes, e abrangentes, do Direito Penal, o concurso 
de pessoas e seus institutos correlatos!!! 
Este tema é muito importante e muito cobrado no exame da OAB, bem como em todos os tipos de concurso 
público, já que estabelece as formas de realização dos crimes, através das espécies de autoria, bem como 
determina as hipóteses de realização conjunta das infrações penais, definindo os conhecidos conceitos de 
coautoria e participação, e suas consequências práticas. 
Por isso, precisamos analisar com muito cuidado todas as hipóteses de autoria, coautoria e participação, 
adotadas em nosso ordenamento, bem como suas consequências práticas, muito abordadas nas questões 
da nossa prova de 2ª Fase, bem como costumam ser temas cobrados der forma implícita nas nossas peças! 
Amigos, este assunto pode ser considerado como um tema “independente”, já que não faz parte nem da 
teoria do crime nem da teoria da pena e, além disso, seu estudo teórico é de grande importância pra nossa 
prova, já que temos muito pouca informação, e previsão, a respeito do concurso de pessoas no Código Penal, 
que apenas trabalha especificamente com este complexo tema no artigo 29, e complementa o tema nos 
artigos 30 e 31 da Lei penal. 
Então, vamos dar início ao interessante estudo da autoria, coautoria e da participação, que sem dúvida será 
muito útil para nós na hora de analisarmos questões concretas, e até mesmo teóricas, na nossa prova, bem 
como de identificar a ocorrência dessas situações nas nossas peças. 
1 - Definição 
Vamos começar nosso estudo com uma definição objetiva a respeito do tema Concurso de Pessoas, 
entendendo que ele ocorre quando dois ou mais agentes, em acordo de vontades, ou seja, com liame 
subjetivo, concorrem para a prática de determinado crime, sendo que, o concurso de pessoas pode se dar 
na forma de coautoria ou participação. 
De acordo com o art. 29 do CP, nosso ordenamento adotou a teoria monista temperada, pela qual autor, 
coautor e partícipe respondem pelo mesmo crime, embora cada um tenha sua pena individualizada e 
calculada separadamente, respondendo, portanto, na medida de sua culpabilidade. 
Não podemos esquecer que há algumas exceções à teoria monista previstas na parte especial do nosso 
Código Penal, em que se possibilita que coautores respondam por crimes diferentes, por exemplo, no crime 
de aborto, em que a mãe realiza o aborto em si mesma ou autoriza que outrem realize o aborto nela: 
- Nesta hipótese, enquanto a mãe responderá pelo crime de autoaborto (art. 124 do CP), seu coautor, aquele 
que realizar a conduta de aborto, não responderá pelo mesmo crime, mas sim pelo crime de aborto com 
consentimento da gestante (art. 126 do CP). 
Amigos, é importante lembrar ainda que, de acordo com o art. 30 CP, tanto na coautoria quanto na 
participação, é possível se imputar um crime próprio a um participante que não possua as características 
específicas exigidas pelo tipo, já que estas características, embora sejam circunstâncias de caráter pessoal, 
 
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são consideradas como elementares do crime e, por isso, comunicam-se a todos, desde que sejam do 
conhecimento do coautor ou partícipe do fato. 
Vamos passar agora para o estudo da autoria e suas espécies, o que será fundamental para entendermos as 
formas der concurso de pessoas, bem como para diferenciarmos a coautoria da participação. 
2 - Autoria 
Para começarmos a entender o tema autoria precisamos saber que há duas principais teorias para definir o 
conceito de autor nos crimes dolosos: 
a) Teoria restritiva: autor é aquele que realiza o verbo núcleo do tipo penal; logo, todo aquele que 
colaborar com a prática do crime de qualquer outra forma será reconhecido como mero partícipe. 
 
b) Teoria do domínio do fato: autor é aquele que possui o domínio final sobre os fatos, ou seja, que 
possui as “rédeas da situação”, podendo modificar ou mesmo impedir a ocorrência do resultado, 
independentemente da realização ou não do verbo núcleo do tipo penal (STF – posição majoritária). 
Logo, para esta teoria, partícipe será todo aquele que colaborar com o fato principal do autor, porém 
de forma acessória e não essencial, sem domínio sobre os fatos. 
Obs.: Nos crimes culposos, para delimitação da autoria, adota-se, majoritariamente, a teoria extensiva, pela 
qual, todo aquele que, de qualquer forma, colaborar para o resultado através de sua falta de cuidado será 
considerado autor do fato. 
2.1 - Espécies de autoria 
Vamos passar para o estudo das diversas formas de autoria adotadas em nosso ordenamento, sendo que, 
todas elas irão seguir a teoria do domínio do fato que, como dissemos, é adotada majoritariamente pela 
nossa doutrina e jurisprudência. 
a) Autoria direta: ocorre quando o agente está diretamente vinculado à realização do crime, agindo 
com domínio do fato, podendo se dar na forma do autor-executor (que realiza o verbo), ou do autor 
intelectual que planeja, elabora etc. (ex.: mandante) a prática do crime, que será realizado por um 
autor executor (coautoria). 
 
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b) Autoria mediata ou indireta: é aquela em que determinado agente que possui o domínio do fato se 
utiliza de um terceiro, que não possui domínio dos fatos, para realizar a conduta. 
Nesse caso, responde pelo crime apenas o autor que está“por de trás’’, comandando a situação (autor 
mediato). 
Nesta hipótese, aquele que executa o verbo núcleo do tipo não responde pelo fato e não será sequer visto 
como autor, já que não possui domínio final do fato. 
Exemplos: coação moral irresistível; obediência hierárquica (art. 22 do CP); erro determinado por terceiro 
(artigo 20, § 2º, do CP – responde pelo crime apenas o terceiro que determinou o erro); uso de inimputável 
para cometimento do crime. 
3 - Coautoria 
Galera, para que possamos compreender corretamente a coautoria precisamos saber que se trata apenas 
de uma autoria conjunta, comum, em que cada um dos agentes, tendo domínio do fato, concorre para a 
prática do crime, desde que interligados por um acordo de vontades chamado liame subjetivo. 
A coautoria pode se dar quando os coautores realizam pessoalmente e conjuntamente toda a conduta típica, 
ou ainda quando ocorre a chamada divisão de tarefas, em que cada um dos agentes desempenha uma 
função essencial para a empreitada criminosa, possuindo assim o domínio sobre o final dos fatos (domínio 
funcional do fato). 
Independentemente da tarefa realizada por cada coautor, havendo o liame subjetivo e sendo cada tarefa 
essencial, todos irão responder pelo mesmo crime, de acordo com a teoria monista adotada pelo CP (art. 
29). Porém, cada um terá sua pena calculada individualmente e na medida de sua culpabilidade. 
Por fim, precisamos lembrar que, a maioria da doutrina admite falar em coautoria nos crimes culposos, já 
que nesses crimes pode haver um acordo de vontades para realização conjunta de uma conduta descuidada, 
imprudente, que venha a gerar um resultado típico culposo, bem como também se admite, 
majoritariamente, a coautoria em crimes omissivos. 
4 - Autoria Colateral 
A famosa autoria colateral, tema muito cobrado em nossas provas, já tendo sido objeto de questão 
discursiva na nossa 2ª Fase Penal, ocorre quando dois ou mais agentes atuam ao mesmo tempo, realizando 
o mesmo fato em relação à mesma vítima, porém um não sabe da existência do outro, não havendo liame 
subjetivo, acordo de vontades entre as partes e, portanto, não há concurso de pessoas, coautoria. 
 
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Sendo assim, nas hipóteses de autoria colateral, não se aplica a teoria monista e cada um dos autores 
responde apenas por aquilo que tiver feito e pelo resultado que tenha gerado (ex.: Dois agentes, um sem 
saber do outro, disparam arma de fogo contra desafeto. Um responderá pelo homicídio consumado e o outro 
pela tentativa de homicídio). 
 
Mas muita atenção pois, quando, em uma autoria colateral, em que não há acordo de vontades, não for 
possível identificar qual dos agentes gerou o resultado, imputa-se a tentativa para ambos, isto em face do 
princípio da presunção de inocência e do in dubio pro reo. 
Explico: isso ocorre pois, nesses casos, não há concurso de pessoas para se imputar o resultado para ambos, 
havendo, então, o que se chama de autoria colateral incerta, devendo-se imputar isoladamente a cada 
agente somente aquilo que causou. 
Ex.: Dois agentes, um sem saber do outro, ministram veneno na bebida de um mesmo desafeto. Este morre, 
mas não é possível se identificar qual dos venenos causou a morte. 
5 - Participação 
Galera, agora que já estudamos a autoria, a coautoria, e suas diversas características, ficará muito mais fácil 
a gente compreender a participação, que nada mais é do que uma colaboração dolosa no fato principal do 
autor, mediante acordo de vontades (liame subjetivo), porém, sem o domínio do fato e, por isso, de forma 
acessória à conduta do autor, sendo que, de acordo com a Teoria Monista adotada pelo CP, o partícipe 
responderá pelo mesmo crime que o autor do fato. 
No que tange à participação, nosso ordenamento adotou a teoria da acessoriedade limitada, pela qual, para 
se imputar um crime ao partícipe, a conduta principal do autor deverá ser típica e ilícita; logo, a consequência 
prática para questões concretas de prova será que, havendo exclusão de ilicitude na conduta do autor, afasta-
se o crime também do partícipe. 
Ex.: O partícipe que emprestou a arma para um agente cometer homicídio também será beneficiado pela 
exclusão da ilicitude, se este autor acabar praticando a conduta em legítima defesa. 
De acordo com a maioria da doutrina, não se admite participação em crime culposo, já que nesses crimes 
não há domínio do fato e, todo aquele que, de qualquer forma, concorrer para a produção do resultado 
culposo será considerado autor do crime. 
Porém, fiquem atentos pois, majoritariamente, a doutrina e jurisprudência tem admitido a possibilidade, 
mesmo que excepcional, de participação em alguns crimes omissivos, desde que o partícipe não possa ser 
imputado como autor de sua própria omissão (ex.: Alguém que não sabe nadar induz outrem a não prestar 
socorro à vítima de um afogamento). 
 
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5.1 - Formas de participação 
Há 3 formas de participação reconhecidas em nosso ordenamento, sendo que, a participação pode ser 
considerada como moral através do induzimento (criar a ideia, a vontade na cabeça do autor) ou instigação 
(ampliar a vontade preexistente do autor quanto ao cometimento do crime), ou ainda do chamado auxílio 
moral (dicas, conselhos), e haverá participação material através do auxílio material (meios e modos de 
execução, instrumentos, armas, local). 
Muito bem, amigos, não podemos deixar de lembrar que temos ainda dois institutos, muito importantes, 
diretamente relacionados com a participação, são eles: 
a) Participação de menor importância (art. 29, § 1º, do CP): trata-se de causa de diminuição de pena 
aplicável apenas a hipóteses de participação, fazendo que, quando esta for de menor importância, o 
juiz possa reduzir a pena de 1/6 a 1/3, não sendo cabível para hipóteses de coautoria, já que o 
coautor, por possuir o domínio dos fatos, não pode ser considerado de menor importância. 
 
b) Cooperação dolosamente distinta (art. 29, § 2º): Atenção, pois este instituto ocorre quando o 
participante (coautor ou o partícipe) quer colaborar para determinado crime, mas ocorre um desvio 
na conduta do autor executor que acaba realizando um crime diferente, mais grave. 
Neste caso, o crime diferente realizado pelo autor executor não poderá ser imputado ao participante, 
que só responderá pelo crime para o qual quis colaborar, enquanto o autor responderá por tudo 
aquilo que realizou (ex.: aquele que fornece um “pé de cabra” para alguém praticar um furto não 
responderá por um estupro praticado pelo autor no interior da residência, mas tão somente pela 
participação no furto). 
Se nessas hipóteses o crime mais grave praticado pelo autor fosse previsível para o participante, este 
responderá, ainda assim, somente pelo crime para o qual quis colaborar; porém, sua pena poderá 
ser aumentada de até metade em face da previsibilidade quanto ao crime mais grave (ex.: quem 
empresta arma para um roubo não responderá pelo homicídio praticado durante o assalto, mas tão 
somente pelo roubo, porém com a pena aumentada, já que esse resultado mais grave era previsível). 
Com isso, concluímos o estudo da participação, bem como fechamos a análise do concurso de pessoas, 
assunto que acaba permeando a imensa maioria das nossas peças bem como muitos dos casos concretos 
apresentados nas questões discursivas, presentes na nossa prova de 2ª fase Penal. 
Vamos a um organograma que resume todos os principais aspectos ligados ao tema concurso der pessoas, 
que irá facilitar muito nosso estudo e a fixação do conteúdo que abordamos nessa parte da nossa aula!!! 
 
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Em sequência passaremos para o estudo do concurso de crimes e suas diversas espécies, assunto que 
costuma aparecer muito como tese subsidiária nas nossas peças, e também já foi cobrado em questões 
discursivas na nossa prova de 2ª Fase OAB. 
Primeiro vamos analisar com calma esse importante esquema que montei, e que, com certeza, vai ajudar 
muito vocês a visualizarem de forma geral todo o conteúdo estudadonessa aula por nós!!! 
 
 
CONCURSO DE CRIMES 
Galera, vamos agora trabalhar com o tema concurso de crimes, que para nossa prova é de extrema 
importância e com grande índice de cobrança tanto nas nossas peças, como tese subsidiaria de defesa, mas 
também abordado em certas questões discursivas na nossa 2ª Fase Penal!! 
 
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Trata-se de assunto diretamente relacionado à dosimetria da pena privativa de liberdade, sem relação com 
o cálculo em si, mas sim com situações em que o caso concreto apresente vários crimes cometidos pelo 
agente, para se definir a espécie de concurso, e a forma de se aplicar a pena, por isso, é assunto muito 
cobrado nas nossas provas! 
1 - Definição 
Podemos, de forma bastante simples, dizer que o concurso de crimes ocorre quando o agente realiza vários 
crimes, idênticos ou diferentes, por meio de várias condutas (concurso material ou crime continuado) ou 
por meio de uma só conduta (concurso formal), sendo que, de acordo com a espécie de concurso de crime 
ocorrida, será definida a forma de aplicação da pena para os crimes praticados. 
Vejam que esta é a razão pela qual este tema é tão cobrado na nossa prova de 1ª fase, e também de 2ª Fase, 
já que de acordo com a espécie de concurso de crimes, reconhecida no caso concreto apresentado, o juiz 
deverá definir a forma de aplicação da pena, e isto, muitas vezes será apresentado a você de forma ERRADA, 
impondo assim uma pena maior do que a efetivamente devida no caso narrado. 
Por isso, devemos ficar atentos as caraterísticas de cada espécie de concurso de crimes, para afastar a 
aplicação de pena mais severa e pedir que seja aplicada a espécie correta, e com isso diminuir a pena. 
2 - Espécies de Concurso de Crimes 
Vamos agora partir para o estudo das famosas espécies de concurso de crimes que, como dissemos, serão 
fundamentais para nossas questões envolvendo aplicação da pena, nas peças como tese defensiva 
subsidiária para diminuição da pena aplicada, quando no caso concreto se perceber a prática de dois ou mais 
crimes pelo agente, mas a forma de aplicar a pena apresentada no enunciado estiver equivocada. 
São elas: 
a) Concurso material (Art. 69 do CP) 
Trata-se da modalidade mais simples de concurso de crimes e ocorre quando o agente realiza vários 
crimes idênticos (concurso material homogêneo) ou diferentes (concurso material heterogêneo) por 
meio de várias condutas independentes, não havendo necessidade de qualquer relação entre os crimes, 
as vítimas, motivação etc. 
Nesse caso, aplica-se a pena de cada um dos crimes separadamente, somando-as (sistema do cúmulo 
material) e, portanto, na nossa prova, muitas vezes o caso concreto vai falar em concurso material, 
somando-se as penas, para que a tese defensiva seja exatamente afastá-lo, evitando assim a soma das 
pena. 
 
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b) Concurso formal perfeito ou próprio (Art. 70, 1ª parte, do CP) 
Aqui a situação é bem diferente, e o concurso formal perfeito ocorre quando o agente, por meio de uma 
só conduta, gera vários crimes idênticos (homogêneo), ou diferentes (heterogêneo), possuindo unidade 
de desígnio, ou seja, um único objetivo, que pode ser um único dolo, gerando vários resultados, ou 
mesmo gerar vários resultados através de uma única conduta descuidada (culpa). 
 
Atenção, pois trata-se de uma ótima tese defensiva, já que, nesse caso, aplica-se a pena de um só crime, 
qual seja o mais grave, aumentada de 1/6 a 1/2 (sistema da exasperação). 
Ex.: Alguém dispara para matar seu desafeto, atinge o alvo, mas acaba acertando também um terceiro; 
um motorista avança o sinal de trânsito, bate no carro e acaba matando 2 pessoas. 
c) Concurso formal imperfeito ou impróprio (Art. 70, 2ª parte, do CP) 
Esta outra modalidade de concurso formal ocorre quando, por meio de uma só ação, o agente gera 
vários crimes, porém com dolos independentes em relação a cada crime, ou seja, atua com desígnios 
autônomos. 
Como dissemos no concurso material, aqui também podemos ter como tese defensiva o afastamento 
dessa modalidade de concurso de crimes, já que nesses casos aplica-se a pena de cada um dos crimes 
separadamente, somando-as, da mesma forma que ocorre no concurso material (sistema do cúmulo 
material). 
Ex.: Explodir uma bomba em um automóvel para matar 3 pessoas. 
 
 
 
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d) Crime continuado (Art. 71 do CP) 
Vamos agora abordar o conhecido crime continuado, que ocorre quando, por meio de várias condutas, 
o agente realiza inúmeros crimes, desde que todos sejam da mesma espécie (mesmo artigo – STF), e 
todos sejam realizados em circunstâncias de tempo, lugar e modo de execução semelhantes. 
Percebam que essa é mais uma tese defensiva a ser utilizada por nós, pois nesse caso, para evitar a 
aplicação no concurso material, e afastar a soma das penas, por uma ficção jurídica, considera-se como 
se os vários crimes fossem um só, realizado em continuidade, para se aplicar uma só pena aumentada 
de 1/6 a 2/3 (sistema da exasperação). 
Ex.: A caixa de supermercado que retira quantia de dinheiro do caixa por vários dias, nos mesmos 
horários, onde trabalha. Responde por um único furto, com sua pena aumentada/ Um arrastão em que 
vários furtos são praticados e o sujeito responde por um só crime com a pena aumentada, ao invés de 
somadas. 
Quando, em situação de crime continuado, preenchidos os seus requisitos básicos, houver ainda 
pluralidade de vítimas e violência ou grave ameaça as pessoas em todas as condutas, ocorre o chamado 
crime continuado específico, e neste caso a pena poderá ser aumentada de 1/6 até o triplo (Art. 71, 
parágrafo único, do CP). 
Ex.: serial killer, chacina, arrastão para roubos. 
 
– A Súmula 605 do STF perdeu aplicação e nada impede utilizar o crime continuado para 
crimes contra a vida, porém na chamada modalidade específica, em que o crime 
continuado irá gerar aumento de pena de até o triplo. 
– De acordo com o STF, o intervalo máximo de tempo entre cada uma das condutas no 
crime continuado será de 30 dias. Acima disso afasta-se o crime continuado, aplicando-se 
o concurso material e a soma das penas. 
 
– Em concurso formal perfeito (art. 70, 1ª parte) e no crime continuado, o valor da pena 
aumentada no caso concreto jamais poderá exceder o equivalente à soma das penas 
 
12 
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aplicadas de forma independente. Caso isso venha a ocorrer, com base nas penas 
concretamente aplicadas em uma situação fática, afasta-se o aumento, realizando-se a 
soma das penas definidas no caso prático (Concurso material benéfico – art. 70, parágrafo 
único, do CP). 
 
 
ART. 69 DO CP 1) Concurso material 
= 2 ou mais condutas + vários crimes 
– Deve-se somar as penas 
ART. 70, 1ª PARTE, DO 
CP 
2)Concurso formal 
perfeito ou próprio 
– 1 conduta + unidade de desígnio (um só 
dolo ou culpa) = vários crimes 
– Deve-se aplicar uma só pena aumentada de 
1/6 a 1/2. 
ART. 70, 2ª PARTE, DO 
CP 
3)Concurso formal 
imperfeito ou impróprio 
– 1 só conduta + desígnios autônomos (vários 
dolos) = vários crimes. 
– Deve-se somar as penas. 
ART. 71 DO CP 4) Crime continuado 
– 2 ou mais condutas + crimes de mesma espécie 
(mesmo art.) + circunstâncias de tempo/ 
lugar/modo de execução semelhantes 
– Deve-se aplicar 1 só pena aumentada de 1/6 a 
2/3. 
ART. 71, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CP 
4.1) Crime continuado específico 
– Requisitos básicos do crime continuado + 
violência ou grave ameaça + pluralidade de 
vítimas 
– Deve-se aplicar uma só pena aumentada de 1/6 
até 3x (triplo) 
 
3 - Conflito aparente de normas 
Amigos, o conflito aparente de normas é tema que muitas pessoas confundem com o concurso de crimes, 
que acabamos de estudar, porém esses assuntos não se misturam e são muito diferentes, já que o conflito 
aparente se refere a regras que irão definir qual NORMA PENAL abstrata deve prevalecer, e ser aplicada em 
 
13 
16 
um caso concreto, quando na verdade somente uma norma deve se aplicar a cada caso, mas por alguma 
razão houver dúvidas a respeitodisso. 
Vocês já perceberam a diferença, não é? 
Pois o concurso de crimes se refere a dois ou mais crimes, sendo que deve-se, portanto, aplicar duas ou mais 
normas penais, e para isso é preciso definir como deverá ser aplicada a pena no caso concreto. 
Então, agora, podemos definir tecnicamente o concurso aparente de normas como a situação em que várias 
leis são aparentemente aplicáveis a um mesmo fato, mas na verdade apenas uma tem incidência, ou seja, 
há um único fato e uma pluralidade de leis, que aparentemente se encaixam na situação. 
Como não é possível se aplicar duas normas a um mesmo fato, surgiram algumas regras para se determinar 
qual lei deverá prevalecer diante da situação concreta e por isso se diz que o conflito é aparente, já que na 
verdade não há conflito, pois de acordo com estas regras, apenas uma é a que deve ser aplicada. 
3.1 - Regras para solução do conflito aparente de normas 
Muito bem, vamos agora estudar quais são as regras e como elas funcionam para definir as soluções para 
esses aparentes concursos entre normas penais, para que apenas uma norma prevaleça e seja aplicada na 
situação fática apresentada a vocês numa questão concreta de nossa prova!!!! 
3.1.1 - Regra da Especialidade 
De acordo com a análise do caso concreto, a lei especial, ou norma específica, sempre “derroga” lei geral, 
mais genérica, ou seja, a norma que tratar de forma mais específica o fato ocorrido prevalece e será aplicada. 
São exemplos de aplicação da especialidade em nosso ordenamento: as formas qualificadoras e privilegiadas 
que são mais específicas em relação ao tipo básico, ou ainda, situações previstas em leis penais extravagantes 
como o homicídio culposo no trânsito (art. 302, CTB) em face do homicídio culposo comum, previsto no CP. 
3.1.2 - Regra da Subsidiariedade 
Trata-se de regra complementar à especialidade operando de forma auxiliar e, de acordo com ela, aplica-se 
uma lei quando outra não puder ser aplicada por disposição explícita, ou mesmo por força de interpretação 
lógica dos fatos. 
Há duas espécies de subsidiariedade admitidas em nosso ordenamento: 
1 - Subsidiariedade formal: vem expressa no texto através de expressões como: “se o fato não 
constitui crime mais grave” (arts. 132, 238 e 249). Sendo assim, por exemplo, o crime de Subtração 
de Incapazes (art. 249, CP) é subsidiário em relação ao sequestro (art. 148, CP) 
2 - Subsidiariedade material: tipos penais de passagem necessária, obrigatória para a prática de 
outros serão absorvidos, sendo que esta regra muitas vezes se confunde com a própria regra da 
consunção, porém, na subsidiariedade material um determinado tipo é de passagem obrigatória para 
se chegar ao outro e na consunção esta passagem ocorre eventualmente devido a situação fática 
específica. 
 
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Podemos citar como exemplo de subsidiariedade material o crime consumado em relação ao crime tentado, 
e a lesão corporal em relação ao homicídio. 
3.1.3 - Regra da Consunção 
Também é regra complementar a especialidade e ocorre quando determinado crime é fase de realização de 
outro, porém não necessária, e nestes casos o tipo objetivado pelo agente (crime fim) absorve o crime usado 
como passagem (crime meio) para isso. 
Podemos usar como exemplo da regra da consunção a hipótese em que a violação de domicílio (art. 150, CP) 
fica absorvida pelo crime de furto qualificado (art. 155, § 4º, inc. I), ou mesmo a hipótese em que o crime de 
falso (p. ex.: art. 297, CP) fica absorvido pelo crime de estelionato (art. 171, CP). (Súmula 17, STJ) 
Importante lembrar que não se pode confundir o conceito de crime progressivo, que se aproxima da ideia 
do princípio da consunção, com a chamada progressão criminosa. 
O crime progressivo ocorre quando o agente possui um único dolo que é mantido até o final de sua conduta, 
porém ao realizá-la acaba passando por crimes menos graves, delitos de passagem, que ocorrem para que 
ele alcance deu objetivo final (Ex: lesão corporal para obter homicídio). 
Já na progressão criminosa o agente atua com determinado dolo, e durante a realização da conduta modifica 
sua intenção, passando a agir com um dolo de realizar outro crime mais grave do que aquele pretendido 
inicialmente, o que em concurso de pessoas pode dar origem a um cooperação dolosamente distinta, artigo 
29 par. 2º do CP. (Ex: inicia a realização de uma lesão corporal e durante sua prática resolve que vai matá-
la). 
3.1.4 - Regra da Alternatividade 
De acordo com esta regra pune-se o autor por um único fato quando várias condutas previstas em um 
mesmo tipo penal forem realizadas sucessivamente, não havendo assim, concurso de crimes. 
A alternatividade é regra geral para todos os tipos penais, dando origem a classificação “tipos mistos 
alternativos”, como por exemplo, o crime de induzimento, instigação e auxílio ao suicídio (art. 122, CP) em 
que a prática dessas três condutas sucessivamente em relação a mesma vítima configura um crime único. 
Porém, há exceções a esta regra, o que da origem aos chamados tipos mistos cumulativos, em que a prática 
sucessiva de atos em relação a mesma vítima pode gerar vários crimes que serão punidos em concurso. (p. 
ex.: abandono material – art. 244, CP). 
4 - Concepção das infrações penais 
Galera, para finalizarmos o estudo do concurso de crimes e do conflito aparente de normas, precisamos 
apenas lembrar como ficou definida a classificação e a separação das normas penais em razão da sua 
estrutura legal, e das funções incriminadores (lato senso) que desempenham em nosso ordenamento!!! 
Embora esta seja uma parte mais teórica da nossa matéria, que dificilmente será cobrada especificamente 
de vocês numa questão discursiva ou numa peça da nossa 2ª Fase, trata-se de assunto importante para 
 
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fundamentar nossos argumentos técnicos, dentro de teses defensivas envolvendo outros temas cobrados 
na nossa prova. 
4.1 - Concepção Bipartida 
Vamos começar com a concepção bipartida, utilizada por nosso ordenamento, e que afirma que as infrações 
penais se apresentam em duas espécies: 
a) Crime e/ou delito: são conceitos sinônimos não havendo diferença de gravidade entre eles, sendo 
fatos previstos no Código Penal com penas de reclusão ou detenção. Logo, de acordo com essa 
concepção, é possível falar em crime de homicídio ou delito de homicídio, crime de furto ou delito de 
furto, não fazendo qualquer diferença. 
b) Contravenções: representam infrações de menor gravidade, previstas em lei específica (Decreto-
lei nº 3.688/41) e punidas com pena de prisão simples, que deverá ser cumprida em estabelecimento 
diferenciado – daquele utilizado para criminosos – e sempre em regime semiaberto ou aberto, e/ou 
multa. 
Essa é a única diferença entre crime e contravenção, pois estruturalmente são iguais, e o que muda é apenas 
a gravidade das condutas e a sua forma de punição. 
Importante lembrar que não se deve confundir o conceito de infração de menor potencial ofensivo com 
Contravenção, pois essas são infrações que, de acordo com a Lei nº 9.099/95, possuam pena máxima 
abstrata de até 2 anos, além disso, pode-se dizer que toda Contravenção é uma infração de pequeno 
potencial ofensivo, porém, a recíproca não é verdadeira 
4.2 - Concepção Tripartida 
Amigos, fiquem atentos pois esta concepção, já abandonada por nossa doutrina e por nossa legislação, 
determinava que as infrações se dividem em três grupos: crimes, delitos e contravenções. 
Logo, para esta abandonada concepção o delito era modalidade menos grave que o crime, e a contravenção 
ainda menos grave que ambos. 
É possível perceber que ainda há um ranço desse entendimento presente na doutrina, pois é comum se falar 
em crime de homicídio, mas não em delito de homicídio e, inversamente, delito de furto e não crime de 
furto, apesar de modernamente, com base na concepção bipartida, não haver diferença na estruturação 
básica das infrações (crimes e delitos), sendo que, apenas as contravenções é que correspondem a fatosmenos graves sendo previstas no Dec. Lei 3688/41. 
Como disse, esse tema não costuma ter incidência direta em questões da nossa prova de 2ª Fase Penal, mas 
não podemos deixar de conhecê-lo para não cometermos erros técnicos de nomenclatura ao abordáramos 
outros assuntos numa peça, ou numa questão discursiva, na hora da prova. 
 
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CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Muito bem pessoal, fechamos mais essa aula que como dissemos, é bem diferente de todas as outras que 
tivemos até agora, pelo menos na sua primeira parte, já que o tema concurso de pessoas não faz parte nem 
da teoria do crime, nem da teoria da pena, sendo um tema “independente”, mas que faz parte dos assuntos 
mais importantes de Direito Penal Material que você poderá encontrar em sua prova de 2ª Fase, sendo 
diretamente ou indiretamente cobrado!!! 
Por fim, com o detalhado estudo do tema Concurso de crimes e suas espécies, que abordamos na segunda 
parte da nossa aula e que, por se referir à aplicação das penas nas hipóteses de vários crimes praticados por 
determinado agente, esta sempre presente com tese subsidiaria em muitas das peças cobradas na nossa 
prova de 2ª Fase, fechamos esse importante capítulo do nosso estudo, rumo a nossa aprovação!!!! 
Bora continuar a mandar ver que o negócio tá ficando bom, e agora, pra finalizarmos, na próxima aula nosso 
estudo vai esquentar ainda mais, porque o tema é daqueles que sempre aparecem, de um jeito ou de outro, 
nas nossas provas!!! 
Vamos detonar com a punibilidade, suas causas de extinção, e principalmente com a famosa prescrição!!!! 
Até já!!! 
	Concurso de Pessoas
	1 - Definição
	2 - Autoria
	2.1 - Espécies de autoria
	3 - Coautoria
	4 - Autoria Colateral
	5 - Participação
	5.1 - Formas de participação
	Concurso de Crimes
	1 - Definição
	2 - Espécies de Concurso de Crimes
	3 - Conflito aparente de normas
	3.1 - Regras para solução do conflito aparente de normas
	3.1.1 - Regra da Especialidade
	3.1.2 - Regra da Subsidiariedade
	3.1.3 - Regra da Consunção
	3.1.4 - Regra da Alternatividade
	4 - Concepção das infrações penais
	4.1 - Concepção Bipartida
	4.2 - Concepção Tripartida
	Considerações Finais

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