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Cultura da honra - Danny Silk

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Prévia do material em texto

CULTURA DA HONRA
Traduzido do original em inglês CULTURE OF HONOR
© Copyright 2009 by Danny Silk
Chara Editora © 2015
Publicado no Brasil por Chara Editora com a devida autorização de DESTINY IMAGE® PUBLISHERS,
INC. P.O. Box 310, Shippensburg, PA 17257-0310.
1ª edição em português © 2015 Chara Editora — Abril de 2015. Todos os direitos em língua portuguesa
reservados.
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida, distribuída ou transmitida sob qualquer forma ou
meio, ou armazenada em base de dados ou sistema de recuperação, sem a autorização prévia por escrito da
Chara Editora.
Exceto em caso de indicação em contrário, as citações bíblicas foram extraídas da Bíblia Sagrada, Almeida
Revista e Atualizada, © 1994, Sociedade Bíblica do Brasil. Todas as ênfases dentro das citações bíblicas são
do próprio autor. Favor notar que o estilo de publicação da editora capitaliza certos pronomes nos
versículos que se referem ao Pai, Filho e Espírito Santo, e podem ser diferentes dos estilos de algumas
editoras. 
Coordenação editorial: JB Carvalho
Supervisão editorial: Lana Lopes
Tradução: Idiomas & Cia/Maria Lucia Godde Cortez
Copidesque e revisão: Idiomas & Cia/João Guimarães, Edna Guimarães, Ana Lacerda e Daniele Ferreira
Diagramação: Julio Fado
Dados da Catalogação Internacional na Publicação (CIP)
S584c Silk, Danny
Cultura da honra: vivendo em uma atmosfera sobrenatural/Danny Silk; tradução de Idiomas &
Cia/Maria Lucia Godde Cortez. 
Brasília: Chara Editora, 2017.
2200Kb, ePub.
Título original: Culture of honor
ISBN: 978-85-61860-11-0
 1. Reino de Deus - Fundamentos. 2. Liderança - Aspectos religiosos. 3. Vida cristã. I. Título.
CDD 234.2 CDU 230.112
Elaborada por: Maria Aparecida Costa Duarte CRB/6-1047
Chara Editora
Sia Sul trecho 2, Lote 390/400 - Brasília – DF
Contato: (61) 3346-2121
www.editorachara.com.br
http://www.editorachara.com.br
DEDICATÓRIA
À Bethel Church: obrigado por seus incansáveis esforços e participação neste
grandioso experimento chamado Bethel.
AGRADECIMENTOS
Bill Johnson e Kris Vallotton, obrigado por sua liderança corajosa!
Equipe administrativa sênior da Bethel, vocês são os “mestres” que fazem
tudo isso funcionar. É uma honra eterna trabalhar ao seu lado.
Allison Armerding, você nunca deixa de maravilhar-me por dedicar sua vida
a honrar os outros. Obrigado por fazer isso por mim!
Dann Farrelly e Andre Van Mol, serei eternamente devedor do dom de
análise crítica de vocês.
ELOGIOS AO LIVRO
Deus está restaurando na igreja nestes dias a mentalidade do Reino, e aqueles
que “a captarem” se moverão sob a ordem bendita do governo de Deus. Este
livro é tanto uma indicação desse processo quanto um esclarecimento da questão
estratégica da honra, pois ela se relaciona com a maneira como os cristãos
trabalham juntos na igreja. O capítulo 2, intitulado “O Funil Que Vem do Céu,
é uma leitura absolutamente obrigatória para aqueles que não apenas se
perguntam por que os cinco ministérios não estão operando como esperávamos,
mas para todos os que não levam a sério essa abordagem vital da vida da igreja. A
contribuição de Danny para a igreja do Reino ajudará todos nós a navegarmos
juntos na aventura da vida do Reino.
Jack Taylor
Presidente do Dimensions Ministries
Melbourne, Flórida
Neste livro, Cultura da Honra, Danny Silk desenterra os antigos fundamentos do
Reino de Deus. Com grande sabedoria e percepção, ele examina e explica os
blocos de construção fundamentais de uma sociedade sobrenatural e constrói a
estrutura de uma vida cristã poderosa. Este é mais que um livro; é um manifesto
de reforma, destinado a tornar-se um clássico que será uma referência para as
futuras gerações. Cultura da Honra é leitura obrigatória para todo crente sério. É
essencial que este livro seja difundido em todos os seminários do país!
Kris Vallotton
Líder associado sênior da Bethel Church
Redding, Califórnia
Autor de diversos livros, 
inclusive The Supernatural Ways of Royalty e
Developing a Supernatural Lifestyle
O pastor Danny Silk escreveu um livro maravilhoso compartilhando um dos
valores essenciais da igreja Bethel na Califórnia, que tem sido fundamental para
o avivamento que a Bethel tem experimentado por alguns anos. Creio que a
“cultura da honra”, como Danny a apresenta, pode trazer e manter o avivamento
e a reforma para qualquer pessoa que viva esse princípio bíblico. Recomendo
enfaticamente este livro.
Ché Ann
Pastor sênior e fundador da Harvest Rock Church
Pasadena, Califórnia
Às vezes, leio um livro, outras vezes, tenho a impressão de que éo livro que me lê!
Cultura da Honra é um desses livros. Quero viver este livro! A Bethel Church
tem sido como um céu aberto por muitos anos, portanto, sou grato por fazer
parte dessa família. O Reino de Deus é um “negócio de família”, e neste livro
Danny Silk nos dá o DNA do céu na terra. Cultura da Honra destina-se a ser um
clássico que será lido e vivido de geração em geração. Leia o livro, e deixe que o
livro leia você!
Dr. Leif Hetland
Presidente da Global Mission Awareness
Florence, Alabama
Cultura da Honra é um livro revolucionário que transformará os paradigmas de
liderança tão predominantes em toda instituição, inclusive na igreja. Creio que
Danny Silk captura a essência da maneira como Jesus liderava Seus discípulos e
como os discípulos lideravam como apóstolos na igreja primitiva por meio da
honra.
Cultura da Honra transformará o seu modo de pensar a respeito da liderança e a
maneira como você lidera. Você aprenderá a ser um líder que delega poder por
meio dos valores essenciais práticos do Reino que são ensinados neste livro. O
alcance de sua liderança irá aumentar à medida que você aplicar os princípios
bíblicos da honra.
Todo líder deve ler este livro! Todo líder de igreja deve ler este livro! Todo
marido e toda esposa devem ler este livro! Todo pai e toda mãe devem ler este
livro! Todos devem ler este livro!
E depois, devem lê-lo novamente!
Kevin Dedmon
Autor de The Ultimate Treasure Hunt: Supernatural Evangelism
Through Supernatural Encounters e Unlocking Heaven: Keys to
Living Naturally Supernatural
Danny prendeu minha atenção desde o primeiro capítulo, com a impressionante
demonstração de como a queda bombástica e chocante de uma liderança foi
redimida por intermédio da aplicação de uma cultura de honra. Tanto na sua
plenitude de conteúdo quanto na sua forma incrível de composição, este é o
melhor livro de todos os autores da Bethel até o momento. O chamado e o
desafio de Danny são para que a igreja viva deliberadamente revestida de poder e
transmitindo poder na Nova Aliança, por meio de uma cultura compassiva,
segura, libertadora e cujos relacionamentos sejam livres do medo, do legalismo,
do controle, da vergonha e do impotente complexo de vítima. De maneira firme
e tranquilizadora, Danny explica com clareza a base bíblica, os modelos
conceituais e as aplicações bem-sucedidas — no nível da congregação, da
liderança, da família e também individual. Este livro é um catalisador para a
transformação.
André Van Mol, MD 
Médico de família
Presbítero da Bethel Church em Redding
Vice-presidente do Pray North State
Sou grato por Danny Silk ter nos dado em Cultura da Honra a “receita” de
como éa espinha dorsal de um avivamento de mais de dez anos, que rapidamente
tem se transformado em um movimento quejáimpacta as nações do mundo. Em
quarenta anos como cristão, nunca testemunhei um “movimento” que tenha se
sustentado por mais de dez anos. Isso não aconteceu por falta de dons ou de
unção, pois eles estavam presentes em abundância em outros movimentos, mas
por falta de entendimento da “cultura da honra” que permite aos líderes e seus
seguidores florescerem na atmosfera de revestimento de poder que ela gera.
Andrew Sievright
Presidente do Heroes of the Nations
Há muitíssimo tempo a igreja tem necessitado de uma reconstrução
governamental. Precisamos não apenas ter as nossas noções do “governo do
Reino” redefinidas em seu conceito e estrutura, como também precisamos ter a
nossa definiçãoda linguagem do coração do Reino revista e expressa novamente.
É a partir dos nossos corações que falaremos e, portanto, viveremos. Em seu livro
Cultura da Honra, Danny Silk contribui em muito ao nos dar uma abordagem
inspirada, informada e criativa para entendermos como deve ser a essência da
cultura do Reino. Sua percepção e construção inteligentes irão levá-lo a ter seus
próprios momentos de revelação. “Pessoas livres não podem viver juntas sem
honra”, é uma verdade inegociável que necessita ser aplicada. Este livro talvez
seja um dos mais significativos já produzidos na Bethel Church. Éuma leitura
essencial para aqueles que desejam frutificar no sobrenatural. Essa frutificação
será resultado do contexto da honra.
David Crabtree
Líder sênior da DaySpring Church
Castle Hill, New South Wales, Austrália
Em 2003, quando entrei em contato pela primeira vez com a Bethel Church e
com este avivamento, minha vida e ministério passaram por uma transformação
tremenda e, às vezes, dolorosa, principalmente porque eu estava profundamente
imerso em religiosidade e legalismo. Ver e experimentar o sobrenatural
realmente me impressionou e fez com que eu questionasse minhas convicções e
valores essenciais. Vi milagres e curas, mas também vi liberdade, amor
incondicional, capacitação, aceitação, confronto saudável, e muitos outros
elementos de uma “cultura de honra” genuína que não havia feito parte da
minha vida. Foi realmente a cultura da honra em cada uma dessas “pessoas
estranhas” — como elas me pareceram em princípio — que me impulsionou a
fazer a escolha de aceitar o avivamento e de submeter-me a essa transformação, e
a tudo o que ela significa.
Cerca de um ano depois, conheci Danny Silk, a quem considero um dos porta-
vozes mais capacitados da cultura da honra desse avivamento impressionante. Ele
se tornou um dos meus melhores amigos e uma das pessoas mais influentes em
minha vida e ministério. Com ele, aprendi o que é a cultura da honra. E também
aprendi que ter um avivamento sem ela é como derramar vinho novo em odres
velhos.
Toda pessoa precisa aprender e abraçar o conteúdo deste livro, seja ela líder ou
não, seja ela crente ou não. É urgente que cada um de nós esteja sintonizado
com a cultura da honra, enquanto vemos o Céu invadir a terra.
Angel Nava
Pastor sênior da Seeds of Life Church (Semillas de Vida)
La Paz, México
Este livro pode virar seu mundo de cabeça para baixo e ajudá-lo a expandir o
Reino de Deus onde quer que você vá. A “cultura da honra” abordada neste livro
tem o poder para conduzir você em uma aventura que resultará na
transformação de sua vida, de sua igreja e de sua cidade.
Ao ler este livro, esteja preparado para ser desafiado a reformular seu
pensamento, a rever suas ideias e práticas cristãs, “a ser transformado pela
renovação da sua mente”. Ao fazer isso, você estará mais equipado para
transformar a cultura em que vive.
Dr. Pete Carter
Líder sênior da North Kent Community Church
Reino Unido
Talvez os sentimentos contidos nas páginas seguintes não estejam ainda
suficientemente em moda para lhes garantir um favor geral; o longo hábito de não
pensar que uma coisa seja errada lhe dá o aspecto superficial de ser certa, e ergue de
início um temível brado em defesa do costume. Mas o tumulto não tarda em
arrefecer. O tempo cria mais convertidos do que a razão.
Thomas Paine, Senso Comum
Filadélfia, Pensilvânia
14 de fevereiro de 1776
U
PREFÁCIO
ma mulher adúltera foi lançada aos pés de Jesus. Ela sabia que a punição
para o seu pecado era o apedrejamento público. O fato de ter sido
surpreendida no próprio ato apenas aumentava a vergonha e
intensificava seu medo de uma morte dolorosa. Seus acusadores se levantaram
confiantes porque a Lei de Deus sustentava a posição deles. Eles seguravam as
pedras que em breve tirariam sua vida, enquanto ela esperava pela demonstração
de indignação por sua total desconsideração ao padrão de santidade de Deus.
Então o Mestre começou a escrever na areia.
Não sabemos o que Ele escreveu. Tudo o que sabemos é que a atmosfera
criada pelos escritos do “doador da graça” desarmou completamente os
acusadores da mulher. Eles fugiram enquanto a graça de Deus expulsava os
julgamentos dos homens tão depressa quanto a luz desaloja as trevas. Essa é a
superioridade da graça.
Ninguém precisou dizer à mulher para colocar sua fé em Cristo. A atmosfera
cheia de graça fez da fé em Jesus sua reação mais lógica. Talvez seja por isso que
o apóstolo Paulo nos ensinou que a fé é “segundo a graça” (Romanos 4:16). A
graça é a atmosfera criada pelo amor que torna a fé a única reação razoável.
Poucas coisas me deixam mais maravilhado do que uma demonstração
autêntica da graça de Deus. Toda vez que a presença de Deus permite que uma
pessoa se torne livre de problemas que duraram toda uma vida, não se pode
evitar ficar assombrado com um Salvador tão maravilhoso. Mas a graça vai além
da cura do passado: ela também nos lança em nosso destino divino.
Li este manuscrito com grande alegria. Mas também o li com muitas
lágrimas ao relembrar as situações impossíveis que enfrentamos juntos como
família na igreja. Eram tipos de problemas que só Deus podia curar. E Ele o fez,
uma vez após a outra. É essa mesma graça que goteja das páginas deste livro. Não
é uma nova teologia. É apenas uma manifestação mais clara do plano original —
o coração de Deus revelado na pessoa de Jesus Cristo. Mas essa é apenas metade
da história, pois a graça éapenas uma das expressões dessa força revolucionária do
Reino de Deus manifesto na terra — a cultura da honra.
Quando ensino sobre a cultura da honra, quase todas as pessoas dizem
Quando ensino sobre a cultura da honra, quase todas as pessoas dizem
“amém” para demonstrar que já creem nela e a apoiam. Logo após a mensagem,
as pessoas me dizem que também possuem uma cultura de honra. Mas a reação
émuito diferente quando elas têm a chance de vir à nossa igreja, a Bethel
Church, por uma semana ou duas e observar a interação entre a equipe e a
família da igreja. Invariavelmente, todas elas saem nos pedindo que, por favor,
lhes ensinemos a desenvolver a cultura da honra como um modo de vida
reformador. Dar honra realmente libera a vida de Deus em uma situação.
Muitas pessoas vivem em atmosferas destituídas de honra e buscam
desesperadamente a nossa ajuda para criarem essa cultura. Pastores costumam
nos pedir para ensinarmos suas igrejas e equipes a demonstrarem honra. A
necessidade é real, e o desejo é genuíno. Mas essa cultura nunca é construída em
torno do que “eu necessito”. Ela é construída em torno do que “eu posso dar”. E
se não aprendermos a dar isso àqueles que menos merecem, continuaremos a
viver em um ambiente sem honra.
Eu absolutamente amo este livro, Cultura da Honra. Esperei por muito
tempo para ver esse modo de vida revolucionário capturado e colocado em
palavras. Embora muitos da minha equipe ensinem sobre esse tema, Deus deu a
Danny Silk a melhor linguagem para expressá-lo. E os tesouros que ele conquista
para o Mestre por meio de suas percepções maravilhosas estão se tornando
lendários. Ao levar a presença de Jesus, que nos dá poder, em tudo o que faz,
Danny vive para mostrar o valor de Deus em cada pessoa a quem serve, não
importa que posição ela tenha em sua vida.
A igreja precisa de uma reforma radical. Creio que este livro faz parte da
receita de Deus para tratar essa necessidade. À medida que tivermos êxito,
estaremos posicionados para ajudar a levar as cidades do nosso mundo à
transformação. E será uma transformação por meio da honra — aquela que
transmite tão lindamente a graça de Deus.
Bill Johnson
Pastor sênior da Bethel Church
Redding, Califórnia
Autor de O Poder Sobrenatural de Uma Mente Transformada e
Quando o Céu Invade a Terra
E
PRÓLOGO
ntendo que neste livro desafio o que muitos consideram como verdade,
pois reorganizo paradigmas muito antigos. Apesar disso, vejo-me
avançando com ousadia em uma trajetória para trazer luz sobre
váriostópicos que hámuito têm sido mantidos em um tipo de trevas pela minhaamada comunidade, a igreja. Por ser o primeiro cristão em minha família,
existem muitas tradições culturais que não afetaram diretamente a minha vida ou
família. E também há muitas tradições que ainda não foram firmadas em meu
caráter nem fortaleceram meu legado. Infelizmente, considero algumas dessas
tradições altamente injustas e creio que elas são uma representação negativa
Daquele que passei a conhecer como meu Senhor. A “cultura da honra” é uma
concorrente para esses valores essenciais e abordagens muito antigos que se pode
facilmente encontrar na cultura da igreja cristã contemporânea.
Não tenho a intenção de desrespeitar ninguém ao apresentar este ponto de
vista. Ele confronta e redefine o que conhecemos sobre liderança, autoridade e
disciplina na igreja, literalmente há séculos. Por favor, saiba que tenho
consciência de que tudo isso ainda é uma “grande experiência” na Bethel Church
e que temos muito a aprender sobre como exercer a mordomia de um ambiente
de liberdade. Ainda assim, apresentarei o que aprendemos até agora.
Paz!
N
INTRODUÇÃO
estas páginas, você encontrará o que um de meus amigos chama de
“receita”. Os ingredientes dessa receita são um conjunto de crenças e
práticas. Os passos dessa receita combinam os ingredientes de tal maneira
que eles criam algo poderoso — um ambiente incomum na terra hoje. É um
ambiente que atrai e abriga a presença de Deus. Nós, da Bethel Church, em
Redding, Califórnia, chamamos esse ambiente de a cultura da honra. Isso não
significa que é somente a nossa “receita” que cria uma cultura que abriga a
presença de Deus, mas podemos dizer-lhe que é algo que funciona.
Quando Deus fala sobre honra pela primeira vez nos Dez Mandamentos, Ele
promete que a nossa recompensa por honrarmos nossos pais será uma longa
vida. Na Bethel Church, cremos que essa ordem revela um princípio de honra
em geral. Costumamos dizer: “A vida flui através da honra”.
O princípio da honra especifica que reconhecer com exatidão
quem as pessoas são nos posicionará para dar a elas o que merecem
e para receber o presente de quem elas são em nossas vidas.
A honra gera relacionamentos que dão vida e promovem vida. O segredo
aqui é “reconhecer com exatidão quem as pessoas são”. Só podemos fazer isso
quando reconhecemos as identidades e os papéis que Deus deu a elas. Éisso que
vemos na afirmação de Jesus: “Quem recebe um profeta, no caráter de profeta,
receberá o galardão de profeta; quem recebe um justo, no caráter de justo, receberá o
galardão de justo”.[1]Nomes e títulos são importantes. Mãe, pai, filho, filha,
apóstolo, profeta, cristão, ser humano — esses nomes definem o papel e a
identidade de uma pessoa e, quando usados corretamente, estabelecem
relacionamentos designados por Deus onde “recompensas” específicas são dadas
e recebidas para nos edificar e fortalecer.
Uma cultura de honra é criada na medida em que uma comunidade aprende
a discernir e a receber as pessoas em suas identidades dadas por Deus. Ao longo
deste livro, exploraremos alguns dos “nomes” que nos permitiram estabelecer
tipos de relacionamentos muito específicos na comunidade Bethel. São esses
relacionamentos que atraem e sustentam o derramamento da presença e do
poder de Deus em nosso meio. Os nomes “apóstolo”, “profeta”, “mestre”,
“pastor” e “evangelista” e suas respectivas unções, mentalidades e dons distintos
criam uma rede de relacionamentos destinada a trazer o foco e as prioridades do
Céu à terra. Nomes como “filhos livres” e “filhos da luz” definem a maneira
como devemos honrar uns aos outros e nos relacionar uns com os outros,
particularmente quando tratamos de áreas de comportamento e relacionamentos
que precisam de disciplina e restauração. Nomes descritivos como “realeza”,
“riqueza” e “benfeitor” moldam a forma como nos relacionamos com os nossos
recursos e com a comunidade mais ampla que a igreja é chamada a se conectar e
abençoar com o amor e o poder do Céu.
Em uma cultura de honra, os líderes lideram com honra, tratando
corajosamente as pessoas de acordo com os nomes que Deus lhesdáe não de
acordo com os apelidos que elas recebem de outras pessoas. Eles as tratam como
filhos e filhas livres e não como escravos; como justos, e não como pecadores;
como ricos, e não como pobres. Os líderes também reconhecem a independência
dessas pessoas nas diversas unções que Deus distribuiu entre seus líderes e de
acordo com o projeto divino para cada uma, como uma equipe que gera um
“funil” que desce do Céu à terra. Eles lideram ensinando e pregando um
Evangelho que reconhece com exatidão a identidade de Deus como bom, como
amor e como shalom, e procuram por manifestações claras dessas realidades
como sinais de que a presença de Deus é realmente bem-vinda na cultura. E na
segurança e liberdade que cresce à medida que a Sua presença aumenta, os líderes
lideram desenvolvendo formas de ajudar as pessoas a conviverem umas com as
outras em uma cultura livre. Eles têm ferramentas para o confronto que são
compatíveis com as identidades dadas por Deus às pessoas. Eles são motivados
pela paixão por proteger e aumentar as conexões que Deus está construindo
entre nós. Finalmente, os líderes em uma cultura de honra lideram o povo
naturalmente, estendendo a honra do Reino à comunidade mais ampla e criando
formas para que nossas cidades experimentem a vida que flui entre nós.
A vida flui através da honra. O fruto que se manifesta claramente quando se
estabelece uma cultura de honra é que a vida de ressurreição de Deus começa a
fluir para as vidas, os lares e as comunidades, trazendo cura, restauração, bênção,
alegria, esperança e santidade. Se não vemos esse fruto, então precisamos nos
perguntar se estamos realmente honrando aqueles que nos cercam como
devíamos. Como você verá nas páginas seguintes, estou convencido de que
existem alguns padrões de relacionamento na igreja que se baseiam em versões
falsas de quem as pessoas são, cujo conceito precisamos confrontar e derrubar se
esperamos ver a vida abundante crescer em nosso meio.
Minha oração e esperança é que este livro o guie enquanto você busca os
ingredientes e passos para criar uma cultura ao seu redor que receba a presença
de Deus. Não há dúvidas de que este livro é apenas um começo, mas é um
grande começo!
S
CAPÍTULO 1
UMA CULTURA SOBRENATURAL
“Não por força nem por poder, mas pelo meu Espírito”, diz o Senhor dos
Exércitos.
Zacarias 4:6
e você já ouviu falar da Bethel Church, em Redding, Califórnia, é provável
que tenha escutado testemunhos dos eventos sobrenaturais que ocorrem ali
regularmente, particularmente dos milagres de cura. O que você talvez não
tenha ouvido é que esses acontecimentos sobrenaturais estão diretamente
relacionados à cultura sobrenatural que a comunidade dos santos na Bethel tem
desenvolvido há mais de uma década. O coração dessa cultura é a convicção de
que Jesus foi o modelo de vida cristã para nós. Jesus explicou que todas as coisas
sobrenaturais que aconteciam por meio dele fluíam diretamente de Sua relação
íntima com Seu Pai, e essa mesma relação foi o que Ele veio nos dar por
intermédio de Sua morte e ressurreição. Portanto, manter um estilo de vida
sobrenatural, em que os sinais e maravilhas nos seguem, depende totalmente de
vivermos a nossa verdadeira identidade como filhos e filhas de Deus. Armados
com essas verdades, os líderes da Bethel entendem que o seu papel principal é
capacitar os santos para conhecerem a Deus e para andarem na plenitude de
quem o Pai diz que eles são. Àmedida que esses valores foram ensinados e
demonstrados, um grupo de pessoas cresceu com fé e coragem para trazer o Céu
à terra.
Para ajudá-lo a entender a cultura de capacitação sobrenatural da Bethel,
quero lhe mostrar como ela é. Vou compartilhar algo que aconteceu em nossa
Escola de Ministério Sobrenatural há sete anos. A partir desse incidente, centenas
de outros como ele foram acrescentados à lista, mas essa história em particular é
o caso clássico ao qual nos referimos quando ensinamos nossa equipe a criar um
lugar seguro. (Essa expressãoserá explicada em maiores detalhes no capítulo
intitulado “A Prioridade Máxima da Liderança”.)
Para definir o cenário dessa história, preciso mencionar que cada membro da
nossa equipe tem grande alegria em nossos formandos do primeiro ano. Temos
muito orgulho do zelo e do amor deles pelo avivamento. Depois de cada recesso
de verão, nossa equipe entrevista os formandos que retornam para o segundo
ano, e isso sempre reacende o entusiasmo deles em passarem outro ano com as
pessoas incríveis que chamamos de nossos alunos. Esses alunos do segundo ano
são os melhores e se tornamlíderes da nossa nova leva de alunos do primeiro ano.
Houve um ano em que tivemos dois alunos de primeiro ano, pessoas
incríveis, que eram líderes de louvor e de outras atividades ministeriais. Depois
de se formarem no primeiro ano, eles decidiram se casar em dezembro, após
frequentarem o segundo ano. Então, eles se inscreveram no segundo ano e foram
aceitos. É claro que foram — eles são incríveis!
Pouco depois do início do segundo ano, Banning Liebscher, pastor do
segundo ano, procurou-me e disse:
— Temos um problema. Tenho dois alunos que me confessaram que
fizeram sexo durante o verão.
Perguntei-lhe o que ele iria fazer. Então Banning disse:
— Bem, se fazer sexo fosse tudo o que aconteceu, esse não seria um grande
problema. Eles pararam cerca de um mês antes de a escola recomeçar e estão
realmente arrependidos. E eu realmente acreditei naquele cara quando ele me
disse isso.
— O que mais está acontecendo? — perguntei.
— Acabei de descobrir que ela está grávida — ele disse.
Bem, essa era uma situação mais complicada — uma aluna solteira, grávida,
do segundo ano da Escola Bethel de Ministério Sobrenatural, andando pelos
corredores. Isso era algo que teríamos de explicar. Percebi certo temor nos olhos
de Banning. Ele sabia que teríamos de retirar esses dois alunos da escola. Essa era
a primeira vez que ele, comolíder, tinha de enfrentar um cenário tão extremo.
Eu disse:
— Vamos nos encontrar com eles e conversar sobre isso.
Assim, Banning e sua pastora assistente Jill entraram em meu gabinete,
acompanhados dos dois alunos. Ora, eu não os conhecia e eles não me
conheciam. Nenhum deles fez contato visual comigo quando entrou no meu
gabinete. A cabeça deles estava baixa e seus olhos fitavam o chão. Ficou claro que
eles estavam absolutamente envergonhados do que haviam feito, e eles entraram
esperando que nós os puníssemos pelos seus erros. Eles não apenas acreditavam
que mereciam ser julgados pelo pecado que cometeram, como também estavam
bem conscientes da convicção generalizada de que os líderes da igreja devem
proteger o grupo maior dos poucos rebeldes. Eles sabiam que tinham sido
rebeldes e que aquela provavelmente seria “a conversa”. O que mais poderíamos
fazer senão lhes dizer que os amávamos e lhes mostrar a saída?
Dei início ao processo, dizendo:
— Muito obrigado a vocês dois. Vocês não me conhecem nem sabem o que
vai acontecer. Obrigado pela abertura e confiança que vocês acabam de
demonstrar. Não tomamos nenhuma decisão porque realmente não sabemos
qual é o problema. Vocês querem tomar um copo d’água? Vocês estão bem?
Depois que responderam, dirigi-me ao rapaz.
— Agora, preciso lhe perguntar qual é o problema.
Ele olhou para Banning, perplexo, e perguntou:
— Banning não lhe contou o que aconteceu? Ele não falou com você?
Pude perceber que a pergunta o deixara desconfortável.
— Sim, falou. Banning conversou comigo — respondi.
Ele perguntou:
— Você quer que eu diga?
— Se você sabe qual é o problema, eu quero que você me diga — eu disse.
Meu pressentimento era de que ele provavelmente ainda não sabia qual era o
problema.
— Fizemos sexo neste verão — um monte de vezes! — ele exclamou.
— Ora, eu pensei que vocês tivessem parado de fazer isso.
Ele disse:
— Sim, paramos totalmente. Paramos há cerca de um mês antes do início
das aulas.
— Então, qual é o problema? — Perguntei novamente, tentando fazer com
— Então, qual é o problema? — Perguntei novamente, tentando fazer com
que ele buscasse mais profundamente em seu coração qual era o problema.
— Bem, ela está grávida — ele disse, procurando a informação seguinte que
talvez eu não soubesse.
Perguntei:
— Bem, há alguma coisa que possamos fazer a respeito?
— Não! — Ele respondeu enfaticamente, transmitindo-me a mensagem clara
de que o aborto não era uma opção. Ele estava claramente frustrado com as
minhas perguntas. Aparentemente, ele não esperava ter de pensar tanto ao longo
desse processo. Ele havia previsto uma punição, mas aquela conversa o estava
pegando completamente de surpresa.
— Tudo bem, então qual é o problema? — Perguntei mais uma vez.
Ele olhou para mim por alguns instantes, sacudiu a cabeça e disse:
— Não creio que eu esteja entendendo a pergunta.
Eu ri. Banning e Jill riram. Todos nós rimos. Ninguém parecia saber qual era
o problema, e todos estavam se perguntando onde eu queria chegar com a minha
pergunta.
Finalmente eu disse:
— Se fôssemos passar o nosso tempo hoje resolvendo um problema, que
problema seria?
— Não sei.
— Perguntei se ele havia se arrependido.
— Sim. É claro que sim — ele respondeu, como se essa não fosse uma
pergunta difícil.
— De que você se arrependeu? — Perguntei.
Depois de uma longa pausa, ele admitiu:
— Não sei.
Eu disse:
— Tudo bem. Bem, isso é parte do problema, não é? Como você pode se
arrepender de um problema se não sabe que problema é esse?
— Estou conseguindo entender o que você está dizendo. Éverdade.
— Então, precisamos encontrar um problema aqui para resolver — eu disse.
— É sobre isso que temos de tratar. Deixe-me fazer-lhe mais algumas perguntas.
Meu plano era simplesmente fazer perguntas a ele. Eu não iria dizer-lhe o
que eu pensava ou falar-lhe o que pensar. Não estava tentando convencê-lo dos
meus pontos de vista impressionantes ou da minha percepção poderosa. Eu
estava em busca da glória, da sabedoria e da capacidade daquele jovem. Ela
precisava vir à tona a fim de que ele pudesse se lembrar de quem era nessa casa. A
vergonha do seu erro havia feito ele se esquecer de quem era. Ele pensou que era
uma dessas pessoas que precisavam ser chutadas e cuspidas, e estava pronto para
que a nossa liderança o expulsasse para o meio da rua. As perguntas o
conduziram, com a ajuda do Espírito Santo, a percorrer o seu interior em busca
da sabedoria e do conhecimento que havia dentro dele e encontrar uma solução
que transformasse sua vida para sempre.
Dei mais algumas ideias para ele.
— Diga-me, você sabia que não era uma boa ideia dormir com a sua
namorada?
— Eu tinha plena convicção disso.
— Bem, então, o que aconteceu?
— Não sei — ele abaixou a cabeça, rompendo o contato visual.
Dei a ele uma escolha para considerar e uma oportunidade de continuar a
conversa comigo.
— Você não sabe, ou não está querendo pensar mais sobre isso?
— Bem, provavelmente foi porque nós ficávamos acordados até tarde,
assistindo a filmes na casa dela.
— Você acha? — Ergui as sobrancelhas.
— Mas eu tentei ir embora. Eu quis sair várias vezes. Eu dizia a ela que não
devíamos estar naquela situação. Não devíamos estar ali fazendo aquilo. Dizia a
ela que havíamos ido longe demais da última vez, e que não devíamos fazer isso.
Ele olha para ela timidamente, ela está franzindo os lábios e seu rosto está
ruborizado, mas o medo do desconhecido e de estar naquela sala a mantém em
uma espécie de paralisia verbal.
Ele continua:
— Ela ficava muito zangada comigo! Ela me dizia palavras duras e que eu a
estava rejeitando, e as coisas se tornavam um inferno nos dias seguintes. Então
eu simplesmente não dizia mais nada e ficava ali. Não estou dizendo que eu não
gostei ou que não tive participação nisso. Tive sim, e muito. Simplesmente não
valia a pena brigar com ela por isso.
— Certo. Então o que você está me dizendo é que você estava mais
preocupado com o fato de ela ficar zangada com você do que em fazer o seu
trabalho em protegê-la de você.
— Lentamente, ele respondeu:
— Sim.
— Então o que você está me dizendo é que quando está compessoas
zangadas acaba deixando que elas controlem quem você é. É isso que está me
falando?
— Sim — ele disse timidamente.
— Então tudo o que é preciso para você abandonar o seu caráter e a sua
integridade é que alguém fique zangado com você.
— Sim — ele estava começando a ter uma revelação.
Perguntei:
— Cara, é este o problema?
— Sim.
— Assim, se pudéssemos achar uma solução para esse problema, isso faria
com que o nosso tempo hoje valesse alguma coisa para você?
— Totalmente.
Ele levantou os olhos novamente e fez contato visual, querendo esconder um
sorriso. Eu pude perceber que ele estava inseguro por se sentir melhor quando
aquele deveria ser um processo que o faria sentir-se pior com o que ele havia
feito.
— Fantástico. Então vamos trabalhar nisso — eu disse, com um grande
sorriso em meu rosto.
A sala inteira sentiu um ar de esperança. Banning e Jill estavam sorrindo. Eu
pude sentir a expectativa deles e seu senso de responsabilidade em ajudar aquele
jovem a lidar com o problema que ele acabara de identificar. Mas, em vez disso,
voltei-me para a garota, que havia assistido a todo o processo com seu namorado.
Eu podia ver que ela não queria passar pela mesma coisa. Seus braços e pernas
estavam cruzados e seu queixo encostado no peito. Ainda assim, aventurei-me.
— Qual é o problema?
— Não sei — ela rebateu depressa, na defensiva.
— Você não sabe ou tem medo de pensar sobre isso?
— Não sei.
Eu disse calmamente:
— Posso ver que você está assustada. Não quero que tenha medo. Realmente
quero ajudá-la a descobrir o que está fazendo com que você acrescente tanta dor
à sua vida. Você vai me deixar ajudar?
Para poupar tempo, vou cortar o diálogo e dizer simplesmente que
finalmente chegamos à revelação de que ela não confiava nas pessoas. Essa era
uma fortaleza em sua vida, a qual se mostrava em inúmeros comportamentos.
Ela lutava contra a desconfiança, e isso impedia que ela permitisse que as pessoas
abençoassem a sua vida com palavras. Diversos alunos haviam tentado tratar da
situação deles durante o verão, mas ela não permitia que isso afetasse as suas
decisões. Ela se sentia como se aquelas pessoas estivessem querendo controlá-la, e
o seu medo a cegava, impedindo-a de ver o cuidado e a preocupação que sentiam
por ela. Esse problema devastara sua vida por muitos anos. Aquela jovem tinha
medo, tinha tendência de isolar-se, muitas vezes era teimosa e se protegia dos
outros. Fui até o fundo do problema com ela por meio do mesmo processo:
perguntas. Eu só fazia perguntas — muitas e muitas perguntas, mas as perguntas
certas.
Fazer as perguntas corretas da maneira certa é uma das chaves para se criar
um lugar seguro. Um confronto bem-sucedido depende do quanto as pessoas
que estão sendo confrontadas se sentem seguras. Se ignorarmos a necessidade
delas de um lugar seguro, nós as predispomos a agir como pessoas egoístas, não
amorosas, que se colocam na defensiva, que colocam a culpa em outros e que
estão mais interessadas em salvar a sua própria pele do que em consertar os erros
que cometeram. Então perdemos completamente quem elas realmente são e as
culpamos por seu comportamento. Um processo que respeita a necessidade de
confiança e honra terá um resultado totalmente diferente, porque permitirá que
as pessoas sejam livres — livres do controle, da punição e do medo. É assim que
confrontamos de acordo com o padrão do Reino. (Exploraremos esse processo
mais plenamente em um capítulo posterior.)
Tínhamos duas pessoas na mesma situação com dois problemas totalmente
diferentes. Ele tinha medo que as pessoas ficassem iradas com ele, e ela temia que
as pessoas a controlassem. Quando descobrimos esses problemas, eles não
esperavam mais ser decapitados por eles. Havíamos criado um lugar seguro para
eles serem eles mesmos, as pessoas incríveis que realmente são. Então era hora de
ajudá-los a consertar seus problemas e libertá-los da vergonha do erro.
Fiz outra pergunta:
— Quem é afetado por esses problemas na vida de vocês? É como se vocês
passassem por uma sala com um grande balde de tinta e o deixassem cair. A tinta
se espalhou por todo o lugar. Quem ficou sujo de tinta?
Eles começaram a se lembrar das pessoas a quem amavam, das pessoas que
ainda não sabiam que ela estava grávida. Aqueles que os amavam, que
acreditavam neles e que os tinham honrado. Estes eram os relacionamentos que
eles queriam proteger: seus pais, irmãos, líderes da Escola de Ministério e líderes
em casa. Sua pequena igreja local levantara uma oferta mensal para ajudar a
pagar a mensalidade escolar do casal. A moça tinha um irmão novo convertido
que a considerava uma pessoa incrível. Aqueles dois representavam Jesus para ele.
Foi como se Banning, Jill e eu pudéssemos ver aqueles dois lembrando todas
essas pessoas uma após a outra, e quando elas vinham às suas mentes, eles
entendiam o quanto aquela situação iria feri-los. Eles choraram enquanto
relacionavam os nomes, finalmente sentindo a dor que aquele problema criara
em suas vidas. Nossa equipe ficou sentada em silêncio, reconhecendo que aquela
era a tristeza segundo Deus de que a Bíblia fala.[1] Ela estava conduzindo aqueles
dois ao arrependimento, então precisávamos deixá-la fazer a sua obra e produzir
o seu fruto.
Eles continuaram a soluçar. Nenhum tipo de ameaça ou punição poderia ter
criado o que estava acontecendo dentro deles naquele instante. Era algo lindo, e
tudo aconteceu de dentro para fora. Ninguém os obrigou a ver nada. Ninguém
tentou convencê-los a se arrepender. Tudo isso veio à tona porque confiamos
que eles tinham muito amor e respeito dentro deles, e porque fizemos as
perguntas certas.
Depois que eles relacionaram as pessoas que seriam mais afetadas com a
notícia da gravidez, Banning, Jill e eu mencionamos algumas pessoas que eles
não incluíram, pessoas que eram importantes para nós. Perguntei:
— E quanto ao restante dos alunos do segundo ano? Como eles serão
afetados por isto?
— Esta notícia irá afetá-los totalmente. Eles são nossos colegas de turma —
disse ele.
Mas ela retrucou:
— Alguns deles se importarão, mas a maioria nem sequer precisa saber disso!
— Ah, isto é mais um pouco do mesmo problema? — perguntei a ela.
— O quê? — ela perguntou, parecendo não entender.
— Esta é mais uma vez em que você acha que precisa defender-se das pessoas
que provavelmente mais se importam com você?
— Não sei — disse ela, sabendo que havia sido flagrada.
— Você não sabe ou você entende o que estou dizendo?
— Entendo o que está dizendo — ela admitiu.
— Bom. Obrigado por considerar isso. Agora, e quanto aos alunos do
primeiro ano que veem vocês como líderes nesta comunidade? Como eles serão
afetados por este problema? — dirigi-me especificamente a ela com essa
pergunta.
— O quê? Eles são um monte de estranhos para nós! Por que eles seriam
afetados por isto? — Ela bradou, irritada com a minha audácia.
Mas o namorado dela disse:
— Você está certo. Devemos ser líderes nesta escola. Eles serão totalmente
afetados por nós e pelo que fizemos.
Perguntei a ela o que achava desse ponto de vista. Ela não gostou, mas
concordou que isso poderia afetar alguns deles.
— Poderia ou irá afetá-los? — perguntei a ela. Eu estava comprometido em
pressioná-la todas as vezes que aquele problema de confiança e vulnerabilidade
tentasse impedi-la de mostrar o melhor de si mesma na situação.
— Irá! — Ela deixou escapar, seguido de um meio sorriso para me agradecer
por não deixar que ela contornasse a situação.
Então perguntei:
— O que vocês vão fazer? Vocês criaram um problemão aqui. Sabemos
quem está sujo de tinta. O que vocês vão fazer para limpar isso?
Eles percorreram a lista e começaram a propor soluções.
— Vamos telefonar para os membros da nossa família e vamos escrever
cartas a essas pessoas. Vamos informá-las do que está acontecendo, arrependidos,
e pedir que nos perdoem.
Perguntei a eles:
— De quanto tempo vocês precisam?
Depois de conversarem entre si, ele disse:
— Uma semana. Queremos uma semana para poder entrar em contato com
a nossa família e consertar o problema.— Tudo bem — eu disse. — Vamos esperar e cuidar dos alunos da Escola
de Ministérios envolvidos no problema mais tarde.
E assim eles fizeram o que haviam dito. Ao longo da semana, entraram em
contato com os membros de sua família e com os líderes de sua igreja e também
procuraram os pastores Bill Johnson e Kris Valloton, além de alguns membros
da equipe da escola. Aquelas pessoas não estavam mais prestes a ser expulsas da
escola. Aquelas não eram mais pessoas que mereciam ser punidas. Eles se
depararam com um rio de reações amorosas e de apoio por parte de quase todas
as pessoas que abordaram. Houve algumas reações desfavoráveis, mas aquele
casal recebeu graça mais do que o suficiente.
Veja, a vergonha é removida por meio do amor. A vergonha tenta manter as
pessoas presas em seus erros convencendo-as de que não há nada que elas possam
fazer, que são impotentes. Quando removemos amorosamente a vergonha de
sobre eles, aqueles dois se tornaram poderosos novamente, enfrentaram as
consequências e corrigiram seu erro. Tudo o que eles podiam fazer era consertar
seu erro. Eles não podiam mudar o passado, mas podiam ir até aqueles a quem
amavam e pedir perdão. Ao pedir perdão, eles estavam dizendo: “Por favor,
permitam que eu manifeste o meu amor por vocês e proteja este relacionamento.
Por favor, deixem-me consertar o meu erro”. O amor lançou fora o medo deles e
os tornou poderosos outra vez.
Na semana seguinte, eles voltaram à escola. Banning e Jill encontraram um
intervalo no horário das aulas. Banning ligou para o meu escritório e me pediu
para ir até o segundo ano e facilitar a “limpeza”. Eu sabia o quanto isso poderia
ser difícil para alguns dos alunos. Sabia que alguns deles não conseguiriam lidar
com o que estava prestes a acontecer, por isso me propus a colocar aquela
experiência em um contexto no qual eles considerassem refletir ao longo dos
minutos e meses seguintes. Reuni a turma e disse: “Tudo bem, venham aqui
todos vocês. Muitos de vocês talvez nunca tenham vivido o que acontecerá aqui.
Antes que digam uma palavra, quero que todos vocês se lembrem de algo muito
importante. Pode ser tentador julgar estes dois pelo que eles vão contar a vocês.
Portanto, por favor, lembrem-se disto: cada um de vocês que está nesta sala, sem
exceção, é um indivíduo desprezível sem Jesus em sua vida. Por favor, tenham
isso em mente enquanto ouvem o que eles têm a compartilhar com vocês. Se um
de vocês fizer algum julgamento a respeito deles, quero que venham e conversem
comigo pessoalmente, antes que eu ouça isso de outra pessoa com quem vocês
conversarem”.
Então fiz sinal para que o casal viesse à frente. O jovem começou dizendo:
“Quero pedir perdão a esta turma porque sei que somos parte de vocês e que
vocês são parte de nós. Durante o verão acabamos fazendo o que não devíamos, e
agora vamos ter um bebê”.
Fiquei chocado com a humildade e a vulnerabilidade dele. Ele estava
realmente se arrependendo diante daquele grupo de colegas. Ele continuou
dizendo: “Descobri um problema em minha vida que eu não sabia que tinha. Ele
tem causado muitos problemas para mim. Estou trabalhando nisso. Agora tenho
mais esperança do que jamais tive em resolver esse problema. Mas é assim que as
coisas estão, é isto que está acontecendo”. Ele explicou tudo que acontecera. Ela
ficou em pé ao lado dele, humilde e aberta, e depois que ele terminou, ela fez o
mesmo.
Convidei um dos alunos, Brandon, que exercia um papel paternal na turma,
para vir orar por eles, perdoá-los e restaurá-los a um padrão celestial de
relacionamento com o restante da turma. Quando ele se levantou, 47 outros
alunos — toda a turma — se levantaram com ele e cercaram aqueles dois,
apoiando-os. Alguns começaram a chorar. Brandon fez orações de perdão e
amor. Ele os recebeu de volta à comunhão com a comunidade da turma. Outra
pessoa disse a eles o quanto eles os amavam, e agradeceram a eles por não saírem
da escola. Outro aluno agradeceu a eles por confiarem na turma abrindo suas
vidas.
Então os alunos profetizaram sobre eles e sobre o bebê. Eles aceitaram o bebê
na comunidade. Toda a turma chorou em conjunto. Foi realmente um
momento impressionante. Fiquei perplexo com a reação, mas ao mesmo tempo
eu sabia que aquelas pessoas e todos eles eram impressionantes!
A turma se sentiu muito mais leve enquanto as pessoas se abraçavam e
sorriam em meio aos rostos cobertos de lágrimas. Então alguém do primeiro ano
entrou e disse:
— Ei! O primeiro ano também precisa fazer isso.
— Vocês querem fazer isso agora? — perguntei.
Eles disseram:
— Podemos sim.
— Tudo bem, vamos lá.
Eu fui na frente. Quando os dois se dirigiram para a sala do primeiro ano, os
47 alunos do segundo ano os seguiram. Os alunos do primeiro ano não puderam
evitar a consciência de uma tremenda presença entrando em sua sala de aula. A
comitiva de 47 alunos enfileirou-se ao longo das paredes da sala como um
exército de anjos da guarda enquanto aquele casal se colocava em pé diante de
100 estranhos e se arrependia.
Pedi a Kevin Drury, um pastor que havia tirado um ano de licença do
ministério para vir para a BSSM (Escola Bethel de Ministério Sobrenatural), para
orar por eles, abençoá-los e perdoá-los. Quando ele se levantou, os 100 alunos
do primeiro ano se levantaram e se reuniram ao redor do casal para orar e
abençoá-los. Kevin começou a orar e a profetizar sobre eles, quebrando a
maldição da vergonha e da ilegitimidade sobre aquele bebê e cortando o acesso
legal do inimigo para destruir aquela criança por meio da vergonha. Foi um
tempo poderoso de amor e reconciliação.
Cem estranhos abraçaram e amaram aquele casal naquele dia. Eles haviam
feito tudo o que podiam para reparar o seu erro e seguiram em frente como
alguns dos principais exemplos entre os nossos alunos do segundo ano durante o
restante do ano.
Eles se casaram meses depois, e pouco depois trouxeram a sua filha ao
mundo. Mas desde o dia em que a menina nasceu, ela lutou por sua vida. Havia
algo errado com seu sangue, e ela morria dia a dia. Sua luz estava se apagando.
Eles estavam morando em um hospital para crianças com necessidades especiais
na Carolina do Norte, de onde nos enviavam notícias de que o bebê estava
morrendo. Onde quer que estivéssemos quando esses relatórios chegavam,
inclusive nos cultos de nossa igreja e nas reuniões de equipe, nós orávamos. Mas
o estado dela continuou a piorar por semanas.
Havia um tom de desespero no último telefonema que recebemos daquela
mãe de primeira viagem. “Ela vai morrer. Os médicos disseram que ela não vai
passar desta noite. Por favor, orem!” Depois desse telefonema, lembrei-me
especificamente da oração de Kevin e fiz menção a ela. Lembrei-me de que não
havia vergonha sobre aquela criança. Lembrei-me de que o inimigo não tinha
direito sobre aquele bebê. Lembrei à nossa equipe o processo de restauração pelo
qual eles passaram. Nossa equipe orou durante a nossa reunião e declarou que a
oração de Kevin cancelou a vergonha. A morte e a destruição não tinham
jurisdição sobre a vida daquela criança.
No dia seguinte, recebemos uma ligação.
“Os médicos não sabem o que aconteceu, mas eles estão chamando o nosso
bebê de ‘o bebê Lázaro’”, disse uma mãe muito entusiasmada. Até o dia de hoje,
a garotinha deles está viva e bem. Ela é forte, linda e cheia de vida.
No ano seguinte, aquela mesma jovem mãe foi uma das palestrantes em uma
reunião do terceiro ano. Ela se levantou e, em meio a lágrimas, disse: “Quero
apenas agradecer aos líderes desta casa. Vocês transmitem a força e a vida desta
cultura a todos os que entram nela. Vocês edificam a força nas outras pessoas.
Vocês nos deram uma herança. Nunca mais seremos os mesmos por vocês terem
lidado com a nossa situação da maneira que o fizeram. Vocês jamais saberão a
profundidade que isso nos afetou. Vocês nos deram vida em uma situação que
poderia facilmente ter nos tirado dos trilhos por muitos anos. Vocês nos deram
um relacionamento pelo qual estamos dispostos a morrer. Obrigada!”
A recuperação milagrosa daquela criança não pode ser chamadade outra
coisa senão de sobrenatural. Mas o ambiente no qual ela ocorreu é o que
simplesmente chamamos “Bethel”. Como mencionei, este está se tornando um
lugar conhecido por seus muitos testemunhos milagrosos. Mas são as histórias
das pessoas que compõem essa cultura milagrosa que ilustram o estilo de vida e
os relacionamentos que realmente criam um ambiente que atrai o Céu à terra.
Este livro trata da nossa cultura. Sem entender os valores essenciais que nos
conduzem, você não entenderá o fruto que estamos colhendo.
No coração dessa cultura está o valor da liberdade. Não permitimos que as
pessoas usem essa liberdade para gerar caos. Temos limites, mas usamos esses
limites a fim de abrir espaço para um nível de expressão pessoal que traga à
superfície o que realmente existe dentro das pessoas. Quando são dadas escolhas
às pessoas, isso revela o nível de liberdade com o qual elas estão preparadas para
lidar. Quando as pessoas descobrem a sua verdadeira capacidade de domínio
próprio e de responsabilidade, então elas têm a revelação e a oportunidade que
precisam para crescer rumo à liberdade que Deus deseja para cada um de Seus
filhos e filhas.
Porém, antes de começarmos a explorar os valores essenciais da cultura
Bethel, sinto que é importante compartilhar com você nossa estrutura de
liderança. Nossa liderança é responsável por capacitar e equipar os santos com a
revelação e a transferência de unção que eles necessitam para exercer sua
liberdade em um lugar seguro, mas creio que temos tido êxito nisso porque
nossos líderes estão alinhados com a unção apostólica e profética. Explicarei esses
termos e como eles funcionam no capítulo seguinte.
C
CAPÍTULO 2
O FUNIL QUE VEM DO CÉU
Não há nada como voltar a um lugar que permanece imutável para descobrir
como você mesmo foi transformado. 
(Nelson Mandela, estadista da África do Sul)
reio que um dos principais fatores que mantiveram a Bethel Church em
um estado de preparação e mordomia para o derramamento do Espírito é
o “odre” da liderança da igreja, que foi estabelecida com um fundamento
apostólico e profético e como uma expressão da graça de cada um dos demais cinco
ministérios descritos em Efésios 4:11 — pastor, mestre e evangelista. Acredito que
isso é verdade porque eu, como membro dessa equipe, vi em primeira mão como
essas diversas unções tratam de uma parte essencial da identidade e propósito da
igreja por meio de suas áreas específicas de foco e motivação. Sem uma expressão
completa e madura dessas graças que equipam os santos, o povo de Deus não
pode ser preparado adequadamente para receber o que Deus está derramando e
liberar isso para o mundo que o cerca.
Estou convencido de que um dos motivos pelos quais os principais líderes da
igreja passam pelo ciclo desalentador de ver os grandes derramamentos
gradualmente voltarem à rotina normal é a falta de entendimento acerca dos
cinco ministérios, bem como de sua própria unção e chamado ministerial — e
de como essa unção se molda à direção de sua igreja. Espero neste capítulo e ao
longo deste livro estabelecer um fundamento para a compreensão desses papéis e
unções, a fim de que os líderes possam começar a ter acesso à graça que Deus
depositou neles e a administrá-la.
Antes de fazer isso, para que você não pense que todos os líderes da Bethel já
nasceram sabendo que foram chamados para o ministério e exatamente como
Deus os ungiu, quero contar a história do meu próprio chamado pastoral.
Minha história como líder da igreja teve início em março de 1995. Naquela
época, eu estava trabalhando em um orfanato chamado Remi Vista, em Mt.
Shasta, na Califórnia. Eu havia acabado de concluir oito anos de faculdade e
estava completando o meu Mestrado em Serviço Social na Universidade UC-
Sacramento. Minha esposa Sheri, nossos filhos Brittney, Levi e Taylor e eu
finalmente estávamos prontos para seguir a minha carreira em terapia de casais e
de família. Ao longo daquela jornada extremamente estressante de oito anos,
Sheri tinha o hábito de brincar: “Mostre-me o dinheiro!” Estávamos prontos
para começar a receber algum tipo de pagamento.
Em um fim de semana de março, fizemos nossa viagem anual de duas horas
pelas estradas montanhosas rumo ao lar: a Mountain Chapel em Weaverville,
Califórnia. Sheri e eu crescemos nessa pequena comunidade e frequentamos a
mesma escola juntos ali. Tínhamos muitas lembranças daquela pequena cidade
da época que ainda “não éramos cristãos”. E ambos havíamos aceitado o Senhor
no ministério de Bill Johnson em Mountain Chapel, um no mês seguinte ao
outro.
Participar dos cultos na igreja em Weaverville era sempre muito agradável
para nós. Essa viagem específica, como todas elas, foi marcada por uma grande
comunhão. Aproveitamos para saber as novidades da vida de muitos amigos e
compartilhamos com eles todos os acontecimentos atuais da nossa própria jovem
família. Após o culto naquele domingo, Kris Vallotton convidou Sheri e eu para
almoçarmos porque ele tinha uma “proposta” para nós. Estávamos animados
apenas em fazer contato com mais um amigo querido, mas também com certeza
curiosos para descobrir a respeito dessa nova ideia que Kris tinha na manga e
que, como ele nos deu a dica, poderia transformar totalmente as nossas vidas.
Depois de um pouco de conversa corriqueira, ele nos perguntou se sabíamos
que Bob Johnson, irmão de Bill, estava deixando a Mountain Chapel para
começar uma nova obra em Redding. Não sabíamos disso. Então ele prosseguiu,
nos informando que ele tinha permissão de Bill e da direção da igreja para nos
perguntar se consideraríamos a possibilidade de substituir Bob como o novo
pastor associado abaixo de Bill. Minhas mãos e meu nariz começaram a ficar
frios. Eu podia ver a boca de Kris se mexer, mas não conseguia ouvir o que ele
estava dizendo. Fiquei em choque. Dissemos-lhe que precisaríamos de algum
tempo para pensar.
Lembro-me de ficar deitado naquela noite ao lado de Sheri no escuro total.
Estávamos em silêncio, o que era raro, já que Sheri, um processador verbal de
última geração, ainda estava acordada. Finalmente, em meio ao silêncio e à
escuridão, ela perguntou:
— Você está pensando no que eu estou pensando?
— Sim — eu disse, e começamos a rir nervosamente. Não podíamos
acreditar no que estava acontecendo.
Alguns meses depois, mudamos com a nossa família para Weaverville, para
que as crianças pudessem começar a escola em setembro. Continuei a trabalhar
em Mt. Shasta e dirigia para casa nos finais de semana. Em novembro, iniciei no
meu novo cargo na equipe em Mount Chapel. Mas entre esses dois eventos, algo
interessante aconteceu.
Em um domingo de setembro, Bill e Beni Johnson nos chamaram ao
gabinete de Bill para conversar. Imaginamos que haveria muitas dessas
“pequenas conversas” para nos ajudar a nos orientar, para nos manter
informados a respeito da nossa nova posição e para nos explicar as coisas,
considerando que estávamos chegando ali completamente novos e sem
treinamento para o ministério. Porém, estávamos enganados.
Observamos que Bill e Beni pareciam estar rindo nervosamente quando
começamos a reunião. Beni começou a conversa nos dizendo o quanto estavam
felizes por estarmos ali. Ela disse que eles nunca haviam sentido a paz que agora
sentiam e que estavam muito confortados com a nossa presença na equipe. Ela e
Bill falaram acerca de nossos dons pastorais e disseram que as pessoas seriam
amadas e bem cuidadas sob a nossa liderança. Senti algo se mover dentro de
mim enquanto eles continuavam falando, mas não era orgulho ou uma grande
satisfação. Era medo. Quanto mais eles falavam conosco, mais eu sentia essa
sensação aumentar. A bomba finalmente caiu quando Beni disse:
— Temos sentido que o Senhor vai nos mudar daqui. Temos sentido isso há
muitos anos, mas até agora nunca conseguimos nos sentir bem quanto a quem
confiaríamos para liderar a igreja. Bem, agora que vocês estão aqui, nós nos
sentimos muito aliviados.
Eu podia sentir o sangue se esvair do meu rosto, ficando lívido. Parecia que
eu iria desmaiar. Será que eu haviaacabado de ouvir o que pensava que tinha
ouvido? Meus pensamentos corriam na minha mente. Você acha que voltei aqui
para arruinar a igreja que amo, o lar onde fui salvo? Você tem ideia do que seria
pastorear esta igreja de radicais na pequena cidade onde você cresceu como um
incrédulo? Você está brincando?!
Bill e Beni estavam rindo. Estou certo de que o meu rosto estava congelado
de choque e terror, apesar dos meus maiores esforços para esconder o que sentia.
De repente, tive um pensamento claro. Qual era o prazo que eles tinham em
mente para essa mudança?, perguntei.
— Vocês estão falando em se mudar daqui a cinco anos? Três anos?
Beni respondeu:
— Fevereiro. Achamos que sairemos em fevereiro. Não temos ideia do
motivo, mas esse é o mês que sempre nos vem à mente.
— Fevereiro do ano 2000? — sussurrei.
— Não — ela riu. — Fevereiro, daqui a seis meses. 1996.
Àquela altura, pensei que com certeza iria desmaiar ou vomitar.
Essa foi a última “pequena conversa” a respeito de nossa subida a bordo do
navio. E como haviam dito, seis meses depois eles partiram. A Bethel Church
entrevistara Bill em dezembro daquele ano, 1995, oferecendo-lhe uma posição
como pastor sênior. Ele informou a eles que precisava “treinar” um novo pastor
em Mountain Chapel e que necessitaria de algum tempo. “Fevereiro”, ele disse a
eles, “será a data mais próxima que poderei vir para Bethel”. De uma hora para a
outra, estávamos passando para o papel de liderança como pastores. Suponho
que podíamos ter dito não, mas sabíamos que o Senhor tinha um plano.
Depois da nossa reunião com Bill e Beni naquela manhã de setembro,
porém, fiquei furioso. Eu estava totalmente furioso, principalmente porque
estava muito assustado. Eu pensara que iríamos para Weaverville aprender com o
“Pastor Mestre”. Essa esperança havia sido desfeita em alguns instantes e, de
repente, se transformara em uma... promoção inesperada e aterrorizante.
Esforcei-me para dominar meus medos dizendo a mim mesmo: Talvez Deus
esteja nisto. Talvez Ele vá ficar aqui, mesmo que Bill saia. Talvez isto acabe bem.
Talvez Ele fique comigo. Talvez seja isto que Ele estava tentando me dizer há treze
anos.
Treze anos antes, eu tinha 21 anos de idade e havia acabado de entregar meu
Treze anos antes, eu tinha 21 anos de idade e havia acabado de entregar meu
coração ao Senhor. Comecei ajudando Kris Vallotton, que já era líder na igreja
em Mountain Chapel, com o grupo jovem do colegial. Certo dia, Kris profetizou
isto para mim: “Um dia você pastoreará aqui em Weaverville”. Eu mal podia
imaginar algo assim naquela época, mas fiz o meu melhor para fazer a palavra se
cumprir procurando um seminário pelo qual eu pudesse pagar. Depois de algum
tempo de esforço infrutífero, porém, desisti. Dois anos depois, esqueci-me
totalmente daquela palavra — até que ela reascendeu novamente em minha
mente no início do processo de retorno a Weaverville. Com o tempo, essa
palavra se tornou a arma com a qual combati meus temores e inadequações.
Lembrar que “Ele está comigo” mudou a minha maneira de encarar tudo
aquilo. Depois de perdoar Bill por me atrair para uma situação da qual eu não
podia fugir, comecei a ver o que ele viu em mim — uma unção pastoral. Eu não
a chamava assim, mas comecei a reconhecer que a paz e o conforto que ele e
Beni mencionaram na nossa “pequena conversa” naquele dia realmente vinham
dessa unção que eles podiam ver em nossas vidas. Eles sabiam que os nossos
corações estariam focados nas pessoas. Nós garantiríamos que o rebanho deles, as
pessoas em quem eles investiram dezessete anos de suas vidas, receberia o melhor
de nós.
Felizmente, eles estavam certos. Como pastor, passei a ensinar e a pregar com
base no meu histórico em aconselhamento. Comecei construindo nos corações e
na mente do povo a verdadeira identidade como filhos muito amados de Deus.
Minha agenda estava cheia de compromissos para me encontrar com pessoas.
Casais, famílias, pais, homens e mulheres iam continuamente ao meu gabinete
para serem curados e fortalecidos. Nossa equipe de liderança deu início a uma
série chamada “A Busca pela Liberdade”, começando uma jornada para curar as
feridas e as mentiras do passado de seus membros. Um dos nossos presbíteros
teve uma transformação radical durante esse período, que levou toda a nossa
igreja a outro nível de cura, libertação e comunhão.
O tipo de crescimento que acabo de descrever é a paixão da unção pastoral. O
pastor precisa saber que as pessoas estão saudáveis e fortes. Ele ou ela sabe que o
Evangelho adquire vida à medida que os santos aplicam e manifestam o
verdadeiro amor e liberdade em suas vidas. Essa unção permite que Deus cultive
o Seu coração no Seu povo. O Bom Pastor entra em ação por meio da unção dos
pastores.
Bill e Beni sabiam que sua igreja vivia há anos sem uma forte unção pastoral.
Bill e Beni sabiam que sua igreja vivia há anos sem uma forte unção pastoral.
A unção apostólica de Bill havia se tornado mais forte ao longo da década
anterior, e o seu foco estava cada vez mais concentrado nas preocupações do Céu
do que nas preocupações humanas. Seu pastor associado e irmão, Bob Johnson,
carregava uma forte unção evangelística, por isso seu foco eram os perdidos. E o
outro líder com uma forte unção na igreja era um profeta, Kris Vallotton. Cada
uma dessas unções desvia a atenção e a prioridade dos santos e a coloca sobre
outra área, como explicarei em maiores detalhes em um instante.
Entrar nesse “vácuo” pastoral foi um pouco impetuoso. Por eu não estar
substituindo o apóstolo, mas trazendo uma nova perspectiva que atendia a
necessidades diferentes, foi fácil para a igreja me valorizar e me receber como
líder. Lembro-me de Bill me dizendo que a transição da liderança era
sobrenatural, descrevendo-a como algo que acontecia com uma “suavidade
assustadora”. Ele estava certo. A Mountain Chapel estava pronta para o que a
unção pastoral traria. Nós dois esperávamos ter muito mais adversidades a
enfrentar com sua saída, depois de seus dezessete anos como líder sênior. Mas
não houve nenhuma. Essa foi a minha primeira lição acerca da compreensão da
natureza e da importância de cada membro dos cinco ministérios. Desde então,
o Senhor apenas continuou a construir sobre esse importante entendimento.
As Cinco Unções
Creio que posso apresentar melhor os atributos das cinco unções descrevendo o
que poderia acontecer se todas elas chegassem juntas à cena de um acidente de
automóvel:
O pastor é o primeiro a sair do carro. Ele vasculha o local para
avaliar a situação e começa a fazer uma triagem com a intenção
de aplicar os primeiros socorros às vítimas feridas. Ele recolhe
cobertores, casacos, água e qualquer coisa que possa encontrar
para dar conforto a elas. Ele avalia a situação para ver se
alguma coisa representa uma ameaça à segurança tanto
daqueles que estão recebendo cuidados quanto daqueles que
foram atraídos à cena do acidente. Ele conversa com cada
pessoa para descobrir seu nome, seu estado civil e se ele ou ela
tem filhos. Reúne informações dos sinais vitais e qualquer
informação de contato de emergência disponível a fim de
ajudar a equipe de emergência quando ela chegar. Ele traz uma
sensação de calma à situação, e cada pessoa ali tem um
sentimento genuíno de cuidado e conexão com o pastor. Ele se
pergunta se não deveria ter sido médico.
O mestre é o próximo a entrar em cena. Ele estuda a situação a
fim de entender o que causou o acidente. Ele recua, observa os
padrões das marcas de pneus e a distância que cada carro
avançou antes e depois do impacto, avaliando a velocidade de
cada veículo no ponto de impacto. Com base no seu profundo
conhecimento do manual do motorista e das leis de trânsito,
ele desenvolve uma teoria sobre quem foi o culpado. Sua
conclusão é a de que, acima de tudo, os motoristas precisam de
mais treinamento e muito provavelmente teriam grandes
benefícios se fizessem aulas obrigatórias e cumprissem
exigências contínuas de atualização.
O evangelista chega à cena e pergunta a todos os que estão
deitados seguros, em umlugar confortável (graças ao pastor):
“Se você morresse em resultado das suas lesões, sabe para onde
iria — o céu ou o inferno?” Então ele observa que há um
grande aglomerado de espectadores e de pessoas em seus carros
que estacionaram para observar. Ele começa a se dirigir à
multidão com a mesma pergunta. “Não há garantia de que
vocês chegarão em casa em segurança. Vocês sabem para onde
iriam?” As pessoas entregam seus corações ao Senhor bem ali,
ao lado da estrada. Ele explica a todos esses novos crentes que o
maior presente que se pode dar a outra pessoa é o presente da
salvação. Ele as treina para levar outros a Cristo e ora para que
o batismo no Espírito Santo venha sobre todas elas. Depois ele
diz: “Uau, isso foi tremendo!” e decide que irá comprar um
rádio de polícia quando voltar à cidade.
O profeta sabia que isso iria acontecer porque teve um sonho
com aquela cena na noite anterior. Pelo fato de que todos os
envolvidos no sonho sobreviveram ao acidente, ele repreende o
espírito de morte e declara com grande fé e unção que todos
viverão e ninguém morrerá. Ele também proclama que há
anjos cercando a cena do acidente e ora para que os olhos do
coração de todas as pessoas sejam abertos para ver no Espírito.
Então ele anda pelo local e começa a invocar o destino de vida
sobre diversas pessoas. Ele libera o espírito de revelação dentro
do grupo. E finalmente, e muito naturalmente, ele começa a
perguntar em volta para descobrir quem está no comando da
cena. Quando ele descobre quem está no comando, ele
discerne se aquele é o líder escolhido por Deus ou não. Ou se
descobre que ninguém está no comando, ele indica um líder.
O apóstolo ora pelos feridos. Ele convida o toque sobrenatural
de cura de Deus a entrar em cena. Ele começa a contar
testemunhos de quando esteve no cenário de acidentes de
automóveis e testemunhou o poder de Deus se manifestar
nessas situações. O nível de fé das pessoas começa a aumentar.
Então ele pergunta se alguém sente calor em suas mãos. Ele
convida os que levantaram as mãos a orar pelos outros, a fim
de que eles sejam curados. Ele demonstra a todos que estão
próximos que o Reino do céu está às portas. Então ele abre
uma escola para “aqueles que chegam às cenas de acidentes de
carro” e os envia por todo o mundo para fazerem sinais e
maravilhas.
Espero que essa ilustração ajude você a entender a realidade de que cada unção é
também uma mentalidade. Cada unção determina como uma pessoa perceberá as
diferentes circunstâncias e situações, e como ela agirá em resultado disso,
propondo distintas soluções aplicáveis para cada situação. Nenhuma unção é
mais importante ou mais correta que a outra. Elas são simplesmente os dons de
Deus para a Sua igreja, a fim de ajudar a trazer a perspectiva do Céu à terra.
Apóstolos e Profetas
Antes de explicarmos as cinco principais unções em maiores detalhes,
juntamente com seus pontos fortes e fracos, deixe-me indicar a base bíblica tanto
para os ofícios quanto para a ordem de prioridade do apóstolo e do profeta:
Ora, vós sois corpo de Cristo; e, individualmente, membros desse
corpo. A uns estabeleceu Deus na igreja, primeiramente, apóstolos;
em segundo lugar, profetas; em terceiro lugar, mestres; depois,
operadores de milagres; depois, dons de curar, socorros, governos,
variedades de línguas...[1]
Paulo estabelece claramente uma ordem de prioridade nessa passagem, a qual
está relacionada às esferas do sobrenatural que correspondem a cada ofício
específico. Como você pôde observar na ilustração anterior, a unção que está
sobre o apóstolo e o profeta cria uma perspectiva focada principalmente em
perceber o que está acontecendo no Céu e trazer isso à terra. O mestre está
focado em ser capaz de descrever tudo o que aconteceu com exatidão, e o
evangelista e o pastor estão focados nas pessoas. Cada uma dessas áreas de foco é
essencialmente importante, mas a fim de que elas funcionem juntas como Deus
pretendeu, precisam se relacionar uma com a outra de acordo com a ordem de
prioridade dele. As áreas de foco celestial vêm em primeiro lugar e influenciam as
áreas de foco terreno.
Quando Paulo coloca os apóstolos em primeiro, os profetas em segundo e os
mestres em terceiro, ele está descrevendo um fluxo. O fluxo passa por intermédio
do mestre, é liberado em milagres e cura, e em seguida continua por meio de
socorros, governos e línguas. Tragicamente, em muitas igrejas de hoje, as práticas
de ensino, socorros e governos tiveram seu aspecto sobrenatural totalmente
destituído. Parece que esses dons foram retirados da lista e separados do fluxo do
suprimento sobrenatural do Céu. Na verdade, foi exatamente isso que aconteceu.
Para proteger esse fluxo, a igreja precisa ser fundamentada sobre líderes que
carreguem um valor essencial primordial pelo aspecto sobrenatural.
Em vez de ter o apóstolo e o profeta como o fundamento da cultura da
igreja, nos dias de hoje a igreja tem colocado na direção do leme em sua maior
parte o mestre, o pastor ou o evangelista. Infelizmente, separar efetivamente o
sobrenatural do ministério desse modo afetou drasticamente a compreensão geral
do verdadeiro papel de cada unção. Hoje, na maioria das igrejas, o papel de um
mestre é afirmar claramente e com exatidão as verdades da Bíblia em uma
mensagem teologicamente saudável, no esforço de construir segurança nas vidas
dos crentes. O papel do pastor é criar uma igreja que tenha fortes valores e
sistemas familiares estabelecidos, a fim de alimentar um caráter forte e
relacionamentos fortes. O papel do evangelista é enfatizar o crescimento da igreja
e treinar seus membros a compartilharem sua fé, levando outros a Cristo.
O problema é que esses são modelos de liderança focados na terra. Sem o
fluir da graça dos apóstolos e profetas, que não estão apenas focados em ver o
que está acontecendo no Céu, mas também em liberar essa realidade aqui na
terra, esses modelos irão inevitavelmente nos levar a focar no que sabemos que
Deus fez no passado e a perder o que Ele está fazendo agora. Esses modelos nos
levam a nos importarmos mais com o conhecimento do que com a experiência.
É ainda mais difícil evitar esse desequilíbrio quando vivemos em uma
sociedade que está permeada por ele. A maioria das escolas, faculdades e
universidades da nossa terra abraçou uma visão mundial dualista que separa o
conhecimento da experiência. Essa visão de mundo reduz o objetivo do ensino à
mera transmissão de informação. Esse paradigma certamente está presente na
igreja, e o resultado é que grande parte do ministério de ensino da igreja hoje
está destituído de revelação e poder sobrenatural. Ele está limitado ao que pode
ser feito com base na autoridade e nos recursos da terra.
Mas a unção quíntupla de ensino, um dos dons de Cristo, o qual deixou para
nós o modelo exato do que cada unção faz, é muito diferente. Jesus exerceu Seu
dom de ensino tanto pregando quanto demonstrando Sua mensagem com
milagres. Aqueles que experimentaram o Seu ensino ficaram chocados com o
quanto ele era diferente, e era diferente porque, diferentemente de seus outros
mestres, Jesus ensinava com autoridade.[2] Cristo é o modelo que define o
ministério do ensino da igreja, e as consequências do Seu modelo de ensino é
que se não levarmos as pessoas à realidade palpável e sobrenatural do Evangelho,
não temos autoridade para ensiná-lo.
Entendo que o tipo de governo que estou descrevendo, no qual existe uma
ordem de prioridade clara nos diversos papéis, é difícil de entender e abraçar na
cultura norte-americana e mundial. Nosso estilo de governo democrático
destina-se a manter todos os seus membros governantes em um sistema de
restrições e inspeções no qual cada ramo do governo deve prestar contas a outro
ramo, a fim de que nenhum legislador, juiz ou presidente possa adquirir o
controle de todo o governo. Entendo isso e valorizo esse princípio em um
modelo terreno. No entanto, está escrito claramente na Bíblia: “...
primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro mestres...”.
Creio que grande parte daigreja tem ignorado essa porção das Escrituras e tem
usado modelos com base nos governadores da terra, na tentativa de duplicar o
Céu. Mas apenas o modelo do Céu pode reproduzir o Céu na terra.
Quando usamos outros modelos, a igreja se torna nada mais do que as
pessoas já esperam de suas experiências terrenas. Esse é um erro enorme
fundamental, com sérias consequências. Creio que fomos ludibriados! Quando
usamos os sistemas de governo dos homens para definir ou reproduzir o Céu,
começamos a percorrer o caminho de aplicar um sistema inferior. O Céu não se
conformará a um sistema inferior nem duplicará um sistema inferior. O Céu
precisa ser a fonte.
Na passagem de 1 Coríntios 12 citada, Paulo apontou para o modelo de
governo do Céu. Ele define claramente uma ordem para o ministério da igreja,
acerca da qual, ao longo dos meus vinte anos como cristão, poucas vezes ouvi
além do ambiente no qual geralmente convivo. Essa ordem é apoiada por Efésios
2:17-22:
E, vindo, evangelizou paz a vós outros que estáveis longe e paz
também aos que estavam perto; porque, por ele, ambos temos
acesso ao Pai em um Espírito. Assim, já não sois estrangeiros e
peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus,
edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo Ele
mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular; no qual todo o edifício, bem
ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor, no qual
também vós juntamente estais sendo edificados para habitação de
Deus no Espírito.
A “família de Deus” literalmente repousa sobre o fundamento da liderança
dos apóstolos e profetas. Esse projeto permite que o Corpo de Cristo seja
edificado em um “santuário” e finalmente se torne uma “habitação de Deus no
Espírito”. Não é isso que desejamos?
Como tenho afirmado, a falha crucial que vejo no projeto norte-americano
para a estrutura e o governo da igreja, embora não se limite ao nosso país, é a
desordem, o que significa que os papéis e os relacionamentos dos líderes estão fora
de ordem de acordo com a Bíblia. Os fundamentos e a liderança da maioria das
igrejas de hoje consiste em pastores, mestres e administradores. Temos conferido
poder ao grupo errado de pessoas da lista de 1 Coríntios 12, fazendo delas os
líderes principais, e o raciocínio que está por trás dessa decisão não é espiritual,
mas sim terreno. Tiago 3:13-18 nos adverte contra essa prática de trazer a
sabedoria da terra para dentro das nossas vidas:
Quem entre vós é sábio e inteligente? Mostre em mansidão de
sabedoria, mediante condigno proceder, as suas obras. Se, pelo
contrário, tendes em vosso coração inveja amargurada e
sentimento faccioso, nem vos glorieis disso, nem mintais contra a
verdade. Esta não é a sabedoria que desce lá do alto; antes é
terrena, animal e demoníaca. Pois onde há inveja e sentimento
faccioso, aí há confusão e toda espécie de coisas ruins. A sabedoria,
porém, lá do alto, é, primeiramente, pura, depois, pacífica,
indulgente, tratável, plena de misericórdia e de bons frutos,
imparcial, sem fingimento. Ora, é em paz que se semeia o fruto da
justiça, para os que promovem a paz.
Quando o Céu é o modelo da nossa cultura, o resultado principal é a paz. A
paz é o objetivo do Céu porque ela é a qualidade principal do governo de Deus.
Mas as formas desordenadas de governo às quais todos nós nos acostumamos
criam não a paz, mas o controle, que é o objetivo pretendido por elas. O homem
tem o objetivo oposto ao Céu. A estrutura de liderança da terra é motivada pelo
desejo de proteger o governo daqueles que estão no cargo. Quando estruturamos
primordialmente o ambiente da casa de Deus para proteger a vontade das
pessoas, saímos do caminho da “sabedoria do alto”.
A fim de compreendermos quão grave é o fato de fazermos as coisas de
acordo com o raciocínio humano em vez de fazê-las de acordo com o raciocínio
do Céu, precisamos apenas nos lembrar de uma das mais fortes repreensões dos
evangelhos: a repreensão que Jesus fez ao Seu bom amigo Pedro. Se você se
lembra, Pedro tentou convencer Jesus a não morrer na cruz. Pedro queria
proteger o que ele considerava como algo bom. Sua principal preocupação e
motivação foi manter aquele benefício atual fluindo para a terra. Jesus voltou-se
para ele e disse: “Para trás de Mim, Satanás!... Pois tu não cogitas das coisas de
Deus, mas das coisas dos homens”.[3] Aquele não foi um dos melhores momentos
de Pedro, mas essa é uma palavra clara para todos nós que estamos observando.
O Céu é o modelo — não a terra.
“Primeiramente Apóstolos...”
Você provavelmente ouviu o termo ministério apostólico ser mais usado nos
últimos anos. Estou confiante de que ouviremos e veremos mais desse ministério
nos anos que estão por vir. Esse termo é algo que precisa ser definido bem no
início neste livro, porque farei referências frequentes a ele daqui em diante. Ao
fazer uso desse termo, estarei me referindo aos objetivos e alvos primordiais da
liderança do apóstolo, e portanto, aos objetivos com os quais todas as pessoas que
estão debaixo da liderança do apóstolo se alinham.
Quando Jesus ensinou os discípulos a orar, Ele disse uma frase fundamental
para os valores essenciais deles. Ele lhes disse para orar: Venha o Teu reino. Seja
feita a Tua vontade assim na terra como no céu.[4] As instruções de Jesus os
ensinaram a ansiar pelo Céu na terra. Creio que esse valor essencial é o objetivo
primordial do ministério do apóstolo. Os líderes apostólicos estão focados no
Céu, e a missão deles é ver a realidade sobrenatural do Céu estabelecida na terra.
Eles anseiam por ver a evidência do toque do Céu no ambiente que lideram ou
influenciam. Ter essa motivação como o fundamento de uma igreja leva a uma
ênfase inteiramente diferente nas prioridades de governo da igreja. O apóstolo
fará da presença de Deus, da adoração a Deus e da agenda do Céu as prioridades
máximas no ambiente. Um governo apostólico destina-se a proteger essas
prioridades.
O apóstolo Paulo refere-se a si mesmo como o chefe de construção em 1
Coríntios 3:10. Essa é uma tradução da palavra grega architeckton, a palavra da
qual deriva-se a palavra “arquiteto”. Isso descreve perfeitamente o papel do
ministério apostólico. É como se o próprio Deus tivesse dado projetos a certos
indivíduos para reproduzirem o Céu na terra. Com esse projeto, a unção do
apóstolo contém uma qualidade que estimula e desperta as diversas unções nas
pessoas que o cercam, trazendo-as para fora. À medida que os que estão ao redor
do apóstolo começam a manifestar sua própria unção única, isso cria um
ambiente de “encarregados” que ajudam o “chefe de construção” a realizar os
projetos do Céu.
A seguir estão algumas das características-chave de um ambiente e cultura
apostólicos:
 
A adoração e a atividade sobrenatural são prioridades no ambiente e no estilo
de vida dos santos, porque a presença de Deus é a prioridade máxima.
Os santos são enviados, como Jesus foi, para destruir as obras do diabo,
inclusive a doença, a enfermidade e a aflição. Os santos vivem para demonstrar a
todas as pessoas da terra que Deus é sempre bom e que o diabo é sempre mau.
O Reino de Deus é “alegria no Espírito Santo”.[5] Portanto, a igreja deve ser
um lugar de extrema e abundante alegria.
Deus deseja que aqueles que ainda não o conhecem entrem em um
relacionamento com Ele no qual a ênfase principal seja o amor, e não meramente
o serviço.
O Corpo de Cristo está sendo edificado e equipado para se tornar uma
Noiva gloriosa e vitoriosa, independente de como as condições da terra possam
parecer atualmente.
A igreja deve criar despertamento e impacto global.
As gerações posteriores devem ser equipadas para compreender e demonstrar
a revelação do Reino.
 
Na Bethel Church, fazemos uma leitura específica no momento das ofertas
que declaramos juntos, como congregação, sobre a nossa região todos os
domingos. Há alguns anos, Mike e Debbie Adams se mudaram para Redding de
outro Estado para frequentar a Escola Bethel de Negócios Sobrenaturais. Depois
de passar um tempo conosco e absorver nossa cultura, Debbie

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