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O PAPEL DA EQUIPE DE ENFERMAGEM NO CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL – CAPs SAÚDE MENTAL Profª. Margareth Campêlo e Rocha POLÍTICA DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE MENTAL Visa garantir o cuidado ao paciente com transtorno mental em serviços substitutivos aos hospitais psiquiátricos. Nos últimos 20 anos, as Políticas de Saúde Mental têm passado por importantes e significativas modificações, como resultado do movimento internacional iniciado nos anos 70 em países como Inglaterra, França, Estados Unidos e Itália, as quais foram influenciadas pelas propostas de medicina preventiva, social e das noções de equipe interdisciplinar e de novos modelos de gerência em saúde. No Brasil, somam-se a estes fatos a aprovação da lei nº 10.216, de abril de 2001, que, após 12 anos de tramitação, definiu as disposições sobre a proteção e direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redirecionou o modelo assistencial em saúde mental. Tiveram influencia também a Declaração de Caracas de 1990, a reforma sanitária do país, e a III Conferência Nacional de Saúde mental de dezembro de 2001 (“Cuidar, sim. Excluir, não. – Efetivando a Reforma Psiquiátrica com acesso, qualidade, humanização e controle social.”), que forneceram os substratos para a política de saúde mental nos últimos anos. Garantidos os principais eixos dos direitos e deveres na Constituição Federal, foi necessário criar leis, portarias e normatizações específicas e detalhadas sobre cada um dos serviços que passaram a compor a Rede de Atenção em Saúde Mental para internação, semi-internação, acompanhamento, urgências e emergências, ressocialização, promoção da saúde, da cidadania e inserção social. Além dos serviços, com suas respectivas estruturas físicas e recursos humanos, foi preciso criar condições para o reconhecimento, de fato, da condição de cidadãos para os “doentes” sem família e sem condições de serem reincorporados ao sistema social, devido aos longos períodos de reclusão. Neste percurso de redirecionamento da política psiquiátrica, que tinha como única alternativa para os “doentes” o hospital (manicômio) os serviços terciários ocupavam a base da pirâmide da assistência. Houve uma inversão de valores, que colocou na base da pirâmide os serviços comunitários, redimensionando serviços secundários e terciários. Este reposicionamento não só tem reflexos nas ações diretas dos profissionais da saúde, mas causa redimensionamento de custos. Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) nas suas diferentes modalidades são pontos de atenção estratégicos da RAPS: serviços de saúde de caráter aberto e comunitário constituído por equipe multiprofissional e que atua sobre a ótica interdisciplinar e realiza prioritariamente atendimento às pessoas com sofrimento e transtorno mental, incluindo aquelas com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas, em sua área territorial, seja em situações de crise ou nos processos de reabilitação psicossocial e são substitutivos ao modelo asilar. A rede do município conta atualmente com 97 CAPS, sendo 32 deles Álcool e Drogas (AD), 32 Infantojuvenis e 33 Adultos. Ao todo, 40 funcionam como CAPS III (com acolhimento integral – funcionamento 24 horas) e 1 como CAPS IV (com funcionamento 24h e possibilidade de acolhimento integral nas 24h). Todos os CAPS trabalham em regime de porta aberta, isto é, sem necessidade de agendamento prévio ou encaminhamento, oferecendo acolhimento e tratamento multiprofissional aos usuários. O usuário que procura o CAPS é acolhido e participa da elaboração de um Projeto Terapêutico Singular específico para as suas necessidades e demandas. Uma equipe multiprofissional composta por médicos psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros, terapeutas ocupacionais avaliam o quadro do usuário e indicam o tratamento adequado para cada caso. O CAPS também atua no acolhimento às situações de crise, nos estados agudos da dependência química e de intenso sofrimento psíquico. A internação hospitalar só é indicada quando esgotadas todas as possibilidades terapêuticas disponíveis no CAPS. PTS – Projeto Terapêutico Singular O PTS se constitui como um conjunto de propostas terapêuticas articuladas que resultam da discussão coletiva de uma equipe interdisciplinar e se direcionam a um sujeito individual ou coletivo, são consideradas as percepções de cada profissional da equipe acerca do usurário afim de entender suas demandas e definir a melhor proposta de condutas terapêuticas de cuidado, pois “o projeto busca a singularidade (a diferença) como elemento central de articulação. O PTS desenvolve-se em quatro momentos: Nos CAPS III, especificamente, existem vagas de acolhimento integral, nas quais os usuários podem permanecer para tratamento durante os estados mais agudos da doença e do transtorno mental por até quinze dias. Existem também as Unidades de Acolhimento (UA) que são moradias provisórias destinadas aos usuários que estejam em tratamento nos CAPS AD e apresentam conflitos familiares ou que se encontram em situação de risco ou vulnerabilidade em seus locais de moradia e necessitam de cuidados em saúde mental especificamente para o uso abusivo ou dependência de substâncias psicoativas. Os serviços de acompanhamento, ambulatórios, CAPs III e núcleos de atenção em saúde mental oferecem a continuidade do tratamento em ambiente aberto, oferecendo terapias, cuidados e reabilitação psicossocial. São cuidados intermediários entre a internação e a rede básica de saúde, fortalecendo a autoestima do portador de transtorno mental, e seus laços familiares e comunitários. Mesmo diante de todo esse trabalho de sensibilização ao tratamento, não há como garantir que o usuário passe pelo tratamento, caso não seja de sua vontade. Além de atendimentos individuais e em grupo com esse intuito, há ainda as visitas domiciliares feitas pelos CAPS, UBS e os Consultórios na Rua que fazem a busca ativa a pacientes que estejam em situação de rua. O redimensionamento da rede de serviços trás uma série de benefícios e de consequências, das quais vale a pena destacar: A) consequências benéficas estão no nível ético e humano, diminuindo o estigma, promovendo a cidadania e a inserção social do portador de transtorno mental. Estimula-se o tratamento responsável, para diminuição da crise e dos momentos de descontrole, diminuindo as internações e reinternações, aumento do interesse científico e tecnológico, com novas opções terapêuticas e maior participação de todos os segmentos da sociedade. B) Por outro lado estas transformações envolvem enorme custo para família, que não está preparada para cuidar, necessitando de apoio e orientação. O portador de transtorno mental passa a frequentar todas as instâncias de vivência e convivência social, o que tem impulsionado a criação desses temas de apoio social e econômico. Tem sido necessário rever a legislação e várias alternativas sociais para acolher a pessoa afetada pelo transtorno mental. É necessária a reorientação do ensino formal dos profissionais da saúde e a oferta de atualizações para os profissionais que estão atuando na rede de serviços da saúde. Neste processo, algumas práticas tendem a se firmarem (os CAPs) e outras serão extintas com o tempo (residências terapêuticas). Enfim, é necessário aumentar o diálogo entre os saberes científicos e políticos e as práticas por eles subsidiadas e orientadas. Mas do que adotar esta ou outra política de saúde mental, o enfermeiro e demais profissionais precisam pensar o quanto tem sido possível acolher, escutar e identificar as necessidades das pessoas portadoras de transtorno mental, com ética e responsabilidade. PORTARIAS Portaria nº189/1991 e 224/1992 – Institucionalizaram a reforma psiquiátrica, regulamentando nacionalmente os CAPS e os NAPS Portaria nº 1077/1999- dispõesobre assistência farmacêutica na atenção psiquiátrica e assegurou medicamentos básicos em saúde mental para usuários de serviços ambulatoriais públicos de saúde que dispusessem de atenção em saúde mental em seus municípios. Portaria GM/MS nº 106/2000 – criou as residências terapêuticas. Portaria 336/2002 – Classificou os CAPS em CAPs I, CAPs II, CAPs III, CAPSi (infantil) e CAPad (álcool e drogas), de acordo com a complexidade, abrangência e característica do território, definindo tais serviços como ambulatoriais de atenção diária e possibilitando o crescimento da rede substitutiva. Portaria GM nº 1.612/2005 – preconizou a criação de leitos em hospitais gerais, nos quais se pretendia que ocorressem os atendimentos de crises. Legislação Lei 10.708/2003 – sobre o auxílio-reabilitação psicossocial para pacientes com transtornos mentais, egressos de internações. “ Lei Programa de Volta para Casa” Portaria nº 336, de 19 de fevereiro de 2005 – Estabelece as modalidades de CAPS e equipe mínima Portaria nº 245, de 17 de fevereiro de 2005 – Destina incentivo financeiro para implantação de CAPS Portaria nº 3.089, de 23 de dezembro de 2011 (republicada) – Dispõe sobre o financiamento dos CAPS – custeio. Portaria nº 130, de 26 de janeiro de 2012 (republicada) – Redefine o CAPS AD III e os incentivos financeiros Portaria nº 854, de 22 de agosto de 2012 – Alteração tabela de procedimentos dos CAPS Nota técnica sobre Portaria 854, de 22 de agosto de 2012 – Informações sobre preenchimento dos novos procedimentos dos CAPS Portaria nº 1.966, de 10 de setembro de 2013 – Altera custeio dos CAPS 24h (CAPS III e CAPS ad III) https://www.gov.br/saude/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/centro-de-atencao-psicossocial-caps#collapse1 http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2002/prt0336_19_02_2002.html http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2005/prt0245_17_02_2005.html http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt3089_23_12_2011_rep_comp.html http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2015/marco/10/PORTARIA-130-26--JANEIRO-2012.pdf http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/sas/2012/prt0854_22_08_2012.html http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2015/janeiro/29/Documento-Sobre-Procedimentos-de-CAPS-RAAS-PSI.pdf http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2015/marco/10/PORTARIA-1966-10-SETEMBRO-2013.pdf Modalidades CAPS I: Atendimento a todas as faixas etárias, para transtornos mentais graves e persistentes, inclusive pelo uso de substâncias psicoativas, atende cidades e ou regiões com pelo menos 15 mil habitantes. CAPS II: Atendimento a todas as faixas etárias, para transtornos mentais graves e persistentes, inclusive pelo uso de substâncias psicoativas, atende cidades e ou regiões com pelo menos 70 mil habitantes. CAPS i: Atendimento a crianças e adolescentes, para transtornos mentais graves e persistentes, inclusive pelo uso de substâncias psicoativas, atende cidades e ou regiões com pelo menos 70 mil habitantes. CAPS ad Álcool e Drogas: Atendimento a todas faixas etárias, especializado em transtornos pelo uso de álcool e outras drogas, atende cidades e ou regiões com pelo menos 70 mil habitantes. CAPS III: Atendimento com até 5 vagas de acolhimento noturno e observação; todas faixas etárias; transtornos mentais graves e persistentes inclusive pelo uso de substâncias psicoativas, atende cidades e ou regiões com pelo menos 150 mil habitantes. CAPS ad III Álcool e Drogas: Atendimento e 8 a 12 vagas de acolhimento noturno e observação; funcionamento 24h; todas faixas etárias; transtornos pelo uso de álcool e outras drogas, atende cidades e ou regiões com pelo menos 150 mil habitantes. CAPS AD IV: atendem pessoas com quadros graves e intenso sofrimento decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas (dependência de substâncias psicoativas); mínimo 10 leitos, e no máximo 20 leitos; funcionamento 24h; regiões metropolitanas com mais de 500 mil habitantes ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NO CAPS ATENDIMENTO INDIVIDUAL Prescrição de medicamentos, psicoterapia, orientação, relacionamento terapêutico enfermeiro/paciente ATENDIMENTO EM GRUPO Oficinas terapêuticas, oficinas expressivas, oficinas de leitura, alfabetização, grupos de leitura e debate, grupos de confecção de jornais... ATENDIMENTO PARA A FAMÍLIA Atendimento nuclear e a grupo de familiares, atendimento individualizado a familiares, visitas domiciliares... ATIVIDADES COMUNITÁRIAS Desenvolvidas em conjunto com associações de bairro, festas comunitárias, caminhadas com grupos da comunidade, participação em eventos... ASSEMBLÉIAS OU REUNIÕES DE ORGANIZAÇÃO DO SERVIÇO A assembleia é um instrumento importante para o efetivo funcionamento do CAPS – lugar de convivência. Atividade semanal que reúne: técnicos, usuários, familiares e outros convidados, para discutir, avaliar e propor encaminhamentos para o serviço. Cecco – Centro de Convivência e Cooperativa A partir de 2001, com a promulgação da Lei 10.216, uma série de transformações na assistência em Saúde Mental está em curso no país. O cuidado em liberdade, a inclusão social, a autonomia e o protagonismo dos usuários vão permeando as ações e os serviços da rede substitutiva de atenção em Saúde Mental. Os Centros de Convivência são dispositivos fundamentais integrantes dessa rede. Cecco – Centro de Convivência e Cooperativa Os Centros de Convivência e Cooperativas – CECCOs constituem–se como serviços de saúde da Prefeitura do Município de São Paulo, gerenciados pela Secretaria Municipal de Saúde e regulamentados pela Portaria Municipal 964/2018 que estabelece diretrizes municipais para o trabalho desenvolvido nos CECCOs. Os CECCOs foram instalados preferencialmente dentro de Parques Públicos, Centros Esportivos, Centros Comunitários e praças públicas municipais e concebidos como espaços alternativos de convivência. Abertos a todas as pessoas, tem como objetivo favorecer a aproximação e convivência entre a população geral, em toda sua diversidade, sejam elas idosas, pessoas com transtornos mentais, com deficiências, crianças e adolescentes, pessoas em situação de rua, dentre outras. Cecco – Centro de Convivência e Cooperativa No Estado de São Paulo, são 24 Centros que tem como proposta promover a convivência entre todas as pessoas, sobretudo as pessoas com transtornos mentais, com deficiências, idosos, crianças e adolescentes, pessoas em situação de rua, dentre outros à população que habitualmente frequentam esses espaços públicos. Nos Centros de Convivência, são desenvolvidas atividades relacionadas a arte, educação, lazer, cultura e economia solidária, visando estreitar laços sociais e afetivos entre usuárias(os) do serviço e a comunidade. Para propiciar esse campo de convivência, o serviço conta com uma equipe formada por profissionais de diversas áreas do conhecimento, dentre eles: Psicólogos, Assistentes Sociais, Terapeutas Ocupacionais, Educadores, Fonoaudiólogos, Fisioterapeutas, dentre outros. Cecco – Centro de Convivência e Cooperativa As oficinas são a matéria prima para a produção de novos encontros e novas relações, pois ali o fazer junto, compartilhado, aponta para novos processos de subjetivação. Mais do que fazer juntos, os usuários exercitam o compartilhar de experiências. Dentre as atividades e oficinas oferecidas destacamos: a) Atividades Físicas e Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS): Tai- chi- chuan, Yoga, Dança Circular, Dança Livre, Jogos e Brincadeiras, Caminhada, dentre outras. b) Atividades Artísticas e Artesanais: Crochê, Tricot, Bordado, Tapeçaria, Pintura em Tela, Artesanatos, dentre outros. c) Atividades Sócio – Culturais: Passeios culturais, Roda de Estória, Roda de Música, Cinema, Exposições etc. d) Culinária CAISM – Centro de Atenção Integral à Saúde Mental Unidade especializada em psiquiatria que presta assistência médico- hospitalar emsaúde mental, em regime de internação integral (GAS I e GAS II), em hospital-dia e em ambulatório (GAS IV), assim como oferece recursos de lares abrigados (GAS III). Atende demanda referenciada. Para ser internado, o paciente deve ser avaliado no pronto socorro mais próximo de sua residência, sendo que a indicação de internação e solicitação da vaga deve ser feita pelo médico plantonista do Pronto Socorro via Central de Vagas. Há atendimento específico para dependência química. São oferecidos os seguintes serviços, segundo Gerências de Atendimento: GAS I - Gerência de Atenção à Saúde I Presta assistência integral em saúde mental em regime de internação de curta permanência, a pessoas em sofrimento psiquiátrico do sexo masculino e maiores de 18 anos. Tem por objetivo a remissão da crise aguda e orientação a familiares, bem como encaminhamento pós alta para a rede extra hospitalar e um devido acompanhamento através da atenção continuada. CAISM – Centro de Atenção Integral à Saúde Mental GAS II - Gerência de Atenção à Saúde II Presta assistência integral a pacientes dependentes químicos com ou sem comorbidade psiquiátrica associada, do sexo masculino e maiores de 18 anos, em regime de internação de curta permanência e ambulatório de egressos, bem como presta orientação aos familiares através de equipe multiprofissional. GAS III - Gerência de Atenção à Saúde III Presta assistência integral a pacientes em sofrimento psiquiátrico e sem retaguarda social e familiar, em regime de lares abrigados, cujo principal objetivo é a reinserção dos usuários na comunidade através de resgate de habilidades e de cidadania. GAS IV - Gerência de Atenção à Saúde IV Presta assistência a pacientes de ambos os sexos, psicóticos e neuróticos graves, em regime de hospital dia e ambulatório de egressos, tendo como objetivo a reinserção social. CAISM – Centro de Atenção Integral à Saúde Mental Além dos serviços descritos, o CAISM conta com o Núcleo de Oficinas e Artes, que oferece atividades terapêuticas, objetivando o autoconhecimento e facilitando as relações sociais e o desenvolvimento de habilidades que referendam o usuário como cidadão produtivo e social. O CAISM trabalha com equipe multiprofissional composta por médico psiquiatra, psicólogo, assistente social, terapeuta ocupacional, médico clinico e equipe de enfermagem em todos os núcleos. Conta ainda com nutricionista, cirurgião dentista, fisioterapeuta e educador físico. OBRIGADA!
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