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Embargos à Execução de Contrato de Empréstimo

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR(A) JUIZ DE DIREITO DA 1º VARA CÍVEL DA COMARCA DO RIO DE JANEIRO 
PROCESSO Nº 00000-0000.00
CARLA, nacionalidade, estado civil, portadora do RG nº..., CPF nº..., domiciliada em Porto Alegre/RS, endereço ..., endereço eletrônico, vem, respeitosamente perante a Vossa Excelência, por seu advogado infra firmado, conforme a procuração anexada (documento 01) com fundamentos no artigo 914 do Código de Processo Civil, opor
EMBARGOS Á EXECUÇÃO
Movida por BANCO SÓ DESCONTOS S/A, pessoa jurídica de direito privado, sediado no Rio de Janeiro, CNPJ nº..., endereço..., endereço eletrônico ..., pelas as razões de fato e de direito na seguir expostas:
I DOS FATOS 
A embargante firmou um contrato de empréstimo, de adesão com o BANCO SÓ DESCONTOS S/A, subscrito por duas testemunhas, com cláusula de eleição no foro no Rio de Janeiro, por meio do qual obteve R$ 200.000,00 (duzentos mil reais) para pagar seus estudos na faculdade. O vencimento das parcelas do empréstimo ocorreria em 05/01/2018, 05/05/2018, 05/09/2018. No primeiro vencimento, a embargante pagou conforme devido.
No segundo vencimento por dificuldades financeiras a embargante não realizou o pagamento. O embargado, então, notificou-a, em junho de 2018, sobre o vencimento antecipado da dívida. Na referida notificação que considerando os encargos remuneratórios e moratórios e outras tarifas, o valor da dívida totalizava em R$ 250.000,00 (duzentos e cinquenta mil reais), já descontada a parcela paga pela embargante. Devido ao valor cobrado excessivamente e sem condições financeiras, não realizou o pagamento da dívida. Em novembro de 2018, o embargado ajuizou ação de execução em face da embargante na comarca do Rio de Janeiro que é indicada no contrato de empréstimo como foro de eleição, pelo valor de R$ 350.000,00 (trezentos e cinquenta mil reais) e indicou à penhora do único imóvel, no qual a embargante reside com seu marido José. Houve a decisão, determinando a citação da embargante, postergando a análise sobre o pedido de penhora e constrição de bens para momento futuro. A embargante foi citada e o mandado cumprido foi juntado aos autos em 01/08/2019. 
II DA TEMPESTIVIDADE 
O Mandado de citação cumprida da embargante foram juntado em 01/08/2019 aos autos do processo, data que se inicia a contagem de prazo. Considerando que a contagem dos prazos se exclui o dia do começo e consideram-se dias úteis, conforme os artigos 219 e 224 do CPC. 
Art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se-ão somente os dias úteis.
Art. 224. Salvo disposição em contrário, os prazos serão contados excluindo o dia do começo e incluindo o dia do vencimento.
III DOS DIREITOS 
III.I DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA 
Declaro a embargante que tendo em vista o valor da causa, bem como sua condição financeira, requer concessão da gratuidade da justiça, por ser economicamente hipossuficiente e estar passando por dificuldades financeiras, não podendo arcar com as custas processuais, conforme os artigos 98 do CPC e 5º, LXXIV da CF.
CPC Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei.
CF Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
LXXIV – o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos.
IV DO EXCESSO DE EXECUÇÃO 
Segundo o que foi relatado, a segunda parcela do empréstimo não foi paga pela a embargante devido a dificuldades financeiras , e recebeu uma notificação do credor sobre o vencimento antecipado, considerando os encargos remuneratórios e moratórios e outras tarifas, o valor da dívida totalizava R$ 250.000,00 (duzentos e cinquenta mil reais), e já descontado o valor da primeira parcela paga, completamente assustada com o valor, e pela a abusividade, não realizou o pagamento da dívida e o embargado ajuizou uma ação de execução em face da embargante no valor de R$ 350.000,00 (trezentos e cinquenta mil reais), caracterizando um valor extremamente excessivo, portanto se configura o excesso de execução, artigo 917, p 2, inciso I, CPC, sobre cobranças indevidas de tarifas que não foi acordado no contrato. A atualização monetária fora de parâmetros contratados pela embargante, sendo as clausulas completamente abusivas e excessivamente onerosas e nulas de pleno direito, sendo incompatíveis com a boa-fé durante o contrato, conforme o artigo 6, incisos IV e V e o artigo 51, inciso IV, ambos do CDC. O valor que entende correto após a embargante realizar uma consulta com um contador, constata-se que o valor devido é de R$ 180.000,00 (cento e oitenta mil reais), conforme planilha que será comprovado por meio de delação probatória. Conforme o artigo 917, inciso lll do CPC.
 
CPC Art. 917. Nos embargos à execução, o executado poderá alegar:
§ 2º Há excesso de execução quando:
I – o exequente pleiteia quantia superior à do título.
CDC Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
IV – a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços;
V – a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas.
CDC Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
IV – estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade.
Art. 917. Nos embargos à execução, o executado poderá alegar: III – excesso de execução ou cumulação indevida de execuções.
V DO JUÍZO DA EXECUÇÃO 
Conforme consta nos autos, no contrato de empréstimo consta-se como cláusula de foro de eleição a comarca do Rio de Janeiro, trata-se de incompetência do juízo da execução em razão da abusividade da cláusula de eleição de foro em contrato de adesão deixando o embargante em plena desvantagem, dificultando sua defesa em juízo, conforme artigo 917 inciso V do CPC e artigo 54 do CDC. 
Art. 917. Nos embargos à execução, o executado poderá alegar; V - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;
Art. 54. Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo.
VI IMPENHORABILIDADE DE SEU IMÓVEL
Conforme nos autos o embargado indicou como bem penhorável o único imóvel da embargante aonde mora com o seu marido José, e esse imóvel indicado é impenhorável, tratando-se de um bem de família, aonde que o imóvel residencial próprio casal, é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil. Conforme o artigo 917, inciso II c/c, o artigo 833 do CPC e artigo 1ª da lei nº 8009/90
Art. 917. Nos embargos à execução, o executado poderá alegar: II - penhora incorreta ou avaliação errônea.
Art. 1º O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses previstas nesta lei.
Vll DO EFEITO SUSPENSIVO 
Conforme os elementos que evidenciam a atribuição do efeito suspensivo são a probabilidade do direito, o perigo de dano e risco ao resultado útil do processo demostrando o perigo de dano caso seja feita a penhora do seu bem de família, aonde reside com seu maridoJosé, e gera dado de difícil reparação e ao risco do resultado útil do processo e sendo demostrado nos autos os elementos da probabilidade do direito da embargante, conforme o artigo 919, 1ss CPC 
Art. 919. Os embargos à execução não terão efeito suspensivo.
§ 1º O juiz poderá, a requerimento do embargante, atribuir efeito suspensivo aos embargos quando verificados os requisitos para a concessão da tutela provisória e desde que a execução já esteja garantida por penhora, depósito ou caução suficientes.
VIII DO SEGURO DE GARANTIA 
A embargante relata que pretende contratar o seguro garantia com previsão legal nos artigos 919 c/c o artigo 845 e 848 parágrafo único do CPC.
Art. 919. Os embargos à execução não terão efeito suspensivo.
Art. 845. Efetuar-se-á a penhora onde se encontrem os bens, ainda que sob a posse, a detenção ou a guarda de terceiros.
Art. 848. As partes poderão requerer a substituição da penhora se:
Parágrafo único. A penhora pode ser substituída por fiança bancária ou por seguro garantia judicial, em valor não inferior ao do débito constante da inicial, acrescido de trinta por cento.
DOS PEDIDOS 
 Antes o exposto, embargante requer:
A. Sejam acolhidas as preliminares alegadas.
B. O reconhecimento da incompetência em juízo e imediata remessa dos autos ao juízo de Porto Alegre, conforme o artigo 917, V do CPC e o artigo 54 do CDC.
C. Impenhorabilidade do seu imóvel que considera bem de família, conforme o artigo 917, inciso ll c/c o artigo 833 do CDC e artigo 1ª da lei nº 8009/90.
D. A concessão do benefício da justiça gratuita, uma vez que não possui a embargante meios para arcar com as custas do processo, conforme no artigo 98 CPC e artigo 5, LXXIV da CF.
E. O reconhecimento do excesso a execução dos cálculos apresentados pelo embargado e que a execução prossiga apenas valor devido de R$ 180.000,00 (cento e oitenta mil reais), conforme os cálculos apresentados pela a embargante. 
F. Caso não seja acolhida, considerando que a embargante pretende contratar seguro garantia sob o valor de 30% de 180.000,00 (cento e oitenta mil reais) como demostrado nos autos, conforme o artigo 845 e 848 do CPC. 
G. Que seja concedido o efeito suspensivo aos embargos de execução, conforme o artigo 919 do CPC.
H. A condenação do embargado ao pagamento das custas processuais e honorários sucumbenciais.
I. A intimação do embargado, na pessoa de seu advogado para que apresente a impugnação no prazo legal.
Dar-se o valor de 180.000,00
NESTES TERMOS
PEDE DEFERIMENTO 
Porto Alegre, 01/08/2019
Advogado/ OAB

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