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Universidade Veiga de Almeida BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO LUIZ MAURÍCIO AUGUSTO DE SOUZA Atividade 1 Rio de Janeiro 2023 LUIZ MAURÍCIO AUGUSTO DE SOUZA Trabalho da Disciplina Sociologia AVA 2 Trabalho Avaliativo apresentado à JOSE FRANCISCO NOGUEIRA do Curso de Administração, da Universidade Veiga de Almeida - UVA, como requisito de nota avaliativa AVA1. Rio de Janeiro 2023 1 INTRODUÇÃO O Trabalho da Disciplina é uma oportunidade para que vocês possam demonstrar de forma prática o alcance do que foi apreendido durante o período em que cursaram a disciplina Sociologia. Vocês terão a chance de expor o conhecimento adquirido e formular uma reflexão acerca do que foi abordado durante as semanas de aulas sobre a disciplina. O objetivo da disciplina é estudar a sociologia como ciência no contexto da modernidade e pós-modernidade, contextualizando a configuração da mesma como campo científico. Apresentar o conceito de ciência, paradigma científico e positivismo, contextualizar a ciência moderna, as transformações do século 19 na sociedade europeia e o surgimento do positivismo como base teórica da sociologia. Ainda identificar as principais características da teoria de Durkheim, contextualizar como a teoria de Durkheim contribuiu para estruturar o pensamento sociológico moderno. Identificar as principais características da teoria marxista, contextualizar como a teoria marxista no pensamento sociológico moderno. Espero que esta atividade não seja um simples trabalho, mas uma oportunidade para uma reflexão. Bons estudos! Situação problema: Marx e Engels compreenderam que as relações estabelecidas entre as classes são, em geral, marcadas pela opressão de uma classe sobre a outra. Ou seja, as relações sociais de produção eram baseadas na exploração do trabalho de uma classe sobre a outra e, em geral, esse processo era acompanhado de altas doses de violência. Para os autores, ao longo da história, os conflitos de classe são a mola propulsora das transformações e das mudanças. 2 Nesta atividade, façam uma avaliação crítica-analítica sobre como as relações sociais de produção e o Estado são importante para a compreensão do capitalismo. Procedimentos para elaboração do TD: 1. Elabore um texto expositivo de teor crítico-analítico acerca do tema proposto e que responda à questão levantada na situação-problema de forma clara e objetiva. 2. Apresente entre 3 (três) e 4 (quatro) páginas de texto, sem contar a capa e as referências bibliográficas, construído nos parâmetros da ABNT. 3. Enumere as páginas. 4. Cite, ao menos, dois autores durante o texto e referencie suas obras ao final. 5. Considere a seguinte ordem para o trabalho: capa, texto, referências e anexos. 6. Poste o arquivo final seguindo as recomendações, especialmente no item V das Informações Gerais abaixo elencadas. 1 DESENVOLVIMENTO DA AVALIAÇÃO Quando os homens ainda não conheciam a propriedade privada dos meios de produção e nem as classes, não havia Estado, não era necessário, não havia privilégios a serem defendidos. Os homens viviam em grupos, e quando ameaçados por um perigo externo, todo o grupo se armava para enfrentar o inimigo. O progresso da divisão do trabalho e o surgimento da propriedade privada dos meios de produção culminaram na divisão da sociedade em classes. Esse processo atingiu o seu auge na sociedade capitalista, na qual a classe possuidora dos meios de produção passaria a viver da exploração do proletariado que nada possui a não ser a sua força de trabalho. O Estado nasceu das lutas de classe, sendo sempre um instrumento da classe mais poderosa, da que domina economicamente e que exerce também o domínio político para explorar e reprimir as revoltas das classes oprimidas. Assim, o Estado escravagista foi o Estado dos senhores de escravos para subjugar estes últimos. O Estado feudal foi o instrumento da nobreza para manter a sujeição dos servos camponeses e o Estado burguês uma máquina burocrática e militar a serviço da exploração capitalista. Em tempos contemporâneos, o entendimento político está firmado na ideia de que o Estado é uma entidade permanente e que não tem relação alguma com a atual estrutura social, fazendo com que essa separação leve indivíduos a apostar em suas vias e até o relativo engrandecimento do Estado. Entretanto, justamente o inverso é o que ocorre. É necessário o entendimento de que o mesmo é histórico e tem seu papel demarcado de garantir as condições para o processo de reprodução social, assim é possível ter para uma correta compreensão do Estado. Já que a ideia de que ele está dissociado do capital leva a significar que ele é um complexo social indispensável para que a classe dominante explore os trabalhadores, ou seja, uma visão incorreta. Sendo o Estado, portanto, a forma pela qual os indivíduos de uma classe dominante fazem valer seus interesses comuns e na qual se resume toda a sociedade civil de uma época, conclui-se que todas as instituições comuns passam pela mediação do Estado e recebem uma forma política. Daí a ilusão de que a lei 2 repousa na vontade, e, mais ainda, em uma vontade livre, destacada da sua base concreta (MARX; ENGELS, 2002, p. 74). Qual é, então, o poder do Estado político sobre a propriedade privada? O próprio poder da propriedade privada, sua essência trazida à existência. O que resta ao Estado político, em oposição a essa essência? A ilusão de que ele determina, onde ele é determinado (MARX, 2010, p. 116). O Estado é apresentado como o poder político legítimo capaz de frear monopólios injustos e regular os conflitos sociais provenientes do avanço do poder da propriedade privada sobre a vida dos trabalhadores. Contudo, nesse contexto, o Estado é o instrumento jurídico que regula os contratos de compra e venda de propriedade, garantindo e protegendo os interesses da classe burguesa e a propriedade privada, sendo assim, a propriedade privada que determina o Estado e não o contrário. Para manterem o poder as classes dominantes fazem uso da coação e da opressão para enfrentar a revolta e a resistência dos explorados. E quem fornece esse instrumento de domínio de classe é o próprio Estado. Nele está organizado a parcela da classe dominante que é representada na forma de poder político, de tal maneira que independente da forma que o poder é exercido, o Estado se utiliza de instrumentos de repressão para efetivar a dominação de classe, como: a polícia, o sistema penitenciário, o exército, as leis, entre outros, pois existem para cumprir essa função. A burocracia que envolve a Justiça do Trabalho, Civil e Penal, o Ministério do Trabalho e todos os outros Ministérios que compõem o governo, a Polícia Civil, Militar e Secreta faz parte do Estado. Seus papéis são servir como instrumento de dominação da classe dominante no resguardo do seu sistema social. Contudo, a forma política estatal é importante ao capitalismo não só por se assentar em práticas de repressão como o encarceramento, e assim manter a ordem; mas também por encobrir a dominação de uma classe sobre a outra ao atuar na promoção de falsas consciências. Isto é, uma consciência equivocada da realidade que resulta da necessidade de pensar a realidade conforme o enfoque da classe dominante (MARX; ENGELS, 2002). Considerando que o Estado serve à classe dominante e que a ideias que dominam uma época são as da classe dominante 3 (MARX; ENGELS, 2002), ele reveste-se da ideologia que se apresenta como interesse geral, mas que reflete apenas os interesses próprios dos dominadores. Ao revestir-sedessa ideologia o Estado a propaga, e a mesma materializa-se em relações sociais que têm como base as relações de produção. Situada no capitalismo, a dominação de classe se dá pelos proprietários dos meios de produção sobre aqueles que podem apenas dispor da própria força de trabalho para garantir a sua existência e de seus filhos. Nesse contexto, o Estado cumpre a função de regulamentar a vida social baseada na dominação de classe, estabelecida na propriedade privada e por isso marcada pela desigualdade. Em contradição, a mesmo grupo social que produz em abundância, ou seja, os trabalhadores, também produz a miséria e a riqueza para uma minoria. Assim, por intermédio do Estado é preservada a desigual social entre as classes. Na sociedade capitalista, a produção não obedece a um plano geral. Ela não se orienta pelas necessidades das massas, mas sim pela necessidade em que o capital se encontra de render lucros crescentes. O interesse do capitalista é aumentar seu lucro e não corresponder às necessidades das massas. O desenvolvimento capitalista configura riquezas para uma minoria e miséria para a grande massa. As riquezas se concentram nas mãos de poucos, enquanto cresce o número daqueles que vivem dos seus salários, isto é, que ganham justamente o suficiente para poder continuar a trabalhar. A partir da metade do século XX, com as investidas do modelo político- econômico neoliberal das últimas décadas, o neoliberalismo vem conservando o caráter de classe, porém, avançando cada vez mais na retirada sistemática e ininterrupta de direitos e políticas sociais. O mesmo visa atender aos interesses do capital ao promover uma redução do Estado no modelo político-econômico, o que culmina na ampliação alcance do capital sob a exploração do trabalho. Reduzir significativamente o custo dos capitalistas com os gastos em direitos trabalhistas, significa diminuição dos custos gerais da reprodução da força de trabalho, logo, um aumento expressivo dos lucros privados. 4 O que torna o Estado burguês diferente do Estado escravista, ou mesmo feudal, é que ele mantém e reproduz a desigualdade social afirmando a igualdade política e jurídica entre os indivíduos. Ele reproduz a desigualdade entre o burguês e o operário também pela ilusão de que, ao votar e eleger os políticos, a maioria da população estaria dirigindo o país (LESSA; TONET, 2008, p. 89). O Estado é burguês pela sua forma, isto é, pela relação social com o poder que sustenta a reprodução econômica do capital (MARX, 2011). Assim, quem dirige o Estado pode ser militar, pode ser da classe trabalhadora, ou até mesmo alguém que se reivindique socialista, mas não quer dizer que o Estado deixou de ser burguês. A democracia burguesa alimenta a crença de que é possível um capitalismo mais humano, como se tal fosse condizente com um sistema na qual a força de trabalho se torna mercadoria e, consequentemente, mercantiliza tudo a sua volta em nome da extração de mais-valia. Logo, para a devida compreensão do Estado capitalista é necessário fazer uma crítica à sua política econômica que não se funda no bem comum, mas sim, na exploração do tempo de trabalho não remunerado em defesa da reprodução do capital. As primeiras teorias que deram base para a formação do Estado burguês buscaram dar conteúdo conceitual para esse novo tipo de relação, baseada na compra da força de trabalho, no direito de propriedade e na livre iniciativa. Há uma passagem no Manifesto do Partido Comunista que em poucas palavras aponta um significado para o Estado burguês: “O poder do Estado moderno não passa de um comitê que administra os negócios comuns da classe burguesa como um todo” (MARX; ENGELS, 2008, p. 12). O Estado situado no modo de produção capitalista é a forma de organização da burguesia como meio de garantir a efetividade de seus propósitos. Marx e Engels afirmavam que de todas as classes que enfrentam atualmente a burguesia só o proletariado é uma classe verdadeiramente revolucionária. “A nossa época, a época da burguesia, se destaca pelo fato de ter simplificado as contradições de classes. Toda sociedade se divide, numa escala crescente, em dois grandes campos hostis, em duas classes que se enfrentam diretamente: burguesia e proletariado. (MARX; ENGELS, 1999, p. 65). 5 REFERÊNCIAS BOTTOMORE, Tom (Org.). Dicionário do pensamento marxista. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001. DIAS, Reinaldo. Sociologia. São Paulo: Pearson/Prentice Hall. 2012 ENGELS, Friedrich. A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado. Tradução: Leandro Konder. 3ª edição. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1977. FILHO, Ivaldo Pontes. COLEÇÃO MARXISMO MILITANTE — VOL. 2. Edição integrante do Projeto "50 anos da POLOP (1961-2011)" — 1ª edição. Salvador: Centro de Estudos Victor Meyer, maio de 2010. LESSA, Sergio; TONET, Ivo. Introdução à Filosofia de Marx. São Paulo: Expressão popular, 2008. MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Manifesto do Partido Comunista. 1ª edição. São Paulo: Expressão Popular, 2008. MIGUEL, Luiz Felipe. De que falam os marxistas quando falam em classes? Rev. Mediações, Londrina, v. 3, n. 1, p. 23-29, jan./jul. 1998. MÉSZÁROS, István. A Montanha que Devemos Conquistar: reflexões acerca do Estado. Tradução Maria Izabel Lagoa. 1º edição. São Paulo: Boitempo, 2015. NETTO, José Paulo. Capitalismo e Barbárie Contemporânea. Revista Argumentum, Vitória (ES), v. 4, n.1, p. 202-222, jan./jun. 2012. SOCIOLOGIA. Unidade 3 - A Sociedade sob Diferentes Perspectivas, Tema 2 - Karl Marx e as análises social e econômica do capitalismo. Disponível em: https://uva.instructure.com/courses/32854/modules/items/546732.
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