Buscar

Constipação Intestinal em Crianças

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Constipação 
intestinal
SUMÁRIO
1. Introdução .............................................................................................................. 3
2. Constipação funcional ........................................................................................... 6
3. Fisiopatologia ......................................................................................................... 9
Defecação dolorosa .................................................................................................. 10
Problemas com o treinamento do banheiro ............................................................ 10
Aspectos da dieta ....................................................................................................... 11
Condições predisponentes ....................................................................................... 12
Predisposição familiar .............................................................................................. 12
4. Quadro clínico ...................................................................................................... 12
5. Avaliação .............................................................................................................. 15
6. Tratamento ........................................................................................................... 15
Referências bibliográficas ................................................................................................20
Constipação intestinal   3
1. INTRODUÇÃO
Constipação intestinal é o distúrbio mais comum da defecação. Na prática, pode 
ser definida como a eliminação de fezes endurecidas com dor, dificuldade ou esfor-
ço ou a ocorrência de comportamento de retenção, aumento no intervalo entre as 
evacuações (menos que três evacuações por semana) e incontinência fecal secun-
dária à retenção de fezes. Podem ocorrer, também, dor abdominal crônica e rajas de 
sangue na superfície das fezes em consequência de fissura anal. 
 Conceito:  A constipação pode ser definida como atraso ou 
dificuldade na defecação presente por duas ou mais semanas causando des-
conforto ao paciente. No entanto, qualquer definição de constipação é relativa 
e depende da consistência, da frequência e da dificuldade de eliminação das 
fezes. Uma criança normal pode apresentar fezes pastosas apenas a cada dois 
ou três dias sem dificuldade; isso não é constipação. Fezes endurecidas, elimi-
nadas com dificuldade a cada três dias, devem ser tratadas como constipação.
A constipação afeta de 10 a 30% das crianças e é responsável por cerca de 3 a 5% 
de todas as visitas ao pediatra. O pico de prevalência ocorre durante os anos pré-
-escolares na maioria dos relatos. Não há diferença entre os gêneros na prevalência 
da constipação infantil. A constipação funcional é responsável por mais de 95% dos 
casos de constipação em crianças saudáveis de um ano ou mais e é particularmente 
comum entre crianças em idade pré-escolar. Crianças mais velhas e adolescentes 
podem ter constipação funcional não reconhecida; esse quadro pode não chegar ao 
atendimento médico se eles não se sentirem à vontade para discutir seus hábitos 
intestinais. As causas orgânicas são responsáveis por menos de 5% das crianças 
com constipação, mas são mais comuns entre os bebês. As principais causas estão 
listadas no quadro a seguir.
Quadro 1. Causas de constipação em crianças.
Causas de constipação em crianças
Causas fisiológicas da constipação
Constipação funcional (pode ter gatilhos dietéticos ou comportamentais, exa-
cerbada por defecação dolorosa e retenção de fezes)**
Leite de vaca ou outra intolerância à proteína dietética**
Constipação intestinal   4
Causas de constipação em crianças
Baixo teor de fibra dietética**
Constipação por trânsito lento
Ingestão inadequada de líquidos (durante febre ou clima quente)
Imobilidade
Anorexia nervosa
Inanição
Causas neurogênicas
Doença de Hirschsprung
Paralisia cerebral
Mielomeningocele
Lesão da medula espinal
Disrafismo espinhal fechado
Teratoma sacral
Neurofibromatose
Fraqueza muscular (pode ser generalizada, como na síndrome de 
Down, ou devido à musculatura abdominal anormal)
Botulismo infantil (constipação é uma queixa precoce; outras caracterís-
ticas são paralisia facial e ocular, sucção fraca e hipotonia)
Pseudo-obstrução (ex.: neuropatias viscerais, miopatias, distúrbios mitocondriais)
Displasia neuronal intestinal
Disautonomia familiar ou adquirida
Distrofia muscular de Duchenne
Causas endócrinas e metabólicas
Fibrose cística (com íleo meconial em neonatos ou síndrome de obs-
trução intestinal distal em crianças mais velhas)
Hipocalemia
Envenenamento por chumbo
Intoxicação por vitamina D
Hipo ou hipercalcemia
Hipotireoidismo
Diabetes mellitus
Feocromocitoma
Neoplasia endócrina múltipla tipo 2B (MEN2B)
Constipação intestinal   5
Causas de constipação em crianças
Poliúria (levando à desidratação)
Esclerose sistêmica juvenil (esclerodermia) ou doença mista do tecido conjuntivo
Porfiria aguda intermitente
Causas anatômicas
Anomalias anorretais (ânus imperfurado, ânus deslocado anteriormente)
Obstrução intestinal
Síndrome do cólon esquerdo pequeno
Outras causas
Doença celíaca**
Medicamentos (opiáceos, anticolinérgicos, antidepressivos, quimioterapia, antiácidos contendo alumínio)
Hipermobilidade articular generalizada
** Causas relativamente comuns.
Fonte: Sood1.
A constipação tende a se autoperpetuar, seja qual for a sua causa. As fezes endu-
recidas e grandes no reto tornam-se difíceis e mesmo dolorosas para a evacuação; 
dessa forma, ocorre mais retenção e se instala um círculo vicioso. A distensão do 
reto e do cólon diminui a sensibilidade do reflexo de defecação e a eficácia da peris-
talse. A impactação fecal é comum, causando outros problemas.
Outras definições importantes são:
• Incontinência fecal funcional: é a passagem involuntária repetitiva de fezes 
para a roupa íntima após a aquisição da habilidade para ir ao banheiro (geral-
mente após os quatro anos de idade), na ausência de disfunção anorretal neu-
romuscular evidente. Este termo é preferido em vez de encoprese ou soiling. É 
classificado como “retentivo” se estiver associado à constipação funcional e “não 
retentivo” se ocorrer na ausência de sintomas e sinais de constipação funcional.
 Se liga!  O conteúdo aquoso do cólon proximal pode se infiltrar pe-
las fezes endurecidas retidas e atravessar o reto sem ser percebido pela crian-
ça. Essa encoprese involuntária pode ser confundida com diarreia.
Constipação intestinal   6
• Impactação fecal: esse termo é usado para descrever quantidades acentua-
damente aumentadas de fezes no reto e cólon. É um julgamento subjetivo ba-
seado em achados clínicos, como uma grande massa de fezes observada no 
exame físico e/ou radiografia (se realizada), especialmente em associação com 
uma história de evacuação infrequente e de grande calibre. 
• Disquezia do lactente: caracterizada pela ocorrência de pelo menos 10 minutos 
de esforço e choro antecedendo a eliminação de fezes moles. Trata-se de uma 
situação transitória que desaparece espontaneamente, quando o lactente adquire 
a capacidade de relaxar o esfíncter anal e a musculatura pélvica, quando se esta-
belece a prensa abdominal no momento da evacuação. Não requer tratamento.
Um lactente em amamentação pode apresentar fezes muito infrequentes de con-
sistência normal; em geral, isso é um padrão normal. A constipação verdadeira no 
período neonatal é mais provavelmente secundária a doença de Hirschsprung, pseu-
do-obstrução intestinal ou hipotireoidismo.
MAPA MENTAL: INTRODUÇÃO
CONSTIPAÇÃO INTESTINAL
CausasEpidemiologia
Atraso ou dificuldade na 
defecação que causa 
desconforto ao paciente
Funcional
10-30% das crianças
OrgânicasEliminação de fezes endurecidas com dor
Dificuldade ou esforço
para defecar
Comportamento
de retenção
Aumento do intervalo
entre evacuações
Incontinência fecal
secundária à retenção
Pico:pré-escolares
Sem diferença entre
os gêneros
90-95%
Causas neurogênicas
Causas endócrinas e 
metabólicas
Causas anatômicas
Outras
2. CONSTIPAÇÃO FUNCIONAL
Estima-se que cerca de 90 a 95% dos casos de constipação intestinal crônica 
sejam de natureza funcional. Inclui-se, portanto, nos distúrbios funcionais gastroin-
testinais que podem ocorrer em qualquer faixa etária. Mediante a falta de uniformi-
dade no diagnóstico dos distúrbios funcionais gastrointestinais, foi desenvolvido o 
critério de Roma, que valoriza as manifestações clínicas para o estabelecimento do 
diagnóstico, evitando a realização de muitos testes para descartar outras doenças.
Constipação intestinal   7
Embora seja comum, a queixa não deve ser ignorada, pois crianças com consti-
pação funcional se beneficiarão de avaliação e tratamento precoces e completos. A 
intervenção tardia ou inadequada pode resultar em comportamento de retenção de 
fezes, com piora da constipação e consequências psicossociais.
Quadro 2. Transtornos gastrointestinais funcionais nas 
crianças e adolescentes segundo o Roma IV.
Transtornos gastrointestinais funcionais nas crianças e adolescentes
Transtornos funcionais de náuseas e vômitos
Síndrome dos vômitos cíclicos
Náusea funcional e vômito funcional
Síndrome da ruminação
Aerofagia
Transtornos da dor abdominal funcional
Dispepsia funcional
Síndrome do intestino irritável
Enxaqueca abdominal
Dor abdominal funcional inespecífica
Transtornos funcionais da evacuação
Constipação funcional
Incontinência fecal não retentora
Fonte: Mazzei et al2. 
Quadro 3. Critérios diagnósticos da constipação funcional para 
criança com idade entre 0 a 4 anos segundo o Roma IV.
Causas de constipação em crianças
Pelo menos 2 critérios abaixo:
• Duas ou menos evacuações por semana;
• Retenção excessiva de fezes;
• Comportamento de retenção;
• História de evacuações duras ou dolorosas;
• Massa fecal no reto;
Constipação intestinal   8
Causas de constipação em crianças
Criança com treinamento esfincteriano – critério adicional:
• Pelo menos um episódio de incontinência fecal por semana;
• Fezes volumosas que podem obstruir o vaso sanitário.
Deve haver critérios insuficientes para o diagnóstico de síndrome do intestino irritável.
Os sintomas não devem ser plenamente explicados por outra condição médica. 
Fonte: Ramos et al3.
Quadro 4. Critérios diagnósticos da constipação funcional para 
crianças de 4 anos até adolescentes segundo o Roma IV.
Causas de constipação em crianças
Pelo menos 2 critérios abaixo:
Duas ou menos evacuações no banheiro por semana;
Pelo menos um episódio de incontinência fecal por semana;
História de comportamento de retenção ou retenção voluntária excessiva de fezes;
História de evacuações dolorosas ou duras;
História de fezes de grande diâmetro que podem obstruir o vaso sanitário;
Grande massa fecal no reto.
Deve haver critérios insuficientes para o diagnóstico de síndrome do intestino irritável.
Os sintomas não devem ser plenamente explicados por outra condição médica. 
Fonte: Ramos et al3.
É evidente que em medicina é fundamental estar atento para a presença de indí-
cios sugestivos de doenças que envolvam anormalidades anatômicas, inflamação, 
infecção ou processos neoplásicos. Na presença desses indícios, o critério de Roma 
não deve prevalecer até que sejam realizadas as necessárias investigações diag-
nósticas que permitam descartar a possibilidade de uma doença que não seja de 
natureza funcional.
Constipação intestinal   9
 Se liga!  O pediatra também tem um papel importante na identifi-
cação da pequena fração de crianças com causas orgânicas de constipação. 
As causas orgânicas são mais prováveis entre bebês pequenos e entre bebês e 
crianças que apresentam características atípicas ou “sinais de alarme”.
Do ponto de vista etiológico, considera-se que a constipação intestinal funcional, 
a exemplo dos outros distúrbios funcionais gastrointestinais, seja resultado da in-
teração de fatores biopsicossociais. No caso da constipação intestinal funcional, 
considera-se a existência de um ciclo vicioso de dor nas evacuações, provocando 
comportamento de retenção. Assim, as fezes ficam mais endurecidas e volumosas, 
o que aumenta a dor nas evacuações. 
Esse processo pode determinar perpetuação do quadro de constipação intesti-
nal, que pode ter aumento progressivo da gravidade e determinar o aparecimento 
de complicações (ou manifestações associadas às formas graves de constipação 
intestinal funcional). Assim, a partir de um quadro inicial de evacuação dolorosa de 
fezes endurecidas, já no primeiro ano de vida, poderá ocorrer outras manifestações 
em fases posteriores, como dificuldades para o desenvolvimento do controle es-
fincteriano, formação de fecaloma e incontinência fecal por retenção no pré-esco-
lar e dor abdominal crônica no escolar. As manifestações podem estar presentes 
até a adolescência.
Quando a criança tem necessidade urgente de defecar, comportamentos típicos 
incluem a contração dos músculos glúteos com enrijecimento das pernas enquanto 
está deitado, segurar nos móveis enquanto está em pé ou agachar em silêncio nos 
cantos, esperando a vontade de defecar passar. A vontade de defecar passa con-
forme o reto acomoda-se ao seu conteúdo. Um ciclo vicioso de retenção então se 
desenvolve e cada vez se torna maior o volume de fezes que precisa ser expelido. Os 
cuidadores podem mal interpretar essas atividades como esforço para evacuar, mas 
o comportamento é de retenção das fezes. É frequente histórico de sangue obser-
vado nas fezes com evacuações volumosas. Na constipação funcional, encoprese 
diurna é comum. 
Constipação intestinal   10
 Saiba mais!  A Fundação Roma (FR) publicou em 2016 a quarta 
versão da sua obra fundamental que trata dos distúrbios funcionais do trato 
digestivo. Diferentemente dos últimos consensos (Roma I, II e III) que eram 
somente um livro, o Roma IV tem dois volumes e mais cinco livros. Os livros 
trazem algoritmos de diagnósticos, mostrando como fazer a avaliação e facili-
tando para o médico chegar ao seu diagnóstico e tratamento através de algorit-
mos e tabelas.
MAPA MENTAL: CONSTIPAÇÃO FUNCIONAL
CONSTIPAÇÃO FUNCIONAL
90-95% dos 
casos de 
constipação
Resulta de 
fatores biopsi-
cossociais
Ciclo vicioso de 
dor perpetua a 
constipação
Pode ser 
diagnosticada 
pelo critério de 
Roma IV
Avaliação e 
tratamento 
precoces 
oferecem 
benefícios
3. FISIOPATOLOGIA
Há três períodos durante os quais o bebê e a criança em desenvolvimento são 
particularmente propensos a desenvolver constipação funcional:
• Após a introdução de cereais e alimentos sólidos na dieta (idade de seis meses 
a um ano);
• Durante o treinamento de banheiro (idade de dois a três anos);
• Durante o início da escola (de três a cinco anos).
Esses marcos importantes de desenvolvimento podem ser experiências positivas. 
Por outro lado, cada um desses marcos pode converter a defecação em uma ex-
periência desagradável. Essa experiência infeliz pode levar a criança a tentar evitar 
repeti-la, levando a comportamentos que promovem a constipação.
A fisiopatologia da constipação funcional em adolescentes mostra semelhanças 
com crianças mais novas. Em adolescentes, distúrbios alimentares, estressores 
escolares e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) podem pro-
mover ou exacerbar a constipação. Em pacientes com anorexia nervosa ou bulimia, 
a constipação pode resultar da ingestão inadequada de alimentos e líquidos. A 
Constipação intestinal   11
incontinência fecal associada à constipação funcional é especialmente angustiante 
em pacientes adolescentes; está associada à baixa autoestima e isolamento social e 
pode ter um grande impacto deletério na qualidade de vida.
Defecação dolorosa 
A defecação dolorosa é um gatilho comum para a retenção de fezes e contribui 
para o desenvolvimento e persistência da constipação crônica. Quando a criança 
evita defecar por causa da dor, as fezes se acumulamno reto e ficam mais duras ou 
maiores, causando ainda mais dor quando são eliminadas. O problema subjacente 
da constipação deve ser resolvido imediatamente para evitar esse ciclo crescente.
Crianças que retêm as fezes para evitar a defecação devido à dor ou outras ex-
periências negativas têm uma forma de constipação funcional ou comportamental. 
A reação da criança de ignorar o desejo de defecar é provavelmente uma decisão 
consciente inicialmente, mas depois se torna automática. A única atividade motora 
anormal na maioria das crianças com constipação crônica é encontrada no reto, que 
pode se dilatar a tal ponto que não é gerada pressão suficiente para empurrar as fe-
zes para o canal anal. Estudos manométricos sugeriram que algumas crianças cons-
tipadas têm “dissinergia” (contração do esfíncter externo quando tentam defecar), 
mas alguns especialistas consideram esse achado voluntário (ou seja, o equivalente 
manométrico da retenção). Outras crianças parecem ter relaxamento insuficiente do 
esfíncter interno (que não está sob controle voluntário), conhecido como acalasia do 
esfíncter anal interno (EEI). A prevalência desta condição e suas implicações subja-
centes não estão bem definidas. Alguns pacientes com esse achado respondem ao 
tratamento periódico com toxina botulínica para ajudar a relaxar o esfíncter anal. Em 
populações selecionadas, como crianças com constipação grave de trânsito lento re-
fratária ao tratamento padrão, foram relatadas anormalidades da motilidade colônica 
e histologia sugerindo disfunção neuromuscular subjacente.
A defecação dolorosa frequentemente precede a impactação fecal crônica e o 
soiling, especialmente em crianças pequenas. 
Problemas com o treinamento do banheiro 
O treinamento do banheiro é um marco de desenvolvimento que afeta a autoes-
tima e a independência. Para dominar o uso do banheiro, uma criança deve desen-
volver a habilidade e o interesse em reter a evacuação até que possa ser liberado no 
vaso sanitário. Esse comportamento geralmente leva à defecação menos frequente 
e pode levar a evacuações duras e dolorosas, que por sua vez levam a uma maior 
contenção voluntária. O problema pode ser agravado se o treinamento esfincteriano 
for incentivado com muito vigor antes que a criança esteja pronta para o desenvolvi-
mento. Podem ocorrer lutas de poder se o treinamento do banheiro for imposto por 
um dos pais a uma criança despreparada, podendo levar a vários problemas, um dos 
Constipação intestinal   12
quais é constipação. Crianças com distúrbios de hiperatividade, distúrbios sensoriais 
e/ou autismo podem ter maior risco de ter dificuldades adicionais com o treinamen-
to para ir ao banheiro, o que desencadeia ou agrava a constipação.
 Se liga!  A Academia Americana de Pediatria (AAP) enfatiza que os 
pais e cuidadores devem evitar coagir seus filhos ao treinamento do banheiro 
e, em vez disso, observar os sinais de que a criança está pronta para o desen-
volvimento. O treinamento do banheiro funciona melhor quando está alinhado 
com os sinais de prontidão da criança para passar de cada fase. As visitas ao 
profissional de saúde podem ajudar os pais a antecipar e gerenciar de forma 
otimizada as etapas do processo.
Aspectos da dieta
A dieta moderna tem sido citada como contribuinte para a constipação infantil. 
Ao contrário das gerações anteriores, as crianças hoje consomem grandes quantida-
des de alimentos altamente processados em detrimento de frutas, vegetais e fibras. 
Embora o aumento da ingesta de fibras seja frequentemente recomendado para 
constipação aguda e crônica, a base de evidências para essa prática é fraca e um 
tanto conflitante. Embora uma dieta balanceada incluindo frutas, vegetais e fibras 
seja recomendada para todas as crianças e possa ser útil na prevenção ou tratamen-
to da constipação leve, há poucas evidências de que adicionar fibras à dieta seja um 
tratamento eficaz para a constipação grave. 
Em bebês, a adição de cereais à dieta frequentemente faz com que as fezes se 
tornem mais formadas e às vezes provoca constipação. Esse gatilho geralmente po-
de ser identificado na história.
A relação entre o leite de vaca e a constipação é controversa. Alguns bebês ou 
crianças parecem ter melhora na constipação quando trocam o leite de vaca por 
uma fórmula de soja. Um mecanismo alérgico foi sugerido, mas não estabelecido. 
Condições predisponentes 
Os transtornos do espectro do autismo (TEA) parecem predispor à constipação 
funcional com ou sem incontinência fecal. 
Da mesma forma, constipação funcional e incontinência fecal associada são par-
ticularmente comuns entre crianças com TDAH. O mecanismo para a associação 
Constipação intestinal   13
entre TDAH e constipação funcional não está claro, mas pode incluir processamento 
sensorial atípico ou ignorar estímulos sensoriais, outros fatores que interferem no 
progresso normal do treinamento esfincteriano ou efeitos colaterais de medicamen-
tos usados para tratar o TDAH.
Predisposição familiar 
As crianças de algumas famílias podem ser predispostas a desenvolver constipa-
ção. Em um estudo longitudinal, uma história familiar de constipação foi observada 
em mais da metade das crianças com constipação crônica e spoiling observada du-
rante um período de sete anos. As razões para esta tendência familiar não são claras 
e podem incluir fatores genéticos, ambientais e/ou dietéticos compartilhados.
MAPA MENTAL: FISIOPATOLOGIA
FISIOPATOLOGIA
Defecação 
dolorosa
Problemas com 
o treinamento 
esfincteriano
Dieta Predisposição familiar
Condições 
predisponentes 
(TEA, TDAH)
4. QUADRO CLÍNICO
No lactente, em geral, observam-se com mais frequência manifestações clínicas 
caracterizadas pela evacuação de fezes endurecidas, em cíbalos, eliminadas com 
dor, esforço e dificuldade. É comum, também, a presença de fissura anal. Nem sem-
pre se constata aumento no intervalo entre as evacuações.
Constipação intestinal   14
TIPO 1 Separado em caroços duros
TIPO 2 Comprido, cilíndrico e encaroçado
TIPO 3 Comprido, cilíndrico e com rachaduras
TIPO 4 Comprido, cilíndrico e macio
TIPO 5 Gotas macias com bordas bem definidas
TIPO 6 Consistência mole com bordas irregulares
TIPO 7 Consistência líquida sem pedaços sólidos
Escala de fezes de Bristol
Figura 1. Escala de Bristol.
Fonte: VectorMine/Shutterstock.com.
Nessa fase, atenção especial deve ser dada ao diagnóstico diferencial com a 
doença de Hirschsprung (megacólon congênito) e à alergia à proteína do leite de 
vaca (APLV). Assim, retardo na eliminação de mecônio, eliminação explosiva de fe-
zes ao toque retal, distensão abdominal e massa fecal abdominal volumosa, assim 
como eliminação de fezes em fita e ampola retal vazia, são sugestivos de doença 
de Hirschsprung. Por sua vez, a alergia à proteína do leite de vaca pode ser conside-
rada nos pacientes com constipação intestinal iniciada logo após a introdução da 
Constipação intestinal   15
proteína do leite de vaca na dieta, presença de fissura anal persistente, antecedente 
de perda de sangue nas fezes e falta de resposta à terapêutica convencional.
A partir do segundo ano de vida, pode-se caracterizar o comportamento de re-
tenção. Constata-se, também, ampliação do intervalo entre as evacuações, que se 
caracterizam pela eliminação de fezes de maior calibre e consistência, com grande 
esforço e dor. Após o controle esfincteriano, pode-se constatar entupimento do vaso 
sanitário em função da eliminação de fezes muito volumosas. 
No pré-escolar e escolar, pode-se constatar a incontinência fecal por retenção. 
Os pacientes perdem o conteúdo fecaloide na cueca ou na calcinha. Quando isso 
é percebido por outras crianças, os pacientes podem ser vítimas de discriminação. 
Mesmo os pais, que não sabem que se trata de um processo involuntário, muitas 
vezes adotam atitudes inadequadas como repreensões e castigos. Nesse momen-
to, percebe-se que as crianças apresentam maior agressividade, menor autoestima, 
ambiente familiar com maior hostilidadee, ainda, menor qualidade de vida. As mães 
podem apresentar certos indícios de depressão. 
Outras manifestações clínicas podem ocorrer em associação com a constipa-
ção intestinal, como dor abdominal crônica reversível com o controle da consti-
pação intestinal, enurese noturna, falta de apetite e sintomas de infecção urinária 
atual ou pregressa. 
O exame físico pode revelar a presença de massa fecal palpável no abdome. Em 
geral, localiza-se no hipogástrio, entretanto, pode ocupar toda a extensão do colo nos 
casos mais graves. O toque retal pode revelar o preenchimento da ampola retal com 
fezes endurecidas. Essas anormalidades do exame clínico podem ser constatadas 
em cerca da metade dos pacientes atendidos em serviços especializados.
O principal papel da história e exame físico na avaliação da constipação são pa-
ra excluir outros distúrbios que se apresentam com dificuldades para a defecação 
e identificar complicações. As informações que devem ser ativamente procuradas 
incluem: a idade do início dos sintomas, o sucesso ou fracasso no treinamento es-
fincteriano, frequência e consistência das fezes, dor e/ou sangramento durante a 
passagem das fezes, a coexistência de dor abdominal ou incontinência fecal (se 
presente e se for também noturna), o comportamento retentor, a história dietética, 
mudanças no apetite, náuseas e/ou vômitos e perda de peso.
Causas orgânicas de constipação devem ser consideradas quando o compor-
tamento de esforço é acompanhado de sinais de alarme: atraso na eliminação do 
mecônio (após 48h de vida), febre, vômito ou diarreia, sangramento retal e distensão 
abdominal grave. 
Constipação intestinal   16
Quadro 5. Sinais e sintomas de alarme em pacientes com constipação intestinal.
Transtornos gastrointestinais funcionais nas crianças e adolescentes
Constipação com início no primeiro mês de vida 
Retardo na eliminação de mecônio
Antecedente familiar de doença de Hirschsprung
Eliminação de fezes em fita
Sangue nas fezes na ausência de fissura anal
Déficit de crescimento
Febre
Vômitos biliosos
Glândula tireoide anormal
Distensão abdominal intensa
Fístula perianal
Posição anormal do ânus
Ausência do reflexo cremastérico
Anormalidades neuromotoras nos membros inferiores
Tufo de pelos na região sacral
Depressão (dimple) na região sacral
Desvio do sulco interglúteo
Medo excessivo durante a inspeção anal
Cicatrizes anais
Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria.
 Se liga!  As manifestações clínicas consideradas complicações da 
constipação crônica funcional são: dor abdominal recorrente, vômitos, fezes 
com sangue, infecções urinárias de repetição, retenção urinária e a enurese. 
Vale mencionar que a diminuição do apetite e a anorexia ocorrem com frequên-
cia, podendo atuar como um fator de agravo e perpetuação da constipação.
Constipação intestinal   17
MAPA MENTAL: FISIOPATOLOGIA
FISIOPATOLOGIA
Lactente > 1 ano Pré-escolar e escolar
• Fezes endurecidas 
eliminadas com dor, 
esforço e dificuldade
• Fissura anal
• Comportamento de 
retenção
• Ampliação do intervalo 
entre evacuações
• Eliminação de fezes 
de maior calibre e 
consistência com grande 
esforço e dor
• Incontinência fecal por 
retenção
• Outras: dor abdominal 
crônica, enurese noturna, 
falta de apetite, sinais de 
infecção urinária
5. AVALIAÇÃO
O diagnóstico de constipação intestinal funcional é clínico e tem como base as 
informações da anamnese e do exame físico, conforme preconizado pelo critério 
de Roma IV. Apesar de mais de 95% dos casos de constipação intestinal crônica 
serem de natureza funcional, é muito importante que na avaliação clínica seja dada 
atenção especial à pesquisa de indícios de outras causas de constipação intestinal 
já descritas.
 Se liga!  O diagnóstico de constipação intestinal funcional em geral 
é clínico e estabelecido de acordo com o critério de Roma IV.
Inicialmente, é fundamental que se defina se existe ou não impactação fecal 
(fecaloma), que em geral está presente em pacientes com incontinência fecal por 
retenção. Nesses pacientes, deve-se pesquisar massa fecal na palpação abdominal, 
em especial na região do hipogástrio e do colo sigmoide. O toque retal pode revelar 
a presença de grande quantidade de fezes endurecidas. A radiografia simples de ab-
dome pode contribuir para a caracterização de impactação fecal, especialmente nas 
situações em que a palpação abdominal é difícil (excesso de peso) e o toque retal 
não pode ser realizado (recusa do paciente ou suspeita de abuso sexual). 
Constipação intestinal   18
Em linhas gerais, a partir do diagnóstico clínico, adota-se o tratamento. A falta de 
resposta ou a recorrência indica a necessidade de exames subsidiários: pesquisa 
de doença celíaca pela sorologia, testes de função tireoidiana, dosagem de cálcio, 
exame de urina e urocultura. Deve ser ressaltado que, se houver indícios clínicos de 
outras doenças causadoras de constipação intestinal, os exames específicos devem 
ser solicitados. A manometria anorretal deve ser utilizada para a pesquisa do reflexo 
inibitório retoanal, que, quando presente, permite descartar o diagnóstico de me-
gacólon congênito. Teste terapêutico com dieta isenta de proteína do leite de vaca 
também pode ser considerado, sendo obrigatório o teste de desencadeamento para 
confirmação diagnóstica, exceto quando contraindicado. Pode ser necessária, em 
determinados pacientes, a realização de ressonância magnética da coluna para a 
pesquisa de medula presa.
MAPA MENTAL: AVALIAÇÃO
AVALIAÇÃO
Diagnóstico clínico Pesquisar fecaloma
Tratamento
Ausência de 
resposta ao 
tratamento ou 
recorrência
Anamnese e exame 
físico
Exame físico e 
radiografia de 
abdome
Realizar exames 
subsidiários
6. TRATAMENTO
Os fundamentos da terapêutica da constipação intestinal funcional foram esta-
belecidos há décadas e, em linhas gerais, estão sendo mantidos nas diretrizes mais 
recentes. Na prática, as medidas terapêuticas são as seguintes:
• Quando houver fecaloma ou impactação fecal, o esvaziamento do reto e do co-
lo constitui a primeira e imprescindível etapa.
• Educação e orientação sobre a constipação intestinal e seu tratamento. 
Informações sobre a necessidade de atender o desejo de evacuar, evitando ati-
tudes protelatórias. Aproveitar o reflexo gastrocólico e tentar evacuar uma vez 
ao dia, após uma das refeições principais.
• Medidas promotoras da saúde em geral: aumento na ingestão de fibra alimen-
tar e fluidos, estimular a prática de atividade física.
Constipação intestinal   19
• Tratamento de manutenção com o objetivo primordial de prevenção da forma-
ção de fecaloma.
• Conforme mencionado, a desimpactação é a primeira etapa do tratamento. 
Assim, é necessário estabelecer o diagnóstico da presença ou não de retenção 
fecal. Incontinência fecal por retenção, massa fecal palpável e reto preenchido 
com fezes são manifestações clínicas indicativas de impactação fecal. Quando 
necessário, pode-se solicitar radiografia simples de abdome.
• A desimpactação pode ser realizada com enemas por via retal ou por via oral. 
Classicamente, é realizada com enemas por via retal; no entanto, nos últimos 
anos vem sendo recomendada a desimpactação por via oral, com a utilização 
do polietilenoglicol (PEG) 3350 ou 4000 (macrogol). No Brasil, o PEG 4000 sem 
eletrólitos pode ser preparado em farmácias de manipulação.
• Tanto pela via oral como retal, em geral são necessários 3 a 5 dias para se ob-
ter plena desimpactação.
• Em geral, os enemas são realizados com solução fosfatada a partir dos 2 anos de 
idade. Em lactentes, podem ser usados minienemas com sorbitol. No ambiente 
hospitalar, a solução de glicerina constitui uma alternativa para o enema fosfatado.
• O tratamento de manutenção deve ser iniciado quando se obtém plena desim-
pactação, ou seja, eliminação de fezes amolecidas sem dor ou dificuldade e 
redução expressiva na frequência da incontinência fecal por retenção.
• Deve ser utilizado um laxante por via oral, diariamente, na dose individualizadapara obter regularização do hábito intestinal. Lembrando que o óleo mineral 
não deve ser prescrito nos dois primeiros anos de vida e para pacientes com 
comprometimento neurológico, em função do risco de aspiração e desenvolvi-
mento de pneumonia lipoídica.
Se a criança se encontrar na idade do treinamento esfincteriano, este deverá ser 
postergado por cerca de 2 meses após o controle da constipação. Para os pacientes 
com controle esfincteriano, deve-se recomendar que atendam prontamente o desejo 
de evacuar. Quando não se observa evacuação espontânea, deve ser sugerida a per-
manência no vaso sanitário durante alguns minutos após uma das refeições do dia. 
Com relação à dieta, o ponto central é recomendar dieta rica em fibra alimentar, indi-
cada com base na observação da associação entre dieta pobre em fibra alimentar e 
constipação intestinal. Suplementos de fibra também podem ser utilizados. Assim, 
para atingir o teor ideal de fibra alimentar, podem ser incluídos na dieta cereais in-
tegrais ou farelo de trigo e grãos. As frutas devem ser ingeridas com casca. Frutas 
secas apresentam alto teor de fibra alimentar. Milho cozido ou pipoca, azeitonas e 
trigo para quibe são opções bem aceitas, assim como sementes de linhaça, girassol 
e gergelim, noz-pecã, castanha de caju e amêndoas. Priorizar sobremesas com fibra 
alimentar, como goiabada-cascão, doce de abóbora, arroz-doce com uvas-passas, 
chocolate com coco. Deve ser recomendado maior consumo de líquidos e aumento 
da atividade física. 
Constipação intestinal   20
 Saiba mais!  Deve ser destacado que a diretriz da North American 
Society for Pediatric Gastroenterology, Hepatology, and Nutrition (NASPGHAN) 
e da European Society for Pediatric Gastroenterology, Hepatology, and Nutrition 
(ESPGHAN) de 2014 não recomenda a utilização de maior consumo de fibra e 
líquidos no tratamento de manutenção da constipação intestinal, em função de 
não existirem evidências clínicas comprobatórias em ensaios clínicos duplo-ce-
gos, randomizados e controlados por placebo. 
Entretanto, deve ser destacado que a falta de evidências favoráveis não sig-
nifica que uma determinada conduta terapêutica não seja efetiva. Por outro 
lado, o consumo de fibra alimentar pela população em geral é inferior ao 
das recomendações. Assim, pode-se considerar que uma dieta rica em fibra 
alimentar deva ser recomendada não somente para o tratamento da consti-
pação intestinal como também como uma medida geral para a promoção da 
saúde presente e futura. 
O tratamento de manutenção com laxante deve se estender por pelo menos 3 me-
ses. Após melhora do quadro clínico, deve-se retirar o laxante progressivamente (pre-
ferível decrescer a dose, mas manter a administração diária). É importante destacar 
que, com frequência, ocorre falta de adesão ao tratamento, sendo uma das principais 
causas de fracasso terapêutico com recidiva da impactação fecal. Observa-se, tam-
bém com frequência, a prescrição e/ou administração de dose baixa ou não continu-
ada do laxante. Não existem evidências suficientes que justifiquem a prescrição de 
probióticos e prebióticos no tratamento da constipação intestinal.
Tabela 1. Súmula dos principais medicamentos para desimpactação e 
tratamento de manutenção da constipação intestinal funcional.
Súmula dos principais medicamentos para desimpactação e trata-
mento de manutenção da constipação intestinal funcional
Desimpactação Dose Efeitos colaterais Observações
Polietilenoglicol 
3350 e 4000
1,0 a 1,5 g/kg/dia, via 
oral, máximo por 6 dias
Enema fosfatado
2,5 mL/kg/dia, dose 
máxima de 133 mL/
dose, via retal 
Duração máxima da 
desimpactação: 6 dias 
Não usar antes dos 
2 anos de idade
Risco de trauma mecâ-
nico no reto, distensão 
abdominal e vômitos; 
pode provocar quadro 
grave e letal de hiper-
fosfatemia e hipocal-
cemia com tetania
Parcela dos eletrólitos 
é absorvida, mas se a 
função renal é normal, 
não ocorre toxicidade; a 
maior parte dos efeitos 
colaterais é observa-
da em pacientes com 
insuficiência renal ou 
doença de Hirschsprung
Constipação intestinal   21
Súmula dos principais medicamentos para desimpactação e trata-
mento de manutenção da constipação intestinal funcional
Tratamento de 
manutenção Dose Efeitos colaterais Observações
Lactulose 1 a 3 mL/kg/dia, via oral Flatulência e dor abdominal
Bem tolerada em 
longo prazo
Leite de magnésia (hi-
dróxido de magnésio) 1 a 3 mL/kg/dia, via oral
Pode causar intoxicação 
por magnésio em lac-
tentes; sobredosagem 
pode ocasionar hiper-
magnesemia, hipofos-
fatemia e hipocalemia; 
não usar em pacientes 
com insuficiência renal
Efeito osmótico; libera 
colecistoquinina, que 
estimula a secreção e 
a motilidade intestinal
Óleo mineral
1 a 3 mL/kg/dia, via oral 
Dose máxima: 60 
a 90 mL/dia 
Não prescrever para 
lactentes e portado-
res de neuropatia
Se aspirado, provoca 
pneumonia lipoídica; 
teoricamente pode dimi-
nuir a absorção de vita-
minas lipossolúveis, mas 
não existe comprovação 
em estudos clínicos; 
perda anal indica dose 
superior à necessária
Polietilenoglicol 
3350 e 4000
0,2 a 0,8 g/kg/
dia, via oral
Apresentação com 
eletrólitos tem menor 
aceitação e pode provo-
car náuseas e vômitos
Bem tolerado; não há 
evidências sobre a se-
gurança em lactentes
Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria5.
 Se liga!  Se os pacientes com constipação apresentarem dor ab-
dominal inferior que persiste após a terapia com laxantes, apesar de evacua-
ções regulares e moles, a síndrome do intestino irritável com predominância de 
constipação deve ser considerada como diagnóstico. 
A longa duração da sintomatologia precedendo o tratamento associa-se com pior 
prognóstico, assim como diagnóstico e terapêutica precoce associam-se com me-
lhor evolução. Cerca de 80% dos pacientes tratados com precocidade apresentam 
recuperação e ficam livres de laxantes após 6 meses. Por outro lado, essa taxa é de 
apenas cerca de 30% naqueles pacientes com diagnóstico mais tardio. Não foram 
identificados outros preditores de bom prognóstico além da duração pregressa da 
doença. Estudos sobre o prognóstico da constipação intestinal funcional tratada em 
Constipação intestinal   22
serviços especializados mostram que, após um ano de tratamento, cerca da metade 
dos pacientes está controlada, sem a necessidade de uso de laxante. 
Estima-se que, no prazo de 5 anos, metade dos pacientes apresente uma recidiva 
da constipação intestinal. Nesse contexto, é importante o acompanhamento e, quan-
do necessário, a reintrodução imediata do tratamento.
MAPA MENTAL: TRATAMENTO
Tratamento
Desimpactação 
(preferencialmente 
via oral)
Educação e 
orientação Promoção da saúde
Tratamento de 
manutenção: 
laxante por via oral 
diariamente
Constipação intestinal   23
MAPA MENTAL GERAL
Atraso ou 
dificuldade 
na 
defecação 
que causa 
desconforto 
ao paciente
Epidemiologia Causas
10-30% das crianças
Pico: pré-escolares
Funcional Orgânicas
90-95% dos casos
Causas neurogênicas
Resulta de fatores 
biopsicossociais
Causas endócrinas e 
metabólicas
Ciclo vicioso de dor perpetua
a constipação
Causas anatômicasDiagnóstico: critérios de
Roma IV
Avaliação e tratamento 
precoces oferecem benefícios
Outras
Fisiopatologia
Defecação dolorosa
Predisposição familiar
Dieta
Problemas com o
treinamento esfincteriano
Condições predisponentes
TEA TDAH
Quadro clínico
Lactente > 1 ano Pré-escolar e escolar
Fezes endurecidas 
eliminadas com dor, 
esforço e dificuldade
Comportamento de 
retenção
Incontinência fecal 
por retenção
Fissura anal
Ampliação do 
intervalo entre 
evacuações
Outras
• Dor abdominal 
crônica
• Enurese noturna
• Falta de apetite
• Sinais de infecção 
urinária
Eliminação de fezes 
de maior calibre e 
consistência com 
grande esforço e dor
Avaliação
Diagnóstico Pesquisar fecaloma Se ausência de resposta ao tratamento ou recorrência
Clínico Exame físico Realizar exames subsidiáriosRadiografia de abdome
Tratamento
Desimpactação Educação eorientação Promoção da saúde Tratamento de manutenção
Preferencialmente
via oral
Laxante por via oral 
diariamente
Constipação intestinal   24
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Kliegman RM, et al. Nelson Tratado de Pediatria. 20. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2018.
Mazzei IT, Fagundes Neto U. Transtornos Gastrointestinais Funcionais: Critérios de 
Roma IV – lactentes, escolares e adolescentes. [Internet]. 2018. [acesso em: 11 abr. 
2022]. Disponível em: https://www.igastroped.com.br/transtornos-gastrointestinais-
-funcionais-criterios-de-roma-iv-lactentes-escolares-e-adolescentes/. 
Ramos ARL, Pinto RB, Sanfelice FS. Constipação crônica funcional: como o pediatra 
deve manejar. [Internet]. 2019. [acesso em: 11 abr. 2022]. Disponível em: https://
www.sprs.com.br/sprs2013/bancoimg/190521112509Artigo_Constipacao_croni-
ca_funcional.pdf. 
Sociedade Brasileira de Pediatria. Tratado de pediatria: Sociedade Brasileira de 
Pediatria. 4. ed. Barueri: Manole, 2017.
Sood MR. Chronic functional constipation and fecal incontinence in infants, children, 
and adolescents: Treatment. [Internet]. 2021. [acesso em: 11 abr. 2022]. Disponível 
em: https://www.uptodate.com/contents/chronic-functional-constipation-and-fecal-
-incontinence-in-infants-children-and-adolescents-treatment. 
Sood MR. Constipation in infants and children: Evaluation. [Internet]. 2021. [aces-
so em: 11 abr. 2022]. Disponível em: https://www.uptodate.com/contents/
constipation-in-infants-and-children-evaluation. 
Sood MR. Functional constipation in infants, children, and adolescents: Clinical featu-
res and diagnosis. [Internet]. 2021. [acesso em: 11 abr. 2022]. Disponível em: https://
www.medilib.ir/uptodate/show/99538. 
sanarflix.com.br
Copyright © SanarFlix. Todos os direitos reservados.
Sanar
Rua Alceu Amoroso Lima, 172, 3º andar, Salvador-BA, 41820-770
	Introdução
	Constipação funcional
	Fisiopatologia
	Defecação dolorosa 
	Problemas com o treinamento do banheiro 
	Aspectos da dieta
	Condições predisponentes 
	Predisposição familiar 
	Quadro clínico
	Avaliação
	Tratamento
	Referências bibliográficas

Continue navegando