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Constipação intestinal SUMÁRIO 1. Introdução .............................................................................................................. 3 2. Constipação funcional ........................................................................................... 6 3. Fisiopatologia ......................................................................................................... 9 Defecação dolorosa .................................................................................................. 10 Problemas com o treinamento do banheiro ............................................................ 10 Aspectos da dieta ....................................................................................................... 11 Condições predisponentes ....................................................................................... 12 Predisposição familiar .............................................................................................. 12 4. Quadro clínico ...................................................................................................... 12 5. Avaliação .............................................................................................................. 15 6. Tratamento ........................................................................................................... 15 Referências bibliográficas ................................................................................................20 Constipação intestinal 3 1. INTRODUÇÃO Constipação intestinal é o distúrbio mais comum da defecação. Na prática, pode ser definida como a eliminação de fezes endurecidas com dor, dificuldade ou esfor- ço ou a ocorrência de comportamento de retenção, aumento no intervalo entre as evacuações (menos que três evacuações por semana) e incontinência fecal secun- dária à retenção de fezes. Podem ocorrer, também, dor abdominal crônica e rajas de sangue na superfície das fezes em consequência de fissura anal. Conceito: A constipação pode ser definida como atraso ou dificuldade na defecação presente por duas ou mais semanas causando des- conforto ao paciente. No entanto, qualquer definição de constipação é relativa e depende da consistência, da frequência e da dificuldade de eliminação das fezes. Uma criança normal pode apresentar fezes pastosas apenas a cada dois ou três dias sem dificuldade; isso não é constipação. Fezes endurecidas, elimi- nadas com dificuldade a cada três dias, devem ser tratadas como constipação. A constipação afeta de 10 a 30% das crianças e é responsável por cerca de 3 a 5% de todas as visitas ao pediatra. O pico de prevalência ocorre durante os anos pré- -escolares na maioria dos relatos. Não há diferença entre os gêneros na prevalência da constipação infantil. A constipação funcional é responsável por mais de 95% dos casos de constipação em crianças saudáveis de um ano ou mais e é particularmente comum entre crianças em idade pré-escolar. Crianças mais velhas e adolescentes podem ter constipação funcional não reconhecida; esse quadro pode não chegar ao atendimento médico se eles não se sentirem à vontade para discutir seus hábitos intestinais. As causas orgânicas são responsáveis por menos de 5% das crianças com constipação, mas são mais comuns entre os bebês. As principais causas estão listadas no quadro a seguir. Quadro 1. Causas de constipação em crianças. Causas de constipação em crianças Causas fisiológicas da constipação Constipação funcional (pode ter gatilhos dietéticos ou comportamentais, exa- cerbada por defecação dolorosa e retenção de fezes)** Leite de vaca ou outra intolerância à proteína dietética** Constipação intestinal 4 Causas de constipação em crianças Baixo teor de fibra dietética** Constipação por trânsito lento Ingestão inadequada de líquidos (durante febre ou clima quente) Imobilidade Anorexia nervosa Inanição Causas neurogênicas Doença de Hirschsprung Paralisia cerebral Mielomeningocele Lesão da medula espinal Disrafismo espinhal fechado Teratoma sacral Neurofibromatose Fraqueza muscular (pode ser generalizada, como na síndrome de Down, ou devido à musculatura abdominal anormal) Botulismo infantil (constipação é uma queixa precoce; outras caracterís- ticas são paralisia facial e ocular, sucção fraca e hipotonia) Pseudo-obstrução (ex.: neuropatias viscerais, miopatias, distúrbios mitocondriais) Displasia neuronal intestinal Disautonomia familiar ou adquirida Distrofia muscular de Duchenne Causas endócrinas e metabólicas Fibrose cística (com íleo meconial em neonatos ou síndrome de obs- trução intestinal distal em crianças mais velhas) Hipocalemia Envenenamento por chumbo Intoxicação por vitamina D Hipo ou hipercalcemia Hipotireoidismo Diabetes mellitus Feocromocitoma Neoplasia endócrina múltipla tipo 2B (MEN2B) Constipação intestinal 5 Causas de constipação em crianças Poliúria (levando à desidratação) Esclerose sistêmica juvenil (esclerodermia) ou doença mista do tecido conjuntivo Porfiria aguda intermitente Causas anatômicas Anomalias anorretais (ânus imperfurado, ânus deslocado anteriormente) Obstrução intestinal Síndrome do cólon esquerdo pequeno Outras causas Doença celíaca** Medicamentos (opiáceos, anticolinérgicos, antidepressivos, quimioterapia, antiácidos contendo alumínio) Hipermobilidade articular generalizada ** Causas relativamente comuns. Fonte: Sood1. A constipação tende a se autoperpetuar, seja qual for a sua causa. As fezes endu- recidas e grandes no reto tornam-se difíceis e mesmo dolorosas para a evacuação; dessa forma, ocorre mais retenção e se instala um círculo vicioso. A distensão do reto e do cólon diminui a sensibilidade do reflexo de defecação e a eficácia da peris- talse. A impactação fecal é comum, causando outros problemas. Outras definições importantes são: • Incontinência fecal funcional: é a passagem involuntária repetitiva de fezes para a roupa íntima após a aquisição da habilidade para ir ao banheiro (geral- mente após os quatro anos de idade), na ausência de disfunção anorretal neu- romuscular evidente. Este termo é preferido em vez de encoprese ou soiling. É classificado como “retentivo” se estiver associado à constipação funcional e “não retentivo” se ocorrer na ausência de sintomas e sinais de constipação funcional. Se liga! O conteúdo aquoso do cólon proximal pode se infiltrar pe- las fezes endurecidas retidas e atravessar o reto sem ser percebido pela crian- ça. Essa encoprese involuntária pode ser confundida com diarreia. Constipação intestinal 6 • Impactação fecal: esse termo é usado para descrever quantidades acentua- damente aumentadas de fezes no reto e cólon. É um julgamento subjetivo ba- seado em achados clínicos, como uma grande massa de fezes observada no exame físico e/ou radiografia (se realizada), especialmente em associação com uma história de evacuação infrequente e de grande calibre. • Disquezia do lactente: caracterizada pela ocorrência de pelo menos 10 minutos de esforço e choro antecedendo a eliminação de fezes moles. Trata-se de uma situação transitória que desaparece espontaneamente, quando o lactente adquire a capacidade de relaxar o esfíncter anal e a musculatura pélvica, quando se esta- belece a prensa abdominal no momento da evacuação. Não requer tratamento. Um lactente em amamentação pode apresentar fezes muito infrequentes de con- sistência normal; em geral, isso é um padrão normal. A constipação verdadeira no período neonatal é mais provavelmente secundária a doença de Hirschsprung, pseu- do-obstrução intestinal ou hipotireoidismo. MAPA MENTAL: INTRODUÇÃO CONSTIPAÇÃO INTESTINAL CausasEpidemiologia Atraso ou dificuldade na defecação que causa desconforto ao paciente Funcional 10-30% das crianças OrgânicasEliminação de fezes endurecidas com dor Dificuldade ou esforço para defecar Comportamento de retenção Aumento do intervalo entre evacuações Incontinência fecal secundária à retenção Pico:pré-escolares Sem diferença entre os gêneros 90-95% Causas neurogênicas Causas endócrinas e metabólicas Causas anatômicas Outras 2. CONSTIPAÇÃO FUNCIONAL Estima-se que cerca de 90 a 95% dos casos de constipação intestinal crônica sejam de natureza funcional. Inclui-se, portanto, nos distúrbios funcionais gastroin- testinais que podem ocorrer em qualquer faixa etária. Mediante a falta de uniformi- dade no diagnóstico dos distúrbios funcionais gastrointestinais, foi desenvolvido o critério de Roma, que valoriza as manifestações clínicas para o estabelecimento do diagnóstico, evitando a realização de muitos testes para descartar outras doenças. Constipação intestinal 7 Embora seja comum, a queixa não deve ser ignorada, pois crianças com consti- pação funcional se beneficiarão de avaliação e tratamento precoces e completos. A intervenção tardia ou inadequada pode resultar em comportamento de retenção de fezes, com piora da constipação e consequências psicossociais. Quadro 2. Transtornos gastrointestinais funcionais nas crianças e adolescentes segundo o Roma IV. Transtornos gastrointestinais funcionais nas crianças e adolescentes Transtornos funcionais de náuseas e vômitos Síndrome dos vômitos cíclicos Náusea funcional e vômito funcional Síndrome da ruminação Aerofagia Transtornos da dor abdominal funcional Dispepsia funcional Síndrome do intestino irritável Enxaqueca abdominal Dor abdominal funcional inespecífica Transtornos funcionais da evacuação Constipação funcional Incontinência fecal não retentora Fonte: Mazzei et al2. Quadro 3. Critérios diagnósticos da constipação funcional para criança com idade entre 0 a 4 anos segundo o Roma IV. Causas de constipação em crianças Pelo menos 2 critérios abaixo: • Duas ou menos evacuações por semana; • Retenção excessiva de fezes; • Comportamento de retenção; • História de evacuações duras ou dolorosas; • Massa fecal no reto; Constipação intestinal 8 Causas de constipação em crianças Criança com treinamento esfincteriano – critério adicional: • Pelo menos um episódio de incontinência fecal por semana; • Fezes volumosas que podem obstruir o vaso sanitário. Deve haver critérios insuficientes para o diagnóstico de síndrome do intestino irritável. Os sintomas não devem ser plenamente explicados por outra condição médica. Fonte: Ramos et al3. Quadro 4. Critérios diagnósticos da constipação funcional para crianças de 4 anos até adolescentes segundo o Roma IV. Causas de constipação em crianças Pelo menos 2 critérios abaixo: Duas ou menos evacuações no banheiro por semana; Pelo menos um episódio de incontinência fecal por semana; História de comportamento de retenção ou retenção voluntária excessiva de fezes; História de evacuações dolorosas ou duras; História de fezes de grande diâmetro que podem obstruir o vaso sanitário; Grande massa fecal no reto. Deve haver critérios insuficientes para o diagnóstico de síndrome do intestino irritável. Os sintomas não devem ser plenamente explicados por outra condição médica. Fonte: Ramos et al3. É evidente que em medicina é fundamental estar atento para a presença de indí- cios sugestivos de doenças que envolvam anormalidades anatômicas, inflamação, infecção ou processos neoplásicos. Na presença desses indícios, o critério de Roma não deve prevalecer até que sejam realizadas as necessárias investigações diag- nósticas que permitam descartar a possibilidade de uma doença que não seja de natureza funcional. Constipação intestinal 9 Se liga! O pediatra também tem um papel importante na identifi- cação da pequena fração de crianças com causas orgânicas de constipação. As causas orgânicas são mais prováveis entre bebês pequenos e entre bebês e crianças que apresentam características atípicas ou “sinais de alarme”. Do ponto de vista etiológico, considera-se que a constipação intestinal funcional, a exemplo dos outros distúrbios funcionais gastrointestinais, seja resultado da in- teração de fatores biopsicossociais. No caso da constipação intestinal funcional, considera-se a existência de um ciclo vicioso de dor nas evacuações, provocando comportamento de retenção. Assim, as fezes ficam mais endurecidas e volumosas, o que aumenta a dor nas evacuações. Esse processo pode determinar perpetuação do quadro de constipação intesti- nal, que pode ter aumento progressivo da gravidade e determinar o aparecimento de complicações (ou manifestações associadas às formas graves de constipação intestinal funcional). Assim, a partir de um quadro inicial de evacuação dolorosa de fezes endurecidas, já no primeiro ano de vida, poderá ocorrer outras manifestações em fases posteriores, como dificuldades para o desenvolvimento do controle es- fincteriano, formação de fecaloma e incontinência fecal por retenção no pré-esco- lar e dor abdominal crônica no escolar. As manifestações podem estar presentes até a adolescência. Quando a criança tem necessidade urgente de defecar, comportamentos típicos incluem a contração dos músculos glúteos com enrijecimento das pernas enquanto está deitado, segurar nos móveis enquanto está em pé ou agachar em silêncio nos cantos, esperando a vontade de defecar passar. A vontade de defecar passa con- forme o reto acomoda-se ao seu conteúdo. Um ciclo vicioso de retenção então se desenvolve e cada vez se torna maior o volume de fezes que precisa ser expelido. Os cuidadores podem mal interpretar essas atividades como esforço para evacuar, mas o comportamento é de retenção das fezes. É frequente histórico de sangue obser- vado nas fezes com evacuações volumosas. Na constipação funcional, encoprese diurna é comum. Constipação intestinal 10 Saiba mais! A Fundação Roma (FR) publicou em 2016 a quarta versão da sua obra fundamental que trata dos distúrbios funcionais do trato digestivo. Diferentemente dos últimos consensos (Roma I, II e III) que eram somente um livro, o Roma IV tem dois volumes e mais cinco livros. Os livros trazem algoritmos de diagnósticos, mostrando como fazer a avaliação e facili- tando para o médico chegar ao seu diagnóstico e tratamento através de algorit- mos e tabelas. MAPA MENTAL: CONSTIPAÇÃO FUNCIONAL CONSTIPAÇÃO FUNCIONAL 90-95% dos casos de constipação Resulta de fatores biopsi- cossociais Ciclo vicioso de dor perpetua a constipação Pode ser diagnosticada pelo critério de Roma IV Avaliação e tratamento precoces oferecem benefícios 3. FISIOPATOLOGIA Há três períodos durante os quais o bebê e a criança em desenvolvimento são particularmente propensos a desenvolver constipação funcional: • Após a introdução de cereais e alimentos sólidos na dieta (idade de seis meses a um ano); • Durante o treinamento de banheiro (idade de dois a três anos); • Durante o início da escola (de três a cinco anos). Esses marcos importantes de desenvolvimento podem ser experiências positivas. Por outro lado, cada um desses marcos pode converter a defecação em uma ex- periência desagradável. Essa experiência infeliz pode levar a criança a tentar evitar repeti-la, levando a comportamentos que promovem a constipação. A fisiopatologia da constipação funcional em adolescentes mostra semelhanças com crianças mais novas. Em adolescentes, distúrbios alimentares, estressores escolares e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) podem pro- mover ou exacerbar a constipação. Em pacientes com anorexia nervosa ou bulimia, a constipação pode resultar da ingestão inadequada de alimentos e líquidos. A Constipação intestinal 11 incontinência fecal associada à constipação funcional é especialmente angustiante em pacientes adolescentes; está associada à baixa autoestima e isolamento social e pode ter um grande impacto deletério na qualidade de vida. Defecação dolorosa A defecação dolorosa é um gatilho comum para a retenção de fezes e contribui para o desenvolvimento e persistência da constipação crônica. Quando a criança evita defecar por causa da dor, as fezes se acumulamno reto e ficam mais duras ou maiores, causando ainda mais dor quando são eliminadas. O problema subjacente da constipação deve ser resolvido imediatamente para evitar esse ciclo crescente. Crianças que retêm as fezes para evitar a defecação devido à dor ou outras ex- periências negativas têm uma forma de constipação funcional ou comportamental. A reação da criança de ignorar o desejo de defecar é provavelmente uma decisão consciente inicialmente, mas depois se torna automática. A única atividade motora anormal na maioria das crianças com constipação crônica é encontrada no reto, que pode se dilatar a tal ponto que não é gerada pressão suficiente para empurrar as fe- zes para o canal anal. Estudos manométricos sugeriram que algumas crianças cons- tipadas têm “dissinergia” (contração do esfíncter externo quando tentam defecar), mas alguns especialistas consideram esse achado voluntário (ou seja, o equivalente manométrico da retenção). Outras crianças parecem ter relaxamento insuficiente do esfíncter interno (que não está sob controle voluntário), conhecido como acalasia do esfíncter anal interno (EEI). A prevalência desta condição e suas implicações subja- centes não estão bem definidas. Alguns pacientes com esse achado respondem ao tratamento periódico com toxina botulínica para ajudar a relaxar o esfíncter anal. Em populações selecionadas, como crianças com constipação grave de trânsito lento re- fratária ao tratamento padrão, foram relatadas anormalidades da motilidade colônica e histologia sugerindo disfunção neuromuscular subjacente. A defecação dolorosa frequentemente precede a impactação fecal crônica e o soiling, especialmente em crianças pequenas. Problemas com o treinamento do banheiro O treinamento do banheiro é um marco de desenvolvimento que afeta a autoes- tima e a independência. Para dominar o uso do banheiro, uma criança deve desen- volver a habilidade e o interesse em reter a evacuação até que possa ser liberado no vaso sanitário. Esse comportamento geralmente leva à defecação menos frequente e pode levar a evacuações duras e dolorosas, que por sua vez levam a uma maior contenção voluntária. O problema pode ser agravado se o treinamento esfincteriano for incentivado com muito vigor antes que a criança esteja pronta para o desenvolvi- mento. Podem ocorrer lutas de poder se o treinamento do banheiro for imposto por um dos pais a uma criança despreparada, podendo levar a vários problemas, um dos Constipação intestinal 12 quais é constipação. Crianças com distúrbios de hiperatividade, distúrbios sensoriais e/ou autismo podem ter maior risco de ter dificuldades adicionais com o treinamen- to para ir ao banheiro, o que desencadeia ou agrava a constipação. Se liga! A Academia Americana de Pediatria (AAP) enfatiza que os pais e cuidadores devem evitar coagir seus filhos ao treinamento do banheiro e, em vez disso, observar os sinais de que a criança está pronta para o desen- volvimento. O treinamento do banheiro funciona melhor quando está alinhado com os sinais de prontidão da criança para passar de cada fase. As visitas ao profissional de saúde podem ajudar os pais a antecipar e gerenciar de forma otimizada as etapas do processo. Aspectos da dieta A dieta moderna tem sido citada como contribuinte para a constipação infantil. Ao contrário das gerações anteriores, as crianças hoje consomem grandes quantida- des de alimentos altamente processados em detrimento de frutas, vegetais e fibras. Embora o aumento da ingesta de fibras seja frequentemente recomendado para constipação aguda e crônica, a base de evidências para essa prática é fraca e um tanto conflitante. Embora uma dieta balanceada incluindo frutas, vegetais e fibras seja recomendada para todas as crianças e possa ser útil na prevenção ou tratamen- to da constipação leve, há poucas evidências de que adicionar fibras à dieta seja um tratamento eficaz para a constipação grave. Em bebês, a adição de cereais à dieta frequentemente faz com que as fezes se tornem mais formadas e às vezes provoca constipação. Esse gatilho geralmente po- de ser identificado na história. A relação entre o leite de vaca e a constipação é controversa. Alguns bebês ou crianças parecem ter melhora na constipação quando trocam o leite de vaca por uma fórmula de soja. Um mecanismo alérgico foi sugerido, mas não estabelecido. Condições predisponentes Os transtornos do espectro do autismo (TEA) parecem predispor à constipação funcional com ou sem incontinência fecal. Da mesma forma, constipação funcional e incontinência fecal associada são par- ticularmente comuns entre crianças com TDAH. O mecanismo para a associação Constipação intestinal 13 entre TDAH e constipação funcional não está claro, mas pode incluir processamento sensorial atípico ou ignorar estímulos sensoriais, outros fatores que interferem no progresso normal do treinamento esfincteriano ou efeitos colaterais de medicamen- tos usados para tratar o TDAH. Predisposição familiar As crianças de algumas famílias podem ser predispostas a desenvolver constipa- ção. Em um estudo longitudinal, uma história familiar de constipação foi observada em mais da metade das crianças com constipação crônica e spoiling observada du- rante um período de sete anos. As razões para esta tendência familiar não são claras e podem incluir fatores genéticos, ambientais e/ou dietéticos compartilhados. MAPA MENTAL: FISIOPATOLOGIA FISIOPATOLOGIA Defecação dolorosa Problemas com o treinamento esfincteriano Dieta Predisposição familiar Condições predisponentes (TEA, TDAH) 4. QUADRO CLÍNICO No lactente, em geral, observam-se com mais frequência manifestações clínicas caracterizadas pela evacuação de fezes endurecidas, em cíbalos, eliminadas com dor, esforço e dificuldade. É comum, também, a presença de fissura anal. Nem sem- pre se constata aumento no intervalo entre as evacuações. Constipação intestinal 14 TIPO 1 Separado em caroços duros TIPO 2 Comprido, cilíndrico e encaroçado TIPO 3 Comprido, cilíndrico e com rachaduras TIPO 4 Comprido, cilíndrico e macio TIPO 5 Gotas macias com bordas bem definidas TIPO 6 Consistência mole com bordas irregulares TIPO 7 Consistência líquida sem pedaços sólidos Escala de fezes de Bristol Figura 1. Escala de Bristol. Fonte: VectorMine/Shutterstock.com. Nessa fase, atenção especial deve ser dada ao diagnóstico diferencial com a doença de Hirschsprung (megacólon congênito) e à alergia à proteína do leite de vaca (APLV). Assim, retardo na eliminação de mecônio, eliminação explosiva de fe- zes ao toque retal, distensão abdominal e massa fecal abdominal volumosa, assim como eliminação de fezes em fita e ampola retal vazia, são sugestivos de doença de Hirschsprung. Por sua vez, a alergia à proteína do leite de vaca pode ser conside- rada nos pacientes com constipação intestinal iniciada logo após a introdução da Constipação intestinal 15 proteína do leite de vaca na dieta, presença de fissura anal persistente, antecedente de perda de sangue nas fezes e falta de resposta à terapêutica convencional. A partir do segundo ano de vida, pode-se caracterizar o comportamento de re- tenção. Constata-se, também, ampliação do intervalo entre as evacuações, que se caracterizam pela eliminação de fezes de maior calibre e consistência, com grande esforço e dor. Após o controle esfincteriano, pode-se constatar entupimento do vaso sanitário em função da eliminação de fezes muito volumosas. No pré-escolar e escolar, pode-se constatar a incontinência fecal por retenção. Os pacientes perdem o conteúdo fecaloide na cueca ou na calcinha. Quando isso é percebido por outras crianças, os pacientes podem ser vítimas de discriminação. Mesmo os pais, que não sabem que se trata de um processo involuntário, muitas vezes adotam atitudes inadequadas como repreensões e castigos. Nesse momen- to, percebe-se que as crianças apresentam maior agressividade, menor autoestima, ambiente familiar com maior hostilidadee, ainda, menor qualidade de vida. As mães podem apresentar certos indícios de depressão. Outras manifestações clínicas podem ocorrer em associação com a constipa- ção intestinal, como dor abdominal crônica reversível com o controle da consti- pação intestinal, enurese noturna, falta de apetite e sintomas de infecção urinária atual ou pregressa. O exame físico pode revelar a presença de massa fecal palpável no abdome. Em geral, localiza-se no hipogástrio, entretanto, pode ocupar toda a extensão do colo nos casos mais graves. O toque retal pode revelar o preenchimento da ampola retal com fezes endurecidas. Essas anormalidades do exame clínico podem ser constatadas em cerca da metade dos pacientes atendidos em serviços especializados. O principal papel da história e exame físico na avaliação da constipação são pa- ra excluir outros distúrbios que se apresentam com dificuldades para a defecação e identificar complicações. As informações que devem ser ativamente procuradas incluem: a idade do início dos sintomas, o sucesso ou fracasso no treinamento es- fincteriano, frequência e consistência das fezes, dor e/ou sangramento durante a passagem das fezes, a coexistência de dor abdominal ou incontinência fecal (se presente e se for também noturna), o comportamento retentor, a história dietética, mudanças no apetite, náuseas e/ou vômitos e perda de peso. Causas orgânicas de constipação devem ser consideradas quando o compor- tamento de esforço é acompanhado de sinais de alarme: atraso na eliminação do mecônio (após 48h de vida), febre, vômito ou diarreia, sangramento retal e distensão abdominal grave. Constipação intestinal 16 Quadro 5. Sinais e sintomas de alarme em pacientes com constipação intestinal. Transtornos gastrointestinais funcionais nas crianças e adolescentes Constipação com início no primeiro mês de vida Retardo na eliminação de mecônio Antecedente familiar de doença de Hirschsprung Eliminação de fezes em fita Sangue nas fezes na ausência de fissura anal Déficit de crescimento Febre Vômitos biliosos Glândula tireoide anormal Distensão abdominal intensa Fístula perianal Posição anormal do ânus Ausência do reflexo cremastérico Anormalidades neuromotoras nos membros inferiores Tufo de pelos na região sacral Depressão (dimple) na região sacral Desvio do sulco interglúteo Medo excessivo durante a inspeção anal Cicatrizes anais Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria. Se liga! As manifestações clínicas consideradas complicações da constipação crônica funcional são: dor abdominal recorrente, vômitos, fezes com sangue, infecções urinárias de repetição, retenção urinária e a enurese. Vale mencionar que a diminuição do apetite e a anorexia ocorrem com frequên- cia, podendo atuar como um fator de agravo e perpetuação da constipação. Constipação intestinal 17 MAPA MENTAL: FISIOPATOLOGIA FISIOPATOLOGIA Lactente > 1 ano Pré-escolar e escolar • Fezes endurecidas eliminadas com dor, esforço e dificuldade • Fissura anal • Comportamento de retenção • Ampliação do intervalo entre evacuações • Eliminação de fezes de maior calibre e consistência com grande esforço e dor • Incontinência fecal por retenção • Outras: dor abdominal crônica, enurese noturna, falta de apetite, sinais de infecção urinária 5. AVALIAÇÃO O diagnóstico de constipação intestinal funcional é clínico e tem como base as informações da anamnese e do exame físico, conforme preconizado pelo critério de Roma IV. Apesar de mais de 95% dos casos de constipação intestinal crônica serem de natureza funcional, é muito importante que na avaliação clínica seja dada atenção especial à pesquisa de indícios de outras causas de constipação intestinal já descritas. Se liga! O diagnóstico de constipação intestinal funcional em geral é clínico e estabelecido de acordo com o critério de Roma IV. Inicialmente, é fundamental que se defina se existe ou não impactação fecal (fecaloma), que em geral está presente em pacientes com incontinência fecal por retenção. Nesses pacientes, deve-se pesquisar massa fecal na palpação abdominal, em especial na região do hipogástrio e do colo sigmoide. O toque retal pode revelar a presença de grande quantidade de fezes endurecidas. A radiografia simples de ab- dome pode contribuir para a caracterização de impactação fecal, especialmente nas situações em que a palpação abdominal é difícil (excesso de peso) e o toque retal não pode ser realizado (recusa do paciente ou suspeita de abuso sexual). Constipação intestinal 18 Em linhas gerais, a partir do diagnóstico clínico, adota-se o tratamento. A falta de resposta ou a recorrência indica a necessidade de exames subsidiários: pesquisa de doença celíaca pela sorologia, testes de função tireoidiana, dosagem de cálcio, exame de urina e urocultura. Deve ser ressaltado que, se houver indícios clínicos de outras doenças causadoras de constipação intestinal, os exames específicos devem ser solicitados. A manometria anorretal deve ser utilizada para a pesquisa do reflexo inibitório retoanal, que, quando presente, permite descartar o diagnóstico de me- gacólon congênito. Teste terapêutico com dieta isenta de proteína do leite de vaca também pode ser considerado, sendo obrigatório o teste de desencadeamento para confirmação diagnóstica, exceto quando contraindicado. Pode ser necessária, em determinados pacientes, a realização de ressonância magnética da coluna para a pesquisa de medula presa. MAPA MENTAL: AVALIAÇÃO AVALIAÇÃO Diagnóstico clínico Pesquisar fecaloma Tratamento Ausência de resposta ao tratamento ou recorrência Anamnese e exame físico Exame físico e radiografia de abdome Realizar exames subsidiários 6. TRATAMENTO Os fundamentos da terapêutica da constipação intestinal funcional foram esta- belecidos há décadas e, em linhas gerais, estão sendo mantidos nas diretrizes mais recentes. Na prática, as medidas terapêuticas são as seguintes: • Quando houver fecaloma ou impactação fecal, o esvaziamento do reto e do co- lo constitui a primeira e imprescindível etapa. • Educação e orientação sobre a constipação intestinal e seu tratamento. Informações sobre a necessidade de atender o desejo de evacuar, evitando ati- tudes protelatórias. Aproveitar o reflexo gastrocólico e tentar evacuar uma vez ao dia, após uma das refeições principais. • Medidas promotoras da saúde em geral: aumento na ingestão de fibra alimen- tar e fluidos, estimular a prática de atividade física. Constipação intestinal 19 • Tratamento de manutenção com o objetivo primordial de prevenção da forma- ção de fecaloma. • Conforme mencionado, a desimpactação é a primeira etapa do tratamento. Assim, é necessário estabelecer o diagnóstico da presença ou não de retenção fecal. Incontinência fecal por retenção, massa fecal palpável e reto preenchido com fezes são manifestações clínicas indicativas de impactação fecal. Quando necessário, pode-se solicitar radiografia simples de abdome. • A desimpactação pode ser realizada com enemas por via retal ou por via oral. Classicamente, é realizada com enemas por via retal; no entanto, nos últimos anos vem sendo recomendada a desimpactação por via oral, com a utilização do polietilenoglicol (PEG) 3350 ou 4000 (macrogol). No Brasil, o PEG 4000 sem eletrólitos pode ser preparado em farmácias de manipulação. • Tanto pela via oral como retal, em geral são necessários 3 a 5 dias para se ob- ter plena desimpactação. • Em geral, os enemas são realizados com solução fosfatada a partir dos 2 anos de idade. Em lactentes, podem ser usados minienemas com sorbitol. No ambiente hospitalar, a solução de glicerina constitui uma alternativa para o enema fosfatado. • O tratamento de manutenção deve ser iniciado quando se obtém plena desim- pactação, ou seja, eliminação de fezes amolecidas sem dor ou dificuldade e redução expressiva na frequência da incontinência fecal por retenção. • Deve ser utilizado um laxante por via oral, diariamente, na dose individualizadapara obter regularização do hábito intestinal. Lembrando que o óleo mineral não deve ser prescrito nos dois primeiros anos de vida e para pacientes com comprometimento neurológico, em função do risco de aspiração e desenvolvi- mento de pneumonia lipoídica. Se a criança se encontrar na idade do treinamento esfincteriano, este deverá ser postergado por cerca de 2 meses após o controle da constipação. Para os pacientes com controle esfincteriano, deve-se recomendar que atendam prontamente o desejo de evacuar. Quando não se observa evacuação espontânea, deve ser sugerida a per- manência no vaso sanitário durante alguns minutos após uma das refeições do dia. Com relação à dieta, o ponto central é recomendar dieta rica em fibra alimentar, indi- cada com base na observação da associação entre dieta pobre em fibra alimentar e constipação intestinal. Suplementos de fibra também podem ser utilizados. Assim, para atingir o teor ideal de fibra alimentar, podem ser incluídos na dieta cereais in- tegrais ou farelo de trigo e grãos. As frutas devem ser ingeridas com casca. Frutas secas apresentam alto teor de fibra alimentar. Milho cozido ou pipoca, azeitonas e trigo para quibe são opções bem aceitas, assim como sementes de linhaça, girassol e gergelim, noz-pecã, castanha de caju e amêndoas. Priorizar sobremesas com fibra alimentar, como goiabada-cascão, doce de abóbora, arroz-doce com uvas-passas, chocolate com coco. Deve ser recomendado maior consumo de líquidos e aumento da atividade física. Constipação intestinal 20 Saiba mais! Deve ser destacado que a diretriz da North American Society for Pediatric Gastroenterology, Hepatology, and Nutrition (NASPGHAN) e da European Society for Pediatric Gastroenterology, Hepatology, and Nutrition (ESPGHAN) de 2014 não recomenda a utilização de maior consumo de fibra e líquidos no tratamento de manutenção da constipação intestinal, em função de não existirem evidências clínicas comprobatórias em ensaios clínicos duplo-ce- gos, randomizados e controlados por placebo. Entretanto, deve ser destacado que a falta de evidências favoráveis não sig- nifica que uma determinada conduta terapêutica não seja efetiva. Por outro lado, o consumo de fibra alimentar pela população em geral é inferior ao das recomendações. Assim, pode-se considerar que uma dieta rica em fibra alimentar deva ser recomendada não somente para o tratamento da consti- pação intestinal como também como uma medida geral para a promoção da saúde presente e futura. O tratamento de manutenção com laxante deve se estender por pelo menos 3 me- ses. Após melhora do quadro clínico, deve-se retirar o laxante progressivamente (pre- ferível decrescer a dose, mas manter a administração diária). É importante destacar que, com frequência, ocorre falta de adesão ao tratamento, sendo uma das principais causas de fracasso terapêutico com recidiva da impactação fecal. Observa-se, tam- bém com frequência, a prescrição e/ou administração de dose baixa ou não continu- ada do laxante. Não existem evidências suficientes que justifiquem a prescrição de probióticos e prebióticos no tratamento da constipação intestinal. Tabela 1. Súmula dos principais medicamentos para desimpactação e tratamento de manutenção da constipação intestinal funcional. Súmula dos principais medicamentos para desimpactação e trata- mento de manutenção da constipação intestinal funcional Desimpactação Dose Efeitos colaterais Observações Polietilenoglicol 3350 e 4000 1,0 a 1,5 g/kg/dia, via oral, máximo por 6 dias Enema fosfatado 2,5 mL/kg/dia, dose máxima de 133 mL/ dose, via retal Duração máxima da desimpactação: 6 dias Não usar antes dos 2 anos de idade Risco de trauma mecâ- nico no reto, distensão abdominal e vômitos; pode provocar quadro grave e letal de hiper- fosfatemia e hipocal- cemia com tetania Parcela dos eletrólitos é absorvida, mas se a função renal é normal, não ocorre toxicidade; a maior parte dos efeitos colaterais é observa- da em pacientes com insuficiência renal ou doença de Hirschsprung Constipação intestinal 21 Súmula dos principais medicamentos para desimpactação e trata- mento de manutenção da constipação intestinal funcional Tratamento de manutenção Dose Efeitos colaterais Observações Lactulose 1 a 3 mL/kg/dia, via oral Flatulência e dor abdominal Bem tolerada em longo prazo Leite de magnésia (hi- dróxido de magnésio) 1 a 3 mL/kg/dia, via oral Pode causar intoxicação por magnésio em lac- tentes; sobredosagem pode ocasionar hiper- magnesemia, hipofos- fatemia e hipocalemia; não usar em pacientes com insuficiência renal Efeito osmótico; libera colecistoquinina, que estimula a secreção e a motilidade intestinal Óleo mineral 1 a 3 mL/kg/dia, via oral Dose máxima: 60 a 90 mL/dia Não prescrever para lactentes e portado- res de neuropatia Se aspirado, provoca pneumonia lipoídica; teoricamente pode dimi- nuir a absorção de vita- minas lipossolúveis, mas não existe comprovação em estudos clínicos; perda anal indica dose superior à necessária Polietilenoglicol 3350 e 4000 0,2 a 0,8 g/kg/ dia, via oral Apresentação com eletrólitos tem menor aceitação e pode provo- car náuseas e vômitos Bem tolerado; não há evidências sobre a se- gurança em lactentes Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria5. Se liga! Se os pacientes com constipação apresentarem dor ab- dominal inferior que persiste após a terapia com laxantes, apesar de evacua- ções regulares e moles, a síndrome do intestino irritável com predominância de constipação deve ser considerada como diagnóstico. A longa duração da sintomatologia precedendo o tratamento associa-se com pior prognóstico, assim como diagnóstico e terapêutica precoce associam-se com me- lhor evolução. Cerca de 80% dos pacientes tratados com precocidade apresentam recuperação e ficam livres de laxantes após 6 meses. Por outro lado, essa taxa é de apenas cerca de 30% naqueles pacientes com diagnóstico mais tardio. Não foram identificados outros preditores de bom prognóstico além da duração pregressa da doença. Estudos sobre o prognóstico da constipação intestinal funcional tratada em Constipação intestinal 22 serviços especializados mostram que, após um ano de tratamento, cerca da metade dos pacientes está controlada, sem a necessidade de uso de laxante. Estima-se que, no prazo de 5 anos, metade dos pacientes apresente uma recidiva da constipação intestinal. Nesse contexto, é importante o acompanhamento e, quan- do necessário, a reintrodução imediata do tratamento. MAPA MENTAL: TRATAMENTO Tratamento Desimpactação (preferencialmente via oral) Educação e orientação Promoção da saúde Tratamento de manutenção: laxante por via oral diariamente Constipação intestinal 23 MAPA MENTAL GERAL Atraso ou dificuldade na defecação que causa desconforto ao paciente Epidemiologia Causas 10-30% das crianças Pico: pré-escolares Funcional Orgânicas 90-95% dos casos Causas neurogênicas Resulta de fatores biopsicossociais Causas endócrinas e metabólicas Ciclo vicioso de dor perpetua a constipação Causas anatômicasDiagnóstico: critérios de Roma IV Avaliação e tratamento precoces oferecem benefícios Outras Fisiopatologia Defecação dolorosa Predisposição familiar Dieta Problemas com o treinamento esfincteriano Condições predisponentes TEA TDAH Quadro clínico Lactente > 1 ano Pré-escolar e escolar Fezes endurecidas eliminadas com dor, esforço e dificuldade Comportamento de retenção Incontinência fecal por retenção Fissura anal Ampliação do intervalo entre evacuações Outras • Dor abdominal crônica • Enurese noturna • Falta de apetite • Sinais de infecção urinária Eliminação de fezes de maior calibre e consistência com grande esforço e dor Avaliação Diagnóstico Pesquisar fecaloma Se ausência de resposta ao tratamento ou recorrência Clínico Exame físico Realizar exames subsidiáriosRadiografia de abdome Tratamento Desimpactação Educação eorientação Promoção da saúde Tratamento de manutenção Preferencialmente via oral Laxante por via oral diariamente Constipação intestinal 24 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Kliegman RM, et al. Nelson Tratado de Pediatria. 20. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2018. Mazzei IT, Fagundes Neto U. Transtornos Gastrointestinais Funcionais: Critérios de Roma IV – lactentes, escolares e adolescentes. [Internet]. 2018. [acesso em: 11 abr. 2022]. Disponível em: https://www.igastroped.com.br/transtornos-gastrointestinais- -funcionais-criterios-de-roma-iv-lactentes-escolares-e-adolescentes/. Ramos ARL, Pinto RB, Sanfelice FS. Constipação crônica funcional: como o pediatra deve manejar. [Internet]. 2019. [acesso em: 11 abr. 2022]. Disponível em: https:// www.sprs.com.br/sprs2013/bancoimg/190521112509Artigo_Constipacao_croni- ca_funcional.pdf. Sociedade Brasileira de Pediatria. Tratado de pediatria: Sociedade Brasileira de Pediatria. 4. ed. Barueri: Manole, 2017. Sood MR. Chronic functional constipation and fecal incontinence in infants, children, and adolescents: Treatment. [Internet]. 2021. [acesso em: 11 abr. 2022]. Disponível em: https://www.uptodate.com/contents/chronic-functional-constipation-and-fecal- -incontinence-in-infants-children-and-adolescents-treatment. Sood MR. Constipation in infants and children: Evaluation. [Internet]. 2021. [aces- so em: 11 abr. 2022]. Disponível em: https://www.uptodate.com/contents/ constipation-in-infants-and-children-evaluation. Sood MR. Functional constipation in infants, children, and adolescents: Clinical featu- res and diagnosis. [Internet]. 2021. [acesso em: 11 abr. 2022]. Disponível em: https:// www.medilib.ir/uptodate/show/99538. sanarflix.com.br Copyright © SanarFlix. Todos os direitos reservados. Sanar Rua Alceu Amoroso Lima, 172, 3º andar, Salvador-BA, 41820-770 Introdução Constipação funcional Fisiopatologia Defecação dolorosa Problemas com o treinamento do banheiro Aspectos da dieta Condições predisponentes Predisposição familiar Quadro clínico Avaliação Tratamento Referências bibliográficas
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