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ISSN: 2317-1308 UNISANTA Law and Social Science – p. 30 - 34; Vol. 1, nº 1 (2012) Página 30 MASP – Método de Análise e Solução de Problemas – aplicado à gestão das trilhas da Estação Ecológica Juréia Itatins/Núcleo Arpoador – Município de Peruíbe – SP Vinicius Roveri 1 , Cynthia Stelita Schalch 1 ; Walter Barrella 2 , Milena Ramires 2 1Mestrando em Ecologia da Universidade Santa Cecília/Unisanta- Santos-SP, 2 Professor do Programa de Mestrado em Ecologia da Universidade Santa Cecília/Unisanta- Santos-SP O MASP – Método de Análise e Solução de Problemas é um método prescritivo, racional, estruturado e sistemático para o desenvolvimento de um processo de melhoria num ambiente organizacional, visando solução de problemas e obtenção de resultados otimizados. Mediante o exposto, o presente trabalho terá como objetivo aplicar a técnica MASP na gestão das trilhas da Estação Ecológica Juréia Itatins (EEJI), núcleo Arpoador, município de Peruíbe-sp e demonstrar como esta ferramenta pode ser utilizada, com eficiência, na resolução de problemas na área de saúde, segurança e meio ambiente. Além disso, o trabalho objetiva apresentar o MASP como ferramenta de diagnóstico e prognóstico de problemas na área de QSMS, podendo assim, ser utilizada por outros profissionais da área que trabalhem com planejamento e gestão. O trabalho se desenvolveu no período de 02 à 04 de novembro de 2012, durante a disciplina de Campo V do programa de Mestrado em Ecologia da Unisanta, que ocorreu na EEJI. O trabalho consistiu em realização de entrevistas com pesquisadores, guarda-parques e monitores ambientais que expuseram a sua percepção sobre a qualidade das trilhas. Após a entrevista, aplicou-se, por intermédio de 4 ferramentas da qualidade (Diagrama de Pareto, Diagrama de Ishikawa, Matriz GUT e 5W1H) as 4 etapas iniciais do MASP. Os resultados demonstraram que é a técnica foi eficiente para a descoberta de causas significantes proporcionando condições de propor soluções para a melhoria contínua da gestão das trilhas da EEJI. Palavras-chave MASP; Ferramentas da Qualidade; Estação Ecológica; Juréia Itatins; Gestão de Trilhas ___________________________________________________________________________ MASP - Method of Analysis and Troubleshooting - applied to the management of trails Ecological Station Juréia Itatins / Core Arpoador- County Peruíbe – SP MASP - Method of Analysis and Troubleshooting is a prescriptive method, rational, structured and systematic development of a process of improvement in an organizational environment, aiming troubleshooting and obtaining optimal results. By the above, this paper will aim to apply the technique in the management of trails MASP Ecological Station Juréia Itatins (EEJI), core Arpoador, municipality of Peruibe-sp and demonstrate how this tool can be used effectively in the resolution of problems in health, safety and environment. In addition, the study presents the MASP as a tool for diagnosis and prognosis of problems in the area of QHSE and can therefore be used by other professionals who work with planning and management. The work was developed in the period from 02 to Nov. 4, 2012, during the course of the V Field Master's program in Ecology Unisanta, which occurred in EEJI. The work consisted of interviews with researchers, park rangers and environmental monitors that ISSN: 2317-1308 UNISANTA Law and Social Science – p. 30 - 34; Vol. 1, nº 1 (2012) Página 31 exposed their perception about the quality of the tracks. After the interview was applied by means of four quality tools (Pareto Diagram, Ishikawa Diagram, Matrix GUT and 5W1H) the 4 stages of the MASP. The results showed that it was efficient technique for discovery of significant causes providing conditions to propose solutions to the continuous improvement of the management of trails EEJI. Keywords MASP; Quality Tools; Ecological Station; Juréia Itatins; Management Tracks INTRODUÇÃO Segundo Colengui (2007), “o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas é um método prescritivo, racional, estruturado e sistemático para o desenvolvimento de um processo de melhoria num ambiente organizacional, visando solução de problemas e obtenção de resultados otimizados.” O presente trabalho terá como objetivo aplicar a técnica MASP na gestão das trilhas da Estação Ecológica Juréia Itatins (EEJI), núcleo Arpoador, e demonstrar como esta ferramenta pode ser utilizada, com eficiência, na resolução de problemas na área de saúde, segurança e meio ambiente. Além disso, o trabalho objetiva apresentar o MASP como ferramenta de diagnóstico e prognóstico de problemas na área de QSMS, podendo assim, ser utilizada por outros profissionais da área que trabalhem com planejamento e gestão. MATERIAIS E MÉTODOS Para a aplicação da técnica MASP, inicialmente realizou-se uma reunião de trabalho no dia 26 de outubro de 2012, com o objetivo de identificar uma situação problema que pudesse ser verificada durante a disciplina de campo V, do programa de Mestrado Acadêmico em Ecologia da Universidade Santa Cecília de Santos-sp, que ocorreu do dia 02 à 04 de novembro de 2012 na Estação Ecológica Juréia Itatins, núcleo Arpoador. A pergunta definida pela equipe foi: “Qual o principal problema que você encontrou na gestão e manutenção das trilhas da EEIJ?” Após a criação da pergunta chave, elaborou-se um questionário contendo as seguintes opções de respostas: Presença de lixo; Falta de manutenção e conservação; Dificuldades de acesso; Falta de sinalização e orientação indicativa (grau de risco, tempo de percurso, etc.); Ausência de monitoria específica da trilha. Além das opções anteriores, também foi proposta a opção “outros, detalhar”, onde o entrevistado poderia sugerir algo que não estivesse no rol de opções. A escolha das opções de respostas teve como referencial teórico o trabalho de (COSTA, 2007) que descreve alguns problemas encontrados em trilhas de duas unidades de conservação do Estado do Rio de Janeiro: Parque Estadual da Pedra Branca (PEPB) e Parque Natural Municipal de Nova Iguaçu (PNMNI). O questionário foi aplicado para onze pessoas (entre guarda-parques; monitores ambientais; pesquisadores) entre os dias 02 e 03 de novembro de 2012 na própria sede da EEJI. Os entrevistados tiveram a liberdade de escolher uma ou mais opções de respostas. Após a aplicação dos questionários, iniciou-se a realização da técnica MASP que percorreu as seguintes etapas: 1º Passo: Realização do Diagrama de Pareto com o objetivo de verificar, estatisticamente, através da elaboração de um gráfico, os principais problemas que devem ser alvo de propostas de mitigação e controle; 2º Passo: Realização do Diagrama de Ishikawa com o objetivo de detalhar, após o diagrama de Pareto, quais as principais causas que tem ISSN: 2317-1308 UNISANTA Law and Social Science – p. 30 - 34; Vol. 1, nº 1 (2012) Página 32 levado à má gestão das trilhas da EEIJ. 3º Passo: Uso da matriz GUT para priorizar a causa mais grave e urgente que deve receber atenção especial de propostas de mitigação e/ou controle. 4º Passo: Uso da técnica 5W1H para criar um plano de ação para a solução dos problemas prioritários. RESULTADOS E DISCUSSÃO A Tabela 1 apresenta a lista de verificação com o resultado do questionário: Tabela 1: Lista de verificação (resultado da pesquisa) Diagrama de Pareto Após a aplicação do questionário, realizou-se o diagrama de Pareto conforme descrito na Tabela 2 e figura 1: Tabela 2: Planilha para construção (Pareto) Figura 1: Gráfico de Pareto. Com o gráfico de Pareto é possível destacar a “Falta de manutenção e conservação das trilhas” e a “falta de sinalização e orientação indicativa” como os problemas mais citados pelos entrevistados. Após a constatação,realizou-se o diagrama de Ishikawa com o intuito de explorar com maiores detalhes as causas destes problemas. Diagrama de Ishikawa A figura 2 apresenta as principais causas dos problemas que foram levantadas pela equipe de avaliação: ISSN: 2317-1308 UNISANTA Law and Social Science – p. 30 - 34; Vol. 1, nº 1 (2012) Página 33 Figura 2: Diagrama de Ishikawa (causas e consequências) Com a realização do diagrama, é possível verificar que a “falta de segurança” tem como principais causas a ausência de informações sobre riscos da trilha e de técnicas de caminhadas na trilha, o que leva a um aumento de possibilidades de quedas e lesões. A ausência de informações sobre uso de vestimentas adequadas (roupas, calçados, etc.) e EPI`s (exemplo perneiras contra ataque de animais peçonhentos) também aparecem como causas importantes que devem ser observadas pela equipe de gestão. A ausência de guarda corpo em alguns trechos da trilha também foi considerada como causa significativa. Outro problema que apresentou bastantes causas e sub causas pela equipe, foi a falta de “sinalização das trilhas”. A equipe considerou que a ausência de placas indicativas sobre: grau de dificuldade do percurso; sobre a distância há ser percorrida; graus de riscos da trilha; e orientação de cunho ambiental referente à indicação dos tipos de espécies de fauna e flora (função ecológica; riscos, etc.) sejam situações preocupantes quando se trata da segurança dos visitantes da EEJI. Matriz GUT Com o objetivo de confirmar as observações feitas durante o diagrama de Ishikawa, o próximo passo foi a elaboração da matriz GUT. Com a matriz, foi possível verificar se as observações realizadas pela equipe realmente foram significativas e, desta forma, poder priorizar ações para um plano de ação. A Tabela 3 apresenta os resultados da matriz GUT: Tabela 3: Priorização com a matriz GUT Com a realização da matriz, a equipe pode confirmar a percepção de que a falta de sinalização e falta de segurança realmente eram os problemas prioritários e preocupantes para a realização de propostas de mitigação e ou controle. Após a matriz, a equipe elaborou o 5w1H ISSN: 2317-1308 UNISANTA Law and Social Science – p. 30 - 34; Vol. 1, nº 1 (2012) Página 34 Plano de Ação 5W1H A última etapa do MASP é a elaboração do 5W1H que busca a realização de um check list, com o intuito de listar ações para a futura elaboração de um projeto mais detalhado. A Tabela 4 apresenta as propostas feitas pela equipe de avaliação: Tabela 4: Plano de Ação (5W1H) CONCLUSÃO Com a elaboração deste artigo, foi possível observar que a técnica MASP é uma importante ferramenta para a análise e solução de problemas na área de saúde, segurança e meio ambiente. Portanto, a técnica se mostra importante para o direcionamento de tomadas de decisões aumentando as chances de se obter um resultado positivo em processos de diagnósticos e prognósticos. Desta forma, este trabalho poderá contribuir para que outros profissionais da área de saúde, segurança e meio ambiente que precisam diagnosticar problemas e propor soluções, possam utilizar esta metodologia aplicada no trabalho para suas atividades profissionais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGUIAR, Paulo Celso G. Aplicação da metodologia de análise e solução de problemas na célula lateral de uma linha de produção automotiva. 2004. 65f. TCC (Especialização, Gestão Indústrial) – Departamento Economia. ALVAREZ, R. R. Desenvolvimento de uma análise comparativa de métodos de identificação, análise e solução de problemas. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal do RioGrande do Sul, 2006. COLENGHI, Vitor Mature; O & M e qualidade total: uma integração perfeita. Vitor Mature Colenghi – 3. ed. – Uberetama: Ed. V. M. Colenghi; 2007. COSTA, N.M.C. Planejamento de trilhas no contexto do manejo e gestão do ecoturismo de unidades de conservação urbanas – Olam- Ciência e Tecnologia, Rio Claro/SP, 2007. Tribunal de Contas da União Internet: http://www.tcu.gov.br SAFS Quadra 4 Lt. 01 CEP: 70042-900 – Brasília-DF Secretário-Geral de Controle Externo Mauricio de Albuquerque Wanderley Secretaria-Geral Adjunta de Controle Externo Edison Franklin Almeida Secretaria de Métodos Aplicados e Suporte à Auditoria Dagomar Henriques Lima Equipe Técnica Nicole Veiga Prata Supervisão Fábio Mafra, Diretor, Diretoria de Métodos Aplicados à Auditoria Revisão Leonard Renne Guimaraes Lapa, Especialista Sênior II, Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão Brasil. Tribunal de Contas da União. Técnica de Análise de Problemas para Auditorias / Tribunal de Con- tas da União. - Brasília: TCU, Segecex, Secretaria de Métodos Aplicados e Suporte à Auditoria (Seaud), 2013. 27 p. 1. Auditoria, painel de referência. 2. Auditoria, manual. I. Título PORTARIA-SEGECEX Nº 21, DE 22 DE OUTUBRO DE 2013 Aprova o documento Técnica de Análise de Problemas para Auditorias. O Secretário-Geral de Controle Externo, no uso de suas atribuições e con- siderando o disposto no art. 33, inciso III, da Resolução-TCU nº 253, de 21 de dezembro de 2012: Considerando que o Plano Estratégico do Tribunal de Contas da União para o quinquênio 2011-2015 definiu como objetivo estratégico “Desenvolver competências gerenciais e profissionais” e como iniciativas estratégicas “Aprimo- rar as metodologias e ações de controle com foco na avaliação de desempenho da Administração Pública” e “Implementar, aperfeiçoar e divulgar as metodologias, normas e padrões aplicados às ações de controle”, resolve: Art. 1º Fica aprovado o documento “Técnicas de Análise de Problemas para Auditorias”. Art. 2º A Secretaria de Métodos Aplicados e Suporte à Auditoria mante- rá atualizado o documento de que trata o artigo anterior, cabendo-lhe, ainda, o esclarecimento de dúvidas e o recebimento de sugestões para o seu aperfeiçoa- mento. Art. 4º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação. MAURICIO DE ALBUQUERQUE WANDERLEY Secretário-Geral de Controle Externo Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Ministro Rubens Rosa Outras técnicas que podem contribuir para a análise de problemas 83. Considerando a contribuição que podem oferecer para o desenvolvi- mento das auditorias, a presente seção discorre de forma simplificada sobre as se- guintes ferramentas de gestão que podem ser utilizadas para orientar, facilitar ou complementar a aplicação da análise de problemas: as técnicas de Brainstorming, Cinco Porquês e Método de Priorização - Matriz GUT. Brainstorming 84. O Brainstorming, ou tempestade de ideias, é um processo desenvolvido em grupo em que os participantes externan ideias de forma livre, sem críticas, no menor espaço de tempo possível, com o objetivo de obter uma lista de opiniões sobre o assunto abordado (JUNIOR et. al., 2008). 85. A utilização do Brainstorming é comum em auditorias. Também au- xilia o desenvolvimento de outras técnicas, como a Análise SWOT e a Análise Stakeholder. Pode ser utilizada, ainda, como técnica complementar às ferramen- tas de análise de problemas apresentadas, subsidiando a definição do problema central e para a identificação das causas. 86. A técnica parte do pressuposto de que as pessoas têm um grande po- tencial de criação, que normalmente é subutilizado. Para que este potencial seja aproveitado e se transforme em ideias criativas e inovadoras, é preciso um am- biente descontraído, respeitoso e de total liberdade para que a pessoa sinta-se à vontade para expor seus pensamentos. As sessões de brainstorming devem criar este ambiente favorável (SILVA, 1996). 87. As sessões para o desenvolvimento da técnica devem ser conduzidas por um facilitador, a quem cabe encorajar a participação de todos. Para que a técnica seja aplicada com sucesso é preciso seguir quatro regras básicas (DAYCHOUM,2007): a) não pode haver críticas sobre as ideias expostas; b) deve-se encorajar os participantes a exporem qualquer pensa- mento, sem inibições e preconceitos, pois a criatividade é bem vinda; c) deve-se incentivar a apresentação de ideias, pois quanto maior o número de pensamentos expostos, melhor para encontrar as boas ideias (quantida- de gera qualidade); d) deve-se estimular os participantes a desenvolverem as ideias uns dos ou- tros. Cinco Porquês 88. A técnica dos Cinco Porquês, também conhecida como “why-why”, é utilizada para identificar as causas-raiz de um problema. Teve origem na década de 1950, na empresa Toyota, que desenvolveu uma série de técnicas e metodolo- gias de trabalho com o objetivo de aumentar o nível de produção, utilizando me- nos recursos. Esse conjunto de técnicas ficou conhecido como Sistema Toyota de Produção e foi fundamental para a sobrevivência da organização que enfrentava a escassez de recursos no Japão do pós-guerra (DOMENECH, 2009). 89. A aplicação da técnica é muito simples. Partindo-se do problema cen- tral, é preciso realizar cinco perguntas, que se iniciam com a expressão “por quê”, com o objetivo de identificar as causas do problema estudado. Assim, o problema é desmembrado em suas causas mais imediatas, que também serão questionadas e assim sucessivamente. O processo continua até atingir o nível raiz, que não pode mais ser desmembrado em nenhuma outra causa (SCARTEZINI, 2009). 90. A técnica parte do princípio de que uma pergunta instiga nas pessoas a necessidade de investigação, procura por dados, produção de ideias e soluções com o intuito de responder aos questionamentos realizados. Assim, as organiza- ções entram num ciclo de aprendizagem contínuo, na busca de melhores práticas e ideias (DOMENECH, 2009). 91. Figura 7 ilustra como a técnica pode ser utilizada. Importante ressaltar que nem sempre é necessário realizar os cinco porquês. Podem ser menos ou mais, desde que se consiga encontrar a causa-raiz. 3433 Figura 7: Exemplo de como a técnica dos Cinco Porquês pode ser utilizada Método de Priorização - Matriz GUT 92. A Matriz GUT é um método de análise de problemas que permite esco- lher aqueles que merecem ter seu tratamento priorizado. A sigla GUT representa a abreviatura dos fatores avaliativos: gravidade, urgência e tendência. Os concei- tos estão detalhados na Tabela 1 abaixo. Tabela 1: Conceito dos fatores avaliativos da Matriz GUT Fonte: CAMPOS et. al, 2002, p.27 Importância G x U x T Impacto do problema sobre as coisas, pessoas, resultados, processos ou organizações e efeitos que surgirão em longo prazo, caso o problema não seja resolvido. Relação com o tempo disponível ou necessário para resolver o problema. Potencial de crescimento do problema, avaliação da tendência de crescimento, redução ou desa- parecimento do problema. Gravidade Urgência Tendência G U T Fonte: DAYCHOUM, 2007, p. 66. 93. A Matriz GUT começou a ser difundida a partir da década de 1950 por William Edwards Deming, nas indústrias do Japão e dos Estados Unidos, junta- mente com outras ferramentas de gestão da qualidade e o ciclo PDCA. 94. A técnica pode ser útil em auditorias para hierarquizar, além de proble- mas, causas ou grupos de causas, com o objetivo de identificar as mais relevantes e as que geram maior impacto no problema estudado para que sejam atacadas de forma prioritária. 95. Cada problema deve ser analisado conforme os três fatores avaliativos e devem ser atribídas notas de 1 a 5, de acordo com as definições dos fatores G, U e T (Tabela 2). Tabela 2: Tabela de referência da Matriz GUT Matriz GUT Pontos Gravidade Consequências se nada for feito Urgência Prazo para a tomada de decisão Tendência Proporção do pro- blema no futuro G x U x T G U T Os prejuízos ou dificuldades são extremamente graves É necessária uma ação imediata Se nada for feito, o agravamento da situação será imediato Muito graves Com alguma urgência Vai piorar em curto prazo Graves O mais cedo possível Vai piorar em médio prazo Pouco graves Pode esperar um pouco Vai piorar em longo prazo Sem gravidade Não tem pressa Não vai piorar ou pode até melhorar 5 4 3 2 1 5 x 5 x5 125 4 x 4 x 4 64 3 x 3 x 3 27 2 x 2 x 2 8 1 x 1 x 1 1 Fonte: DAYCHOUM, 2007, p. 67. 3635 96. Recomenda-se que o método seja desenvolvido em grupo, devendo-se buscar o consenso para a atribuição das notas. Consenso “é a concordância obtida pela argumentação lógica” (SCARTEZINI, 2009, p.23). 97. Para cada problema, as notas de cada fator avaliativo são multiplicadas com as notas dos demais fatores, para a obtenção do resultado final. O próxi- mo passo é organizar os problemas em ordem decrescente. Os que apresentarem maiores notas finais poderão, então, ser priorizados. Caso haja empate, deve-se realizar novo GUT com os dois problemas que receberam a mesma pontuação (SCARTEZINI, 2009). A Tabela 3 traz um exemplo de aplicação da Matriz GUT na priorização de causas de um problema analisado. Tabela 3: Exemplo da aplicação da matriz GUT Matriz GUT Problema: atraso no processo de compras Problemas G x U x T PrioridadeG U T Atraso na liberação de créditos Baixo interesse dos fornecedores nas licitações Atraso na liberação de recursos financeiros Especificações de materiais imprecisas. 12 14 4 4 11 24 4 3 10 34 4 3 9 44 3 1 37 BTCU Administrativo Especial | Ano 37 | n° 19 | Quinta-feira, 20/09/2018 1 SECRETARIA-GERAL DE CONTROLE EXTERNO PORTARIAS PORTARIA-SEGECEX Nº 24, DE 14 DE SETEMBRO DE 2018. Aprova o Roteiro de Levantamento com vistas a orientar a condução da fiscalização prevista no art. 238 do Regimento Interno a cargo das unidades técnicas do Tribunal de Contas da União. O SECRETÁRIO-GERAL DE CONTROLE EXTERNO, no uso das atribuições conferidas pelo art. 34, inciso III, da Resolução-TCU 284, de 30 de dezembro de 2016; e considerando a necessidade de revisar os Padrões de Levantamento aprovados em caráter preliminar pela Portaria-Segecex 15, de 9 de maio de 2011, para ajustá-los aos avanços e novas práticas desenvolvidas pelas unidades técnicas do Tribunal, resolve: Art. 1 º Fica aprovado o documento “Roteiro de Levantamento”, anexo a esta Portaria, a ser observado na condução da fiscalização prevista no art. 238 do Regimento Interno do Tribunal de Contas da União, utilizada para: I - conhecer a organização e o funcionamento dos órgãos e entidades da administração direta, indireta e fundacional dos Poderes da União, incluindo fundos e demais instituições que lhe sejam jurisdicionadas, assim como dos sistemas, programas, projetos e atividades governamentais no que se refere aos aspectos contábeis, financeiros, orçamentários, operacionais e patrimoniais; II - identificar objetos e instrumentos de fiscalização; e III - avaliar a viabilidade da realização de fiscalizações. § 1º As orientações contidas no Roteiro de Levantamento aplicam-se, no que couber, aos estudos preliminares e diagnósticos realizados na fase de planejamento das auditorias e na produção de conhecimento. Art. 2º Compete à Secretaria de Métodos e Suporte ao Controle Externo realizar estudos e propor eventuais ajustes para o aperfeiçoamento do Roteiro de Levantamento, bem como esclarecer dúvidas e receber sugestões acerca desse documento. Art. 3º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação, revogando-se a Portaria- Segecex 15/2011. CLAUDIO SOUZA CASTELLO BRANCO Para verificar as assinaturas, acesse www.tcu.gov.br/autenticidade, informando o código 60216210. BTCU Administrativo Especial | Ano 37 | n° 19 | Quinta-feira, 20/09/2018 43 APÊNDICE I – Avaliação de risco – levantamento de escopo amplo É importante destacar que o trabalho de avaliação de riscos é precedido do levantamento de informações para o entendimento do objeto fiscalizado e do ambiente em que está inserido, incluindo os controles internos. O trabalho de entendimento do objeto fiscalizadoe seu ambiente se inicia na fase de planejamento do levantamento com a aplicação de técnicas de coleta e análise de dados. É nesta fase que a equipe irá realizar pesquisas exploratórias de dados, leituras iniciais, entrevistas com gestores, especialistas e outros atores, bem como são aplicadas técnicas de diagnóstico para sistematizar as informações obtidas e delimitar o escopo do trabalho. Em levantamentos de escopo amplo que vão realizar a avaliação de risco, a principal técnica de diagnóstico utilizada é a análise SWOT. A análise SWOT, exemplificada na Tabela 1 desse apêndice, é utilizada para analisar o ambiente em que o objeto fiscalizado está inserido. Permite que: “(...) sejam identificados pontos fortes e fracos decorrentes de variáveis internas e controláveis pela organização ou política pública. As oportunidades e ameaças são decorrentes de variáveis externas, não diretamente controláveis pelo gestor do objeto do levantamento, mas sobre as quais, por vezes, pode exercer influência. As oportunidades podem propiciar condições favoráveis, desde que o gestor tenha interesse e condições de usufrui- las. As ameaças podem criar condições desfavoráveis, devendo ser minimizadas” (BRASIL, TCU, 2010f, pág.6, adaptado). Os pontos fracos e as ameaças identificadas são as causas dos riscos (também conhecidas como fatores do risco). Assim, é a partir dos pontos fracos e das ameaças que a equipe do levantamento irá, posteriormente, levantar os riscos no nível geral/estratégico. Para verificar as assinaturas, acesse www.tcu.gov.br/autenticidade, informando o código 60216210. BTCU Administrativo Especial | Ano 37 | n° 19 | Quinta-feira, 20/09/2018 44 Tabela 1 – Análise do ambiente interno e externo – SWOT. AMBIENTE INTERNO AMBIENTE EXTERNO + Forças Oportunidades + Pontos fortes – as características positivas internas que um objeto fiscalizado pode explorar para atingir os seus objetivos. Referem-se às habilidades, capacidades e competências básicas que atuam em conjunto para ajudá-lo a alcançar suas metas e objetivos. Ex.: equipe experiente e motivada, recursos tecnológicos adequados. Oportunidades - Características do ambiente externo, não controláveis pelo objeto fiscalizado, com potencial para ajudá-lo a crescer e atingir os objetivos pretendidos. Ex.: diretrizes governamentais favoráveis ao fortalecimento institucional, novas fontes orçamentárias, parcerias com outras instituições. AMBIENTE INTERNO AMBIENTE EXTERNO - Fraquezas Ameaças - Pontos fracos – as características negativas internas que podem inibir ou restringir o desempenho do objeto fiscalizado. Referem-se à ausência de capacidades e/ou habilidades críticas. São, portanto, deficiências e características que devem ser superadas ou contornadas para que o objeto fiscalizado possa alcançar o nível de desempenho desejado. Ex.: alta rotatividade de pessoal, sistemas de informação obsoletos, processos internos excessivamente burocratizados. Ameaças - Características do ambiente externo, não controláveis pelo objeto fiscalizado, que podem impedi-lo de atingir os objetivos pretendidos. Ex.: dispersão geográfica do público-alvo, disparidades regionais, conflito de competência. Fonte: BRASIL, TCU, 2010f, pág.6 (adaptado). Outras técnicas de diagnóstico também podem ser utilizadas para a identificação de riscos no nível geral/estratégico, como o mapeamento dos macroprocessos de trabalho que suportam o alcance dos objetivos e a avaliação de controles internos no nível da entidade/objeto fiscalizado. O mapeamento dos macroprocessos permite que a equipe do levantamento tenha uma visão geral da operacionalização do objeto fiscalizado, conforme demostrado na Figura 1. A representação gráfica permite que sejam identificados os elementos que compõem os processos, tais como as principais atividades, fornecedores, insumos, unidades responsáveis, produtos e clientes. Ao analisar os macroprocessos mapeados, a equipe levantará os eventos de riscos que podem comprometer a execução das atividades. Esses riscos se não forem mitigados podem causar, por exemplo, atrasos na entrega e prejudicar a qualidade dos produtos ou serviços disponibilizados. Para verificar as assinaturas, acesse www.tcu.gov.br/autenticidade, informando o código 60216210. Matriz GUT – Guia Básico Hoje falaremos sobre uma ferramenta muito utilizada pelas organizações para priorizar os problemas que devem ser atacados pela gestão, bem como para analisar a prioridade que certas atividades devem ser realizadas e/ou desenvolvidas, em situações como: solução de problemas, estratégias, desenvolvimento de projetos, tomada de decisões e gerenciamento de processos de trabalho etc. Esta ferramenta se chama Matriz GUT, sigla utilizada para resumir as palavras Gravidade, Urgência e Tendência. É uma ferramenta muito importante para a gestão de problemas dentro de uma organização, e se mostra bastante eficaz, apesar da simplicidade no desenvolvimento e manutenção. Ela está ligada, geralmente, à Matriz SWOT e sua análise dos ambientes interno e externo da organização, onde analisa a prioridade de resolução de um problema, que pode estar dentro ou fora da organização. A grande vantagem em se utilizar a Matriz GUT é que ela auxilia o gestor a avaliar de forma quantitativa os problemas da organização, tornando possível priorizar as ações corretivas e preventivas para o extermínio total ou parcial do problema. A sua montagem e utilização são muito fáceis, e serão explicadas neste texto, fiquem de olho. Como montar a Matriz GUT Primeiro passo O primeiro passo para montar a Matriz GUT é listar todos os problemas relacionados às atividades que você terá que realizar em seu departamento, sua organização ou até mesmo suas tarefas em casa, por exemplo. Montando uma matriz simples, contemplando os aspectos GUT e os problemas a serem analisados. Segundo passo Em seguida você precisa atribuir uma nota para cada problema listado, dentro dos três aspectos principais que serão analisados: Gravidade, Urgência e Tendência. Gravidade: Representa o impacto do problema analisado caso ele venha a acontecer. É analisado sobre alguns aspectos, como: tarefas, pessoas, resultados, processos, organizações etc. Analisando sempre seus efeitos a médio e longo prazo, caso o problema em questão não seja resolvido; Urgência: Representa o prazo, o tempo disponível ou necessário para resolver um determinado problema analisado. Quanto maior a urgência, menor será o tempo disponível para resolver esse problema. É recomendado que seja feita a seguinte pergunta: “A resolução deste problema pode esperar ou deve ser realizada imediatamente?”; Tendência: Representa o potencial de crescimento do problema, a probabilidade do problema se tornar maior com o passar do tempo. É a avaliação da tendência de crescimento, redução ou desaparecimento do problema. Recomenda-se fazer a seguinte pergunta: “Se eu não resolver esse problema agora, ele vai piorar pouco a pouco ou vai piorar bruscamente?”. As notas devem ser atribuídas seguindo a seguinte escala crescente: nota 5 para os maiores valores e 1 para os menores valores. Ou seja, um problema extremamente grave, urgentíssimo e com altíssima tendência a piorar com o tempo receberia uma pontuação da seguinte maneira: Gravidade = 5 | Urgência = 5 | Tendência = 5 Ao final da atribuição de notas para os problemas, seguindo os aspectos GUT, faz-se necessário produzir um número que será o resultado de toda a análise e que definirá qual o grau de prioridade daquele problema. O cálculo é feito da seguinte forma: pega-se os valores de cada problema e multiplica-se desta maneira (G) x (U) x (T). Para o exemplo acima, o produto desta multiplicação seria = 125, ou seja, o fator de prioridadedeste problema, segundo a Matriz GUTserá 125. O que, dentro de uma comparação com outros problemas, indicará se ele é ou não o mais urgente a ser atacado. Para muitos, o fato de simplesmente atribuir notas para os problemas pode parecer algo um pouco subjetivo, baseado apenas no “achismo”. Por este motivo, recomenda-se que, no momento de atribuir as notas, você pense nos fatores da seguinte maneira: Terceiro passo Após definir e listar os problemas e dar uma nota à cada um deles, é necessário somar os valores de cada um dos aspectos: Gravidade, Urgência e Tendência, para então obtermos aqueles problemas que serão nossas prioridades. Aqueles que apresentarem um valor maior de prioridade serão os que você deverá enfrentar primeiro, uma vez que serão os mais graves, urgentes e com maior tendência a se tornarem piores. Algumas pessoas costumam usar o Gráfico de Pareto em conjunto com esta ferramenta para a análise das prioridades. Porém, não há uma regra. Você pode combinar a Matriz GUT com outras ferramentas ou utilizá-la sozinha. Exemplo de Matriz GUT Abaixo, podemos ver um exemplo simples de elaboração de uma Matriz GUT pronta. Nela consideramos problemas corriqueiros em uma organização, com a única finalidade de exemplificar o que foi dito aqui. Na Matriz GUT mostrada acima, os problemas foram classificados pelas notas de 1 a 5, depois obteve-se o grau crítico, obtido pela multiplicação GxUxT e, posteriormente, foi estabelecida a sequência de atividades, elencando aquelas que são mais graves, urgentes e com maior tendência de piorar. Assim, a ordem de ataque aos problemas pode ser concebida sem maiores problemas, dando subsídios para a tomada de decisão dos gestores. Você pode utilizar esta ferramenta para inúmeras finalidades, contando sempre com as vantagens de possuir uma utilização fácil, que pode ser manuseada por qualquer funcionário. Aprenda a identificar os problemas que devem ser analisados e faça um ótimo proveito da Matriz GUT. Ela com certeza irá auxiliá-lo a priorizar as ações a serem executadas para acabar com diversos problemas em sua organização.
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