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85 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA Unidade III 5 FORMAÇÃO PROFISSIONAL Para darmos início a esta unidade, relembraremos alguns fatos importantes da história da fisioterapia no Brasil, abordaremos as diretrizes curriculares dos cursos de graduação de Fisioterapia, bem como os passos adotados após a conclusão do curso de bacharelado em Fisioterapia e algumas resoluções do Coffito que regulamentam a profissão. 5.1 Breve histórico da fisioterapia no Brasil A fisioterapia consiste em uma ciência da saúde capacitada a prognosticar, diagnosticar e intervir, buscando a melhora ou a manutenção funcional do indivíduo além da prevenção de agravos à saúde. Ela nasceu na metade do século XIX, no continente europeu, e desde então vem utilizando o movimento e técnicas terapêuticas com ênfase nos recursos físico‑naturais, como água, calor, luz e eletricidade (GAVA, 2004). A fisioterapia foi fundamental para o tratamento de pessoas que perdiam parcialmente ou totalmente algum membro em decorrência das Grandes Guerras, além daquelas que adquiriam atrofias e/ou paralisias decorrentes também de acidentes ocorridos nas Grandes Guerras e de epidemias que surgiam a todo momento. A atuação profissional neste momento histórico era voltada para atenuar ou diminuir o sofrimento, reabilitar membros lesados ou recuperar as condições de saúde (REBELATTO; BOTOMÉ, 1999). As primeiras escolas de fisioterapia foram criadas na Alemanha, nas cidades de Kiel em 1902 e Dresdem em 1918, e logo em seguida na Inglaterra, onde emergiram as atividades de massoterapia realizadas por Mendell e J. Cyriax, a cinésioterapia respiratória por Linton e os tratamentos com indivíduos com distúrbios neurológicos por Berta Bobath, que contribuíram para o destaque da fisioterapia no cenário mundial (GAVA, 2004). No Brasil, a fisioterapia foi implantada com o objetivo de solucionar os altos índices de acidentes de trabalho, curar ou reabilitar estas pessoas para reintegrá‑las ao sistema produtivo ou atenuar seu sofrimento. O próprio contexto histórico e o nível de desenvolvimento da saúde no país somaram a esta condição da fisioterapia com ênfase na atuação e dedicação à doença e não propriamente à saúde da população (REBELATTO; BOTOME,1999). Em 1929, foi criado o primeiro curso técnico de Fisioterapia no Brasil, na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, e o maior objetivo de sua criação foi o grande número de portadores de poliomielite com distúrbios do aparelho locomotor, bem como o aumento no índice de acidentes de trabalho (BISPO JÚNIOR, 2009). 86 Unidade III Em 1959, foi criada a ABF, que se filiou à WCPT, cujo objetivo era buscar o amparo técnico‑científico e sociocultural para o desenvolvimento da profissão. Somente no dia 13 de outubro de 1969 a profissão adquiriu seus direitos, por meio do Decreto‑Lei n. 938/69, no qual a Fisioterapia foi reconhecida como um curso de nível superior e, definitivamente, regulamentada (Crefito‑3, 2019b). O curso de Fisioterapia no Brasil pode ser dividido em três períodos de atuação profissional, sendo o primeiro de 1957 até 1969, que marca o reconhecimento da profissão; o segundo entre 1970 e 1982, quando houve uma rápida evolução da profissão e uma grande proliferação de escolas que ofereciam o curso de Fisioterapia; e o terceiro entre 1983 e 1995, caracterizado pelo incentivo a eventos científicos e troca de informações (FONSECA, 2002). A preocupação com a formação de novos profissionais vem sendo cada vez mais enfatizada, pois antigamente entendia‑se que a fisioterapia estaria voltada apenas para o nível de atenção terciária, ou seja, apenas para reabilitação de lesões existentes. Hoje sabe‑se que a fisioterapia também está inserida no nível de atenção primária à saúde, atuando na prevenção, promoção e educação à saúde e, desta forma, contribuindo positivamente para uma melhora na qualidade de vida da população. Para isso, os profissionais deverão estar bem preparados e atentos às políticas de saúde vigentes, principalmente o Sistema Único de Saúde (SUS) (SILVA; ROS, 2007). Lembrete A Fisioterapia apenas foi reconhecida como curso superior no ano de 1969. Antes desse período, a profissão era reconhecida como um curso técnico. O objeto de trabalho do fisioterapeuta é o movimento humano tanto no âmbito individual quanto coletivo, estudando, prevenindo e tratando os distúrbios cinéticos funcionais decorrentes de alterações genéticas, traumas ou doenças adquiridas. O fisioterapeuta é um profissional de nível superior, com formação científica, habilitado à elaboração de diagnósticos cinéticos funcionais, prescrição de condutas fisioterapêuticas e acompanhamento da evolução do quadro clínico e das condições de alta da terapia. Ele atua não apenas na reabilitação, mas também nas áreas de promoção, prevenção e manutenção da saúde e da qualidade de vida (BRASIL, 2002b; DELIBERATO, 2002). 5.2 Diretrizes curriculares do curso de Fisioterapia As diretrizes curriculares do curso de Fisioterapia foram instituídas em 2002 pelo Conselho Nacional de Educação, mediante a Resolução CNE/CES n. 4/02. Estas diretrizes fornecem orientações e definições dos princípios, fundamentos e condições para a formação dos profissionais fisioterapeutas em todas as instituições nacionais, descrevendo a formação do profissional como generalista, através de uma formação crítica, humanista e reflexiva, com condições para atuar em todos os níveis de atenção à saúde (BRASIL, 2002a). 87 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA O SUS é a forma de organização de saúde no Brasil. Ele tem um modelo integral de atenção à saúde, não apenas centrado na doença, mas também no indivíduo como um todo, e está baseado nos princípios da integralidade, universalidade, equidade e intersetorialidade. Para que o profissional esteja apto a exercer a profissão na atenção básica, a formação deve ser além de apenas técnica; precisa ser voltada também às necessidades da população e para um trabalho interdisciplinar. Sob a perspectiva das bases curriculares, os cursos de Fisioterapia devem apresentar como objetivo geral a formação de profissionais críticos, capazes de perceberem o homem no seu conceito global e com objetivos específicos contextualizar o fisioterapeuta como profissional da área da saúde em todos os níveis; analisar as variáveis orgânicas, emocional, histórica, social e política que possam interferir no processo terapêutico; estimular a prática da pesquisa; conscientizar a prática de fisioterapia não apenas como reabilitadora, mas também como profilaxia; selecionar técnicas terapêuticas adequadas a cada paciente; entre outros (JOSÉ, 2006). Os conteúdos para o curso de graduação em Fisioterapia deverão estar relacionados com todo o processo saúde‑doença não apenas do paciente, mas também da família e da comunidade, e deverão estar integrados à realidade epidemiológica, proporcionando a integralidade das ações do cuidar em fisioterapia. Desta forma, o ensino deverá abranger quatro grandes áreas: ciências biológicas e saúde; ciências humanas e sociais; conhecimentos biotecnológicos; conhecimentos fisioterapêuticos. Todos esses conteúdos devem estar interligados entre si, proporcionando uma formação humanística, generalista, crítica e reflexiva centrada no ser humano e respeitando sempre seus aspectos biopsicossociais. Os conteúdos não deverão abordar apenas conteúdo teórico, mas a prática na área da fisioterapia é de extrema importância, e durante o curso de Fisioterapia, além de aulas práticas, o aluno deverá efetuar um estágio curricular sob supervisão docente (BRASIL, 2002b). Saiba mais Para mais informações sobre as diretrizes curriculares do curso de Fisioterapia, consulte o documento a seguir: BRASIL. Ministério da Educação. Resolução CES 2002. Brasília, 2018. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/mais‑educacao/323‑ secretar ias‑112877938/orgaos‑v inculados‑82187207/13192‑ resolucaoces‑2002. Acesso em: 2 out. 2019. O fisioterapeuta, de acordo com as diretrizescurriculares, deverá ter como objeto de estudo o movimento humano em todas as suas formas de expressão, seja em alterações patológicas, cinético‑funcionais, seja em suas repercussões psíquicas e orgânicas, com o objetivo de prevenção, promoção e recuperação de alterações em órgãos, sistemas e funções, sendo capaz de elaborar o diagnóstico cinético e funcional e também de prescrever e executar os procedimentos fisioterapêuticos pertinentes a cada situação. Além disso, é de suma importância que o profissional tenha conhecimento da realidade social e cultural da população a ser atendida, para que seja efetuada uma correta avaliação e elaboração de um plano de tratamento adequado. 88 Unidade III A formação profissional deverá, entre outros, capacitar o fisioterapeuta a: • Respeitar os princípios éticos e bioéticos referentes ao exercício profissional contidos no Código de Ética da Fisioterapia: a palavra “ética” é originada do grego ethos, que por sua vez significa propriedade de caráter, e, portanto, podemos dizer que a ética profissional é um conjunto de normas éticas que norteiam a moral e os costumes do profissional e, desta forma, ela também deve fazer parte da consciência do profissional em seu âmbito pessoal. O Código de Ética Profissional consiste em um conjunto de regras que direciona o comportamento do profissional durante o exercício de sua profissão. Ele é elaborado pelos conselhos que regulamentam as profissões. • Respeitar e valorizar o ser humano: cada indivíduo é um ser único, composto por três dimensões: social, psíquica e espiritual, e todas devem ser respeitadas, e não julgadas ou questionadas. Cada ser humano, por ser único, possui o seu valor e a sua dignidade e deve ser respeitado desde o início de sua vida até o momento de sua morte. Todo paciente deve ser atendido igualmente, independentemente de sua classe social, gênero, raça ou cor, pois todo ser humano, apesar de único, é igual perante a lei e deve ser tratado igualmente. Por exemplo: durante seu atendimento a um senhor de 70 anos, ele apresenta um escape de urina e fica todo constrangido na sua frente devido à situação. A sua conduta ideal seria manter o paciente calmo, não demonstrar desconforto com a situação e procurar de alguma forma minimizar esse desconforto. • Atuar em equipes multidisciplinares e interdisciplinares: o fisioterapeuta deve ser apto a trabalhar em equipes inter e multidisciplinares, pois o objetivo comum é o bem‑estar do paciente e, portanto, todos os profissionais responsáveis pelo paciente devem interagir e decidir a melhor conduta para ele. Por exemplo: um paciente com diagnóstico de câncer de pulmão, internado na enfermaria de um determinado hospital, será acompanhado por uma equipe composta por médico, enfermeiro, nutricionista, fonoaudiólogo, farmacêutico, fisioterapeuta, psicólogo, assistente social, entre outros, de acordo com sua necessidade. Ao realizar o atendimento fisioterapêutico a esse paciente, o fisioterapeuta deverá conhecer as condutas dos outros profissionais e comunicar a eles qualquer alteração observada no paciente. • Garantir a integralidade da assistência individual e/ou coletiva: o fisioterapeuta poderá atender o paciente individualmente ou em grupos e não deve interromper o tratamento do paciente se ele não tiver condições de afastar‑se da fisioterapia, a não ser em casos em que o próprio paciente não queira o atendimento, sendo desta forma respeitada sua autonomia. — Contribuir para a manutenção da qualidade de vida e do bem‑estar de seus pacientes: a fisioterapia atua no âmbito primário com atividades de promoção e prevenção à saúde; no âmbito secundário, através do diagnóstico precoce; e no âmbito terciário, com a reabilitação, e desta forma contribuindo para uma melhora da qualidade de vida e do bem‑estar dos pacientes. 89 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA — Realizar consultas, avaliações e reavaliações, bem como prescrever o tratamento adequado e elaborar sua alta de acordo com a necessidade de cada paciente: o fisioterapeuta é um profissional graduado capacitado para realizar a avaliação fisioterapêutica em seu paciente e, de acordo com o código de ética profissional, está habilitado a realizar o diagnóstico, com o objetivo de identificar os efeitos da doença sobre os diversos sistemas do movimento, bem como as alterações funcionais desencadeadas pela doença. A partir do conhecimento das alterações funcionais, ele deverá traçar os objetivos terapêuticos, além de prescrever o plano de tratamento. — Emitir laudos, pareceres, atestados e relatórios sempre que necessários e que sejam solicitados pelos pacientes ou por colegas da equipe multidisciplinar; conforme disposto na Resolução 464/16 do Coffito: a Resolução 391/11 do Coffito dispõe sobre a proibição da oferta de serviços fisioterapêuticos por meios de sites para fins da realização de negócios jurídicos eletrônicos, especializados ou não. Conforme a Resolução 464/16, que revoga a Resolução 381/10 do Coffito, o fisioterapeuta tem competência para elaborar e emitir atestado (documento que confirma a veracidade sobre as condições do paciente), relatório técnico (documento que contém opinião técnico‑científica referente à atuação das especialidades da fisioterapia) e pareceres (documentos técnico‑científicos solicitados por pessoa física ou jurídica de natureza pública ou privada que emite opinião fundamentada sobre os aspectos gerais ou específicos baseados no diagnóstico fisioterapêutico e no tratamento do paciente) que indicam o grau de capacidade ou de incapacidade funcional, além de apontar competências ou incompetências laborais transitórios e ou definitivas que podem ocasionar mudanças ou adaptações nas funcionalidades de maneira transitória ou definitiva quando solicitado pelo empregador. Todos os documentos emitidos pelo fisioterapeuta deverão seguir criteriosamente aspectos éticos e bioéticos contidos no Código de Ética Profissional. Figura 32 90 Unidade III — Esclarecer dúvidas e orientar tanto pacientes quanto familiares em relação ao tratamento a ser realizado, bem como em relação ao seu diagnóstico e prognóstico fisioterapêutico: todo paciente tem o direito de saber sobre seu diagnóstico, bem como sobre seu tratamento e prognóstico. Apenas quando o paciente que esteja pleno de suas faculdades mentais menciona que não quer saber informações sobre diagnóstico ou prognóstico é que eles devem ser omitidos do paciente, respeitando desta forma sua autonomia. — Manter a confidencialidade de informações; encaminhar o paciente a outros profissionais quando necessário visando um melhor resultado ao tratamento dos pacientes; entre outros: as informações contidas em prontuários ou colhidas com o paciente deverão ser mantidas em sigilo, desde que elas não ofereçam perigo para a sociedade. 5.3 Estágio curricular O estágio curricular abrange as atividades de aprendizagem social, profissional e cultural proporcionadas aos estudantes pela participação em situações reais da vida e trabalho de seu meio, sendo realizada na comunidade em geral ou junto a pessoas jurídicas de direito público ou privado, sob responsabilidade e coordenação da instituição de ensino. O estágio curricular é um componente obrigatório integrado à proposta pedagógica do curso sob a supervisão de um profissional já habilitado. Esta parte da formação acadêmica é de extrema importância, pois constitui‑se como um momento de formação profissional, não sendo, portanto, uma atividade facultativa. O fisioterapeuta somente estará habilitado ao seu exercício profissional e obter sua respectiva licença mediante sua participação em ambientes próprios de atividades da sua área profissional (RODRIGUES, 2013). O estágio é um momento em que o aluno será preparado para a vida profissional. Ele é obrigatório, faz parte do Projeto Pedagógico do Curso (PPC) e é regulamentado pela Lei n. 11.788/08. Sua carga horária é essencial para a obtenção do diploma do curso. Noestágio, a instituição de ensino deverá oferecer um termo de compromisso entre o aluno e a unidade onde ele será realizado. Neste termo, serão indicadas as condições de estágio, que devem estar adequadas ao PPC e ao calendário escolar da instituição. Saiba mais Para se aprofundar na Lei que rege o estágio supervisionado, acesse: BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei n. 11.788, de 25 de setembro de 2008. Dispõe sobre o estágio de estudantes; altera a redação do… Brasília, 2008. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_Ato2007‑2010/2008/Lei/L11788.htm. Acesso em: 2 out. 2019. Conforme a Resolução n. 431/13 do Coffito, o estágio, além de obrigatório, deverá ser supervisionado diretamente por um docente fisioterapeuta que possua vínculo direto com a instituição de Ensino 91 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA Superior, não sendo permitido a realização de estágio de caráter obrigatório em outras instituições que não sejam vinculadas à instituição. Os serviços de fisioterapia que oferecem os estágios deverão ofertar instalações, materiais e equipamentos necessários ao aprendizado social, cultural e profissional do aluno, garantindo a qualidade de assistência fisioterapêutica. O estágio é um momento em que o aluno irá executar a ação dos conhecimentos obtidos por meio de ensino, pesquisa e atividades de extensão e refletir sobre as ações executadas, devendo ainda contribuir para a realização de ações de cidadania para uma comunidade. A prática deve ser realizada de tal forma que o aluno seja capaz de pensar criticamente, analisar os problemas, apresentar e ser capaz de propor soluções para eles, realizando o atendimento ao paciente dentro dos preceitos éticos e bioéticos. Estágio curricular supervisionado de ensino entendido como o tempo de aprendizagem que, através de um período de permanência, alguém se demora em algum lugar ou ofício para aprender a prática do mesmo e depois poder exercer uma profissão ou ofício. Assim o estágio curricular supervisionado supõe uma relação pedagógica entre alguém que já é profissional reconhecido em um ambiente institucional de trabalho e um aluno estagiário. “Por isso é que este momento se chama estágio curricular supervisionado…” (BRASIL, 2001). Lembrete O estágio curricular é uma parte muito importante de sua graduação, e essencial para a sua formação. Neste momento, você aplicará na prática todos os conceitos e técnicas que aprendeu na sala de aula, sempre levando em consideração que o paciente deve ser considerado em sua totalidade. O trabalho teórico é indispensável para a compreensão da realidade; já a atividade prática é real, tendo como objeto a natureza, a sociedade ou homens reais. A educação é dinâmica, histórica e está sempre em construção com a finalidade de humanizar o ser humano (DAIBEM,1997). Os estágios de caráter obrigatório iniciam‑se no 6º período, cujo olhar é voltado à atenção primária em saúde, e estendem‑se até o 7º e o 8º períodos, em que o estágio passa a ser voltado para a manutenção e a recuperação da saúde, além da prevenção. Nesta instituição de ensino, o estágio obrigatório abrange as quatro grandes áreas da fisioterapia – fisioterapia hospitalar, fisioterapia neurológica adulto e infantil; fisioterapia ortopédica adulto e infantil; saúde coletiva – e ainda conta com a hidroterapia aplicada à neurologia e à ortopedia. O graduando também poderá realizar o estágio de caráter não obrigatório, conforme disposto na Resolução n. 432/13 do Coffito, desde que esteja regularmente matriculado em uma instituição de Ensino Superior, no mínimo no penúltimo ano do curso, respeitando a jornada de até 30 horas semanais e com supervisão direta do fisioterapeuta da unidade, o qual deverá ser acompanhado também pela Instituição de Ensino Superior. 92 Unidade III Estágio Curricular Supervisionado Teoria Prática Figura 33 Observação Diferentemente do que ocorre após a conclusão da graduação, ao realizar a evolução do seu paciente, ela deverá ser assinada pelo supervisor de estágio, que também deverá informar seu registro profissional. Estágio Aperfeiçoamento Aprendizagem social Treinamento Atualização dos conhecimentos Desenvolvimento profissional Prática supervisionada Situação real da vida e do trabalho Crescimento cultural De responsabilidade da IES Procedimento didático‑ pedagógico Figura 34 93 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA 6 ME FORMEI, E AGORA? COMO PROCEDER PARA EXERCER LEGALMENTE MINHA PROFISSÃO? Após a conclusão do curso, para exercer a profissão, o fisioterapeuta deverá se inscrever no Crefito no território em que irá atuar, mantendo sempre seus dados atualizados. Após a inscrição, o profissional receberá sua carteira de identificação profissional, na qual constará seu número de inscrição. O profissional deverá portar o seu documento de identificação ao exercer sua profissão em todos os níveis de atenção: primário, secundário e/ou terciário (COFFITO, 2013e). Observação Cada território possui seu Crefito correspondente. Por exemplo, o Crefito‑1 abrange as áreas de Pernambuco, Paraíba, Alagoas e Rio Grande do Norte. Caso o fisioterapeuta formado em São Paulo vá trabalhar em Pernambuco, deverá efetuar seu registro no Crefito‑1 para exercer sua profissão nessa região. Figura 35 Até 2015, o fisioterapeuta, ao se formar, recebia uma Licença Temporária de Trabalho (LTT) que dava direito ao recém‑formado que ainda não possuía o diploma de exercer legalmente sua profissão antes de dar entrada na sua licença definitiva. Em 2016, o Coffito inseriu novas normas referentes ao registro profissional, conforme descrito na Resolução 468/2016, que permite ao fisioterapeuta que retire sua licença definitiva de trabalho apenas com a declaração de colação de grau e o histórico escolar fornecido pela IES. Após obter a sua licença de trabalho definitiva, o fisioterapeuta deverá efetuar o pagamento da anuidade para que possa exercer legalmente sua profissão. Caso o fisioterapeuta não realize o pagamento de sua anuidade, poderá até perder a sua licença de trabalho para exercer sua profissão. Para requerer a licença de trabalho definitiva, é necessária a entrega da seguinte documentação: • Requerimento devidamente preenchido e assinado. • Cópia autenticada do diploma de graduação ou certidão original emitida pela IES com data de expedição recente (últimos 6 meses). 94 Unidade III • Ato regulatório de reconhecimento ou renovação de reconhecimento do curso pelo Ministério de Educação. • Cópia autenticada do histórico acadêmico de graduação. • Cópia do comprovante da taxa de expediente para o registro. • 3 fotos 3x4 (homens deverão usar terno e gravata e mulheres, preferencialmente, camisa social escura – blusas decotadas e de alça não serão aceitas). • Cópia autenticada da carteira de identidade (RG). • Cópia autenticada do Cadastro de Pessoas Físicas (CPF). • Cópia autenticada do Título de Eleitor. • Cópia autenticada do Certificado de Reservista (só para homens). • Cópia autenticada da Certidão de Nascimento (para solteiros). • Cópia autenticada da Certidão de Casamento (para os casados) ou da Certidão de Casamento com a averbação (para divorciados ou separados). Após a solicitação, o prazo para entrega do documento ao profissional é de 45 dias. Caso necessite de urgência para iniciar suas atividades profissionais, o profissional poderá efetuar a solicitação de uma autorização para exercício profissional juntamente com a solicitação do seu registro. Essa autorização é um documento no qual constará o número de inscrição, emitido pelo Crefito da região onde o fisioterapeuta irá exercer sua profissão, que permite a atividade profissional até a emissão do registro definitivo. Durante a cerimônia de colação de grau, o formando deverá efetuar um juramento da profissão. Leia‑o a seguir: Prometo dedicar‑me à profissão de Fisioterapeuta utilizando todo conhecimento científicoe recursos técnicos por mim adquiridos durante o medir de esforços, assegurando aos pacientes sob meus cuidados o bem‑estar físico, psíquico e social. Juro honrar o nome da fisioterapia com amor, respeito e dignidade, empregando todos os meios para fazê‑la conhecida e valorizada (CREFITO‑3, 2019b). Os Crefitos, respaldados na Lei n. 6.316, de 17 de dezembro de 1975, têm como objetivo a fiscalização do exercício profissional de fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais. Além da fiscalização, o Crefito também tem a finalidade de arrecadar anuidades dos profissionais inscritos e funciona como um tribunal de ética, recebendo e apurando as denúncias recebidas a aplicando as sanções necessárias ao profissional, entre outras funções. Através do site do Crefito correspondente da sua região, o profissional, bem como o cidadão comum, tem acesso a todos os profissionais registrados e pode consultar se ele está apto ou não para exercer sua função. A consulta pode ser feita por meio de seu número de registro, CPF ou, simplesmente, pela pesquisa do nome. 95 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA O profissional deverá defender a sua dignidade profissional, por meio de direito por remuneração e condições adequadas de trabalho compatíveis com o exercício ético da profissão. Dessa forma, de acordo com o código de ética profissional, o fisioterapeuta deve divulgar os seus serviços profissionais de acordo com a dignidade da profissão. E ao promover publicamente seus serviços, deverá fazê‑lo com excelência, observando sempre o que está disposto em seu código de ética profissional. 6.1 Referencial Nacional de Procedimentos Fisioterapêuticos (RNPF) e parâmetros assistenciais A remuneração do profissional deverá seguir os valores do Referencial Nacional de Procedimentos Fisioterapêuticos (RNPF), expresso em reais. Esses custos são calculados por meio da interpretação dos valores do Coeficiente de Honorários Fisioterapêuticos (CHF), conforme expresso na Resolução n. 482 do Coffito, de 1º de abril de 2017. O valor do CHF é atualizado anualmente aplicando‑se o valor acumulado ao ano do Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC/Fipe), Setor Saúde e/ou outros que o substitua, respondendo às perdas inflacionárias no período, com data‑base no dia 1º de janeiro. Em 2019, o valor de cada CHF foi estipulado em R$ 0,60. O referencial de honorários é o resultado de um trabalho iniciado há cerca de 20 anos, sob registro do Coffito, com princípios e fins ético‑deontológicos, que recebeu apoio, incentivo e contribuições da Federação Nacional das Associações de Empresas Prestadoras de Serviços de fisioterapia (Fenafisio), Associação de Fisioterapeutas do Brasil (AFB), associações científicas de especialidades, Federação Nacional dos Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais (Fenafito), entre outras entidades representativas da classe. Os valores expressos baseiam‑se em estudos regionais – de custo operacional e sustentabilidade técnica – dos serviços de fisioterapia, identificando os custos para o atendimento fisioterapêutico nas várias situações, sem desconsiderar a realidade dos valores dos serviços de saúde no país. O RNPF descreve todos os procedimentos realizados pelo fisioterapeuta de acordo com sua área de atuação, da complexidade dos pacientes e procedimentos, na promoção de saúde, prevenção e recuperação da funcionalidade e incapacidades apresentadas em cada caso, sendo recomendada a utilização do modelo, da linguagem e da estrutura da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF), da OMS, para a descrição das alterações funcionais, alterações estruturais, limitações de atividades, restrições da participação social e envolvimento dos fatores ambientais. Os valores referentes aos procedimentos fisioterapêuticos contidos no RNPF, de acordo com as características de cada região, poderão sofrer uma redução de até 20% (vinte por cento) em seu valor, assim como poderão ter um aumento de 50% (cinquenta por cento) quando realizados em situações de urgência e/ou emergência no período das 19h às 7h do dia seguinte; além de também poder ter um acréscimo de 100% (cem por cento) quando os procedimentos forem realizados em qualquer horário aos domingos e feriados, conforme previsto na legislação trabalhista e nos acordos coletivos de trabalho. Já os procedimentos realizados durante atendimentos por especialistas profissionais com especialização registrada pelo Coffito poderão ser acrescidos de 20% (vinte por cento). 96 Unidade III O fisioterapeuta não deverá afixar o valor de seus honorários fora do seu local de assistência, promover sua divulgação de forma incompatível com a dignidade da profissão ou cobrar honorários e pacientes em instituições que se destinam à prestação de serviços públicos, conforme disposto em seu Código de Ética Profissional. Observação O RNHF é um documento no qual constam os valores mínimos que devem ser cobrados pelo fisioterapeuta durante o seu atendimento, evitando dessa forma que o profissional ofereça serviços abaixo desse valor mínimo, despertando a concorrência desleal e indo contra seu código de ética profissional. Exemplo: Um fisioterapeuta que irá realizar uma consulta hospitalar (150 CHF) a um paciente que possui uma disfunção neurofuncional que lhe confere uma dependência total (180 CHF). Qual será o valor de sua remuneração, tendo como base o valor de CHF de R$ 0,60? Informações úteis: 150 CHF – referente à consulta hospitalar + 180 CHF – referente à disfunção neurofuncional com dependência total Total = 330 CHF Cada CHF possui o valor de R$ 0,60. Portanto, o valor mínimo a ser cobrado pelo fisioterapeuta pelo seu atendimento a este paciente será de: 330 x 0,60 = R$ 198,00 Saiba mais O Referencial Nacional de Honorários Fisioterapêuticos foi aprovado conforme os incisos II e XII do Artigo 5º da Lei n. 6.316, de 17 de dezembro de 1975. Para ler o RNPF na íntegra, acesse: COFFITO. Resolução n. 482, de 1º de abril de 2017. Brasília, 2017b. Disponível em: https://www.coffito.gov.br/nsite/?page_id=2353. Acesso em: 4 out. 2019. 97 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA O fisioterapeuta pode divulgar os seus serviços em qualquer meio de comunicação, desde que o faça com zelo e respeite a dignidade da profissão. Nessa divulgação, deve constar o nome do profissional e o seu número de inscrição no Conselho Regional. O Coffito também estabelece, por meio da Resolução n. 444/14, os parâmetros assistências fisioterapêuticos nas mais diversas modalidades; ou seja, dependendo de sua área de atuação e da complexidade do paciente a ser atendido, o profissional poderá atender um montante de 8 a 10 pacientes. Por exemplo, um fisioterapeuta que atue em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ou em um setor de urgência/emergência deverá atender no seu período de trabalho de 6 horas diárias um montante de 6 a 10 pacientes; o número exato dependerá do nível de complexidade do paciente. Já um profissional que atue em um ambulatório geral que inclua pacientes traumáticos, ortopédicos, reumatológicos, de clínica geral, pós‑cirúrgico tardio e qualquer outro paciente que se enquadre em cuidados mínimos, em seu período de trabalho deverá atender no máximo 12 pacientes individualmente. O fisioterapeuta, de acordo com a Lei n. 8.856/94, deverá exercer sua jornada de trabalho em no máximo 30 horas semanais de trabalho; ou seja, se o seu turno de trabalho for de 6 horas/dia, você não poderá trabalhar mais do que cinco dias da semana, pois se você trabalhar por um período de 6 horas/dia por 6 dias da semana, sua carga horária semanal será de 36 horas, ultrapassando a máxima, estipulada por lei. Quando falamos em terapia em grupo, como um grupo de idosas que concorde em participar desta modalidade de terapia, que possuem problemas associados a dores lombares crônicas mas que se encontrem estáveis e em condições físicas satisfatórias, o fisioterapeuta responsável deverá organizaro grupo com idosas que possuem o mesmo perfil, com no máximo 6 pessoas por grupo a cada 1 hora de atendimento. Então, em um período de 6 horas, por exemplo, o fisioterapeuta poderá atender a até 6 grupos com 6 pacientes cada. A consulta fisioterapêutica e a prescrição de tratamento deverão ser realizadas de forma presencial, sendo proibido ao fisioterapeuta, por exemplo, dar consultas ou prescrever um simples exercício via mensagens por rede social, sem avaliar o paciente, bem como é proibido prometer uma terapia infalível cuja eficácia não seja comprovada. É terminantemente proibido ao fisioterapeuta divulgar ou oferecer avaliação fisioterapêutica gratuita ou sessão experimental. Exemplo de aplicação Sua tia de 65 anos estava limpando a casa e, ao subir no banquinho para limpar o lustre de seu quarto, sofreu uma queda e passou a sentir muitas dores em região de coluna lombar. No mesmo momento, ela se lembra que você é estudante de Fisioterapia e pode auxiliá‑la naquele momento, então lhe envia uma mensagem solicitando uma dica sobre o que ela poderia fazer para amenizar a dor que está sentindo. Qual seria a sua conduta neste momento? Nesse caso, você deve solicitar à sua tia que se dirija a um pronto atendimento para realização de exames complementares e avaliação médica, para que seja descartada a possibilidade de lesões. Posteriormente, solicite‑a que compareça ao seu consultório para uma avaliação fisioterapêutica. 98 Unidade III Observação Ao se formar, você obterá o título de fisioterapeuta. Expressões como “terapeuta corporal”, “massagista”, “terapeuta funcional”, “pilateiro”, “bobatiano”, “esteticista” etc. definem outros profissionais que possuem outras funções que não devem, portanto, ser confundidas com as executadas por fisioterapeutas. 6.2 Código de Ética Profissional O Código de Ética e Deontologia da fisioterapia foi estabelecido por meio da Resolução n. 424/13 e é composto por 11 capítulos e 57 artigos que estabelecem os deveres do fisioterapeuta referentes ao exercício de sua profissão, e o profissional que infringir esse código estará sujeito a penalidades previstas na legislação em vigor. O primeiro Código de Ética foi elaborado em 1978 e era destinado tanto à fisioterapia quanto à terapia ocupacional, e em 2013 o Coffito separou as profissões e delegou um código de ética profissional para cada profissão. Saiba mais O Primeiro Código de Ética da Fisioterapia foi elaborado em 1978 e somente em 2013 sofreu revisões e adaptações pertinentes, bem como sua separação do Código de Ética da Terapia Ocupacional. Consulte o Código de Ética da Fisioterapia: CREFITO‑3. Códigos de Ética. Brasília, 2019a. Disponível em: http://www. crefito3.org.br/dsn/verLegis.asp?pg=7. Acesso em: 7 out. 2019. Os capítulos do Código de Ética profissional estão assim divididos: Capítulo I – Disposições preliminares O Código de Ética trata dos deveres do fisioterapeuta, e é de competência do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional observar os princípios dele, funcionando como Conselho Superior de Ética em casos de infrações ao Código. Os conselhos regionais funcionam como órgão julgador de infrações éticas em primeira instância. Os fisioterapeutas inscritos em seu devido Conselho Regional deverão comunicar fatos que não estejam de acordo com o seu código de ética ao seu respectivo Conselho Regional, para a tomada das devidas providências. 99 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA Capítulo II – Das responsabilidades fundamentais O fisioterapeuta presta assistência ao ser humano tanto no plano individual quanto no plano coletivo, participando da promoção, prevenção, tratamento, recuperação e cuidados paliativos. O fisioterapeuta protege o seu paciente e a instituição em que trabalha contra imperícia, negligência ou imprudência. O fisioterapeuta avalia sua capacidade técnica e somente aceita atribuição ou assume um cargo quando for capaz de desempenhar sua função de forma segura. O fisioterapeuta deve atualizar e aperfeiçoar seus conhecimentos técnicos, científicos e culturais, amparando‑se nos princípios da beneficência e da não maleficência. Figura 36 Capítulo III – Do relacionamento com o cliente/paciente/usuário O fisioterapeuta deve se responsabilizar pela elaboração do diagnóstico fisioterapêutico e instituir o plano de tratamento. Abandonar o paciente em meio ao tratamento, sem garantia de continuidade de assistência. Respeitar a vida humana desde sua concepção até a morte; prestar assistência ao ser humano, respeitando sua dignidade e os direitos humanos. Proibido inserir em anúncio ou divulgação profissional iniciais de nomes, fotografia que comparam o antes e o depois do tratamento realizado. Relacionamento com o paciente Proibido Dever fundamental Figura 37 100 Unidade III Capítulo IV – Do relacionamento com a equipe Enquanto participante de equipes multiprofissionais e interdisciplinares, o fisioterapeuta deve colaborar com seus conhecimentos na assistência ao ser humano. É proibido permitir que seu nome conste do quadro de pessoal de instituição pública ou privada sem nele exercer a função de fisioterapeuta. Deve tratar membros da equipe de saúde e outros profissionais com respeito, seja verbalmente, por escrito ou por via eletrônica. É proibido permitir que o trabalho executado por você seja assinado por outro profissional, bem como assinar um trabalho que não tenha sido realizado por você. Figura 38 Capítulo V – Das responsabilidades no exercício da fisioterapia O fisioterapeuta deve atuar em consonância com a política nacional de saúde, independentemente de atuar em setor público ou privado. É proibido trabalhar ou ser colaborador de entidades onde sejam desrespeitados princípios éticos e bioéticos além da autonomia profissional. É proibido promover ou participar de atividade de ensino ou de pesquisa que não esteja de acordo com as normas reguladoras de ética e pesquisa. Figura 39 101 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA Capítulo VI – Do sigilo profissional Proibido revelar sem justa causa fato sigiloso de que tenha conhecimento. Proibido fazer referência a casos clínicos identificando e usando a imagem de pacientes em qualquer meio de comunicação se não for autorizado pelo paciente. Proibido negligenciar a orientação de seus colaboradores. Qualquer infração poderá culminar com a demissão do profissional por justa causa. Figura 40 Exemplo de aplicação Você está atendendo um paciente e durante a terapia ele confidencia a você que apesar de ser portador do vírus HIV e estar casado, tem mais duas namoradas que não sabem que ele é portador do vírus e pede a você que não comente com ninguém, pois ele pode perder as namoradas. Qual seria a sua conduta? Apesar da obrigatoriedade do sigilo profissional, a situação apresentada anteriormente oferece risco à sociedade, pois as duas namoradas que não sabem sobre o parceiro ser portador do vírus podem estar contaminadas pois não fizeram uso de preservativos e, caso tenham relações sexuais desprotegidas com outras pessoas, podem contaminá‑las também. Você deverá comunicar a situação à equipe, para que as devidas providências sejam tomadas. 102 Unidade III Capítulo VII – Do fisioterapeuta perante as entidades de classe Quadro 1 O fisioterapeuta frente às entidades de classe Deve participar da determinação de condições justas de trabalho. É recomendado que o fisioterapeuta participe de entidades associativas de classe. É proibido ao fisioterapeuta divulgar conteúdo que atente de forma depreciativa contra o conselho de classe. Capítulo VIII – Dos honorários Conforme o Código de Ética Profissional, o fisioterapeuta tem direito a uma remuneração justa pela execução de seus serviços profissionais e somente poderá deixar de cobrar seus honorários quando prestar assistência a pessoas que vivam sob sua responsabilidade econômica e/ou pessoaque não possua recursos econômicos suficientes comprovados. Porém, é proibido ao fisioterapeuta prestar assistência gratuita ou a preço inferior fora das situações anteriormente mencionadas. O fisioterapeuta deverá guiar‑se pelo referencial de honorários fisioterapêuticos para estabelecer o valor mínimo de remuneração referente ao atendimento realizado ao paciente de acordo com sua patologia e complexidade, não devendo efetuar a cobrança de valores abaixo deste referencial, respeitando assim a dignidade da profissão. Capítulo IX – Da docência, preceptoria, pesquisa e publicação Cuidado em não instigar ou induzir alunos contra órgãos de classe. Proibido transmitir conhecimento do ensino de procedimentos próprios da fisioterapia a outros profissionais. Induzir ou contribuir para a manipulação de dados quando estiver atuando em pesquisas. Figura 41 103 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA Capítulo X – Da divulgação profissional A promoção de seus serviços deve ser feita com dignidade, observando os preceitos do Código de Ética. Em anúncios, deverá constar o nome do profissional, bem como seu registro no Conselho Regional, titulo de formação acadêmica, endereço, telefone, convênios atendidos, entre outros. É permitido ao fisioterapeuta que atua em um serviço multiprofissional divulgar sua atividade profissional em anúncio coletivo. Figura 42 Capítulo XI – Das disposições gerais De acordo com a Resolução n. 423/13, qualquer infração ético‑disciplinar cometida pelo profissional fisioterapeuta tramitará em sigilo e somente as partes e seus procuradores terão acesso aos autos. O Crefito e o Coffito são os órgãos competentes responsáveis pelo processamento e julgamento de processos éticos. O resultado final do julgamento será publicado no Diário Oficial da União; porém, caso haja penalidade, advertência, repreensão e/ou multa, a intimação deverá ser pessoal, em ofício reservado, salvo em caso de reincidência. As penas disciplinares aos infratores do Código de Ética estão previstas no artigo 17 da Lei n. 6.316, de 17 de dezembro de 1975, e a punibilidade prescreve em cinco anos. Após a conclusão do curso, o fisioterapeuta deverá estar atento aos seus direitos e aos seus deveres que constam em seu código de ética profissional para um exercício legal, ético e bioético de sua profissão. Observação Direito: o que pode ser exigido pelo profissional de acordo com as leis ou a justiça. Dever: ato que deve ser executado em preceito de ordem, obrigação. Responsabilidade: obrigação por responder por suas ações. 104 Unidade III O Código de Ética auxilia no estabelecimento de normas e regras que contribuem para o relacionamento entre colegas de trabalho e pacientes, tendo como referência valores como honestidade, respeito e responsabilidade, e abrange valores universais, tais como fazer o bem, evitar o mal e agir com justiça e equidade. Utilizar os conhecimentos técnico‑científicos e aprimorá‑los de forma contínua e permanente. Exercer sua atividade com zelo, probidade e decoro. Manter segredo sobre fato sigiloso. Cumprir os Parâmetros Assistenciais e o Referencial Nacional de Procedimentos Fisioterapêuticos. Cumprir e fazer cumprir os princípios contidos neste Código, independentemente da função ou cargo que ocupa. Oferecer ou divulgar seus serviços profissionais de forma ética e digna. Colocar seus serviços profissionais à disposição da comunidade em caso de guerra/catástrofe/epidemia/ crise social. Assumir responsabilidade técnica por serviço de fisioterapia, em caráter de urgência, se solicitado ou for o único profissional no local. Deveres fundamentais I IIVIII VII III IVVI V Figura 43 Resumo Nesta unidade, foi possível relembrar que a fisioterapia nasceu na metade do século XIX, no continente europeu. No Brasil, ela foi implantada com o objetivo de solucionar os altos índices de acidentes de trabalho, a fim de curar ou reabilitar as pessoas para reintegrá‑las ao sistema produtivo ou atenuar seu sofrimento. As Diretrizes Curriculares do curso de Fisioterapia foram instituídas em 2002, pelo Conselho Nacional de Educação, mediante a Resolução CNE/CES n. 4/02. Os conteúdos para o curso de graduação de Fisioterapia deverão estar relacionados com todo o processo saúde‑doença não apenas do paciente, mas também da família e da comunidade, e deverão estar integrados à realidade. O curso conta com estágio obrigatório conforme a Resolução n. 431/13 do Coffito, sendo sua realização necessária para conclusão do curso. Após a conclusão do curso, para exercer a profissão, o fisioterapeuta deverá se inscrever no Crefito do território em que irá atuar, mantendo sempre seus 105 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA dados atualizados. O profissional também deverá seguir o Código de Ética e Deontologia da Fisioterapia durante o exercício de sua profissão. A remuneração do fisioterapeuta deverá seguir os valores do Referencial Nacional de Procedimentos Fisioterapêuticos (RNPF), por meio da interpretação dos valores do Coeficiente de Honorários Fisioterapêuticos (CHF), expresso em reais e atualizado anualmente. Exercícios Questão 1. (Iades, 2019) O fisioterapeuta é um profissional de saúde, com formação acadêmica superior, habilitado à construção do diagnóstico dos distúrbios cinéticos funcionais (diagnóstico fisioterapêutico), prescrição das condutas fisioterapêuticas, a respectiva ordenação e indução no paciente, bem como o acompanhamento da evolução do quadro clínico funcional e das condições para alta do serviço. Em relação às responsabilidades fundamentais e atribuições do fisioterapeuta, assinale a alternativa correta. A) Elaborar o diagnóstico clínico e prescrever, planejar, ordenar, analisar, supervisionar e avaliar os projetos fisioterapêuticos quanto à respectiva eficácia, à resolutividade e às condições de alta do cliente submetido a essas práticas de saúde. B) Integrar a equipe multiprofissional de saúde desde que na qualidade de chefe de equipe, porém com participação plena na atenção prestada ao cliente. C) Todos os fisioterapeutas em atividade são obrigados a desenvolver estudos e pesquisas relacionados à respectiva área de atuação. D) Para o exercício da atividade profissional de fisioterapia no país, é exigível, além da formação em curso universitário superior, o registro do título do profissional no Conselho Profissional da categoria e a especialização em nível lato sensu. E) Desenvolver/projetar protótipos de produtos de interesse do fisioterapeuta e (ou) da fisioterapia pode ser uma das referidas atribuições. Resposta correta: alternativa E. Análise das alternativas A) Alternativa incorreta. Justificativa: artigo 4º – O fisioterapeuta presta assistência ao ser humano, tanto no plano individual quanto no coletivo, participando da promoção da saúde, prevenção de agravos, tratamento e recuperação da sua saúde e cuidados paliativos, sempre tendo em vista a qualidade de vida, sem discriminação de qualquer forma ou pretexto, segundo os princípios do sistema de saúde vigente no Brasil. 106 Unidade III B) Alternativa incorreta. Justificativa: artigo 9º – Constituem‑se deveres fundamentais do fisioterapeuta, segundo sua área e atribuição específica: I – assumir responsabilidade técnica por serviço de fisioterapia, em caráter de urgência, quando designado ou quando for o único profissional do setor, atendendo à Resolução específica. C) Alternativa incorreta. Justificativa: utilizar todos os conhecimentos técnico‑científicos a seu alcance e aprimorá‑los contínua e permanentemente, para promover a saúde e prevenir condições que impliquem a perda da qualidade da vida do ser humano. D) Alternativa incorreta. Justificativa: artigo 3º – Para o exercício profissional da fisioterapia, é obrigatória a inscrição no Conselho Regional da circunscrição em que atuar na forma da legislação em vigor, mantendo obrigatoriamente seus dados cadastrais atualizados juntoao sistema Coffito/ Crefitos. §1º: O fisioterapeuta deve portar sua identificação profissional sempre que em exercício. §2º: A atualização cadastral deve ocorrer minimamente a cada ano, respeitadas as regras específicas quanto ao recadastramento nacional. E) Alternativa correta. Justificativa: artigo 8º – O fisioterapeuta deve se atualizar e aperfeiçoar seus conhecimentos técnicos, científicos e culturais, amparando‑se nos princípios da beneficência e da não maleficência, no desenvolvimento de sua profissão, inserindo‑se em programas de educação continuada e de educação permanente. Questão 2. (Enade, 2007) De acordo com a Declaração de Alma‑Ata, promulgada em 1978, no encerramento da Conferência de Alma‑Ata (OMS), as ações primárias de saúde pressupõem a participação da população em seu planejamento, organização, execução e controle. Uma das Diretrizes do Sistema Único de Saúde em concordância com este princípio da Declaração de Alma‑Ata é a participação da comunidade, ou seja, o exercício do controle social sobre as atividades e os serviços públicos de saúde. Com base no texto acima, nas Diretrizes do SUS e no funcionamento do Sistema de Saúde brasileiro, pode‑se afirmar que: A) embora seja uma diretriz constitucional, a participação da comunidade no Sistema de Saúde ainda não foi implantada no Brasil devido à dificuldade de acesso à saúde. B) embora seja uma diretriz constitucional, a participação da comunidade no Sistema de Saúde ainda não foi implantada no Brasil, devido às dificuldades de financiamento. 107 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA FISIOTERAPIA C) a participação da comunidade no Sistema de Saúde ocorre de fato, e é feita através das estratégias do Programa Saúde da Família. D) a participação da comunidade no Sistema de Saúde ocorre de fato, e suas atividades de organização, execução e controle são direcionadas apenas para as ações de promoção da saúde. E) a participação da comunidade ocorre de fato, e é feita por meio das Conferências e Conselhos de Saúde, nos níveis nacional, estaduais, municipais e distritais. Resposta correta: alternativa E. Análise das alternativas A) Alternativa incorreta. Justificativa: não dependem do acesso aos serviços de saúde pela população. B) Alternativa incorreta. Justificativa: não dependem do financiamento. C) Alternativa incorreta. Justificativa: está indicado a participação popular apenas através de estratégias do Programa de Saúde da Família, que prioriza a atenção básica à população local. D) Alternativa incorreta. Justificativa: indica a participação popular exclusivamente para as ações de promoção da saúde. Na realidade, elas envolvem ações em geral que deliberam sobre a saúde geral da população. E) Alternativa correta. Justificativa: os conselhos de saúde têm caráter permanente e atribuição de deliberar sobre as políticas em cada âmbito de governo (municipal, estadual e nacional). Devem aprovar o plano de saúde e o orçamento setorial, acompanhar a execução das políticas de saúde, avaliar os serviços de saúde e fiscalizar a aplicação dos recursos financeiros.
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