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Física: Estática e Cinemática Professor Me. Arthur Ernandes Torres da Silva EduFatecie E D I T O R A EQUIPE EXECUTIVA Editora-Chefe Profa. Dra. Denise Kloeckner Sbardeloto Editor Adjunto Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme Assessoria Jurídica Profa. Dra. Letícia Baptista Rosa Ficha Catalográfica Tatiane Viturino de Oliveira Zineide Pereira dos Santos Revisão Ortográfica e Gramatical Profa. Esp. Bruna Tavares Fernandes Secretária Geovana Agostinho Daminelli Setor Técnico Fernando dos Santos Barbosa Projeto Gráfico, Design e Diagramação André Dudatt www.unifatecie.edu.br/ editora-edufatecie edufatecie@fatecie.edu.br 2022 by Editora Edufatecie Copyright do Texto C 2022 Os autores Copyright C Edição 2022 Editora Edufatecie O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correçao e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permi- tidoo download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP S586m Silva, Arthur Ernandes Torres da Física: estática e cinemática / Arthur Ernandes Torres da Silva. Paranavaí: EduFatecie, 2022. 134 p. : il. Color. ISBN 978-65-87911-98-4 1. Física. 2. Estática. 3. Cinemática. I. Centro Universitário UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância. II. Título. CDD: 23 ed. 530 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 EduFatecie E D I T O R A UNIFATECIE Unidade 1 Rua Getúlio Vargas, 333 Centro, Paranavaí, PR (44) 3045-9898 UNIFATECIE Unidade 2 Rua Cândido Bertier Fortes, 2178, Centro, Paranavaí, PR (44) 3045-9898 UNIFATECIE Unidade 3 Rodovia BR - 376, KM 102, nº 1000 - Chácara Jaraguá , Paranavaí, PR (44) 3045-9898 www.unifatecie.edu.br/site As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site Shutterstock. https://orcid.org/0000-0001-5409-4194 Reitor Prof. Ms. Gilmar de Oliveira Diretor de Ensino Prof. Ms. Daniel de Lima Diretor Financeiro Prof. Eduardo Luiz Campano Santini Diretor Administrativo Prof. Ms. Renato Valença Correia Secretário Acadêmico Tiago Pereira da Silva Coord. de Ensino, Pesquisa e Extensão - CONPEX Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza Coordenação Adjunta de Ensino Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo Coordenação Adjunta de Pesquisa Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme Coordenação Adjunta de Extensão Prof. Esp. Heider Jeferson Gonçalves Coordenador NEAD - Núcleo de Educação à Distância Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal Web Designer Thiago Azenha Revisão Textual Beatriz Longen Rohling Caroline da Silva Marques Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante Geovane Vinícius da Broi Maciel Jéssica Eugênio Azevedo Kauê Berto Projeto Gráfico, Design e Diagramação André Dudatt Carlos Firmino de Oliveira AUTOR Professor Me. Arthur Ernandes Torres da Silva ● Bacharel em Física na Universidade Estadual de Maringá (UEM) ● Licenciatura em Física na Universidade Estadual de Maringá (UEM). ● Mestre em Física pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). ● Doutorando em Física - Universidade Estadual de Maringá (UEM) ● Professor Formador UniFatecie ● Professor de Física no Colégio Educacional Noroeste Paranavaí. Professor e pesquisador. Tem experiência na área de física da matéria condensa- da, impedância elétrica (teórica e experimental) e dinâmica de íons em células eletrolíticas. Possui experiência como docente no Ensino Médio e Ensino Superior. Nos cursos de Engenharia Civil, Engenharia de produção e Arquitetura, já foi professor das disciplinas de Cálculo Diferencial e Integral, Física Geral e Laboratório de Física Geral. CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/4605782782813159 APRESENTAÇÃO DO MATERIAL Seja muito bem-vindo (a)! Prezado (a) aluno (a), se você se interessou pelo assunto desta disciplina, isso já é o início de uma grande jornada que vamos trilhar juntos a partir de agora. Neste material foram abordados diversos assuntos com muitos exemplos e comentários para facilitar os estudos do material de Física Estática e Cinemática. Proponho, junto a você, construir nosso conhecimento sobre diversos tópicos os quais serão essenciais para sua formação acadêmica. A proposta da ementa é trazer segurança em diversos ramos da Física teórica para aqueles que optarem pela carreira acadêmica, assim como para aqueles que atuaram diretamente no mercado de trabalho. Na unidade I começaremos a nossa jornada definindo o que são grandezas esca- lares e vetoriais. Na sequência, vamos dar início a cinemática, ou seja, a parte da física que estuda os movimentos, tanto aqueles em velocidade constante (Movimento Retilíneo e Uniforme), como aqueles de velocidade variável (Movimento Retilíneo Uniformemente Variado). Junto a essa unidade, iremos também estudar os gráficos desses movimentos e suas principais características. Já na unidade II vamos entrar na dinâmica, que é a parte da física que estuda a causa dos movimentos e, por ser extensa, recheadas de conteúdos, vamos dividi-las em duas unidades. Nessa segunda unidade vamos abordar as leis de Newton, bem como outras forças, como a força de atrito, força peso, normal, tração, o trabalho gerado por uma força e a potência. Depois, na unidade III vamos tratar especificamente de outro tópico, a dinâmica escalar, em que o foco será as energias, especificamente falando, a energia cinética, poten- cial gravitacional e potencial elástica. Na sequência retornamos para a análise vetorial de movimento, porém focando agora nos diferentes tipos de colisões. Outro tópico abordado é também o impulso causado por uma força e como este se relaciona com a quantidade de movimento. Por fim, a unidade IV será dedicada exclusivamente a física estática, que estuda o equilíbrio dos corpos. Iremos estudar as condições de equilíbrio, centro de massa e de gravidade, torque, sistemas com rotação e alavancas. Aproveito para reforçar o convite a você, para junto conosco percorrer esta jornada de conhecimento e multiplicar os conhecimentos sobre tantos assuntos abordados em nosso material. Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e profissional. Muito obrigado e bom estudo! SUMÁRIO UNIDADE I ...................................................................................................... 4 Cinemática UNIDADE II ................................................................................................... 38 Dinâmica I UNIDADE III .................................................................................................. 74 Dinâmica II UNIDADE IV ................................................................................................ 108 Estática 4 Plano de Estudo: ● Grandezas físicas; ● Movimento retilíneo e uniforme; ● Movimento retilíneo uniformemente variado; ● Gráficos de MRU e MRUV. Objetivos da Aprendizagem: ● Fazer um comparativo entre grandezas físicas vetoriais e escalares ● Estudar o movimento retilíneo uniformemente e uniformemente variado ● Interpretar e compreender os gráficos de MRU e MRUV. UNIDADE I Cinemática Professor Me. Arthur Ernandes Torres da Silva 5UNIDADE I Cinemática INTRODUÇÃO Prezado (a) aluno (a), nesta unidade, o primeiro assunto abordado será a diferença entre grandezas físicas vetoriais e escalares, tópico esse que é base para toda a física. Depois vamos começar estudando o movimento retilíneo e uniforme e movimento unifor- memente variado. Na última parte vamos analisar esses movimentos do ponto de vista gráfico, ou seja, classificar o MRU e MRUV esboçando as principais características de cada movimento no planocartesiano. Esperamos que esta unidade seja imensamente proveitosa e seja de bom uso na sua formação acadêmica. Bons estudos! 6UNIDADE I Cinemática 1. GRANDEZAS FÍSICAS Para compreender cada grandeza física que será estudada, precisamos primeira- mente saber mensurar da forma correta. Tudo aquilo que pode ser medido será chamado de grandeza e, cada grandeza será mensurada em termos de uma unidade específica. Em todos os assuntos da física, as teorias carregam formulações matemáticas. algumas delas são apresentadas da seguinte forma: Por outro lado, nos deparamos com outros tipos de equações: Note que, essencialmente, a única diferença do primeiro conjunto de equações para o segundo, é que as variáveis que representadas possuem uma “seta” em cima. Isso significa que tal parâmetro é uma grandeza vetorial. Já o segundo conjunto mostra três equações de grandezas escalares. Então como saber a diferença ? 7UNIDADE I Cinemática Quando estamos em uma reunião e perguntamos ao colega do lado “que horas são?”. Se for no meio tarde, a resposta poderia ser por exemplo “São 4 horas”. Veja que para responder, basta apenas um número com sua unidade de medida. Por outro lado, imagine que você esteja viajando para uma cidade e esteja utilizando um aplicativo de rota para se guiar ao longo da viagem. Frequentemente, o aplicativo lhe mostrará algo do tipo “avance 5 km para frente e depois vire a direita”, veja que apenas dizer “avance 5 km” tornaria a informação incompleta, pois é necessário um complemento, é preciso saber a direção e sentido do movimento além do módulo do deslocamento. Portanto, toda grandeza física que necessita apenas do seu valor, como por exem- plo “está marcando 33 graus hoje!”, ou “ vou comprar 5 kg de arroz”, é uma grandeza escalar. Seria estranho dizer “está marcando 33 graus para cima”, ou “vou comprar 5 kg de arroz da direita para esquerda”. Então vamos a seguinte definição: Grandezas escalares necessitam apenas de um número seguido de uma unidade de medida. Por outro lado, a outra classe de grandezas, conhecidas como vetoriais, precisam de três atributos para serem definidas, que são: módulo, uma direção e sentido (além, obviamente, da unidade de medida). Grandezas vetoriais podem ser expressas por setas, por isso, nas equações matemáticas, as variáveis tem uma seta em cima. O módulo é nada mais do que a intensidade da grandeza física em questão, ou seja, um valor. Na representação de setas, quanto maior o módulo, maior o tamanho da seta. Já a direção pode ser horizontal, vertical, ou mesmo atribuída a um plano de referência x,y e z. Por fim, o sentido é para direita ou esquerda, em cima ou embaixo, no sentido positivo ou negativo em relação ao plano de referência. Dessa forma, em uma mesma direção, podemos percorrer dois tipos de sentidos. Assim, temos a seguinte definição: As grandezas físicas que precisam de um número, direção e sentido, são denomi- nadas grandezas vetoriais. No decorrer dos estudos, vamos nos deparar com medidas muito grandes e tam- bém muito pequenas. Para facilitar cálculos vamos fazer o uso de prefixos. TABELA 1 – PREFIXOS DE MEDIDAS Nome do Prefixo Símbolo Potência em base 10 Significado do prefixo giga G 109 1 000 000 000 000 (1 bilhão) mega M 106 1 000 000 000 (1 milhão) quilo K 103 1000 (Mil) mili m 10-3 0,001 (1 milésimo) micro 10-6 0,000001 (1 bilionésimo ) nano n 10-9 0,000000001 (1 trilionésimo ) Fonte: O autor (2021). 8UNIDADE I Cinemática 2. MOVIMENTO RETILÍNEO E UNIFORME O primeiro tema abordado na disciplina de Física é a Cinemática, em que é estudado movimento de corpos sem se ater às causas do movimento. De forma geral, o primeiro as- sunto é movimento retilíneo e uniforme, depois movimento retilíneo uniformemente variado e somente então movimentos circulares. O intuito desse capítulo é aprender os principais pontos da cinemática que servirão de base para compreender com maior clareza os concei- tos que veremos na física elétrica nos tópicos de robótica. Contudo, antes de adentrarmos na primeira parte, vamos definir algumas grandezas que serão frequentemente usadas. Inicialmente é necessário entender que um corpo ou partícula está em movimento quando sua posição varia com o tempo em relação a um dado referencial. Por exemplo, suponha que você esteja no ponto de ônibus e então, passa na sua frente um carro, é intuitivo assumir que o móvel esteja em movimento pois você está observando ele mudar de posição com o tempo. Entretanto, dentro do automóvel há um motorista e um passageiro sentado no banco de trás, a pergunta é: O motorista está em movimento em relação ao passageiro mesmo com o carro em movimento? A resposta é não! Mas então, como é possível o motorista estar em repouso em relação ao passageiro e em movimento em relação a você que estava esperando o ônibus? 9UNIDADE I Cinemática A explicação para esse problema é que o estado de movimento e repouso depen- dem do referencial. Veja através de outro exemplo: Nesse exato momento você está em movimento em relação à Lua e ao Sol, pois o nosso planeta está em movimento em relação a esses astros. Por outro lado, caso esteja sentado nesse exato momento, você está em repouso em relação ao assento. Após definirmos o conceito de referencial, vamos iniciar os estudos com o movimen- to retilíneo uniforme (MRU). Antes de tudo, o que significa esse nome? Movimento retilíneo é o mesmo que movimento em linha reta, ou seja, nesse primeiro momento não trataremos de problemas em que a trajetória dos corpos sejam curvas. Já a palavra uniforme significa que o movimento é sempre o mesmo, ou seja, a velocidade não altera ao longo do tempo. Suponha Um carro inicialmente em repouso, ou seja, com velocidade nula, está posicionado no marco 0 km. Sempre iremos associar cada posição à um determinado tempo, no caso da primeira posição, o cronômetro marca t=0h. No segundo marco de 20 km, o tempo registrado é t=1h, ou seja, em uma hora o carro percorreu uma distância de 20 quilômetros. Quando o móvel chega no terceiro marco de 40 km, o tempo registrado foi de t=2he consequentemente, ao chegar na linha dos 60 km, é marcado um tempo de t=3h. Você conseguiu observar um padrão nesse movimento? O carro se movimentou 20 km a cada hora, ou seja, sua velocidade foi de v=20 km/h durante todo o percurso. Portanto, como sua velocidade permanece a mesma durante todo o trajeto, o movimento é classificado como uniforme, para calcular a velocidade, basta fazer a seguinte relação matemática: Em que S é chamado de variação de espaço, t a variação de tempo e vm velocidade média do movimento. Atente-se a alguns detalhes. Veja que o símbolo que aparece na equação anterior é uma letra grega do alfabeto que se chama “delta”. Em física a variação de qualquer grandeza física é representada por “”. Em geral, a variação de um fator é ele no seu estado final subtraído do mesmo em seu estado inicial. Por exemplo: Suponha que uma bolinha inicialmente estava em 5m (logo, S 0= 5m), e depois de um tempo, ela esteja no ponto S = 11 m . Assim, variação de espaço é dada por S = S - S0 = 11m - 5m = 6m. Imagine agora que você esteja viajando de carro para uma cidade vizinha, você sai do ponto de partida às 11:00 da manhã (tempo inicial) e chega ao destino às 14:00 (tempo final). Dessa forma a variação de tempo é dada por t = t - t0 = 14h - 11h = 3 h. Outro detalhe que talvez você tenha percebido é que nas expressões matemáticas, uma das variáveis tem um sub índice zero embaixo, isso significa que tal grandeza está no seu estado inicial. Ou seja, t0 indica tempo inicial, s0 o espaço inicial e assim para qualquer outra variável. 10UNIDADE I Cinemática Outro ponto significativo da equação apresentada é que estamos calculando a velocidade média. Mas por que ela tem esse nome “média”? Vamos calcular a velocidade entre o primeiro ponto (origem) e o segundo: S = S - S0 = 20 - 0 t - t0 = 1 - 0 Substituindo na expressão da velocidademédia, temos: Agora vamos fazer a mesma conta entre o primeiro e o último ponto S = S - S0 = 60 - 0 = 60 km Utilizando o primeiro e o último tempo marcado t - t0 = 3 - 0 = 3h Logo a velocidade é dada por Veja que o valor da velocidade no primeiro trecho é o mesmo quando calculado no trecho completo. Caso você tente fazer o cálculo da velocidade entre o segundo e terceiro marco e, também, entre o terceiro e último, encontrará o mesmo resultado. Isso significa que a velocidade não altera, ou seja, é constante no tempo. Por isso é feito o cálculo da velocidade média, pois basta pegar o primeiro e o último marco para saber a velocidade do veículo durante todo o trajeto. Ex. 01 Um automóvel parte do km 30 de uma rodovia, leva uma carga até o km 145 dessa mesma estrada e volta, em seguida, para o km 65. Determine: a) a variação de espaço do caminhão entre o início e o final do percurso; b) a distância percorrida pelo caminhão nesse percurso. 11UNIDADE I Cinemática Resolução: Como o espaço inicial é S0 = 30 km e o espaço final é S = 65 km a variação de espaço é ∆S = S - S0 = 65 - 30 = 35 km. Não importa o quanto o automóvel percorreu, se foi até o marco de 145 km e voltou. A variação de espaço só depende do ponto inicial e final.Já a distância percorrida é marcado pela distância do percurso, ou seja, na ida deslocou uma distância de 115 km e depois mais 80 km na volta. Logo a distância percorrida foi de 195 km. Ex. 02 Um automóvel parte do km 73 da Via Anhanguera às 6 h 45 min e chega ao km 59 às 6 h 55 min. Calcule a velocidade escalar média do automóvel nesse percurso, em km/h. Resolução: Para calcular a velocidade média devemos fazer a razão da variação de espaço pela variação de tempo. ∆S = 59 - 73 = -14 km Note que a variação de espaço é negativa pois a trajetória aponta no sentido con- trário, vai de um ponto positivo para outro menor do que ele. Já a variação de tempo deve ser em horas. ∆t = 6 h 55 min - 6h 45 min = 10 min Porém como passar o tempo em minutos para horas? Usamos uma regra de três simples: 1h - 60 min x - 10 min Multiplicando cruzado: 1h .10 min = x.60 min Simplificando a unidade minutos em ambos os lados e isolando a variável temos: Portanto: 12UNIDADE I Cinemática Agora na unidade correta podemos substituir na expressão da velocidade média: O módulo da velocidade é 84 km/h, porém o sinal é negativo pois o movimento é contrário ao sentido positivo da trajetória. No movimento retilíneo e uniforme, através da expressão da velocidade média, podemos encontrar uma expressão matemática muito importante, a função horária do espaço. Todo movimento, seja ele uniforme ou uniformemente variado (como será visto mais adiante), é caracterizado por uma função horária, como se fosse a identidade daquele corpo. Através dessa expressão, é possível saber onde o objeto se localiza em qualquer instante de tempo. Utilizando o exemplo anterior, no qual o carro trafega pela pista a uma velocidade constante de 20 km/h, a sua expressão horária da posição é dada por: s(t) = 20t Observe que nesse caso, o tempo necessariamente deve ser atribuído em horas. Outra curiosidade é que do lado esquerdo dessa expressão matemática, temos s(t). Isso significa que o espaço é uma função do tempo, por isso está entre parênteses, não confun- da com espaço multiplicando o tempo! Continuando o raciocínio, vamos atribuir valores quaisquer para o tempo e calcular o valor da velocidade: Vemos então que a função horária do espaço fornece exatamente os mesmos va- lores da posição mostrados em cada intervalo de tempo na figura. No entanto, a verdadeira expressão genérica para a função horária dos espaços é s(t) = S0 + vt 13UNIDADE I Cinemática Porém no exemplo que utilizamos, o espaço inicial era o marco de 0 km, dessa forma S0=0 e não há necessidade de escrever s(t)=0+ 20t, podemos então omitir o valor zero que é somado. Vamos fazer mais um exemplo: Suponha a seguinte função horária na qual o espaço é dado em quilômetros e o tempo em horas: s(t) = -5 + 10t Comparando com a expressão genérica, podemos notar que o fator que está so- mando, ou se preferir, o termo constante, é a posição inicial. Enquanto isso, aquele que multiplica a variável tempo é a velocidade do sistema. Nesse caso S0= -5 km e v =10 km/h . Corriqueiramente, alguns problemas na cinemática envolvem diretamente uma interpretação física na função horária dos espaços, em geral são dois casos: 1) Dada a função horária, encontre a posição do móvel na origem dos tempos: Para fazer isso, veja que queremos encontrar o espaço final, ou seja, s (t) quando t = 0. Ou seja, no início dos tempos, a posição que você vai calcular é nada mais do que a posição inicial. Portanto s(0)= -5. 2) Dada a função horária, determine em qual tempo o móvel passa pela origem dos espaços: Nesse caso, s(t)=0 e, em seguida, isolamos a variável t para encontrar o resultado. Logo, 0 = -5 + 10t -> 5 = 10t, então t = 5/10h = 1⁄2 h. Em outras palavras, depois de meia hora de iniciar o movimento, o móvel passa pela origem dos espaços, o marco de 0 km. Ademais, vimos recentemente que a equação da velocidade média é dada pela variação de espaço dividida pela variação de tempo. Na sequência estudamos a função horária do espaço. Existe uma relação entre essas duas expressões matemáticas? Para saber a velocidade média de um objeto, precisamos saber o espaço inicial e final, assim como o tempo inicial e final. Vamos assumir que o tempo inicial seja zero (pois normalmente quando medimos algo em cronômetro, começamos do zero). Portanto: Passando o tempo para o lado esquerdo da equação multiplicando a velocidade Para isolar o espaço final (S) do lado direito, passamos S0 para a esquerda somando S0 + v.t = S 14UNIDADE I Cinemática Veja que a expressão que encontramos é a função horária dos espaços. Portanto veja que a equação da velocidade média e a função horária dos espaços é a mesma coisa. Outro ponto relevante no estudo dos movimentos são as unidades de medida. Se- gundo o Sistema Internacional de Unidades, a unidade de medida de espaço é o metro (m) e a de tempo é segundo (s). Logo, como a velocidade é a razão da variação do espaço pela variação do tempo, a velocidade é dada em m/s. Porém, como foi visto até aqui em alguns exemplos, as velocidades eram dadas em km/h. Então estava errado? A resposta é não! Pois sempre depende do exercício ou da situação. Ora a questão pode pedir a velocidade em km/h, ora em m/s. Contudo, em determinados problemas, torna-se mais conveniente calcular a ve- locidade do problema em uma unidade e depois passar para outra. Existe uma relação matemática que converte a velocidade de km/h em m/s e vice versa: FIGURA 1 – TRANSFORMAÇÃO ENTRE AS UNIDADES METROS POR SEGUNDO EM QUILÔMETROS POR HORA Fonte: O Autor (2021). Quando o objeto se desloca no sentido positivo da trajetória, o movimento é de- nominado progressivo. Matematicamente nesse caso, sempre o espaço final do intervalo escolhido será maior que o valor do espaço inicial, dessa forma, S é positivo. Por outro, quando o movimento se dá no sentido oposto ao da trajetória, o ponto final será menor que o ponto inicial, logo, Sé negativo e o movimento é classificado como retrógrado. 15UNIDADE I Cinemática Ex. 03 Faça uma comparação das três velocidades VA = 5 m/s, VB = 18 km/h, VC = 300 m/min. Resolução: Vamos manter todas as velocidades na mesma unidade, ou seja, m/s. A velocidade VA está na unidade correta. Para calcular a velocidade B foi usado a conversão padrão de km/h para m/s. Já a ve- locidade C convertemos 1 minuto em 60 segundos. Logo, as três velocidades são as mesmas. Ex. 04 Nas seguintes funções horárias do espaço, identifique o espaço inicial S0 e a velo- cidade escalar v. i ) S (t) = 10 + 2t ii ) S (t) = -5 + 6t iii ) S (t) = 10t iv ) S (t) = 3 - 4t Resolução: Para identificar os parâmetros da função horária da posição, basta compararcom a equação genérica: i) S(t) = 10 + 2t S(t) = S0 + v.t Veja que o termo que multiplica o tempo é a velocidade, ou seja v = 2 m/s. Já a constante somando o lado direito da igualdade é o espaço inicial, assim S0 = 10 m.Fazendo o mesmo para os outros três exemplos: 16UNIDADE I Cinemática Ex. 05 Um carro se desloca com velocidade constante de 144 km/h. Em um cronômetro é registra 5 segundos. Qual o espaço, em metros, percorrido pelo carro nesse intervalo de tempo? Resolução: Primeiro, vamos converter a velocidade em km/h para m/s Como a velocidade é de 40 metros por segundo, ou seja, a cada segundo o auto- móvel percorre 40 metros, então em 5 segundos serão 200 metros. Mas, caso você prefira seguir a matemática: Ex. 06 As funções horárias dos espaços de duas partículas, A e B, que se movem numa mesma reta orientada, são dadas por: A origem dos espaços é a mesma para o estudo dos dois movimentos, o mesmo ocorrendo com a origem dos tempos. Determine: a) a distância que separa as partículas no instante t = 5s ; b) o instante em que essas partículas se encontram; c) a posição em que se dá o encontro. Resolução: No tempo de Para determinar os instantes em que os corpos se encontram igualamos as duas funções horárias: 17UNIDADE I Cinemática Por fim, a posição em que se da o encontro deve ser a mesma, então ao substituir o tempo em qualquer uma das duas funções horárias, o resultado deve ser o mesmo: Logo, a posição de encontro é 60 m. 18UNIDADE I Cinemática 3. MOVIMENTO RETILÍNEO UNIFORMEMENTE VARIADO Já sabemos que para que uma partícula realize um movimento retilíneo e uniforme a sua velocidade deve ser constante durante todo o trajeto. Porém isso pode ser feito no nosso dia a dia? Suponha que você viaje de uma cidade para a outra distanciadas de 100 km. Se fosse um movimento uniforme com velocidade constante de v = 100 km/h , a duração da viagem será de uma hora. Porém sabemos que a velocidade não é de desde o início do movimento até o seu término. Por exemplo, o carro sai do repouso (velocidade nula) e acelera até atingir a velocidade esperada, além disso, durante o percurso, devido a presença de carros na pista, não é possível manter a velocidade constante. Ao longo do caminho pode haver algum congestionamento, pedágio, um posto da polícia federal que exige a redução da velocidade de qualquer móvel para 40 km/h, sem contar buracos e irregularidades na pista. Todos esses fatores proporcionam um movimento variado, ou seja, um movimento em que a velocidade se altera. Contudo, mesmo com todas essas adversidades, o motoris- ta ainda consegue chegar ao seu destino do exemplo no tempo de 1h, como é possível já que a velocidade não é constante? A resposta está na aceleração que o condutor imprime no carro. Em outras palavras, quando aceleramos ou freamos um móvel, a sua velocidade se altera. Portanto, como a aceleração é a variação da velocidade em um determinado intervalo de tempo, a formulação matemática para essa grandeza é dada por: 19UNIDADE I Cinemática Em que a é a aceleração média entre dois instantes. Como a velocidade no SI é dada em m/s e o tempo em segundos, a unidade da aceleração é: A vista disso, temos agora duas novas classificações de movimento, relacionadas ao crescimento e diminuição da velocidade em um intervalo de tempo. Quando o movimento da partícula é considerado como variado e sua velocidade aumenta com o tempo, então é dito movimento acelerado. Por outro lado, se a velocidade reduz com o tempo, é a mesma coisa que retardar a velocidade(diminuí-lo), logo, o movimento é retardado. Outra obser- vação importante é que a função horária das posições é diferente no movimento variado, sendo escrita da seguinte forma: No movimento retilíneo uniformemente variado (que significa que a velocidade varia de maneira uniforme em uma trajetória reta), há mais duas equações que nos auxiliam nos exercícios de Física. Como não é o objetivo apresentar todos os assuntos de cinemática e nem focar na resolução de exercícios, vamos passar de maneira breve quais são essas outras equações do movimento. A primeira delas é a equação de Torricelli, que tem esse nome em homenagem ao seu descobridor e grande cientista do século 17, o italiano Evangelista Torricelli. A vantagem dessa expressão matemática é que para realizar o cálculo não precisamos saber o intervalo de tempo do movimento. Basta saber pelo menos três das quatro grandezas, a variação de espaço, a ace- leração, velocidade inicial e final. A outra equação relaciona as velocidades inicial e final, a aceleração e o tempo: 20UNIDADE I Cinemática Ex. 01 É dada a seguinte função horária da velocidade escalar de uma partícula em movi- mento uniformemente variado: v(t) = 5 + 2.t Determine: a) a velocidade escalar inicial e a aceleração escalar da partícula; b) a velocidade escalar no instante t = 6 s ; c) o instante em que a velocidade escalar vale v = 15 m/s. Resolução: Comparando com a equação genérica da velocidade em função do tempo: v (t) = 5 + 2. t v (t) = v0 + a. t Nesse caso temos: v0 = 5 m/s e a = 2 m/s 2. Para calcular a velocidade no instante de tempo de 6 segundos substituímos esse valor na expressão da velocidade: v(t) = 5 + 2.t → �(6) = 5+2.6 → v(6) = 5+12 Portanto v(6) = 17 m/s Por fim, para calcular o instante em que a velocidade vale 15 m/s fazemos: 21UNIDADE I Cinemática Ex. 02 No instante t0 = 0 s, um automóvel a 20 m/s passa a frear com aceleração escalar constante igual a -2 m/s 2 . Determine: a) a função horária de sua velocidade escalar; b) o instante em que sua velocidade escalar se anula. Resolução: Usando os dados do enunciado temos: Então: O próximo passo é descobrir quando a velocidade se anula, ou seja, o valor de t para v = 0 . Ex. 03 Um automóvel parte do repouso, animado de aceleração escalar constante e igual a 3 m/s 2. Calcule a velocidade escalar do automóvel após a partida. Resolução: Como o automóvel parte do repouso v0 = 0 m/s, a aceleração vale a = 3 m/s2, então a expressão da velocidade fica da seguinte forma: Assim, no instante de 10 s a velocidade corresponde a: v (10) = 3.10 = 30 m/s 22UNIDADE I Cinemática Ex. 04 Uma moto está a 12 m/s quando seus freios são acionados, garantindo-lhe uma aceleração de retardamento de módulo 3 m/s 2, suposta constante. Determine quanto tem- po decorre até a moto parar. Resolução: O problema começa com a velocidade de 12 m/s, logo v0 = 12 m/s. Contudo, como é uma situação de retardamento, ou seja, de frenagem, a aceleração é negativa a = -3 m/s2. Dessa forma, a expressão da velocidade fica: v(t) = v0 + a . t v(t) = 12 - 3 . t O que devemos calcular é o tempo necessário até a moto parar, ou seja, até a velocidade final for zero v = 0. Assim: 0 = 12- 3.t 3t = 12 t = 4 s Ex. 05 Um móvel inicia, em determinado instante, um processo de frenagem em que lhe é comunicada uma aceleração escalar de módulo constante e igual a 4 m/s2. Sabendo que o móvel para 20s após a aplicação dos freios, determine sua velocidade escalar no instante correspondente ao início da frenagem. Resolução: Do enunciado temos que a aceleração vale a =-4 m/s2 e que depois de t =20 s a velocidade final vale zero, ou seja v(20) = 0, qual o valor da velocidade inicial? Substituindo esses valores na expressão geral da velocidade: v(t) = v0 + a.t 0 = v0 - 4.20 0 = v0- 80 v0 = 80 m/s 23UNIDADE I Cinemática Ex. 06 Um automóvel move-se a 72 km/h quando seu motorista pisa severamente no freio, de modo a parar o veículo em 5 s. Calcule a distância percorrida pelo automóvel nesses 5 s. Resolução: Primeiro vamos converter a velocidade de 72 km/h para 20 m/s: O tempo de frenagem é de 5 segundos, vamos determinar o módulo da aceleração: A aceleração é negativa pois trata-se de uma frenagem. Usando a função horária das posições: Ex. 07 A função horária dos espaços de um corpo é: S(t) = t2 - 13t + 40 Determine o (s) instante (s) em queo corpo passa pela origem dos espaços. Resolução: Veja que o enunciado já deixa claro que pode haver mais de um instante, isso é possível uma vez que como se trata de uma função de segundo grau, a variável que é o tempo pode assumir dois valores, ou seja, a função tem duas raízes. Vamos calcular: Logo, esses são os dois instantes em que a partícula passa pela origem. 24UNIDADE I Cinemática Ex. 08 Enquanto uma partícula percorre 10 m, sua velocidade escalar instantânea varia de 1 m/s a 2 m/s. Determine sua aceleração escalar, suposta constante. Resolução: Os dados do exercício foram Como temos que encontrar a aceleração, a melhor equação que se encaixa com os dados é a de Torricelli. 25UNIDADE I Cinemática 4. GRÁFICOS DE MRU E MRUV Estudamos até o momento as duas classificações de movimento, um classificado pela velocidade constante e outro por ter velocidade variável com o tempo devido a acele- ração. Vamos analisar esses dois movimentos do ponto de vista gráfico. 4.1 Gráficos do MRU Como o movimento uniforme quer dizer que a velocidade não se altera com o tempo, então é intuitivo pensar que o gráfico seja uma reta constante no tempo. A diferença será baseada se a velocidade for positiva, nula ou negativa. 1) Movimento progressivo (v > 0). FIGURA 2 - GRÁFICO DA VELOCIDADE EM FUNÇÃO NO TEMPO Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012). A função horária dos espaços é dada por . Veja que é uma função de primeiro grau, pois a variável tempo está elevado ao expoente um. Portanto, o gráfico de é uma reta. 26UNIDADE I Cinemática FIGURA 3 - MOVIMENTO UNIFORME PROGRESSIVO Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012). Lembre-se da matemática básica que uma função genérica de primeiro grau é escrita como f(x) = b + ax. Ou seja, o coeficiente linear (b) indica onde a função toca o eixo das coordenadas, comparando observamos que o espaço inicial S0 é o coeficiente linear. Portanto, na figura anterior podemos ver que o que muda é o espaço inicial. Ademais, temos por comparação que o coeficiente angular (a) da função de primeiro grau é a velocidade (v) da partícula. Isso indica que quanto maior o módulo da velocidade, mais inclinada é a reta. 2) Movimento retrógrado (v < 0) Nesse caso a velocidade é negativa, porém não necessariamente porque o carro engatou a marcha ré, mas porque se desloca no sentido oposto ao da trajetória. Exemplo: Se a trajetória que liga um ponto A até um ponto B for referenciada como positiva, então a trajetória de B até A tem orientação negativa. FIGURA 4 - MOVIMENTO UNIFORME RETRÓGRADO Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012). A função horária do movimento do MRU é de forma genérica dada por: S(t) = S0- vt. Ou seja, o coeficiente angular, que é a velocidade, é negativo, logo o gráfico é uma reta com orientação para baixo. 27UNIDADE I Cinemática FIGURA 5 - MOVIMENTO UNIFORME E RETRÓGRADO VARIANDO O ESPAÇO INICIAL Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012). 3) O terceiro caso é aquele em que a velocidade é nula (v = 0). O significado disso é que o objeto está no estado de repouso e a representação gráfica é dada por: FIGURA 6 - VELOCIDADE NULA Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012). O gráfico de v x t torna-se vantajoso para calcular o espaço percorrido pela partícula. Considere o gráfico da velocidade v em função do tempo t. Vamos escolher dois instantes quaisquer t1 e t2 e calcular a “área” A que eles determinam entre o eixo dos tempos e o gráfico: FIGURA 7 - ÁREA NUMERICAMENTE IGUAL AO DESLOCAMENTO DO MÓVEL Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012). 28UNIDADE I Cinemática Veja que a área é definida como a multiplicação do eixo das coordenadas pelas abcissas, ou seja , e o que isso significa matematicamente? Lembrando da equação da velocidade média: Portanto, a área abaixo da curva nesse tipo de gráfico é numericamente a variação de espaço entre t1 e t2. Ex. 01 Considere o gráfico de S x t : FIGURA 8 - GRÁFICO DO ESPAÇO EM FUNÇÃO DO TEMPO Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012). Como é a representação gráfica da v x t ? Resolução: Vamos calcular a velocidade entre cada trecho 29UNIDADE I Cinemática FIGURA 9 - GRÁFICO DA VELOCIDADE EM FUNÇÃO DO TEMPO Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012). Note alguns pontos importantes, o primeiro que como se trata de um movimento uniforme o gráfico de v×t deve ser uma reta na horizontal. Além disso, a inclinação da curva do gráfico de S×t indica o sinal da velocidade, ou seja no primeiro intervalo aponta para cima, então a velocidade é positiva, no segundo momento não tem inclinado a curva do espaço logo a velocidade é nula e no terceiro intervalo como a curva aponta para baixo a velocidade é negativa. Ex. 02 Dois móveis A e B percorrem a mesma trajetória descritas pelo gráfico a seguir. FIGURA 10 - GRÁFICO DO ESPAÇO EM FUNÇÃO DO TEMPO PARA A PARTÍCULA A E B Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012). Qual a função horária das posições para cada corpo? 30UNIDADE I Cinemática Resolução: O corpo A tem S0= -6 e se encontra no ponto S = 6 o tempo marca 4 segundos. Com esses dados podemos calcular a velocidade média Logo a função horária é dada por: Fazendo o mesmo procedimento para o corpo B, através do gráfico tem-se que S0= 0 e quando se encontra no ponto S=6 o tempo marca 4 segundos. Assim a velocidade é dada por: Portanto, a função horária das posições é escrita como: 4.2 Gráficos do MRUV No estudo do movimento uniforme o espaço é uma função de primeiro grau S(t) = S0+ v . t, logo é uma reta com determinada inclinação. A velocidade não é caracterizada por uma função, pois sempre é constante, podendo ser apenas positiva, nula ou negativa. Já a aceleração não existe. Quando mudamos para o movimento retilíneo uniformemente variado o grau das fun- ções eleva uma unidade cada um. Em outras palavras, a função das posições, que antes era de primeiro grau, passa ser de segundo grau. A velocidade torna-se uma função de primeiro grau e a constante passa ser a aceleração, que antes não existia. Veja a diferença abaixo: 31UNIDADE I Cinemática TABELA 2 - COMPARATIVO ENTRE MOVIMENTO RETILÍNEO E UNIFORME COM UNIFORMEMENTE VARIADO MRU MRUV S(t) = S0 + v.t v = constante v(t) = v0+a.t Não há aceleração a = constante Fonte: O autor (2021). Sendo assim, vamos a representação gráfica da função horária do espaço do MRUV: FIGURA 11 - GRÁFICO DO ESPAÇO EM FUNÇÃO DO TEMPO PARA O MRUV ACELERADO Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012). Como a função do espaço é de segundo grau, então sua representação gráfica é uma parábola. Quando o termo quadrático for positivo (aquele que multiplica ), nesse caso, a aceleração positiva, então a concavidade é virada para cima. No caso oposto, quando a aceleração for negativa, a concavidade será orientada para baixo: FIGURA 12 - GRÁFICO DO ESPAÇO EM FUNÇÃO DO TEMPO PARA O MRUV RETARDADO Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012). Do ponto de vista da velocidade, como é uma função de primeiro grau v(t) = v0+ a.t, então o gráfico é uma reta, em que o coeficiente linear é v0, ou seja, a velocidade inicial é o ponto em que o gráfico toca o eixo das coordenadas e a aceleração é o coeficiente angular. Em outras palavras, quando a aceleração é positiva a reta é orientada para cima, quando a = 0 então a velocidade é constante e a curva não tem inclinação, por fim se a aceleração for negativa a reta aponta para baixo. 32UNIDADE I Cinemática FIGURA 13 - GRÁFICO DA VELOCIDADE EM FUNÇÃO DO TEMPO PARA O MRUV Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012). A aceleração nesse caso, como é constante, pode ser positiva ou negativa: FIGURA 14 - GRÁFICO ACELERAÇÃO EM FUNÇÃO DO TEMPO PARA O MRUV ACELERADO Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012). Ademais, assim como no movimento uniforme, existe um significado físico quando calculada a área abaixo da curva da aceleração no tempo. FIGURA 15 - ÁREA NUMERICAMENTE IGUAL A VELOCIDADE Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012). 33UNIDADE I Cinemática A multiplicação de a por é a área abaixo dacurva, ou seja, da expressão da aceleração, temos que resulta na variação da velocidade entre os instantes de tempo t1 e t2: Ex. 03 Um carro tem sua velocidade descrita pelo gráfico a seguir. Determine a velocidade do veículo no tempo de t = 4 s. FIGURA 16 - GRÁFICO DA VELOCIDADE EM FUNÇÃO DO TEMPO Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012). Resolução: Através do gráfico temos que v0 = 20 m/s. Logo a aceleração será: Então a expressão da velocidade é: v(t) = v0 + a.t v(t) = 20 - 3.t Para saber a velocidade no instante de 4 segundos basta substituir: v(4) = 20 - 3.4 = 20 - 12 = 8 m/s 34UNIDADE I Cinemática Ex. 04 Faça o gráfico da aceleração em função do tempo usando como referência a curva abaixo: FIGURA 17 - GRÁFICO DA VELOCIDADE EM FUNÇÃO DO TEMPO Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012). Resolução: No intervalo de 0 a 20 segundos a velocidade não muda, logo a aceleração é nula. Entre 20 e 30 segundos a aceleração é dada por: No intervalo de 30 a 40 segundos: Assim o gráfico fica da seguinte forma: FIGURA 18 - GRÁFICO DA ACELERAÇÃO EM FUNÇÃO DO TEMPO Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012). 35UNIDADE I Cinemática SAIBA MAIS Nas ciências exatas, o esqueleto de qualquer teoria é a matemática e em nosso caso, a física engloba o formalismo matemático. Quando você estudar cálculo diferencial e integral, parte da disciplina explica o teorema fundamental do cálculo. A grosso modo, a derivada da função do espaço em função do tempo, resulta na expressão da velocidade e, derivando a velocidade, obtemos a aceleração. O oposto é ditado pela integral. Integrando a aceleração, chegamos na expressão da velocidade e, integrando essa última, obtemos a função horária das posições. Fonte: O autor (2021). REFLITA Aprender a cinemática prepara você para analisar qualquer sistema físico do ponto de vista cinético. Sabendo diferenciar um MRU e um MRUV contribui em todos os tópicos que vamos ver a partir de agora. Fonte: O autor (2021). 36UNIDADE I Cinemática CONSIDERAÇÕES FINAIS Pronto! Você chegou ao final da Unidade I de nosso material. Começamos classifi- cando dois tipos de grandezas físicas: aquelas que apenas o módulo caracteriza, as gran- dezas escalares. Já outras necessitam de uma direção, sentido e módulo, denominadas grandezas vetoriais. Posteriormente estudamos as características do movimento retilíneo e uniforme e do movimento uniformemente variado e, fazendo alguns exemplos para entendermos a aplicação das relações matemáticas. Por fim, mas não menos importante, vimos também um estudo gráfico do MRU e MRUV e como classifica-los em progressivo, retrógrado, acelerado e retardado. Esperamos que você tenha aproveitado ao máximo esse momento de estudo. Até a próxima! 37UNIDADE I Cinemática MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Mecânica Clássica Autor: John R. Taylor Editora: Bookman Sinopse: este livro discute, com uma didática incomum, todos os conceitos fundamentais da mecânica clássica. Traz ainda tópicos adicionais e uma série de problemas, dos mais variados níveis, que enriquecem o aprendizado do aluno. FILME / VÍDEO Título: Tema 02 – Conceitos Cinemáticos | Experimentos – Movi- mento retilíneo uniforme Ano: 2016. Sinopse: Neste vídeo, o professor realiza uma medida para um experimento de movimento retilíneo uniforme. Link: https://www.youtube.com/watch?v=OjP8bPaadEM 38 UNIDADE II Dinâmica I Professor Me. Arthur Ernandes Torres da Silva Plano de Estudo: ● Força Resultante; ● Leis de Newton; ● Força de atrito; ● Trabalho e Potência. Objetivos da Aprendizagem: ● Aprender as leis de Newton e suas aplicações na física mecânica; ● Estudar a diferença entre força de atrito estática e cinética; ● Compreender o conceito de trabalho mecânico e potência mecânica. 39UNIDADE II Dinâmica I INTRODUÇÃO Prezado (a) aluno (a), nesta unidade vamos começar estudando a natureza de uma força e os cenários em que lidamos com equilíbrio de forças, tanto em casos estáticos como em problemas de equilíbrio dinâmico. Depois, vamos entrar nas leis de Newton, que caracterizam toda a mecânica clássica. O terceiro capítulo será dedicado as forças de atrito, ou seja, a diferença entre força de atrito estática e cinética, bem como quando usar cada uma delas. No último capítulo vamos estudar o que é trabalho mecânico e potência mecânica. Esperamos que esta unidade seja imensamente proveitosa e seja de bom uso na sua formação acadêmica. Bons estudos! 40UNIDADE II Dinâmica I 1. FORÇA RESULTANTE Inicialmente, vamos entender o que é dinâmica e sobre o que vamos estudar a partir dessa unidade. Na unidade anterior estudamos cinemática, que nada mais é do que o estudo do movimento dos corpos. Ou seja, caracterizávamos o movimento de uma par- tícula com base na função das posições, velocidade e aceleração, todas elas dependendo do tempo. Porém em nenhum momento buscamos entender o que causava o movimento. Essa pergunta será respondida nessa unidade. Logo, a dinâmica é o estudo das forças e as consequências geradas por tais agen- tes físicos. Ademais, existem sistemas que englobam mais de uma força, as quais geram movimento ou mantem o sistema em repouso, ou seja, no estado estático. Portanto, vamos definir a força como uma grandeza física que pode gerar movimento. Suponha que você esteja brincando de cabo de guerra e o seu rival puxe a corda com a mesma força que você está aplicando na corda. O que esperamos nesse caso? Que a fita vermelha responsável por mostrar para onde o lado ganhador está se movendo permaneça parada. Uma vez que a força exercida em ambos os lados é a mesma. Troque a ideia da fita vermelha por uma caixa, como as forças são as mesmas na mesma direção, porém em sentidos opostos (ou seja, na horizontal, mas uma aponta para a direita e outra para a esquerda) e possuem intensidades iguais, a caixa não se move. Essa situação caracteriza um equilíbrio estático. Matematicamente: 41UNIDADE II Dinâmica I O símbolo matemático na equação anterior é uma letra grega chamada de “sigma” e na física é usado para o conceito de “somatória”. Em outras palavras, a força resultante que atua em um corpo é o somatório das forças e, como estamos falando que é o caso estático, a resultante deve ser igual a zero. Imagine o seguinte exemplo: João puxa a corda para a direita com uma força de e Maria para a esquerda com a mesma intensidade. Entretanto, como Maria puxa para a esquerda, será dito que a força é negativa, pois está no sentido contrário ao da força positiva que aponta para a direita. Assim: Outro ponto que devemos salientar é que a unidade de força é o Newton (N) em homenagem a Sir Isaac Newton, pai da mecânica clássica. FIGURA 1 – FORÇA RESULTANTE NULA Fonte: https://phet.colorado.edu/sims/html/forces-and-motion-basics/latest/forces-and-motion-basics_pt_BR.html Vamos agora supor uma outra situação, que do lado direito, para ajudar João, seu irmão mais velho Lucas entra no jogo e aplica uma força de 100N e, para ajudar Maria, sua irmã mais velha Bruna, vai a esquerda, exercendo uma força de 150 N. O que acontecerá? Vamos fazer o cálculo da força resultante: Portanto, nesse caso há uma força resultante não nula, embora o sinal é negativo, isso só caracteriza a direção da força, que é para a esquerda a favor do time das meninas. Sendo assim: 42UNIDADE II Dinâmica I FIGURA 2 – FORÇA RESULTANTE DIFERENTE DE ZERO Fonte: https://phet.colorado.edu/sims/html/forces-and-motion-basics/latest/forces-and-motion-basics_pt_BR.html Então é o mesmo que dizer que a caixa no centro se move para a esquerda com uma força de módulo igual a . Entenda que o módulo de uma grandeza é o mesmo que analisar apenas o seu valor numérico, ignorando o sinal (uma vez que o sinal está associado a orientação). A partir do momento que a força resultante é não nula, o sistema passa a se mover na mesma direção e sentido dessa força. O que você deve concluirdisso? Uma força resultante que não é zero gera movimento. Vamos ver alguns exemplos Ex. 01 Calcule a força resultante do sistema abaixo: FIGURA 3 – EXEMPLO 01 Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012). Resolução: FR=35-22=13N Logo o módulo da força resultante é de 13N, sua direção é horizontal no sentido da direita. 43UNIDADE II Dinâmica I Ex. 02 Determine a força resultante do cenário abaixo: FIGURA 4 – EXEMPLO 02 Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012). Resolução: Nesse caso o que fazemos? Não é possível somar duas forças em direções distin- tas. Sendo assim, usamos o Teorema de Pitágoras. FIGURA 5 – DECOMPOSIÇÃO DE FORÇAS Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012). Note que a força resultante é como a hipotenusa de um triângulo retângulo, e os catetos são as forças de 8N e 6N. Sendo assim: 44UNIDADE II Dinâmica I FIGURA 6 – FORÇA RESULTANTE DECOMPOSTA Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012). O próximo passo agora será estudar as três leis de Newton. 45UNIDADE II Dinâmica I 2. LEIS DE NEWTON Da mesma forma como o eletromagnetismo é fundamentada pelas equações de Maxwell, a relatividade por Einstein e Lorentz, a mecânica é estruturada pelas três leis de Newton. Sendo assim, nessa unidade vamos aprender as três leis de Newton e suas aplicações. 2.1 Primeira Lei de Newton Ao longo dos anos inúmeras formas de expressar a primeira Lei de Newton foram apresentadas, apenas com algumas mudanças de palavras, porém todas com mesmo sig- nificado. Vamos a ela então: Todo corpo em repouso ou em movimento retilíneo e uniforme permanece nesse estado até que uma força resultante externa atue sobre o mesmo. Em outras palavras, imagine que um automóvel esteja se locomovendo em movi- mento uniforme e em linha reta, ou seja, viajando a uma velocidade constante. Para que esse estado se altere, ou seja, a velocidade mude ou a direção e sentido de movimento se altere, é preciso que uma força resultante externa atue sobre o corpo. Por outro lado, se um objeto está em repouso, ele só altera esse estado e entra em movimento quando uma força resultante externa atua sobre o mesmo. A primeira lei de Newton recebe o nome de lei da Inércia. O conceito de inércia é um quanto pouco abstrato, mas podemos pensar que tudo que tem massa tem inércia e ela é uma característica de um corpo conservar sua velocidade vetorial. Assim, para que a inércia de um corpo se altere, é preciso a presença de uma força resultante externa. 46UNIDADE II Dinâmica I Podemos pensar então que um corpo em repouso permanece em repouso, até que uma força externa intervenha no mesmo. Já um corpo em movimento retilíneo e uniforme permanece no MRU até que uma força externa atue sobre o mesmo. 2.2 Segunda Lei de Newton A segunda lei de Newton é uma consequência direta da primeira lei. Como apren- demos, uma força externa que atua em um corpo, altera seu estado de inércia e modifica sua velocidade. Sendo assim: Ou seja, a força resultante externa que atua em um corpo de massa m produz sobre o mesmo uma aceleração . Ademais, essa aceleração adquirida pelo corpo tem mesma direção e sentido da força resultante.Quanto maior a força resultante, maior é o mó- dulo da aceleração adquirido pelo corpo. FIGURA 7 – FORÇA RESULTANTE PROPORCIONAL A ACELERAÇÃO Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012). 2.3 Terceira Lei de Newton Provavelmente um uma das mais conhecidas leis da física por ser utilizada como ditado popular em que “tudo que vai volta” ou “toda a ação gera uma reação”. A terceira lei de Newton é extremamente fundamental e pode ser enunciada da seguinte forma: Toda ação gera uma reação, de mesma intensidade e direção, porém em sentidos opostos. Ou seja, suponha que um homem empurre um bloco de pedra, realizando uma força so- bre o bloco (o primeiro prefixo é quem causa a força e o segundo quem recebe). Por reação, o bloco também empurra o homem, porém para trás, no sentido contrário e mesma direção. FIGURA 8 – AÇÃO E REAÇÃO Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012). 47UNIDADE II Dinâmica I Um exemplo mais prático dessa lei é imaginar que você e um amigo esteja de patins, um de frente para o outro em repouso e, por algum motivo, você o empurra, o que acontece com você? Ao empurrar o seu colega para frente você é impulsionado para trás, com a mesma força que executou no empurrão. Agora que estudamos as leis de Newton, vamos definir outras forças específicas que serão de grande uso para nossos cálculos. 2.4 Força Peso, normal e tração Uma das perguntas mais óbvias em toda física é porque a Terra “puxa” tudo para ela, ou porque os corpos caem? Segundo as histórias, foi assim que Newton resolveu um dos maiores mistérios da época, a força gravitacional. O conceito é muito simples, todo corpo que possui massa é atraído para o centro da Terra como se toda a massa do planeta estivesse concentrada em um único ponto. FIGURA 9 – FORÇA PESO Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012). O módulo dessa força de atração, também denominado para os pequenos corpos como força peso é escrito matematicamente como: Em que é a força peso e é a aceleração da gravidade. O módulo da aceleração da gravidade possui um valor de g = 9,8 m/s2, mas em alguns exercícios, é comum encon- trarmos que g=10 m/s2. Lembre-se sempre que a força peso aponta sempre na vertical para baixo e como é uma força de atração que a Terra exerce no corpo, há também uma reação. Ou seja, se o planeta atrai o corpo, então o corpo também atrai o planeta, logo a reação da força peso se encontra no centro da Terra apontando para o objeto. 48UNIDADE II Dinâmica I FIGURA 10 – AÇÃO E REAÇÃO DA FORÇA PESO Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012). A outra força que será muito corriqueira em nossos estudos é a força normal. Quan- do um objeto é apoiado sobre uma superfície plana e horizontal, a superfície exerce uma força de reação sobre o corpo, essa força é chamada de normal ( ). FIGURA 11 – PESO E NORMAL Fonte: O Autor (2021). Como é uma força, a reação da força normal se encontra abaixo da superfície, apontada para baixo, na mesma direção e sentido da força peso da figura anterior. A outra força que vamos trabalhar bastante é a força de tração exercida por uma corda. Ou seja, toda vez que um corpo estiver sendo puxado ou arrastado por uma corrente ou corda, é dito que ele sente uma tração do fio. FIGURA 12 – TRAÇÃO DE UMA CORDA EM UM CORPO Fonte: O Autor (2021). 49UNIDADE II Dinâmica I Exercícios Ex. 01) Um corpo de massa 5,0 kg é arrastado num plano horizontal por uma força horizontal constante de intensidade F = 10 N, qual o valor da aceleração adquirido pelo corpo? FIGURA 13 – FORÇA ATUANDO EM UM CORPO Fonte: O Autor (2021). Resolução: Usando a segunda Lei de Newton temos: Ex. 02) Um corpo, com massa igual a 5 kg, será arrastada a partir do repouso sobre o solo plano e horizontal sob a ação de uma força constante F de intensidade 32 N, representada na figura abaixo: FIGURA 14 – FORÇA EXTERNA APLICADA EM UM CORPO FAZENDO UM ÂNGULO COM A HORIZONTAL Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012). Qual a intensidade da aceleração adquirida pela caixa? 50UNIDADE II Dinâmica I Resolução: Note que a força está na diagonal, ou seja, ela pode ser decomposta em uma parte horizontal e uma parte vertical . Contudo, é a componente horizontal que causa o movimento na superfície. Como calculamos essa componente? Logo, temos pela segunda lei de Newton: Ex. 03) Na figura abaixo, os blocos A e B têm massas m1 = 5,0 kg e m2 = 3,0 kg e, estando apenas encostados entre si, repousam sobre um plano horizontal perfeitamente liso. FIGURA 15 – FORÇA DE CONTATO Fonte: O Autor (2021). Determine o módulo da aceleração do conjunto se a força aplicada sobre o bloco 1 for de 24N. Resolução: Para resolver esse problema vamos pensar em cada bloco isoladamente, ou seja, quais as forças que atuam em cada corpo. 51UNIDADE II Dinâmica I Bloco 1: Sobre o bloco 1 atua uma força externa, mas a medida que o bloco 1 é empur- rado, ele empurra também o bloco 2, ou seja, ele causa uma força de contato no bloco 2. Porém o que o bloco 1 sente não é a força que ele faz, mas sim a que ele sofre de reação por empurrar o bloco 2. Assim: Veja que a resultante das forças podem ser entendidas como a força externa que o bloco 1 sente menos a reação por empurrar o bloco dois . Como se trata do corpo 1, então usamos a massa m1 e a aceleração a1. Bloco 2: Veja que nesse caso, a única força que vai atuar sobre o corpo 2 é a que o bloco 1 a empurra. Ou seja, uma força do tipo . Sendo assim, a segunda lei de Newton para o corpo 2 fica como: Agora o próximo passo será somar esse conjunto de forças, que atuam em cada corpo formando um sistema Somando as duas linhas desse sistema temos: 52UNIDADE II Dinâmica I Vamos agora aplicar a terceira lei de Newton no sistema. Como a ação e reação pos- suem mesmo módulo, então . Logo esses dois termos se cancelam do lado esquerdo da igualdade. Por outro lado, como o sistema está se movendo junto, ou seja, o bloco 1 junto ao bloco 2, a aceleração é a mesma para ambos, podemos então fazer a1 = a2 = a. Assim: Note que como a aceleração é a mesma, ela foi colocada em evidência. Por fim, substituímos os valores: Ex. 04) Dois carrinhos de supermercado, A e B, podem ser acoplados um ao outro por meio de uma pequena corrente de massa desprezível, de modo que uma única pessoa, em vez de empurrar dois carrinhos separadamente, possa puxar o conjunto pelo interior do supermercado. Um cliente aplica uma força horizontal constante de intensidade F sobre o carrinho da frente, dando ao conjunto uma aceleração de intensidade 14 m/s2. FIGURA 16 – TRAÇÃO PROMOVIDA POR UMA CORDA Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012). Sendo o piso plano e as forças de atrito desprezíveis, o módulo da força F e o da força de tração na corrente corresponde a quantos? Resolução: Para o carrinho de 20 kg , fazemos: 53UNIDADE II Dinâmica I FIGURA 17 – FORÇA RESULTANTE NO CARRINHO DE 20 KG Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012). Para o carrinho de 50 kg , fazemos: FIGURA 18 – FORÇA RESULTANTE NO CARRINHO DE 50 KG Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012). Somando as duas equações: Substituindo os valores: 54UNIDADE II Dinâmica I Agora, para determinar o valor da tração na corda, tanto faz substituir o valor da aceleração na expressão do carrinho 1 ou do carrinho 2, o resultado deve ser o mesmo. Ou pela equação do carrinho 1: Isso comprova a assertividade do cálculo. Ex. 05) No esquema a seguir, os blocos A e B têm massas respectivamente iguais a 8,0 kg e 2,0 kg (desprezam-se os atritos, a influência do ar e a inércia da polia). FIGURA 19 – SISTEMA TRAÇÃO E PESO Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012). Considerando o fio que interliga os blocos leve e inextensível e adotando nos cál- culos |g|=10 m/s2, determine: a) o módulo da aceleração dos blocos; b) a intensidade da força de tração estabelecida no fio. Resolução: Vamos aplicar a segunda lei de Newton em cada corpo separadamente. Bloco A: Note que a única força que atua no bloco A é a tração. 55UNIDADE II Dinâmica I Bloco B: Por que foi feito o peso do corpo menos a tração do fio que o segura? Em casos assim, onde não há força de atrito, qualquer força externa é capaz de colocar um corpo em movimento. Sendo assim, o fato do corpo B estar suspenso implica que o peso vai puxá-lo para baixo e a tração representa o fio que une B com A, ou seja, não permite que o corpo suspenso caia em queda livre, por isso a tração é negativa. Somando as duas equações: Resulta em: Como o sistema está se deslocando junto, então a = aA = aB: Isolando a aceleração: Já para determinar a tração, substituindo o valor da aceleração em qualquer equa- ção já resultará no valor correto. Vamos usar a mais simples: 56UNIDADE II Dinâmica I Ex. 06) O dispositivo experimental na figura é uma Máquina de Atwood. No caso, não há atritos, o fio é inextensível e desprezam-se sua massa e a da polia. Supondo que os blocos A e B tenham massas respectivamente iguais a 6,0 kg e 4,0 kg e que |g|=10 m/s2, determine: FIGURA 20 – MÁQUINA DE ATWOOD Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012). a) o módulo da aceleração dos blocos; b) a intensidade da força de tração estabelecida no fio; Resolução: O exercício pode ser entendido como uma espécie de balança, ou seja, o corpo mais pesado governa a direção do movimento. Como PA = 60N e PB = 40N então PA> PB e o sistema se orienta a favor da queda do corpo A. Assim, como o corpo A tende a cair, as forças a favor do movimento são positivas e as contrárias negativas. Já como o corpo B está subindo, então as forças que apontam para cima sobre ele são positivas e as que apontam para baixo são negativas. Portanto: Somando as duas expressões: Como o conjunto se move junto, então a aceleração é a mesma para ambos os corpos: 57UNIDADE II Dinâmica I Isolando a aceleração: Para calcular a tração, podemos substituir em qualquer equação, vamos escolher a do corpo B. 58UNIDADE II Dinâmica I 3. FORÇA DE ATRITO A força de atrito é uma das mais comuns em nossa vida, junto com a força gravi- tacional. Em qualquer momento de nossas vidas, desde quando andamos, ao sentar, ao pegar um ônibus, tudo envolve o atrito entre duas superfícies. A análise desse capítulo será a diferença entre força de atrito estática e cinética, bem como algumas de suas aplicações. 3.1 Força de atrito estática Provavelmente você já deve feito mudanças em casa, seja apenas deslocar um objeto no mesmo cômodo ou durante a mudança de uma residência. Provavelmente a parte mais complicada desse processo é mudar grandes corpos, como por exemplo guarda-rou- pas, geladeiras, fogão entre outros. Para movimentar um armário grande por exemplo, você coloca nos pés do móvel um pano ou um pedaço de papelão para não arranhar a superfície e então começa a empurrar. Relembrando desse momento, você pode notar que ao começar aplicar uma determinada força, o armário não se movimenta até que chega um momento de muito esforço que o objeto entra em movimento. Significa que o armário apoiado ao chão ofereceu uma resistência a força externa que buscava coloca-lo em movimento. O nome dessa força é a força de atrito ( Fat ) e como é essa força de atrito responsável por manter o corpo parado, então será classificada como força de atrito estática (Fate ). 59UNIDADE II Dinâmica I FIGURA 21 – RUGOSIDADE DE UMA SUPERFÍCIE Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012). Microscopicamente o que é essa força de atrito? Toda superfície, mesmo que seja bem lisa, possui algumas imperfeições e essas pequenas irregularidades da superfície interagem entre si. Quando mais rugoso é a superfície, maior é o atrito. Um caso conhecido é ao assistir uma corrida de automobilismo. Quando começa a chover, os carros trocam os pneus, os quais são designados para pista molhada, ou seja, um pneu com maior aderência. Outra situação hipotética é essa representada na figura abaixo: FIGURA 22 – BORRACHA EM UMA SUPERFÍCIE INCLINADA Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012). Em uma mesa apoiamos uma borracha em cima de uma régua. Ao inclinar a régua gradativamente, a borracha permanece parada, fato que não aconteceria se no lugar dela estivesse uma caneta. Sendo assim, o que tenderia a puxar a borracha para baixo é uma componente da sua força peso, mas o que não permite o movimento é a força de atrito estática. 60UNIDADE II Dinâmica I FIGURA 23 – FORÇA DE ATRITO ATUANDO EM UMA BORRACHA Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012). Logo, a força de atrito aponta a direção oposta a força que deve movimentar o objeto. Então quando a borracha entra em movimento? Quando a força supera a força de atrito estática Fate . Como calculamos a força de atrito estática? Da seguinte forma. Em que μe é o coeficiente de atrito estático e a normal. Contudo, o que acontece quando a força de atrito estáticanão segura mais o cor- po? Quando a força gradativamente aumenta até que a borracha entra em movimento? Essa força momentânea que aplicamos capaz de causar o começo do movimento, ou seja, a iminência do movimento, possui um nome especial, é chamada de força de destaque. A partir desse momento em que o corpo ganha movimento ele sai do estado estático e entra no cinético (de movimento), então para de atuar sobre o mesmo a força e atrito estática e passa a atuar a força de atrito cinética Fatc ). Um detalhe muito importante é que a força de atrito cinética é sempre maior que a força de atrito estática. Por isso é mais fácil empurrar e manter um corpo grande em movimento do que tirar o mesmo do repouso. O cálculo da força de atrito cinética é: Na qual μc é o coeficiente de atrito cinético. Veja que a equação é a mesma, com a diferença dos coeficientes, os quais podem se relacionar da seguinte forma: Logo: Vamos agora estudar alguns exemplos para aprender o que é a força de atrito. 61UNIDADE II Dinâmica I Exemplos Ex. 01 Para colocar um bloco de peso 200 N na iminência de movimento sobre uma mesa horizontal, é necessário aplicar sobre ele uma força, paralela à mesa, de intensidade 50 N. Qual o coeficiente de atrito estático entre o bloco e a mesa? Resolução: Na iminência do movimento a força aplicada é igual a força de atrito estática (esse é o significado do estado de iminência, se ela for um pouco maior já coloca o bloco em movimento e passa ser atrito dinâmico). Então: Como se trata de uma superfície horizontal, a normal é igual ao peso. Ex. 02 Sobre um piso horizontal, repousa uma caixa de massa 300 kg. Um homem a empurra, aplicando-lhe uma força paralela ao piso, conforme sugere o esquema abaixo: O coeficiente de atrito estático entre a caixa e o piso é 0,20 e o cinético é de 0,1, no local, g = 10 m/s2. Determine: a) a intensidade da força com que o homem deve empurrar a caixa para colocá-la na iminência de movimento; b) a intensidade da força de atrito que se exerce sobre a caixa quando o homem a empurra com 100 N. 62UNIDADE II Dinâmica I Resolução: A intensidade da força para colocar a caixa na iminência do movimento é igual a força de atrito estática. Como o peso é P = m . g F = 0,2.3000 = 600 N A intensidade da força de atrito exercida sobre a caixa é igual a força externa até que supere a força estática máxima de 600N, ou seja, Fate= 100 N. Essa conclusão que a força de atrito estática pode variar até o valor máximo soa meio estranho, é mais fácil entender esse comportamento através do seguinte gráfico. FIGURA 24 – LIMITE DA FORÇA DE ATRITO ESTÁTICA E CINÉTICA Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012). No exercício que acabamos de fazer a força de atrito estática é de 600 N. Ou seja, ela é o valor máximo, conhecida como força de atrito de destaque, uma vez que a força externa supera tal valor, o corpo passa sentir a força de atrito dinâmica. Isso significa que a força de atrito tenta “equilibrar” a força externa, até que seja superada. Em nosso exemplo, se aplicarmos uma força externa de =0,1 N a força de atrito estática é de = 0,1. Se = 119 N então = 119 N, caso = 600 N então =600 N. Mas se a força externa superar 600N então passa atuar a força de atrito cinética. O último exemplo fornece que μc = 0,1, dessa forma: 63UNIDADE II Dinâmica I Ou seja, a força de atrito passa ser muito menor do que a força externa. Por isso, é mais fácil manter um corpo em movimento do que tirá-lo do repouso. O que justifica a descontinuidade no gráfico. A reta da força de atrito estática sobe e, quando vencida, então se torna a cinética (que é sempre menor) e permanece a mesma durante todo o movimento. Ex. 03 Na situação esquematizada na figura abaixo, um trator arrasta uma tora cilíndrica de 2000 N de peso sobre o solo plano e horizontal. Se a velocidade vetorial do trator é constante e a força de tração exercida sobre a tora vale 1000N, qual é o coeficiente de atrito cinético entre a tora e o solo? FIGURA 25 – TRAÇÃO SOBRE UMA TORA Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012). Resolução: Como a velocidade é constante e existem forças atuando sobre o sistema, podemos concluir que é uma situação de equilíbrio dinâmico. Toda força a força do movimento é igual a que aponta no sentido contrário. Ou seja: Contudo, como a aceleração é nula, uma vez que o movimento tem velocidade constante, então 64UNIDADE II Dinâmica I Outro detalhe importante, o coeficiente de atrito é uma quantidade física adimensio- nal, em outras palavras, não existe unidade de medida para coeficiente de atrito. Ex. 04 Um bloco de massa igual a 4kg é empurrado por uma força igual a 60N. Sabendo que o coeficiente de atrito estático é de μe=0,4 e μc=0,2 . Determine a aceleração do corpo. FIGURA 26 – FORÇA EXTERNA SOBRE UM BLOCO Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012). Resolução: Primeiro, vamos ver se a força externa é capaz de tirar o bloco do estado estático. Ou seja, 60 > 16. Então o bloco sai do repouso quando a força externa de 60N o empurra. Sendo assim, para determinar a aceleração vamos usar a força de atrito cinética, pois o corpo estará em movimento. Partindo da segunda lei de Newton, fazemos: 65UNIDADE II Dinâmica I 4. TRABALHO E POTÊNCIA Nessa última parte da unidade vamos estudar sistemas que transferem energia, ou seja, de alguma forma podem exercer uma força e realizar um deslocamento. Pense por exemplo em você, antes de praticar um treino pesado na academia, é recomendado que se alimente antes de fontes de carboidratos, para que estes quimicamente no seu corpo permita que você realize mais trabalho na academia, puxe mais peso ou faça exercícios que requerem mais força. Biologicamente, há uma conversão de energia em trabalho, ou seja, na capacidade de realizar força em um deslocamento adequado. Sendo assim, podemos relacionar o trabalho de uma força através da expressão matemática: Ou seja, o trabalho é igual ao módulo da força multiplicado pelo módulo do deslocamento e o cosseno do ângulo entre a direção do deslocamento e a força aplicada. Isso significa que existem três situações possíveis: 1) e tem a mesma direção: Nesse caso θ=0° e cos(0°)=1. Logo: 66UNIDADE II Dinâmica I Ou seja, nesse caso é o máximo trabalho realizado. FIGURA 27 – TRABALHO REALIZADO EM UM CARRINHO Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012). 2) e tem direções opostas: Essa situação pode ser representada como θ =180° e cos(0°)= -1. Logo o trabalho será: FIGURA 28 – TRABALHO NEGATIVO SOBRE UM CORPO Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012). 3) Quando e formam um ângulo entre 0° ≤ θ ≤ 90°: No terceiro caso a expressão permanece com o cosseno. Do ponto de vista gráfico, o trabalho de uma força pode ser representado da se- guinte forma: 67UNIDADE II Dinâmica I FIGURA 29 – TRABALHO IGUAL NUMERICAMENTE A ÁREA ABAIXO DA CURVA Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012). Em outras palavras, a área abaixo do gráfico representa o trabalho da força . Ex. 01 Um atleta puxa um caixa executando uma força de 50N na mesma direção e sentido do deslocamento. Determine o trabalho realizado pela força considerando que o desloca- mento foi de 5 m. Resolução: Como a força aplicada é na mesma direção e sentido do deslocamento, então cos(0°)=1 e o trabalho é escrito como: τ = F.d τ = 50.5 τ = 250 J Observe que a medida de trabalho é dada em Joules (J), que é usada também como unidade de energia. Ex. 02 A intensidade da resultante das forças que agem em uma partícula varia em função de sua posição sobre o eixo das abcissas, conforme o gráfico a seguir: 68UNIDADE II Dinâmica I FIGURA 30 – GRÁFICO DE UMA FORÇA EM FUNÇÃO DO DESLOCAMENTO Fonte: Bôas, Doca e Biscuola (2012). Calcule o trabalho da força entre 0 e 12m. Resolução: Aprendemos que o trabalho de uma força é numericamente igual a área abaixo do gráfico. Sendo assim a área a cima do eixodas abcissas é positiva e a área abaixo do eixo X é negativa. A área superior vale: A + = 20 + 80 + 20 = 120 A_ = - 80 Então, a área total é: A = 120 - 80 = 40 Portanto, o trabalho é de 40 Joules. Ex. 03 Uma força constante F, horizontal, de intensidade 20 N, atua durante 8,0 s sobre um corpo de massa 4,0 kg que estava em repouso apoiado em uma superfície horizontal perfeitamente sem atrito. Não se considera o efeito do ar. Qual o trabalho realizado pela força F no citado intervalo de tempo? Resolução: De acordo com a segunda lei de Newton: FR = m.a 20 = 4.a a = 5m /s2 69UNIDADE II Dinâmica I O próximo passo agora será determinar a distância percorrida no tempo de 8,0 s com essa aceleração. O espaço inicial é zero e como parte do repouso então v0 = 0. Logo: Por fim, usamos a expressão do trabalho: Ex. 04 Na figura, o homem puxa a corda com uma força constante, horizontal e de intensi- dade 1.10 2 N, fazendo com que o bloco sofra, com velocidade constante, um deslocamento de 10 m ao longo do plano horizontal. Qual é o trabalho exercido pelo homem? Resolução: τ = F . d τ = 1.102 .10 = 1000 J Suponha que em uma corrida estejam posicionados na linha de largada uma Ferrari e um fusca, lado a lado. Quanto tempo os dois carros demoram para chegar a 100 km/h? Provavelmente a Ferrari vai demorar uns 3 a 4 segundos, já o Fusca, muito mais tempo. O ponto de vista físico, qual é a diferença entre os dois carros? A resposta para essa pergunta é que o motor da Ferrari tem em média 500 a 600 cavalos de potência, já um Fusca menos de 50 cavalos. Ou seja, a potência da Ferrari é mais do que 10 vezes maior do que a do Fusca. Dessa forma, é como se o carro esportivo realizasse muito mais trabalho em um intervalo de tempo menor. Em uma linguagem matemática, a potência é dada por: 70UNIDADE II Dinâmica I Em que Potm é a potência média. A unidade de medida de potência é o watt (W) e podemos encontrar na literatura outras formas: 1) cavalo-vapor (cv): 1 cv ≅ 735,5 W 2) horse-power (hp): 1 HP ≅ 745,7 W Exemplos: Ex. 05 Na figura, um operário ergue um balde cheio de concreto, de 20 kg de massa, com velocidade constante realizando um trabalho de 800 J na vertical em 25 s, determine a potência média útil na operação. Resolução: Ex. 06 Um carro é puxado por uma corda, durante o percurso de 100m. Sabendo que a força da tração da corda é de 500N, em um intervalo de tempo de 25 segundos, calcule a potência média da máquina que puxa o veículo. Resolução: τ = F . d = 500 .100 = 50000 J Dessa forma: 71UNIDADE II Dinâmica I SAIBA MAIS Nas ciências exatas, o esqueleto de qualquer teoria é a matemática e em nosso caso, a física engloba o formalismo matemático. Quando você estudar cálculo diferencial e integral, parte da disciplina explica o teorema fundamental do cálculo. A grosso modo, a derivada da função do espaço em função do tempo, resulta na expressão da velocidade e, derivando a velocidade, obtemos a aceleração. O oposto é ditado pela integral. Integrando a aceleração, chegamos na expressão da velocidade e, integrando essa última, obtemos a função horária das posições. Fonte: O autor (2021). REFLITA Aprender a cinemática prepara você para analisar qualquer sistema físico do ponto de vista cinético. Sabendo diferenciar um MRU e um MRUV contribui em todos os tópicos que vamos ver a partir de agora. Porém, como se classificaria um movimento com ace- leração variado? Fonte: O autor (2021). 72UNIDADE II Dinâmica I CONSIDERAÇÕES FINAIS Pronto! Você chegou ao final da Unidade I de nosso material. Começamos classifi- cando dois tipos de grandezas físicas: aquelas que apenas o módulo caracteriza, as gran- dezas escalares. Já outras necessitam de uma direção, sentido e módulo, denominadas grandezas vetoriais. Posteriormente estudamos as características do movimento retilíneo e uniforme e do movimento uniformemente variado e, fazendo alguns exemplos para entendermos a aplicação das relações matemáticas. Por fim, mas não menos importante, vimos também um estudo gráfico do MRU e MRUV e como classifica-los em progressivo, retrógrado, acelerado e retardado.Esperamos que você tenha aproveitado ao máximo esse momento de estudo. Até a próxima! 73UNIDADE II Dinâmica I MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Mecânica Clássica e Relatividade Autor: Raymond A. Serway e John W. Jewett Jr. Editora: Cengage. Sinopse: Este livro, o primeiro volume de uma série de quatro, apresenta de forma clara e lógica os conceitos e os princípios básicos da Física, facilitando sua compreensão por meio de vários exemplos práticos que demonstram seu papel em outras discipli- nas, bem como sua aplicação a situações do mundo real. Nesta edição, os autores continuam a privilegiar o enfoque contextual para motivar o aluno, procuram evitar concepções errôneas e utili- zam a estratégia de resolução de problemas focada em modelos, evitando os problemas corriqueiros quando se ministra um curso de física introdutório baseado no cálculo. FILME / VÍDEO Título: Tema 06 - Leis de Newton | Experimento - Inércia ovo em queda Ano: 2016. Sinopse: Neste vídeo, o professor realiza um experimento para demonstrar o princípio de inércia de um corpo Link: https://www.youtube.com/watch?v=l-cBz5-0LMo https://www.estantevirtual.com.br/livros/raymond-a-serway-john-w-jewett-jr- 74 UNIDADE III Dinâmica II Professor Me. Arthur Ernandes Torres da Silva Plano de Estudo: ● Energia Cinética e Potencial Gravitacional; ● Energia Potencial Elástica e Lei de Hook; ● Quantidade de movimento; ● Impulso. Objetivos da Aprendizagem: ● Aprender os diferentes tipos de energia: cinética, potencial gravitacional e elástica; ● Estudar quantidade de movimento; ● Compreender o conceito de impulso e como relacioná-lo com quantidade de movimento. 75UNIDADE III Dinâmica II INTRODUÇÃO Prezado (a) aluno (a), vamos dar início a essa unidade estudando os diferentes tipos de energia encontrados na física mecânica, em específico a energia cinética, energia potencial gravitacional e energia elástica. Ademais, ainda abordaremos um dos mais clássicos princípios da conservação da física, o da quantidade de movimento e como essa grandeza se relaciona com o impulso de um corpo. Esperamos que esta unidade seja imensamente proveitosa e seja de bom uso na sua formação acadêmica. Bons estudos! 76UNIDADE III Dinâmica II 1. ENERGIA CINÉTICA E POTENCIAL GRAVITACIONAL A primeira parte dessa terceira unidade será dedicada ao estudo da dinâmica do ponto de vista escalar da física, ou seja, vamos analisar o sistema através da energia que cada situação pode armazenar ou transferir. Essas energia variam conforme a velocidade, altura, deformação de um sistema elástico e uma vez que não são consideradas forças dissipativas, a energia total permanece constante. Na outra metade, vamos reunir esses novos conceitos com os que já foram estuda- dos e aprender uma lei de conservação muito importante, o da quantidade de movimento e como descreve os três tipos de colisões. Ademais, o impulso que esses corpos recebem ou causam nos outros será objeto de estudo desse módulo. Vamos lá então! 1.1 Energia Cinética Imagine que você esteja na academia e começa a fazer seu exercício aeróbico na esteira, correndo por dez minutos. É comum que com o tempo você comece a transpirar, mas qual a explicação para isso? De forma superficial, o corpo entra em movimento e tende a esquentar, para equilibrar a temperatura então o corpo tende a transpirar. Veja que a probabilidade de suar mais aumenta conforme o movimento da pessoa. Esse aumento da temperatura pode ser explicado em uma outra situação física. 77UNIDADE III Dinâmica II Na termodinâmica, analisamos um sistema microscopicamente, ou seja, o movi- mento das partículas, e uma das grandezas é a temperatura, que pode ser definida da seguinte forma: É um parâmetro físico que mede o grau de agitação térmica das partículas. Em outras
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