Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Estelionato Previsão legal: Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de réis. (como o ordenamento é novo né? ) Conceito: Trata-se de crime de médio potencial ofensivo, compatível com a suspensão condicional do processo, quando presentes dos requisitos da Lei 9.099/95. É um crime em que o meio de execução é a fraude. A expressão “estelionato” deriva do latim stellio, significa camaleão caracterizado pela capacidade de enganar seus predadores, ficando de inúmeras cores. O estelionatário utiliza inúmeras formas para enganar suas vítimas. Objetividade Jurídica: Protege o patrimônio Objeto Material: Será a pessoa enganada pela fraude e, também, a coisa ilicitamente obtida pelo agente. Sujeito ativo: É crime comum ou geral, pode ser praticado por qualquer pessoa. Salienta-se que tanto a pessoa que emprega a fraude quanto a pessoa que beneficiada pela vantagem indevida serão sujeitos ativos do estelionato. Geralmente, serão a mesma pessoa, mas poderão ser pessoas distintas, o estelionato admite coautoria e participação. O 3° só será sujeito ativo se souber do crime, caso contrário, será a vítima avaliar se tem o não conhecimento. Sujeito passivo: Poderá ser qualquer pessoa física ou jurídica, será a pessoa enganada pela fraude e, também, a pessoa que suporta o prejuízo patrimonial. Vitima: A vítima deve ser determinada. Se a vítima for indeterminada, poderá tratar-se de crime contra a economia popular (Lei 1.521/51) ou crime contra a relação de consumo (CDC), por exemplo: adulteração de taxímetro (todos os clientes serão vítimas); adulteração de bomba de gasolina; adulteração de balança. Além disso, a vítima enganada deve ser capaz, com capacidade de discernimento. Se for vítima incapaz, estaremos diante do crime do art. 173 do CP (abuso de incapazes). Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, de necessidade, paixão ou inexperiência de menor, ou da alienação ou debilidade mental de outrem, induzindo qualquer deles à prática de ato suscetível de produzir efeito jurídico, em prejuízo próprio ou de terceiros: Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. Não haverá estelionato nas fraudes que envolvam máquinas e aparelhos eletrônicos, a exemplo da clonagem de cartão de crédito. Nesse caso será crime de furto mediante fraude Núcleo do Tipo: O estelionato pressupõe uma conduta composta, qual seja: “obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro”. Perceba que o agente, mediante fraude, busca uma vantagem ilícita causando prejuízo econômico à vítima. há, portanto, a presença de três elementos: A) Fraude B) Vantagem Ilícita (Indevida) C) Prejuízo alheio OBS: Crime de duplo resultado, isto é, o tipo penal exige tanto a vantagem ilícita como o prejuízo alheio para a sua configuração. Não é coisa, é vantagem Fraude Comportamento ativo do criminoso para induzir ou manter a vítima ao erro, depende da participação da vítima Induzir Manter o erro O agente coloca a vítima em uma posição de erro, perante uma falsa percepção da realidade. O agente aproveita-se do engano espontâneo da vítima. E para configurar vai depende muito da participação da vítima. Erro Consiste em uma falsa percepção sobre algo. O Código Penal utilizou “erro” em sentido amplo, abrangendo o erro propriamente dito (falsa percepção da realidade) e a ignorância (completo desconhecimento de algo). A fraude pode ser praticada por: A) artifício ardil Ex.: bilhete premiado; camisa falsa de jogador B) qualquer meio Que não seja material ou moral Ex.: por omissão; dinheiro do simpósio C) fraudulento Ex.: fraude moral. Ligar para a vitima ARTIFÍCIO ARDIL FRAUDULENTO É a fraude material, o agente se vale de instrumento, objetos para enganar a vítima. É a fraude moral, o agente utiliza conversa enganosa. Não sendo fraude material ou fraude moral. Falso bilhete premiado. Liga para a vítima e se faz passar pelo gerente do banco. Silêncio do agente (estelionato por omissão). Vantagem ilícita A vantagem ilícita precisa ter natureza econômica, tendo em vista que o estelionato é um crime contra o patrimônio. O terceiro beneficiado não precisa ter conhecimento da origem ilícita da vantagem; só comete o crime se souber do que está acontecendo (que aquele dinheiro é fruto de estelionato), caso contrário, ele é mais uma vítima Salienta-se que o emprego de fraude para obtenção de vantagem devida (lícita) não configura estelionato, mas sim exercício arbitrário das próprias razões. Exemplo: fingir doença para obter dinheiro de seguro de vida Essa vantagem é lícita, lembrando que só configura estelionato se for ilícita Prejuízo alheio: A conduta o agente, dirigida à obtenção da vantagem ilícita, deve gerar algum prejuízo à vítima, que pode se traduzir tanto na perda de patrimônio como no fato de a vítima deixar de ganhar alguma vantagem patrimonial em decorrência da fraude empregada pelo estelionatário. E em relação a fraude bilateral (vítima age de ma-fé), pode excluir o crime de estelionato? Exemplo: um casal foi para o programa do Ratinho para fazer o teste de DNA. Durante as gravações, o Ratinho percebe que aquelas pessoas não estavam ali para brigar pelo teste, e sim estavam combinadas, ou seja, não havia atrito entre as vítimas, estavam no programa para obter vantagem. Temos duas correntes para responder tal pergunta: 1ª C - (PREVALECE): Como a boa-fé da vítima não é elementar do crime, mesmo que esta aja com ganância, não apaga o crime. 2ª C - O crime deixa de existir, pois o direito não pode amparar a má-fé da vítima (Hungria e Greco). Elemento subjetivo: O estelionato é crime doloso, não existe na modalidade culposa. Além do dolo, é acrescido da finalidade específica de Consumação: Trata-se de crime material ou causal (a consumação depende da produção do resultado naturalístico) e de crime instantâneo (consuma-se em momento determinado, sem continuidade no tempo). Além disso, é um crime de duplo resultado, tendo em vista que a consumação depende da obtenção da vantagem ilícita e do efetivo prejuízo à vítima. Consuma-se de imediato, sem continuidade, e tem que ter os dois requisitos, principalmente causar prejuízo a vítima. Tentativa Admite tentativa nas hipóteses: a) O agente emprega meio fraudulento, mas não consegue enganar a vítima; b) O agente emprega o meio fraudulento, engana a vítima, mas não consegue obter a vantagem ilícita por circunstâncias alheias a sua vontade; c) O agente emprega o meio fraudulento, engana a vítima, obtém a vantagem ilícita, mas não causa prejuízo patrimonial ao ofendido. Crimes impossível: Um exemplo é a nota de 3 reais, ninguém vai ser enganado com isso. Estará caracterizado o crime impossível ou “crime oco” quando constatada a ineficácia absoluta do meio de execução, nos termos do art. 17 do CP. Se o meio utilizado pelo fraudador não tiver NENHUMA aptidão para enganar a vítima (como no caso de uma nota de 03 reais), estaremos diante de crime impossível por absoluta ineficácia do meio utilizado. Entretanto, se a falsificação, embora grosseira a ponto de não configurar o delito de falso, tiver aptidão para enganar a vítima, aplica-se a Súmula 73 do STJ, configurando-se o estelionato. STJ Súmula: 73 A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime de estelionato, da competência da justiça estadual. Privilegiado: Também pode ser conhecido como estelionato mínimo. § 1º - Se o criminoso é primário, eé de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no art. 155, § 2º. (estelionato privilegiado) Assim como no furto, temos estelionato privilegiado, no qual segue os mesmos requisitos: - O indivíduo precisa ser primário - O objeto tem que ser de pequeno valor (até um salário mínimo) FURTO PRIVILEGIADO OU MÍNIMO ESTELIONATO PRIVILEGIADO OU MÍNIMO Primariedade do agente Primariedade do agente Pequeno valor (01 salário) da coisa subtraída. Pequeno valor (01 salário) do prejuízo (visto que não há subtração). § 2º - Nas mesmas penas incorre quem: Disposição de coisa alheia como própria I - Vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia como própria; Vender algo que não é seu. É chamado de “caridade com chapéu alheio” Sujeito ativo Salvo o dono da coisa, poderá ser qualquer pessoa (crime comum). Sujeito passivo É crime de dupla subjetividade passiva, tendo em vista que os sujeitos passivos serão o adquirente de boa-fé e o real proprietário da coisa. Núcleo do tipo Vender, permutar, dar em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia. É um rol de condutas TAXATIVO. O compromisso de compra e venda, por exemplo, não está abrangido no §2º. Configurará, no entanto, o delito do ‘caput’. Objeto material Somente coisa alheia, móvel ou imóvel. Consumação Consuma-se com a obtenção da vantagem e do prejuízo da vítima, é crime material de duplo resultado. Tentativa: Admite-se a tentativa. Se o adquirente é cientificado pelo alienante sobre a situação da coisa, não há que se falar em estelionato, pela falta de fraude. Salienta-se que a tradição (entrega da coisa) não é exigida para configurar o delito. Assim como também é dispensável a alteração da escritura, no caso de disposição de coisa imóvel. Inclusive, neste último caso, se ocorrer a alteração da escritura o agente responderá também pelo delito de falsidade documental (ignorar direito civil). O furtador que vende o carro como se fosse dele, responde por estelionato (disposição de coisa alheia)? 1ªC - Prevalece que o estelionato é um ‘post factum’ impunível do furto. O juiz considera a conduta na fixação da pena. 2ªC - Assis Toledo e minoria: Como são vítimas diferentes, trata-se de concurso material de delitos. Obs.: Efetivada a alienação, ainda que o agente regularize posteriormente o domínio (ex.: comprando a coisa do verdadeiro dono), o crime permanecerá. O juiz pode, no máximo, considerar como arrependimento posterior. Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria: I I - Vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias; Sujeito ativo É crime próprio, só pode ser praticado pelo proprietário da coisa. Sujeito passivo Adquirente de boa-fé. Núcleo do tipo Alienar fraudulentamente coisa própria. O crime só existe se o proprietário silencia quanto à existência das circunstâncias que gravam ou oneram o bem. Percebe-se que o meio fraudulento aqui utilizado é o silêncio, pouco importando que o gravame do bem esteja averbado em Registro Público (o que no Direito Civil gera presunção de conhecimento). Entretanto, se o alienante avisa sobre os gravames, não ocorrerá o crime pela falta de fraude (elemento constitutivo do tipo). Nesse caso, poderá configurar, no máximo, ilícito civil. Objeto material Coisa própria, móvel ou imóvel. Exceção: No caso da promessa de compra e venda quebrada, o objeto material é bem imóvel, apenas. Consumação Crime material de duplo resultado, consuma-se com a obtenção da vantagem ilícita e com prejuízo à vítima. Defraudação de penhor: I I I - Defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse do objeto empenhado; Quando acaba o prazo aí a pessoa é proprietária. Sujeito ativo O devedor na posse direta da coisa empenhada (Proprietário da coisa) – o credor tem a posse indireta. O pressuposto do crime é um contrato de penhor (direito real de garantia). Sujeito passivo Credor pignoratício. Perceba, portanto, que é um crime bipróprio. Núcleo do tipo Defraudar a garantia. Meios de execução: alienar a coisa sem consentimento do credor ou por outro modo defraudar a garantia (ex.: destruir a coisa), também sem o consentimento do credor (interpretação analógica). Objeto material: Coisa empenhada na posse direta do devedor. Consumação PREVALECE que o crime é material, consumando-se com a defraudação da garantia, causando prejuízo ao credor (crime de duplo resultado). Há jurisprudência antiga afirmando que se trata de crime formal. Não se exige aqui a obtenção de vantagem ilícita ao agente (exemplo do caso em que o devedor destrói a coisa empenhada). Fraude na entrega de coisa IV - Defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve entregar a alguém; Sujeito ativo Pessoa juridicamente obrigada a entregar a coisa a alguém. Sujeito passivo Pessoa prejudicada com a defraudação da coisa. Núcleo do tipo Defraudar (alterar, adulterar, modificar etc.) a coisa a ser entregue. A defraudação da coisa pode ocorrer em relação à sua substância (natureza da coisa - substituir diamantes por vidro), qualidade (atributo da coisa - entregar arroz de segunda como se fosse de primeira) ou quantidade (relacionada a peso, dimensão, número – o agente entrega menos do que está obrigado). Exemplo: a pessoa tinha que entregar 50 sacos de arroz e cada um com 1 kg. Porém, essa pessoa adulterou a quantidade dos sacos, entregando 5º sacos, porém com apenas 600g cada, sendo que foi vendida como se fosse 1 kg. Objeto material Coisa móvel ou imóvel. Consumação e tentativa O crime consuma-se com a efetiva entrega da coisa defraudada, momento em que ocorre o prejuízo à vítima. Crime de duplo resultado. OBS: Esse inciso não se aplica às fraudes no comércio. Quanto às fraudes no comércio, três tipos incriminadores podem ser aplicados, conforme o caso concreto: art. 175 do CP, CDC, Lei 8.137/90 (Ordem tributária). Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro V - Destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as consequências da lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de seguro; Erro provocado pelo criminoso Esse crime pressupõe um contrato de seguro vigente e válido. Se não for vigente ou válido, trata-se de crime impossível (crime oco) por absoluta impropriedade do objeto material do delito. Sujeito ativo É o segurado, trata-se de crime próprio. O beneficiário pode, EVENTUALMENTE, concorrer para o crime. Sujeito passivo É a seguradora, portanto, é um crime bipróprio. Objeto material Na primeira parte: Coisa própria do agente. Na segunda parte: Corpo do agente. Fraude no pagamento por meio de cheque VI - Emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento. Exemplo: cheque sem fundo Sujeito ativo Emitente/Sacador do cheque. Em relação a possibilidade de o endossante ser autor do crime, há duas correntes: 1ª C - PREVALECE que não se inclui o endossante, pois este não emite o título e não se admite analogia in malam partem (pode, no entanto, figurar como partícipe ou como autor do estelionato do caput). Nucci, Damásio, Mirabete, Greco. 2ª C - Inclui-se o endossante, pois a lei toma a expressão “emitir” no seu sentido amplo, abrangendo o endosso. Magalhães Noronha. Sujeito passivo Tomador/beneficiário do cheque, que pode ser qualquer pessoa. Núcleo do tipo Duas condutas puníveis: • Emitir cheque sem fundos: • Frustrar pagamento de cheque: ex.: encerrarconta; sustar o cheque. Em ambas as condutas, a presença da má-fé do emitente é imprescindível. Nesse sentido: SÚMULA 246 DO STF - comprovado não ter havido fraude, não se configura o crime de emissão de cheque sem fundos. Tipo subjetivo Somente responde pelo delito aquele que intencionalmente emite cheque sem provisão de fundos ou intencionalmente frustra seu pagamento, com a finalidade específica de obter vantagem indevida. Não se pune a forma culposa (descuido, falta de organização das contas etc.). Em regra, a emissão de cheque pré-datado (pós-datado) não configura crime, mas mero ilícito civil, pois a cártula, aos olhos do direito penal, deixou de ser ordem de pagamento à vista, revestindo-se de mera garantia de crédito. Contudo, se a emissão do cheque pós-datado for fraudulenta, vale dizer, com o objetivo de locupletamento ilícito, estaremos diante do estelionato do art. 171, caput. No que tange ao cheque sem fundos, a reparação do dano realizada ANTES do recebimento da denúncia obsta a ação penal (Súmula 554 do STF a contrário sensu). É causa supralegal de extinção da punibilidade. STF SÚMULA 554 - o pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o recebimento da denúncia, não obsta ao prosseguimento da ação penal. A jurisprudência afirma que a Súmula 554 do STF aplica-se unicamente para o crime de estelionato na modalidade de emissão de cheque sem fundos (art. 171, § 2º, VI). Assim, a referida súmula não se aplica ao estelionato no seu tipo fundamental (art. 171, caput). Dessa forma, não configura óbice ao prosseguimento da ação penal — mas sim causa de diminuição de pena (art. 16 do CP) — o ressarcimento integral e voluntário, após o recebimento da denúncia, do dano decorrente de estelionato praticado mediante a emissão de cheque furtado sem provisão de fundos. Consumação: O delito consuma-se quando o banco sacado se recusa a realizar o pagamento, seja por falta de fundos ou pela sustação do título. Não se aplica o art. 70 do CPP (crime de duplo resultado) e sim as Súmulas 521 do STF e 244 do STJ. CPP Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução. STJ Súmula nº 244 - Compete ao foro do local da recusa processar e julgar o crime de estelionato mediante cheque sem provisão de fundos. STF Súmula 521 o foro competente para o processo e julgamento dos crimes de estelionato, sob a modalidade da emissão dolosa de cheque sem provisão de fundos, é o do local onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado. Observações finais: Apesar de a súmula só se referir a uma modalidade de estelionato na emissão de cheque, temos jurisprudência estendendo também para a outra – frustrar pagamento. Emitir cheque e depois encerrar a conta = Frustrar pagamento (art. 171, §2º, VI). Aplica-se a súmula 554 do STF (causa de exclusão do crime). Encerrar a conta e depois emitir cheque = Estelionato do art. 171, caput. Não se aplica a Súmula 554 do STF, mas sim o art. 16 (arrependimento posterior). Não configura estelionato a emissão de cheque sem fundos para pagar dívida de jogo, pois se trata de dívida não exigível, nos termos do art. 814 do Código Civil. Entretanto, se o cheque sem fundos serviu como pagamento de uma indevida vantagem obtida pelo jogador trapaceiro, nesse caso há estelionato, uma vez que essa dívida é exigível. Fraude eletrônica § 2º-A. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se a fraude é cometida com a utilização de informações fornecidas pela vítima ou por terceiro induzido a erro por meio de redes sociais, contatos telefônicos ou envio de correio eletrônico fraudulento, ou por qualquer outro meio fraudulento análogo. (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021) § 2º-B. A pena prevista no § 2º-A deste artigo, considerada a relevância do resultado gravoso, aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado mediante a utilização de servidor mantido fora do território nacional. (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021) § 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de entidade de direito público ou de instituto de economia popular, assistência social ou beneficência. Voltada para a filantropia. Observação: Em clonagem de cartão só será estelionato se utilizar o cartão. Estelionato contra idoso ou vulnerável (Redação dada pela Lei nº 14.155, de 2021) § 4º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime for cometido contra idoso ou vulnerável, considerada a relevância do resultado gravoso. (Redação dada pela Lei nº 14.155, de 2021) A majorante do § 4º é aplicável não apenas para a modalidade fundamental do estelionato (caput) como também para as figuras equiparadas do § 2º do art. 171. Ação penal: Ação pública condicionada a representação (desejo que haja representação) § 5º Somente se procede mediante representação (Ação Pública condicionada a Representação), salvo se a vítima for: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) I - A Administração Pública, direta ou indireta; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) II - Criança ou adolescente; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) III - Pessoa com deficiência mental; ou (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) IV - Maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) locupletamento ilícito (vantagem econômica indevida). Excerto legal, acrescido com o pacote anticrime. Especial previsão legislativa que objetiva garantir uma maior proteção legal a vítima. A regra passa ser Ação Pública Condicionada a Representação. A mudança na ação penal do crime de estelionato, promovida pela Lei 13.964/2019, retroage para alcançar os processos penais que já estavam em curso? Mesmo que já houvesse denúncia oferecida, será necessário intimar a vítima para que ela manifeste interesse na continuidade do processo? 1º CORRENTE: SIM RETROAGE. STF: SIM. DEVE RETROAGIR, ENTENDIMENTO RECENTISSIMO, ORIINDO DESSE MÊS DE 04/2023. MUDANDO A JURISPRUDÊNCIA DO STF SOBRE O ASSUNTO. (Ag. Reg. Habeas Corpus 208.817). HAVIA CONFLITO ENTRE AS TURMA DO STF. A 1º TURMA DEFENDIA QUE DEVERIA EXISTIR A RETROATIVIDADE DA NORMA. ENQUANTO A 2º TURMA DEFENDIDA QUE NÃO. COM A DECISÃO DE PLENÁRIO, ATUALMENTE RESTOU PACIFICADA A MATÉRIA. STJ. 6ª Turma. HC 583.837/SC, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 04/08/2020 2º CORRENTE: NÃO RETROAGE. STJ. 5ª TURMA. HC 573.093-SC, REL. MIN. REYNALDO SOARES DA FONSECA, J. EM 09/06/2020. (INFO 674). TERCEIRA SEÇÃO DO STJ DECIDIU QUE A NECESSIDADE DE REPRESENTAÇÃO RETROAGE APENAS NOS CASOS EM QUE A DENÚNCIA NÃO TENHA SIDO OFERECIDA Em razão da proteção especial a entidades de economia: CP - § 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de entidade de direito público ou de instituto de economia popular, assistência social ou beneficência. Misto de Proteção: Entidade de Direito Público (INSS) e Entidades Privadas que são regidas pelos fins beneméritos, e por isso possuem especial proteção da lei (Caixa Econômica Federal). SÚMULA 24 STJ: APLICA-SE AO CRIME DE ESTELIONATO, EM QUE FIGURE COMO VÍTIMA ENTIDADE AUTÁRQUICA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL, A QUALIFICADORA DO § 3º, DO ART. 171 DO CODIGO PENAL. Estelionato Judiciário: Consiste no abuso à provocação da tutela jurisdicional. O agente utiliza o Poder Judiciário para auferir vantagem indevida causando prejuízo à vítima. De acordo com o STF e o STJ, o “estelionato judiciário” não tipifica o crime do art. 171 do CP, o agente poderá responder por eventual crime de falsidade. O estelionato judiciário não tem previsão no ordenamento jurídico pátrio, razão pela qual seria conduta atípica (RHC 31.344/PR).Não configura “estelionato judicial” a conduta de quem obtém o levantamento indevido de valores em ação judicial. O processo tem natureza dialética, possibilitando o exercício do contraditório e a interposição dos recursos cabíveis, não se podendo falar, no caso, em “indução em erro” do magistrado. Logo, o chamado “estelionato judiciário” é conduta atípica. (STJ. 6ª Turma. REsp 1101914/RJ, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, j. em 06/03/2012 Ou seja, não é crime de estelionato, e sim pode ser tipificado como crime de falsidade, é uma conduta atípica. Estelionato e o Concurso com Crime de Uso de Documento Falso: Nos casos em o estelionato é acompanhando pelo uso de documento falso, haverá concurso de crimes. Há divergência: 1ª C - (STJ): Responde pelos dois crimes em concurso MATERIAL. (MAJORITÁRIA) Motivos: Os tipos penais protegem bens jurídicos diversos, além de o delito de falso se consumar anteriormente à consumação do estelionato. Como existem duas condutas produzindo dois resultados, trata-se de concurso material. ATENÇÃO: O próprio STJ admite uma exceção a esse entendimento, Súmula 17. Exemplo: Uso de cheque falso. A folha é emitida para aquela situação, não tem mais como ser usada para outra. Ou seja, se o falso não se exaure no estelionato, o sujeito responde pelos dois crimes em concurso material. Exemplo: Uso de CPF ou cartão de crédito falso para obter vantagem ilícita em prejuízo alheio. STJ Súmula 17 - Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido. 2ª C - (STF): Responde pelos dois crimes em concurso FORMAL. Motivos: Responde pelos dois, pois há bens jurídicos diversos. Concurso formal, pois há uma única conduta dividida em dois atos produzindo dois resultados. O uso do documento falso é apenas o meio utilizado para fraudar. ATENÇÃO: O Supremo também aplica a Súmula 17 do STJ. 3ª C - Se o documento for público, o falso (por ser mais grave) absorve o estelionato (MINORIA), post factum impunível. A pergunta que deve ser feita é a seguinte: POSSO USAR ESSE DOCUMENTO FALSO PARA OUTRO CRIME? Se sim, responde pelos dois crimes em concurso material, se não, aplica-se a súmula 17 do STJ. Vejamos agora algo que é muito confundido: ESTELIONATO APROPRIAÇÃO INDÉBITA O dolo é antecedente à obtenção da vantagem. O dolo é subsequente à posse da coisa. 1° tem a posse depois o dolo. A fraude é a causa da entrega da vantagem pela vítima. Ele planeja a fraude é a causa A fraude, se existir, é para dissimular a posse dá coisa. Objeto material: Qualquer vantagem econômica. Objeto material: Coisa alheia móvel A pena será aumentada em 1/3 quando o sujeito passivo for idoso. Estelionato contra idoso ou vulnerável. (Redação dada pela Lei nº 14.155, de 2021) § 4º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime for cometido contra idoso ou vulnerável, considerada a relevância do resultado gravoso. Idoso: Idoso: o conceito de idoso no Brasil é dado pelo art. 1º da Lei nº 10.741/2003. Assim, idoso é a pessoa com idade igual ou superior a 60 anos. Vulnerável: Como não foi dado um conceito específico, deve-se utilizar a definição do art. 217-A, caput e § 1º, do CP. Desse modo, podem ser considerados vulneráveis: a) a pessoa menor de 14 anos; b) a pessoa que, em razão de enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática de determinados atos. Elemento subjetivo: O estelionato é crime doloso, não existe na modalidade culposa. Além do dolo, é acrescido da finalidade específica de locupletamento ilícito (vantagem econômica indevida).
Compartilhar