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Reabsorção, secreção e metabolismo tubular renal Nem tudo o que chegou nos túbulos renais será excretado. Isso porque os túbulos renais apresentam mecanismos de transporte que são capazes de retirar substâncias do túbulo e voltar para corrente sanguínea, assim como capazes de promover secreção, que é quando a substância sai dos capilares peritubulares para o interior do túbulo sem necessariamente passar pela região do glomérulo. Estrutura de um néfron: Isso acontece dentro do néfron. Ele é a unidade funcional renal. O néfron apresenta várias estruturas que compõem o glomérulo. Conseguimos também perceber as duas camadas do rim, a primeira em rosa claro sendo o córtex e a mais escura sendo a medula. O sangue chega no néfron na região do córtex, os túbulos adentram na região da medula, voltam novamente para o córtex e voltam novamente para a medula. Esse transporte é importante para o processo de secreção e reabsorção tubular. Processos fisiológicos renais: O sangue chega na região do glomérulo, no corpúsculo renal, que é formado pela cápsula de Bowman/cápsula glomerular. Ocorre a filtração, 20% é filtrado e 80% segue o trajeto normal dos túbulos renais. Ao longo desse trajeto existem processos de reabsorção (saída do conteúdo do túbulo para a corrente sanguínea) e de secreção (saída da corrente sanguínea para o túbulo). Isso independe da filtração. Reabsorção: transporte vetorial Para que ocorra os processos de reabsorção e de secreção tubular, é necessário que as substâncias ultrapassem as barreiras formadas pelas células tubulares e pelas células endoteliais. Esse processo acontece de duas formas: essas substâncias podem ultrapassar por uma via transcelular, quando as substâncias ultrapassam por dentro das células; e a via paracelular, quando as substâncias passam por espaços entre uma célula e outra. Ultraestruturas tubulares: Essa figura traz uma representação estrutural das células que compõem os túbulos. É possível notar que essas células são modificadas ao longo do trajeto do túbulo. Ao observar essas estruturas celulares podemos identificar mudanças na superfície dessas células: a superfície celular é diferente ao longo do trajeto pelos túbulos renais. Na superfície da região inicial do túbulo proximal temos a presença de microvilosidades em grande quantidade, que reduzem ao longo do trajeto, praticamente inexistindo no ducto coletor. Essas microvilosidades promovem a reabsorção, porque são capazes de aumentar a área de contato do líquido com as células. Logo, a maioria das substâncias que foram filtradas é reabsorvida no túbulo proximal. Transportes no túbulo proximal: O túbulo proximal é capaz de reabsorver 65% do que foi filtrado. Ou seja, mais da metade do conteúdo que chega no túbulo é reabsorvido no túbulo proximal, a parte inicial dos túbulos renais. Transporte no túbulo proximal - reabsorção de sódio e solutos orgânicos: As substâncias são absorvidas porque as células apresentam mecanismos de transportes que são diferentes de acordo com o tipo de substância. Esses mecanismos podem transportar substâncias por uma via transcelular, quando apresentamos proteínas capazes de permitir essa entrada, ou pela via paracelular, nos espaços entre uma célula e outra, sem necessidade de proteínas. Existem dois importantes mecanismos que são capazes de permitir a passagem dessas substâncias. O primeiro deles é a modificação do potencial elétrico, que é proporcionada por meio da absorção de carga por essas proteínas; a segunda forma é quando a água entra, ela “arrasta” os eletrólitos: o mecanismo de arraste. O sódio é reabsorvido de duas maneiras: pela via transcelular e pela via paracelular. Na transcelular, existem proteínas que são capazes de promover a reabsorção de sódio juntamente com a reabsorção de glicose, por exemplo. Ou seja, em um mecanismo de cotransporte: o sódio entra junto com “alguma coisa”, geralmente solutos orgânicos. Então, o sódio entrou dentro da célula tubular renal, e precisa sair e ir para o interior do sangue. A célula tubular renal apresenta duas regiões: uma região chamada de apical (onde estão as vilosidades) e uma chamada de basolateral (base). É na basolateral que se localiza a bomba de sódio ATPase, que permite a saída do sódio de dentro da célula tubular para dentro do capilar peritubular, ou seja, para o sangue. Transporte no túbulo proximal - reabsorção de sódio e glicose: Os transportadores de glicose e sódio nas células tubulares renais podem ser de dois tipos: o transportador SGLT1 e SGLT2. Eles diferem na capacidade de permitir a entrada de sódio: o SGLT1 permite a entrada de dois sódios e uma glicose; o SGLT2 permite a entrada de um sódio e uma glicose. Uma vez que o sódio e a glicose estão no interior da célula, o sódio sai pela bomba de hidrogênio e potássio ATPase. O potássio sai do interior do sangue e vai para dentro da célula, ou seja, ele está sendo secretado, e em troca disso, o sódio está sendo reabsorvido. A glicose apresenta também dois transportadores: do tipo GLUT1 e GLUT2. São eles que fazem com que a glicose saia de dentro da célula tubular renal e vá para dentro do capilar peritubular. Transporte no túbulo proximal - reabsorção de aminoácidos: Os aminoácidos apresentam transportadores específicos, que vão depender do tipo de aminoácido. Porém, os aminoácidos também são absorvidos em um cotransporte com o sódio: o sódio entra junto à glicose e também com aminoácidos. Uma vez que os aminoácidos foram para o interior da célula, o sódio vai ser reabsorvido pela bomba de sódio ATPase e os aminoácidos são reabsorvidos através de proteínas específicas para o tipo de aminoácido. Transporte no túbulo proximal - reabsorção de sódio e hidrogênio: O sódio também é reabsorvido em um cotransporte com o hidrogênio: o sódio é reabsorvido e o hidrogênio é excretado. Nesse caso, o rim modula as funções respiratórias. O sistema renal é capaz de controlar um equilíbrio chamado de equilíbrio ácido-básico. O bicarbonato é capaz de manter o pH no interior da célula, se liga ao ácido, prevenindo uma modificação da acidez intracelular. Uma vez que essa acidez intracelular está controlada e o HCO3- está em excesso, ele é reabsorvido. Então há um transportador que promove a reabsorção de bicarbonato. Ele vai para o sangue controlar o equilíbrio ácido-básico lá. O H+ é utilizado pela célula renal para permitir a entrada de sódio. Então, a célula renal está regulando o equilíbrio ácido-básico, porque está eliminando H+, mantendo o equilíbrio ácido-básico intracelular e sanguíneo, tendo em vista que o bicarbonato está sendo reabsorvido também. Ao mesmo tempo, ela mantém o equilíbrio hidroeletrolítico, porque o sódio é um dos principais solutos que modificam a osmolaridade, cuja modificação, tendo em vista que o sódio foi reabsorvido, é capaz de promover uma reabsorção de água. Transporte no túbulo proximal - reabsorção de sódio e cloreto: Uma vez que as substâncias que apresentam carga, como o sódio, são reabsorvidas pela via transcelular, elas modificam o potencial de membrana chamado de potencial transepitelial luminal, ou seja, o potencial do lúmen das células. Com a reabsorção de sódio, o potencial perde carga positiva, ficando negativo. Essa mudança favorece o transporte de carga elétrica negativa, devido à diferença (positivo dentro, negativo fora). Então substâncias que apresentam carga elétrica negativa são reabsorvidas pela via transcelular, entre uma célula e outra. Transporte no túbulo proximal - reabsorção de água: Á agua é reabsorvida de duas formas: pela via transcelular e pela via paracelular. Ela é reabsorvida principalmente quando há uma mudança osmótica: quando o conteúdo de soluto dentro de uma solução é maior na segunda parte do esquema. Quando há uma reabsorção de soluto, há um aumento da osmolaridade, o meio fica mais concentrado, e a água é, portanto reabsorvida.Através da via paracelular, a água consegue arrastar os solutos. Pela via transcelular, ela é transportada por meio de canais que são proteínas, chamadas de aquaporinas, que são poros de água. Transporte no túbulo proximal - reabsorção de água e cloreto: A água, uma vez reabsorvida, pode carregar solutos também, por uma via transcelular. Esse mecanismo é facilitado também por uma mudança de potencial transepitelial luminal. Quando o cloreto é reabsorvido, o potencial fica mais positivo, favorecendo a entrada de substâncias com carga elétrica positiva. Há também uma mudança osmótica: o meio 1 da imagem fica mais concentrado, favorecendo a entrada de água, que arrasta eletrólitos com ela. Transporte no túbulo proximal - reabsorção de sódio e cloreto: O transporte de sódio ocorre junto com o cloreto. O sódio entra em um cotransporte com a glicose/aminoácidos e em um contratransporte com o hidrogênio. O hidrogênio sai e promover a entrada de cloreto. O cloreto é reabsorvido pela via paracelular. Uma vez que esse cloreto se encontra dentro da célula, ele é reabsorvido por meio da proteína KCC, que faz um cotransporte com o potássio e com o cloreto. Então, o potássio que entrou para a reabsorção de sódio pode também retornar para favorecer a entrada de cloreto. Transporte no túbulo proximal - reabsorção de potássio: Existem os canais de potássio que favorecem a saída na membrana luminal e a reabsorção na membrana basolateral. Então, o potássio sai da corrente sanguínea em troca de sódio; ele pode ser secretado pelo túbulo por meio dos canais de potássio; ele pode voltar para a corrente sanguínea em um cotransporte com o cloreto, ou em canais de potássio sensíveis a ATP. O potássio atua na via transcelular e na via paracelular. Por eletrodifusão, ou seja, uma difusão a partir de uma modificação de potencial elétrico, e também pelo mecanismo de arraste usando água. Transporte no túbulo proximal - reabsorção de oligopeptídeos: Se os peptídeos forem filtrados, eles podem ser reabsorvidos. Existem duas situações: na primeira, esses peptídeos precisam ser quebrados por enzimas localizadas nas vilosidades, chamadas de enzimas da borda em escova, que são peptidases. Elas digerem os peptídeos, quebrando-os e produzindo aminoácidos. A segunda situação é quando o túbulo proximal absorve o próprio peptídeo: existem proteínas, a principal sendo a PepT1, capazes de promover a reabsorção de peptídeos. Porém, não é qualquer peptídeo que é absorvido: ele precisa estar em uma estrutura pequena, chamada de oligopeptídeos, apresentando 2 a 4 aminoácidos. O receptor PepT1 permite a entrada desses oligopeptídeos em um mecanismo de cotransporte com o H+. Os oligopeptídeos agora estão no interior da célula, que não é capaz de reabsorve- los na membrana basolateral. Então, os peptídeos são digeridos até a produção de aminoácidos, que são utilizados para o próprio metabolismo celular ou são reabsorvidos. Os peptídeos então atravessam apenas a membrana luminal ou apical, quando apresentam 2 a 4 aminoácidos. Transporte no túbulo proximal - reabsorção de proteínas: As proteínas são reabsorvidas, mas de maneira bem mais lenta. Na membrana existem receptores específicos que são capazes de promover a endocitose. A membrana se funde, formando uma vesícula, que é digerida. As proteínas são quebradas para produção de aminoácidos, que são reabsorvidos. A membrana basolateral só consegue reabsorver aminoácidos, não conseguindo reabsorver proteínas nem peptídeos. Transporte no túbulo proximal - reabsorção de cálcio: O cálcio apresenta canais iônicos específicos para seu transporte. Esses canais estão localizados na membrana luminal, são os canais ECaC, canais de cálcio epitelial. O cálcio, uma vez dentro da célula, é reabsorvido de duas formas: por uma bomba de cálcio ATPase, que está localizada na membrana basolateral; ou por um mecanismo de um contratransporte com o sódio. O cálcio entra por um mecanismo de eletrodifusão: modificação de potencial elétrico (potencial transepitelial luminal), o potencial se transforma para mais positivo, favorecendo a entrada de carga elétrica positiva. O cálcio também entra por meio do arraste pela água. Transporte no túbulo proximal – secreção de hidrogênio: A secreção de hidrogênio regula o equilíbrio ácido-básico. Saída de oxigênio, entrada de sódio. Produção de bicarbonato, que é reabsorvido. Regula o pH dentro da célula e também na corrente sanguínea. Transporte no túbulo proximal – secreção de cátions orgânicos: Secreção de fármacos e substâncias endógenas. As células tubulares renais são capazes de promover a secreção de cátions orgânicos. Elas saem por meio de transportadores de cátions orgânicos, e na membrana luminal elas saem em troca de hidrogênio: sai o cátion orgânico e o hidrogênio é reabsorvido. Esse hidrogênio pode regular o equilíbrio ácido-base dentro da célula ou ele pode retornar para o interior do túbulo em troca com o sódio ou o cloreto. Transporte no túbulo proximal – secreção de ânions orgânicos: Secreção de fármacos e substâncias endógenas. Eles saem do interior do sangue por meio do transportador de ânions orgânicos. Eles saem da célula em troca de hidrogênio, carga elétrica positiva. A probenecida bloqueia o transportador de aníons orgânicos, fazendo com que a penicilina permaneça mais tempo na corrente sanguínea. Transportadores são saturáveis: Os transportadores são saturáveis, ou seja, atingem um limite de reabsorção quando os níveis de conteúdo são muito elevados, atingindo um limiar plasmático renal. Isso é muito comum em pacientes com diabetes. Transporte na alça de Henle: Na porção descendente da alça, existe o processo de reabsorção de água, através das aquaporinas. Por outro lado, na porção ascendente, as aquaporinas são praticamente ausentes, sendo essa porção impermeável à água. Existem outros mecanismos de transporte, como NKCC2, que permite a entrada de sódio, cloreto e potássio na alça de Henle ascendente. Essa proteína é o mecanismo de ação de um fármaco diurético (furosemida) utilizado para o controle da pressão arterial. A furosemida bloqueia o NKCC2, reduzindo a reabsorção de sódio. Com isso, não ocorrerá uma modificação osmótica. Dessa forma, a água não é reabsorvida, sendo excretada, reduzindo o volume sanguíneo, reduzindo a quantidade de sangue que chega no coração, reduzindo a pressão. Transporte no túbulo distal – reabsorção: No túbulo distal acontece reabsorção de eletrólitos, porém sua porção inicial é impermeável à água. Transporte no túbulo distal: A proteína TRPV5 permite a entrada de cálcio. A NCC1 permite a entrada de sódio e cloreto. O TRPM6 permite a entrada de magnésio. Transporte no túbulo final: Na parte final do túbulo distal, há reabsorção de água, porque nessa região já há interferência do hormônio antidiurético (ADH). O álcool inibe o ADH. Se o ADH estiver bloqueado, a água não será mais reabsorvida, sendo excretada por meio da urina. Transporte no ducto coletor – reabsorção: Também sofre interferência do ADH, sofre reabsorção, porém a quantidade vai reduzindo cada vez mais.
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