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FISIOLOGIA EAD Camilla Lavadores – Turma XX 1 FISIOLOGIA DO SISTEMA URINÁRIO FILTRAÇÃO GLOMERULAR É o processo inicial de formação da urina. O ultrafiltrado glomerular (fluido produzido a partir desse processo) apresenta composição inicial muito semelhante ao do plasma porem não apresenta células e proteínas com peso molecular acima de 55-65 kDa. Em mamíferos, de modo geral, o ritmo de filtração glomerular varia entre 4 e 8 ml/min/kg de peso corporal. Dos 120 ml/min de plasma filtrados, somente 1 a 2 ml/min são excretados na urina com composição muito diferente do plasma. Isso se deve aos processos de secreção e reabsorção tubular. PLASMA ≠ SANGUE? O único constituinte do sangue que sofre o processo de filtração é o plasma, uma vez que o sangue é composto de plasma + células e essas células não conseguem ultrapassar a barreira chamada de barreira de ultrafiltração. Esta é composta pelo endotélio fenestrado, a membrana basal e os pedicelos (projeções dos podócitos). Existe uma conexão entre cada pedicelo que é estabelecida pela membrana diafragmática (ponte proteica). Se uma molécula estiver associada a alguma proteína plasmática cuja filtração é baixa, a filtração dessa substancia também ficará reduzida. A CARGA DA MOLÉCULA A carga da molécula pode influenciar em sua taxa de filtração assim como seu tamanho. O experimento abaixo tornou possível alterar o raio molecular efetivo da molécula de dextrana – ela pode sofrer um incremento em seu raio que vai de 18 até 42. No eixo das ordenadas podemos observar a filtrabilidade relativa – quanto mais próximo de 100% maior é a filtrabilidade, ou seja, a molécula é livremente filtrada. Na curva preta observamos que a molécula de dextrana está carregada negativamente, ou seja, dextrana aniônica onde é aumentada o seu raio afetivo e apresenta carga negativa. Quando seu raio é de 34, sua filtrabilidade é zero. Ao seu carregada com carga positiva, ou seja, dextrana catiônica, a filtrabilidade é em torno de 20%. Na molécula de dextrana neutra, sua filtrabilidade relativa é zero aos 42. Com isso: ➔ Moléculas com carga negativa são menos filtradas ➔ Moléculas com carga positiva são mais filtradas Isso acontece porque essa membrana basal é carregada negativamente, ou seja, a composição glicoproteica da membrana faz com que ela tenha carga negativa. Por conta disso, elas repelem moléculas que possuem carga negativa e atraem moléculas com carga positiva. Qualquer molécula? Não. Isso também vai depender do tamanho da molécula. TAMANHO DA MOLÉCULA Moléculas que apresentam um tamanho específico vão atingindo a capacidade máxima de filtração pela barreira de filtração glomerular. Assim, os íons (moléculas muito pequenas) apresentam 100% de filtrabilidade, ou seja, não há nenhum processo de restrição de filtração já que seu raio molecular é bem pequeno. Quando começamos a analisar moléculas com raio molecular maior, como proteínas, a filtrabilidade já começa a diminuir, por exemplo: na mioglobina (raio molecular de 1,88nm e peso molecular de 17 kDa) a filtrabilidade elativa é em torno de 75%, ou seja, 75% de toda mioglobina que chega na região do glomérulo é filtrada. Já a hemoglobina (peso molecular de 68 kDa), a filtrabilidade cai pra 3%. FORÇAS DE STARLING Assim, observamos que a carga da molécula e o tamanho da molécula têm um papel importante na filtração glomerular. Porém, existem também forças que influenciam nesse fenômeno, como por exemplo as forças de Starling. São elas: - Pressão hidrostática dentro do capilar glomerular FISIOLOGIA EAD Camilla Lavadores – Turma XX 2 - Pressão oncótica dentro do capilar glomerular (exercida pela presença de proteínas) - Pressão hidrostática dentro da Cápsula de Bowman - Pressão oncótica da Cápsula de Bowman → desconsiderada porque a filtração de proteínas é muito baixa! O somatório das forças do mesmo sentido, isto é, pressão oncótica do capilar glomerular + pressão hidrostática da cápsula de Bowman é menor do que a pressão hidrostática do capilar glomerular. Isso demonstra que o processo de filtração “vence”. Essas forças podem atingir uma estabilidade, onde o somatório da pressão hidrostática da cápsula de Bowman e a pressão oncótica do capilar glomerular se igualam à pressão hidrostática glomerular, o que gera um equilíbrio não permitindo que ocorra a filtração glomerular. À medida que o plasma vai percorrendo o glomérulo, observamos alterações na pressão oncótica do capilar glomerular. Quando há uma filtração glomerular alta, o aumento da pressão oncótica pode passar de 28 a 40 mmHg pois saiu muita água do plasma. Quando a filtração é baixa, a variação é pouca, saindo de 28 para 30 mmHg aproximadamente. COEFICIENTE DE ULTRAFILTRAÇÃO O KF apresenta também um papel importante na determinação da taxa de filtração, sendo o coeficiente de ultrafiltração. Assim: Kf = k x s (k = permeabilidade efetiva da parede capilar e s = superfície total disponível para a filtração) HEMODINÂMICA RENAL É como ocorre o processo de circulação do sangue nas diferentes regiões dos rins. No rim, existe uma estreita relação entre a circulação e a função tubular. Em média, 12L/min de sangue entram nos rins humanos, o que é chamado de fluxo sanguíneo renal (FSR). O débito cardíaco corresponde 5L/min e, dessa forma, em aproximadamente 4 minutos todo o sangue do organismo terá passado pelos rins. Entretanto, somente cerca de 120 ml/min são filtrados nos glomérulos, ou seja, cerca de 20% do plasma que entra nos rins. Os 80% restante atingem a arteríola eferente, dirigindo-se para a circulação capilar peritubular e daí para a circulação sistêmica. Embora os rins correspondam a menos de 0,5% do peso corporal, eles retêm cerca de ¼ do débito cardíaco. Por peso de tecido, o FSR é 4x maior que o do fígado ou dos músculos em exercício e 8x maior que o fluxo sanguíneo coronário. O FSR apresenta 2 componentes: - O fluxo sanguíneo cortical (FSC) = representa 90% do FSR - O fluxo sanguíneo medular (FSM) = representa 10% do FSR, sendo que apenas 2,5% chegam à medula interna do rim. Essa diferença de distribuição se dá já que a concentração de vasos e de capilares na região cortical é relativamente maior que a da região medular. Na artéria renal, podemos observar 115mmHg de pressão e à medida que esse sangue vai progredindo para dentro dos rins conseguimos observar uma queda significativa nesse valor. Há também uma diferença entre os néfrons justamedulares e os néfrons corticais, principalmente com relação à pressão nas arteríolas aferentes dentro de cada um desses néfrons. No néfron justamedular, a pressão na arteríola aferente é maior e quando é atingindo o nível de capilar glomerular essa diferença deixa de existir, tendo uma pressão relativamente constante de 60mmHg. Na arteríola eferente há uma queda na pressão FISIOLOGIA EAD Camilla Lavadores – Turma XX 3 hidrostática e no capilar peritubular também, até atingir a veia interlobular (com menor pressão). TRANSPORTE TUBULAR O néfron é composto pelo glomérulo, túbulo proximal, alça de Henle, túbulo distal e ducto coletor. Sendo o túbulo proximal dividido em duas porções: contorcida e reta. A porção contorcida é subdivida nos segmentos S1 e S2 e a porção reta é chamada de segmento S3. A alça de Henle apresenta uma porção fina descendente, porção fina ascendente, porção espessa ascendente (também chamada de túbulo distal reto). Os principais processos que desencadeiam o funcionamento dos néfrons se baseia em 4 princípios: - Filtração - Reabsorção - Secreção - Excreção Várias substâncias podem apresentar diversos padrões de excreção urinária como representa a figura. No esquema A, uma substância pode ser somente filtrada, ou seja, todo o conteúdo dessa substância que é filtrado é excretado diretamente na urina. Na situação B, uma substânciaé filtrada e parcialmente reabsorvida, de tal forma que o que é excretado na urina é menor do que é filtrado nos glomérulos. No esquema C, a substância é filtrada e totalmente reabsorvida, sendo a excreção urinária dela então zero. No esquema D, a substância é filtrada, mas também é secretada, de tal forma que o que aparece na urina é maior do que foi filtrado. TIPOS DE TRANSPORTE TUBULAR Os mecanismos de reabsorção e secreção ao longo do nefron acontecem principalmente por dois fenômenos: o fenômeno de transporte pela via paracelular e pela via transcelular. O espaço que existe entra a membrana basal e o vaso é chamado de interstício peritubular. O espaço que existe entre uma célula tubular e outra célula é chamado de espaço intercelular. Também podemos observar a membrana da célula que está em contato com a luz do túbulo, que é chamada de membrana apical. A membrana que está em contato com a membrana basal e a membrana de outra célula é chamada de membrana basolateral. Em suma, a célula tem uma parte voltada para a luz do túbulo e uma parte voltada para o interstício onde vai passar o capilar. FISIOLOGIA EAD Camilla Lavadores – Turma XX 4 - Membrana apical: voltada para a luz do túbulo O transporte paracelular é aquele onde água e solutos passam por ENTRE as células ultrapassando a membrana basal, atingindo o interstício e chegando aos capilares peritubulares. Já no transporte transcelular, a substancia passa POR DENTRO das células, atravessa a membrana basolateral, chega ao espaço intersticial e chega ao capilar peritubular. No gráfico abaixo observamos a concentração relativa de solutos no espaço intratubular no eixo y. No eixo x são as diferenças porções do néfron. A concentração de glicose se torna praticamente 0 já na metade do túbulo proximal, o que sugere que essa molécula é totalmente reabsorvida. Já moléculas como o íon sódio, a concentração se mantém relativamente constante no túbulo proximal, o que sugere que a reabsorção de sódio e água acontecem na mesma proporção, fazendo com que a concentração desse íon não varie muito ao longo do TP. O aumento da concentração na alça de Henle é explicado principalmente pelo aumento da reabsorção de água e sua diminuição cai por conta da reabsorção desse íon. O pico na alça de Henle sugere uma secreção. MECANISMOS DE TRANSPORTE NO TÚBULO PROXIMAL O túbulo proximal reabsorve em torno de 67% do ultrafiltrado glomerular. Esse processo ocorre sem variação mensurável da concentração de sódio e somente com uma pequena queda da osmolaridade do fluido tubular. A energia para realizar boa parte da reabsorção proximal é derivada do gradiente eletroquímico da Na+/K+ ATPase localizada na membrana basolateral. A resistência pela via paracelular é bem baixa, o que sugere que boa parte da reabsorção vai acontecer dessa maneira (via paracelular) ao invés da via transcelular. O sódio é reabsorvido em duas fases: Na primeira fase (até a metade do túbulo proximal) o sódio é reabsorvido principalmente junto de solutos orgânicos (como glicose e aa) e bicarbonato. Na segunda fase o sódio é reabsorvido principalmente com cloreto. Já o potássio é reabsorvido principalmente pela via paracelular pelo fenômeno conhecido como arraste pelo solvente (solvent drag) e eletrodifusão. A concentração de potássio intracelular é maior que no fluido extracelular. Dessa forma, por difusão simples o potássio tende a sair da célula e não a entrar. Assim, a reabsorção de potássio FISIOLOGIA EAD Camilla Lavadores – Turma XX 5 ao longo do néfron ocorre pela via paracelular uma vez que pela via transcelular esse transporte seria bastante dificultado (teria que ocorrer contra seu gradiente). A grande quantidade de reabsorção ocorre na primeira metade do túbulo proximal. Isso só pode acontecer porque a via de transporte é paracelular, pela via transcelular o túbulo não teria gradiente eletroquímica para uma reabsorção em grande escala como ocorre. REABSORÇÃO Como ocorre essa reabsorção pela via paracelular no TP então? Devido à saída de água que ocorreu no glomérulo, o sangue circulante no capilar peritubular do túbulo proximal possui uma alta concentração oncótica. Isso demonstra que o capilar está mais propício a fazer reabsorção e não secreção. A bomba de sódio potássio está expressa exclusivamente na membrana basal. Esta transporta 3 Na+ para fora e 2 K+ para dentro. Com isso, ocorre um acúmulo de íons sódio, fazendo com que a osmolaridade desse fluido torne-se maior que a luz tubular. Assim, a água tende a entrar para o espaço paracelular. Como o capilar peritubular está ávido a fazer reabsorção (já que a pressão oncótica está maior), ocorre um fluxo unidirecional de água do espaço luminal em direção ao capilar peritubular. Nesse ponto, ocorre o fenômeno do arraste pelo solvente, isto é, como o fluxo de água unidirecional por entre as células é alto, ela acaba “arrastando” íons que se encontram naquela região para o capilar. Apesar da reabsorção ser predominante pela via PARACELULAR, também podemos observar reabsorção de água para o sangue pela via TRANSCELULAR, ou seja, com a própria célula “deixando a água entrar” principalmente pela ação das aquaporinas. Na luz do túbulo proximal encontramos a expressão da aquaporina-1. Na membrana basolateral encontramos a expressão da aquaporina-1 e aquaporinas-7. Outros íons e solutos também podem ter essas 2 vias de transporte citadas. Por exemplo, os íons potássio, cloreto, sódio tem seu mecanismo de reabsorção principal pela via paracelular. Como a bomba de sódio/potássio ATPase mantém a concentração de sódio intracelular menor que a extracelular, o sódio tende a entrar na célula. Dessa forma, o gradiente eletroquímico é aproveitado por outras moléculas para que ocorre o transporte por exemplo de aminoácidos, fosfato, lactato, etc. PRINCIPAIS SOLUTOS REABSORVIDOS NO TÚBULO PROXIMAL - Açúcares D-glicose e D-galactose - Mioinositol - Aminoácidos: neutros, ácidos, básicos - Íons: fosfato, sulfato, etc. - Metabolitos orgânicos Os primeiros 25% do túbulo proximal tem uma DDP transepitelial de -2mV. Isso é causado principalmente pelo cotransporte eletro gênico de Na+ com solutos orgânicos (Ex: glicose, aa..) para dentro da célula. Já nos segmentos mais finais essa DDP aumenta para +2mV, devido ao gradiente de cloreto que está com a concentração mais elevada na luz tubular devido à reabsorção de bicarbonato e água no segmento inicial. FISIOLOGIA EAD Camilla Lavadores – Turma XX 6 Esse transporte é depende do gradiente eletroquímico sustentando pela bomba de Na+/K+ ATPase. REABSORÇÃO DE GLICOSE Desses mecanismos de transporte que ocorrem no túbulo proximal dos solutos orgânicos, precisamos destacar a reabsorção de glicose. A glicose é quase que totalmente reabsorvida no túbulo proximal, por isso excretamos uma pequena parte na urina. ➔ 95% é reabsorvida no segmento S1 e S2; ➔ 5% é reabsorvida no segmento S3; TRANSPORTE NO SEGMENTO S1 O gradiente eletroquímico estimula a entrada de sódio na célula pela membrana luminal. Isso acontece pelo transportador SGLT2, que é de baixa afinidade e alta capacidade. Ele funciona acoplando o transporte de sódio ao de glicose, ou seja, coloca 1 Na+ para dentro associado a 1 molécula de glicose. (mecanismo de transporte dependente de sódio) Haverá, então, um aumento de glicose intracelular e essa glicose será secretada para o interstício através da GLUT2 (mecanismo independente de sódio). TRANSPORTE NO SEGMENTO S2 E S3 O esquema é bastante parecido, no entanto, o transportador muda para o SGLT1, que internaliza 2 moléculas de Na+ associadas a 1 molécula de glicose. A glicose será excretada pela GLUT1 para o interstício. REABSORÇÃO DE AMINOÁCIDOS É um mecanismo semelhante ao que ocorre com a glicose,só que agora ao invés de ter um acoplamento do sódio com a glicose, haverá um transportador que acopla o sódio com o aminoácido. Além dele, há um transporte independente de sódio, passando somente aminoácido para dentro da célula. Temos também um contra transporte que utiliza não o gradiente de sódio, mas do potássio. Então com a saída do potássio, temos a entrada na célula de glutamato ou próton. REABSORÇÃO DE PEPTÍDEOS Os peptídeos são provenientes da filtração glomerular ou gerados pela atividade das enzimas da borda em escova. Assim, oligopeptídeos (como angiotensina), se ligam nessas enzimas e podem ser degradadas em aminoácidos ou peptídeos menores. Os aminoácidos serão transportados de acordo com os mecanismos já demonstrados. Existem transportadores de peptídeos denominados PepT, que transportam essas moléculas associadas a prótons. Cada PepT transporta um peptídeo dependendo de seu tamanho, por exemplo: o PepT1 transporta peptídeos de tamanho que varia de 2 a 4 aminoácidos. Esses peptídeos no interior da célula vão sofrer ação de peptidases que irão virar aminoácidos, sendo estes utilizados no metabolismo ou reabsorvidos na circulação sistêmica. FISIOLOGIA EAD Camilla Lavadores – Turma XX 7 REABSORÇÃO DE FOSFATO O fosfato também vai ser reabsorvido mediante cotransporte com o aproveitamento do gradiente eletroquímico. Dessa forma, 1 íon HPO4-2 será internalizado junto com 3 moléculas de Na+. Esse mecanismo é regulado por 2 hormônios muito importantes: o paratormônio e a vitamina D. Como o fosfato vai para o interstício ainda não é sabido em detalhes. REABSORÇÃO DE CÁLCIO O cálcio também pode seguir pelo transporte transcelular. O canal para transporte paracelular é chamado ECaC (Epithelial Calcium Channel). No entanto, a principal forma de sua movimentação, tanto do cálcio quanto do magnésio, é pelo arraste pelo solvente, mecanismo já descrito anteriormente, ou seja, pela via PARACELULAR. REABSORÇÃO DE CLORETOS O íon cloreto é reabsorvido principalmente pela via paracelular, mas também temos vários transportadores de cloreto ao longo do néfron, como por exemplo o trocador cloreto bicarbonato (transportadores AE – anion exchanger). É possível encontrar também trocadores no formato cloreto/oxalacetato. REABSORÇÃO DE POTÁSSIO O potássio tende a ser secretado e não reabsorvido pela via transcelular. Dessa forma, os canais de potássio estão promovendo geralmente a secreção desse íon. Então, a reabsorção desse íon ocorre principalmente pela eletrodifusão e arraste por solvente. Na membrana basolateral, existem canais de potássio sensíveis de ATP que externalizam potássio para o interstício. Dessa forma, o potássio é reabsorvido por: - Transporte paracelular (arraste) - Transporte transcelular (canais que excretam) FISIOLOGIA EAD Camilla Lavadores – Turma XX 8 ENDOCITOSE DE PROTEINAS O túbulo proximal realiza também o processo denominado endocitose de proteínas. Essas proteínas são provenientes da filtração glomerular, ou seja, com peso molecular abaixo de 75 KDa. Essas proteinas se ligam aos receptores e ativam o processo de endocitose com envolvimento lisossomal. A endocitose ocorre pela ligação das proteínas a duas proteínas de membrana conhecida como megalina e cubilina. Estas têm a capacidade de se ligar a vários tipos de proteína, então elas são chamadas de receptores multiligantes. No micro domínio que existe a megalina e a cubilina também são encontrados um trocador cloreto próton, um canal de cloreto, uma H+/ATPase, etc. Uma vez que as proteínas se ligam aos receptores multiligantes é disparado o processo de endocitose. Essa H+/ATPase juntamente com os canais de cloreto promovem a acidificação endossomal, ocorre o desligamento desse receptor com as proteínas provenientes da filtração. O receptor retorna para seu local e as proteínas são encaminhadas para a via lisossomal e são degradas e reabsorvidas na membrana basolateral através da exocitose. REABSORÇÃO DE BICARBONATO O bicarbonato é reabsorvido de forma indireta, através da secreção de próton proveniente da troca com o sódio. Assim, esse próton reage com o bicarbonato proveniente da filtração glomerular e a enzima anidrase carbônica do tipo IV é responsável pela desidratação do ácido carbônico gerado. Forma-se, assim, água e CO2. O co2 é transportado através da bicamada lipídica ou pelas aquaporinas do tipo 1. Dentro da célula esse CO2 torna-se hidratado através da anidrase carbônica do tipo II. Esta, quando hidrata o CO2, produz bicarbonato e próton, sendo que o H+ é secretado novamente para a luz do túbulo. O bicarbonato dessa forma é reabsorvido pela membrana basolateral através do cotransporter sódio bicarbonato ou através da troca do bicarbonato com o cloreto pelo transportador AE2. A vantagem desse sistema é que acopla a reabsorção de bicarbonato com a secreção de ácido, o que é importante visto que o HCO3- é responsável por 2/3 do tamponamento do plasma! REABSORÇÃO DE UREIA Ocorre principalmente por difusão, mas também há transportadores (UT) pela via paracelular ou transcelular. No túbulo proximal ocorre também o mecanismo de secreção tubular, principalmente no segmento S2. As etapas são: 1. Difusão do soluto orgânico do sangue contido no capilar peritubular para o interstício peritubular 2. Transporte ativo do soluto, do interstício para o interior celular, por meio de transportadores localizados na membrana basolateral do túbulo 3. Difusão passiva da célula para o lúmen tubular, a favor do gradiente de concentração criado pela concentração do soluto no interior da célula; SECREÇÃO SOLUTOS ORGÂNICOS SECRETADOS PELO TÚBULO PROXIMAL FISIOLOGIA EAD Camilla Lavadores – Turma XX 9 BALANÇO GLOMÉRULO TUBULAR Em média 180 litros de ultrafiltrado glomerular são produzidos, 178L são reabsorvidos e 1 a 2 litros excretados na urina diariamente. Se o RFG subir para 181 litros e for mantida a reabsorção de 178 litros o indivíduo perderá em média 3 litros de fluido na urina, podendo causar séria redução do volume do fluido extracelular. Porém, a reabsorção tubular fracional é mantida constante na vigência de variações do ritmo de filtração glomerular. Essa característica é denominada balanço glomerulotubular. O balanço glomerulotubular e fatores humorais e neurais estão acoplados de forma que os túbulos proximais reabsorvam uma fração constante da carga filtrada. RP = reabsorção pelo túbulo proximal RFG = ritmo de filtração glomerular MECANISMOS DE TRANSPORTE NA ALÇA DE HENLE 1. Segmento fino descendente: O segmento fino descendente da alça de Henle é especialmente funcional para a reabsorção de água. Essa alça está presente num interstício hipertônico onde ocorre um gradiente que começa no córtex com 300mOsm e chega até o interior da medula interna a 1200 mOsm. Como essa alça está presente no interstício hipertônico, a reabsorção de água se da por OSMOSE. Há também secreção de ureia pelos transportadores UT2 e também secreção de NaCl por via paracelular. Assim, nessa porção há: - Transporte de solutos quase exclusivamente passivo e paracelular; - Moderadamente permeável à sódio, cloreto e ureia; porém esses íons são secretados - Sendo permeável à água e pelo fato deste segmento estar presente em um interstício medular hipertônico, contribui com 20% da água que é filtrada; - Esse segmento tem a capacidade de concentrar o fluido tubular; 2. Segmento fino ascendente: Há uma reabsorção de NaCl e uma secreção de ureia e não ocorre reabsorção de água. Dessa forma, com a saída de NaCl há uma diluição do fluido intratubular. Assim: - Epitélio impermeável à água e altamente permeável ao sódio, cloreto e ureia - Sódio e cloreto reabsorvidos pela via paracelular - Ureia secretadavia transportadores pela via transcelular - Como reabsorve sódio e cloreto, esse segmento tem a capacidade de diluir o fluido tubular; FISIOLOGIA EAD Camilla Lavadores – Turma XX 10 3. Segmento grosso do ramo ascendente É um importante sitio de reabsorção de sódio (25% do filtrado). Se o túbulo proximal deixa de reabsorver os usuais 2/3 do sódio filtrado, este tem a capacidade de reabsorver mais que 25%. Metade do sódio é reabsorvido pela via transcelular e a outra pela via paracelular. Esse segmento é altamente impermeável à água e tem a capacidade de DILUIR o fluido tubular. Há na membrana basolateral a expressão da bomba de sódio potássio favorável à entrada de sódio na membrana luminal. Nesta encontramos um transportador tríplice (NKCC2) porque ele cotransporta sódio, potássio e duas moléculas de cloreto (mecanismo de transporte eletroneutro, pois não gera diferença de potencial através da membrana). Ele é alvo de um diurético chamado furosemida. O canal de K permite a saída de uma molécula de potássio. Quando ele sai por esse canal, ele gera um mecanismo de transporte conhecido como eletrogênico porque só ocorre a saída do íon e gera uma diferença de potencial lúmen positiva que varia de 8 a 15 mV. Essa diferença de potencial direciona os íons de carga positiva para o espaço paracelular, como o sódio, potássio, cálcio e magnésio. Assim, por conta dessa carga positiva, boa parte dos cálcios e magnésios filtrados são reabsorvidos pela via paracelular (em torno de metade dessas moléculas que são filtradas ocorre aqui). REABSORÇÃO NO TÚBULO CONTORCIDO DISTAL Essa porção reabsorve de 5 a 10% do sódio filtrado, é um epitélio virtualmente impermeável à água e tem a capacidade de diluir o fluido tubular. O cotransportador sódio cloreto é importante alvo dos diuréticos tiazídicos. DUCTO COLETOR Segmento do néfron que possui uma resistência elétrica muito elevada. De um modo geral podemos dizer que um segmento do néfron reabsorve sódio em proporção à quantidade oferecida pelo segmento anterior. Isso não é válido para o ducto coletor uma vez que esse segmento reabsorve sódio e volume em atendimento às necessidades do organismo. Se o organismo necessitar de mais água, essa parte vai reabsorver mais água. Se necessitar menos água, vai reabsorver menos água. Assim, esse segmento tem importante papel na regulação final da excreção urinária de Na+, K+, H+, ureia e água. Podemos observar 3 tipos celulares: células principais e células intercalares do tipo alfa e células intercalares do tipo beta. FISIOLOGIA EAD Camilla Lavadores – Turma XX 11 A célula principal possui o canal de sódio chamado ENAC e o canal de potássio chamado ROMK, ambos regulados pelo hormônio aldosterona e também a bomba de sódio potássio. Observamos uma reabsorção de água regulada pelo ADH, onde este se liga ao seu receptor do tipo V2 expresso na membrana basolateral e ativa a via da pKA (estimula a exocitose das vesículas contendo aquaporinas). Essas células só são permeáveis à água na presença do ADH! Nas células intercalares do tipo alfa observamos H+/ATPase, H+/K+ ATPase, trocador cloreto bicarbonato e canais de cloreto. Nas células do tipo beta, o trocador cloreto bicarbonato muda de posição da membrana basolateral para a membrana luminal. Há também transportadores de ureia do tipo UT1, UT4 e trocador sódio/potássio. Podemos observar nesse segmento um fenômeno chamado ciclo da ureia (diferente do ciclo na bioquímica!). A região da medula interna é altamente permeável à ureia principalmente quando estimulada pelo ADH. Dessa forma, a ureia é reabsorvida, atinge o interstício medular, é secretada na porção fina ascendente e descendente da alça de Henle de forma que “RECIRCULA” entre a alça e o ducto coletor. Esse ciclo faz com que ocorra uma retenção de ureia no interstício, porque a velocidade de adição da ureia no interstício é maior do que a saída, do que a secreção nas porções da alça de Henle. Assim, com essa ureia se mantendo concentrada, há uma contribuição de cerca de 50% da hipertonicidade do interstício. FISIOLOGIA EAD Camilla Lavadores – Turma XX 12 REGULAÇÃO DO VOLUME DO FLUIDO EXTRACELULAR É importante manter a osmolaridade do fluido extracelular para que não submetamos as células do organismo à hipertonicidade (Ex: desidratação) ou hipotonicidade. Essa regulação se dá pelo balanço da quantidade de água e sal do organismo. Assim, os objetivos do controle da excreção de água e sal são: - Manter o volume do fluido extracelular para o correto preenchimento do sistema vascular - Manter a osmolalidade do fluido extracelular para manter o correto funcionamento celular - Garantir que o coração gere uma pressão arterial suficiente para a perfusão dos tecidos O somatório do conteúdo de sódio mais água tem uma relação direta com a pressão arterial e esta tem uma relação direta com o volume do fluido extracelular. Dessa forma, em situação que ocorre uma perda do VFEC (hemorragia, diarreia intensa, vomito intenso) ocorrem adaptações cardíacas que acabam diminuindo o débito cardíaco e consequentemente diminuindo uma queda da pressão arterial. A queda da PA é sentida, detectada pelos rins que a longo prazo irá promover uma maior retenção de sódio com o objetivo de reestabelecer o volume ideal. - 90% do conteúdo osmótico do FEC é determinado pelo sódio e ânions associados. Assim, o conteúdo osmótico total do FEC = conteúdo do sódio x 2 Um individuo modificou sua dieta aumentando a absorção de sódio e houve aumento de peso corpóreo (ganhou 1kg simplesmente por ter aumentado sua ingestão de sódio). Quando ele volta pra dieta normal, ele perde volume pro meio externo e perde peso. Isso acontece porque quando o indivíduo está ingerindo muito sódio, o plasma sanguíneo tende a ficar hipertônico e pode haver perda de padrão celular por onde esse plasma irá passar, ou seja, o as células tenderiam a perder água para o plasma muito concentrado (acarretaria em morte se fosse com as células do sistema nervoso, cardíaco, por exemplo). Para que isso não aconteça, mecanismos são disparados e a sede do indivíduo aumenta a fim de adicionar a água no plasma que estava tendendo a ficar mais concentrado. Assim, houve adição de sódio e água na mesma proporção para tentar manter a osmolaridade do plasma (em torno de 290 miliosmois). Com isso, o individuo ganha mais volume com o fluido circulante e consequentemente ganha peso. REGULAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL (VFEC) Com o aumento do volume de fluido, há uma tendencia a um aumento da pressão arterial. No entanto, quando temos alterações na dieta e comemos mais sódio por um determinado período de tempo, isso não significa que ficaremos hipertensos, pois há mecanismos de controle e regulação da pressão arterial. No caso, são 3 mecanismos: rápido (curto prazo), intermediário e lento. - Curto prazo: ativação do reflexo barorreceptor onde existem ações cardíacas e vasculares. Cardíacas reduzindo o debito cardíaco e vasculares estimulando a vasodilatação = reestabelecimento da pressão. Essa ativação se dá quando o estímulo se mantém por segundos. - Médio prazo: ações renais que tentam modificar o padrão de resistência periférica = reestabelecimento da pressão. Essa ativação se dá quando o estímulo se mantém por minutos a horas. - Longo prazo: ações de excreção de água e sódio pela urina = reestabelecimento da pressão. Essa ativação se mantém quando o estímulo se mantém por horas ou dias. Os receptores que estão envolvidos na ativação desses mecanismos reguladores da pressão arterial são: ➔ Os barorreceptores arteriais que são sensores de pressão presentes em algumas artérias e ativam principalmente o centro vasomotor do tronco cefálico. Este tem a capacidade de modificar a resistência periférica total, performance cardíaca,complacência venosa. ➔ Os barorreceptores cardiopulmonares podem agir em 2 locais: o centro vasomotor do tronco encefálico e o hipotálamo. No primeiro, possui as mesmas ações de cima. No hipotálamo estimula a produção de ADH. ➔ Os barorreceptores intrarrenais têm a capacidade de modificar o sistema renina angiotensina aldosterona, o ritmo de filtração glomerular e o padrão de reabsorção de sódio e água. FISIOLOGIA EAD Camilla Lavadores – Turma XX 13 SISTEMA RENINA-ANGIOTENSINA- ALDOSTERONA (SRAA) Esse sistema visa manter a pressão sanguínea ideal quando há uma queda no volume de fluido (exemplo: vômito, diarreia, hemorragia, etc.) • Enzima de conversão na imagem é a ECA (enzima convertora de angiotensina), que é abundante nas células epiteliais, pulmonares e nas células renais. ANGIOTENSINA II: estimula a sede, o aumento da liberação do ADH pelo hipotálamo (que age principalmente no ducto coletor retendo água), estimula o aumento da pressão arterial sistêmica ligando-se no AT1 (receptor expresso em todo sistema vascular) estimulando a contração dos vasos. Ela age também na suprarrenal estimulando a secreção de aldosterona que gera a reabsorção de sódio no túbulo distal e no ducto coletor. Além disso, a própria angiotensina II estimula a reabsorção de sódio, no entanto ela age no túbulo proximal. FÁRMACOS: Os betabloqueadores (propranolol) diminuem a secreção da renina. O captopril inibe a ação da enzima conversora de angiotensina (ECA). A losartana é um antagonista de receptor do tipo AT1. Então, indivíduos hipertensos utilizam essas diferentes classes de substancias para fazer o controle da pressão arterial. AÇÕES DA ANGIOTESINA II Ela se liga a seus receptores, sendo eles: ➔ AT1: expresso no sistema endotelial ➔ AT2: expresso no sistema epitelial AO SE LIGAR AO AT1: A sua ação glomerular é de vasoconstrição das arteríolas aferentes e eferentes, sendo a da eferente ocorre com maior intensidade. Isso é capaz de aumentar a pressão hidrostática do capilar glomerular aumentando a fração de filtração. Como o indivíduo vai filtrar mais água, há um aumento da pressão oncótica do capilar peritubular e uma diminuição da pressão hidrostática do capilar peritubular. Assim, esse capilar fica mais ávido a reabsorver sódio e água na região do túbulo proximal. Além desses fatores, a ANGII tem a capacidade de estimular a atividade da sódio/potássio ATPase e aumentar a inserção de canais transportadores de sódio na membrana luminal das células do túbulo proximal, gerando um aumento da reabsorção de sódio na via TRANSCELULAR. Em suma, a ANGII age nas duas vias: →Na via paracelular: aumentando a filtração de água, aumenta-se a pressão oncótica do capilar e diminui-se a pressão hidrostática = capilar mais ávido a reabsorver sódio e água de forma paracelular →Na via transcelular: aumentando a atividade das Na+/K+ ATPase e os transportadores de sódio na membrana luminal das células do túbulo proximal Além disso a ANGII diminui o fluxo de sangue nos vasos retos leva a uma diminuição da lavagem de ureia do interstício medular, promovendo a concentração de ureia no interstício medular. Assim, aumenta o gradiente de reabsorção passiva de NaCl no ramo fino ascendente da alça de Henle. Isso vai acarretar no aumento da reabsorção de sódio na alça de Henle e também aumento na reabsorção de água no ducto coletor. Isso desencadeia também na queda da excreção renal de sódio e de água. AÇÕES DA ALDOSTERONA A aldosterona é um hormônio esteroide e age principalmente pela via de ligação num receptor intracelular, mas também pode se ligar a um receptor de membrana. O receptor intracelular junto a ela é capaz de ativar a síntese de proteínas específicas indutoras. Já o receptor de membrana desencadeia uma via de sinalização que desencadeia na inserção de canais de potássio na membrana luminal FISIOLOGIA EAD Camilla Lavadores – Turma XX 14 (túbulo distal e ducto coletor) e a reabsorção de canais de sódio também nessa membrana. Assim, essas células adquirem maior capacidade de reabsorver íons sódio e secretar íons potássio. Temos dois grandes estimuladores para a secreção de aldosterona: - Aumento da concentração de potássio plasmático - A angiotensina II que vai induzir a reabsorção de sódio a fim de concentrar o sangue OUTROS HORMÔNIOS Existem outros hormônios que participam na retenção de volume, mas não estão intimamente relacionados com a regulação diária e dinâmica do volume do fluido extracelular. Ou seja, quando existe uma alteração eles podem auxiliar nesse processo, estimulando a reabsorção renal de sódio. São eles: - Cortisol - Estrogênio - GH - T3 - Insulina NATRIURÉTICOS E DIURÉTICOS Existem substâncias que fazem o contrário dessa ação de aumentar o volume de fluido extracelular. O natriurético é o composto com capacidade de aumentar a excreção de sódio e diurético é a capacidade de aumentar a perda de água na urina. PEPTÍDEOS NATRIURÉTICOS CARDÍACOS Existem peptídeos que fazem o contrário da angiotensina. Esses peptídeos são produzidos principalmente pelo átrio cardíaco. Ou seja: ANP/BNP → potentes vasodilatadores, natriuréticos e diuréticos. Eles estimulam o aumento do fluxo sanguíneo renal (FSR), aumentam o RFG (ritmo de filtração glomerular - efeitos no kf e forças de Starling), redução da absorção de sódio proximal e coletor e inibição da secreção de renina. OUTROS HORMÔNIOS Diminuem a reabsorção renal de sódio. - Glucagon - Progesterona - PTH FISIOLOGIA EAD Camilla Lavadores – Turma XX 15 REGULAÇÃO DA TONICIDADE DO FLUIDO EXTRACELULAR Na regulação do volume, tínhamos os barorreceptores. Agora, na regulação da tonicidade, o mecanismo será realizado pelos osmorreceptores, que são as células capazes de detectar a variação da osmolaridade plasmática. Eles são centrais, ou seja, se localizam em células próximas aos núcleos supraópticos e paraventriculares do hipotálamo e estão fora da barreira hematoencefálica. Os principais osmorreceptores centrais são: - OVLT = órgão vascular da lâmina terminal - OSF = órgão subfornical do hipotálamo Pelos osmorreceptores estarem “conectados” aos núcleos paraventricular e supra-óptico do hipotálamo, a ativação dos osmorreceptores promove a estimulação desses núcleos que podem estimular a neurohipófise a secretar o ADH. Como esses osmorreceptores são ativados? Em um quadro de desidratação, há um aumento da osmolaridade do sangue, que induz um efluxo de água dos osmorreceptores, causando uma deformação estrutural nessas estruturas. Esta deformação aumenta a frequência de disparos no potencial de ação, que ativa os NOS e NPV. Os osmorreceptores também podem ativar o centro da sede estimulando o individuo a beber mais água. AÇÕES DO ADH O ADH possui 2 receptores principais: V1 e V2. O V1 tem relação com a vasoconstrição, já o V2 é expresso principalmente em tecidos epiteliais e é encontrado no glomérulo, na porção espessa ascendente da alça de Henle e no ducto coletor. ➔ V1: via aumento de cálcio intracelular levando a vasoconstrição (sistema endotelial) ➔ V2: via AMPc levando a inserção de canais de água nas células do ducto coletor ADH E AQP2 As aquaporinas do tipo 2 são reguladas pelo ADH, ou seja, elas só são expressas na membrana luminal se as células estiverem sendo estimulada na membrana basolateral pelo ADH. Este se liga ao V2 que dispara uma cascata de sinalização que irá estimular a exocitose de aquaporinas. Essa célula está inserida no interstício hipertônico e devido a isso a água por osmose sai da luz tubular e vai em direção ao interstício peritubular. Não adianta ter somente a membrana luminal permeável à água é necessário que tenha esse gradiente osmótico. É valido lembrar também que não há passagem de água pela via paracelular, já que esse epitélio é virtualmente impermeável à água.ADH E ENAC Assim como o ADH estimula a inserção de aquaporinas, ele tem estimula canais de sódio do tipo ENaC na membrana luminal das células principais do ducto coletor, fazendo com que essa célula reabsorva mais sódio. (Mecanismo de amplificação do gradiente osmótico que promove uma maior reabsorção de água). FISIOLOGIA EAD Camilla Lavadores – Turma XX 16 ADH E UT Na região do ducto coletor papilar, o ADH estimula a inserção de canais de ureia (UT) na membrana luminal das células. (Amplifica a reabsorção de ureia, mas não modifica a secreção na alça de Henle). Assim, o ADH promove uma retenção de ureia no interstício medular amplificando a hipertonicidade medular, aumentando a reabsorção de água. ADH E NKCC2 O ADH aumenta a atividade também do transportador tríplice na porção espessa ascendente da alça de Henle. Se inibido, a hipertonicidade medular cai em 50%, pois 50% é mantido pela ureia e o restante é por ele. Ou seja, o transportador tríplice (de sódio, potássio e cloreto) é o principal responsável pela hipertonicidade medular – FATOR UNITÁRIO DE GERAÇÃO DO MECANISMO CONTRACORRENTE MULTIPLICADOR. Quando o ADH estimula a inserção desse transportador tríplice, também está contribuindo para a amplificação da hipertonicidade medular. Assim: Todos esses mecanismos, em suma, estimulam a reabsorção de água de maneira direta (pela ação de aquaporinas) ou de maneira indireta por amplificar a hipertonicidade medular, amplificando o gradiente osmótico entre a luz tubular e o interstício medular hipertônico. Aumentar a reabsorção de água significa aumentar a concentração da urina, aumentando a capacidade do rim de reter água no plasma. Dessa forma, os rins regulam o volume (consequentemente a pressão arterial) e a tonicidade (osmolalidade) do fluido extracelular.
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