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LEITURA TÉCNICA DO MUNICÍPIO PARA REVISÃO DO PLANO DIRETOR Volume 1 Caracterização geral do Município Secretaria de Urbanismo e Sustentabilidade 2017 Leitura técnica do Município para revisão do Plano Diretor Secretaria de Urbanismo e Sustentabilidade 2 Ficha técnica Prefeito - Felício Ramuth Vice-prefeito - Ricardo Nakagawa Secretaria Urbanismo e Sustentabilidade Marcelo Pereira Manara – Secretário Urbanismo e Sustentabilidade Ronaldo Madureira - Diretor de Gestão Ambiental Coordenação - Oswaldo Vieira da Paula Júnior - Diretor de Planejamento Urbano Secretarias participantes Apoio Social ao Cidadão - Edna Lúcia de Souza Tralli Educação e Cidadania - Cristine de Angelis Pinto Esporte e Qualidade de Vida - Paulo Sávio Rabelo da Silva Gestão Administrativa e Finanças - José de Mello Correa Gestão Habitacional e Obras - José Turano Júnior Governança - Anderson Farias Ferreira Inovação e Desenvolvimento Econômico - Alberto Alves Marques Filho Manutenção da Cidade - Ricardo Minoru Iida Mobilidade Urbana - Paulo Roberto Guimarães Júnior Proteção ao Cidadão - Antero Alves Baraldo Saúde - Oswaldo Kenzo Huruta Equipe técnica Adalberto Silvestri dos Santos Alberto de Vasconcelos Queiroz Ana Paula Pereira Ribeiro Andrea Sundfeld Penido Bruno Correa Gastão Carolina Abrahão Alves Daniela Freire Câmara Cunha Débora Redondo Deolinda Luíza Miranda de Araújo Douglas dos Reis Eder Leandro Nunes Elaine Cristina Rodrigues Elaine Paula Pacheco Nanni da Silva Elisa M. K. Farinha Erllin Souza Monteiro Fábio Sant’anna Ribeiro Ghislaine Virginia da Fonseca Gilberto Cunha Guilherme Veloso Rodrigues Henrique Augusto Robortela Isabela Janson Isis Pereira Guimarães João Roberto Quaggio Barreto José Donizete dos Santos Lorenzo Pfeil Luciano Rodolfo de Moura Machado Luís Paulo Rodrigues Melione Maiara Resende Ribeiro Marcelo da Silva Reis Maria Angélica Braga de Avellar Silva Maria Lígia Machado Torquato Nádia Csoknyai Del Monte Kojiocnicos Nirceu Eduardo Vicente Paula Cabral Paulo Eduardo de Oliveira Costa Paulo Henrique Oliveira Caon Pollyanna Horta Drumond Priscila Veiga Vinhas Rodrigo Romanini Rogério Osvaldo Scavacini Silvia Cristina Borges Tania Cristina dos Santos Matias Tatiana Araripe Teles Eduardo Pivetta Thatiana Pavan Benitez Valdir Martimiano Dias Valquiria Maria de Almeida Souza Leitura técnica do Município para revisão do Plano Diretor Secretaria de Urbanismo e Sustentabilidade 3 APRESENTAÇÃO Parte integrante da etapa inicial do processo de revisão do Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado - PDDI de 2006, este documento apresenta uma primeira leitura do Município, desenvolvida sob a condução da Secretaria de Urbanismo e Sustentabilidade, a partir do entendimento dos técnicos de diversas áreas da administração municipal e contando também com a contribuição do IPPLAN. As análises focam a cidade hoje, mas destacam igualmente o período decorrido após a edição do último PDDI, buscando evidenciar processos e transformações. O Município como um todo é a unidade de estudo, porém, sempre que os dados permitiram, procurou-se alcançar o maior detalhamento possível na abordagem do território, chegando-se, em vários temas, à perspectiva das regiões, setores e agrupamentos de bairros. Este relatório está dividido em três volumes. O Volume I apresenta uma caracterização geral do Município e subdivide-se em sete partes. São abordados em sequência a história, a demografia, o patrimônio cultural, a estrutura administrativa, a organização territorial, e a ocupação urbana. O volume é finalizado com uma descrição das regiões urbanas na ótica socioeconômica e do uso e ocupação do solo. Já o Volume II desenvolve uma caracterização setorial, passando por dez temas: meio ambiente, habitação, regularização fundiária, mobilidade, educação saúde, assistência social, esporte e lazer, desenvolvimento econômico e inovação e serviços públicos. Finalizando o relatório, há o terceiro volume, dedicado ao Distrito de São Francisco Xavier. Cabe observar que a construção desta leitura do Município passou por dois momentos distintos: em 2016 foi elaborado um relatório preliminar a partir do qual evoluiu o documento ora apresentado. Muitos textos do trabalho inicial foram mantidos, outros atualizados, e novos temas foram incorporados. É preciso ressaltar, no entanto, que uma compreensão do Município não pode ser alcançada com base apenas na chamada leitura técnica. No processo de elaboração do Plano Diretor, a construção de um diagnóstico municipal requer olhares diversos sobre a realidade, sendo impreterível a perspectiva daquele que vive o cotidiano da cidade: o Cidadão. Colher essa perspectiva foi o objetivo das doze primeiras oficinas de leitura comunitária que ocorreram no final de 2016 em todas as regiões. Essa colheita prosseguirá em novos encontros com a população a serem realizados proximamente. Secretaria de Urbanismo e Sustentabilidade São José dos Campos, agosto de 2017 Leitura técnica do Município para revisão do Plano Diretor Secretaria de Urbanismo e Sustentabilidade 4 SUMÁRIO Volume 1 – Caracterização Geral do Município 1. HISTÓRIA DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS ................................................................................. 6 1.1. DAS ORIGENS À CIDADE PRESENTE ......................................................................................................... 6 1.2. HISTÓRICO DOS PLANOS DIRETORES DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS .......................................................... 8 2. ASPECTOS DEMOGRÁFICOS .................................................................................................. 21 2.1. CRESCIMENTO POPULACIONAL DO MUNICÍPIO .................................................................................... 21 2.2. MIGRAÇÃO ........................................................................................................................................... 24 2.3. POPULAÇÃO E CRESCIMENTO POPULACIONAL NAS MACROZONAS E REGIÕES ..................................... 27 2.4. DENSIDADE POPULACIONAL ................................................................................................................ 33 2.5. ESTRUTURA ETÁRIA E DIFERENCIAIS INTRAURBANOS ........................................................................ 35 2.6. RAZÃO DE DEPENDÊNCIA .................................................................................................................... 38 2.7. PROJEÇÃO POPULACIONAL E PROJEÇÃO DA PIRÂMIDE ETÁRIA ........................................................... 41 3. CULTURA E PATRIMÔNIO HISTÓRICO .............................................................................. 42 3.1. BREVE HISTÓRICO DA GESTÃO DA CULTURA NO MUNICÍPIO ................................................................ 42 3.2. POLÍTICA PÚBLICA DE PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL ..................................................... 43 3.3. DIAGNÓSTICO DO PERÍODO ENTRE 2006 A 2016 ................................................................................ 48 3.4. ESPAÇOS CULTURAIS DA FUNDAÇÃO CULTURAL CASSIANO RICARDO ................................................ 55 4. ESTRUTURA ADMINISTRATIVA ........................................................................................... 60 4.1. ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA .................................................................................................. 60 4.2. SÃO JOSÉ DOS CAMPOS E A METROPOLIZAÇÃO................................................................................... 63 5. ORGANIZAÇÃO TERRITORIAL .............................................................................................. 66 5.1. MACROZONEAMENTO ........................................................................................................................... 66 5.1.1. Histórico ...................................................................................................................................... 67 5.2. A MACROZONA URBANA ...................................................................................................................... 77 5.3. A MACROZONA RURAL .......................................................................................................................... 78 5.3.1. Aspectos legais: Áreas de Proteção Ambiental em São José dos Campos ........................ 78 5.3.2. Parcelamentos clandestinos e aglomerados rurais ............................................................ 86 5.4. CARACTERIZAÇÃO DO TERRITÓRIO RURAL .......................................................................................... 90 5.4.1. Rural Sul ..................................................................................................................................... 90 5.4.2. Rural Norte Baixo ..................................................................................................................... 91 5.4.3. Rural Norte Intermediário ...................................................................................................... 92 5.4.4. Represa do Rio Jaguari ........................................................................................................... 92 5.4.5. Distrito de São Francisco Xavier ........................................................................................... 93 5.5. SETORIZAÇÃO ....................................................................................................................................... 95 5.5.1. Regiões urbanas, setores socioeconômicos e áreas de ponderação .................................. 95 6. OCUPAÇÃO URBANA .............................................................................................................. 104 6.1. EXPANSÃO HORIZONTAL .................................................................................................................... 104 6.2. VETORES DE EXPANSÃO 2006 – 2016 .............................................................................................. 108 6.3. LOTEAMENTOS FECHADOS ................................................................................................................. 109 6.4. VERTICALIZAÇÃO ............................................................................................................................... 112 Leitura técnica do Município para revisão do Plano Diretor Secretaria de Urbanismo e Sustentabilidade 5 6.5. CENTRALIDADES ................................................................................................................................ 120 6.6. MACRODRENAGEM URBANA .............................................................................................................. 123 6.6.1. Drenagem do Município ........................................................................................................ 126 7. REGIÕES URBANAS................................................................................................................. 131 7.1. REGIÃO CENTRO................................................................................................................................. 131 7.1.1. Dinâmica populacional ........................................................................................................... 131 7.1.2. Caracterização socioeconômica ............................................................................................ 131 7.1.3. Uso e Ocupação do Solo .......................................................................................................... 137 7.1.4. Áreas Verdes e Sistemas de Lazer Públicos ......................................................................... 140 7.2. REGIÃO SUL ....................................................................................................................................... 141 7.2.1. Dinâmica populacional .......................................................................................................... 141 7.2.2. Caracterização socioeconômica ........................................................................................... 141 7.2.3. Uso e Ocupação do Solo ......................................................................................................... 151 7.2.4. Áreas Verdes e Sistemas de Lazer Públicos ........................................................................ 154 7.3. REGIÃO LESTE ................................................................................................................................... 156 7.3.1. Dinâmica populacional .......................................................................................................... 156 7.3.2. Caracterização socioeconômica ........................................................................................... 156 7.3.3. Uso e Ocupação do Solo ......................................................................................................... 163 7.3.4. Áreas verdes e sistemas de lazer públicos ........................................................................... 166 7.4. REGIÃO SUDESTE ............................................................................................................................... 168 7.4.1. Dinâmica populacional .......................................................................................................... 168 7.4.2. Caracterização socioeconômica ........................................................................................... 168 7.4.3. Uso e Ocupação do Solo ......................................................................................................... 171 7.4.4. Áreas verdes e sistemas de lazer públicos ........................................................................... 172 7.5. REGIÃO OESTE .................................................................................................................................. 173 7.5.1. Dinâmica populacional .......................................................................................................... 173 7.5.2. Caracterização socioeconômica ........................................................................................... 173 7.5.3. Uso e Ocupação do Solo ......................................................................................................... 176 7.5.4. Áreas verdes e sistemas de lazer públicos ........................................................................... 177 7.6. REGIÃO NORTE ................................................................................................................................. 178 7.6.1. Dinâmica populacional .......................................................................................................... 178 7.6.2. Caracterização socioeconômica ........................................................................................... 178 7.6.3. Uso e Ocupação do Solo ......................................................................................................... 184 7.6.4. Áreas verdes e sistemas de lazer públicos ........................................................................... 186 7.7. REGIÃO DE SÃO FRANCISCO XAVIER ................................................................................................187 7.7.1. Uso e Ocupação do solo .......................................................................................................... 187 Leitura técnica do Município para revisão do Plano Diretor Secretaria de Urbanismo e Sustentabilidade 6 1. HISTÓRIA DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 1.1. Das origens à cidade presente O aldeamento Parte do que hoje é território de São José dos Campos teria sido ocupado por uma fazenda de gado criada por padres jesuítas no final do século 16 às margens do Rio Comprido, hoje divisa natural entre São José dos Campos e Jacareí. A pecuária era um artifício usado pelos religiosos para evitar incursões de bandeirantes. A lei de 1611, que regulamentava a administração de aldeamentos de índios dispersos organizados por religiosos, transformou oficialmente a fazenda em missão de catequese. Os colonos paulistas viram-se então prejudicados, pois dependiam da exploração de mão de obra escrava indígena, o que culminou no conflito em que os jesuítas foram expulsos e os aldeãos espalhados. Os jesuítas retornariam alguns anos mais tarde, instalando-se em uma planície distante, a cerca de 15 quilômetros da antiga aldeia, onde hoje é o centro da cidade. Do novo local tinha-se uma visão privilegiada da área que circundava a aldeia, garantindo maior segurança contra invasões e enchentes e permitindo boa ventilação e insolação. Mesmo sendo uma nova missão, era também tratada como fazenda de gado. Nos documentos, a aldeia aparece com o nome de Residência do Paraíba, em 1692, e Residência de São José, em 1696. Com a descoberta de ouro nas Minas Gerais, no início do século 18, o aldeamento passou por sérias dificuldades em razão da saída de mão de obra para o trabalho na mineração. Após a expulsão dos jesuítas do Brasil, em 1759, todos os bens dessa ordem religiosa – como fazendas, colégios e aldeias – passaram para a custódia da monarquia portuguesa. Esta delegou ao governador da província, Luís Antônio de Souza Botelho Mourão, conhecido como Morgado de Mateus, a incumbência de tornar produtivas as novas propriedades da Coroa, entendendo-se como tal a necessidade de ampliar a arrecadação de impostos. Foram assim criadas mais vilas e freguesias, entre elas São José. Da Vila à cidade Em 27 de julho de 1767, ainda antes de se tornar freguesia, a aldeia foi elevada à categoria de vila, com a denominação de São José do Paraíba. Levantou-se, então, o Leitura técnica do Município para revisão do Plano Diretor Secretaria de Urbanismo e Sustentabilidade 7 pelourinho (na atual Rua Vilaça, próximo ao cemitério) e procedeu-se à eleição da Câmara, o que caracterizava a nova condição. A emancipação à categoria de vila não foi um fator determinante para o desenvolvimento local, já que por muitos anos quase nenhum progresso foi notado. A principal dificuldade apontada era o fato de a Estrada Real passar distante da vila. Em meados do século 19, São José do Paraíba já demonstrava alguns sinais de crescimento econômico, que era devido, em parte, à expressiva produção de algodão durante a década de 1860. Em 1864 a vila foi elevada à categoria de cidade, e em 1871 recebeu a denominação de São José dos Campos. Mesmo sem uma participação significativa na produção cafeeira do Vale do Paraíba, São José dos Campos atingiu o auge da produção em 1886. Naquele momento a cidade já era atendida pela estrada de ferro, que fora inaugurada em 1877. A fase sanatorial No início do século 20, aumenta a procura para tratamento de tuberculose em São José dos Campos por causa das condições climáticas supostamente favoráveis. Gradativamente, foi sendo implantada uma estrutura de atendimento, com pensões e repúblicas. Em 1924, foi inaugurado o Sanatório Vicentina Aranha, o maior do país na época. Com a transformação em estância climatérica e hidromineral, em 1935, o Município passou a investir mais em infraestrutura, principalmente na área de saneamento básico. No futuro, isso viria a ser de grande importância para a atração de investimentos destinados ao desenvolvimento industrial, que começou a se acentuar a partir da década de 1940, com o declínio da fase sanatorial. A industrialização O processo de industrialização iniciou-se timidamente nos anos de 1920, com a concessão de incentivos fiscais. Destacou-se nesse período a instalação da Tecelagem Parahyba. O impulso maior veio com a instalação do Centro Técnico Aeroespacial (CTA) − hoje Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) − e do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em 1950. A inauguração da Rodovia Presidente Dutra, em 1951, também foi fator importante para a atração de indústrias nas décadas de 1950 a 1970. A industrialização acelerada nesse período fez com que São José dos Campos experimentasse um grande crescimento demográfico, que intensificou a urbanização. Leitura técnica do Município para revisão do Plano Diretor Secretaria de Urbanismo e Sustentabilidade 8 A criação do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em 1961 e o aprimoramento da estrutura educacional são sinais da vocação da cidade na área científica e tecnológica. O século 21 O fortalecimento do setor terciário, que já vinha ocorrendo nos anos de 1990, avançou ainda mais e alcançou o século 21 consolidando São José dos Campos como um importante centro regional de comércio e serviços, atendendo uma população superior a 2 milhões de habitantes. O já destacado protagonismo regional de São José dos Campos se consolida com a implantação do Parque Tecnológico que, com seus diferentes centros de pesquisa e instituições de ensino, oferece condições favoráveis para a inovação tecnológica e promove ainda mais o desenvolvimento e a qualificação da mão de obra. No aspecto populacional, outra questão que se apresenta para os próximos anos é a mudança do perfil etário, apontada nos últimos censos. O aumento considerável da população adulta sugere a necessidade de ampliação de postos de trabalho. O segmento de idosos apresenta participação cada vez maior, demandando novas políticas públicas. A criação da Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte em 2011 e, posteriormente, a criação da Agência Metropolitana em 2015, propõem a São José dos Campos o desafio de participar da integração das funções públicas e dos projetos de desenvolvimento regional considerando as diferenças demográficas, socioeconômicas e culturais dos municípios que integram a região. 1.2. Histórico dos planos diretores de São José dos Campos As inaugurações do CTA (1950) e da Rodovia Presidente Dutra (1951) e o processo de industrialização dessa década causaram uma intensa urbanização, marcada por grandes fluxos migratórios, que alteraram significativamente os hábitos de vida e a configuração física espacial de São José dos Campos. Em 1954 ocorre a promulgação do primeiro Código de Obras e Edificações do Município. Posteriormente, em 1958, sob a coordenação do Centro de Pesquisas Urbanísticas (CPEU) da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo – FAU- USP dá-se início a elaboração do primeiro Plano Diretor e de seus Planos Setoriais. Leitura técnica do Município para revisão do Plano Diretor Secretaria de Urbanismo e Sustentabilidade 9 1º PDDI – O Plano CPEU - USP O Centro de Pesquisas Urbanísticas (CPEU), criado e dirigido por Anhaia Mello, elaborou o Plano Diretor para o Município de São José dos Campos em função do Decreto Estadual n° 28.399, de 1957, do então governador Jânio Quadros, que vinculava as dotações orçamentárias para Estâncias Hidromineraisàs discriminações contidas nos Planos Diretores. Segundo o IBGE, em 1950 o Município contava com uma população de 44.804 habitantes, sendo 26.600 na Zona Urbana e 18.204 na Zona Rural. Em 1960, a população total atingiu 77.533 habitantes, sendo 56.882 na Zona Urbana e 20.651 na Zona Rural. Nesse período a área urbanizada se concentrava basicamente na região central da cidade. A malha urbana já apresentava um grau de dispersão considerável ao sul da Rodovia Presidente Dutra, em especial, na região Leste, onde atualmente encontra-se a Refinaria Henrique Lage - REVAP e na região Sul, nas imediações da Estrada Velha Rio - São Paulo, local atual do loteamento Parque Industrial. Conforme relatado no Plano Preliminar, o desenvolvimento do Município vinha se dando de forma caótica e desordenada em função da instalação de novas indústrias, sem qualquer critério técnico ou urbanístico de localização, prejudicando as populações locais. Esse plano teve como premissa coibir os abusos de especuladores imobiliários, limitando áreas passíveis de serem loteadas, ordenando sumariamente os vários usos do solo urbano e reestruturando o sistema viário através de propostas de alterações e melhoramentos viários. Em face do desenvolvimento desordenado do Município e do crescimento projetado, a prioridade foi propor a delimitação das áreas urbanas e de expansão urbana. A área urbana foi planejada obedecendo a um “zoneamento de massa” distribuído em: zonas residenciais, industriais e áreas verdes. Este zoneamento também previa como diretriz destinar grandes áreas no Município para futuros parques distritais, que visavam segregar as atividades industriais consideradas incômodas e, assim, preservar os bolsões residenciais. Os aspectos relevantes abordados no Plano Diretor CPEU-USP abrangeram também o planejamento regional, as questões de ordem urbanística, as relativas à habitação, planejamento viário, saneamento, aspectos sociais, finanças, administração e gestão do plano. Com relação ao sistema viário, após um extenso diagnóstico, concluiu-se que os problemas de circulação de São José dos Campos poderiam ser sanados se fossem Leitura técnica do Município para revisão do Plano Diretor Secretaria de Urbanismo e Sustentabilidade 10 resolvidos, inicialmente, os problemas relativos ao tráfego de passagem e ao congestionamento da Zona Central. Cabe ressaltar que este Plano Diretor de 1961 trouxe o reconhecimento da importância do meio físico, das questões ambientais e uma intensa preocupação dos possíveis efeitos que o processo de desenvolvimento industrial poderia causar à população. O resultado disto foi a formulação de leis disciplinadoras com relação ao crescimento urbano, fixando o perímetro urbano e rural do Município, a obrigatoriedade de implantação pelos loteadores de infraestrutura mínima de água e luz nos novos loteamentos1 e regulamentação de um “zoneamento de massa”. Ressaltam-se, ainda, disposições em relação à proteção do Rio Paraíba do Sul, entendendo-o como manancial de abastecimento, a proteção dos fundos de vale através da reserva de faixas destinadas a abrigar avenidas-parque, garantindo a drenagem natural e a passagem de emissários de esgotos e águas pluviais, e o início do processo de estruturação do sistema viário. Entre os anos de 1961 e 1964 foram elaborados pelo CEPEU-USP os Planos Setoriais para diversas áreas da cidade. Destacam-se: uma proposta de zoneamento industrial e um plano urbanístico para a área central de São José dos Campos. O Plano Diretor CEPEU-USP não foi transformado em lei. 2º PDDI - O Plano SERETE O término do primeiro PD e de seus Planos Setoriais elaborados para o Município de São José dos Campos coincidem com o início de uma nova fase de profundas transformações político-institucionais do País, a ditadura militar. Nesse período, já sob o governo do General Castelo Branco, o Estado iniciou a gestão de uma política nacional voltada para a questão urbana, com a criação do Banco Nacional da Habitação (BNH) e do Serviço Federal de Habitação e Urbanismo (SERFHAU). Um dos objetivos desta política era estabelecer critérios de âmbito nacional para a execução dos programas habitacionais para a chamada habitação de interesse social. O SERFHAU atuava como órgão financiador de Planos de Desenvolvimento Local Integrado, que passou a ser a expressão utilizada para caracterizar tanto a integração dos planos locais aos demais, como entre os aspectos físico, social, econômico e institucional. Somente com a apresentação desses planos as Prefeituras capacitavam-se aos financiamentos governamentais, objetivando a construção de conjuntos habitacionais e obras de saneamento. 1 Vale dizer que a lei foi promulgada anteriormente à Lei Federal nº 6.766/79, que regulamenta até hoje as normas e condições para parcelamento do solo urbano no Brasil. Leitura técnica do Município para revisão do Plano Diretor Secretaria de Urbanismo e Sustentabilidade 11 No Estado de São Paulo, esta ingerência foi reforçada com a aprovação, em 1967, da Lei Orgânica dos municípios, que condicionou o empréstimo, ou auxílio financeiro do Estado à existência de Plano Diretor, regularmente aprovado nos municípios (Lei Estadual 9.842 de 19/3/1967), ampliando a regra que vigorava desde 1957, restrita às Estâncias Hidrominerais. Nesse período, o processo de urbanização das cidades se intensificou em função do crescimento econômico e o Governo buscou, por meio dos Planos Diretores, equacionar em longo prazo os problemas das cidades. Dentro desse contexto histórico foi elaborado o segundo Plano Diretor de São José dos Campos, aprovado pela Lei 1.623 de 30 de novembro de 1971. A empresa SERETE S.A. Engenharia foi contratada em 1968 pela Prefeitura Municipal para executar e coordenar os trabalhos quanto aos aspectos socioeconômicos, de infraestrutura e institucionais e a empresa Jorge Wilheim Arquitetos Associados foi responsável pelos aspectos urbanísticos do Plano Diretor. O Município, segundo a Sinopse Demográfica do Vale do Paraíba do Sul, contava, em 1968, com uma população de 109.578 habitantes. Nessa década, continuava o processo de instalação de grandes indústrias, a exemplo da Alpargatas (1960), Matarazzo e Amplimatic (1964), Avibrás (1965), Embraer (1969) e a National e Bundy Tubing (1970). O destaque desse período foi a implantação do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE) no ano de 1961. Naquele momento, a cidade começava a avançar para a região ao Sul da Rodovia Presidente Dutra (Kanebo, Parque Industrial, Satélite Industrial, Jardim da Granja e Jardim Motorama). Verificou-se que havia um grande adensamento na região Leste, principalmente, nos bairros da Vila Industrial e Jardim Ismênia, devido a implantação de diversos conjuntos habitacionais, tais como: os conjuntos residenciais Tatetuba, Integração e Planalto. A implantação de equipamentos públicos e as melhorias nestes loteamentos ocorreram através do projeto CURA, financiado pelo BNH, promovendo uma radical transformação na região, em termos de infraestrutura básica e de equipamentos para educação, saúde e lazer. A população estimada pelo Plano Diretor para o ano de 1972 era de cerca de 140 mil habitantes; este número, porém foi ultrapassado, e São José dos Campos atingiu mais de 170 mil habitantes nesse ano. Leitura técnica do Município para revisão do Plano Diretor Secretaria de Urbanismo e Sustentabilidade 12 Enquanto o novo direcionamento da cidade ocorria no sentido da região da Vila Industrial e Vista Verde, em 1974, por determinação do governofederal, instalou-se na região Leste a refinaria da Petrobrás, denominada Henrique Lage - REVAP, ocupando uma área aproximada de oito milhões de metros quadrados sobre uma extensa área anteriormente ocupada por loteamentos que foram desapropriados. O Plano Diretor teve como premissa não incentivar a expansão horizontal, à exceção dos vazios urbanos entre as áreas já urbanizadas e o adensamento das áreas dotadas de infraestrutura urbana. As diretrizes urbanísticas propostas por este plano, em relação ao uso e ocupação do solo, indicavam que a diminuição dos custos de infraestrutura se daria na medida em que se concentrasse a densidade. O Plano Diretor demonstrou uma nítida preocupação com o aspecto paisagístico da cidade, buscando promover sua integração física e social por meio de propostas para implantação de diversos parques por todo o seu território. Neste sentido, elaborou-se um minucioso planejamento, considerando as diversas escalas urbanas para sua implantação, desde os parques regionais e os de bairros até os parques de vizinhanças, formando um sistema de áreas verdes. Com o objetivo de hierarquizar o sistema viário, foi elaborado um projeto de reestruturação viária, atuando como espinha dorsal do Plano Diretor, destinado a dar unidade e organicidade ao todo urbano, conduzindo e induzindo a ocupação do solo. O plano da SERETE destacava ainda a necessidade de consolidar o Município como polo econômico da Região do Vale do Paraíba. Ao final dos anos de 1970, o Município já era considerado o maior do polo, com 21,4% de sua população. A taxa de urbanização era de 96% e a cidade abrigava 485 estabelecimentos industriais, empregando 47% da População Economicamente Ativa (PEA). Ao final da década de 1980, este número eleva-se para 638 estabelecimentos. Todo o planejamento foi pensado e executado para o desenvolvimento econômico, a industrialização e a modernização. Leitura técnica do Município para revisão do Plano Diretor Secretaria de Urbanismo e Sustentabilidade 13 3º PDDI - O Plano da Cidadania Com a promulgação da Constituição Federal em 1988, o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão da Cidade passou a ser o Plano Diretor, obrigatório para municípios com mais de 20.000 habitantes. A Constituição do Estado de São Paulo, em seu Artigo 181, entretanto, ampliou esta obrigatoriedade para todos os municípios. A Lei Orgânica do Município de São José dos Campos passou a vigorar em 05 de abril de 1990. Em seu Artigo 110 dispõe que o Poder Público Municipal organizará sua administração e exercerá suas atividades dentro de um processo de planejamento permanente, atendendo às peculiaridades locais, aos princípios técnicos convenientes ao desenvolvimento da comunidade e aos objetivos e diretrizes estabelecidos no Plano Diretor. Dispõe ainda, em seu Artigo 112, que o Município elaborará seu Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado - PDDI, levando em consideração os aspectos físicos, econômicos, sociais e administrativos, devendo observar o diagnóstico ambiental, que estabelecerá os parâmetros para a execução do zoneamento. Dentro deste contexto, tem início, a partir do segundo semestre de 1988, o terceiro Plano Diretor de São José dos Campos, conduzido sob a coordenação da Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente, e assessoria da UNESP de Rio Claro, que seria aprovado em 09 de Junho de 1995 através da Lei Complementar 121/95. Com relação às diretrizes do desenvolvimento Físico-Territorial, o PDDI de São José dos Campos foi elaborado a partir dos dados do Projeto denominado Macrozoneamento da Região do Vale do Paraíba e Litoral Norte do Estado de São Paulo (MAVALE), realizado pelo INPE a pedido do Consórcio para o Desenvolvimento Integrado do Vale do Paraíba (CODIVAP) em 1992. Esse trabalho teve como objetivo dar suporte à formulação de diretrizes para ordenamento territorial da região a partir do diagnóstico ambiental do meio físico e socioeconômico. Com base neste trabalho, o Plano Diretor de São José dos Campos aprofundou o conhecimento a nível local dos aspectos fisicogeográficos, sociais e econômicos, definindo as potencialidades e limitações para o seu desenvolvimento, culminando na elaboração da Carta de Unidades Territoriais. A partir desta Carta foi definido o novo perímetro urbano e de expansão urbana e rural do Município, bem como, as áreas que deveriam ser especialmente protegidas e que foram transformadas em quatro Áreas de Proteção Ambiental (APA), gerando a Carta denominada “Macrozoneamento”. O PDDI apontou o vetor de crescimento urbano para a região Leste em função das condições físicas favoráveis dessa região e a proximidade com a Rodovia Carvalho Pinto. Leitura técnica do Município para revisão do Plano Diretor Secretaria de Urbanismo e Sustentabilidade 14 O perímetro de expansão urbana foi estendido na face sul do Município até a Rodovia Carvalho Pinto, e em sua face norte até o limite definido na Carta de Unidades Territoriais com potencial para ocupação urbana. Ressalta-se que na redefinição dos perímetros foram incorporados ao perímetro de expansão urbana cerca de 80 loteamentos clandestinos ou irregulares que estavam situados na Zona Rural do Município, em áreas passíveis de ocupação urbana pela condição geomorfológica dos terrenos e glebas vazias, com o objetivo de aproximar a infraestrutura urbana desses loteamentos e propiciar uma futura regularização fundiária e urbanística dos mesmos. O perímetro de expansão urbana foi estendido nas faces sul, sudeste e leste do Município até a Rodovia Carvalho Pinto; e em sua face norte, abrangeu parte dos terrenos da Bacia Hidrográfica do Rio Buquira, até os limites definidos na Carta de Unidades Territoriais, documento integrante do PDDI-95. O Plano Diretor de 1995 traçou como uma de suas diretrizes a implementação de uma política habitacional que possibilitasse o acesso da população de baixa renda à cidade, associada a uma política de desenvolvimento urbano abrangente que trabalhasse com a cidade real e não apenas a cidade legal. O PDDI de 1995 propôs as seguintes diretrizes para a área habitacional: a) Elaboração e implantação de plano de regularização urbanística e fundiária em favelas, loteamentos clandestinos e irregulares; b) Criação de banco de terras destinado à habitação popular; c) Implantação de plano de gerenciamento e recuperação de áreas de risco; d) Reformulação da lei de parcelamento e uso do solo e do código de obras, adequando-os à realidade local; e) Elaboração de lei específica sobre habitação de interesse social; f) Implantação de sistemas de financiamento baseados em critérios sociais compatíveis com a realidade da população beneficiada e g) Criação das Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS). Durante o período de vigência do PDDI-95 (1995 a 2005) foi promulgada a Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo do Município (LC 165/97) que definiu os parâmetros de uso e ocupação do solo para a expansão urbana na região norte, tendo sido admitido o parcelamento para fins de chácaras de recreio, e foram definidas as demarcações das ZEIS. Por ocasião dos estudos técnicos para revisão do PDDI-95 concluiu-se que não houve uma maior utilização desses terrenos pelo mercado imobiliário para implantação de loteamentos de chácaras de recreio. As características topográficas, as dificuldades de acessibilidade e as restrições da legislação ambiental vigentes à época em que incidiam sobre a região norte, contribuíram para essa realidade. Entre 1997 e 2006 foram aprovados dois loteamentos de chácaras de recreio, Residencial Espelho D’ Leitura técnica do Município para revisãodo Plano Diretor Secretaria de Urbanismo e Sustentabilidade 15 Água e Residencial Colinas do Parayba, ao longo da Estrada Municipal Pedro Moacir de Almeida (SJC-050) na Vargem Grande. Quanto aos aspectos relativos ao desenvolvimento econômico, o PDDI-95 observou que o desenvolvimento urbano a partir da década de 50 foi pautado por maciços investimentos externos, oriundos dos governos Federal e Estadual, sempre centrado na grande indústria. Isto fez com que o Município não desenvolvesse uma política autônoma. Face à crise que o Município atravessava, buscou-se redirecionar a economia para as pequenas e médias empresas. Neste sentido, propôs a criação de Distritos Empresariais para abrigar micro e pequenas empresas nos setores industrial, comercial e de serviços; distritos estes que poderiam ser executados pelo Poder Público, pela iniciativa privada ou em parceria. O plano tinha ainda como diretriz a construção de novas vias estruturais, o que resultou na Carta denominada Macroestrutura Viária, que propôs a criação de anéis perimetrais periféricos, que permitiriam assegurar a médio e longo prazo a acessibilidade e integração de todas as regiões da Cidade. Propôs-se também a criação das Unidades de Planejamento - UPs para que o planejamento do Município pudesse ser sistematizado e referenciado a partir dessas unidades. Quanto aos instrumentos de Política Urbana estavam previstos: Operação Urbana, Operação Interligada, Urbanização Consorciada, Imposto Progressivo no Tempo e Parcelamento ou Edificação Compulsória. Foram ainda demarcadas as Zonas Especiais de Interesse Social – ZEIS. Estes instrumentos, inovadores para a época, foram definidos conceitualmente no PDDI, porém, sua regulamentação ficou prevista para uma fase posterior, após a regulamentação do Estatuto da Cidade. Para a implementação e gerenciamento do PDDI foram propostas a criação do Instituto de Planejamento Urbano, com uma estrutura mais ágil e flexível voltada à pesquisa e ao apoio das decisões, visando o desenvolvimento da urbanização com “qualidade”, e a criação do Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano – CMDU, com a finalidade de garantir a participação da comunidade na consecução dos objetivos estabelecidos no Plano Diretor. Observa-se que, durante o período em que vigorou o PDDI de 1995, foi aprovada uma lei de zoneamento, a LC 165/97, que ao longo dos anos foi submetida a uma série de alterações até a sua substituição pela LC 428/10. Como foi dito, os instrumentos de gestão urbanística só puderam ser regulamentados após a promulgação da Lei Federal n° 10.257/01, denominada Estatuto da Leitura técnica do Município para revisão do Plano Diretor Secretaria de Urbanismo e Sustentabilidade 16 Cidade. Assim, a regulamentação de alguns instrumentos urbanísticos propostos acabou sendo feita no Plano Diretor posterior. Durante a vigência do PDDI-1995 o Município fez a adequação da estrutura administrativa para o melhor desenvolvimento das políticas públicas, tendo criado ao longo desse período a Secretaria de Desenvolvimento Econômico Ciência e Tecnologia (SDE) e a Secretaria Especial de Defesa do Cidadão (SEDEC). Foram ainda reestruturadas as áreas de Planejamento Territorial, Meio Ambiente, Obras e Habitação, resultando em quatro secretarias: Secretaria de Planejamento Urbano, Secretaria de Meio Ambiente, Secretaria de Obras e Secretaria de Habitação. 4º PDDI - O Plano Diretor vigente O Quarto Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado – PDDI, desenvolvido sob a coordenação da Secretaria de Planejamento Urbano, foi aprovado em 17 de novembro de 2006 através da Lei Complementar n° 306/06. Com relação ao Macrozoneamento Territorial do Município, conforme relatado anteriormente, o fato de ter havido pouca utilização das glebas em chácaras de recreio pelo mercado imobiliário para implantação de loteamentos, durante o período de vigência do PDDI-95, além das dificuldades de acessibilidade e as restrições da legislação ambiental vigente à época, que incidiam sobre a região Norte, aliadas à regulamentação da Resolução CONAMA Nº 303, de 20 de março de 2002, que dispunha sobre parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente, em especial de “topo de morro” e determinava severas restrições ambientais a utilização desses terrenos, foram fatores que contribuiram para a readequação no perímetro urbano por ocasião da revisão do Plano Diretor do Município. Desta forma, o PDDI-2006 alterou o Macrozoneamento Territorial, retraindo o perímetro urbano na região Norte e determinando uma nova configuração da zona urbana. O perímetro da zona urbana ao norte viria a sofrer uma nova retificação – uma segunda retração - pela Lei Complementar 428/10, a Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo do Munícipio, instituída em 09 de agosto de 2010, que revogou a LC 165/97. Amparado pelo Plano Diretor em vigor, a Lei Complementar 428/10 instituiu o Mapa 06 – ZEIS que contempla uma relação de núcleos populacionais situados na zona rural passíveis de serem regularizados por meio da criação de bolsões urbanos, dentre os Leitura técnica do Município para revisão do Plano Diretor Secretaria de Urbanismo e Sustentabilidade 17 quais constam os loteamentos irregulares e ou clandestinos situados na área da retração perimétrica. Quanto às Áreas de Proteção Ambiental I, II, III, IV, as chamadas APAs de São Francisco Xavier, da Bacia Hidrográfica do Rio do Peixe, da Serra de Jambeiro e da Planície Aluvial dos Rios Paraíba do Sul e Jaguari foram mantidas integralmente. No PDDI de 2006 foi instituído o Plano de Estruturação Urbana - PEU, que teve como objetivo ordenar o desenvolvimento físico-territorial da cidade, estabelecendo um conjunto de diretrizes e projetos relativos às áreas de meio ambiente, transporte público, saneamento ambiental, estruturação viária, macrodrenagem urbana, sistema de áreas verdes e de lazer e o ordenamento do parcelamento, uso e ocupação do solo, incluindo os aspectos relativos aos instrumentos de política urbana. Devemos destacar, dentro do Plano de Estruturação Urbana, o estabelecimento de um sistema de macrodrenagem do Município que teve como objetivo garantir a permeabilidade do solo, a proteção dos fundos de vale dos córregos urbanos e um melhor controle do escoamento das águas pluviais. Nesse sentido, foi estabelecido, no Artigo 66, a Zona de Domínio de Curso D’água (ZDCA), as Áreas de Controle à Impermeabilização, e os Pontos de Retenção (piscinões), locais esses que poderiam estar associados ao sistema de lazer do Município. Desta forma, foram delimitadas, nos vazios urbanos, as áreas ainda passíveis de ocupação, as áreas de produção de água para recarga de aquíferos e as áreas de cabeceiras de drenagem que geram maior volume de contribuição para os córregos e proporcionam um maior comprometimento da infraestrutura existente. Foi ainda estabelecido que estas áreas deveriam receber parâmetros diferenciados de ocupação adequados às suas características geomorfológicas. Outro fator relevante apresentado pelo Plano de Estruturação Urbana no Artigo 68 foi a definição de um conjunto de áreas destinadas à implantação de Parques Urbanos (Mapa 07 da LC 306/06). No período de vigência do atual PDDI de 2006 foram implantados o Parque Vicentina Aranha, inaugurado em 27 de julho de 2007, o Parque Linear Senhorinha, ao longo do Córrego Senhorinha, que teve a sua primeira fase implantada em 2007 e o Parque Alambari, implantado na região Leste em 2008. O Parque Boa Vista, referência em esportes radicais na região Norte, e o Parque Ribeirão Vermelho, dotado de quadras poliesportivase de tênis, pista de skate, playground, pista de caminhada, ciclovias e bosque com mata nativa, na região Oeste (Urbanova) encontram-se atualmente em fase de implantação. Leitura técnica do Município para revisão do Plano Diretor Secretaria de Urbanismo e Sustentabilidade 18 O artigo 69 do PDDI de 2006 estabelece as seguintes diretrizes da política de uso e ocupação do solo: otimizar a infraestrutura existente, respeitando a topografia e a capacidade de suporte natural do solo, de forma a promover a renovação urbana de setores com infraestrutura subutilizada; disciplinar o adensamento nas áreas de infraestrutura deficitária e de maior concentração populacional com menor poder aquisitivo e altas taxas de desemprego; estabelecer parâmetros especiais de uso e ocupação do solo visando à proteção dos recursos naturais, em especial das áreas de recarga de aquíferos; proteger as orlas e contornos das várzeas e fundos de vale, objetivando a manutenção da paisagem natural; estabelecer parâmetros de ocupação para o parcelamento do solo, adequados às variações topográficas da cidade; garantir a utilização de parâmetros de uso e ocupação adequados à hierarquia viária do Município; promover a distribuição espacial das atividades urbanas de forma a evitar os conflitos de usos; promover a integração de usos, com a diversificação de atividades compatíveis, de modo a reduzir os deslocamentos da população e incentivar a distribuição da oferta de emprego e trabalho na cidade; promover uma maior diversificação de usos comerciais e de serviços nas áreas com população de menor poder aquisitivo e altas taxas de desemprego; e estimular a implantação de habitações e atividades econômicas de lazer e diversão no centro urbano, objetivando sua requalificação. No artigo 71 está prevista a adoção dos seguintes instrumentos de política urbana no Município, com base no Estatuto da Cidade: a Outorga Onerosa do Direito de Construir; a Transferência do Direito de Construir; o Direito de Preempção; as Zonas Especiais de Interesse Social – ZEIS; a Concessão de Incentivo para Implantação de Habitação de Interesse Social; as Operações Urbanas Consorciadas; o Estudo de Impacto de Vizinhança – EIV e o Fundo Municipal de Desenvolvimento Urbano. Os instrumentos Direito de Preempção, Operações Urbanas Consorciadas, Estudo de Impacto de Vizinhança – EIV e as Zonas Especiais de Interesse Social – ZEIS foram parcialmente regulamentados, posteriormente, através da LC 428, de 09 de agosto de 2010 no seu Capítulo VIII – Da aplicação dos instrumentos da política de desenvolvimento urbano. Já está vencido, no entanto, o prazo de vigência (cinco anos no máximo) do instrumento Direito de Preempção, conforme estabelecido no parágrafo primeiro do Artigo 25 do Estatuto da Cidade. A última legislação de Parcelamento e Uso e Ocupação do Solo foi aprovada em 09 de agosto de 2010, por meio da Lei Complementar 428/10 e encontra-se vigente. Ressalta- se, entretanto, que esta lei passou por alterações através das leis complementares: LC 474/12, LC 478/12, LC 479/12, LC 498/13, LC 518/13 e LC 520/13. Além disso, a LC Leitura técnica do Município para revisão do Plano Diretor Secretaria de Urbanismo e Sustentabilidade 19 428/10 sofreu, no início de 2014, uma Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADIN, de número 0244366-29.2012.8.26.0000, proposta pelo Procurador Geral de Justiça do Estado de São Paulo, com decisão favorável do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Alguns artigos da LC 428/10 e o mapa que definia as zonas de usos de algumas localidades foram declarados inconstitucionais, deixando sem parâmetros essas áreas. A Lei Complementar 593 de 23 de junho de 2017 veio corrigir o vazio legislativo. No campo da estrutura administrativa da Prefeitura, uma grande transformação foi promovida no início de 2017 com o advento da Lei Complementar 9.495. Com o propósito de “modernizar e simplificar as atividades e rotinas da Prefeitura, desburocratizar a tramitação dos procedimentos administrativos e, principalmente, adequar a estrutura à realidade financeira do Município”2, a nova organização reduziu para treze o número de secretarias. É importante destacar ainda que, no período posterior à edição do Plano Diretor de 2006, vários planos setoriais foram desenvolvidos para orientação das políticas públicas municipais (Quadro 1). 2 2 Mensagem 44/ATL/2017 à Câmara para o Projeto de Lei que altera a Lei 3.939 de 21de março de 1991 que “Dispõe sobre a Estrutura Administrativa da Prefeitura Municipal de São José dos Campos”. Leitura técnica do Município para revisão do Plano Diretor Secretaria de Urbanismo e Sustentabilidade 20 Quadro 1 - Planos setoriais elaborados no período 2006-2016 Leitura técnica do Município para revisão do Plano Diretor Secretaria de Urbanismo e Sustentabilidade 21 2. ASPECTOS DEMOGRÁFICOS 2.1. Crescimento populacional do Município O Município de São José dos Campos atingiu a população de 629.921 habitantes em 2010, segundo o Censo Demográfico realizado pelo IBGE naquele ano. No espaço de uma década – entre 2000 e 2010 – a cidade viveu um incremento populacional de cerca de noventa mil pessoas, crescendo a uma taxa anual de 1,57%.3 Esta taxa bem reduzida, se comparada àquelas experimentadas entre os anos 60 e 80, que se aproximavam dos 7%, segue a tendência geral do país de diminuição do ritmo de crescimento populacional. Porém, observando as taxas registradas pelo país, pela Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte (RMVPLN) e pelo Estado de São Paulo, verificamos para São José dos Campos uma taxa ainda ligeiramente superior. Figura 1 - Taxa de crescimento intercensitário 1960-2010 Fonte: IBGE e estimativas Secretaria de Planejamento Urbano - PMSJC e IPPLAN 3 A população municipal estimada pelo IBGE para o ano de 2016 é de 695.992. Leitura técnica do Município para revisão do Plano Diretor Secretaria de Urbanismo e Sustentabilidade 22 Tabela 1 - População e crescimento populacional entre 2000 e 2010 População Taxa Geométrica Crescimento no Período 2000 2010 % % Brasil 169.799.170 190.732.694 1,17 12,3 São Paulo 37.032.403 41.262.199 1,09 11,4 RMVPLN 1.992.110 2.262.723 1,28 13,6 São José dos Campos 539.313 629.921 1,57 16,8 Fonte: IBGE e estimativas Secretaria de Planejamento Urbano - PMSJC No âmbito da Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte, o crescimento registrado por São José foi mediano: menor se comparado, por exemplo, ao crescimento populacional dos municípios que integram a sub-região do Litoral Norte, porém maior do que o observado nas cidades do Vale Histórico. Leitura técnica do Município para revisão do Plano Diretor Secretaria de Urbanismo e Sustentabilidade 23 Tabela 2 - Cidades da Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte: população e crescimento populacional entre 2000 e 2010 Fonte: IBGE e estimativas Secretaria de Planejamento Urbano - PMSJC Taxa geométrica de crescimento anual 2000 - 2010 2000 2010 % 01. Aparecida 34.904 35.007 0,03 02. Arapeí 2.618 2.493 -0,49 03. Areias 3.600 3.696 0,26 04. Bananal 9.713 10.223 0,51 05. Caçapava 76.130 84.752 1,08 06. Cachoeira Paulista 27.205 30.091 1,01 07. Campos do Jordão 44.252 47.789 0,77 08. Canas 3.614 4.385 1,95 09. Caraguatatuba 78.921 100.840 2,48 10. Cruzeiro 73.492 77.039 0,47 11. Cunha 23.090 21.866 -0,5412. Guaratinguetá 104.219 112.072 0,73 13. Igaratá 8.292 8.831 0,63 14. Ilhabela 20.836 28.196 3,07 15. Jacareí 191.291 211.214 1 16. Jambeiro 3.992 5.349 2,97 17. Lagoinha 4.957 4.841 -0,24 18. Lavrinhas 6.008 6.590 0,93 19. Lorena 77.990 82.537 0,57 20. Monteiro Lobato 3.615 4.120 1,32 21. Natividade da Serra 6.952 6.678 -0,4 22. Paraibuna 17.009 17.388 0,22 23. Pindamonhagaba 126.026 146.995 1,55 24. Piquete 15.200 14.107 -0,74 25. Potim 13.605 19.397 3,61 26. Queluz 9.112 11.309 2,18 27. Redenção da Serra 4.047 3.873 -0,44 28. Roseira 8.577 9.599 1,13 29. Santa Branca 13.010 13.763 0,56 30. Santo Antonio do Pinhal 6.328 6.486 0,25 31. São Bento do Sapucaí 10.355 10.468 0,11 32. São José do Barreiro 4.143 4.077 -0,16 33. São José dos Campos 539.313 629.921 1,57 34. São Luís do Paraitinga 10.429 10.397 -0,03 35. São Sebastião 58.038 73.942 2,45 36. Silveiras 5.378 5.792 0,74 37. Taubaté 244.165 278.686 1,33 38. Tremembé 34.823 40.984 1,64 39. Ubatuba 66.861 78.801 1,66 Total 1.992.110 2.262.723 1,28 MUNICÍPIOS População Leitura técnica do Município para revisão do Plano Diretor Secretaria de Urbanismo e Sustentabilidade 24 2.2. Migração O Censo de 2010 indicou que 45% da população residente em São José dos Campos – cerca de 285 mil pessoas – é composta por moradores não naturais do Município. O levantamento censitário apontou ainda que cerca de 93 mil pessoas estão há menos de dez anos no Município, sendo que 10% delas têm menos de um ano de residência; dado que revela a permanência da atratividade migratória da cidade nos anos mais recentes. Embora mantenha um saldo migratório anual positivo (diferença entre os que vêm residir na cidade e os que saem daqui), a maior parte do crescimento populacional recente de São José dos Campos é devido ao seu crescimento vegetativo (diferença entre nascimentos e óbitos). Esta é uma situação bem diferente de décadas passadas quando a participação dos componentes do crescimento – vegetativo e migratório – era bem equilibrada4. Com ligeira diminuição da participação da migração, o quadro permanece estável nas duas últimas décadas, como podemos verificar através da Tabela 3. Tabela 3 - São José dos Campos: participação relativa dos componentes do crescimento populacional Período 1991 - 2000 Período 2000 - 2010 Crescimento vegetativo Migração Crescimento vegetativo Migração 68,5% 31,5% 69,7% 30,3% Fonte: NEPO/UNICAMP - Emplasa Outro indicador que informa sobre o peso da migração na composição populacional é a taxa anual de migração, que consiste no quociente entre o saldo migratório do período e a população no meio do período, calculada por cada mil habitantes. No caso de São José dos Campos, em 2010, a cada mil residentes, entre quatro e cinco eram imigrantes. Ao contextualizarmos esse indicador para os municípios integrantes da RMVPLN constatamos a força da dinâmica migratória nas cidades litorâneas. Essas viveram um período de grande crescimento econômico e expansão urbana nas duas últimas décadas em consequência dos investimentos ligados à exploração 4 Em 1990, estima-se que o saldo migratório participasse com 49,9% do aumento populacional e o crescimento vegetativo com 50,1%. Leitura técnica do Município para revisão do Plano Diretor Secretaria de Urbanismo e Sustentabilidade 25 de petróleo e gás, expansão do porto de São Sebastião e incremento do turismo. Já entre os municípios que compõem a sub-região de São José dos Campos, à exceção de Jambeiro, as taxas anuais de migração são bem menores. Tabela 4 - Cidades da Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte: taxas anuais de migração em 2000 e 2010 Município Taxa anual de migração em 2000 (por 1.000 habitantes) Taxa anual de migração em 2010 (por 1.000 habitantes) São José dos Campos 7,11 4,79 Caraguatatuba 28,45 14,32 São Sebastião 41,28 10,4 Ilhabela 31,06 15,56 Ubatuba 20,04 4,31 Jambeiro 12,11 21,48 Caçapava 1,93 1,38 Igaratá 14,04 -4,15 Jacareí 3,28 0,09 Paraibuna 1,82 -5,43 Santa Branca 13,16 -2,36 Monteiro Lobato -2,58 6,55 Fonte: SEADE – Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados Quanto à origem dos não naturais do Município, verifica-se, a partir do Censo de 2010, que eles procediam principalmente do próprio Estado de São Paulo, de Minas Gerais, do Paraná e do Rio de Janeiro. Os estados da região Nordeste contribuíam com 18,18%, destacando-se as participações da Bahia e de Pernambuco. Leitura técnica do Município para revisão do Plano Diretor Secretaria de Urbanismo e Sustentabilidade 26 Tabela 5 - População não natural de São José dos Campos segundo local de origem Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2010 Lugar de nascimento População residente População residente (percentual) Região Norte 2019 0,71 Rondônia 306 0,11 Acre 83 0,03 Amazonas 361 0,1 Rora ima 45 0,01 Pará 1092 0,32 Amapá 18 0,01 Tocantins 115 0,04 Região Nordeste 51673 18,18 Maranhão 3274 1,15 Piauí 8407 2,96 Ceará 5017 1,76 Rio Grande do Norte 2613 0,92 Para íba 4956 1,74 Pernambuco 10626 3,74 Alagoas 3243 1,14 Sergipe 1272 0,45 Bahia 12265 4,31 Região Sul 21275 7,48 Paraná 17300 6,09 Santa Catarina 1503 0,53 Rio Grande do Sul 2472 0,87 Região Centro-oeste 3406 1,2 Mato Grosso do Sul 1179 0,41 Mato Grosso 570 0,2 Goiás 865 0,3 Distri to Federa l 792 0,28 Região Sudeste 197485 69,46 Minas Gera is 62049 21,83 Espíri to Santo 1351 0,48 Rio de Janeiro 13514 4,75 São Paulo (exceto SJC) 120570 42,41 País estrangeiro 3893 1,37 Não especificado 4549 1,6 Leitura técnica do Município para revisão do Plano Diretor Secretaria de Urbanismo e Sustentabilidade 27 2.3. População e crescimento populacional nas macrozonas e regiões Considerando-se a divisão em macrozonas estabelecida pela LC 428/10, a taxa de crescimento populacional na área rural – verificada principalmente na porção norte – foi superior ao da área urbana. O incremento populacional absoluto constatado no rural ao final da década foi, porém, inferior a três mil pessoas. Tabela 6 - População e crescimento populacional das macrozonas entre 2000 e 2010 Macrozona População Taxa geométrica de crescimento 2000 2010 % Urbana 527.076 614.746 1,55 Rural norte 11.242 14.172 2,34 Rural sul 995 1.003 0,08 Total rural 12.237 15.175 2,18 Fonte: IBGE e estimativas Secretaria de Planejamento Urbano - PMSJC e IPPLAN Crescimento populacional nos distritos, nas regiões urbanas e nos setores socioeconômicos5 O aumento populacional verificado no último período intercensitário, quando distribuído entre os distritos que compõem administrativamente o Município, aponta São Francisco Xavier como o distrito com a maior taxa de crescimento, sendo que, no Censo de 2010, cerca de 35% da população computada no distrito residia em seu perímetro urbano6. 5 Como já foi indicado, os setores socioeconômicos são agrupamentos de bairros que compõem uma divisão territorial da área urbana do município estabelecida pelo Plano Diretor (LC 306) e cujos limites foram redefinidos através da LC 428/10. 6 Considerando-se os limites definidos na LC 428/10. Leitura técnica do Município para revisão do Plano Diretor Secretaria de Urbanismo e Sustentabilidade 28 Tabela 7 - População e taxas de crescimento do Municípioe distritos Município e distritos População Taxa geométrica de crescimento geométrico 2000 - 2010 2000 2010 % São José dos Campos 539.313 629.921 1,57 São José dos Campos 468.325 542.404 1,48 Eugênio de Melo 68.121 83.665 2,08 São Francisco Xavier 2.867 3.852 3,00 Fonte: IBGE e estimativas Secretaria de Planejamento Urbano - PMSJC e IPPLAN Observando-se as unidades territoriais formadas pelas regiões urbanas, as taxas de crescimento registradas variam entre 0,20%, na região Centro e 4,99%, na região Oeste, como podemos constatar através do gráfico abaixo. Figura 2 - Taxa de crescimento geométrico das Regiões Urbanas entre 2000 e 2010 (%) Fonte: IBGE e estimativas Secretaria de Planejamento Urbano - PMSJC e IPPLAN A Figura 3 revela o peso populacional da região Sul e do Setor socioeconômico 1, no limite Norte do perímetro urbano. Aponta também os contrastes na ocupação da Leste e indica os setores de menor população, vários deles localizados em áreas de APA. Leitura técnica do Município para revisão do Plano Diretor Secretaria de Urbanismo e Sustentabilidade 29 Figura 3 - População por setores socioeconômicos Fonte: IBGE e Secretaria de Planejamento Urbano - PMSJC A Figura 4 apresenta as taxas de crescimento populacional registradas pelos setores socioeconômicos entre 2000 e 2010, destacando o crescimento experimentado nas áreas do Urbanova, do Aquárius, do Jaguari e do Serrote. Em algumas áreas ocorreram taxas negativas de crescimento populacional – como no Centro, no Jardim Paulista, na Vila Industrial e na Vila São Bento -, fato que pode estar relacionado, em alguns casos, a mudanças para usos não residenciais das edificações, e em outros a transformações nos arranjos familiares em função do envelhecimento populacional do setor. Em outras áreas, houve remoção de população, como no setor 2A (APA de Santana). Leitura técnica do Município para revisão do Plano Diretor Secretaria de Urbanismo e Sustentabilidade 30 Figura 4 - Taxa de crescimento demográfico por setores socioeconômicos Fonte: IBGE e Secretaria de Planejamento Urbano - PMSJC As principais características do crescimento populacional ocorrido nas regiões são destacadas a seguir. Região Centro No período 2000-2010, a região Centro apresentou a menor taxa de crescimento populacional dentre as regiões urbanas (0,20%), passando de uma população de 70.701 para 72.115 pessoas. A região Centro ocupa uma porção de 18,68km2 da área urbana e abrange quatro setores socioeconômicos– os setores 3 (Centro), 4 (Jardim Paulista), 20 (Vila Adyanna) e 26 (Jardim Esplanada) – sendo que apenas este último registrou um crescimento superior ao da média da cidade entre os dois últimos censos. Leitura técnica do Município para revisão do Plano Diretor Secretaria de Urbanismo e Sustentabilidade 31 Região Leste No período entre 2000 e 2010 a região Leste apresentou uma taxa de crescimento populacional (1,68%), ligeiramente acima da média da cidade. Em termos absolutos, este crescimento representou, no entanto, um importante acréscimo de população: mais 24.716 pessoas passaram a residir na região onde, no Censo de 2010, foram contabilizadas 160.990 pessoas. A região Leste ocupa 134,69 km2 da área urbana e é formada por nove setores socioeconômicos bastante heterogêneos sob o ponto de vista do comportamento de suas taxas de crescimento populacional. Dois setores – 5 (Vila Industrial) e 5A (APA Martins Guimarães) registraram crescimento negativo. No setor 8 (Vista Verde) praticamente não houve crescimento. Nos demais setores, 6 (Eugênio de Melo), 6A (APA Eugênio de Melo), 7 (Pararangaba/Campos de São José), 27 (Novo Horizonte) e 30 (Capão Grosso) ocorreu crescimento populacional ligeiramente acima da média municipal. O destaque, porém, ficou para o setor 31 (Serrote), localização dos bairros regulares Jardim Helena e Jardim Mariana II e dos clandestinos Santa Secília I e II, onde a taxa de crescimento foi de 10,27%, a população passou de 1.619 para 4.303 pessoas e o número de domicílios praticamente triplicou. Região Sudeste No período entre 2000 e 2010 a região Sudeste apresentou uma taxa de crescimento populacional (1,67%), ligeiramente acima da média da cidade. Em termos absolutos este crescimento representou um acréscimo de 7.008 pessoas. No Censo de 2010, foram contabilizadas 45.800 pessoas residindo na região. O número de domicílios ocupados passou de 9.586 para 12.680 entre os dois últimos censos. A região Sudeste ocupa 35,66 km2 da área urbana e é formada por 3 setores socioeconômicos: 9 (Jardim da Granja), 10 (CTA) e 29 (Putim), sendo que este último concentrou o crescimento populacional ocorrido, que foi expressivo principalmente na área dos loteamentos Jardim Santa Luzia, Jardim Santa Rosa e Jardim Santa Júlia. Região Sul No período entre 2000 e 2010 a região Sul apresentou uma taxa de crescimento (1,56%) semelhante à média da cidade. Em termos absolutos, este crescimento Leitura técnica do Município para revisão do Plano Diretor Secretaria de Urbanismo e Sustentabilidade 32 representou, entretanto, a incorporação de um importante contingente populacional: mais 33.511 pessoas passaram a residir na região onde, no Censo de 2010, foram contabilizadas 233.536 pessoas. Se fosse um Município, a região sul seria o terceiro Município da região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte, atrás apenas de São José dos Campos e de Taubaté em tamanho de população. A região Sul ocupa 56,51 km2 da área urbana e é formada por sete setores socioeconômicos. Apenas um deles, o setor 28 (Vila São Bento) não apresentou taxa positiva de crescimento. Os setores 11 (Torrão de Ouro), 12 (Campo dos Alemães) e 15 (Jardim Oriente/ Morumbi) foram os que mais cresceram. Os demais setores, 13 (Bosque dos Eucaliptos) 14 (Jardim Satélite) e 16 (Parque Industrial), não apresentaram taxas elevadas de crescimento, mas como são setores de grande população, mesmo as taxas reduzidas significaram acréscimos populacionais importantes. Região Oeste A região Oeste foi a área da cidade que registrou a maior taxa de crescimento populacional(4,99%) no período entre 2000 e 2010. O número de domicílios ocupados quase dobrou, e mais de 15.000 pessoas passaram a residir na região, onde, no último Censo, foram contadas 41.163 pessoas. A região Oeste ocupa 44,01 km2 da área urbana e é formada por quatro setores socioeconômicos. O importante crescimento populacional ocorrido nesta região concentrou-se nos setores 18 (Urbanova) e 19 (Jardim Aquárius), uma vez que o no setor 17 (Jardim das Indústrias) foi registrada uma taxa positiva, porém abaixo da média da cidade, e no setor 17 A (APA Limoeiro) ocorreu diminuição populacional. Região Norte No período entre 2000 e 2010 a região Norte apresentou uma taxa de crescimento de 0,81%, inferior, portanto, à média da cidade. Em termos absolutos, este crescimento representou a incorporação de 4.643 habitantes na região onde, no Censo de 2010, foi registrada uma população de 59.800 pessoas. A região Norte ocupa 63,73 km2 da área urbana e é formada por sete setores socioeconômicos. As áreas mais consolidadas da região – os setores 1 (Alto da Ponte) e 2 (Santana) - assinalaram baixas taxas de crescimento. Os espaços em expansão localizaram-se nos setores 1A (APA Jaguari) e 25 (Vargem Grande), enquanto que os Leitura técnica do Município para revisão do Plano Diretor Secretaria de Urbanismo e Sustentabilidade 33 demais setores – 2A (APA Santana,25 A (APA Vargem Grande) e 32 (Buquirinha) indicaram diminuições populacionais. Ainda na região Norte, o setor socioeconômico 21, que corresponde à área urbana do distrito de São Francisco Xavier, exibiu forte crescimento populacional e praticamente dobrou o número de domicílios ocupados. 2.4. Densidade populacional Com uma densidade média de 57,3 habitantes por hectare, a população joseense se distribui de forma bastante irregular pelo território. O eixo centro-sul concentra um número maior de áreas de ocupação contínua com as densidades mais elevadas, como podemos visualizar através da Figura 5. Figura 5 - Densidades em São José dos Campos Fonte: IBGE e Secretaria de Planejamento Urbano - PMSJC A região Leste, a segunda em tamanho populacional, embora conte com áreas muito densas margeando a Dutra – as maiores densidades localizam-se justamente ali, Leitura técnica do Município para revisão do Plano Diretor Secretaria de Urbanismo e Sustentabilidade 34 nos conjuntos habitacionais da Vila Industrial –, também apresenta vazios e os espaços com as mais baixas densidades nos limites com Caçapava. Na região Sudeste, as maiores concentrações populacionais estão situadas no setor do Conjunto Habitacional da Polícia Militar, no Jardim São Judas Tadeu e no Conjunto Habitacional São Judas, assim como no Jardim Uirá. Contudo, também integram a região áreas pouco adensadas próximas à Rodovia Carvalho Pinto. As maiores densidades da região Norte localizam-se nas vilas Dirce, Rossi e Zizinha. Já as áreas da Vargem Grande e de Jaguariúna são bastante rarefeitas quanto à ocupação. A região Oeste se caracteriza pelas baixas densidades de suas áreas onde há predominância de ocupação horizontal, como é o caso da Urbanova. A Tabela 8 indica as densidades dos subsetores socioeconômicos – a menor unidade de agrupamento dos setores censitários e a que mais se aproxima do nível dos bairros e loteamentos. Através dela, podemos verificar que os maiores adensamentos localizam-se em conjuntos habitacionais e bairros de menor renda. Deve-se destacar, no entanto, que o subsetor correspondente ao Parque Residencial Aquarius não aparece entre os mais adensados em função dos seus loteamentos fechados horizontais. Considerada apenas a área verticalizada, o loteamento apresenta a densidade de 194,26 habitantes por hectare, a quinta maior densidade populacional registrada e a maior em bairros de alta renda. Leitura técnica do Município para revisão do Plano Diretor Secretaria de Urbanismo e Sustentabilidade 35 Tabela 8 - Maiores densidades populacionais (habitantes por hectare) nos subsetores socioeconômicos (bairros) Fonte: IBGE e Secretaria de Planejamento Urbano - PMSJC e IPPLAN 2.5. Estrutura etária e diferenciais intraurbanos O declínio nos níveis de mortalidade e fecundidade são mudanças que tiveram importante impacto sobre a distribuição por idade da população brasileira nas últimas décadas e São José dos Campos não foge à regra. Em consequência, se no passado a estrutura etária apresentava a forma de uma pirâmide clássica – cuja base extensa indicava o predomínio das faixas mais jovens, e o ápice estreito, com pequena participação da população idosa –, hoje, com o progressivo envelhecimento populacional que a exemplo do país o Município experimenta, estamos nos aproximando de uma inversão da figura piramidal. Subsetor Região Bairros Densidade 5.11 Leste Conj. Integração 436,6 5.8 Leste Conj. Hab. Intervale 293,8 13.5 Sul Conj. Res . Primavera 208,3 5.7 Leste Conj. Res . Parque das Américas 201 29.7 Sudeste Conj. Hab. Pol ícia Mi l i tar 187,1 1.8 Norte Vi la Dirce 185,5 20.7 Centro Vi la Icara í; Vi la Jaci 182,9 12.4 Sul Conj. Hab. Elmano F. Veloso 168 3A.3 Centro Favela Vi la Nova Esperança 162,8 2.8 Norte Fav.Vi la Rhodia 158 2.7 Norte Vi la Ross i . Vi la Zizinha 147,8 6.3 Leste Jardim Itapuã 139,9 12.7 Sul Jardim Cruzeiro do Sul 136 12.3 Sul Conj. Hab. Dom Pedro I 133,5 12.1 Sul Campo dos Alemães; Parque dos Ipês ; Res . Al tos do Bosque 128,5 5.5 Leste Jardim Valpara íba 127 15.8 Sul Cidade Morumbi; Conj. Res . Morumbi 119,2 20.1 Centro Vi la Nove de Julho; Vi la Igualdade; Vi la Higienópol is ; Vi la Paulo Setubal 118,2 29.6 Sudeste Jardim São Judas Tadeu; Conjunto São Judas Tadeu 117,2 13.4 Sul Jardim Del Rey; Jardim Portugal 111,5 4.4 Centro Vi la São Pedro 110,4 15.5 Sul Jardim do Céu; Jardim Rosário 109,6 15.4 Sul Jardim Oriental 108,6 9.3 Sudeste Jardim Uirá 108,4 5.3 Leste Jardim Ismênia; Jardim Maracanã; Jardim Ol ímpia 105 1.6 Norte Vi la Santarém. Vi la Sinhá. Jardim Guimarães . Vi la Lei la . Vi la Monte Alegre. Vi la Lei la II(088) 103,6 12.2 Sul Conj. Hab. Dom Pedro II; Conj. Res . Papa João Paulo II 103,1 Leitura técnica do Município para revisão do Plano Diretor Secretaria de Urbanismo e Sustentabilidade 36 . Figura 6 - Pirâmides etárias de São José dos Campos: 2000 – 2010 Fonte: IBGE e Secretaria de Planejamento Urbano - PMSJC Como efeito do processo de envelhecimento populacional, uma “agenda demográfica” nova irá se impor sobre a oferta de serviços públicos: “haverá forte demanda de serviços ao idoso, acompanhada de menor pressão para as demandas relacionadas à infância e à adolescência, o que mudará o foco das políticas de saúde, educação e seguridade social. Assim, com o atual porcentual de recursos voltados à educação, torna-se mais próxima da realidade a atenção escolar em período integral e de melhor qualidade para crianças e adolescentes. Paralelamente, iniciativas voltadas à população com mais de 60 anos serão cada vez mais importantes no âmbito das políticas públicas”7. Internamente ao Município, no entanto, perfis etários mais ou menos envelhecidos se distribuem pelas regiões da cidade compondo variações espaciais muitas vezes bem acentuadas. As faixas etárias indicadas nas pirâmides podem ser agrupadas em segmentos maiores, compondo grupos de idade que podem ser focos de políticas públicas específicas: as crianças, os jovens, os adultos e os idosos. 7 SEADE, A agenda demográfica e de políticas públicas do estado de São Paulo. Leitura técnica do Município para revisão do Plano Diretor Secretaria de Urbanismo e Sustentabilidade 37 Tabela 9 - Participação relativa dos grupos etários segundo as regiões Fonte: IBGE - Censo de 2010 Enquanto os maiores percentuais de crianças estão localizados na região Sudeste e na região de São Francisco Xavier8, a região Centro se destaca pela elevada participação percentual da população idosa e a presença de um segmento maior de população adulta é marcante na região Oeste. Já a faixa etária correspondente à população jovem aparece em proporção maior nas regiões Leste e Sul. Não se deve perder de vista, no entanto, que as regiões de grande população, como a Sul e a Leste, acabam reunindo os maiores volumes populacionais absolutos em todas as faixas etárias. Dessa forma, torna-se mais interessante, na perspectiva do planejador que precisa avaliar demandas, examinar as concentrações internas a cada região, focando as estruturas etárias dos setores socioeconômicos que compõem a divisão territorial da cidade. Sob a perspectiva dos volumes populacionais, identificamos que nos setores socioeconômicos 12 (Campo dos Alemães) e 15 (Jardim Oriente/Morumbi) estão as maiores quantidades de crianças. Os jovens concentram-se principalmente nos setores 12, 13 (Bosque dos Eucaliptos) e 15 da região Sul, no setor 1
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