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N664 Nobrega, Eunice de Souza O cotidiano do enfermeiro na rede cegonha: um estudo de revisão integrativa / Eunice de Souza Nobrega. - Rio de Janeiro, 2022. 23 p. Monografia de conclusão de curso – Universidade Castelo Branco – Curso de Enfermagem. 1. Enfermeiro. 2. Rede cegonha. 3. Acolhimento. I. Universidade Castelo Branco – Curso de Enfermagem. II. Título CDD 610 EUNICE S. NÓBREGA O COTIDIANO DO ENFERMEIRO NA REDE CEGONHA: UM ESTUDO DE REVISÃO INTEGRATIVA 2 UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO ESCOLA DE CIÊNCIAS DA SAÚDE E DO MEIO AMBIENTE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM EUNICE S. NÓBREGA O COTIDIANO DO ENFERMEIRO NA REDE CEGONHA: UM ESTUDO DE REVISÃO INTEGRATIVA RIO DE JANEIRO - RJ 2022 3 EUNICE S. NÓBREGA O COTIDIANO DO ENFERMEIRO NA REDE CEGONHA: UM ESTUDO DE REVISÃO INTEGRATIVA Trabalho de conclusão de curso de graduação em enfermagem, como parte dos requisitos necessários á obtenção de título de Bacharel em Enfermagem. Orientador (a): Claudemir s de Jesus RIO DE JANEIRO - RJ 2022 4 NÓBREGA, Eunice S. O Cotidiano do Enfermeiro na Rede Cegonha: um estudo de revisão integrativa/ Eunise S. Nóbrega – Rio de Janeiro, 2022. 21f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Enfermagem). Universidade Castelo Branco. Orientador: Inclui bibliografia: p.19 1. Enfermeiro 2. Rede Cegonha 3. Acolhimento 4. Humanização I. Eunice S. Nóbrega. II- Escola de Ciências da Saúde e Meio Ambiente. Universidade Castelo Branco. V. Título 5 EUNICE S. NÓBREGA O COTIDIANO DO ENFERMEIRO NA REDE CEGONHA: UM ESTUDO DE REVISÃO INTEGRATIVA Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação apresentado à Universidade Castelo Branco como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Enfermagem. Aprovada em: ____/____/2022. BANCA EXAMINADORA ___________________________________________________ Orientador (a): Claudemir Santos de Jesus – UCB ___________________________________________________ Ms Solange Soares Martins – UCB ___________________________________________________ Paula Louzada - UCB RIO DE JANEIRO - RJ 2022 6 RESUMO Este estudo tem como tema, O cotidiano do enfermeiro na rede cegonha: Um estudo de revisão integrativa. O enfermeiro assistencial também é professor ao desenvolver as ações educativas e orientações aos usuários e atividades de educação permanente aos profissionais de saúde. Partindo da premissa de que a formação visa aos conteúdos teóricos e práticos e o conhecimento provém da teoria associada à prática profissional. O objetivo geral desse trabalho é descrever a responsabilidade legal da enfermeira obstétrica na assistência ao parto na rede cegonha. E como objetivos específicos: Compreender a humanização do parto e nascimento; Analisar a prática docente e rede cegonha; e Descrever a prática docente do enfermeiro na rede cegonha. Trata-se de uma revisão integrativa, sendo definida como procedimento técnico de uma pesquisa bibliográfica, desenvolvidos através da leitura e da análise de artigos que tratam do tema abordado, A revisão integrativa é a mais ampla abordagem metodológica referente às revisões, permitindo a inclusão de estudos experimentais e não experimentais para uma compreensão completa do fenômeno analisado. Desta forma, o estudo foi operacionalizado nos meses de Outubro e Novembro de 2022.Por meio da seguinte questão norteadora: Qual a importância do enfermeiro no trabalho a rede cegonha? Dessa maneira, assegurar a Rede Cegonha, como estratégia oficial de atenção à mulher na gestação e parto, apesar das críticas feministas referentes ao retrocesso da assistência integral à saúde da mulher alcançada. PALAVRAS-CHAVE: Enfermeiro – Rede Cegonha – Acolhimento – Humanização. 7 ABSTRACT This study has as its theme, The daily life of nurses in the stork network: An integrative review study. The clinical nurse is also a teacher when developing educational actions and guidelines for users and continuing education activities for health professionals. Starting from the premise that training aims at theoretical and practical contents and knowledge comes from theory associated with professional practice. The general objective of this work is to describe the legal responsibility of the obstetric nurse in the delivery assistance in the stork network. And as specific objectives: Understand the humanization of labor and birth; Analyze the teaching practice and stork network; and describe the nursing teaching practice in the stork network. It is an integrative review, being defined as a technical procedure of a bibliographical research, developed through the reading and analysis of articles that deal with the topic addressed. experimental and non-experimental studies for a complete understanding of the analyzed phenomenon. In this way, the study was operationalized in the months of October and November 2022. Through the following guiding question: What is the importance of the nurse in the work of the stork network? In this way, ensuring the Rede Cegonha, as an official strategy for women's care during pregnancy and childbirth, despite feminist criticism regarding the regression of comprehensive care for women's health achieved. KEYWORDS: Nurse – Stork Network – Reception – Humanization. 8 Sumário INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 9 METODOLOGIA ................................................................................................................... 11 DISCUSSÃO ........................................................................................................................... 15 Humanização do parto e nascimento .................................................................................... 15 Prática docente e rede cegonha ............................................................................................ 16 Enfermagem e o atendimento humanizado .......................................................................... 17 CONCLUSÃO ........................................................................................................................ 19 REFERENCIAS ..................................................................................................................... 21 9 INTRODUÇÃO Este estudo tem como tema, O cotidiano do enfermeiro na rede cegonha: Um estudo de revisão integrativa. O enfermeiro assistencial também é professor ao desenvolver as ações educativas e orientações aos usuários e atividades de educação permanente aos profissionais de saúde. Partindo da premissa de que a formação visa aos conteúdos teóricos e práticos e o conhecimento provém da teoria associada à prática profissional. Nesta fase a mãe necessita de um apoio mais próximo e acolhedor do seu (sua) companheiro (a), familiares e pessoas mais próximas que também devem se organizar para a recepção da criança. De acordo com dados do Ministério da Saúde (2004) a cobertura da assistência à gestação e ao parto desde então vem aumentando em todas as regiões do país nos últimos anos. Contudo, a cobertura ainda é insuficiente e é evidente que novos programas e tecnologias alcançam primeiramente aqueles em melhor condição, para somente mais tarde atingir os mais necessitados. Com efeito,a humanização do parto e nascimento tem início então desde as consultas de pré-natal e busca garantir que a equipe de saúde realize procedimentos comprovadamente benéficos para a mulher e para o bebê, que evite as intervenções desnecessárias e preserve a sua privacidade e autonomia (BRASIL, 2001). Além disso, a falta de conhecimento em relação ao planejamento familiar, os estigmas sociais e as preocupações com as alterações do estado de saúde do bebê também são considerados fatores de risco. Assim, no Brasil, para atender à grande demanda de usuárias, a inserção do enfermeiro na Rede Cegonha configura-se como fundamental para implementação das ações na atenção básica. Dessa maneira, a Rede Cegonha determina que os serviços de saúde adotem práticas seguras na atenção ao parto e nascimento, bem como aumentem a disponibilidade de leitos obstétricos e neonatais. Nesse sentido, o cuidado com a saúde do recém-nascido torna-se fundamental para a redução da mortalidade infantil, principalmente a neonatal. Para tanto, é necessário que as instituições hospitalares, as quais representam as instituições de saúde a prestar assistência à mãe e bebê no período do parto e pós-parto, promovam melhorias nas ações de prevenção e promoção da saúde materna e neonatal. O enfermeiro, como integrante da equipe de saúde, configura-se como um elo significativo entre o usuário e os demais membros da equipe de saúde, tornando executável a interconexão necessária para realizar o cuidado integral em rede (SIQUEIRA et. al., 2009). Frente às inovações 10 de trabalho em rede, novas transformações de cuidado são necessárias para a qualidade do atendimento da equipe de saúde nos serviços que acolhem o binômio mãe-bebê. Desse modo, a Rede Cegonha está sendo implementada gradativamente em todo Brasil, através da parceria entre estados e municípios, trazendo um conjunto de iniciativas que envolvem mudanças no modelo de cuidado à gravidez, parto/nascimento e à atenção integral à saúde da criança até os dois anos de idade e em especial no período neonatal (BRASIL, 2012). Os profissionais de enfermagem devem considerar as necessidades físicas e psicológicas da puérpera, para assim, poder assimilar e sanar todas as dúvidas que surgirem, com empatia e carinho, a fim de proporcionar, de fato, um atendimento humanizado e eficiente. O objetivo geral desse trabalho é descrever a responsabilidade legal da enfermeira obstétrica na assistência ao parto na rede cegonha. E como objetivos específicos: Compreender a humanização do parto e nascimento; Analisar a prática docente e rede cegonha; e Descrever a prática docente do enfermeiro na rede cegonha. 11 METODOLOGIA Trata-se de uma revisão de literatura, sendo definida como procedimento técnico de uma pesquisa bibliográfica, desenvolvidos através da leitura e da análise de artigos que tratam do tema abordado. A revisão é a mais ampla abordagem metodológica referente às revisões, permitindo a inclusão de estudos experimentais e não experimentais para uma compreensão completa do fenômeno analisado. Combina também dados da literatura teórica e empírica, além de incorporar um vasto leque de propósitos: definição de conceitos, revisão de teorias e evidências, e análise de problemas metodológicos de um tópico particular (GALVÃO, 2003). A pesquisa propõe uma proporção de escolhas, onde o pesquisador deve estar atento a todos os estudos que existam e se faça referência a seu tema de estudo. Desta forma, o estudo foi operacionalizado nos meses de Outubro e Novembro de 2022.Por meio da seguinte questão norteadora: Qual a importância do enfermeiro no trabalho a rede cegonha? Os critérios de inclusão para o estudo foram: artigos originais, divulgados no idioma português, ano de publicação de 2010 a 2015, disponíveis eletronicamente na íntegra e gratuito que contemplassem a temática do estudo. Foram excluídas as publicações duplicadas e que não responderam à pergunta norteadora. A busca pela bibliografia se deu com base no cruzamento dos descritores e aplicação de filtros. Os periódicos foram pesquisados nas seguintes bases de dados: Scielo, BVS, Google Acadêmico, SCOPUS, PUBMED. Sequencialmente foram determinados os Descritores Controlados em Ciências da Saúde (DeCS), em que a identificação foi feita no sitio eletrônico, selecionaram-se termos em português: Assistência de enfermagem; Enfermeiro; Rede Cegonha. Inicialmente foram encontrados um total de 6.142 artigos, sendo a busca por artigos se deu, conforme predispõe no fluxograma (figura 1). 12 Fluxograma 1: Etapas da seleção dos artigos. O quadro 1, apresenta a síntese dos estudos primários incluídos na revisão integrativa de acordo com Título da Publicação, Fonte de dados, Descritores, Autores, Periódico e Ano. Título da Publicação Fonte de dados Descritores Autores, Periódico Ano 1 O acesso à assistência ao parto para parturientes adolescentes nas maternidades da rede SUS Scielo via Web Of Science Enfermagem obstétrica. Gravidez na adolescência. Acesso aos serviços de saúde. Saúde da mulher BARBASTE FANO, Patrícia Santos e cols. Revista Gaúcha de Enfermagem 2010 2 Mortalidade infantil e acesso geográfico ao parto nos municípios brasileiros Scielo via Web of Science Mortalidade Infantil. Acesso aos Serviços de Saúde. Equidade no Acesso. Desigualdades em ALMEIDA, Wanessa da Silva de; e SZWARCW ALD, Célia Rev Saúde Pública 2012 13 Saúde. Deslocamento Geográfico. Landmann 3 Assistência Pré-Natal no Brasil Scielo via Web Of Science Cuidado Pré-Natal; Saúde Materno- Infantil; Serviços de Saúde Materno- Infantil VIELLAS, Elaine Fernandes e cols. Cad. Saúde Pública 2014 4 Um Modelo Lógico da Rede Cegonha Scielo via Web of Science Mortalidade materna; mortalidade infantil; Modelo Lógico; Rede Cegonha. CAVALCA NTI, Pauline Cristine da Silva e cols. Physis: Revista de Saúde Coletiva 2013 5 Atenção ao pré-natal e parto em mulheres usuárias do sistema público de saúde residentes na Amazônia Legal e no Nordeste, Brasil 2010 LILACS Assistência prénatal, Saúde materna, Acesso aos serviços de saúde, Qualidade da assistência à saúde, Mortalidade materna LEAL, Maria do Carmo e cols. Rev. Bras. Saúde Matern.Infant 2015 6 Determinantes da mortalidade infantil em municípios do Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais, Brasil LILACS Mortalidade Infantil; Fatores Epidemiológicos; Estudos de Casos e Controles; Fatores de Risco; Saúde da Criança. BARBOSA, Thania Aparecida Gomes da Silva REME, Rev Min Enferm. 2014 7 Acesso de Parturientes para a Assistência ao Parto em Hospitais Universitários: Caracterização e Fatores associados LILACS Assistência perinatal. Acesso aos serviços de saúde. Maternidades. MONTESC HIO, Lorenna Viccentine Coutinho e cols. Revista Gaúcha de Enfermagem 2014 8 Cuidado à adolescente em parturição: acesso e acolhimento – estudo descritivo LILACS Enfermagem; Serviços de Saúde da Mulher; Gravidez na Adolescência SILVA, Thais Jormanna Pereira e cols. Online braz j nurs 2013 9 Fatores de risco para mortalidade infantil em municípios do Estado do Paraná, de SCOPUS Mortalidade infantil; sistemas de informação; fatores de risco. MOMBELL I, Mônica Augusta e cols. Rev Paul Pediatr 2012 14 1997 a 2008 10 Avaliação normativa do pré-natal em uma maternidade filantrópica de SãoPaulo SCOPUS Cuidado pré-natal Avaliação em saúde Acesso aos Serviços de Saúde Enfermagem obstétrica CORRÊA, Claudia Regina Hostim e cols. Rev Esc Enferm USP 2011 11 Adequação da assistência pré-natal segundo as características maternasno Brasil SCOPUS Cuidado pré-natal; avaliação de programas e projetos de saúde; saúde materno infantil; serviços de saúde materno infantil; Brasil DOMINGUES, Rosa Maria Soares Madeira ecols. Rev PanamSaludPublica 2015 12 Avaliação da assistência hospitalar materna e neonatal: índice de completude da qualidade PUBMED Cuidado Pré-Natal. Serviços de Saúde Materno-Infantil. Assistência Hospitalar. Indicadores de Qualidade em Assistência à Saúde.Qualidade da Assistência à Saúde. Sistema Único de Saúde. SILVA, Ana Lúcia Andrade da e cols. Rev Saúde Pública 2014 13 Um Olhar sobre a Peregrinação anteparto: reflexões sobre o acesso ao pré-natal e ao parto PUBMED Acesso aos serviços de saúde, Cuidado pré-natal, Parto. ALBUQUE RQUE, Vanessa Neves de e cols. R. pesq.: cuid.fundam.Online –UNIRIO 2011 14 Referência de Parturientes para a atenção hospitalar: um estudo argumentativo PUBMED Enfermagem Obstétrica, Saúde damulher, Acesso aos serviços de saúde,Políticas públicas de saúde. SANTOS, Luciano Marques dos e cols. R. pesq.: cuid. fundam. Online – UNIRIO 2011 15 DISCUSSÃO Humanização do parto e nascimento Muitas mulheres, quando pensam em parto humanizado, ainda têm a imagem de um parto que acontece num ambiente íntimo, na água ou com alguns tipos de simbolismos. A Política Nacional de Humanização (2004) surgiu como proposta para viabilizar a garantia do direito constitucional de saúde e para qualificar as práticas dos modelos de atenção e gestão, tendo a humanização como “estratégia de interferência no processo de saúde. O acesso das gestantes à assistência pré-natal não tem sido facilitado, já que as unidades de saúde são muito distantes da residência ou não possuem vagas para o acompanhamento pré-natal. Ocorre, então, a peregrinação já no início da gravidez e as consequências vão desde um enorme desconforto para a essa mulher e sua família até um possível óbito materno ou fetal (ALBUQUERQUE, et al, 2011). Alguns dos estudos apontados por Albuquerque e Cols (2011) descrevem “as condições de trabalho dos enfermeiros na consulta de enfermagem no pré-natal e avalia sua implicação para a educação em saúde, afirmando que o enfermeiro durante o pré-natal tem um importante papel educador”. Cabe destacar que esses eixos devem ser compreendidos em sua totalidade, pois eles articulam-se conjuntamente. Isso reafirma a capacidade propositiva destes profissionais, que por vezes “não são requeridas por limitações de conhecimento ou atualização de informação” (SOUZA, 2013, p.17), fazendo com que o atendimento limite-se a intervenções pontuais. Esse contexto de baixa autonomia das mulheres, de tantas intervenções obstétricas, de peregrinação na busca do atendimento ao parto e de inadequados indicadores perinatais se constituem num cenário de violência obstétrica que redunda em desatenção e discriminação social (LEAL et al, 2015). Diante disso, trata-se de um instrumento para além da comunicação, escrito pelas mulheres no período gestacional, no qual elas apresentam as práticas consentidas e as que rejeitam em seus corpos nos períodos pré, durante e pós-parto, bem como as manobras e cuidados que devem ser tomados com o seu filho. O seu alcance, porém, ainda é limitado à população de nível social médio, que possui um capital social privilegiado econômica e culturalmente (CORTÉS et al., 2015; ANDREZZO, 2016). Ainda para Martinelli, et al (2014): 16 Os estudos observacionais têm demonstrado que o número insuficiente de consultas pré-natal é fator de risco para mortalidade tanto fetal como neonatal e que a falta de intervenções no momento apropriado da gravidez pode ocasionar o nascimento prematuro. O Programa Rede Cegonha chegou para contribuir e também puxou a vinda de outros, com um atendimento mais humanizado a mulher em período gravídico e à criança, e seu principal objetivo está focado na redução da taxa de mortalidade materna e infantil (MARTINELLI, et al, 2014). Percorrendo a ideia de humanização da assistência à mulher durante o trabalho de parto, esta só será possível se houver um envolvimento entre o profissional e a parturiente. Assim, a visão de ser humano está muito distante daquela postulada pelo aconselhamento como uma atividade educativa na perspectiva freiriana, pois o homem pensado por ele é um ser existencial, está no mundo e com o mundo. Prática docente e rede cegonha O enfermeiro assistencial também é professor ao desenvolver as ações educativas e orientações aos usuários e atividades de educação permanente aos profissionais de saúde. O programa da Rede Cegonha, lançado em 2011 no país, reiterou e priorizou ações relativas à adoção dessas práticas na assistência às parturientes nas maternidades. O MS defende que a incorporação das recomendações da OMS tem como consequência a redução da morbimortalidade materna e neonatal que ainda permanecem elevadas (SOUSA AMM, 2016). A Rede Cegonha prevê ações para a melhoria do acesso e qualidade da assistência à mulher e à criança, por meio da vinculação da gestante à unidade de referência para o parto, transporte seguro e implementação de boas práticas na atenção ao parto e nascimento, incluindo o direito a um acompanhante de livre escolha da mulher no momento parto. O objetivo é fomentar a implementação de um novo modelo de atenção à saúde da mulher e da criança que garanta o acesso, acolhimento e resolutividade, colaborando, assim, para a redução da mortalidade materna e infantil com ênfase no componente neonatal (BRASIL, 2011). Desse modo, a Rede Cegonhadetermina aos serviços de saúde que adotem práticas seguras na atenção ao parto e nascimento, bem como aumentem a disponibilidade de leitos obstétricos e neonatais. Nesse redesenho de estrutura e organização de forma gradativa em todo o território nacional, priorizam-se regiões incluídas em critério epidemiológico das altas taxas de cesariana, de mortalidade infantil, razão da mortalidade materna e densidade populacional (BRASIL, 2011). 17 Outro desafio constitui-se em diminuir a realização de parto cesariano e estimular o aumento do parto normal. Entretanto, essa é uma árdua tarefa para os profissionais da saúde. (ABRAHÃO AL, 2014). Além disso, outro aspecto a ser destacado como inovador e potente no movimento foi ter dado voz e vez ao discurso das mulheres sobre suas experiências com seu corpo e sua saúde, resgatando de algum modo seu protagonismo e cidadania, inaugurando possibilidades de construção coletiva de conhecimentos em contraposição ao saber/poder médico-científico. Ressalta-se que a organização do serviço, a transdisciplinaridade e a possibilidade de transferência para serviço de maior complexidade, em caso da equipe detectar possível intercorrência no trabalho de parto são fatores considerados fundamentais para a garantia da segurança do parto (FRANK; PELLOSO, 2013). Assim, a atenção humanizada idealizada pelas mulheres e preconizada pelo Ministério da Saúde será factível apenas quando os diversos atores envolvidos na parturição se dispuserem a repensar a sua prática diária, redimensionando-a quando se fizer necessário. Dessa maneira, faz-se necessário assegurar um modelo de Atenção à Saúde que garanta a continuidade de cuidados materno-infantis para a população adscrita com responsabilização pelos resultados alcançados (ASSIS et al., 2019). Um dos componentes temáticos da RAS é a RC que está estruturada a partir de quatro componentes: pré-natal, parto e nascimento, puerpério e atenção integral à saúde da criança e sistema logístico que se refere ao transporte sanitário e regulação. Enfermagem e o atendimento humanizado A humanização ao longo dos anos vem sendo vista com uma grande relevância, trazendo questões importantespara o retorno dos valores éticos e morais, que deve existir em toda assistência prestada pelos enfermeiros, pois são eles que lidam diretamente com o paciente (RIOS,2008,p.253). Para esses profissionais, são de grande importância e indispensáveis, o local e o ambiente de trabalho, a fim de harmonizar a assistência prestada e possibilitar que o paciente sinta esse processo, havendo um entendimento entre ambos (RIOS, 2008, p.253). O conceito de humanização na enfermagem deve ir além da assistência e das intervenções clínicas em si. Ele demanda uma visão holística do paciente e dos seus aspectos individuais, por meio de um tratamento globalizado e voltado à integralidade do indivíduo enquanto ser humano. Sendo assim, os enfermeiros precisam conhecer o paciente a fundo, entender suas necessidades e atender suas queixas sempre de forma acolhedora e próxima. O objetivo é: https://telemedicinamorsch.com.br/blog/atendimento-humanizado 18 • Minimizar o sofrimento no ambiente clínico ou hospitalar; • Agregar mais tranquilidade; • Garantir pleno entendimento do paciente sobre sua condição; • Demonstrar que o mesmo é valorizado e tem apoio para resolver seus problemas. Nesse sentido, cabe ao enfermeiro entender todas as queixas do paciente e intervir de forma gentil e acolhedora. Isso é feito com o objetivo de amenizar o sofrimento, melhorar a percepção dos problemas ou proporcionar mais conforto diante da situação vivenciada. Às vezes, o pouco que se faz para o paciente. Outra questão abordada na humanização da enfermagem é compreender a linguagem não verbal por meio de gestos do indivíduo que está se comunicando de forma indireta, mas externando suas emoções. Diante disso, a humanização da enfermagem tem como fundamento proporcionar assistência ao ser humano portador de uma condição clínica, considerando as questões psicológicas, sociais, religiosas e financeiras, entre outras variáveis que afetam o prognóstico do paciente. No nosso ponto de vista, tanto a humanização da assistência de enfermagem quanto à humanização das relações de trabalho de enfermagem surgem de uma necessidade social e historicamente construída, não como mais um modismo da profissão que tenta colocar essa temática em voga em si mesma, mas como um dos aspectos do trabalho da enfermagem que contribui, significativamente, para a construção de uma assistência de qualidade. É direito de todo cidadão ter acesso ao atendimento público de qualidade, mas para isso faz-se necessário à melhoria do sistema de saúde como um todo. Dois aspectos nos parecem fundamentais para a construção da humanização no trabalho da enfermagem. Um deles está vinculado à qualidade do relacionamento que se estabelece entre os profissionais de saúde e os usuários no processo de atendimento à saúde e o outro está vinculado às formas de gestão dos serviços de saúde. 19 CONCLUSÃO Observa-se também que algumas das ações motivaram a inclusão destas nos processos de trabalho da unidade independente da vigência do projeto a exemplo da vinculação da gestante à maternidade e o monitoramento das gestantes no Mural das gestantes. Acredita-se que houve um aprofundamento das intervenções realizadas para e com as gestantes, contribuindo para o desenvolvimento de ações promotoras de mudanças de comportamentos saudáveis, autonomia, cidadania e emancipação dos sujeitos envolvidos. A participação da enfermagem, sobretudo do enfermeiro obstetra, é algo imprescindível, pois de acordo com sua formação, com as características da sua profissão e das suas atribuições, sem dúvida é o profissional mais qualificado e indicado para atuar no ACCR. Dessa maneira, assegurar a Rede Cegonha, como estratégia oficial de atenção à mulher na gestação e parto, apesar das críticas feministas referentes ao retrocesso da assistência integral à saúde da mulher alcançada desde o PAISM, constitui uma estratégia propulsora para o alcance da humanização da atenção ao parto e nascimento. Nessa perspectiva, gestores, profissionais de saúde e usuárias são potenciais produtores da Rede Cegonha, tanto por agenciarem e viabilizarem os caminhos do cuidado, a escolha dos serviços e dos profissionais de saúde, quanto, também, por permitirem que a socialidade desenvolvida pelos afetos deixe o território mais permeável para as entradas e saídas das usuárias na rede. Assim, a atenção Básica na gravidez inclui a prevenção, a promoção à saúde e o tratamento dos problemas que ocorrem durante o período gestacional e pós-parto. A participação da equipe de saúde ao atendimento ao pré-natal é de fundamental importância, pois estreita laços e ramifica ações relacionadas à assistência. Deste modo por meio desta humanização, o número de partos normais pode ser aumentado, e as intervenções descartadas, propondo e buscando sempre uma qualidade de parto saudável para ambas as partes. Assim, as enfermeiras podem ampliar seus conhecimentos e transmitir competências adquiridas, colocando sempre em primeiro lugar a assistência prestada para a parturiente e respeitando os direitos da mesma durante a realização do parto. Conclui-se que o enfermeiro possui um papel muito relevante no processo de parturição. Este possui entre outras competências, o papel de resguardar e garantir que as boas práticas e os métodos não farmacológicos de alívio da dor sejam utilizados, devendo também cuidar e orientar a parturiente durante todo o processo. Por fim, espera-se que essa revisão possa proporcionar reflexão acerca dos cuidados fornecidos pela equipe de enfermagem na humanização do parto e buscar a valorização dos 20 diferentes sujeitos envolvidos no processo de produção de saúde, identificando estratégias de promoção de saúde que possam ser desenvolvidas por atitudes positivas no processo de nascer. 21 REFERENCIAS ALBUQUERQUE, V N, OLIVEIRA, Q M, RAFAEL, R M R, TEIXEIRA, R F C. Um olhar sobre a peregrinação anteparto: reflexões sobre o acesso ao pré-natal.Rev Pesqui Cuid Fundam(Online). 2011. ANDERSON, C.J, KILPATRICK, C. Supporting Patients’ Birth Plans: Theories, Strategies &Implications for Nurses. AWHONN, v.16, n.3, p. 210–218, jun-jul, 2012. ANDREZZO, H. F. A. 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