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DISCIPLINA TÉCNICAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL AULA 13 EDUCAÇÃO AMBIENTAL E RECURSOS HÍDRICOS AUTOR FRANCISCO DAS CHAGAS SILVA SOUZA TECNÓLOGO EM GESTÃO AMBIENTAL DISCIPLINA TÉCNICAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL AULA 13 EDUCAÇÃO AMBIENTAL E RECURSOS HÍDRICOS AUTOR FRANCISCO DAS CHAGAS SILVA SOUZA TECNÓLOGO EM GESTÃO AMBIENTAL GOVERNO DO BRASIL Presidente da República DILMA VANA ROUSSEFF Ministro da Educação JOSÉ HENRIQUE PAIM FERNANDES Diretor de Ensino a Distância da CAPES JOÃO CARLOS TEATINI Reitor do IFRN BELCHIOR DE OLIVEIRA ROCHA Diretor do Campus EaD/IFRN ERIVALDO CABRAL Diretora Acadêmica do Campus EaD/IFRN ANA LÚCIA SARMENTO HENRIQUE Coordenadora Geral da UAB /IFRN ILANE FERREIRA CAVALCANTE Coordenadora Adjunta da UAB/IFRN MARLI TACCONI Coordenadora do Curso de Tecnologia em Gestão Ambiental MARIA DO SOCORRO DIÓGENES PAIVA TÉCNICAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL AULA 13 Educação Ambiental e Recursos Hídricos Professor Pesquisador/Conteudista FRANCISCO DAS CHAGAS SILVA SOUZA Diretora da Produção de Material Didático ROSEMARY PESSOA BORGES Coordenador da Produção de Material Didático LEONARDO DOS SANTOS FEITOZA Revisão Linguística KALINA ALESSANDRA RODRIGUES DE PAIVA Coordenação de Design Gráfico LEONARDO DOS SANTOS FEITOZA Projeto Gráfico BRENO XAVIER Diagramação/Ilustração GEORGIO NASCIMENTO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA RIO GRANDE DO NORTE Campus EaD Ficha Catalográfica S719t Souza, Francisco das Chagas Silva Tecnólogo em Gestão Ambiental: Geologia Ambiental: Aula 13: Educação Ambiental e Recursos Hídricos / Francisco das Chagas Silva Souza. – Natal : IFRN Editora, 2013. 18f. : il. color. 1. Gestão Ambiental. 2. Educação Ambiental. 3. Hídricos. 4. Consumo da Água. 5. Impactos Socioambientais. 6. Educação a Distância. I. Título. RN/IFRN/EaD CDU 504 Ficha elaborada pela bibliotecária Edineide da Silva Marques, CRB 15/488 5 EDUCAÇÃO AMBIENTAL E RECURSOS HÍDRICOS APRESENTANDO A AULA Olá! Você conhece a música “Planeta água”, de Guilherme Arantes? Este compositor foi muito feliz, quando pensou nesse nome para se referir à Terra, pois se observarmos uma imagem do nosso planeta, veremos que a sua superfície é composta principalmente por água. Difícil é imaginarmos que com um potencial hídrico tão grande e à nossa disposição, ainda tenhamos hoje que economizar e racionalizar o seu uso, haja vista que a sua potabilidade está em risco. Para tanto, a prática da Educação Ambiental não é apenas uma das saídas para esse problema, mas uma necessidade imperiosa. É disso que trataremos nessa aula de hoje. DEFININDO OBJETIVOS Após a realização dos estudos correspondentes a esta aula, você será capaz de • compreender a problemática dos recursos hídricos em níveis local, nacional e internacional; • desenvolver projetos educativos voltados para a neces- sidade de mudanças comportamentais com relação ao consumo da água. 6 TÉCNICAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL DESENVOLVENDO O CONTEÚDO A água na Terra é abundante. Formou-se com o planeta há cerca de 3,8 bilhões de anos. A partir dela, surgiram todas as formas de vida, as quais dependem dela para que se mantenham vivas. Durante milhares de anos, a humanidade considerou a água como algo inesgotável. Em áreas próximas a desertos, seu controle significou poder, desenvolvimento e conforto para muitas sociedades. Lembra das aulas de História, quando seu professor falava da importância de rios como Nilo, Tigre, Eufrates, Indo, para a consolidação das civilizações antigas? Na atualidade, a sociedade de consumo, ao criar uma dependência humana em relação aos bens cada vez mais sofisticados, tem aumentado as pressões sobre os recursos naturais, particularmente os hídricos, tornando o uso racional da água, mais um grande desafio para o século XXI, o que aumenta ainda mais a nossa responsabilidade para com as gerações futuras. 1. A ATUAL SITUAÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS NO PLANETA O volume total de água na Terra é de aproximadamente 1,4 bilhão de km3, dos quais apenas 2,5%, ou cerca de 35 milhões de km3, correspondem a água doce, a qual apresenta-se em forma de gelo ou neve permanente ou em aqüíferos de águas subterrâneas profundas. A parte aproveitável dessas fontes é de apenas cerca de 200 mil km3 de água – menos de 1% de toda a água doce e somente 0,01% de toda a água da Terra. Grande parte dessa água disponível está localizada longe de populações humanas, dificultando sua utilização. (PERSPECTIVAS, 2004, p. 162) Fig. 01 Fo nt e: h tt p: // m ei oa m bi en te ag ua .p bw ik i.c om /f / ag ua .jp g 7 EDUCAÇÃO AMBIENTAL E RECURSOS HÍDRICOS Apesar dessa abundância, aproximadamente um terço da população mundial vive em países que sofrem de estresse hídrico entre moderado e alto – onde o consumo de água é superior a 10% dos recursos renováveis de água doce. Prevê-se que em 2020, o uso da água aumentará em 40% e que será necessário um adicional de 17% de água para a produção de alimentos, a fim de satisfazer as necessidades da população em crescimento. (PERSPECTIVAS, 2004, p. 163) No século XX, três fatores destacaram-se entre os responsáveis pelo aumento na demanda de água: o crescimento demográfico, o desenvolvimento industrial e a expansão da agricultura irrigada. Esta última, só nas décadas finais do desse século, extraiu a maior parte da água doce nas economias em desenvolvimento. A construção de represas nos rios tem sido tradicionalmente uma das principais formas de garantir recursos hídricos adequados para irrigação, geração de energia hidrelétrica e uso doméstico. Cerca de 60% dos 227 maiores rios do mundo foram muito ou moderadamente fragmentados por represas, desvios ou canais, causando efeitos sobre os ecossistemas de água doce (WCD, 2000 apud PERSPECTIVAS..., 2004, p.163). Apesar dessa infra-estrutura ter proporcionado benefícios importantes, como o incremento da produção de alimentos e de energia elétrica, os custos, porém, têm sido elevados. Nos últimos cinqüenta anos, as represas transformaram os rios do mundo, deslocando de 40 milhões a 80 milhões de pessoas em diferentes partes do planeta e causando mudanças irreversíveis em muitos dos ecossistemas estreitamente relacionados a esses rios. Fonte: (PERSPECTIVAS ...2004, p. 163) Fig. 02 Fo nt e: h tt p: // w w w .p ro te ge r.o rg .a r/ ar ch iv os /3 ga rg an ta sC la rin .jp g 8 TÉCNICAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL As imagens a seguir são da construção da maior usina hidroelétrica do mundo: a de Três Gargantas, construída no rio Yangtze, na China. Numa delas vê-se cartaz indicativo da altura que alcançará o lago em zonas vizinhas ao porto de Wushan. Em 2009, com 26 turbinas instaladas, a capacidade concebida da barragem deverá ser de 18.200 megawatts, e ultrapassará a potência de Itaipu, até então a maior barragem hidroelétrica em potência instalada no mundo. Os problemas da qualidade da água geralmente são tão graves quanto aqueles relacionados à sua disponibilidade. Podemos elencar como fontes de poluição: o esgoto não-tratado, descargas químicas, vazamentos e Fig. 03 Fo nt e: h tt p: // w w w .p ro te ge r.o rg .a r/ do c4 92 .h tm l Fig. 04 Fo nt e: h tt p: // w w w .s tr al un at o. co m /im ag es /p oz o- in di a. jp g 9 EDUCAÇÃO AMBIENTAL E RECURSOS HÍDRICOS derramamentos de petróleo, descarregamento de lixo em minas e poços abandonados, assim como agrotóxicos provenientes de campos de fazendas, que escorrem ou se infiltram na terra. De acordo com o World Commission on Water, mais da metade dos principais rios do mundo “está gravemente exaurida e poluída, degradando e envenenando os ecossistemas ao redor e ameaçando a saúde e os meios de subsistência das pessoas que dependem deles” (PERSPECTIVAS ...2004, p. 165-166). Ademais, podemos acrescentar que os projetos de desenvolvimentohídrico implementados durante o século XX geraram impactos significativos sobre os ecossistemas de água doce ao eliminar pântanos e áreas úmidas, extrair a água para outros usos, alterar os fluxos d’água e contaminar a água com resíduos industriais e humanos. Em muitos rios e lagos, as funções do ecossistema se perderam ou foram prejudicadas. Vale salientar que as áreas úmidas são um importante ecossistema de água doce que tem influência não apenas na distribuição de espécies e na biodiversidade em geral, mas também nos assentamentos e nas atividades humanas. Elas proporcionam um controle natural de inundações, o armazenamento de carbono, a purificação natural da água e bens, como peixes, mariscos, madeira e fibra. (PERSPECTIVAS ...2004, p. 168). Fig. 05 Fo nt e: h tt p: // w w w .re na sc en ca .b r/ Co le gi o/ Cu rs os / En si no Fu nd 2/ Pr oj A tiv id ad es /2 00 4/ w eb qu es t_ ar _ ag ua /r io _p ol ui do .jp eg 10 TÉCNICAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL 2. A ÁGUA NO BRASIL Ocupando quase metade da área da América do Sul, o Brasil tem posição privilegiada no mundo quanto à disponibilidade de recursos hídricos. A vazão média anual dos rios em nosso território é de cerca de 180 mil metros cúbicos por segundo (m³/s); para efeito de comparação, esse volume de água equivale ao conteúdo somado de 72 piscinas olímpicas fluindo a cada segundo. Este valor corresponde a aproximadamente 12% da disponibilidade mundial de recursos hídricos, que é de 1,5 milhões de m³/s. Se forem levadas em conta as vazões oriundas de território estrangeiro e que ingressam no país, a vazão média total atinge valores da ordem de 267 mil m³/s (ou seja, cerca de 18% da disponibilidade mundial). Em termos de distribuição per capita, a vazão média de água no Brasil é de aproximadamente 33 mil m³/hab/ano; este volume é 19 vezes superior ao piso estabelecido pela ONU, de 1.700 m³/hab/ano, abaixo do qual um país é considerado em situação de estresse hídrico. (GEO BRASIL, 2007, p. 19 - 20) A distribuição do uso da água por tipo de demanda indica que, na média nacional, o consumo humano (urbano e rural) equivale a pouco menos de 1/3 do total, enquanto o consumo para atividades produtivas (irrigação, industrial e criação animal) responde pelo restante. O maior consumo brasileiro está na irrigação, que utiliza 46% do total de recursos hídricos retirados; a cifra é coerente com o destacado papel econômico do agro-negócio no Brasil. Em Fig. 06 Fo nt e: h tt p: // w w w .g eo ci tie s.c om /o lin to rf /a ve - pe tr ol eo .jp g 11 EDUCAÇÃO AMBIENTAL E RECURSOS HÍDRICOS segundo lugar, aparece o consumo humano urbano, com 27%, ficando o uso industrial em terceiro, com 18% do total. (GEO BRASIL, 2007, p. 25) Entretanto, de acordo com Magalhães (2004, p. 48), apesar dessa abundância, o Brasil coleciona conflitos pelo uso dos recursos hídricos. A distribuição irregular da água torna-se mais grave num país em que a população é também distribuída irregularmente. Para se ter uma idéia, cerca de 73% da água brasileira está na Amazônia, região habitada por apenas 4% da população. Assim, os restantes 27% devem suprir 96% da população. Ou seja, enquanto na Amazônia, a disponibilidade de água é de 655 milhões de litros por habitante, os brasileiros que vivem em outras regiões contam com 10 milhões de litros por habitante/ano, disponibilidade maior que a dos outros países, mas 65 vezes menor que a existente na Amazônia. No semiárido brasileiro, por exemplo, onde vivem cerca de 35 milhões de pessoas, os índices de disponibilidade hídrica são inexpressivos. Segundo ainda esse autor, a falsa concepção de abundância hídrica foi responsável por inúmeras mazelas, das quais, salienta a cultura do desperdício; a carência de investimentos em tratamento de esgotos para proteger a qualidade dos rios e a cultura da água gratuita tornando perdulário o seu uso. Assim, em face da emergência da questão ambiental, da propagação dos princípios do desenvolvimento sustentável e da redução progressiva dos Fig. 07 Fo nt e: h tt p: // w w w .o fic in ad aa lm a. co m .b r/ po st ca rd s/ po st ca rd s/ Fo to gr afi as /s ec a. jp g 12 TÉCNICAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL recursos hídricos em escala planetária, o Brasil passou a rever suas estratégias e o aparelho governamental voltados para a gestão integrada dos recursos hídricos. São marcos dessa mudança: a inserção na Constituição Federal de 1988, dentre as competências da União, da obrigação de instituir-se um sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos; a regulamentação e a institucionalização do próprio Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos – SINGREH, com seu arranjo administrativo, e seus instrumentos de gestão (Lei 9.433/97); a criação da Agência Nacional de Águas, entidade federal de implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e de coordenação do SINGREH e o lançamento, em 2006, do Plano Nacional de Recursos Hídricos – que além de atender ao compromisso internacional do Brasil com as Metas do Milênio, com o estabelecimento de ações e programas até o ano 2020, representa um importante instrumento de governança. Além disso, o Brasil é signatário das mais importantes convenções e declarações internacionais que tratam direta ou indiretamente da questão dos recursos hídricos, dentre as quais a Declaração do Milênio, a Agenda 21, a Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica, a Convenção de Ramsar, a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima e a Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação. ATIVIDADE 01 Leia a composição de Sá e Guarabira intitulada Sobradinho e, em seguida, faça uma reflexão sobre as “soluções” apresentadas para a seca no Nordeste. Por enquanto você não precisará escrever nada, SÓ REFLETIR. O homem chega e já desfaz a natureza Tira a gente põe represa, diz que tudo vai mudar O São Francisco lá prá cima da Bahia Diz que dia menos dia vai subir bem devagar E passo a passo vai cumprindo a profecia 13 EDUCAÇÃO AMBIENTAL E RECURSOS HÍDRICOS Do beato que dizia que o sertão ia alagar O sertão vai virar mar Dá no coração O medo que algum dia O mar também vire sertão Adeus Remanso, Casa Nova, Sentisé Adeus Pilão Arcado vem o rio te engolir Debaixo d’água lá se vai a vida inteira Por cima da cachoeira o Gaiola vai subir Vai ter barragem no satu do Sobradinho E o povo vai se embora com medo de se afogar O sertão vai virar mar Dá no coração O medo que algum dia O mar também vire sertão Remanso, Casa Nova, Sentisé, Pilão Arcado, Sobradinho Adeus, adeus 3. EDUCAÇÃO AMBIENTAL E RECURSOS HÍDRICOS Diante da gravidade dos problemas que atingem os recursos hídricos, a Agenda 21 propõe as seguintes áreas de programas para o setor de água doce: 1. Desenvolvimento e manejo integrado dos recursos hídricos; 2. Avaliação dos recursos hídricos; 3. Proteção dos recursos hídricos, da qualidade da água e dos ecossistemas aquáticos; 4. Abastecimento de água potável e saneamento; 5. Água e desenvolvimento urbano sustentável; 6. Água para a produção sustentável de alimentos e desenvolvimento rural sustentável; 7. Impactos de mudanças do clima sobre os recursos hídricos. Dessa forma, a Agenda 21, ao analisar cada uma dessas áreas, especificando seus objetivos, metas e planos de atividades, deixa muito evidente a importância da Educação Ambiental na promoção de planos de uso racional da água, quando faz referências a “conscientização pública”, “programas educacionais”, “estimular melhores práticas de gestão”, “realizar campanhas”, “sensibilizar o público”, etc. 14 TÉCNICAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL 3.1 Algumas técnicas de Educação Ambiental voltadas para os recursos hídricos1 3.1.1 A água que bebemos As atividades sugeridas a seguir têm como objetivo estimular discussões em torno da problemáticada água em dimensão mais ampla, porém voltadas, principalmente, para questões locais. Num primeiro momento, os alunos devem preparar uma lista que contenha os efeitos da falta de água tratada para a saúde e o conforto da população. Em seguida, após identificar, no mapa da cidade, de onde vem a água que a abastece, devem informar-se quanto à preservação da região onde a água é captada: se ela está devidamente protegida de atividades humanas que possam comprometer sua qualidade, como assentamentos humanos, fábricas, granjas, matadouros, etc. Os alunos poderão fazer uma observação quanto à qualidade desse líquido amarrando um pano claro sobre a saída da água de uma torneira. Após uma semana verifica-se o resultado e abre-se um debate com a presença de um técnico da companhia de água que será convidado pelo professor. Outra tarefa interessante para se discutir o desperdício de água, seria solicitar aos alunos que, em casa, deixem uma torneira pingando e determinem o tempo gasto para encher um litro d’água. Os resultados deverão ser trazidos para a sala de aula e, em seguida, num exercício de matemática, pode-se fazer uma extrapolação para um dia e um mês de goteira. O importante, nesse caso, é mostrar que pequenas atitudes fazem a diferença. O hábito que temos de deixar a torneira aberta enquanto não estamos usando a água de alguma forma, causa um aumento razoável do consumo. 3.1.2 Examinando águas poluídas A atividade proposta é a construção de um disco de Secchi para medir a transparência da água, ou a sua visibilidade. Tomemos um pedaço de metal achatado e em forma de disco (pode ser encontrado num ferro-velho) ou uma 1 As técnicas a seguir baseiam-se em propostas de projetos de Educação Ambiental urbana apresentadas no 6º capítulo de Dias (2004). 15 EDUCAÇÃO AMBIENTAL E RECURSOS HÍDRICOS lata (embalagem) de doce aberta e cheia com cimento. Divida a superfície em quatro partes e pinte-as de branco e preto. No seu centro, deverá sair uma corda de nylon apoiada com arruelas e marcada de 10 em 10 centímetros. Para que seja feita uma medição da transparência de um corpo de água, desça o disco de Secchi lentamente até o ponto em que desapareça. Desçam- no um pouco mais e em seguida comecem a erguê-lo lentamente até o ponto em que reapareça (deve ser tomado como referência o surgimento da parte branca do disco). Nesse ponto, deve ser marcado na corda o ponto que ficou na superfície. Retirado o disco, é o momento de medir a quantos centímetros de profundidade pôde-se enxergá-lo. Quanto mais matéria em suspensão, como substâncias orgânicas, organismos microscópicos, argila, etc., mais interferência haverá na passagem de raios luminosos através da amostra. Assim, quanto mais centímetros forem necessários para enxergarmos o disco, mais limpa estará a água dessas matérias e, quanto menos mais cheia de impurezas. Num corpo d’água saudável, é comum apresentar transparências de 3-4 metros. Em águas muito poluídas, muitas vezes não chega a 50 centímetros. É importante que os alunos sejam estimulados a identificar as causas de poluição dos corpos d’água estudados e listem sugestões de alternativas de soluções, tornando a pesquisa um exercício de cidadania e de práticas educativas interdisciplinares. RESUMINDO No planeta Terra, a água é um recurso abundante. Entretanto, apenas uma ínfima porção desse recurso está disponível para o consumo humano. No caso brasileiro, excetuando-se o semi-árido nordestino, as demais regiões possuem disponibilidades em quantidades suficientes para as atividades industriais, irrigação e para o abastecimento doméstico. Todavia, a 16 TÉCNICAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL carência de saneamento e o lançamento de efluentes domésticos e industriais, sem qualquer tratamento, na grande maioria dos corpos d’água, resultam em extensa degradação da qualidade destas águas, definindo um quadro paradoxal de escassez. A educação ambiental é uma peça-chave para a minoração desse problema. LEITURAS COMPLEMENTARES Para um maior aprofundamento da temática da aula de hoje, sugerimos uma pesquisa na internet nos sites que já indicamos em aulas anteriores. Especificamente sobre água, você pode pesquisar nos seguintes: www.ana.gov.br – no site da Agência Nacional da Água, você encontrará documentos, textos e toda legislação brasileira com relação à água. www.agua.bio.br – neste endereço, você encontrará informações, dados, imagens, vídeos, textos e livros para download, etc., sobre educação ambiental. Há, por exemplo, textos relacionando água à História, Filosofia, Poesia, etc., que você poderá usar no seu trabalho como educador. AVALIANDO SEUS CONHECIMENTOS Quem é nordestino conhece os problemas que enfrentamos ou vemos as pessoas sofrerem por causa da pouca água que temos disponível. Nos últimos anos, tem havido calorosos debates sobre mais uma provável solução para o semi-árido 17 EDUCAÇÃO AMBIENTAL E RECURSOS HÍDRICOS nordestino: a transposição das águas do rio São Francisco. Assim, faça uma pesquisa e, com base nesta, identifique os aspectos apresentados como positivos e negativos nesse projeto. A seguir, faça um relatório com essas idéias, concluindo o trabalho com um posicionamento seu a respeito desse projeto. 18 TÉCNICAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL CONHECENDO AS REFERÊNCIAS CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO. Agenda 21. 3 ed. Brasília-DF: Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, 2003. DIAS, Genebaldo F. Educação Ambiental: princípios e práticas. 9 ed. São Paulo: Gaia, 2004. GEO BRASIL. Recursos hídricos: resumo executivo. Ministério do Meio Ambiente; Agência Nacional das Águas; Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Brasília/DF: MMA; ANA, 2007. Disponível em: < http://www.ana.gov.br/SalaImprensa/ projetos/Resumo%20e xecutivo.pdf> Acesso em 23 nov. 2007. MAGALHÃES, Paulo C. O custo da água gratuita. Ciência Hoje. v. 36, n. 211, dez. 2004. p. 45-49. PERSPECTIVAS DO MEIO AMBIENTE MUNDIAL GEO 3. Passado, presente e futuro. PNUMA/IBAMA, 2004. Disponível em: <http://www.worldwatch.org.br/geo_mundial_ arquivos/index.htm> Acesso em: 19 nov. 2006. Lista de Figuras Fig. 01 - http://meioambienteagua.pbwiki.com/f/agua.jpg Fig. 02 - http://www.proteger.org.ar/archivos/3gargantasClarin.jpg Fig. 03 - http://www.proteger.org.ar/doc492.html Fig. 04 - http://www.stralunato.com/images/pozo-india.jpg Fig. 05 - http://www.renascenca.br/Colegio/Cursos/EnsinoFund2/ProjAtividades/2004/webquest_ar_ agua/rio_poluido.jpeg Fig. 06 - http://www.geocities.com/olintorf/ave-petroleo.jpg Fig. 07 - http://www.oficinadaalma.com.br/postcards/postcards/Fotografias/seca.jpg
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