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Erosão Urbana

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See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/318381031
Impactos do uso irregular do solo urbano: degradação do solo por erosões
Book · June 2017
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401
3 authors, including:
Some of the authors of this publication are also working on these related projects:
Modeling Environmental Susceptibility of Municipal Solid Waste Disposal Sites, Case Study São Paulo State, Brazil View project
Modeling the environmental susceptibility of landfill sites in California View project
Anahi Sobral
National Institute for Space Research, Brazil
11 PUBLICATIONS   63 CITATIONS   
SEE PROFILE
Victor Fernandez Nascimento
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
26 PUBLICATIONS   85 CITATIONS   
SEE PROFILE
All content following this page was uploaded by Victor Fernandez Nascimento on 12 July 2017.
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Impactos do uso irregular do solo urbano 
Degradação do solo por erosão e alteração das propriedades físicas do solo 
em uma microbacia no município de Ourinhos/SP 
O presente livro foi originado do Trabalho de Conclusão de Curso de bacharel em 
Geografia de Anahi Chimini Sobral, apresentado no ano de 2011 a uma banca 
examinadora na Universidade Estadual Paulista, UNESP, Campus de Ourinhos/SP. 
Sumário
1 Introdução ................................................................................................................... 1
2 Solos: conceito e principais características físicas ..................................................... 3
2.1 Perfil de solo, horizontes e camadas .................................................................. 11
2.2 Latossolos ........................................................................................................... 14
2.3 Erosão ................................................................................................................. 16
2.4 Solos urbanos ..................................................................................................... 18
2.4.1 Depósito tecnogênico e antropossolos ......................................................... 22
3 Legislação ambiental ................................................................................................ 27
4 Planejamento como técnica de prevenção ao dano ambiental ................................. 41
4.1 Plano Diretor e seu papel no desenvolvimento e expansão urbana ................... 45
4.2 Obras do PAC e Plano Diretor do município de Ourinhos/SP: considerações a 
respeito da política de proteção ao meio ambiente .................................................. 47
4.3 Desenvolvimento sustentável ............................................................................. 54
5 Representação cartográfica: aplicação e novas tecnologias ..................................... 57
5.1 Sensoriamento remoto e fotointerpretação ......................................................... 59
5.2 Geoprocessamento ............................................................................................. 60
6 Estudo de caso: A área degradada por erosão urbana córrego Água da Veada .... 66
6.1 Caracterização das áreas de obtenção das amostras dos perfis de solo ............. 67
6.2 Procedimentos .................................................................................................... 73
6.3 Métodos de campo ............................................................................................. 74
6.4 Estaqueamento e monitoramento da erosão ....................................................... 75
6.5 Análises físicas: procedimentos laboratoriais .................................................... 76
7 Resultados e Discussões ........................................................................................... 77
7.1 Análises físicas do solo ...................................................................................... 80
7.2 Monitoramento da erosão ................................................................................... 88
7.3 Considerações sobre o Plano Diretor do município de Ourinhos/SP e da 
legislação pertinente ................................................................................................. 91
7.4 Mapas de uso do solo dos anos de 1972, 1984 e 2004 na microbacia do córrego 
Água da Veada .........................................................................................................92
8 Considerações finais ................................................................................................. 98
9 Referências ............................................................................................................. 100
1 
1 Introdução 
O processo de expansão urbana sem planejamento adequado e em locais 
inapropriados, como encostas íngremes e áreas de mananciais, podem resultar na 
degradação dos recursos naturais, em especial da cobertura vegetal, solo e água. 
Notoriamente, tem-se o estabelecimento de loteamentos em áreas que deveriam ser 
de preservação permanente, canalização de águas pluviais para locais inadequados e 
o intenso processo de impermeabilização do solo. Uma das consequências desses 
procedimentos é o estabelecimento de quadros erosivos, denominado erosão urbana. 
Nesse sentido, destaca-se a importância da elaboração de projetos de obras públicas 
e privadas que equilibrem desenvolvimento urbano e conservação ambiental, para 
que, desta forma, a expansão da malha urbana impacte de forma menos negativa os 
ambientes naturais. 
Constata-se que o solo é um dos recursos naturais mais afetados pelo 
processo de urbanização, abrindo caminho para a discussão acerca dos solos tidos 
como urbanos, bem como ao uso e ocupação. De acordo com Pedron et al. (2007) 
estes solos têm sobre eles um ambiente urbano, sendo que essa classificação 
independe do grau de alteração em que este solo se encontra. Nesse sentido, os solos 
no ambiente urbano tendem a alterações drásticas de suas características 
morfológicas, físicas, químicas e biológicas, tornando-se totalmente distintos 
daqueles que mesmo em ambiente urbano não tenham sofrido alterações 
(SCHARENBROCH et al., 2005, citado por DALMOLIN, 2006). 
Inserido nesse contexto é que se objetivou estudar uma área degradada por 
erosão hídrica às margens da Avenida Vitalina Marcusso, município de Ourinhos/SP 
(Figura 1). O objetivo geral baseia-se no estudo dos solos da erosão, a fim de 
compreender as alterações físicas sofridas pelo solo. Também objetivou-se entender 
a dinâmica de evolução da erosão urbana; para tanto foram elaborados mapas de uso 
e ocupação do solo na microbacia do córrego Água da Veada em períodos distintos. 
3 
Sendo assim, o objetivo geral deste trabalho foi, portanto, caracterizar 
fisicamente os solos degradados por erosão hídrica localizada na avenida Vitalina 
Marcusso, município de Ourinhos/SP bem como entender a evolução espaço 
temporal do processo erosivo. 
2 Solos: conceito e principais características físicas 
O recurso natural solo é de extrema importância para as atividades realizadas 
pelos seres humanos, admitindo diferentes conceituações conforme o uso que se faz 
dele. De acordo com Freire (2006), o interessado utiliza o conceito de solo de 
acordo com as diferentes perspectivas e interesses. Freire (2006, p. 1, 7) conceitua 
solo como: 
[...] um substrato natural dos ecossistemas terrestres, sendo 
fundamentalmente importante para a manutenção das 
comunidades vegetais e animais, além de que a sua eficiência 
funcional constitui um dos suportes da vida humana sobre a 
Terra, de segurança das nações e da estabilidade das 
sociedades. 
...um corpo natural, constituído por matéria mineral e por 
matéria orgânica, que apresenta horizontes desenvolvidos em 
consequência duma interação particular dos fatores 
formadores do solo, que cobre, de maneira mais ou menos 
contínua, a maior parte da superfície continental da Terra, que 
constitui o substrato natural de vida da maioria dos vegetais 
superiores, especialmente das plantas cultivadas. 
O referido recurso natural se forma a partir da ação de agentes intempéricos 
que modificam física e quimicamente as rochas e seus minerais quando expostos ao 
meio ambiente, sendo um processo natural de acumulação e evolução de 
sedimentos, que se depositam sobre as mais variadas formas de relevo. O 
intemperismo físico desintegra as rochas, enquanto que o químico altera sua 
composição e de seus minerais. É, portanto, sobre este material alterado, 
denominado material parental, que se formam os solos. A presença do material 
orgânico em decomposição é prioridade para se constituir um solo. Os principais 
4 
agentes envolvidos na formação dos solos são: o material de origem ou parental, 
clima, atividade biológica de organismos vivos, topografia e tempo (VIEIRA, 1988; 
BERTONI; LOMBARDI NETO, 2005). Bertoni e Lombardi Neto (2005, p. 37)
afirmam: 
O clima, representado pela chuva e temperatura, influi 
principalmente na distribuição variada dos elementos solúveis 
e na velocidade das reações químicas. A principal ação dos 
micro-organismos do solo é decompor-lhe os restos vegetais. 
A topografia influi pelo movimento transversal e lateral da 
água. A formação de um solo depende, naturalmente, do 
espaço de tempo em que atuam os diferentes fatores. 
Para Palmieri e Larach (2004, p. 66) o solo é constituído por corpos naturais 
tridimensionais, que resultam da interação entre clima e organismos, afetando o 
material de origem da rocha, configurando em um relevo que apresenta 
características que expressam processos e mecanismos relevantes na formação de tal 
recurso natural. Dessa forma, tem-se o solo como resultado das ações de agentes 
responsáveis pelo intemperismo, sendo que sua formação se dá através de elementos 
que configuram um processo natural marcado pela ação do clima, biosfera, rocha 
matriz, relevo e tempo (VIEIRA, 1988). O solo também compreende o substrato que 
serve de base para as interações animais e vegetais na superfície terrestre, servindo 
com fonte de geração de alimentos, de lucros, base para moradias e construções 
civis, além de ser elemento essencial no processo de especulação por parte de alguns 
proprietários. Devido a tantas transformações as quais as sociedades são submetidas, 
é que o elemento solo também se transforma, admitindo características antrópicas 
conforme a interação do homem, por exemplo, a evolução das cidades, falta de 
conservação em áreas rurais ou urbanas, entre outros. De acordo com EMBRAPA 
(1999, p. 5), os solos são: 
Uma coleção de corpos naturais, construídos por partes 
sólidas, líquidas e gasosas, tridimensionais, dinâmicos, 
formados por minerais e orgânicos, que ocupa a maior parte 
do manto superficial das extensões continentais do nosso 
planeta, contém matéria viva e podem ser vegetados na 
5 
natureza, onde ocorrem. Ocasionalmente podem ter sido 
modificados por atividades humanas. 
Kiehl (1979, p. 15) trabalha com conceito de solo de forma a caracterizá-lo 
ou fase dispersa, é predominante e formada por matéria orgânica e inorgânica, 
constituindo o matrix do solo; a fase líquida, ou fase dispersante, se trata da solução 
do solo, formada por água, sais e partículas coloidais suspensas; a fase gasosa é o ar 
do solo, ar este que se difere do ar atmosférico devido a proporção em percentagem 
dos seus componentes. Tal sistema acima descrito está intimamente relacionado 
com as principais propriedades físicas do solo, tais como a cor, textura, estrutura, 
consistência, densidade do solo, densidade da partícula, porosidade e cerosidade, as 
quais serão explicitadas a seguir. 
Cor: 
De ac
sobre o material de origem, conteúdo de matéria orgânica, condições de drenagens e 
teores de óxidos de Fe (fixação de P), dando uma ideia sobre a fertilidade geral do 
6) afirma que através da análise da cor do solo em campo, podem-
se realizar inferências acerca de seu comportamento. As diferentes tonalidades do 
solo ainda possibilitam a diferenciação dos horizontes em trabalhos de campo, sendo 
que durante a atividade de descrição morfológica tal propriedade é expressa em 
conformidade com a Tabela de Cores de Munsell, que de acordo com Lepsch (2002, 
p. 27): 
A cor deve ser descrita por comparação com uma escala 
consiste em perto de 170 pequenos retângulos com colorações 
diversas, arranjadassistematicamente num livro de folhas 
destacáveis. A notação de cor do solo é feita comparando-se 
um fragmento ou torrão de um determinado horizonte, com 
esses retângulos. Uma vez que se ache o de colorido mais 
próximo, anotam-se os três elementos básicos que compõe 
6 
uma determinada cor: matiz 
arco-íris, determinada pelos comprimentos de onda da luz, que 
é refletida na amostra. Valor medida do grau de claridade da 
luz ou tons de cinza presentes (entre branco e preto) variando 
de 0 (para o preto absoluto) a 10 (para o branco puro). Croma 
 proporção da mistura da cor fundamental com a tonalidade 
de cinza também variando de 0 a 10. 
Textura: 
A textura é dada pela parte sólida do solo, que pode ter aspecto grosseiro ou 
argiloso, conforme as características das partículas que o constituem. Segundo 
Resende et al. (2007), essa parte sólida ou inorgânica é composta por partículas tais 
quais, areia, argila e silte, constituintes da chamada terra fina, além de partículas 
composição granulométrica de um solo depende, como outros atributos, da rocha de 
origem e do grau de intemperização (i
significa que a textura expressa, na maioria dos casos, as características do material 
parental, podendo sofrer modificações devido a fenômenos erosivos ou 
deposicionais, fato correlacionado à ação antrópica. Oliveira et al. (1992, p. 35) 
permeabilidade, capacidade de troca de cátions, retenção de água, fixação de 
olos. No que se 
refere a essa pesquisa, utilizou-se o triângulo de identificação usado por Lepsch 
(2002) (Figura 2) 
7 
Figura 2: Triangulo utilizado para identificação da classe textural.
Fonte: Lepsch (2002) 
Estrutura: 
Freire (2006, p. 19) trabalha o conceito de estrutura afirmando a sua 
com a planta que vegeta no solo, com seu estagio de desenvolvimento e o tipo de 
manejo que lhe for aplicado. A estrutura, no entanto, modifica a manifestação de 
De acordo com Azevedo et al. (2006), a estrutura de um solo pode ser 
definida como sendo o resultado do arranjamento de suas partículas primárias, 
originando unidades estruturais. Tais partículas primárias se tratam de areia, argila, 
silte, entre outros, tais quais sais, minerais, matéria orgânica, que se agrupam de 
maneira a formar estas unidades denominadas agregados. Segundo Resende et al. 
(2007), se a massa do solo não apresentar uma estrutura definida ela é caracterizada 
como maciça ou como grãos soltos (presença de agregados não estáveis). 
Chaves e Calegari (2001) trabalham com o conceito de que a agregação do 
solo se dá a partir da união de partículas (argila-íon-matéria orgânica e silte) em 
unidades secundárias, sendo a estabilidade dos agregados caracterizada como 
resistência a uma ação degradante, particularmente da água. Esta agregação controla 
os movimentos internos de água, ar, calor e proliferação de raízes. A adição de 
resíduos vegetais, compostos orgânicos e roçada das plantas invasoras aumenta a 
8 
agregação das partículas do solo, sendo indicadas para solos depauperados. 
Silva e Mielniczuk (1997) já partem do pressuposto que a formação e 
estabilização dos agregados do solo ocorrem mediante a atuação de processos 
físicos, químicos e biológicos, os quais possuem mecanismos próprios de atuação, 
no qual envolvem substâncias atuantes na agregação e na estabilização do solo. 
Além das substâncias agregantes, existem os agentes de agregação, representados 
por clima, raízes, microrganismos entre outros. 
Consistência: 
Kiehl (1979) esclarece que a consistência de um solo é dada conforme seu 
teor de umidade, ou seja, ela varia a partir do estado de umidade do solo, que pode 
estar seco, úmido ou molhado. Freire (2006, p. 34) afirma que: 
Consistência é a manifestação das forças de adesão e coesão, 
que agem na massa do solo, em consequências de variações do 
teor de água. A medida que aumenta a concentração de solo no 
sistema solo-água, a massa passa a não fluir, manifestando-se 
as forças de adesão e coesão. Esses conceitos fazem com que a 
consistência inclua varias propriedades de solo, tais como: 
resistência à compressão, resistência ao cisalhamento, 
friabilidade, plasticidade e pegajosidade. 
Resende et al. (2007) apontam para a importância de tal propriedade em
relação ao manejo para a cultura agrícola dos mais variados tipos de solo, já que a 
identificação dessa propriedade confere a informação do ponto ideal para 
mobilização, limite este que caso não seja respeitado, certamente resultará num 
quadro de compactação e consequente vulnerabilidade à erosão hídrica. 
Densidade do solo 
específico dum corpo e o peso específico da água em condições normais de 
 Bertoni e Lombardi Neto (2005) afirmam, portanto, que a 
9 
densidade do solo é o volume do solo natural, incluindo os espaços ocupados pelo ar 
e pela água. Ela é variável e depende da estrutura e da compactação. Quanto menos 
estruturado e compactado for o solo, maior será o valor da densidade. Azevedo et. al 
(2006) aponta que a densidade do solo diminui conforme a profundidade do perfil 
devido à pressão das camadas subjacentes, provocando o fenômeno da compactação, 
o que reduz a porosidade e consequentemente restringe o crescimento das plantas. 
Tal propriedade é usada para analisar o grau de compactação e também medir as 
alterações na estrutura e porosidade do solo, fato que geralmente ocorre em solos 
urbanos. De acordo com Dalmolin et al. (2006), os valores os quais podem ser 
atribuídos para a densidade destes solos está entre 1,5 a 1,9 g. cm-3, podendo chegar 
a marca de 2,0 g. cm-3, fato que marca a modificação dos solos e da capacidade de 
retenção de água no perfil. 
Densidade da partícula 
Essa propriedade é caracterizada pela relação pautada entre a massa de uma 
amostra de solo e o volume ocupado por suas partículas sólidas, desconsiderando o 
fator porosidade, além de não variar conforme o manejo aplicado ao solo, pois 
depende da composição química e mineralógica do solo, além de estabelecer a 
predominância de componentes inorgânicos ou orgânicos em uma amostra 
(REINERT; REICHERT, 2006). Segundo Freire (2006, p. 28) a densidade da 
partícula dos solos brasile
do solo. Isso porque os minerais predominantes como o quartzo, feldspatos e as 
admite um intervalo de valores entre 2,3 e 2,9 kg.dm-3. A quantidade de matéria 
orgânica, quando em abundância, pode baixar consideravelmente o valor da 
propriedade em questão. 
Porosidade 
De acordo com Guerra (2005), a porosidade de um solo se dá pelo volume 
10 
não preenchido pelas partículas sólidas do mesmo, sendo este volume ocupado por 
água e ar, ou seja, ocorrem nestes espaços a transferência de partículas sólidas, 
líquidos, gases e atividades biológicas. Freire (2006) afirma que a relação de 
proximidade das partículas sólidas de um solo é responsável pela sua porosidade, 
sendo que constituintes afastados uns dos outros acarretam em alta porosidade e 
partículas muito próximas umas das outras tem como resultado a baixa porosidade 
em um solo. Além disso, o arranjamento das partículas sólidas também determina o 
tamanho dos poros, ou seja, a estrutura do solo é responsável pela sua porosidade. 
Selby (1985) citado por Bigarella (2007) salienta que a porosidade é aprimorada 
pela ação de organismos vivos, raízes de plantas ou pelo cultivo da terra; entretanto 
esta pode ser reduzida pelo afeito da compactação, que pode se dar através do uso de
maquinários agrícolas, pela selagem da superfície provocada pelo salpicamento, 
pois as partículas fragmentadas dos agregados do solo passam a ocupar os espaços 
cedidos pelos poros. 
Poros são espaços vazios entre os agregados do solo nos quais alojam a 
solução do solo e o ar, sendo que a distribuição relativa dos diferentes tamanhos de 
poros é função da estrutura do solo. A porosidade pode ser definida como o espaço 
do solo não ocupado pela matrix (componentes orgânicos e inorgânicos), 
dependendo diretamente da textura e daestrutura dos solos. A microporosidade é a 
principal responsável pela retenção da água, enquanto que a macroporosidade deixa 
a água escorrer com certa rapidez, passando os vazios a serem ocupados pelo ar. A 
perda de porosidade está associada á redução do teor de matéria orgânica, a 
compactação e ao efeito do impacto das gotas de chuva, fatores esses que, causando 
uma diminuição no tamanho dos agregados, reduzem, em consequência, o tamanho 
dos poros (BERTONI; LOMBARDI NETO, 2005). 
Cerosidade 
agregados estruturais do horizonte B em diferentes quantidades e graus de nitide
Já Resende et al. (2007, p. 68) partem do pressuposto de que cerosidade são 
11 
finíssimas películas de argila que se depositam sobre os horizontes inferiores, mas 
superfície dos blocos ou prismas, devido à alternância de expansão e contração do 
solo, além de que sua presença ou não em um solo está diretamente ligada com a 
capacidade de absorção de nutrientes pelas raízes. Santos et al. (2005, p. 33) a 
conceituam como: 
[...] de aspecto um tanto brilhante e ceroso de superfícies 
naturais que revestem as diferentes faces de unidades 
estruturais, manifestado freqüentemente por uma cor de matiz 
mais intenso, e as superfícies revestidas são usualmente livres 
de grãos desnudos de areia e silte. 
Segundo Oliveira et al. (1992) a sua ocorrência está relacionada aos 
horizontes B ou C, além de ser importante característica na determinação do 
horizonte B textural. 
Dessa forma, a partir do apresentado, foi possível observar características da 
formação dos solos, bem como sua conceituação na visão de diversos autores. 
Também foi discorrido acerca das principais propriedades físicas dos solos, trazendo 
conceitos e particularidades de cada uma delas. É importante destacar que estas 
características podem sofrer alterações conforme são incorporados materiais de 
origem tecnogênica, que modificam a morfologia dos solos. 
2.1 Perfil de solo, horizontes e camadas
O perfil de solo é constituído por seções verticais paralelas à superfície, que 
se aprofundam até alcançarem o material parental. Tais seções são denominadas 
horizontes e camadas (SANTOS et al., 2005; VIEIRA, 1988) (Figura 3). 
12 
Figura 3: Esquema de perfil de solo. 
Fonte: Centro de Referência Virtual de Professor 
processos de formação, guardando relação genética entre si dentro do perfil. Por 
convenção mundial, são representados pelas letras O, H, A, E, B e C da superfície 
em direção ao material de As camadas são pouco ou muito pouco 
trabalhadas pelos processos intempéricos, como a rocha e matéria orgânica em 
consequência da intensidade da vida no solo, da 
(VIEIRA, 1988, p. 120). Guerra (2004, p. 67-68), afirma que: 
O perfil de solo é a unidade de descrição e de exame de solos 
no seu ambiente natural. Compreende os horizontes 
pedogenéticos identificados, contidos numa seção vertical, 
desde a superfície do terreno até uma profundidade de 2 
metros, ou até o aparecimento de rocha em fase inicial de 
decomposição, ou não, caso esta ocorra numa profundidade 
menos que 2 metros (ou até o aparecimento de horizonte 
diagnóstico, caso este esteja a uma profundidade maior que 2 
metros). 
Kiehl (1979) trabalha com o pressuposto de que os perfis de solos são 
formados através do intemperismo físico e químico submetido às rochas, formando 
13 
material alterado em sua composição, mas que guarda características da rocha-mãe. 
Este material poderia se movimentar de maneira mecânica ou dissolvido em água do 
solo ou das chuvas, formando por remoção e/ou deposição diferentes horizontes. 
A partir daí tem-se que um perfil de solo é formado por seus horizontes e 
camadas, que podem ser diferenciadas em campo através de alguns critérios tais 
p. 120). Em laboratório as amostras podem ser 
submetidas às análises físicas, químicas e mineralógicas, para que, dessa forma, 
resultados acerca de suas diferenciações sejam obtidos. 
Um solo bem desenvolvido, comumente apresenta os seguintes horizontes: 
Horizonte O
ou camada orgânica superficial constituída de restos orgânicos pouco ou não 
decompostos, formado em ambiente bem drenado ou ocasionalmente saturado com 
Horizonte H: Santos et al. (2005) afirmam ser este horizonte de 
característica orgânica cujo material pode se encontrar nas mais diversas formas de 
decomposição, podendo ser superficial ou não, ocorrendo em áreas nas quais houve 
estagnação de água por tempo prolongado. 
Horizonte A: Segundo Oliveira (1992) o horizonte A é superficial e tem 
características minerais com acúmulo de matéria orgânica junto à superfície. Trata-
se da porção do solo de maior interesse no cultivo de plantas, já que é notável a 
intensa movimentação da macro e micro flora e fauna, que produzem matéria 
orgânica. Sua coloração é mais escura em relação aos horizontes subjacentes, sendo 
que sua espessura é variável, podendo atingir, em alguns casos, cerca de 100 cm de 
profundidade. 
Horizonte E: De acordo com Streck et al. (2008), se trata de horizonte 
mineral cuja coloração é mais clara devido à perda de argila, óxidos de ferro ou 
matéria orgânica, elementos estes que foram transferidos para o horizonte B por 
eluviação. Caracterizado por concentração residual de areia, ocorrendo, geralmente, 
14 
abaixo do horizonte A ou O. 
Horizonte B: De acordo com Oliveira (1992), este se trate de um horizonte 
mineral, dotado de propriedades pedogenéticas estáveis devido a sua localização ao 
longo do perfil, fato que o configura como sendo um horizonte que normalmente 
não sofre com perdas, já que suas transformações ocorrem a partir de alteração e 
decomposição do material de origem. É tido como horizonte diagnóstico na 
determinação de classes de solo do Brasil. 
Horizonte C: Santos et al. (2005) afirmam que são identificados como 
camadas de sedimentos, saprolito, material de rocha não consolidado e outros 
materiais de rocha não cimentados que não apresentam resistência forte quando 
escavados ou cortados com uma pá. 
Camada R: rocha inalterada. 
2.2 Latossolos 
Baseado no Mapa Pedológico do Estado de São Paulo, EMBRAPA (1999) 
predomina no município de Ourinhos os Latossolos Vermelhos. Os Latossolos são 
formados por material mineral e apresentam horizonte B Latossólico, 
imediatamente abaixo de qualquer tipo de horizonte A ou superficial, dentro de 2 a 
3 m da superfície do solo conforme a espessura do horizonte A (EMBRAPA, 
2006). A textura varia de argilosa a média e a coloração predominante é 
avermelhada. Possuem, em sua maioria, boas propriedades físicas, com porosidade 
total apresentando valores entre 50-60 % e, consequentemente, boa drenagem 
interna, inclusive nos exemplares de textura argilosa (LEPSCH, 2002). Streck et al. 
(2008) conceituam Latossolos como sendo solos profundos, bem drenados com 
pouca diferenciação de um horizonte para outro, alto grau de intemperismo, o que 
acarreta na presença de argila de baixa atividade, pouca retenção de bases e relativa 
ausência de minerais primários intemperizáveis. Apresenta perfil com sequencia de 
horizontes A-Bw-C, sendo o Bw horizonte diagnóstico dos Latossolos. Estes solos 
geralmente apresentam acentuada acidez e baixa reserva de nutrientes. Segundo 
Streck et al. (2008, p. 208), comentando a respeito do horizonte Bw ou B 
15 
latossólico: 
É caracterizado por ser um horizonte B sem gradiente textural 
em relação ao horizonte A, bem drenado, com estrutura em 
blocos fraca a moderada ou microgranular forte, argila de 
baixa atividade (<17 cmolc/kg de argila); baixo teor de 
minerais intemperizáveis (< 4%) e de fragmentos de rochas (< 
5%), com textura franco-arenosa ou mais argilosa. 
Característica marcante dos Latossolos é a transição difusa ou gradual entre 
seus horizontes, o que acarreta em pequena variação morfológica. Localizam-se em 
relevos suavemente ondulados a ondulados, apresentando variação de declividade 
entre 2 % e 15 % (NUNES, 2003). Oliveira(1999) afirma que devido à elevada 
permeabilidade interna e a baixa capacidade adsortiva desses solos, estes podem ser 
caracterizados como pouco filtrantes, o que acarreta, apesar de sua espessura, em 
grande possibilidade de contaminação dos aquíferos por material tóxico nele 
depositado. 
Os Latossolos apresentam quatro subordens: brunos, amarelos, vermelhos e 
vermelhos amarelos, que se dividem em grandes-grupos, que por sua vez 
subdividem-se novamente em subgrupos. Na área de pesquisa, baseado no Mapa 
Pedológico do Estado de São Paulo (EMBRAPA, 1999), existe predominantemente 
parte do 1999). 
Dessa forma, tem-se explicitado as principais características dos Latossolos, 
sendo esta a classe de solo predominante no Estado de São Paulo (OLIVEIRA, 
1999). É pertinente esclarecer que os horizontes do solo, bem como suas 
características físicas, podem ser modificados pela ação antrópica na medida em que 
há, na sua configuração, adição de materiais. Estes, ao serem incorporados ao solo, 
passam a se comportar como depósitos com materiais tecnogênicos, formação 
somente possível devido a interferência humana, fato que modifica a paisagem e 
traz, por exemplo, informações históricas do processo de ocupação e formação de 
núcleos urbanos. 
16 
2.3 Erosão 
Uma das formas de degradação dos solos é o estabelecimento de quadros 
erosivos em encostas. O processo erosivo consiste na desagregação, transporte e 
deposição de sedimentos em sopés de encostas ou em cursos hídricos. Pode se 
manifestar de diversas maneiras: erosão laminar, ravinas e voçorocas. É um 
fenômeno geológico que ocorre independente da ação humana, entretanto, pode ter 
seu equilíbrio rompido a partir das intervenções antrópicas. 
No Brasil, a erosão hídrica é o processo mais comum de erosão. Esta se dá a 
partir do escoamento pluvial e tem como principais causas de ocorrência o impacto 
das gotas de chuva em terreno descoberto e o resultante desprendimento das 
partículas do solo. Erosão é, portanto, o processo de desprendimento, arraste e 
deposição das partículas do solo causado pela água e pelo vento (BERTONI; 
LOMBARDI NETO, 2005). 
Guerra (2005) afirma que o inicio do processo erosivo é estabelecido devido, 
principalmente, à ruptura dos agregados quando da ação do splash ocorrida nos 
solos descobertos, o qual depende tanto da resistência do solo ao impacto das gotas 
de chuva quanto da erosividade da chuva. Os agregados rompidos são facilmente 
carreados pelo escoamento superficial, que se intensifica a partir da selagem do solo,
dificultando a infiltração das águas pluviais e formando poças que se rompem e 
processo de infiltração resulta das relações de interdependência dos mecanismos de 
entrada na superfície do solo, de estocagem dentro do solo e de transmissão de 
umi
lineares que concentram o escoamento provocando a formação de microrravinas, 
que podem evoluir até o estágio mais avançado da degradação: as voçorocas. 
Entretanto, de acordo com Salomão (2005), a formação de voçorocas está 
relacionada principalmente à junção de fatores naturais, como a susceptibilidade do 
solo a ser erodido, e de uso e ocupação a que o solo é submetido. O referido autor 
afirma que as voçorocas se dão quando existe a atuação concomitante das águas 
17 
superficial, erosão interna, solapamentos, desabamentos e escorregamentos, que se 
conjugam no sentido de dotar essa forma de erosão de elev
(SALOMÃO, 2005, p. 230). 
De acordo com Perusi (2004), ela ocorre devido ao desequilíbrio do sistema 
água/cobertura vegetal/solo, iniciando-se com o impacto das gotas de chuva nos 
agregados do solo, rompendo-os e tornando-os vulneráveis ao escoamento 
superficial, podendo formar canais de escoamento passíveis de evolução em ravinas 
e voçorocas, tanto em ambientes rurais quanto em sítios urbanos, além de ser 
responsável pela remoção das partículas coloidais do solo, ou seja, a argila e matéria 
orgânica, que exercem importante papel no transporte de nutrientes, água e sais 
minerais, prejudicando o crescimento de plantas já que a fertilidade do solo é 
reduzida. 
Quando ocorrida nos sítios urbanos, essa degradação deflagrante do solo 
recebe o nome de erosão urbana, que se associa à ineficiência e inadequação das 
políticas de planejamento e desenvolvimento urbano no que diz respeito às praticas 
de parcelamento e utilização do solo para a construção civil. Ramos (1995) citado 
por Silva et al. (2003-2004, p. 
48) afirma que: 
A erosão e o transporte de sedimentos superficiais de uma 
região urbanizada diferem significativamente dos processos 
que ocorrem em regiões onde o uso do solo é 
predominantemente para fins rurais. Nas áreas urbanas, 
embora possam ocorrer modalidades de erosão semelhantes às 
áreas rurais, predominam aquelas decorrentes da concentração 
de fluxo, principalmente em razão de deficiências do sistema 
de drenagem. 
Ainda em relação à erosão urbana, Salomão (2005) afirma que além de 
representar áreas susceptíveis a acidentes, elas são assemelhadas erroneamente a 
depósitos de lixos urbanos e lançamento de esgoto. Muitas vezes esta deposição 
vem na intenção de controlar a sua evolução, sendo esta prática de resultados 
fracassados, já que transforma o quadro erosivo em foco de doenças agravando 
18 
ainda mais o dano ambiental a elas arrolado. 
2.4 Solos urbanos 
corresponde ao homem e às suas atividades, características intrinsecamente 
relacionadas. Corrêa (1989), citado por Rocha e Foresti (1998), afirma que o uso do 
solo apresenta-se como um reflexo das relações socioeconômicas estabelecidas em 
um território e, dessa forma, demonstram a apropriação da natureza pelo homem e 
as alterações que a ela são impostas. Partindo-se do pressuposto apresentado, pode-
se afirmar que na cidade de Ourinhos/SP, o processo de apropriação do território e 
sua consequente urbanização se dão, muitas vezes, de maneira inapropriada, 
acarretando em degradação e sucateamento de áreas periféricas cuja presença de 
nascentes e córregos remete, devido a essas características, à preservação do 
ambiente. 
De acordo com Pedron et al. (2007, p.147), o solo, formado a partir da 
interação de diversos fatores, se configura como um dos recursos naturais mais 
afetados pela urbanização. Os autores complementam: 
[...] o solo apresenta funções vitais para o sistema urbano 
como, por exemplo, suporte as obras de engenharia e vida 
vegetal, além de atuar como um filtro natural, regulando o 
ciclo hidrológico e impedindo que diversas substâncias 
tóxicas sejam dispersadas no meio ambiente. Assim, a 
maioria das atividades resultantes do processo de urbanização
afetarão diretamente o recurso solo, com maior ou menor 
intensidade, podendo muitas vezes aumentar o grau de 
degradação do ambiente, afetando também a qualidade de 
vida da população. 
A partir daí é possível a denominação solos urbanos, que, de acordo com 
Pedron et al. (2007) nada mais é senão aqueles solos que se encontram no meio 
urbano e que podem ou não ter sofrido modificações devido à ação humana. Para 
os solos que sofreram mudanças devido a ação humana, o referido autor recomenda 
19 
o uso da nomenclatura solos antrópicos, configurados, portanto, como aqueles 
Gomes et al. (2008), definem os solos antrópicos ou Antropossolos como aqueles 
que apresentam densa intervenção humana através da incorporação de materiais 
inativos e/ou a remoção parcial do solo, que devem apresentar pelo menos 40 
centímetros de profundidade como resposta à essa intervenção. 
Santos Júnior (2008, p. 04) afirma que os solos urbanos podem ser definidos 
como: 
[...] material mineral e/ou orgânico não consolidado na 
superfície da Terra com alteração seja por mistura, deposição 
ou contaminação por materiais diversos ocasionadas por 
atividades humanas em áreas urbanas ou urbanizadas e não 
relacionadas a produção agrícola, capaz de suportar o 
desenvolvimento de plantas (CRAUL, 1992; BOCKHEIM,1974 e FANNING; STEIN; PATTERSON, 1978). 
Para estes solos, que estão diretamente em contato e servem de suporte para 
o processo de crescimento das cidades, é que, de acordo com Martins (s.a) deve 
haver políticas e medidas de conservação que impeçam ou ao menos minimizem a 
sua degradação, bem como ações que promovam o aproveitamento racional das 
suas potencialidades. É nesse contexto de urbanização constante e degradação do 
recurso natural solo que a área estudada está inserida. Pode-se, então, afirmar que o 
quadro de degradação hoje encontrado está relacionado com a criação de um 
território desordenado no que diz respeito à gestão e planejamento. Nefussi e Licco 
(2005, p. 1) afirmam que: 
Desde os anos 50, a formação das cidades brasileiras vem 
construindo um cenário de contrastes, típico das grandes 
cidades do Terceiro Mundo. A maneira como se deu a criação 
da maioria dos municípios acabou atropelando os modelos de 
organização do território e gestão urbana tradicionalmente 
utilizados, e mostrou-se inadequada. O resultado tem sido o 
surgimento de cidades sem infraestrutura e disponibilidade de 
serviços urbanos capazes de comportar o crescimento 
provocado pelo contingente populacional que migrou para as 
20 
cidades. 
Baseado nessa afirmação pode-se aferir que o ambiente urbano abarca com 
ele não somente problemas de ordem social e econômica, o reflexo da falta de 
planejamento e manejo da infraestrutura básica como, por exemplo, o saneamento, 
que é precário em diversos municípios, também causa problemas de ordem
ambiental, estando, portanto, as questões sociais entrelaçadas às questões 
ambientais. Nefussi e Licco (2005, p. 2) ainda complementam: 
Quando se trata do urbano, a complexidade do que se 
denominam problemas ambientais exige tratamento especial e 
transdisciplinar. As cidades não são apenas espaços onde se 
evidenciam problemas sociais. O próprio ambiente construído 
desempenha papel preponderante na constituição do problema, 
que transcende ao meio físico e envolve questões culturais, 
econômicas e históricas. 
As palavras de Nefussi e Licco (2005) fazem concluir que a expansão das 
cidades e consequente mau uso do solo em ambiente urbano é o responsável pelos 
quadros de degradação do recurso natural em questão. Essa degradação faz alusão a 
diversas modificações as quais os solos passam e remetem a implicações no 
ambiente urbano devido às alterações sofridas pelas propriedades físicas e químicas 
dos solos. 
Uma dessas modificações, de acordo com Schleuß et al. (1998), citado por 
Pedron et al. (2004), tem caráter morfológico e diz respeito a alterações ocorridas 
devido a retirada de camada superficial do solo e/ou adição de materiais no intuito 
de reconstituir o solo perdido. Nessas condições o solo passa a ser heterogêneo, já 
que diferentes materiais com diferentes dimensões e texturas foram a ele 
introduzidos, fato que acarreta interferências no regime hídrico e térmico do solo, 
afetando também a capacidade na manutenção de plantas e a resistência à erosão e 
escorregamentos. 
Dias Júnior (2000) aponta que a compactação dos solos é um fenômeno que 
está relacionado com a diminuição do volume e consequente aumento da densidade 
do solo, já que há, por meio da compactação, a redução do tamanho dos poros. 
21 
Dessa forma, entende-se que a compactação dos solos reflete de maneira prejudicial 
sobre a porosidade do solo, a qual vai nortear o uso do solo no ambiente urbano. 
Bertoni e Lombardi Neto (2005) afirmam que a diminuição da porosidade pode 
aumentar o escoamento superficial das águas pluviais, facilitando a concentração de 
fluxos e possível formação de processos erosivos. 
Pedron et al. (2004) afirmam ser os processos erosivos e os deslizamentos de 
encostas fenômenos naturais intensificados pela ação antrópica, que podem se dar, 
por exemplo, pelo errôneo parcelamento do solo e a não observância da sua aptidão 
de uso, ou seja, os solos urbanos são afetados pelo mal planejamento e sofrem 
consequências que atingem, principalmente, a população que vive em áreas 
inadequadas e que muitas vezes deveriam ser destinadas a proteção permanente. 
Outra forma de degradação do solo em ambiente urbano é poluição do mesmo 
através de substâncias que podem afetá-lo de forma predatória. Essa contaminação 
se dá pelo contato direto ou indireto com poluentes orgânicos (derivados do 
petróleo) ou inorgânicos (chumbo, cádmio, níquel, entre outros) (PEDRON et al., 
2004). Por último, o solo é visto também como vetor de transmissores de doenças, já 
que este atua como suporte para bactérias, protozoários, entre outros transmissores. 
A FUNASA (1992) aponta como principais doenças a ascaridíase, ancilostomíase, 
esquistossomose, salmonelose, entre outras (PEDRON et al., 2004). 
Sendo assim, Craul (1985) citado por Novais et. al (2000), afirma que os 
solos urbanos são peculiares por apresentar características tais quais a modificação 
de sua estrutura; quadros de compactação; superfície descoberta; variedade vertical 
e horizontal; modificação da temperatura, do pH específico de cada tipo de solo, da 
atuação dos organismos presentes, infiltração e porosidade; interrupção de ciclagem 
de nutrientes; adição de materiais antrópicos e outros contaminantes. Santos Junior 
(2008) afirma que, segundo Curcio et al. (2004) características como menor 
capacidade de resiliência e uma possível elevação do potencial de contaminação de 
aqüíferos, bem como maior suscetibilidade à erosão e comportamentos geotécnicos 
discrepantes também são feições de solos altamente antropizados. Pedron et al. 
(2004, p. 1652) concluem: 
22 
Problemas como a compactação, a erosão, a poluição, 
inundações e deslizamentos no meio urbano podem ser 
provocados pela utilização inadequada do recurso solo, 
resultante da falta de conhecimento do seu comportamento 
quando submetido às aplicações urbanas. Portanto, o solo deve 
ser utilizado conforme sua aptidão de uso, observando suas 
potencialidades e respeitando suas limitações e fragilidades.
Em todos estes eventos, há uma degradação da qualidade de 
vida, e em muitos, os prejuízos são irreparáveis ou sua 
recuperação é inviável. Neste sentido, é necessário maior 
investimento no estudo e na divulgação do uso do solo e seus 
efeitos no meio urbano. 
2.4.1 Depósito tecnogênico e antropossolos 
Os depósitos tecnogênicos podem ser considerados como resultantes de um 
processo de ocupação do relevo, levando em consideração a ação antrópica como 
agente direto ou indireto na modelagem da paisagem. Essa apropriação do relevo, de 
forma a incorporar características tecnogênicas pode ser inserida, de acordo com a 
classificação de Ross (1992), no sexto táxon. Fujimoto (2005, p. 78) afirma:
Esse táxon engloba as formas menores produzidas pelos 
processos morfogenéticos atuais e quase sempre induzidos 
pela ação humana, como os sulcos erosivos, os cones de 
dejeção tecnogênicos e as cicatrizes de solapamento; ou as 
pequenas formas do relevo que se desenvolvem por 
interferência antrópica ao longo das vertentes, como os cortes 
e os aterros. 
 
Peloggia (2005) afirma existir três níveis da ação humana sobre o meio, 
capazes de modificar a morfologia da paisagem: a modificação do relevo, a
alteração da dinâmica geomorfológica e a criação de depósitos correlativos similares 
aos do quaternário (depósitos tecnogênicos), tendo como base ações denominadas 
tecnogênese. A tecnogênese está inserida num contexto que trás a proposta da 
sociedade passa a empreender determinadas ações no ambiente, ocasionando 
23 
homem como força significativa na intervenção da construção da 
Os depósitos tecnogênicos são classificados conforme a categoria de 
material depositado. Podem ser do tipo úrbico (tijolos, vidros, concreto, asfalto, 
pregos, plásticos, metais diverso, etc.), gárbico (material detrítico com predomínio 
de lixo orgânico), espódico (resultado de operações de terraplanageme 
(FANNING; FANNING, 1989, citados por PELOGGIA, 1998). Já Oliveira (1990), 
citado por Peloggia (1998, p. 73), afirma a existência de três classes principais de 
alterados tecnogenicamente por efluentes, adubos, 
feições de diferentes materiais acionados ao meio ambiente, que muitas vezes, ao 
incorporarem o recurso natural solo, modificam sua morfologia e características 
químicas e biológicas. 
Segundo Oliveira et al. (2005) os depósitos dos ambientes modificados pelo 
homem, muitas vezes depósitos tecnogênicos, testemunham não só ambientes 
antropizados, mas também seus processos geradores e modificadores das paisagens 
atuais nas quais estão inseridos. Tais depósitos são oriundos de acordo com o uso e 
manejo que se aplica ao solo. 
Em áreas urbanas, a implantação de conjuntos residenciais pode deixar seus 
registros históricos nas planícies aluviais a partir do acúmulo de restos de materiais 
de construção, movimentos de terra (terraplanagem), lixo, esgoto clandestino, 
sedimentos acumulados ao logo dos cursos hídricos, etc. Fujimoto (2002, s.n.) 
afirma que durante o processo de expansão urbana, fato notório nos dias atuais, 
 [...] são introduzidas uma grande quantidade de novos 
materiais e equipamentos que acompanham o seu crescimento 
populacional e suas atividades econômicas, articuladas com o 
espaço urbano. Entre as principais alterações introduzidas no
espaço construído, as mais comuns são: retirada da cobertura 
vegetal, construção de novas formas de relevo, aumento da 
24 
edificação, acréscimo de escoamento superficial, rugosidade 
da superfície, lançamento concentrado e acúmulo de partículas 
e gases na atmosfera e produção de energia artificial, 
modificando elementos naturais, como o clima, a ar, a 
vegetação, o relevo e a água. 
Nesse sentido, Perusi e Bergamaschi (2008), analisando os depósitos
tecnogênicos ao longo do córrego das Furnas, município de Ourinhos/SP, 
constataram que 19,55 % dos materiais encontrados em pontos estratégicos do 
referido córrego são de origem tecnogênica, oriundos do processo de transporte e 
deposição de restos de materiais de construção, resíduos sólidos urbanos, dentre 
outros, configurando um quadro de degradação da planície aluvial do referido 
córrego. 
Atrelado a esse conceito está a proposta da Embrapa (2004) em criar uma 
nova classe de solos Antropossolos. Segundo Pedron e Dalmolin (2002) esses 
solos são formados devido as mais diversas transformações e intervenções impostas 
pelo homem ao ambiente. Curcio et AL. (2004, p. 10-11) citam: 
No entanto, o homem, através de suas profundas intervenções 
no ambiente, tem gerado ao longo de milhares de anos, em 
escala crescente, volumes pedológicos com características 
muito discrepantes dos solos naturais. Esses volumes guardam 
características muito distintas entre si, tendo em vista a 
natureza diversa de seus constituintes, técnicas de composição 
e tempo de formação. Em razão dessa ampla variação, é de se 
esperar que possuam peculiaridades muito diferenciadas, 
imprimindo, no tocante às formas de uso, potencialidades e 
fragilidades, bastante variáveis. Além disso, em sua grande 
maioria, possuem comportamentos diferenciados quando 
comparados aos solos naturais, sobretudo, porque possuem 
menores capacidades de resiliência, elevam o potencial de 
contaminação do aquífero e suscetibilidade à erosão, além de 
comportamentos geotécnicos discrepantes. 
Os referidos autores conceituam Antropossolos como: 
Volume formado por várias ou apenas uma camada antrópica, 
desde que possua 40 cm ou mais de espessura, constituído por 
material orgânico e/ou inorgânico, em diferentes proporções, 
25 
formado exclusivamente por intervenção humana, 
sobrejacente a qualquer horizonte pedogenético, ou saprólito 
de rocha, ou rocha não intemperizada. Constituem volumes 
com morfologia muito variável em razão da natureza de seus 
materiais constitutivos, técnicas de composição e tempo de 
formação. Em geral, apresentam pequeno grau de evolução, 
caracterizado pela pequena relação pedogenética entre as 
camadas. A saturação iônica do complexo sortivo é bastante 
variável e depende, principalmente, do tipo de material 
utilizado em sua formação, além das características do 
material de solo remanescente. É muito comum ser 
identificada a presença de materiais tóxicos e sépticos em sua 
composição. A drenagem é bastante diversa, e está 
diretamente relacionada à natureza e à quantidade dos 
materiais constitutivos, técnica de estruturação para formação 
do volume, bem como do ambiente de deposição (CURCIO et 
al., 2004, p. 21). 
De Kimpe et al. (2000) citado por Pedron e Dalmolin (2002) afirmam que os 
solos urbanos geralmente são caracterizados pela presença de materiais de origem 
ferros, concretos, restos de pavimentos e materiais plásticos, assim como a 
(PEDRON; DALMOLIN, 2002, s.n). Além disso, é comum a remoção ou adição de 
horizontes nesses solos, sendo que isto pode alterar os aspectos físicos e químicos 
dos mesmos. 
Devido às características apresentadas é que Curcio et al. (2004) afirmam 
que, atualmente, essa é a classe de solos em maior expansão no mundo, sendo que 
devido a essa proporção de ocorrência é que cresceu o interesse em estudar essas 
formações pedológicas para que dessa forma seja possível o aproveitamento e os 
tipos de uso que podem ser atribuídos à eles, já que estes podem apresentar, como 
características, horizontes decapitados, variação nas propriedades físicas e químicas, 
entre outras características discrepantes. É daí que vem a necessidade de se criar 
essa classe de solo e classificá-los de maneira que seja possível a identificação de 
cada um em uma ordem taxonômica. Os referidos autores relatam que quando 
encontradas apenas uma das condições diagnósticas, como inversão, remoção ou 
26 
mistura de horizontes; presença de materiais antrópicos, tóxicos e sépticos e 
modificações na paisagem de ordem granulométrica e química, é possível implicar a 
este solo sinais nítidos de antropogênese. 
É importante salientar que a Embrapa (1999) apresenta a categorização de 
horizontes/camadas tidos como A antrópico por trazerem modificações intensas de 
suas características originais. Para tanto tem-se que, de acordo com Curcio et al. 
(2004, p. 19-20), os materiais antrópicos e as camadas antrópicas são, 
respectivamente: 
[...] materiais de natureza mineral ou orgânica produzidos pela 
atividade humana, envolvendo, entre outros, plásticos, papéis, 
ossos, vidros, cerâmicas, concreto, materiais de reboco, caliça 
e embalagens diversas. [...] camada com menos de 40 cm de 
espessura, resultante de estruturação induzida, exclusivamente 
pelo homem, identificada tanto em situação de superfície 
como de subsuperfície. 
A partir dessa discussão, é importante salientar que os conceitos 
antropossolos e depósitos tecnogênicos são semelhantes. Entretanto, a origem dessas 
duas definições remonta a escolas diferentes. Para a Geologia é utilizado o conceito 
de depósitos tecnogênicos que, segundo Rohde (1996) citado por Rossato e 
Suertegaray (2000) faz alusão ao surgimento do Quinário, período que teria como 
característica a sobreposição do homem à natureza, ou seja, a atividade humana 
seria tal que ultrapassaria os limites do tempo geológico e implicaria à paisagem 
suas formações de caráter antrópico. A Agronomia utiliza o conceito antropossolo, 
que segundo Embrapa (2004) faz alusão à modificação das características físicas, 
químicas e biológicas dos solos devido a atividades humanas degradantes. 
Fica clara, então, a importância da inserção da classe de solos Antropossolos 
e como esta se relaciona diretamente aos depósitos tecnogênicos, já que as duas 
classificações são semelhantes devido a presença da ação humana degradante, além 
das alterações ocorrentes trazerem como características a degeneração do recurso 
natural solo, transformando-o em ambientes instáveis e muitas vezes inapropriadospara cultivo, construção civil, entre outros usos, modificando os aspectos naturais 
27 
dos solos urbanos ou rurais. Também fica evidente a importância de uma legislação 
ambiental eficaz pautada em princípios coerentes, ou seja, uma legislação capaz de 
proteger o ambiente como um todo. 
3 Legislação ambiental 
Em relação ao contexto na qual a área degradada situada à Avenida Vitalina 
Marcusso está inserida e aos constantes quadros de degradação ambiental hoje em 
dia reconhecidos, fica evidente a importância de elementos que expliquem, 
justifiquem e exerçam o papel de proteção do meio ambiente como um todo. É nesse 
sentido que se tem, como forma de respaldo às questões referentes a essa temática, o 
Direito Ambiental. Milaré (2001), citado por Phillipi Jr. e Rodrigues (2005), 
afirmam ser o Direito um elemento de grande importância quando do controle de 
um jogo de interesses que tem como principal objetivo a apropriação dos mais 
variados recursos naturais, usando ferramentas como penalidades e imposições 
oficiais na tentativa de se estabelecer o mínimo de ordem quando da tutela dos bens 
ambientais, sem deixar de lado as consequências que as errôneas apropriações 
implicam ao meio ambiente tanto humano como natural. Já Machado (2006, p. 129-
130) afirma ser esta nuance do Direito responsável pela: 
[...] articulação da legislação, da doutrina e da jurisprudência 
concernentes aos elementos que integram o ambiente (...). Não 
se trata mais de construir um Direito das águas, um Direito da 
atmosfera, um Direito do solo, um Direito florestal, um Direito 
da fauna ou um Direito da biodiversidade. O Direito 
Ambiental não ignora o que cada matéria tem de específico, 
mas busca interligar estes temas com a argamassa da 
identidade dos elementos jurídicos de prevenção e de 
reparação, de informação, de monitoramento e de participação. 
A partir daí, todas as relações sociais e as ações humanas direcionadas tanto 
para seu íntimo quanto ao ambiente são, de alguma forma, permeadas pelo aparato 
de leis disponíveis que regulamentam e sistematizam regras construídas socialmente 
e que estão interligadas às mais variadas ações realizadas pelas pessoas. No que diz 
28 
respeito à questão ambiental é necessário o reconhecimento da sociedade e do 
próprio Estado quando da viabilidade das aplicações e decisões do poder público. 
Dessa forma reconhece-se o Homem como parte integrante da natureza, que 
deve buscar harmonia entre as relações existentes no meio humano e natural. É 
referente à valorização e amparo à natureza e aos recursos naturais que se imprimiu 
a necessidade de sistematizar uma série de medidas que os protegessem, bem como 
penalizassem os indivíduos que desrespeitassem o equilíbrio ou desfrutassem 
inadequadamente do meio ambiente e de seus elementos. Essa sistematização reflete 
um avanço no que diz respeito às questões ambientais, e mesmo que muitas questões 
devam ser discutidas e reavaliadas toma-se como de extrema importância a 
existência de parâmetros que regem as questões ambientais. 
A valorização da proteção dos recursos naturais, calcada em uso e manejo
adequados dos mesmos, é advinda da preocupação em relação à qualidade e uma 
possível escassez destes recursos, se caracterizando como uma nova forma de 
encarar as questões ambientais. Para Moreira (1997), essa nova nuance é recente e 
ganhou projeção mundial a partir do ano1970, ano este proclamado pela 
Organização das Nações Unidas (ONU) como sendo o Ano do Meio Ambiente, 
culminando em sucessivas conferências que discutiam a respeito do futuro do 
planeta e do desenvolvimento econômico combinado com preservação do meio 
ambiente. 
Moreira (1997) afirmou existir, a partir dessa época, diferentes posições 
norteadoras que abordavam a questão ambiental. Essas abordagens traziam 
diferentes soluções aos problemas ambientais, evidenciando: 
[...] ora a paralisação do crescimento populacional, ora a 
paralisação do crescimento econômico, ora a correção de 
danos ambientais, ora a desocupação humana de alguns 
ecossistemas, ora a redistribuição de poder e de recursos 
produtivos, ora a sustentabilidade ambiental e social. Mas, 
estas abordagens têm em comum o mesmo conceito de 
ambiente, ou seja, as relações dos homens com a natureza para 
preservação dos recursos naturais (MOREIRA, 1997, p.2). 
29 
Devido às discussões em relação a assuntos referentes ao meio ambiente e 
sua conservação é que se instituíram, no Brasil, leis que visam assegurar a validade 
do direito a um meio ambiente equilibrado, assim previsto pela Constituição Federal 
(CF) atual. Assim, tem-se no artigo 225, Capítulo VI da citada constituição, as 
proposições legais a respeito do Meio Ambiente: 
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia 
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à 
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as 
presentes e futuras gerações. 
§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao 
Poder Público: I - preservar e restaurar os processos 
ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das 
espécies e ecossistemas; 
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio 
genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à 
pesquisa e manipulação de material genético; 
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços 
territoriais e seus componentes a serem especialmente 
protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas 
somente através de lei, vedada qualquer utilização que 
comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua 
proteção; 
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou 
atividade potencialmente causadora de significativa 
degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto 
ambiental, a que se dará publicidade; 
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de 
técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a 
vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; 
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de 
ensino e a conscientização pública para a preservação do 
meio ambiente; 
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as 
práticas que coloquem em risco sua função ecológica, 
provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais à 
crueldade. 
§ 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a 
recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução 
técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da 
lei. 
30 
§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio 
ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, 
a sanções penais e administrativas, independentemente da 
obrigação de reparar os danos causados. 
§ 4º - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a 
Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira 
são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma 
da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do 
meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. 
§ 5º - São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas 
pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à 
proteção dos ecossistemas naturais. 
§ 6º - As usinas que operem com reator nuclear deverão ter 
sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão 
ser instaladas. 
Nesta lei ficam claras as designações do Poder Público quando da
manutenção da qualidade de vida da população, assegurando as condições básicas 
de cuidados para com o meio ambiente, assim como conceituado pela Constituição 
Federal. Em relação a esta lei pode-se dizer que em seu texto são transcorridos 
deveres constitucionais, que na maioria das vezes não são respeitados tanto pelo 
próprio Poder Público, quanto pela sociedade envolvida. Como exemplo disso 
observa-se, cada vez mais, a degradação dos recursos naturais, expressada na forma 
de morte de nascentes, estabelecimento de quadros erosivos, cursos hídricosassoreados, infertilidade do solo, deslocamentos de terra, entre outros. Devido aos 
deveres contidos nesta lei é que se viu necessária a instituição de órgãos colegiados, 
cujas competências se dão no sentido de auxiliar na formulação de diretrizes para a 
ação governamental, bem como aprofundar a discussão acerca de direitos e deveres 
para com o meio ambiente e a manutenção de sua qualidade. Assim, a legislação 
instituída pelo Código Florestal, Lei nº 4771 de 15 de setembro de 1965, em seus 
artigos 2º e 3º, aponta como área de preservação permanente (APP): 
Art. 2° Consideram-se de preservação permanente, pelo só 
efeito desta Lei, as florestas e demais formas de vegetação 
natural situadas: 
a) ao longo dos rios ou de outro qualquer curso d'água, em 
faixa marginal cuja largura mínima será: 
31 
1 - de 5 (cinco) metros para os rios de menos de 10 (dez) 
metros de largura: 2 - igual à metade da largura dos cursos que 
meçam de 10 (dez) a 200 (duzentos) metros de distancia entre 
as margens; 
3 - de 100 (cem) metros para todos os cursos cuja largura seja 
superior a 200 (duzentos) metros. 
b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais 
ou artificiais; 
c) nas nascentes, mesmo nos chamados "olhos d'água", seja 
qual for a sua situação topográfica; 
Vitalina Marcusso, município de Ourinhos/SP desperdício 
de dinheiro público e degradação ambiental 
d) no topo de morros, montes, montanhas e serras; 
e) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 
45°, equivalente a 100% na linha de maior declive; 
f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de 
mangues; 
g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas; 
h) em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, nos 
campos naturais ou artificiais, as florestas nativas e as 
vegetações campestres. 
Art. 3º Consideram-se, ainda, de preservação permanentes, 
quando assim declaradas por ato do Poder Público, as 
florestas e demais formas de vegetação natural destinadas: 
a) a atenuar a erosão das terras; 
b) a fixar as dunas; 
c) a formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias; 
d) a auxiliar a defesa do território nacional a critério das 
autoridades militares; 
e) a proteger sítios de excepcional beleza ou de valor 
científico ou histórico; 
f) a asilar exemplares da fauna ou flora ameaçados de extinção; 
g) a manter o ambiente necessário à vida das populações 
silvícolas; 
h) a assegurar condições de bem-estar público. 
Conforme a disposição desta lei, as nascentes e/ou olhos d`água, bem como 
a vegetação ciliar são consideradas APPs. Em crítica ao Código Florestal, aponta-se 
para a necessidade de aperfeiçoamento da legislação no que tange as áreas urbanas. 
Entende-se que nos artigos apresentados do referido Código, não existe a distinção 
entre APPs e seus limites em áreas urbanas e rurais. Porém, devido ao intenso 
processo de impermeabilização pelo qual passam as cidades, percebe-se a 
importância da manutenção das APPs. Também pondera-se à respeito dos limites 
32 
mínimos estabelecidos por este código, sendo que em áreas urbanas as dimensões 
apresentadas encontram diversas barreiras quando da sua implementação, sendo 
que, muitas vezes, toda a vegetação ciliar é eliminada. 
Araújo (2002, p. 3) afirma que as Áreas de Preservação Permanente (APPs) 
devem ser protegidas, e são caracterizadas pela imposição da lei no que diz respeito 
à 
[...] preservação dos recursos hídricos, da estabilidade 
geológica e da biodiversidade, bem como o bem-estar das 
populações humanas O regime de proteção das APP é bastante 
rígido: a regra é a intocabilidade, admitida excepcionalmente a 
supressão da vegetação apenas nos casos de utilidade pública 
ou interesse social legalmente previstos. 
Para o estabelecimento dessas áreas a legislação prevista é a Lei Federal nº 
4.771, de 1965, do Código Florestal, que reconhece essas áreas como sendo: 
II - área de preservação permanente: área protegida nos termos 
dos arts. 2o e 3º desta Lei, coberta ou não por vegetação 
nativa, com a função ambiental de preservar os recursos 
hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a 
biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo 
e assegurar o bem estar das populações humanas; (Incluído 
pela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001). 
Nessa legislação pode-se reconhecer duas categorias de APPs, citadas por 
Araújo (2002) como sendo as criadas pela própria lei e as que demandam de ato 
declaratório exclusivo do Poder Público para sua determinação. 
A lei ainda compreende um Parágrafo único, acrescido ao Código Florestal a 
partir da Lei Federal n° 7083, de 1989 (BRASIL, 2009), explicitando a necessidade 
da ação conjunta do Poder Público na efetivação da criação de APPs e a capacidade 
desse segmento em criar APPs. 
No caso de áreas urbanas, assim entendidas as compreendidas 
nos perímetros urbanos definidos por lei municipal, e nas 
regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, em todo o 
território abrangido, obervar-se-á o disposto nos respectivos 
33 
planos diretores e leis de uso do solo, respeitados os princípios 
e limites a que se refere este artigo. 
O artigo 3° do Código Florestal complementa a constatação acima. 
Art. 3º. Consideram-se, ainda, de preservação permanente, 
quando assim declaradas por ato do Poder Público, as florestas 
e demais formas de vegetação natural destinadas: 
a) a atenuar a erosão das terras; 
b) a fixar as dunas; 
c) a formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias; 
d) a auxiliar a defesa do território nacional a critério das 
autoridades militares; 
e) a proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico 
ou histórico; 
f) a asilar exemplares da fauna ou flora ameaçados de extinção; 
g) a manter o ambiente necessário à vida das populações 
silvícolas; 
h) a assegurar condições de bem-estar público. 
Como exemplo dos conselhos ambientais tem-se o Conselho Nacional do 
Meio Ambiente (CONAMA), órgão consultivo e deliberativo regido pelo Sistema 
Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) e criado concomitantemente à Lei 
6.938/81 que dispõe a respeito da Política Nacional do Meio Ambiente. 
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (2010), é de competência do 
CONAMA determinar o monitoramento quanto ao cumprimento das normas 
previstas, a aplicação de multas e penalidades mediante ações danosas ao ambiente, 
normas e padrões relativos à poluição sonora e dos recursos naturais, incentivar a 
aproximação entre os demais órgãos colegiados ambientais, entre outras medidas. 
Dentre as normas e critérios estabelecidos pelo CONAMA, em combinação com o 
IBAMA e demais órgãos colegiados ambientais está o licenciamento ambiental, que 
deve ser precedido pelo Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EPIA ou EIA). 
Essas ferramentas legais são destinadas à aplicação preventiva, de forma que 
se avalie previamente o efeito das intervenções humanas no meio físico. Dessa 
forma, existem recursos legais com o intuito de subsidiar o gerenciamento 
ambiental, viabilizando pontos de vista técnicos e administrativos. Essas ações 
fazem parte de uma política de planejamento ambiental, além da busca pela 
harmonia entre as comunidades humanas e naturais (SOUZA, 2003). Ainda assim, 
34 
ações predatórias ao ambiente culminam nos mais diversos impactos ambientais. De 
acordo com o artigo 1º da Resolução 01/1986 - CONAMA, impacto ambiental nada 
mais é senão: 
[...] qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e 
biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de 
matéria ou energia resultante das atividades humanas que, 
direta ou indiretamente, afetam: 
I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população; II - as 
atividades sociais e econômicas; 
III - a biota; 
IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; V - a 
qualidade dos recursos ambientais. 
Capelli (1994, s/p.) designa impacto ambiental como: 
Conjunto de consequências da criação ou presença de um 
empreendimentosobre o ambiente ou o conjunto das 
repercussões e das consequências que uma nova atividade ou 
nova obra, quer pública ou privada, possa ocasionar ao meio 
ambiente físico com todos os seus componentes (segurança do 
território) e às condições de vida da população interessada 
(qualidade de vida). 
Dessa forma, tem-se, então, que o impacto ambiental é traduzido não 
somente pela poluição do meio, mas também pelas mais variadas cicatrizes as quais 
se observam na paisagem. São consideradas geradoras de impacto ambiental 
atividades que envolvam drásticas alterações no meio, como obras que requerem 
grande deslocamento de terra, aterros, extração de minérios, ravinas e voçorocas, 
desmatamento, entre outras ações e representações cujo resultado seria prejudicial 
ao equilíbrio natural e à sua manutenção. É no sentido de prevenir as repostas 
negativas que um empreendimento pode causar sobre à superfície terrestre que o 
Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EPIA ou EIA) busca atuar, sendo considerado 
ferramenta essencial para o planejamento ambiental, urbano, industrial. Este 
instrumento teve suas origens nos Estados Unidos da América, através de um 
decreto-lei no ano de 1969, que validou o National Environmental Policy Act 
(NEPA), primeiro documento legal a discutir os aspectos os quais o EIA abrangeria. 
35 
A partir da década de 1970 houve um espalhamento desse modelo para os demais 
países do mundo, sob a perspectiva de garantia da proteção ao meio ambiente 
incluindo a participação da sociedade nas discussões e decisões a serem tomadas em 
relação à implantação de atividades que poderiam lesar o meio ambiente 
(MOREIRA, 1997; GOULART; CALLISTO, 2003). No Brasil, o EIA foi 
introduzido através da Lei n° 6938/81, que dispõe da Política Nacional do Meio 
Ambiente. Porém, havia uma defasagem, já que não era expressa a necessidade do 
EIA antecedendo o início das obras ou atividades impactantes. Com a resolução 
001/86 do CONAMA é que essa obrigatoriedade de ação preventiva foi 
estabelecida. Dessa forma, tem-se, de acordo com Benjamim (1993, p. 15): 
Nenhum outro instituto de direito ambiental melhor 
exemplifica este direcionamento preventivo que o EIA. Foi 
exatamente para prever (e, a partir daí, prevenir) o dano, antes 
de sua manifestação, que se criou o EIA. Daí a necessidade de 
que o EIA seja elaborado no momento certo: antes do início da 
execução, ou mesmo de atos preparatórios, do projeto. Não é à 
toa que a Constituição Federal preferiu rebatizar o instituto, 
Assim, de acordo com Souza (2003, p 25), o objetivo do EIA ou EPIA é: 
[...] avaliar as proporções das possíveis alterações que um 
empreendimento, público ou privado, pode ocasionar ao meio 
ambiente, para desta forma, assegurar efetivamente o direito 
mais é que um estudo das prováveis modificações nas diversas 
características socioeconômicas e biofísicas do meio ambiente 
que podem resultar de um projeto proposto. 
Souza (2003, p.31) ainda afirma a importância do EIA no sentido de: 
Qualificar e, quanto possível, quantificar antecipadamente o 
impacto ambiental é o papel reservado ao EIA como suporte 
para um adequado planejamento de obras ou atividades 
relacionadas com o ambiente. É certo que muitas vezes a 
previsão dos efeitos nefastos de um projeto pode ser muito 
delicada, pois algumas modificações do equilíbrio ecológico 
36 
só aparecem muito tarde. Daí a correta consideração do EIA 
como procedimento administrativo de prevenção e de 
monitoramento dos danos ambientais. 
De acordo com o artigo 2° da Resolução 001/86 instituída pelo CONAMA, 
bem como às alterações acrescentadas a esse artigo pelas Resoluções 011/86 e 05/87
do mesmo órgão, é que são delimitadas as obras e atividades que necessitam passar 
por estudo prévio. A referida lei afirma: 
Dependerá de elaboração de estudo de impacto ambiental e 
respectivo relatório de impacto ambiental - RIMA, a serem 
submetidos à aprovação do órgão estadual competente, e do 
IBAMA e em caráter supletivo, o licenciamento de atividades 
modificadoras do meio ambiente, tais como: 
I - Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de 
rolamento; II - Ferrovias; 
III - Portos e terminais de minério, petróleo e produtos 
químicos; 
IV - Aeroportos, conforme definidos pelo inciso 1, artigo 48, 
do Decreto- Lei nº 32, de 18.11.66; 
V - Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e 
emissários de esgotos sanitários; 
VI - Linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 
230KV; 
VII - Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, 
tais como: barragem para fins hidrelétricos, acima de 10MW, 
de saneamento ou de irrigação, abertura de canais para 
navegação, drenagem e irrigação, retificação de cursos d'água, 
abertura de barras e embocaduras, transposição de bacias, 
diques; 
VIII - Extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão); 
IX - Extração de minério, inclusive os da classe II, definidas no 
Código de Mineração; 
X - Aterros sanitários, processamento e destino final de 
resíduos tóxicos ou perigosos; 
Xl - Usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a 
fonte de energia primária, acima de 10MW; 
XII - Complexo e unidades industriais e agroindustriais 
(petroquímicos, siderúrgicos, cloroquímicos, destilarias de 
álcool, hulha, extração e cultivo de recursos hídricos); 
XIII - Distritos industriais e zonas estritamente industriais - 
ZEI; 
XIV - Exploração econômica de madeira ou de lenha, em áreas 
acima de 100 hectares ou menores, quando atingir áreas 
37 
significativas em termos percentuais ou de importância do 
ponto de vista ambiental; 
XV - Projetos urbanísticos, acima de 100ha. ou em áreas 
consideradas de relevante interesse ambiental a critério da 
SEMA e dos órgãos municipais e estaduais competentes; 
XVI- Qualquer atividade que utilizar carvão vegetal, derivados 
ou produtos similares, em quantidade superior a dez toneladas
por dia. 
XVII - Projetos Agropecuários que contemplem áreas acima de 
1.000 ha. Ou menores, neste caso, quando se tratar de áreas 
significativas em termos percentuais ou de importância do 
ponto de vista ambiental, inclusive nas áreas de proteção 
ambiental. 
XVIII - Empreendimentos potencialmente lesivos ao Patrimônio 
Espeleológico Nacional; 
Em relação ao EIA/RIMA, este deve ser elaborado, de acordo com o artigo
7° da Resolução 001/86 do CONAMA, por uma equipe multidisciplinar capaz de 
desenvolver diagnósticos e análises a respeito do projeto proposto, sendo que os 
resultados obtidos são de exclusiva responsabilidade dos técnicos envolvidos. Para 
tanto, de acordo com Souza (2003), deve ser formulado um documento diagnóstico 
que descreva a situação do local antes da implantação do empreendimento, 
abarcando considerações tanto de aspectos físicos, tais como recursos hídricos, 
fauna e flora existentes, condições climáticas, interações entre ecossistemas, entre 
outros; quanto de aspectos socioeconômicos, evidenciando relações e dinâmicas 
como uso do solo, população, saúde, educação, entre outros. Também deve ser 
criada uma análise que leve em consideração as questões relacionadas aos impactos 
positivos e negativos que o empreendimento pode vir a causar, sendo que a 
permissão para execução das obras de implantação ou das atividades, o 
licenciamento ambiental, só é concedido mediante apresentação e análise profunda 
do EIA, levando em consideração os aspectos levantados e as soluções propostas 
para possíveis danos ao meio ambiente, danos estes que podem ser, até mesmo, 
irreversíveis. 
Como parte imprescindível do Estudo Prévio de Impacto Ambiental, contido 
no artigo 9° da Resolução n° 001/86 do CONAMA, tem-se o Relatório de Impacto 
38 
Ambiental: apontamento que traz as considerações dos técnicos envolvidos na 
produção do EIA. Este documento deve conter recursos visuais como gráficos, 
mapas, entre outros que facilitem a interpretação das consequências ambientais e 
alternativas indicadas, bem como a (in)viabilidade de

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