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See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/318381031 Impactos do uso irregular do solo urbano: degradação do solo por erosões Book · June 2017 CITATIONS 0 READS 401 3 authors, including: Some of the authors of this publication are also working on these related projects: Modeling Environmental Susceptibility of Municipal Solid Waste Disposal Sites, Case Study São Paulo State, Brazil View project Modeling the environmental susceptibility of landfill sites in California View project Anahi Sobral National Institute for Space Research, Brazil 11 PUBLICATIONS 63 CITATIONS SEE PROFILE Victor Fernandez Nascimento Universidade Federal do Rio Grande do Sul 26 PUBLICATIONS 85 CITATIONS SEE PROFILE All content following this page was uploaded by Victor Fernandez Nascimento on 12 July 2017. The user has requested enhancement of the downloaded file. https://www.researchgate.net/publication/318381031_Impactos_do_uso_irregular_do_solo_urbano_degradacao_do_solo_por_erosoes?enrichId=rgreq-e299bc2dd037e1a07b44963f89190820-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMxODM4MTAzMTtBUzo1MTUzOTY1MzEwOTc2MDFAMTQ5OTg5MTUxNjc1Ng%3D%3D&el=1_x_2&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/publication/318381031_Impactos_do_uso_irregular_do_solo_urbano_degradacao_do_solo_por_erosoes?enrichId=rgreq-e299bc2dd037e1a07b44963f89190820-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMxODM4MTAzMTtBUzo1MTUzOTY1MzEwOTc2MDFAMTQ5OTg5MTUxNjc1Ng%3D%3D&el=1_x_3&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/project/Modeling-Environmental-Susceptibility-of-Municipal-Solid-Waste-Disposal-Sites-Case-Study-Sao-Paulo-State-Brazil?enrichId=rgreq-e299bc2dd037e1a07b44963f89190820-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMxODM4MTAzMTtBUzo1MTUzOTY1MzEwOTc2MDFAMTQ5OTg5MTUxNjc1Ng%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/project/Modeling-the-environmental-susceptibility-of-landfill-sites-in-California?enrichId=rgreq-e299bc2dd037e1a07b44963f89190820-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMxODM4MTAzMTtBUzo1MTUzOTY1MzEwOTc2MDFAMTQ5OTg5MTUxNjc1Ng%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/?enrichId=rgreq-e299bc2dd037e1a07b44963f89190820-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMxODM4MTAzMTtBUzo1MTUzOTY1MzEwOTc2MDFAMTQ5OTg5MTUxNjc1Ng%3D%3D&el=1_x_1&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Anahi-Sobral?enrichId=rgreq-e299bc2dd037e1a07b44963f89190820-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMxODM4MTAzMTtBUzo1MTUzOTY1MzEwOTc2MDFAMTQ5OTg5MTUxNjc1Ng%3D%3D&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Anahi-Sobral?enrichId=rgreq-e299bc2dd037e1a07b44963f89190820-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMxODM4MTAzMTtBUzo1MTUzOTY1MzEwOTc2MDFAMTQ5OTg5MTUxNjc1Ng%3D%3D&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/institution/National_Institute_for_Space_Research_Brazil?enrichId=rgreq-e299bc2dd037e1a07b44963f89190820-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMxODM4MTAzMTtBUzo1MTUzOTY1MzEwOTc2MDFAMTQ5OTg5MTUxNjc1Ng%3D%3D&el=1_x_6&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Anahi-Sobral?enrichId=rgreq-e299bc2dd037e1a07b44963f89190820-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMxODM4MTAzMTtBUzo1MTUzOTY1MzEwOTc2MDFAMTQ5OTg5MTUxNjc1Ng%3D%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Victor-Fernandez-Nascimento-2?enrichId=rgreq-e299bc2dd037e1a07b44963f89190820-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMxODM4MTAzMTtBUzo1MTUzOTY1MzEwOTc2MDFAMTQ5OTg5MTUxNjc1Ng%3D%3D&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Victor-Fernandez-Nascimento-2?enrichId=rgreq-e299bc2dd037e1a07b44963f89190820-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMxODM4MTAzMTtBUzo1MTUzOTY1MzEwOTc2MDFAMTQ5OTg5MTUxNjc1Ng%3D%3D&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/institution/Universidade_Federal_do_Rio_Grande_do_Sul?enrichId=rgreq-e299bc2dd037e1a07b44963f89190820-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMxODM4MTAzMTtBUzo1MTUzOTY1MzEwOTc2MDFAMTQ5OTg5MTUxNjc1Ng%3D%3D&el=1_x_6&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Victor-Fernandez-Nascimento-2?enrichId=rgreq-e299bc2dd037e1a07b44963f89190820-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMxODM4MTAzMTtBUzo1MTUzOTY1MzEwOTc2MDFAMTQ5OTg5MTUxNjc1Ng%3D%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Victor-Fernandez-Nascimento-2?enrichId=rgreq-e299bc2dd037e1a07b44963f89190820-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMxODM4MTAzMTtBUzo1MTUzOTY1MzEwOTc2MDFAMTQ5OTg5MTUxNjc1Ng%3D%3D&el=1_x_10&_esc=publicationCoverPdf Impactos do uso irregular do solo urbano Degradação do solo por erosão e alteração das propriedades físicas do solo em uma microbacia no município de Ourinhos/SP O presente livro foi originado do Trabalho de Conclusão de Curso de bacharel em Geografia de Anahi Chimini Sobral, apresentado no ano de 2011 a uma banca examinadora na Universidade Estadual Paulista, UNESP, Campus de Ourinhos/SP. Sumário 1 Introdução ................................................................................................................... 1 2 Solos: conceito e principais características físicas ..................................................... 3 2.1 Perfil de solo, horizontes e camadas .................................................................. 11 2.2 Latossolos ........................................................................................................... 14 2.3 Erosão ................................................................................................................. 16 2.4 Solos urbanos ..................................................................................................... 18 2.4.1 Depósito tecnogênico e antropossolos ......................................................... 22 3 Legislação ambiental ................................................................................................ 27 4 Planejamento como técnica de prevenção ao dano ambiental ................................. 41 4.1 Plano Diretor e seu papel no desenvolvimento e expansão urbana ................... 45 4.2 Obras do PAC e Plano Diretor do município de Ourinhos/SP: considerações a respeito da política de proteção ao meio ambiente .................................................. 47 4.3 Desenvolvimento sustentável ............................................................................. 54 5 Representação cartográfica: aplicação e novas tecnologias ..................................... 57 5.1 Sensoriamento remoto e fotointerpretação ......................................................... 59 5.2 Geoprocessamento ............................................................................................. 60 6 Estudo de caso: A área degradada por erosão urbana córrego Água da Veada .... 66 6.1 Caracterização das áreas de obtenção das amostras dos perfis de solo ............. 67 6.2 Procedimentos .................................................................................................... 73 6.3 Métodos de campo ............................................................................................. 74 6.4 Estaqueamento e monitoramento da erosão ....................................................... 75 6.5 Análises físicas: procedimentos laboratoriais .................................................... 76 7 Resultados e Discussões ........................................................................................... 77 7.1 Análises físicas do solo ...................................................................................... 80 7.2 Monitoramento da erosão ................................................................................... 88 7.3 Considerações sobre o Plano Diretor do município de Ourinhos/SP e da legislação pertinente ................................................................................................. 91 7.4 Mapas de uso do solo dos anos de 1972, 1984 e 2004 na microbacia do córrego Água da Veada .........................................................................................................92 8 Considerações finais ................................................................................................. 98 9 Referências ............................................................................................................. 100 1 1 Introdução O processo de expansão urbana sem planejamento adequado e em locais inapropriados, como encostas íngremes e áreas de mananciais, podem resultar na degradação dos recursos naturais, em especial da cobertura vegetal, solo e água. Notoriamente, tem-se o estabelecimento de loteamentos em áreas que deveriam ser de preservação permanente, canalização de águas pluviais para locais inadequados e o intenso processo de impermeabilização do solo. Uma das consequências desses procedimentos é o estabelecimento de quadros erosivos, denominado erosão urbana. Nesse sentido, destaca-se a importância da elaboração de projetos de obras públicas e privadas que equilibrem desenvolvimento urbano e conservação ambiental, para que, desta forma, a expansão da malha urbana impacte de forma menos negativa os ambientes naturais. Constata-se que o solo é um dos recursos naturais mais afetados pelo processo de urbanização, abrindo caminho para a discussão acerca dos solos tidos como urbanos, bem como ao uso e ocupação. De acordo com Pedron et al. (2007) estes solos têm sobre eles um ambiente urbano, sendo que essa classificação independe do grau de alteração em que este solo se encontra. Nesse sentido, os solos no ambiente urbano tendem a alterações drásticas de suas características morfológicas, físicas, químicas e biológicas, tornando-se totalmente distintos daqueles que mesmo em ambiente urbano não tenham sofrido alterações (SCHARENBROCH et al., 2005, citado por DALMOLIN, 2006). Inserido nesse contexto é que se objetivou estudar uma área degradada por erosão hídrica às margens da Avenida Vitalina Marcusso, município de Ourinhos/SP (Figura 1). O objetivo geral baseia-se no estudo dos solos da erosão, a fim de compreender as alterações físicas sofridas pelo solo. Também objetivou-se entender a dinâmica de evolução da erosão urbana; para tanto foram elaborados mapas de uso e ocupação do solo na microbacia do córrego Água da Veada em períodos distintos. 3 Sendo assim, o objetivo geral deste trabalho foi, portanto, caracterizar fisicamente os solos degradados por erosão hídrica localizada na avenida Vitalina Marcusso, município de Ourinhos/SP bem como entender a evolução espaço temporal do processo erosivo. 2 Solos: conceito e principais características físicas O recurso natural solo é de extrema importância para as atividades realizadas pelos seres humanos, admitindo diferentes conceituações conforme o uso que se faz dele. De acordo com Freire (2006), o interessado utiliza o conceito de solo de acordo com as diferentes perspectivas e interesses. Freire (2006, p. 1, 7) conceitua solo como: [...] um substrato natural dos ecossistemas terrestres, sendo fundamentalmente importante para a manutenção das comunidades vegetais e animais, além de que a sua eficiência funcional constitui um dos suportes da vida humana sobre a Terra, de segurança das nações e da estabilidade das sociedades. ...um corpo natural, constituído por matéria mineral e por matéria orgânica, que apresenta horizontes desenvolvidos em consequência duma interação particular dos fatores formadores do solo, que cobre, de maneira mais ou menos contínua, a maior parte da superfície continental da Terra, que constitui o substrato natural de vida da maioria dos vegetais superiores, especialmente das plantas cultivadas. O referido recurso natural se forma a partir da ação de agentes intempéricos que modificam física e quimicamente as rochas e seus minerais quando expostos ao meio ambiente, sendo um processo natural de acumulação e evolução de sedimentos, que se depositam sobre as mais variadas formas de relevo. O intemperismo físico desintegra as rochas, enquanto que o químico altera sua composição e de seus minerais. É, portanto, sobre este material alterado, denominado material parental, que se formam os solos. A presença do material orgânico em decomposição é prioridade para se constituir um solo. Os principais 4 agentes envolvidos na formação dos solos são: o material de origem ou parental, clima, atividade biológica de organismos vivos, topografia e tempo (VIEIRA, 1988; BERTONI; LOMBARDI NETO, 2005). Bertoni e Lombardi Neto (2005, p. 37) afirmam: O clima, representado pela chuva e temperatura, influi principalmente na distribuição variada dos elementos solúveis e na velocidade das reações químicas. A principal ação dos micro-organismos do solo é decompor-lhe os restos vegetais. A topografia influi pelo movimento transversal e lateral da água. A formação de um solo depende, naturalmente, do espaço de tempo em que atuam os diferentes fatores. Para Palmieri e Larach (2004, p. 66) o solo é constituído por corpos naturais tridimensionais, que resultam da interação entre clima e organismos, afetando o material de origem da rocha, configurando em um relevo que apresenta características que expressam processos e mecanismos relevantes na formação de tal recurso natural. Dessa forma, tem-se o solo como resultado das ações de agentes responsáveis pelo intemperismo, sendo que sua formação se dá através de elementos que configuram um processo natural marcado pela ação do clima, biosfera, rocha matriz, relevo e tempo (VIEIRA, 1988). O solo também compreende o substrato que serve de base para as interações animais e vegetais na superfície terrestre, servindo com fonte de geração de alimentos, de lucros, base para moradias e construções civis, além de ser elemento essencial no processo de especulação por parte de alguns proprietários. Devido a tantas transformações as quais as sociedades são submetidas, é que o elemento solo também se transforma, admitindo características antrópicas conforme a interação do homem, por exemplo, a evolução das cidades, falta de conservação em áreas rurais ou urbanas, entre outros. De acordo com EMBRAPA (1999, p. 5), os solos são: Uma coleção de corpos naturais, construídos por partes sólidas, líquidas e gasosas, tridimensionais, dinâmicos, formados por minerais e orgânicos, que ocupa a maior parte do manto superficial das extensões continentais do nosso planeta, contém matéria viva e podem ser vegetados na 5 natureza, onde ocorrem. Ocasionalmente podem ter sido modificados por atividades humanas. Kiehl (1979, p. 15) trabalha com conceito de solo de forma a caracterizá-lo ou fase dispersa, é predominante e formada por matéria orgânica e inorgânica, constituindo o matrix do solo; a fase líquida, ou fase dispersante, se trata da solução do solo, formada por água, sais e partículas coloidais suspensas; a fase gasosa é o ar do solo, ar este que se difere do ar atmosférico devido a proporção em percentagem dos seus componentes. Tal sistema acima descrito está intimamente relacionado com as principais propriedades físicas do solo, tais como a cor, textura, estrutura, consistência, densidade do solo, densidade da partícula, porosidade e cerosidade, as quais serão explicitadas a seguir. Cor: De ac sobre o material de origem, conteúdo de matéria orgânica, condições de drenagens e teores de óxidos de Fe (fixação de P), dando uma ideia sobre a fertilidade geral do 6) afirma que através da análise da cor do solo em campo, podem- se realizar inferências acerca de seu comportamento. As diferentes tonalidades do solo ainda possibilitam a diferenciação dos horizontes em trabalhos de campo, sendo que durante a atividade de descrição morfológica tal propriedade é expressa em conformidade com a Tabela de Cores de Munsell, que de acordo com Lepsch (2002, p. 27): A cor deve ser descrita por comparação com uma escala consiste em perto de 170 pequenos retângulos com colorações diversas, arranjadassistematicamente num livro de folhas destacáveis. A notação de cor do solo é feita comparando-se um fragmento ou torrão de um determinado horizonte, com esses retângulos. Uma vez que se ache o de colorido mais próximo, anotam-se os três elementos básicos que compõe 6 uma determinada cor: matiz arco-íris, determinada pelos comprimentos de onda da luz, que é refletida na amostra. Valor medida do grau de claridade da luz ou tons de cinza presentes (entre branco e preto) variando de 0 (para o preto absoluto) a 10 (para o branco puro). Croma proporção da mistura da cor fundamental com a tonalidade de cinza também variando de 0 a 10. Textura: A textura é dada pela parte sólida do solo, que pode ter aspecto grosseiro ou argiloso, conforme as características das partículas que o constituem. Segundo Resende et al. (2007), essa parte sólida ou inorgânica é composta por partículas tais quais, areia, argila e silte, constituintes da chamada terra fina, além de partículas composição granulométrica de um solo depende, como outros atributos, da rocha de origem e do grau de intemperização (i significa que a textura expressa, na maioria dos casos, as características do material parental, podendo sofrer modificações devido a fenômenos erosivos ou deposicionais, fato correlacionado à ação antrópica. Oliveira et al. (1992, p. 35) permeabilidade, capacidade de troca de cátions, retenção de água, fixação de olos. No que se refere a essa pesquisa, utilizou-se o triângulo de identificação usado por Lepsch (2002) (Figura 2) 7 Figura 2: Triangulo utilizado para identificação da classe textural. Fonte: Lepsch (2002) Estrutura: Freire (2006, p. 19) trabalha o conceito de estrutura afirmando a sua com a planta que vegeta no solo, com seu estagio de desenvolvimento e o tipo de manejo que lhe for aplicado. A estrutura, no entanto, modifica a manifestação de De acordo com Azevedo et al. (2006), a estrutura de um solo pode ser definida como sendo o resultado do arranjamento de suas partículas primárias, originando unidades estruturais. Tais partículas primárias se tratam de areia, argila, silte, entre outros, tais quais sais, minerais, matéria orgânica, que se agrupam de maneira a formar estas unidades denominadas agregados. Segundo Resende et al. (2007), se a massa do solo não apresentar uma estrutura definida ela é caracterizada como maciça ou como grãos soltos (presença de agregados não estáveis). Chaves e Calegari (2001) trabalham com o conceito de que a agregação do solo se dá a partir da união de partículas (argila-íon-matéria orgânica e silte) em unidades secundárias, sendo a estabilidade dos agregados caracterizada como resistência a uma ação degradante, particularmente da água. Esta agregação controla os movimentos internos de água, ar, calor e proliferação de raízes. A adição de resíduos vegetais, compostos orgânicos e roçada das plantas invasoras aumenta a 8 agregação das partículas do solo, sendo indicadas para solos depauperados. Silva e Mielniczuk (1997) já partem do pressuposto que a formação e estabilização dos agregados do solo ocorrem mediante a atuação de processos físicos, químicos e biológicos, os quais possuem mecanismos próprios de atuação, no qual envolvem substâncias atuantes na agregação e na estabilização do solo. Além das substâncias agregantes, existem os agentes de agregação, representados por clima, raízes, microrganismos entre outros. Consistência: Kiehl (1979) esclarece que a consistência de um solo é dada conforme seu teor de umidade, ou seja, ela varia a partir do estado de umidade do solo, que pode estar seco, úmido ou molhado. Freire (2006, p. 34) afirma que: Consistência é a manifestação das forças de adesão e coesão, que agem na massa do solo, em consequências de variações do teor de água. A medida que aumenta a concentração de solo no sistema solo-água, a massa passa a não fluir, manifestando-se as forças de adesão e coesão. Esses conceitos fazem com que a consistência inclua varias propriedades de solo, tais como: resistência à compressão, resistência ao cisalhamento, friabilidade, plasticidade e pegajosidade. Resende et al. (2007) apontam para a importância de tal propriedade em relação ao manejo para a cultura agrícola dos mais variados tipos de solo, já que a identificação dessa propriedade confere a informação do ponto ideal para mobilização, limite este que caso não seja respeitado, certamente resultará num quadro de compactação e consequente vulnerabilidade à erosão hídrica. Densidade do solo específico dum corpo e o peso específico da água em condições normais de Bertoni e Lombardi Neto (2005) afirmam, portanto, que a 9 densidade do solo é o volume do solo natural, incluindo os espaços ocupados pelo ar e pela água. Ela é variável e depende da estrutura e da compactação. Quanto menos estruturado e compactado for o solo, maior será o valor da densidade. Azevedo et. al (2006) aponta que a densidade do solo diminui conforme a profundidade do perfil devido à pressão das camadas subjacentes, provocando o fenômeno da compactação, o que reduz a porosidade e consequentemente restringe o crescimento das plantas. Tal propriedade é usada para analisar o grau de compactação e também medir as alterações na estrutura e porosidade do solo, fato que geralmente ocorre em solos urbanos. De acordo com Dalmolin et al. (2006), os valores os quais podem ser atribuídos para a densidade destes solos está entre 1,5 a 1,9 g. cm-3, podendo chegar a marca de 2,0 g. cm-3, fato que marca a modificação dos solos e da capacidade de retenção de água no perfil. Densidade da partícula Essa propriedade é caracterizada pela relação pautada entre a massa de uma amostra de solo e o volume ocupado por suas partículas sólidas, desconsiderando o fator porosidade, além de não variar conforme o manejo aplicado ao solo, pois depende da composição química e mineralógica do solo, além de estabelecer a predominância de componentes inorgânicos ou orgânicos em uma amostra (REINERT; REICHERT, 2006). Segundo Freire (2006, p. 28) a densidade da partícula dos solos brasile do solo. Isso porque os minerais predominantes como o quartzo, feldspatos e as admite um intervalo de valores entre 2,3 e 2,9 kg.dm-3. A quantidade de matéria orgânica, quando em abundância, pode baixar consideravelmente o valor da propriedade em questão. Porosidade De acordo com Guerra (2005), a porosidade de um solo se dá pelo volume 10 não preenchido pelas partículas sólidas do mesmo, sendo este volume ocupado por água e ar, ou seja, ocorrem nestes espaços a transferência de partículas sólidas, líquidos, gases e atividades biológicas. Freire (2006) afirma que a relação de proximidade das partículas sólidas de um solo é responsável pela sua porosidade, sendo que constituintes afastados uns dos outros acarretam em alta porosidade e partículas muito próximas umas das outras tem como resultado a baixa porosidade em um solo. Além disso, o arranjamento das partículas sólidas também determina o tamanho dos poros, ou seja, a estrutura do solo é responsável pela sua porosidade. Selby (1985) citado por Bigarella (2007) salienta que a porosidade é aprimorada pela ação de organismos vivos, raízes de plantas ou pelo cultivo da terra; entretanto esta pode ser reduzida pelo afeito da compactação, que pode se dar através do uso de maquinários agrícolas, pela selagem da superfície provocada pelo salpicamento, pois as partículas fragmentadas dos agregados do solo passam a ocupar os espaços cedidos pelos poros. Poros são espaços vazios entre os agregados do solo nos quais alojam a solução do solo e o ar, sendo que a distribuição relativa dos diferentes tamanhos de poros é função da estrutura do solo. A porosidade pode ser definida como o espaço do solo não ocupado pela matrix (componentes orgânicos e inorgânicos), dependendo diretamente da textura e daestrutura dos solos. A microporosidade é a principal responsável pela retenção da água, enquanto que a macroporosidade deixa a água escorrer com certa rapidez, passando os vazios a serem ocupados pelo ar. A perda de porosidade está associada á redução do teor de matéria orgânica, a compactação e ao efeito do impacto das gotas de chuva, fatores esses que, causando uma diminuição no tamanho dos agregados, reduzem, em consequência, o tamanho dos poros (BERTONI; LOMBARDI NETO, 2005). Cerosidade agregados estruturais do horizonte B em diferentes quantidades e graus de nitide Já Resende et al. (2007, p. 68) partem do pressuposto de que cerosidade são 11 finíssimas películas de argila que se depositam sobre os horizontes inferiores, mas superfície dos blocos ou prismas, devido à alternância de expansão e contração do solo, além de que sua presença ou não em um solo está diretamente ligada com a capacidade de absorção de nutrientes pelas raízes. Santos et al. (2005, p. 33) a conceituam como: [...] de aspecto um tanto brilhante e ceroso de superfícies naturais que revestem as diferentes faces de unidades estruturais, manifestado freqüentemente por uma cor de matiz mais intenso, e as superfícies revestidas são usualmente livres de grãos desnudos de areia e silte. Segundo Oliveira et al. (1992) a sua ocorrência está relacionada aos horizontes B ou C, além de ser importante característica na determinação do horizonte B textural. Dessa forma, a partir do apresentado, foi possível observar características da formação dos solos, bem como sua conceituação na visão de diversos autores. Também foi discorrido acerca das principais propriedades físicas dos solos, trazendo conceitos e particularidades de cada uma delas. É importante destacar que estas características podem sofrer alterações conforme são incorporados materiais de origem tecnogênica, que modificam a morfologia dos solos. 2.1 Perfil de solo, horizontes e camadas O perfil de solo é constituído por seções verticais paralelas à superfície, que se aprofundam até alcançarem o material parental. Tais seções são denominadas horizontes e camadas (SANTOS et al., 2005; VIEIRA, 1988) (Figura 3). 12 Figura 3: Esquema de perfil de solo. Fonte: Centro de Referência Virtual de Professor processos de formação, guardando relação genética entre si dentro do perfil. Por convenção mundial, são representados pelas letras O, H, A, E, B e C da superfície em direção ao material de As camadas são pouco ou muito pouco trabalhadas pelos processos intempéricos, como a rocha e matéria orgânica em consequência da intensidade da vida no solo, da (VIEIRA, 1988, p. 120). Guerra (2004, p. 67-68), afirma que: O perfil de solo é a unidade de descrição e de exame de solos no seu ambiente natural. Compreende os horizontes pedogenéticos identificados, contidos numa seção vertical, desde a superfície do terreno até uma profundidade de 2 metros, ou até o aparecimento de rocha em fase inicial de decomposição, ou não, caso esta ocorra numa profundidade menos que 2 metros (ou até o aparecimento de horizonte diagnóstico, caso este esteja a uma profundidade maior que 2 metros). Kiehl (1979) trabalha com o pressuposto de que os perfis de solos são formados através do intemperismo físico e químico submetido às rochas, formando 13 material alterado em sua composição, mas que guarda características da rocha-mãe. Este material poderia se movimentar de maneira mecânica ou dissolvido em água do solo ou das chuvas, formando por remoção e/ou deposição diferentes horizontes. A partir daí tem-se que um perfil de solo é formado por seus horizontes e camadas, que podem ser diferenciadas em campo através de alguns critérios tais p. 120). Em laboratório as amostras podem ser submetidas às análises físicas, químicas e mineralógicas, para que, dessa forma, resultados acerca de suas diferenciações sejam obtidos. Um solo bem desenvolvido, comumente apresenta os seguintes horizontes: Horizonte O ou camada orgânica superficial constituída de restos orgânicos pouco ou não decompostos, formado em ambiente bem drenado ou ocasionalmente saturado com Horizonte H: Santos et al. (2005) afirmam ser este horizonte de característica orgânica cujo material pode se encontrar nas mais diversas formas de decomposição, podendo ser superficial ou não, ocorrendo em áreas nas quais houve estagnação de água por tempo prolongado. Horizonte A: Segundo Oliveira (1992) o horizonte A é superficial e tem características minerais com acúmulo de matéria orgânica junto à superfície. Trata- se da porção do solo de maior interesse no cultivo de plantas, já que é notável a intensa movimentação da macro e micro flora e fauna, que produzem matéria orgânica. Sua coloração é mais escura em relação aos horizontes subjacentes, sendo que sua espessura é variável, podendo atingir, em alguns casos, cerca de 100 cm de profundidade. Horizonte E: De acordo com Streck et al. (2008), se trata de horizonte mineral cuja coloração é mais clara devido à perda de argila, óxidos de ferro ou matéria orgânica, elementos estes que foram transferidos para o horizonte B por eluviação. Caracterizado por concentração residual de areia, ocorrendo, geralmente, 14 abaixo do horizonte A ou O. Horizonte B: De acordo com Oliveira (1992), este se trate de um horizonte mineral, dotado de propriedades pedogenéticas estáveis devido a sua localização ao longo do perfil, fato que o configura como sendo um horizonte que normalmente não sofre com perdas, já que suas transformações ocorrem a partir de alteração e decomposição do material de origem. É tido como horizonte diagnóstico na determinação de classes de solo do Brasil. Horizonte C: Santos et al. (2005) afirmam que são identificados como camadas de sedimentos, saprolito, material de rocha não consolidado e outros materiais de rocha não cimentados que não apresentam resistência forte quando escavados ou cortados com uma pá. Camada R: rocha inalterada. 2.2 Latossolos Baseado no Mapa Pedológico do Estado de São Paulo, EMBRAPA (1999) predomina no município de Ourinhos os Latossolos Vermelhos. Os Latossolos são formados por material mineral e apresentam horizonte B Latossólico, imediatamente abaixo de qualquer tipo de horizonte A ou superficial, dentro de 2 a 3 m da superfície do solo conforme a espessura do horizonte A (EMBRAPA, 2006). A textura varia de argilosa a média e a coloração predominante é avermelhada. Possuem, em sua maioria, boas propriedades físicas, com porosidade total apresentando valores entre 50-60 % e, consequentemente, boa drenagem interna, inclusive nos exemplares de textura argilosa (LEPSCH, 2002). Streck et al. (2008) conceituam Latossolos como sendo solos profundos, bem drenados com pouca diferenciação de um horizonte para outro, alto grau de intemperismo, o que acarreta na presença de argila de baixa atividade, pouca retenção de bases e relativa ausência de minerais primários intemperizáveis. Apresenta perfil com sequencia de horizontes A-Bw-C, sendo o Bw horizonte diagnóstico dos Latossolos. Estes solos geralmente apresentam acentuada acidez e baixa reserva de nutrientes. Segundo Streck et al. (2008, p. 208), comentando a respeito do horizonte Bw ou B 15 latossólico: É caracterizado por ser um horizonte B sem gradiente textural em relação ao horizonte A, bem drenado, com estrutura em blocos fraca a moderada ou microgranular forte, argila de baixa atividade (<17 cmolc/kg de argila); baixo teor de minerais intemperizáveis (< 4%) e de fragmentos de rochas (< 5%), com textura franco-arenosa ou mais argilosa. Característica marcante dos Latossolos é a transição difusa ou gradual entre seus horizontes, o que acarreta em pequena variação morfológica. Localizam-se em relevos suavemente ondulados a ondulados, apresentando variação de declividade entre 2 % e 15 % (NUNES, 2003). Oliveira(1999) afirma que devido à elevada permeabilidade interna e a baixa capacidade adsortiva desses solos, estes podem ser caracterizados como pouco filtrantes, o que acarreta, apesar de sua espessura, em grande possibilidade de contaminação dos aquíferos por material tóxico nele depositado. Os Latossolos apresentam quatro subordens: brunos, amarelos, vermelhos e vermelhos amarelos, que se dividem em grandes-grupos, que por sua vez subdividem-se novamente em subgrupos. Na área de pesquisa, baseado no Mapa Pedológico do Estado de São Paulo (EMBRAPA, 1999), existe predominantemente parte do 1999). Dessa forma, tem-se explicitado as principais características dos Latossolos, sendo esta a classe de solo predominante no Estado de São Paulo (OLIVEIRA, 1999). É pertinente esclarecer que os horizontes do solo, bem como suas características físicas, podem ser modificados pela ação antrópica na medida em que há, na sua configuração, adição de materiais. Estes, ao serem incorporados ao solo, passam a se comportar como depósitos com materiais tecnogênicos, formação somente possível devido a interferência humana, fato que modifica a paisagem e traz, por exemplo, informações históricas do processo de ocupação e formação de núcleos urbanos. 16 2.3 Erosão Uma das formas de degradação dos solos é o estabelecimento de quadros erosivos em encostas. O processo erosivo consiste na desagregação, transporte e deposição de sedimentos em sopés de encostas ou em cursos hídricos. Pode se manifestar de diversas maneiras: erosão laminar, ravinas e voçorocas. É um fenômeno geológico que ocorre independente da ação humana, entretanto, pode ter seu equilíbrio rompido a partir das intervenções antrópicas. No Brasil, a erosão hídrica é o processo mais comum de erosão. Esta se dá a partir do escoamento pluvial e tem como principais causas de ocorrência o impacto das gotas de chuva em terreno descoberto e o resultante desprendimento das partículas do solo. Erosão é, portanto, o processo de desprendimento, arraste e deposição das partículas do solo causado pela água e pelo vento (BERTONI; LOMBARDI NETO, 2005). Guerra (2005) afirma que o inicio do processo erosivo é estabelecido devido, principalmente, à ruptura dos agregados quando da ação do splash ocorrida nos solos descobertos, o qual depende tanto da resistência do solo ao impacto das gotas de chuva quanto da erosividade da chuva. Os agregados rompidos são facilmente carreados pelo escoamento superficial, que se intensifica a partir da selagem do solo, dificultando a infiltração das águas pluviais e formando poças que se rompem e processo de infiltração resulta das relações de interdependência dos mecanismos de entrada na superfície do solo, de estocagem dentro do solo e de transmissão de umi lineares que concentram o escoamento provocando a formação de microrravinas, que podem evoluir até o estágio mais avançado da degradação: as voçorocas. Entretanto, de acordo com Salomão (2005), a formação de voçorocas está relacionada principalmente à junção de fatores naturais, como a susceptibilidade do solo a ser erodido, e de uso e ocupação a que o solo é submetido. O referido autor afirma que as voçorocas se dão quando existe a atuação concomitante das águas 17 superficial, erosão interna, solapamentos, desabamentos e escorregamentos, que se conjugam no sentido de dotar essa forma de erosão de elev (SALOMÃO, 2005, p. 230). De acordo com Perusi (2004), ela ocorre devido ao desequilíbrio do sistema água/cobertura vegetal/solo, iniciando-se com o impacto das gotas de chuva nos agregados do solo, rompendo-os e tornando-os vulneráveis ao escoamento superficial, podendo formar canais de escoamento passíveis de evolução em ravinas e voçorocas, tanto em ambientes rurais quanto em sítios urbanos, além de ser responsável pela remoção das partículas coloidais do solo, ou seja, a argila e matéria orgânica, que exercem importante papel no transporte de nutrientes, água e sais minerais, prejudicando o crescimento de plantas já que a fertilidade do solo é reduzida. Quando ocorrida nos sítios urbanos, essa degradação deflagrante do solo recebe o nome de erosão urbana, que se associa à ineficiência e inadequação das políticas de planejamento e desenvolvimento urbano no que diz respeito às praticas de parcelamento e utilização do solo para a construção civil. Ramos (1995) citado por Silva et al. (2003-2004, p. 48) afirma que: A erosão e o transporte de sedimentos superficiais de uma região urbanizada diferem significativamente dos processos que ocorrem em regiões onde o uso do solo é predominantemente para fins rurais. Nas áreas urbanas, embora possam ocorrer modalidades de erosão semelhantes às áreas rurais, predominam aquelas decorrentes da concentração de fluxo, principalmente em razão de deficiências do sistema de drenagem. Ainda em relação à erosão urbana, Salomão (2005) afirma que além de representar áreas susceptíveis a acidentes, elas são assemelhadas erroneamente a depósitos de lixos urbanos e lançamento de esgoto. Muitas vezes esta deposição vem na intenção de controlar a sua evolução, sendo esta prática de resultados fracassados, já que transforma o quadro erosivo em foco de doenças agravando 18 ainda mais o dano ambiental a elas arrolado. 2.4 Solos urbanos corresponde ao homem e às suas atividades, características intrinsecamente relacionadas. Corrêa (1989), citado por Rocha e Foresti (1998), afirma que o uso do solo apresenta-se como um reflexo das relações socioeconômicas estabelecidas em um território e, dessa forma, demonstram a apropriação da natureza pelo homem e as alterações que a ela são impostas. Partindo-se do pressuposto apresentado, pode- se afirmar que na cidade de Ourinhos/SP, o processo de apropriação do território e sua consequente urbanização se dão, muitas vezes, de maneira inapropriada, acarretando em degradação e sucateamento de áreas periféricas cuja presença de nascentes e córregos remete, devido a essas características, à preservação do ambiente. De acordo com Pedron et al. (2007, p.147), o solo, formado a partir da interação de diversos fatores, se configura como um dos recursos naturais mais afetados pela urbanização. Os autores complementam: [...] o solo apresenta funções vitais para o sistema urbano como, por exemplo, suporte as obras de engenharia e vida vegetal, além de atuar como um filtro natural, regulando o ciclo hidrológico e impedindo que diversas substâncias tóxicas sejam dispersadas no meio ambiente. Assim, a maioria das atividades resultantes do processo de urbanização afetarão diretamente o recurso solo, com maior ou menor intensidade, podendo muitas vezes aumentar o grau de degradação do ambiente, afetando também a qualidade de vida da população. A partir daí é possível a denominação solos urbanos, que, de acordo com Pedron et al. (2007) nada mais é senão aqueles solos que se encontram no meio urbano e que podem ou não ter sofrido modificações devido à ação humana. Para os solos que sofreram mudanças devido a ação humana, o referido autor recomenda 19 o uso da nomenclatura solos antrópicos, configurados, portanto, como aqueles Gomes et al. (2008), definem os solos antrópicos ou Antropossolos como aqueles que apresentam densa intervenção humana através da incorporação de materiais inativos e/ou a remoção parcial do solo, que devem apresentar pelo menos 40 centímetros de profundidade como resposta à essa intervenção. Santos Júnior (2008, p. 04) afirma que os solos urbanos podem ser definidos como: [...] material mineral e/ou orgânico não consolidado na superfície da Terra com alteração seja por mistura, deposição ou contaminação por materiais diversos ocasionadas por atividades humanas em áreas urbanas ou urbanizadas e não relacionadas a produção agrícola, capaz de suportar o desenvolvimento de plantas (CRAUL, 1992; BOCKHEIM,1974 e FANNING; STEIN; PATTERSON, 1978). Para estes solos, que estão diretamente em contato e servem de suporte para o processo de crescimento das cidades, é que, de acordo com Martins (s.a) deve haver políticas e medidas de conservação que impeçam ou ao menos minimizem a sua degradação, bem como ações que promovam o aproveitamento racional das suas potencialidades. É nesse contexto de urbanização constante e degradação do recurso natural solo que a área estudada está inserida. Pode-se, então, afirmar que o quadro de degradação hoje encontrado está relacionado com a criação de um território desordenado no que diz respeito à gestão e planejamento. Nefussi e Licco (2005, p. 1) afirmam que: Desde os anos 50, a formação das cidades brasileiras vem construindo um cenário de contrastes, típico das grandes cidades do Terceiro Mundo. A maneira como se deu a criação da maioria dos municípios acabou atropelando os modelos de organização do território e gestão urbana tradicionalmente utilizados, e mostrou-se inadequada. O resultado tem sido o surgimento de cidades sem infraestrutura e disponibilidade de serviços urbanos capazes de comportar o crescimento provocado pelo contingente populacional que migrou para as 20 cidades. Baseado nessa afirmação pode-se aferir que o ambiente urbano abarca com ele não somente problemas de ordem social e econômica, o reflexo da falta de planejamento e manejo da infraestrutura básica como, por exemplo, o saneamento, que é precário em diversos municípios, também causa problemas de ordem ambiental, estando, portanto, as questões sociais entrelaçadas às questões ambientais. Nefussi e Licco (2005, p. 2) ainda complementam: Quando se trata do urbano, a complexidade do que se denominam problemas ambientais exige tratamento especial e transdisciplinar. As cidades não são apenas espaços onde se evidenciam problemas sociais. O próprio ambiente construído desempenha papel preponderante na constituição do problema, que transcende ao meio físico e envolve questões culturais, econômicas e históricas. As palavras de Nefussi e Licco (2005) fazem concluir que a expansão das cidades e consequente mau uso do solo em ambiente urbano é o responsável pelos quadros de degradação do recurso natural em questão. Essa degradação faz alusão a diversas modificações as quais os solos passam e remetem a implicações no ambiente urbano devido às alterações sofridas pelas propriedades físicas e químicas dos solos. Uma dessas modificações, de acordo com Schleuß et al. (1998), citado por Pedron et al. (2004), tem caráter morfológico e diz respeito a alterações ocorridas devido a retirada de camada superficial do solo e/ou adição de materiais no intuito de reconstituir o solo perdido. Nessas condições o solo passa a ser heterogêneo, já que diferentes materiais com diferentes dimensões e texturas foram a ele introduzidos, fato que acarreta interferências no regime hídrico e térmico do solo, afetando também a capacidade na manutenção de plantas e a resistência à erosão e escorregamentos. Dias Júnior (2000) aponta que a compactação dos solos é um fenômeno que está relacionado com a diminuição do volume e consequente aumento da densidade do solo, já que há, por meio da compactação, a redução do tamanho dos poros. 21 Dessa forma, entende-se que a compactação dos solos reflete de maneira prejudicial sobre a porosidade do solo, a qual vai nortear o uso do solo no ambiente urbano. Bertoni e Lombardi Neto (2005) afirmam que a diminuição da porosidade pode aumentar o escoamento superficial das águas pluviais, facilitando a concentração de fluxos e possível formação de processos erosivos. Pedron et al. (2004) afirmam ser os processos erosivos e os deslizamentos de encostas fenômenos naturais intensificados pela ação antrópica, que podem se dar, por exemplo, pelo errôneo parcelamento do solo e a não observância da sua aptidão de uso, ou seja, os solos urbanos são afetados pelo mal planejamento e sofrem consequências que atingem, principalmente, a população que vive em áreas inadequadas e que muitas vezes deveriam ser destinadas a proteção permanente. Outra forma de degradação do solo em ambiente urbano é poluição do mesmo através de substâncias que podem afetá-lo de forma predatória. Essa contaminação se dá pelo contato direto ou indireto com poluentes orgânicos (derivados do petróleo) ou inorgânicos (chumbo, cádmio, níquel, entre outros) (PEDRON et al., 2004). Por último, o solo é visto também como vetor de transmissores de doenças, já que este atua como suporte para bactérias, protozoários, entre outros transmissores. A FUNASA (1992) aponta como principais doenças a ascaridíase, ancilostomíase, esquistossomose, salmonelose, entre outras (PEDRON et al., 2004). Sendo assim, Craul (1985) citado por Novais et. al (2000), afirma que os solos urbanos são peculiares por apresentar características tais quais a modificação de sua estrutura; quadros de compactação; superfície descoberta; variedade vertical e horizontal; modificação da temperatura, do pH específico de cada tipo de solo, da atuação dos organismos presentes, infiltração e porosidade; interrupção de ciclagem de nutrientes; adição de materiais antrópicos e outros contaminantes. Santos Junior (2008) afirma que, segundo Curcio et al. (2004) características como menor capacidade de resiliência e uma possível elevação do potencial de contaminação de aqüíferos, bem como maior suscetibilidade à erosão e comportamentos geotécnicos discrepantes também são feições de solos altamente antropizados. Pedron et al. (2004, p. 1652) concluem: 22 Problemas como a compactação, a erosão, a poluição, inundações e deslizamentos no meio urbano podem ser provocados pela utilização inadequada do recurso solo, resultante da falta de conhecimento do seu comportamento quando submetido às aplicações urbanas. Portanto, o solo deve ser utilizado conforme sua aptidão de uso, observando suas potencialidades e respeitando suas limitações e fragilidades. Em todos estes eventos, há uma degradação da qualidade de vida, e em muitos, os prejuízos são irreparáveis ou sua recuperação é inviável. Neste sentido, é necessário maior investimento no estudo e na divulgação do uso do solo e seus efeitos no meio urbano. 2.4.1 Depósito tecnogênico e antropossolos Os depósitos tecnogênicos podem ser considerados como resultantes de um processo de ocupação do relevo, levando em consideração a ação antrópica como agente direto ou indireto na modelagem da paisagem. Essa apropriação do relevo, de forma a incorporar características tecnogênicas pode ser inserida, de acordo com a classificação de Ross (1992), no sexto táxon. Fujimoto (2005, p. 78) afirma: Esse táxon engloba as formas menores produzidas pelos processos morfogenéticos atuais e quase sempre induzidos pela ação humana, como os sulcos erosivos, os cones de dejeção tecnogênicos e as cicatrizes de solapamento; ou as pequenas formas do relevo que se desenvolvem por interferência antrópica ao longo das vertentes, como os cortes e os aterros. Peloggia (2005) afirma existir três níveis da ação humana sobre o meio, capazes de modificar a morfologia da paisagem: a modificação do relevo, a alteração da dinâmica geomorfológica e a criação de depósitos correlativos similares aos do quaternário (depósitos tecnogênicos), tendo como base ações denominadas tecnogênese. A tecnogênese está inserida num contexto que trás a proposta da sociedade passa a empreender determinadas ações no ambiente, ocasionando 23 homem como força significativa na intervenção da construção da Os depósitos tecnogênicos são classificados conforme a categoria de material depositado. Podem ser do tipo úrbico (tijolos, vidros, concreto, asfalto, pregos, plásticos, metais diverso, etc.), gárbico (material detrítico com predomínio de lixo orgânico), espódico (resultado de operações de terraplanageme (FANNING; FANNING, 1989, citados por PELOGGIA, 1998). Já Oliveira (1990), citado por Peloggia (1998, p. 73), afirma a existência de três classes principais de alterados tecnogenicamente por efluentes, adubos, feições de diferentes materiais acionados ao meio ambiente, que muitas vezes, ao incorporarem o recurso natural solo, modificam sua morfologia e características químicas e biológicas. Segundo Oliveira et al. (2005) os depósitos dos ambientes modificados pelo homem, muitas vezes depósitos tecnogênicos, testemunham não só ambientes antropizados, mas também seus processos geradores e modificadores das paisagens atuais nas quais estão inseridos. Tais depósitos são oriundos de acordo com o uso e manejo que se aplica ao solo. Em áreas urbanas, a implantação de conjuntos residenciais pode deixar seus registros históricos nas planícies aluviais a partir do acúmulo de restos de materiais de construção, movimentos de terra (terraplanagem), lixo, esgoto clandestino, sedimentos acumulados ao logo dos cursos hídricos, etc. Fujimoto (2002, s.n.) afirma que durante o processo de expansão urbana, fato notório nos dias atuais, [...] são introduzidas uma grande quantidade de novos materiais e equipamentos que acompanham o seu crescimento populacional e suas atividades econômicas, articuladas com o espaço urbano. Entre as principais alterações introduzidas no espaço construído, as mais comuns são: retirada da cobertura vegetal, construção de novas formas de relevo, aumento da 24 edificação, acréscimo de escoamento superficial, rugosidade da superfície, lançamento concentrado e acúmulo de partículas e gases na atmosfera e produção de energia artificial, modificando elementos naturais, como o clima, a ar, a vegetação, o relevo e a água. Nesse sentido, Perusi e Bergamaschi (2008), analisando os depósitos tecnogênicos ao longo do córrego das Furnas, município de Ourinhos/SP, constataram que 19,55 % dos materiais encontrados em pontos estratégicos do referido córrego são de origem tecnogênica, oriundos do processo de transporte e deposição de restos de materiais de construção, resíduos sólidos urbanos, dentre outros, configurando um quadro de degradação da planície aluvial do referido córrego. Atrelado a esse conceito está a proposta da Embrapa (2004) em criar uma nova classe de solos Antropossolos. Segundo Pedron e Dalmolin (2002) esses solos são formados devido as mais diversas transformações e intervenções impostas pelo homem ao ambiente. Curcio et AL. (2004, p. 10-11) citam: No entanto, o homem, através de suas profundas intervenções no ambiente, tem gerado ao longo de milhares de anos, em escala crescente, volumes pedológicos com características muito discrepantes dos solos naturais. Esses volumes guardam características muito distintas entre si, tendo em vista a natureza diversa de seus constituintes, técnicas de composição e tempo de formação. Em razão dessa ampla variação, é de se esperar que possuam peculiaridades muito diferenciadas, imprimindo, no tocante às formas de uso, potencialidades e fragilidades, bastante variáveis. Além disso, em sua grande maioria, possuem comportamentos diferenciados quando comparados aos solos naturais, sobretudo, porque possuem menores capacidades de resiliência, elevam o potencial de contaminação do aquífero e suscetibilidade à erosão, além de comportamentos geotécnicos discrepantes. Os referidos autores conceituam Antropossolos como: Volume formado por várias ou apenas uma camada antrópica, desde que possua 40 cm ou mais de espessura, constituído por material orgânico e/ou inorgânico, em diferentes proporções, 25 formado exclusivamente por intervenção humana, sobrejacente a qualquer horizonte pedogenético, ou saprólito de rocha, ou rocha não intemperizada. Constituem volumes com morfologia muito variável em razão da natureza de seus materiais constitutivos, técnicas de composição e tempo de formação. Em geral, apresentam pequeno grau de evolução, caracterizado pela pequena relação pedogenética entre as camadas. A saturação iônica do complexo sortivo é bastante variável e depende, principalmente, do tipo de material utilizado em sua formação, além das características do material de solo remanescente. É muito comum ser identificada a presença de materiais tóxicos e sépticos em sua composição. A drenagem é bastante diversa, e está diretamente relacionada à natureza e à quantidade dos materiais constitutivos, técnica de estruturação para formação do volume, bem como do ambiente de deposição (CURCIO et al., 2004, p. 21). De Kimpe et al. (2000) citado por Pedron e Dalmolin (2002) afirmam que os solos urbanos geralmente são caracterizados pela presença de materiais de origem ferros, concretos, restos de pavimentos e materiais plásticos, assim como a (PEDRON; DALMOLIN, 2002, s.n). Além disso, é comum a remoção ou adição de horizontes nesses solos, sendo que isto pode alterar os aspectos físicos e químicos dos mesmos. Devido às características apresentadas é que Curcio et al. (2004) afirmam que, atualmente, essa é a classe de solos em maior expansão no mundo, sendo que devido a essa proporção de ocorrência é que cresceu o interesse em estudar essas formações pedológicas para que dessa forma seja possível o aproveitamento e os tipos de uso que podem ser atribuídos à eles, já que estes podem apresentar, como características, horizontes decapitados, variação nas propriedades físicas e químicas, entre outras características discrepantes. É daí que vem a necessidade de se criar essa classe de solo e classificá-los de maneira que seja possível a identificação de cada um em uma ordem taxonômica. Os referidos autores relatam que quando encontradas apenas uma das condições diagnósticas, como inversão, remoção ou 26 mistura de horizontes; presença de materiais antrópicos, tóxicos e sépticos e modificações na paisagem de ordem granulométrica e química, é possível implicar a este solo sinais nítidos de antropogênese. É importante salientar que a Embrapa (1999) apresenta a categorização de horizontes/camadas tidos como A antrópico por trazerem modificações intensas de suas características originais. Para tanto tem-se que, de acordo com Curcio et al. (2004, p. 19-20), os materiais antrópicos e as camadas antrópicas são, respectivamente: [...] materiais de natureza mineral ou orgânica produzidos pela atividade humana, envolvendo, entre outros, plásticos, papéis, ossos, vidros, cerâmicas, concreto, materiais de reboco, caliça e embalagens diversas. [...] camada com menos de 40 cm de espessura, resultante de estruturação induzida, exclusivamente pelo homem, identificada tanto em situação de superfície como de subsuperfície. A partir dessa discussão, é importante salientar que os conceitos antropossolos e depósitos tecnogênicos são semelhantes. Entretanto, a origem dessas duas definições remonta a escolas diferentes. Para a Geologia é utilizado o conceito de depósitos tecnogênicos que, segundo Rohde (1996) citado por Rossato e Suertegaray (2000) faz alusão ao surgimento do Quinário, período que teria como característica a sobreposição do homem à natureza, ou seja, a atividade humana seria tal que ultrapassaria os limites do tempo geológico e implicaria à paisagem suas formações de caráter antrópico. A Agronomia utiliza o conceito antropossolo, que segundo Embrapa (2004) faz alusão à modificação das características físicas, químicas e biológicas dos solos devido a atividades humanas degradantes. Fica clara, então, a importância da inserção da classe de solos Antropossolos e como esta se relaciona diretamente aos depósitos tecnogênicos, já que as duas classificações são semelhantes devido a presença da ação humana degradante, além das alterações ocorrentes trazerem como características a degeneração do recurso natural solo, transformando-o em ambientes instáveis e muitas vezes inapropriadospara cultivo, construção civil, entre outros usos, modificando os aspectos naturais 27 dos solos urbanos ou rurais. Também fica evidente a importância de uma legislação ambiental eficaz pautada em princípios coerentes, ou seja, uma legislação capaz de proteger o ambiente como um todo. 3 Legislação ambiental Em relação ao contexto na qual a área degradada situada à Avenida Vitalina Marcusso está inserida e aos constantes quadros de degradação ambiental hoje em dia reconhecidos, fica evidente a importância de elementos que expliquem, justifiquem e exerçam o papel de proteção do meio ambiente como um todo. É nesse sentido que se tem, como forma de respaldo às questões referentes a essa temática, o Direito Ambiental. Milaré (2001), citado por Phillipi Jr. e Rodrigues (2005), afirmam ser o Direito um elemento de grande importância quando do controle de um jogo de interesses que tem como principal objetivo a apropriação dos mais variados recursos naturais, usando ferramentas como penalidades e imposições oficiais na tentativa de se estabelecer o mínimo de ordem quando da tutela dos bens ambientais, sem deixar de lado as consequências que as errôneas apropriações implicam ao meio ambiente tanto humano como natural. Já Machado (2006, p. 129- 130) afirma ser esta nuance do Direito responsável pela: [...] articulação da legislação, da doutrina e da jurisprudência concernentes aos elementos que integram o ambiente (...). Não se trata mais de construir um Direito das águas, um Direito da atmosfera, um Direito do solo, um Direito florestal, um Direito da fauna ou um Direito da biodiversidade. O Direito Ambiental não ignora o que cada matéria tem de específico, mas busca interligar estes temas com a argamassa da identidade dos elementos jurídicos de prevenção e de reparação, de informação, de monitoramento e de participação. A partir daí, todas as relações sociais e as ações humanas direcionadas tanto para seu íntimo quanto ao ambiente são, de alguma forma, permeadas pelo aparato de leis disponíveis que regulamentam e sistematizam regras construídas socialmente e que estão interligadas às mais variadas ações realizadas pelas pessoas. No que diz 28 respeito à questão ambiental é necessário o reconhecimento da sociedade e do próprio Estado quando da viabilidade das aplicações e decisões do poder público. Dessa forma reconhece-se o Homem como parte integrante da natureza, que deve buscar harmonia entre as relações existentes no meio humano e natural. É referente à valorização e amparo à natureza e aos recursos naturais que se imprimiu a necessidade de sistematizar uma série de medidas que os protegessem, bem como penalizassem os indivíduos que desrespeitassem o equilíbrio ou desfrutassem inadequadamente do meio ambiente e de seus elementos. Essa sistematização reflete um avanço no que diz respeito às questões ambientais, e mesmo que muitas questões devam ser discutidas e reavaliadas toma-se como de extrema importância a existência de parâmetros que regem as questões ambientais. A valorização da proteção dos recursos naturais, calcada em uso e manejo adequados dos mesmos, é advinda da preocupação em relação à qualidade e uma possível escassez destes recursos, se caracterizando como uma nova forma de encarar as questões ambientais. Para Moreira (1997), essa nova nuance é recente e ganhou projeção mundial a partir do ano1970, ano este proclamado pela Organização das Nações Unidas (ONU) como sendo o Ano do Meio Ambiente, culminando em sucessivas conferências que discutiam a respeito do futuro do planeta e do desenvolvimento econômico combinado com preservação do meio ambiente. Moreira (1997) afirmou existir, a partir dessa época, diferentes posições norteadoras que abordavam a questão ambiental. Essas abordagens traziam diferentes soluções aos problemas ambientais, evidenciando: [...] ora a paralisação do crescimento populacional, ora a paralisação do crescimento econômico, ora a correção de danos ambientais, ora a desocupação humana de alguns ecossistemas, ora a redistribuição de poder e de recursos produtivos, ora a sustentabilidade ambiental e social. Mas, estas abordagens têm em comum o mesmo conceito de ambiente, ou seja, as relações dos homens com a natureza para preservação dos recursos naturais (MOREIRA, 1997, p.2). 29 Devido às discussões em relação a assuntos referentes ao meio ambiente e sua conservação é que se instituíram, no Brasil, leis que visam assegurar a validade do direito a um meio ambiente equilibrado, assim previsto pela Constituição Federal (CF) atual. Assim, tem-se no artigo 225, Capítulo VI da citada constituição, as proposições legais a respeito do Meio Ambiente: Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. § 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais à crueldade. § 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. 30 § 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. § 4º - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. § 5º - São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. § 6º - As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas. Nesta lei ficam claras as designações do Poder Público quando da manutenção da qualidade de vida da população, assegurando as condições básicas de cuidados para com o meio ambiente, assim como conceituado pela Constituição Federal. Em relação a esta lei pode-se dizer que em seu texto são transcorridos deveres constitucionais, que na maioria das vezes não são respeitados tanto pelo próprio Poder Público, quanto pela sociedade envolvida. Como exemplo disso observa-se, cada vez mais, a degradação dos recursos naturais, expressada na forma de morte de nascentes, estabelecimento de quadros erosivos, cursos hídricosassoreados, infertilidade do solo, deslocamentos de terra, entre outros. Devido aos deveres contidos nesta lei é que se viu necessária a instituição de órgãos colegiados, cujas competências se dão no sentido de auxiliar na formulação de diretrizes para a ação governamental, bem como aprofundar a discussão acerca de direitos e deveres para com o meio ambiente e a manutenção de sua qualidade. Assim, a legislação instituída pelo Código Florestal, Lei nº 4771 de 15 de setembro de 1965, em seus artigos 2º e 3º, aponta como área de preservação permanente (APP): Art. 2° Consideram-se de preservação permanente, pelo só efeito desta Lei, as florestas e demais formas de vegetação natural situadas: a) ao longo dos rios ou de outro qualquer curso d'água, em faixa marginal cuja largura mínima será: 31 1 - de 5 (cinco) metros para os rios de menos de 10 (dez) metros de largura: 2 - igual à metade da largura dos cursos que meçam de 10 (dez) a 200 (duzentos) metros de distancia entre as margens; 3 - de 100 (cem) metros para todos os cursos cuja largura seja superior a 200 (duzentos) metros. b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou artificiais; c) nas nascentes, mesmo nos chamados "olhos d'água", seja qual for a sua situação topográfica; Vitalina Marcusso, município de Ourinhos/SP desperdício de dinheiro público e degradação ambiental d) no topo de morros, montes, montanhas e serras; e) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°, equivalente a 100% na linha de maior declive; f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues; g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas; h) em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, nos campos naturais ou artificiais, as florestas nativas e as vegetações campestres. Art. 3º Consideram-se, ainda, de preservação permanentes, quando assim declaradas por ato do Poder Público, as florestas e demais formas de vegetação natural destinadas: a) a atenuar a erosão das terras; b) a fixar as dunas; c) a formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias; d) a auxiliar a defesa do território nacional a critério das autoridades militares; e) a proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico ou histórico; f) a asilar exemplares da fauna ou flora ameaçados de extinção; g) a manter o ambiente necessário à vida das populações silvícolas; h) a assegurar condições de bem-estar público. Conforme a disposição desta lei, as nascentes e/ou olhos d`água, bem como a vegetação ciliar são consideradas APPs. Em crítica ao Código Florestal, aponta-se para a necessidade de aperfeiçoamento da legislação no que tange as áreas urbanas. Entende-se que nos artigos apresentados do referido Código, não existe a distinção entre APPs e seus limites em áreas urbanas e rurais. Porém, devido ao intenso processo de impermeabilização pelo qual passam as cidades, percebe-se a importância da manutenção das APPs. Também pondera-se à respeito dos limites 32 mínimos estabelecidos por este código, sendo que em áreas urbanas as dimensões apresentadas encontram diversas barreiras quando da sua implementação, sendo que, muitas vezes, toda a vegetação ciliar é eliminada. Araújo (2002, p. 3) afirma que as Áreas de Preservação Permanente (APPs) devem ser protegidas, e são caracterizadas pela imposição da lei no que diz respeito à [...] preservação dos recursos hídricos, da estabilidade geológica e da biodiversidade, bem como o bem-estar das populações humanas O regime de proteção das APP é bastante rígido: a regra é a intocabilidade, admitida excepcionalmente a supressão da vegetação apenas nos casos de utilidade pública ou interesse social legalmente previstos. Para o estabelecimento dessas áreas a legislação prevista é a Lei Federal nº 4.771, de 1965, do Código Florestal, que reconhece essas áreas como sendo: II - área de preservação permanente: área protegida nos termos dos arts. 2o e 3º desta Lei, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem estar das populações humanas; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001). Nessa legislação pode-se reconhecer duas categorias de APPs, citadas por Araújo (2002) como sendo as criadas pela própria lei e as que demandam de ato declaratório exclusivo do Poder Público para sua determinação. A lei ainda compreende um Parágrafo único, acrescido ao Código Florestal a partir da Lei Federal n° 7083, de 1989 (BRASIL, 2009), explicitando a necessidade da ação conjunta do Poder Público na efetivação da criação de APPs e a capacidade desse segmento em criar APPs. No caso de áreas urbanas, assim entendidas as compreendidas nos perímetros urbanos definidos por lei municipal, e nas regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, em todo o território abrangido, obervar-se-á o disposto nos respectivos 33 planos diretores e leis de uso do solo, respeitados os princípios e limites a que se refere este artigo. O artigo 3° do Código Florestal complementa a constatação acima. Art. 3º. Consideram-se, ainda, de preservação permanente, quando assim declaradas por ato do Poder Público, as florestas e demais formas de vegetação natural destinadas: a) a atenuar a erosão das terras; b) a fixar as dunas; c) a formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias; d) a auxiliar a defesa do território nacional a critério das autoridades militares; e) a proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico ou histórico; f) a asilar exemplares da fauna ou flora ameaçados de extinção; g) a manter o ambiente necessário à vida das populações silvícolas; h) a assegurar condições de bem-estar público. Como exemplo dos conselhos ambientais tem-se o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), órgão consultivo e deliberativo regido pelo Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) e criado concomitantemente à Lei 6.938/81 que dispõe a respeito da Política Nacional do Meio Ambiente. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (2010), é de competência do CONAMA determinar o monitoramento quanto ao cumprimento das normas previstas, a aplicação de multas e penalidades mediante ações danosas ao ambiente, normas e padrões relativos à poluição sonora e dos recursos naturais, incentivar a aproximação entre os demais órgãos colegiados ambientais, entre outras medidas. Dentre as normas e critérios estabelecidos pelo CONAMA, em combinação com o IBAMA e demais órgãos colegiados ambientais está o licenciamento ambiental, que deve ser precedido pelo Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EPIA ou EIA). Essas ferramentas legais são destinadas à aplicação preventiva, de forma que se avalie previamente o efeito das intervenções humanas no meio físico. Dessa forma, existem recursos legais com o intuito de subsidiar o gerenciamento ambiental, viabilizando pontos de vista técnicos e administrativos. Essas ações fazem parte de uma política de planejamento ambiental, além da busca pela harmonia entre as comunidades humanas e naturais (SOUZA, 2003). Ainda assim, 34 ações predatórias ao ambiente culminam nos mais diversos impactos ambientais. De acordo com o artigo 1º da Resolução 01/1986 - CONAMA, impacto ambiental nada mais é senão: [...] qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população; II - as atividades sociais e econômicas; III - a biota; IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; V - a qualidade dos recursos ambientais. Capelli (1994, s/p.) designa impacto ambiental como: Conjunto de consequências da criação ou presença de um empreendimentosobre o ambiente ou o conjunto das repercussões e das consequências que uma nova atividade ou nova obra, quer pública ou privada, possa ocasionar ao meio ambiente físico com todos os seus componentes (segurança do território) e às condições de vida da população interessada (qualidade de vida). Dessa forma, tem-se, então, que o impacto ambiental é traduzido não somente pela poluição do meio, mas também pelas mais variadas cicatrizes as quais se observam na paisagem. São consideradas geradoras de impacto ambiental atividades que envolvam drásticas alterações no meio, como obras que requerem grande deslocamento de terra, aterros, extração de minérios, ravinas e voçorocas, desmatamento, entre outras ações e representações cujo resultado seria prejudicial ao equilíbrio natural e à sua manutenção. É no sentido de prevenir as repostas negativas que um empreendimento pode causar sobre à superfície terrestre que o Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EPIA ou EIA) busca atuar, sendo considerado ferramenta essencial para o planejamento ambiental, urbano, industrial. Este instrumento teve suas origens nos Estados Unidos da América, através de um decreto-lei no ano de 1969, que validou o National Environmental Policy Act (NEPA), primeiro documento legal a discutir os aspectos os quais o EIA abrangeria. 35 A partir da década de 1970 houve um espalhamento desse modelo para os demais países do mundo, sob a perspectiva de garantia da proteção ao meio ambiente incluindo a participação da sociedade nas discussões e decisões a serem tomadas em relação à implantação de atividades que poderiam lesar o meio ambiente (MOREIRA, 1997; GOULART; CALLISTO, 2003). No Brasil, o EIA foi introduzido através da Lei n° 6938/81, que dispõe da Política Nacional do Meio Ambiente. Porém, havia uma defasagem, já que não era expressa a necessidade do EIA antecedendo o início das obras ou atividades impactantes. Com a resolução 001/86 do CONAMA é que essa obrigatoriedade de ação preventiva foi estabelecida. Dessa forma, tem-se, de acordo com Benjamim (1993, p. 15): Nenhum outro instituto de direito ambiental melhor exemplifica este direcionamento preventivo que o EIA. Foi exatamente para prever (e, a partir daí, prevenir) o dano, antes de sua manifestação, que se criou o EIA. Daí a necessidade de que o EIA seja elaborado no momento certo: antes do início da execução, ou mesmo de atos preparatórios, do projeto. Não é à toa que a Constituição Federal preferiu rebatizar o instituto, Assim, de acordo com Souza (2003, p 25), o objetivo do EIA ou EPIA é: [...] avaliar as proporções das possíveis alterações que um empreendimento, público ou privado, pode ocasionar ao meio ambiente, para desta forma, assegurar efetivamente o direito mais é que um estudo das prováveis modificações nas diversas características socioeconômicas e biofísicas do meio ambiente que podem resultar de um projeto proposto. Souza (2003, p.31) ainda afirma a importância do EIA no sentido de: Qualificar e, quanto possível, quantificar antecipadamente o impacto ambiental é o papel reservado ao EIA como suporte para um adequado planejamento de obras ou atividades relacionadas com o ambiente. É certo que muitas vezes a previsão dos efeitos nefastos de um projeto pode ser muito delicada, pois algumas modificações do equilíbrio ecológico 36 só aparecem muito tarde. Daí a correta consideração do EIA como procedimento administrativo de prevenção e de monitoramento dos danos ambientais. De acordo com o artigo 2° da Resolução 001/86 instituída pelo CONAMA, bem como às alterações acrescentadas a esse artigo pelas Resoluções 011/86 e 05/87 do mesmo órgão, é que são delimitadas as obras e atividades que necessitam passar por estudo prévio. A referida lei afirma: Dependerá de elaboração de estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de impacto ambiental - RIMA, a serem submetidos à aprovação do órgão estadual competente, e do IBAMA e em caráter supletivo, o licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente, tais como: I - Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento; II - Ferrovias; III - Portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos; IV - Aeroportos, conforme definidos pelo inciso 1, artigo 48, do Decreto- Lei nº 32, de 18.11.66; V - Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissários de esgotos sanitários; VI - Linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230KV; VII - Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais como: barragem para fins hidrelétricos, acima de 10MW, de saneamento ou de irrigação, abertura de canais para navegação, drenagem e irrigação, retificação de cursos d'água, abertura de barras e embocaduras, transposição de bacias, diques; VIII - Extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão); IX - Extração de minério, inclusive os da classe II, definidas no Código de Mineração; X - Aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos ou perigosos; Xl - Usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de energia primária, acima de 10MW; XII - Complexo e unidades industriais e agroindustriais (petroquímicos, siderúrgicos, cloroquímicos, destilarias de álcool, hulha, extração e cultivo de recursos hídricos); XIII - Distritos industriais e zonas estritamente industriais - ZEI; XIV - Exploração econômica de madeira ou de lenha, em áreas acima de 100 hectares ou menores, quando atingir áreas 37 significativas em termos percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental; XV - Projetos urbanísticos, acima de 100ha. ou em áreas consideradas de relevante interesse ambiental a critério da SEMA e dos órgãos municipais e estaduais competentes; XVI- Qualquer atividade que utilizar carvão vegetal, derivados ou produtos similares, em quantidade superior a dez toneladas por dia. XVII - Projetos Agropecuários que contemplem áreas acima de 1.000 ha. Ou menores, neste caso, quando se tratar de áreas significativas em termos percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental, inclusive nas áreas de proteção ambiental. XVIII - Empreendimentos potencialmente lesivos ao Patrimônio Espeleológico Nacional; Em relação ao EIA/RIMA, este deve ser elaborado, de acordo com o artigo 7° da Resolução 001/86 do CONAMA, por uma equipe multidisciplinar capaz de desenvolver diagnósticos e análises a respeito do projeto proposto, sendo que os resultados obtidos são de exclusiva responsabilidade dos técnicos envolvidos. Para tanto, de acordo com Souza (2003), deve ser formulado um documento diagnóstico que descreva a situação do local antes da implantação do empreendimento, abarcando considerações tanto de aspectos físicos, tais como recursos hídricos, fauna e flora existentes, condições climáticas, interações entre ecossistemas, entre outros; quanto de aspectos socioeconômicos, evidenciando relações e dinâmicas como uso do solo, população, saúde, educação, entre outros. Também deve ser criada uma análise que leve em consideração as questões relacionadas aos impactos positivos e negativos que o empreendimento pode vir a causar, sendo que a permissão para execução das obras de implantação ou das atividades, o licenciamento ambiental, só é concedido mediante apresentação e análise profunda do EIA, levando em consideração os aspectos levantados e as soluções propostas para possíveis danos ao meio ambiente, danos estes que podem ser, até mesmo, irreversíveis. Como parte imprescindível do Estudo Prévio de Impacto Ambiental, contido no artigo 9° da Resolução n° 001/86 do CONAMA, tem-se o Relatório de Impacto 38 Ambiental: apontamento que traz as considerações dos técnicos envolvidos na produção do EIA. Este documento deve conter recursos visuais como gráficos, mapas, entre outros que facilitem a interpretação das consequências ambientais e alternativas indicadas, bem como a (in)viabilidade de
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