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UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL DA BAHIA Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Período Letivo: 2023.1 CC: Economias, Mercados e o Contexto Econômico Brasileiro Docente: Prof. Dr. Luiz Antônio Silva Araújo. Discente: Cidiclei dos Santos Souza AVALIAÇÃO - 2023.1 Questão 01: A partir do texto Fordismo, Fordismo Periférico e Metropolização, disserte sobre as distinções entre o Fordismo em sua origem (EUA) e o Fordismo Periférico. O fordismo, no século XX, é considerado um dos grandes avanços produtivos, isto é, nos setores tecnológico, automobilístico, entre outros setores industriais, que percorreu por quase toda América do Norte e posteriormente, dominou o mundo. Estados Unidos foi o berço de nascimento do fordismo, tendo em vista que esse modelo não nasceu à toa, ele foi fruto de outros estudos científicos (administrativos) que ao longo do tempo foi se modificando, aprimorando e obtendo resultados para o mundo capitalista, ou para os setores trabalhistas. Introduzidas rapidamente no início do século XX, Henry Ford, pioneiro e um dos grandes precursores do fordismo, monta neste mesmo século sua fábrica instituída com os fundamentos e princípios de outro modelo de produção, o taylorismo. Definindo e discorrendo sobre o fordismo, podemos dizer que o mesmo foi um modelo de produção pautado na alta produção e lucratividade (por alguns tempos), ou seja, um modelo de produção pautado em grandes inovações automobilísticas que se expandiu para outros setores e países. Com o grande aperfeiçoamento da linha de montagem, a Ford Motor Company (primeira empresa automobilística de Ford), se estende por outras regiões dos Estados Unidos, fazendo com que o fordismo se proporcionasse. Sobre os princípios e fundamentos que Ford baseava era na padronização dos métodos de trabalho, de forma que cada tarefa seja realizada da mesma forma por todos os trabalhadores, por exemplo, um trabalhador tinha que fazer o mesmo trabalho que o outro na produção. Com isso, Ford percebeu que este “ caminho” não era o correto e por isso decidiu modificar as normas trabalhistas em suas fábricas. Deste modo, o fordismo ganhou força e impulsividade que se originou também de um regime fordista “pode ser, principalmente , extensivo ou intensivo, isto é, a acumulação capitalista está, sobretudo , consagrada a aumentar a escala de produção , tendo em conta a norma s produtivas idênticas, ou aprofunda a reorganização capitalista do trabalho (a "submissão real " do trabalho ao capital)” (LIPIETSZ, 1989, p.305) Desse modo, esse processo se caracteriza pela crescente dominação do capital sobre o trabalho, resultando em uma situação em que os trabalhadores são submetidos a uma série de condições de trabalho que favorecem o lucro do capitalista em detrimento do bem estar dos trabalhadores. Num período em que o trabalho era associado como se fosse uma "imediata obrigação”, os trabalhadores nas indústrias viviam sob olhos que jamais ficariam dispersos sobre suas frentes, por isso “para que este ou aquele esquema se realize, e se reproduz a de forma durável, é preciso que formas institucionais, procedimento se hábitos - agindo como forças coercitivas ou indutoras - conduzam os agentes privados a obedecerem a tais esquemas” (LIPIETSZ, 1889, p.305). Discorrendo sobre essa questão do trabalho e de acordo com a citação acima, podemos afirmar que os trabalhadores fordistas estavam submetidos a um modo de regulação, ou seja, estavam moldados no trabalho apenas para a execução do serviço de um modo coercitivo. Como assim coercitivo? Induzido, obrigado ou até mesmo ameaçado para não perder o emprego . Paralelo a isso, vejamos aqui que o fordismo tinha suas principais características pautadas na alta produtividade de produtos e vendagens ao mesmo tempo. Quanto mais pessoas trabalhando em apenas um setor, mais produção, mais vendagem e mais lucro para a empresa (patrão). Depois de muitos anos de uso do Fordismo nas fábricas e indústrias ao redor do mundo, a produção ficou tão intensa que começou a gerar problemas. Os empresários ficaram desesperados porque não conseguiam vender tudo o que produziam e isso gerou uma grande crise: a crise da superprodução. Sendo assim: “o fator mais nítido o da crise do regime de acumulação reside na diminuição geral dos ganhos de produtividade , que intervém pelo final dos anos 60 e afeta, inclusive, os ramos mais tipicamente fordistas, como a indústria automobilística . Mas como é que tal diminuição gera uma crise?” (LIPIETSZ, 1889, p. 308) Sendo assim, a crise da superprodução ocorreu quando as empresas produziam mais do que os consumidores podiam comprar. Isso aconteceu porque as empresas estavam produzindo em grande escala, mas os consumidores começaram a desejar produtos mais personalizados e adaptados às suas necessidades individuais. Isso levou à redução da demanda e ao excesso de estoque, o que tornou insustentável o modelo Fordista de produção em massa. Um outro fator que se adentra nesse contexto, destaca-se a crise do fordismo. Essa crise envolveu grandes desafios como a crescente competitividade internacional entre países, inclusive, permitiu que houvesse fatores locacionais, ou seja, instalação de empresas em outros países (países periféricos). Vale destacar que esses desafios levaram ao surgimento de novos modelos de produção, como o Toyotismo, que concentrava os modos trabalhistas pautados na flexibilidade. Entende-se que o logo após a o fordismo nos EUA, nasce o fordismo periférico, que paralelo a isso, “(...)surgiu, em certos países, nos anos 70, a conjunção de um capital local autônomo , de classes médias urbanas relativamente abundante s e de embriões significativos de um a classe operária com experiência. Tal conjunção abriu a oportunidade, para determinados estados, de desenvolver uma nova lógica, que chamaremos de "fordismo periférico"(...) (LIPIETSZ, 1889, p.15), discorrendo sobre isso, podemos afirmar que também conhecido como Fordismo tardio, foi implantado em países periféricos com base na atração de investimentos estrangeiros para a produção de bens de consumo, especialmente na indústria têxtil e de vestuário. Esse modelo de produção em massa também se baseava na produção de grandes quantidades de produtos padronizados e de baixo custo, mas com o uso intensivo de mão de obra barata e sem qualificação, muitas vezes sem direitos trabalhistas e condições precárias de trabalho. No entanto, esse modelo foi adaptado às condições desses países, que tinham mão de obra mais barata e menos qualificada, além de infraestrutura e tecnologia menos desenvolvidas. O Fordismo Periférico se caracteriza pela produção em grande escala de bens padronizados e pela integração vertical das empresas, ou seja, o controle de toda a cadeia produtiva, desde a matéria-prima até a distribuição do produto final. As empresas geralmente investem em infraestrutura para facilitar o transporte de mercadorias, como rodovias, ferrovias e portos, e produzem para exportação, principalmente para os países desenvolvidos. No entanto, o Fordismo Periférico também apresenta desvantagens, como a exploração da mão de obra barata, o que não era visto no fordismo dos EUA, e condições de trabalho precárias, a dependência dos mercados internacionais e a falta de investimento em tecnologia e inovação. Por isso, muitos países periféricos estão buscando diversificar suas economias e adotar modelos de produção mais sustentáveis e inclusivos. Podemos referenciar até mesmos o Brasil, que em muitas das vezes apresenta empresas com essas características, a fim lucrar em cima dos “servos”. Sobretudo, trazendo distinção entre esses dois termos, Fordismo e fordismo periférico, podemos afirmar que embora o fordismo nos Estados Unidos e nos países periféricos apresentam algumas semelhanças, há diferenças significativas em termos de desenvolvimento industrial, uso de tecnologia, treinamento de mão de obra, direitos trabalhistas e impactos ambientais. Ainda que o Fordismotenha contribuído para o crescimento econômico, suas diferenças e limitações fizeram com que novos modelos de produção fossem desenvolvidos para atender às mudanças nas necessidades dos consumidores e aos desafios globais. Questão 02: Elabore um resumo comentado do texto: ANTUNES, Ricardo. A nova morfologia do trabalho e as formas diferenciadas da reestruturação produtiva no Brasil dos anos 1990. Sociologia [online]. Porto: 2014, vol.27, p.11-5 O texto se refere às transformações que ocorreram no Brasil durante a década de 1990 no contexto do capitalismo globalizado. Essas transformações foram impulsionadas pela nova divisão internacional do trabalho e pelas políticas econômicas definidas pelo Consenso de Washington, que incentivaram a liberalização econômica e a desregulamentação do mercado. Essas mudanças tiveram um grande impacto no mundo do trabalho, com uma onda de desregulamentação que afetou diversas esferas da vida profissional, como jornada de trabalho, salários e proteção social. Além disso, houve transformações significativas na organização da produção, com um processo de reterritorialização e desterritorialização da produção, ou seja, a produção se deslocou para novas regiões e países, ao mesmo tempo em que se tornou mais globalizada e integrada. A reestruturação produtiva e a nova divisão internacional do trabalho (DIT) também tiveram outras consequências, como a intensificação da competição entre os países e empresas, a concentração de riqueza e poder em poucas mãos e a exclusão de grande parte da população do acesso aos benefícios do desenvolvimento econômico. No contexto brasileiro, a reestruturação produtiva do capitalismo se caracterizou por algumas particularidades, como a manutenção de um setor industrial concentrado e pouco diversificado, a ampliação do setor de serviços e a precarização das condições de trabalho em diversos setores, como o agrícola e o informal. Na década de 1980, começaram a surgir mudanças nas empresas do Brasil, como novas tecnologias e formas de organização do trabalho. As empresas estrangeiras impuseram novos padrões organizacionais e tecnológicos, inspirados no toyotismo e na flexibilidade de acumulação. As empresas nacionais também precisaram se preparar para a forte concorrência internacional. A partir dos anos 1990, o processo de reestruturação produtiva se intensificou, juntando elementos do fordismo e das novas formas de acumulação flexível. Atualmente, a flexibilização e a desregulamentação dos direitos sociais, bem como a terceirização e as novas formas de gestão da força de trabalho, são cada vez mais comuns, convivendo com o modelo fordista em alguns setores da economia. O autor Ricardo Antunes identifica três tipos de trabalhadores informais: os que contribuem para a circulação e consumo de mercadorias, mas enfrentam baixas remunerações e ausência de direitos trabalhistas e sociais; os assalariados sem registro e excluídos dos acordos coletivos de sua categoria; e os trabalhadores por conta própria, que contam com sua própria força de trabalho e podem subcontratar outros trabalhadores. Segundo Antunes, a racionalidade instrumental do capital impulsiona as empresas a criar novas formas de trabalho que frequentemente assumem informalmente . O autor exemplifica com casos de subcontratação e produção em galpões, mostrando que a informalidade é a norma em muitas indústrias O texto destaca a necessidade de compreender as diferentes modalidades de trabalhadores informais e as estratégias que eles adotam para se manter no mercado de trabalho, mesmo diante das condições precárias que enfrentam. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS LIPIETZ, Alain. Fordismo, fordismo periférico e metropolização. Ensaio FEE, Porto Alegre, 10(2):303-335, 1989. ANTUNES, Ricardo. A nova morfologia do trabalho e as formas diferenciadas da reestruturação produtiva no Brasil dos anos 1990. Sociologia [online]. Porto: 2014, vol.27, p.11-5
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