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04/05/2023 21:27 Arte e literatura na Antiguidade Clássica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02281/index.html# 1/54 Objetivos Módulo 1 Arte na Antiguidade Clássica Reconhecer as manifestações artísticas da Antiguidade Clássica. Acessar módulo Módulo 2 A Ilíada e a Odisseia de Homero Identificar os aspectos culturais e literários da Ilíada e da Odisseia. Arte e literatura na Antiguidade Clássica Prof. Milca Tscherne Descrição Expressões da arte na Antiguidade Clássica e manifestações literárias, como Ilíada, Odisseia, Eneida e Metamorfoses. Propósito Reconhecer as principais manifestações e características da arte e da literatura greco- latinas na Antiguidade Clássica para ampliar o domínio das diferentes linguagens e seus contextos. Preparação Tenha em mãos um dicionário de literatura para compreender o vocabulário específico da área. Na internet, você acessa gratuitamente o E-dicionário de termos literários, de Carlos Ceia, e o Dicionário de cultura básica, de Salvatore D’Onofrio. 04/05/2023 21:27 Arte e literatura na Antiguidade Clássica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02281/index.html# 2/54 Acessar módulo Módulo 3 Eneida, de Virgílio, e Metamorfoses, de Ovídio Identificar o contexto e os aspectos literários de Eneida e Metamorfoses. Acessar módulo 1 O que há em comum entre as cerâmicas gregas, as colunas dos templos romanos, a Odisseia, de Homero, e a Eneida, de Virgílio? Resposta: todos são expressões da arte na Antiguidade Clássica greco-latina. A Grécia e a Roma antigas são importante berço da cultura e da arte ocidentais, com ricas expressões estéticas na pintura, na escultura, na música, no teatro e na literatura. Por isso, você está convidado a conhecer, neste conteúdo, o maravilhoso mundo da arte e da literatura na Antiguidade Clássica. Introdução Arte na Antiguidade Clássica Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer as manifestações artísticas da Antiguidade Clássica. 04/05/2023 21:27 Arte e literatura na Antiguidade Clássica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02281/index.html# 3/54 Contexto das expressões artísticas na Antiguidade Clássica A Antiguidade Clássica tem início no século VIII a.C., quando a Ilíada e a Odisseia recebem as suas versões escritas, e termina no século V, com a queda do Império Romano, que sela o fim da Idade Antiga e marca o início da Idade Média. É um período extenso e, por isso, um tanto difícil de sintetizar em suas várias manifestações artísticas. A Apoteose de Homero, por Jean Auguste Dominique Ingres (1827). A favor dessa sintetização, no entanto, está certa familiaridade com os valores estéticos e as regras de composição dos antigos, pois muito do que produziram consolidou-se como tradição artística sob diversas linguagens – até mesmo as mais recentes, como a do cinema e a dos jogos digitais. Além disso, faz parte do conhecimento escolar a história antiga, sobretudo a da Grécia e de Roma, e suas influências na cultura ocidental, que vão desde o sistema político e legislativo a modelos canônicos de arte e de literatura até hoje estudados, valorizados e contemplados museus afora. 04/05/2023 21:27 Arte e literatura na Antiguidade Clássica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02281/index.html# 4/54 Ao se entrar em contato com a literatura no ensino médio, ainda que se negligencie a leitura integral de obras literárias antigas que impactaram toda a civilização do Ocidente, estuda-se a chamada Era Clássica, que abrange os séculos XVI, XVII e XVIII, representados respectivamente pelo Classicismo da Renascença, pelo Barroco e pelo Neoclassicismo árcade. Nesse período, valores clássicos, como os de proporção, regularidade, clareza e unidade, orientam a composição das obras. Mesmo que o Barroco tensione alguns deles, ainda assim reforça o imitatio antiquorum (o modo de imitação dos antigos). É contando com tal repertório que as manifestações artísticas da Antiguidade Clássica serão brevemente abordadas aqui. A Última Ceia, por Leonardo da Vinci (1945), obra do Renascentismo, que retoma e valoriza referências culturais da Antiguidade Clássica. Os gregos e os romanos A civilização grega antecede à romana, mas algo as conecta de modo indissociável, pois, quando Roma domina a Grécia, os romanos passam a assimilar a sua cultura. Como profundos apreciadores dos gregos, os romanos constroem um fecundo diálogo estético com eles. Embora seja possível verificar claramente os traços peculiares de cada civilização em suas manifestações artísticas, não seria exagero afirmar que os gregos imitaram a arte dos egípcios e que os romanos imitaram a dos gregos, todos eles condicionados a uma lógica de admiração. 04/05/2023 21:27 Arte e literatura na Antiguidade Clássica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02281/index.html# 5/54 Eneias foge de Troia em chamas, por Federico Barocci (1598). Poeta latino do século I a.C. e autor da epopeia romana Eneida, Virgílio buscou nas epopeias gregas do século VIII a.C. o modelo a ser imitado. No entanto, inseriu elementos novos, como o próprio imperador Otávio Augusto, contemporâneo do poeta, como personagem. A peculiaridade, nesse caso, além de conferir à Eneida os valores augustanos, foi usar referências do tempo presente como matéria épica, e não só recorrer a um passado remoto, como era próprio das epopeias. A diversidade de manifestações artísticas Em princípio, são consideradas manifestações artísticas a literatura, a música, a escultura, a pintura, a dança e o teatro, porém convém reconhecer o valor estético que inúmeros objetos com finalidades mais utilitárias ostentavam. As joias, a tecelagem, os talheres, os escudos de guerra, a tapeçaria, os túmulos, as cerâmicas: tudo recebia cuidadosa e preciosa ornamentação, uma vez que as classes abastadas de nobres, reis, imperadores e aristocratas se destacavam por se cercarem de um ambiente e de objetos absolutamente exclusivos. Se arte (ars, em latim) significa habilidade, não seria equivocado atribuir a um conjunto amplo de objetos o apelo artístico. Ânfora grega do século VI a.C. Tendo isso em vista, apresentaremos a seguir algumas expressões artísticas do mundo antigo greco-romano em três agrupamentos: 04/05/2023 21:27 Arte e literatura na Antiguidade Clássica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02281/index.html# 6/54 A música, a poesia (literatura), a dança e o teatro A arquitetura e a escultura A pintura e a cerâmica A música, a poesia (literatura), a dança e o teatro na Antiguidade Clássica 04/05/2023 21:27 Arte e literatura na Antiguidade Clássica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02281/index.html# 7/54 O grande teatro de Epidauro, construído no século IV a.C., no Santuário de Asclépio, na ilha de Epidauro, na Grécia. A poesia nasce identificada com a música. Tal característica não é uma particularidade da cultura grega, pois a poesia e a música ligam-se a manifestações primordiais do ser humano dirigidas a divindades e reservadas a momentos coletivos de rituais. Páris e Helena, por Jacques-Louis David (1788). Não somente a poesia lírica, cuja etimologia advém da lira, instrumento que acompanhava o ato de recitar ou cantar os versos, está associada à música, como também a poesia dramática, com a qual o teatro antigo se realizava, e a épica, cujos cantos ou parte deles eram entoadas pelos aedos, isto é, os poetas-cantores. Desse modo, no contexto antigo, não é simples dissociar a música da poesia e até mesmo da dança. Embora Aristóteles tenha separado as artes miméticas segundo os meios e os objetos próprios pelos quais cada uma se realizava, a sua apreciação no mundo antigo se dava, em geral, em conjunto. Quanto aos meios, Aristóteles opõe (e aproxima) a manifestação literária à música, à dança, à pintura, ao mesmo tempo que estabelece distinções internas à própria literatura. Com exceção da pintura, que se serve das corese do desenho, os meios das outras formas de arte mimética são o ritmo, a linguagem e a harmonia, ora reunidos ora separados. (BRANDÃO, 1976, p. 46) A música emprega, portanto, a harmonia e o ritmo; a dança, apenas o ritmo. Já a literatura pode empregar até mesmo os três meios juntos, como no teatro antigo, por exemplo. A propósito, quando se busca a origem do teatro grego, cujo ápice se dá no séc. IV a.C. com o florescimento das tragédias e comédias, o que se encontra são os cantos ditirâmbicos, canto em louvor ao deus Dioniso (Baco para os romanos), entoados em festividades em seu louvor. Aos poucos, foram acrescidos a esse tipo de canto primitivo instrumentos 04/05/2023 21:27 Arte e literatura na Antiguidade Clássica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02281/index.html# 8/54 musicais e dança, sendo instituído ainda um coro de cinquenta integrantes do qual se destacava um solista, chamado de corifeu, com o qual o coro passou a dialogar. A partir desse diálogo, estabeleceu-se a base do gênero dramático, que, no século IV a.C., passou a contar com a introdução gradativa de atores e de temas de origem profana. O coro permaneceu no teatro com função mais lírica do que dramática, pois não participava da ação dos personagens: ele apenas as comentava como uma voz coletiva em uníssono, representando a origem coletiva do teatro quando ainda não era composto por atores individualizados. O teatro antigo, portanto, não se dissocia da religião nem da vida social. Por isso, ele sempre foi acompanhado de música e dança. O Teatro de Dionísio em reconstituição do século XIX. Sobre os instrumentos musicais, muito do que se sabe se dá por meio das artes visuais. Os romanos, por exemplo, se valiam de uma variedade cuja origem era grega, etrusca, africana: Cordofones (lira, cítara e alaúde) 04/05/2023 21:27 Arte e literatura na Antiguidade Clássica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02281/index.html# 9/54 Membranofones (sinos, chocalhos, sistros, címbalos, tímpanos, tambores, órgãos) Aerofones (bucina e corno, tuba, tíbia, ascaule e �autas) A associação entre ética e música, tão marcada na cultura grega, não se repetia na romana. A música estava em todas as ocasiões: do contexto público de manobras militares com cítaras de tamanho de carruagens a usos privados na educação musical, considerada uma distinção social. Outro momento em que as artes se misturavam era durante os tradicionais jogos píticos. Iniciados no século VI a.C., eles incluíam competições de música, poesia e canto realizadas no teatro, enquanto os jogos ginásticos ocorriam no estádio. A arquitetura e a escultura O Parthenon, templo dedicado à deusa Atena, padroeira da cidade, construído na Acrópole de Atenas no século V a.C. Há uma discussão acerca da natureza da Arquitetura sobre ser ou não arte, dada a sua filiação com a engenharia e outras ciências, como a Física e a Matemática. No entanto, ela conta a história da arte de todos os períodos, sendo possível contemplar na arquitetura a sensibilidade estética e os valores cultivados por cada civilização nas construções de suas cidades. É o que pode ser visto nas edificações públicas que restaram do mundo antigo, como: 04/05/2023 21:27 Arte e literatura na Antiguidade Clássica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02281/index.html# 10/54 Arenas e estádios Termas Teatros Senados 04/05/2023 21:27 Arte e literatura na Antiguidade Clássica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02281/index.html# 11/54 Praças A arquitetura também acolhe elementos escultóricos que, no caso greco-romano, são muito evidenciados por colunas e seus variados estilos. Além de, claro, ela também ser um receptáculo de outras artes, como a escultura e a pintura. A escultura e a arquitetura na Antiguidade Clássica se expressam segundo as leis de: Harmonia Equilíbrio Simetria das formas Ambas são atravessadas pelo racionalismo clássico, como é possível observar nas linhas retas das edificações gregas e na regularidade do espaço intervalar das colunas. Já a arquitetura romana, além de reproduzir substancialmente a grega, ainda desenvolveu um estilo próprio marcado não só pela beleza, mas também pela rigorosa funcionalidade. Suas diferenças em relação à arquitetura grega advêm sobretudo do uso de materiais mais leves, como o tijolo, o concreto armado e o ladrilho, que favoreceram a criação dos arcos, das abóbadas e dos domos tão característicos das construções romanas. As edificações mais leves dos romanos permitiram uma maior versatilidade na criação de espaços mais amplos, circulares e sem a necessidade de apoios intermediários. Três ordens clássicas norteavam a arquitetura grega, que, por sua vez, foram revisitadas pela romana: Ordem dórica 04/05/2023 21:27 Arte e literatura na Antiguidade Clássica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02281/index.html# 12/54 A mais antiga e simples de todas, esta ordem remonta ao século VIII a.C. As colunas em estilo dórico não tinham base. O capitel era despojado e o friso, liso, porém elas eram sólidas, esbeltas e elegantes, sendo muito usadas na parte externa de templos de divindades masculinas. O Império Romano adaptou o dórico, tornando-o mais leve e constituindo, assim, o estilo toscano. Ordem jônica Surgida por volta de 450 a.C. As colunas são mais leves e fluidas que as dóricas, com capitel ornamentado em duas volutas e base larga. Elas eram muito adotadas em templos que abrigavam as divindades masculinas. O templo de Atena Niké é um exemplo do estilo dórico. Ordem coríntia Típica do final do século V a.C., ela surge como uma versão mais ornamentada da ordem dórica. O capitel apresenta decoração exuberante com folhas de acanto. Outros elementos constitutivos da coluna também são decorados, como o entablamento e o frontão. As colunas coríntias eram muito usadas no interior dos templos. Os romanos expandiram o estilo coríntio por todo o império e o mesclaram com o jônico, dando origem ao estilo compósito, considerado uma versão tardia do estilo coríntio. Quanto à escultura, o modelo grego seguia o princípio do ideal, ou seja, ao esculpir um corpo humano, um rosto, o escultor não se atinha a traços de um indivíduo em particular, ainda que fosse uma homenagem a uma personalidade conhecida, como um político, um governante ou um vencedor dos Jogos Olímpicos. 04/05/2023 21:27 Arte e literatura na Antiguidade Clássica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02281/index.html# 13/54 Assim, na representação visual grega, como a pintura e a escultura, não se encontra a arte do retrato até o período helenístico (323 a.C.–33 a.C.), momento que, sob o domínio da Macedônia, a cultura e a língua gregas se espalharam dentro dos limites do vasto império de Alexandre, o Grande, cujo intuito era introduzir elementos gregos na cultura persa. Esse contato provocou uma fusão da cultura ocidental com a oriental, uma vez que as fronteiras do império de Alexandre, um dos maiores do mundo, estendiam-se até a Ásia. Provavelmente foi a arte helenística com sua expressividade que levou os romanos a desenvolver a escultura retratística. Embora com oscilações entre retratos mais idealizantes e de grande realismo, havia uma predileção na escultura romana pelo busto e pela cabeça avulsa. Além de ambos serem mais acessíveis que o corpo inteiro, criou-se um gosto na cultura romana pela contemplação de formas fisionômicas fiéis ao modelo muito superior à do próprio corpo, das vestimentas ou de qualquer outro acessório Quanto aos materiais utilizados nas esculturas, era comum aos gregos o uso de metais, como o bronze, e rara a manipulação do mármore, o que talvez explique a escassez de esculturas gregas originais. É muito provável que elas tenham sido transformadas em outros objetos, como armas e outros aparatos bélicos. Busto do Imperador Marco Aurélio, século II d.C. Já os romanos, hábeis no manejo do mármore,elegeram-no como o material predileto tanto para a infinidade de réplicas gregas que fizeram quanto para a elaboração das próprias esculturas. 04/05/2023 21:27 Arte e literatura na Antiguidade Clássica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02281/index.html# 14/54 A pintura e a cerâmica Os gregos apreciavam as cores: a ideia de que eles não as usavam é um erro. Pouco restou, porém, dessa arte tão prestigiada por eles – e muito do que se sabe vem das fontes literárias, como as descrições de Plínio e Pausânias, e das cópias romanas. O maior acervo que permaneceu até os dias de hoje sobre a arte pictórica grega é o encontrado na cerâmica. Acredita-se que este afresco de Pompeia seja baseado em uma Afrodite pintada por Apeles. Os gregos conseguiram ultrapassar o desenho plano e linear com técnicas de sombreado, produzindo, com isso, a ilusão de tridimensionalidade. Elementos de perspectiva também foram introduzidos a partir do século V a.C., enquanto a paleta de cores foi ampliada. As pinturas murais, por exemplo, eram realizadas com diversas técnicas. Elencaremos três delas a seguir: Técnica de afresco Utiliza pigmentos diluídos em água que penetram no revestimento ainda fresco da parede em argamassa de cal. Técnica de têmpera Emprega uma mistura de corantes e pigmentos com um aglutinante, como a água ou o ovo, por exemplo. Técnica de encáustica Usa pigmentos misturados à cera ou a algum tipo de resina, que, aquecida, era aplicada à pintura com o pincel ou à espátula também quente. Um dos belos afrescos são os da Pinacoteca da Acrópole de Atenas. Estudos recentes mostram que até as esculturas gregas, quando feitas em mármore, recebiam uma camada de tinta. Os romanos também se valiam das mesmas técnicas de pintura. Eles, de igual modo, apreciavam as cores. 04/05/2023 21:27 Arte e literatura na Antiguidade Clássica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02281/index.html# 15/54 As duas cidades ficaram soterradas por cerca de 1600 anos e começaram a ser escavadas no final do século XVIII. Até hoje, as artes e os modos de vida dos romanos antigos não cessam de ser descobertos graças a tais localidades conservadas por sólidas camadas de cinzas e lama. Embora subsidiária em parte da pintura grega, a romana abandona a pintura de cavalete praticada pelos gregos em benefício quase absoluto da mural, privilegiando as pinturas triunfais e o retrato de corte com traços naturalistas, cultivando com abundância a paisagem e a natureza morta. Quanto à arte em cerâmica, os vasos foram o suporte mais utilizado pelos gregos. Neles, é possível distinguir: Uma variedade de estilos: Do abstrato ao mais realista. O motivo: Representações de figuras divinas, de figuras humanas em cenas do cotidiano e de cenas épicas e mitológicas, além de um conjunto de cenas eróticas. Já seus estilos são: Pyxis com um cavalo como tampa da alça. Protogeométrico e geométrico (1050 a.C.-900 a.C.) Saiba mais As escavações em Pompeia e Herculano, cidades próximas a Nápoles e soterradas pelas cinzas do vulcão Vesúvio em 79 d.C., têm revelado, graças às pinturas em murais e em porcelanas lá encontradas, um colorido intenso de verdes, amarelos, pretos e principalmente vermelhos. Trata-se, aliás, do vermelho Pompeia, que se tornou uma tonalidade “oficial”. A pintura Os suplícios de Penteo (séc. I) é uma das preciosidades encontradas em Pompeia na qual pode ser contemplada a beleza do verde. 04/05/2023 21:27 Arte e literatura na Antiguidade Clássica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02281/index.html# 16/54 Compunham-se de elementos mais abstratos e de padrões geométricos. 1 de 3 Para concluir a rápida passagem por algumas das manifestações artísticas da Antiguidade Clássica e preparar o estudo dos módulos seguintes, convém ter em mente a constatação de Arnold Hauser (1994, p. 58). O historiador de arte afirma que, “em uma certa medida, toda a arte antiga é uma resposta ao desejo de fama e de consagração aos olhos dos contemporâneos e da posteridade”. Como vimos, de fato, os antigos conseguiram. Arte greco-latina Assista agora ao vídeo que traz uma conversa sobre algumas das manifestações artísticas da Antiguidade Clássica, destacando as pinturas nos vasos de cerâmica. Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Módulo 1 - Vem que eu te explico! A arquitetura e a escultura Módulo 1 - Vem que eu te explico! A pintura e a cerâmica 04/05/2023 21:27 Arte e literatura na Antiguidade Clássica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02281/index.html# 17/54 Questão 1 Deve-se reconhecer que as manifestações da arte na Antiguidade Clássica Vamos praticar alguns conceitos? Falta pouco para atingir seus objetivos. A eram diversas e incluíam desde a música, a literatura, o teatro e a escultura até as ornamentações em objetos utilitários. B eram expressões da linguagem que se circunscreveram à literatura e ao teatro. 04/05/2023 21:27 Arte e literatura na Antiguidade Clássica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02281/index.html# 18/54 Questão 2 Como expressões de arte antiga, as cerâmicas C representavam a expressão do talento individual restrito a determinado conjunto de objetos. D evidenciavam a habilidade dos artistas expressada nos objetos e nas práticas apenas populares. E limitavam-se à arte do teatro, prática artística influenciada pela mitologia. Responder A têm nas pinturas negras e vermelhas os estilos mais conhecidos. B em seu estilo arcaico, retratam cenas do cotidiano apenas. C em todos os estilos, trabalham com formas geométricas e definidas. D destacam-se pelo estilo abstrato e pela ausência de motivos eróticos. E destacam-se pelas narrativas bíblicas em forma de pinturas. Responder 04/05/2023 21:27 Arte e literatura na Antiguidade Clássica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02281/index.html# 19/54 2 A Ilíada e a Odisseia no contexto da Antiguidade Clássica A Ilíada e a Odisseia são extensos poemas épicos atribuídos ao poeta grego Homero, que teria existido por volta do séc. VIII a.C. Ambos são poemas narrativos de caráter heroico que eternizaram, na cultura do Ocidente, os grandes heróis de uma guerra remota e muito questionada como acontecimento histórico, ainda que ela fosse aceita como fato pelos gregos antigos. Repleta de ornamentos lendários e míticos, a Ilíada trata dos últimos momentos da Guerra de Troia, conflito que teria ocorrido entre 1300 a.C. e 1400 a.C., o que corresponde à Idade do Bronze. Já a Odisseia centra- se nas aventuras do retorno para casa de Ulisses (ou Odisseu), um dos grandes heróis da Guerra de Troia. A Ilíada e a Odisseia de Homero Ao final deste módulo, você será capaz de identificar os aspectos culturais e literários da Ilíada e da Odisseia. 04/05/2023 21:27 Arte e literatura na Antiguidade Clássica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02281/index.html# 20/54 O Cavalo de Troia, por Henri Motte (1874). Nas duas obras, figuram alguns elementos comuns: O universo heroico e bélico dos aqueus (gregos) e dos dárdanos (troianos). O universo maravilhoso dos deuses e das divindades do panteão grego. Essas obras permaneceram como expressão oral por alguns séculos até serem registradas em versos escritos em finais do século IX e/ou início do século VIII a.C. Por essa razão, as epopeias homéricas são consideradas epopeias primitivas, estando ligadas a uma tradição de poesia oral da Era Micênica, que corresponde à última fase da Idade do Bronze. A tradição oral dessas obras não é suficiente para torná-las composições populares, elaboradas e entoadas pelo próprio povo, pois elas foram cantadas por poetas considerados semelhantes a sacerdotes, isto é, portadores de uma verdade soprada por divindades. Os poetas primitivos responsáveis por cantar as epopeias e as composições líricaseram os aedos. Nas epopeias, os aedos resgatavam o passado e o perpetuavam costurando elementos míticos, históricos e lendários. A Ilíada e a Odisseia não só cantavam e eternizavam os grandes feitos heroicos dos gregos, como também possuíam um caráter religioso e pedagógico ao ensinar crenças e valores que, no juízo grego, os distinguiam de outros povos. Entre esses valores, destacamos a rigorosa ética guerreira baseada em dois elementos: A honra (timé) A excelência (areté) O filósofo grego Platão (428/427 a.C. -348/347 a.C.), em sua obra A República (séc. IV a.C.), defende o valor da poesia épica justamente como potência formadora, auxiliando no encorajamento da classe dos 04/05/2023 21:27 Arte e literatura na Antiguidade Clássica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02281/index.html# 21/54 guerreiros, embora condene as artes que imitam ou representam por meio da linguagem. Homero Dante Alighieri, Homero e Virgílio, em detalhe da pintura O Parnaso de Rafael Sanzio (1511). A Ilíada e a Odisseia são tradicionalmente atribuídas ao poeta grego Homero, cujo nome marcou um modo de pensar, uma visão de mundo e um período glorioso da produção cultural da Grécia Antiga. Os séculos XII ao VIII a.C. são conhecidos como período homérico; os séculos anteriores, por sua vez, são tidos como pré-homéricos. Essa marcação temporal sugere a complexidade da origem tanto das narrativas presentes na Ilíada, que é a composição mais antiga da literatura ocidental, e da Odisseia quanto a do próprio Homero. Atualmente, historiadores e estudiosos raramente defendem que ele tenha sido um homem histórico em função da escassez e das controvérsias de dados acerca de seu nascimento e de sua biografia. No entanto, isso em nada reduz a grandiosidade dos textos que sintetizam e dão unidade a toda a memória grega antiga da qual a figura de Homero seria, então, a personificação de uma voz coletiva, possivelmente de vários aedos, a serviço da celebração épica. A epopeia Andrômaca lamentando Heitor, por Jacques-Louis David (1783). 04/05/2023 21:27 Arte e literatura na Antiguidade Clássica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02281/index.html# 22/54 A epopeia é uma composição de caráter grandioso tanto pelas ações narradas quanto pela extensão da narração. Ela lida com heróis, semideuses, reis e outros homens ilustres. O herói épico é virtuoso, e sua superioridade é exaltada. Os episódios épicos desdobram-se ao longo de tempos e espaços variados, assim como possuem muitas ações e um número extenso de personagens. Não à toa, os adjetivos “épico” e “homérico” passaram a qualificar aquilo que é grandioso. Quando a epopeia se ocupa de modo mais detido de algum evento particular e íntimo de um herói, que é um homem afeito à guerra, mas também ao amor, ela o faz com vistas a monumentalizar o seu caráter. É nesses momentos que os traços do lírico explodem no interior do épico. Todos os elementos de uma epopeia estão a serviço de eternizar os grandes feitos de uma coletividade na figura dos seus heróis a partir de um passado glorioso que mereça ser cantado. Estrutura de uma epopeia A epopeia possui uma estrutura fixa composta por: Resumindo Em síntese, o épico (épos = palavra ou narração) é o gênero da palavra narrada . O narrador da epopeia não expressa valores ou juízos subjetivos, não se ocupa dos próprios pensamentos, não faz confissões e não se impõe sobre a narrativa. Exemplo A tocante despedida do herói Heitor de sua esposa Andrômaca e de seu filho ao saber que iria duelar e ser morto por Aquiles. Ela tem poucas e longas falas que são suficientes para caracterizar a coragem de Heitor. 04/05/2023 21:27 Arte e literatura na Antiguidade Clássica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02281/index.html# 23/54 Como é um extenso poema narrativo, a sua organização se dá por cantos. Os cantos ou livros são as estruturas maiores das epopeias, as quais, por sua vez, subdividem-se em episódios. A Ilíada A Ilíada (do grego Ilias, relativo a Ílion ou Troia) narra a cólera de Aquiles, filho do mortal Peleu e da ninfa Tétis. A ambientação é a lendária Guerra de Troia em seus últimos momentos. O herói Aquiles A Educação de Aquiles, por James Barry (1772). Príncipe dos mirmidões e um dos aliados reais de Agamêmnon (o Átrida) no cerco a Troia, Aquiles demonstrou a sua ira em vários momentos. Em todos eles, a consequência foi a seguinte: muitas mortes. Reuniremos a seguir alguns momentos em que ele se irou: Contra o próprio Agamêmnon, comandante do exército dos aqueus, recusando-se a lutar. Quando perdeu o melhor amigo Pátroclo, que, a seu mando, foi proteger os aqueus da ofensiva troiana e morreu pelas mãos de Heitor. A morte de Pátroclo provoca-lhe tamanha fúria que o faz voltar à luta. Introdução Dedicatória Invocação Narração Epílogo 04/05/2023 21:27 Arte e literatura na Antiguidade Clássica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02281/index.html# 24/54 Quando arrastou o corpo de Heitor com seus cavalos e se recusou a devolver o cadáver para que os rituais fúnebres fossem cumpridos, levando os deuses a intervir ao reconhecer a loucura do seu coração. A ira é um elemento importante do ethos (caráter) de Aquiles e precipitará um conjunto de ações na Ilíada. Na Invocação, logo nos primeiros versos, tanto o motivo do canto épico, que é a cólera de Aquiles, quanto os seus efeitos já são revelados. Canta, ó deusa, a cólera de Aquiles, o Pelida (mortífera!, que tantas dores trouxe aos aqueus e tantas almas valentes de heróis lançou no Hades, �cando seus corpos como presa para cães e aves de rapina, enquanto se cumpria a vontade de Zeus), desde o momento em que primeiro se desentenderam o Átrida, soberano dos homens, e o divino Aquiles. (HOMERO. Ilíada. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. Canto I, versos 1-7) Aquiles, referenciado como o de pés velozes, tem um destino ao qual estava fadado e que conhecera desde cedo. Entre as duas opções que lhe foram dadas, uma vida longa e sem glória ou uma vida breve e gloriosa, a bela morte é a que o seduzia. De todas as personagens da Ilíada, Aquiles é o único que pratica o canto poético. Acompanhado da cítara em sua tenda, o herói canta para Pátroclo justamente o que Homero canta na Ilíada: os grandes feitos heroicos e a elevada honra que é escolher a vida breve. A morte heroica, ou seja, a bela morte, acontece na integridade da potência vital do herói, de sua força física, da leveza do corpo e da agilidade e segurança nos movimentos. Ela contém todos os valores que compõem a areté viril ainda no seu auge, antes de ele vivenciar qualquer decrepitude. Comentário Escapar da velhice é uma forma de ultrapassar a morte para os gregos, uma vez que a morte e a idade avançada equiparam-se para eles. 04/05/2023 21:27 Arte e literatura na Antiguidade Clássica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02281/index.html# 25/54 Algumas ações da Ilíada A Ilíada abarca os acontecimentos do último ano do conflito entre os gregos e os troianos. Ela começa in media res (do latim “no meio das coisas”), ou seja, pelo meio. Os antecedentes da guerra, como o rapto de Helena por Páris, não estão no início da Ilíada. O Julgamento de Páris, por Peter Paul Rubens (1639). No conto, que já era conhecido pelos gregos, a deusa da discórdia Éris, enfurecida por não ter sido convidada para o banquete de casamento que Zeus ofereceu aos pais de Aquiles, chega à festa com uma maçã de ouro em cuja inscrição havia uma provocação: “Para a mais bela”. Foi dada a Páris, filho de Príamo, rei de Troia, a tarefa de escolher entre Hera, Atena e Afrodite quem era a deusa mais bela. Cada uma lhe ofereceu um suborno. Páris escolhe a tentadora oferta de Afrodite: a mulher mais bela do mundo. Nesse momento, ele se torna vítima da deusa do amor e se apaixona por Helena, esposa de Menelau, rei dos aqueus (gregos). Sem alternativa, Páris a rapta. Tal injúriaexige uma retaliação por parte dos gregos. Comandado pelo supremo da Grécia (Acaia como Homero a chama), o rei Agamêmnon, irmão do rei de Esparta, Menelau, e esposo de Helena, convoca os príncipes que deviam lealdade à Grécia para se unirem contra Troia. Em seguida, eles partem em uma numerosa expedição. 04/05/2023 21:27 Arte e literatura na Antiguidade Clássica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02281/index.html# 26/54 Príamo suplica a Aquiles pelo corpo de Heitor, por Gavin Hamilton (1775). A seu favor, os gregos têm Hera e Atena. Afrodite, por sua vez, está do lado de Páris. Desde o início da viagem, tensões sérias entre Agamêmnon e Aquiles se instalam a ponto de o grande herói se rebelar e desistir da luta. No trecho da Invocação, Aquiles é tratado não só como divino, mas também como causador de muitas dores aos aqueus. Algumas de suas ações trouxeram inúmeras mortes de grandes heróis pelas quais Aquiles é responsabilizado por lançar no Hades. Entre essas ações, temos: Sua insurgência contra Agamêmnon, comandante do exército grego. Sua rejeição à proposta de reconciliação feita por Agamêmnon. Seu abandono das lutas. A partir do Canto XIV, há uma crescente concentração na figura de Aquiles à medida que as suas tragédias pessoais começam a tomar vulto. A morte do amado Pátroclo no canto XVI, que o faz retornar à batalha, é uma delas. Nesse momento da epopeia, já se conhece a fundo o inimigo troiano (chamado também de dárdano, dardânida ou dardânio) e o motivo da guerra, ambos explicitados no Canto III, bem como Heitor, o maior guerreiro troiano, que é analisado em minúcias no Canto VI. Em seguida, em uma adaptação agora em prosa da Ilíada, a morte de Pátroclo é narrada e descrita. Aquiles, embora ausente, é referenciado pelo discurso provocativo de Heitor e pela ameaça de Pátroclo. Quando Heitor viu o magnânimo Pátroclo recuar, ferido pelo bronze a�ado, ele se atirou, [...] golpeou-o no lado com uma lança que o atravessou. [...] Vangloriando-se, Heitor, insultou-o com estas palavras: “Pátroclo, você estava esperando, sem dúvida, para saquear nossa cidade e levar nossas esposas cativas em seus navios para sua amada terra natal? Louco! É para protegê-las que os cavalos rápidos de Heitor o levaram a lutar [...]. Os abutres comerão você, desventurado, e nem Aquiles com todo seu valor, ajudará você [...].” E Pátroclo, mal respirando, respondeu: “Heitor, agora você se vangloria, porque Zeus, o �lho de Cronos, e Apolo lhe deram 04/05/2023 21:27 Arte e literatura na Antiguidade Clássica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02281/index.html# 27/54 a vitória, foram eles que facilmente me mataram. Eles próprios arrancaram a armadura de meus ombros. [...] Você não vai viver muito e sua morte está bem perto de você, e seu inexorável destino é morrer nas mãos de Aquiles”. Tendo dito essas palavras, a morte envolveu-o [...]. (HOMERO. A Ilíada. São Paulo: Ediouro, 1996, Canto XVI) Outro trecho que vale a leitura e se relaciona com o retorno de Ulisses à luta é o seu encontro com o fantasma de Pátroclo em sonho. Aquiles retoma os combates, cumpre as exigências feitas por Pátroclo, como os devidos rituais fúnebres, e, por fim, enfrenta e mata Heitor, filho mais velho do rei Príamo, irmão de Páris e o principal guerreiro troiano. Em um belíssimo embate entre dois grandes heróis, é possível contemplar quão potente cada um é. Eis uma característica da glória épica: nunca aceitar acordos covardes. O duelo entre os dois grandes heróis se dá, e Aquiles vence. Para triunfar completamente e fazer jus à sua ira, Aquiles perpassa o tornozelo de Heitor com fibra bovina e arrasta seu corpo em uma quadriga, ostentando-o como um troféu. Não só ultraja o cadáver, transgredindo os princípios da virtude grega, como também o toma para si e leva ao acampamento dos gregos. Aquiles abate Heitor, por Peter Paul Rubens (1635). Para convencer Aquiles a devolver o corpo do herói troiano, os deuses interferem. Zeus convoca a deusa Tétis ao Olimpo e ordena que ela vá ao acampamento do seu filho Aquiles e lhe diga que os deuses estão irados com ele por causa da loucura de seu coração. Ao mesmo tempo, Zeus envia Íris, a mensageira dos deuses do Olimpo, para aconselhar o rei Príamo a resgatar o corpo do filho no acampamento dos aqueus, levando presentes como compensação. A conversa entre Aquiles e Príamo é comovente. 04/05/2023 21:27 Arte e literatura na Antiguidade Clássica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02281/index.html# 28/54 O rei dos troianos faz referência ao pai de Aquiles, lamenta que já perdeu os seus cinquenta filhos na guerra, dezenove do mesmo ventre, que são os filhos de sua esposa Hécuba. Aquiles se comove e chora pela má sorte de Príamo e pela perda de Pátroclo, aceita os presentes e devolve o corpo, comprometendo-se a não atacar Troia durante os ritos fúnebres. Príamo estabelece nove dias de choro por Heitor, com o funeral no décimo dia, o sepultamento no décimo primeiro dia e, se necessário, a retomada do combate no décimo segundo dia. Aquiles aceita. A Ilíada termina com o funeral de Heitor. O povo chora nos portões da cidade. Em uma sequência de lamentações proferidas pelas mulheres, a mãe Hécuba, a esposa Andrômaca e a cunhada Helena enaltecem a grandeza de Heitor. Essa obra tem uma forte presença do elemento trágico, culminando na morte de Heitor. Seu encerramento não se dá exaltando a vitória dos gregos, até porque ela não alcança o desfecho da guerra, e sim com o ritual fúnebre do admirável Heitor, considerado o maior dos troianos. A Odisseia Ulisses na caverna de Polifemo, por Jacob Jordaens (século XVII). Se nos 24 livros da Ilíada a ira de Aquiles é cantada, nos 24 da Odisseia canta-se a astúcia de Ulisses, rei de Ítaca, uma ilha grega do Mar Jônio. Após o término da Guerra de Troia, vencida pelos gregos graças à inteligência de Ulisses, inicia-se a sua longa viagem de regresso ao lar, que durará dez anos. Ao todo, Ulisses se ausenta por duas décadas da sua rochosa Ítaca, da sua amada Penélope e do seu filho Telêmaco, de quem se despediu quando ele acabara de nascer. Nesse trajeto repleto de aventuras e de obstáculos, Ulisses precisa a todo tempo dar provas de sua competência, virtude e excelência (areté), uma vez que o seu regresso se dá sem o socorro dos homens ou dos deuses. Os primeiros versos da Odisseia anunciam o tema como é de praxe: falar do homem astuto que muito vagueou após o fim da guerra e o esforço para retornar à pátria. Fala-me, Musa, do homem astuto que tanto vagueou Depois que de Troia 04/05/2023 21:27 Arte e literatura na Antiguidade Clássica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02281/index.html# 29/54 destruiu a cidadela sagrada, Muitos foram os povos cujas cidades observou, cujos espíritos conheceu, e foram muitos no mar os sofrimentos por que passou para salvar a vida, para conseguir o retorno dos companheiros a suas casas. (HOMERO. Odisseia. Trad. Frederico Lourenço. Lisboa: Livros Cotovia, 2010, Canto I, versos 1-6) Dos dez anos de regresso, sete deles Ulisses passa isolado na ilha da ninfa Calipso. No início do oitavo, após o Concílio dos deuses se reunir, a deusa Atena determina que Hermes vá à ilha da ninfa Calipso, Ogígia, e anuncie que é vontade dos deuses que Ulisses regresse à sua casa. No entanto, nos próximos 2 mil versos da Odisseia, as aventuras de Ulisses cedem lugar às de seu filho, Telêmaco. A estrutura da Odisseia É possível dividir a Odisseia em três partes: Penélope e os pretendentes, por John William Waterhouse (1912). Cantos de I a IV (Telemaquia) Expõem a situação de Penélope e os esforços de Telêmaco para assegurar o trono do pai durante a sua ausência. Com o conselho e a proteção da deusa Atena, Telêmaco sai em viagem em busca do pai e encontra vários combatentes de Troia que lhe dão notícias da guerra e da possibilidade de Ulisses estar em uma ilha. Atena e Telêmaco viajam para Pilo,cidade onde governa o ancião Nestor, e, em seguida, para a Lacedemônia, onde reinam Menelau e Helena, recebendo honrarias e presentes de hospitalidade. Os deuses em assembleia se posicionam favoravelmente ao regresso de Ulisses, e Hermes transmite à ninfa Calipso a ordem de Zeus para libertar o herói. 04/05/2023 21:27 Arte e literatura na Antiguidade Clássica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02281/index.html# 30/54 1 de 3 Finalmente, após todas essas tribulações, os deuses decidem, em Concílio, que chegou a hora de Ulisses finalmente seguir viagem. Hermes é enviado para anunciar à Calipso que Ulisses precisa ser libertado e que chegará à terra dos feácios, parentes dos deuses, na fértil Esquéria, e que lá será recebido como um deus e ganhará um tesouro superior ao espólio de Troia. A despedida de Ulisses da ilha de Calipso Hermes ordena a Calipso que liberte Odisseu, por Gerard de Lairesse (1670). Ao partir, Ulisses faz Calipso prometer que não preparará para ele nenhum sofrimento. O caráter heroico da sua partida é caracterizado pela jangada na qual viajará. Segundo o próprio Ulisses, nem as velozes naus conseguiam atravessar o abismo dos mares sem o vento favorável de Zeus. Calipso, então, lamenta a partida dele e diz que não é inferior a Penélope, pontuando que não é possível às mulheres mortais competir 04/05/2023 21:27 Arte e literatura na Antiguidade Clássica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02281/index.html# 31/54 em beleza e corpo com as deusas. Ulisses cuidadosamente a acalma, dizendo: Deusa sublime, não te encolerizes contra mim. Eu próprio Sei bem que, comparada contigo, a sensata Penélope É inferior em beleza e estatura quando se olha para ela. Ela é uma mulher mortal; tu és divina e nunca envelheces, Mas mesmo assim quero e desejo todos os dias Voltar para casa e ver �nalmente o dia no meu regresso. [...] (HOMERO. Odisseia. Trad. Frederico Lourenço. Lisboa: Livros Cotovia, 2010, Canto V, versos 215-224) Após se despedir de Calipso, que o vestiu com roupas imortais e abasteceu a sua jangada com suprimentos em abundância, Ulisses parte. Chegando ao país dos feácios, é recebido com muitas honrarias e põe-se a contar a sua história após a rainha Arete lhe perguntar quem era ele. Por meio de analepse, recurso também conhecido como flashback, Ulisses recorda e conta tudo o que se passou. Tal procedimento das narrativas épicas subverte radicalmente a ordem cronológica dos acontecimentos ao mesmo tempo que causa surpresas e acrescenta elementos até então sonegados ao leitor pelo narrador. É revelado, por exemplo, como Ulisses, ao perder todos os seus companheiros, ficou agarrado à nau e foi resgatado e alimentado por Calipso, com quem ficou por sete anos completos. Por meio da analepse, ele também conta como foi a derrota dos troianos por conta do envio do cavalo de madeira repleto de gregos prontos a incendiar e saquear Troia, a rica cidade de comerciantes. A chegada de Ulisses a Ítaca 04/05/2023 21:27 Arte e literatura na Antiguidade Clássica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02281/index.html# 32/54 A vingança de Ulisses sobre os pretendentes de Penélope, por Christoffer Wilhelm Eckersberg (1814). Quando Ulisses finalmente chega a Ítaca, mata todos os pretendentes de Penélope em uma verdadeira carnificina. Até mesmo o aedo Fêmio, responsável por alegrar os banquetes durante a sua ausência, quase foi degolado. Além de suplicar pela vida, Fêmio usa um argumento baseado na sua condição de aedo, o que indica a distinção social, no contexto no mundo grego, de que desfrutava um poeta-cantor. Por fim, a pedido de Ulisses, ele ajuda com a sua música a abafar o barulho provocado pelo morticínio, entoando canções de noivado. Ulisses e Euricleia, por Christian Gottlob Heyne. Após restabelecer a sua honra, Ulisses vai até seu pai, Laertes, informando-lhe que matara todos os pretendentes ao palácio. No entanto, Laertes, muito idoso, não reconhece o filho e pede um sinal inconfundível. Ulisses mostra-lhe a cicatriz na coxa causada por um javali em sua juventude durante uma caçada. Ambos se abraçam a ponto de os joelhos e o coração do pai se enfraquecerem e de Ulisses quase desmaiar. Após a matança de tantos homens ilustres, as famílias resgatam os corpos e, revoltadas, querem causar uma nova guerra, agora contra Ulisses, pois, além da matança do palácio, ele é acusado de levar os mais valentes homens a Troia e perdê-los todos. A Odisseia chega ao fim sob a intervenção da deusa Atena dissuadindo Ulisses em relação à guerra. Ele obedece, alegrando-se no coração. Últimas palavras 04/05/2023 21:27 Arte e literatura na Antiguidade Clássica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02281/index.html# 33/54 As grandes narrativas épicas apresentadas são fundamentais para a compreensão dos valores sociais gregos, como a ética e a virtude, bem como suscitam reflexões mais amplas, como a tensão entre sacrificar o privado em prol do coletivo ou vice-versa. Mesmo com a consciência da subjetividade que se tem hoje, muito diferente da visão de mundo homérica, sempre voltada para o coletivo, tais textos continuam a ecoar profundamente no leitor contemporâneo. Não é à toa que a Ilíada e a Odisseia moldaram a sociedade ocidental, exercendo, em todos os tempos, forte influência sobre a literatura e as artes. Isso se deu não somente por ambas iluminarem a compreensão da história, do pensamento, da religiosidade e dos afetos do homem da Grécia Antiga, como também por elas suscitarem reflexões da psicologia e da antropologia contemporâneas a partir das imagens e das narrativas simbólicas das quais o mito é o seu núcleo irradiador. Ilíada e Odisseia Assista agora a um vídeo que aborda o texto épico na Grécia Antiga, destacando a Ilíada e a Odisseia, de Homero, com seus heróis e mitos. Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Módulo 2 - Vem que eu te explico! A epopeia Módulo 2 - Vem que eu te explico! O herói Aquiles Módulo 2 - Vem que eu te explico! A estrutura da Odisseia 04/05/2023 21:27 Arte e literatura na Antiguidade Clássica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02281/index.html# 34/54 Questão 1 Assinale a alternativa que permite identificar um aspecto cultural comum à Ilíada e à Odisseia. Vamos praticar alguns conceitos? Falta pouco para atingir seus objetivos. A São tragédias que eternizavam ações heroicas e dissociavam elementos históricos dos aspectos míticos ou lendários. B Destoavam da tradição dos aedos e do resgate de acontecimentos passados por meio elementos míticos. 04/05/2023 21:27 Arte e literatura na Antiguidade Clássica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02281/index.html# 35/54 Questão 2 Sobressaem na Ilíada C São cantos épicos que celebravam feitos heroicos e possuíam função religiosa e pedagógica. D Eram fonte de educação para os latinos e de exaltação de crenças e valores da mitologia romana. E Possuíam valor estritamente literário, sem implicações na preservação de crenças e valores gregos. Responder A a cólera de Aquiles e a chegada de Ulisses a Ítaca. B a cólera de Aquiles e a Guerra de Troia. C a morte de Aquiles e o retorno de Ulisses. D a paz e a aliança entre gregos e troianos. E a Guerra de Troia e a viagem de Ulisses. Responder 04/05/2023 21:27 Arte e literatura na Antiguidade Clássica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02281/index.html# 36/54 3 Contexto da expressão literária da Roma Antiga Como a matriz da cultura ocidental é a Antiguidade Clássica greco- romana, neste terceiro módulo apresentaremos duas grandes expressões da literatura latina: Eneida (19 a.C.) Eneida, de Virgílio, e Metamorfoses, de Ovídio Ao final deste módulo, você será capaz de identificar o contexto e os aspectos literários de Eneida e Metamorfoses. 04/05/202321:27 Arte e literatura na Antiguidade Clássica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02281/index.html# 37/54 Os poetas Públio Virgílio Marão (70 a.C.-19 a.C.), autor de Eneida, e Públio Ovídio Naso (43 a.C.-17 d.C.), de Metamorfoses, viveram em um período de construção de um novo regime político em Roma. Ambos nasceram nos últimos anos da República Romana (507 a.C.-27 a.C.), momento em que houve uma acentuada expansão das fronteiras, embora Roma ainda não estivesse no apogeu de suas conquistas. Primeiramente como um dos cônsules da República Romana e, em seguida, como ditador absoluto, Júlio César (100 a.C.-44 a.C.) participou da transformação do regime de República para o de Império. Em testamento, ele deixou registrada a adoção de Gaius Iulius Caesar Octavianus Augustus (63 a.C.–14 d.C.), que, sob o título de Augusto, se tornou o primeiro imperador romano. O regime recém-nascido experimenta então a chamada Pax Romana, período de pacificação interna que se estendeu até 180 d.C., já que as guerras externas eram consideradas uma atividade econômica. Sem conflitos civis (a não ser um de curta duração), a cultura em Roma vive um momento de ebulição. A literatura conhece o seu auge na prosa e na poesia com poetas como Virgílio, Horácio e Ovídio. Os poetas e a política Nesse contexto de novo regime político, o poeta Virgílio, nascido em Mântua, deixa o norte da Itália e se associa ao poder do imperador Otávio Augusto, tornando-se, em certa medida, corresponsável pela nova Roma que surge no período pós-republicano. O poeta estava inserido no círculo poético do rico e influente Caio Mecenas, conselheiro do imperador, em cujo grupo a posição de Virgílio era a de maior destaque. Entusiastas do novo sistema político, os poetas desempenhavam uma função publicitária em seu favor. Ovídio, por sua vez, participava do círculo de Messala Corvino, político que havia sido cônsul na República Romana. No círculo intelectual do refinado Mecenas, os poetas se reuniam, liam para o imperador e a corte, conheciam a produção literária uns dos outros e recebiam o apoio de Mecenas. 04/05/2023 21:27 Arte e literatura na Antiguidade Clássica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02281/index.html# 38/54 Recepção na casa de Mecenas, por Stefan Bakałowicz (1860). Virgílio desfruta até o fim de grande admiração do imperador. Isso, porém, não acontece com Ovídio. Em 8 d.C., Ovídio é banido de Roma por Otávio Augusto e exilado em Tomis, atual cidade de Constança, na Romênia, por razões nunca totalmente explicitadas. Contudo, ele supunha que o banimento se deu por imoralidade em razão do conteúdo de A arte de amar e por um erro que teria cometido, uma vez que o imperador Otávio Augusto defendia os “valores da família”. Eneida – uma epopeia para Roma Eneias na corte de Latino, por Ferdinand Bol (1663). Para os antigos, a arte era uma manifestação estética, sem dúvida, para a fruição, porém também tinha um compromisso com a instrução e as funções rituais e políticas. A poesia, por exemplo, era uma forma sagrada de expressão. A poesia épica, aliás, era considerada perfeita para eternizar as origens de um povo. Roma, como um império jovem, reivindicava uma epopeia que lhe desse um passado grandioso no qual pudesse espelhar o presente e celebrar o governo de Augusto. Como estratégia, Virgílio projetou mitologicamente Roma e o imperador na Eneida. Por buscar refletir o modelo homérico, a epopeia romana é considerada uma epopeia reflexa. Bem diferente das epopeias gregas, Eneida nasce escrita com data e autoria definidas, pois foi sugerida (ou encomendada) por Otávio Augusto e planejada e escrita por Virgílio no final da sua vida. Trata-se de uma história mítica criada para a Roma Imperial, a qual, aliás, é chamada por Virgílio de Eneida, que significa “de Eneias”. 04/05/2023 21:27 Arte e literatura na Antiguidade Clássica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02281/index.html# 39/54 Eneias, o herói da epopeia romana Eneias, príncipe e herói sobrevivente de Troia, era casado com Creúsa, irmã de Heitor e filha do rei Príamo. Ele fugiu de Troia em chamas com a missão de reconstruí-la em outro lugar. Na Eneida, revela-se que Eneias não viu quando os gregos saíram de dentro do cavalo de madeira e invadiram Troia. Por isso, Heitor lhe aparece em sonho e lhe dá os comandos da fuga: confia-lhe os objetos sagrados, os deuses-lares (penates) e os troianos (os sócios), orientando que Eneias busque um lugar para os sobreviventes no além- mar. Com o velho pai, Anquises, nas costas, o filho e os sobreviventes troianos, ele deixa Troia. Uma das fontes para conhecer Eneias é, sem dúvida, a Ilíada, que traz, nos versos de 208 a 241 do Canto XX, um embate com Aquiles, no qual Eneias detalha a sua linhagem e se apresenta como filho do mortal Anquises e da deusa Afrodite (Vênus para os romanos). Embora mortal como o pai, Eneias aponta a sua ascendência divina não apenas por parte de mãe, como também revela Zeus como ancestral distante, além do seu parentesco com o rei troiano Príamo. Fuga de Eneias de Troia, por Federico Barocci (1598). Com tal origem, Eneias, ao ser escolhido por Virgílio para ser o fundador mítico de Roma, dá sustentação ao passado distante, mítico e aristocrático que todo universo épico precisa evocar. A lenda de Eneias tinha o mérito de dar a Roma títulos de nobreza, fazendo remontar a estirpe dos seus fundadores às origens dos tempos históricos, atribuindo-lhes antepassados divinos: Zeus e Afrodite. Além disso, a grandeza 04/05/2023 21:27 Arte e literatura na Antiguidade Clássica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02281/index.html# 40/54 de Roma parecia ter sido predita pelo próprio Homero. Roma parecia realizar, no seio do seu império, a reconciliação das duas raças inimigas, os troianos e os gregos. (GRIMAL, 1993, p. 136) Ornamentar as façanhas guerreiras com lendas e mitos revela o engenho do poeta épico, tarefa que Virgílio cumpriu à risca ao conceber os ancestrais míticos de Roma até chegar a Otávio Augusto. Doze gerações separam Eneias de Rômulo e Remo, gêmeos nascidos em Alba Longa, cidade fundada por Ascânio, um dos filhos de Eneias. Eneida e sua estrutura A Eneida apresenta 9.826 versos distribuídos em 12 cantos, ao longo dos quais é possível perceber a evolução do príncipe troiano Eneias. Apesar de começar com certa fragilidade, ele, aos poucos, demonstra toda a sua virtude guerreira. Veja os versos iniciais de Eneida nos quais se anuncia o que será cantado, seguido de uma breve síntese da história de Eneias: As armas canto e o varão que, fugindo das plagas de Troia por injunções do Destino, instalou-se na Itália primeiro e de Lavínio nas praias. A impulso dos deuses por muito tempo nos mares e em terras vagou sob as iras de Juno, guerras sem �m sustentou para as bases lançar da Cidade e ao Lácio os deuses trazer— o começo da gente latina, dos pais albanos primevos e os muros de Roma altanados. Musa! recorda-me as causas da guerra, a Comentário Há outras versões consideradas obscuras que relatam ser Eneias o fundador de Roma ou que Rômulo e Remo eram dois de seus quatro filhos. No entanto, a versão virgiliana é a que se impôs e sobreviveu a partir do século I d.C. 04/05/2023 21:27 Arte e literatura na Antiguidade Clássica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02281/index.html# 41/54 deidade agravada; por qual ofensa a rainha dos deuses levou um guerreiro tão religioso a enfrentar sem descanso esses duros trabalhos? (VIRGÍLIO, Eneida. Trad. Carlos Alberto Nunes. Brasília: Editora da UNB, 1981, Canto I, v 1-10) Eneida, como prevê a tradição épica, começa in media res. Até o Canto VI, temos o relato da longa viagem de Eneias até a Península Itálica, a sua nova pátria; do Canto VII ao XII, as ações bélicas para conquistá-la: Do Canto I ao V Vênus aplica um bálsamo na ferida de Eneias, por Giovanni Francesco Romanelli (1650). Eneias está navegando,fugindo de Troia. Juno (Hera) intervém e sempre se coloca em posição contrária aos intentos dele. Ela representa o símbolo de obstrução às ações do herói. Sua missão é sobreviver e fundar uma nova Troia, que será Roma. Apesar da tempestade, sua tropa sobrevive e Eneias chega a Cartago (cidade que será muito inimiga de Roma no futuro). Encontra Dido (rainha de Cartago), e eles se apaixonam. Eneias narra a sua história a Dido (valendo-se da analepse, assim como visto na Odisseia). Esse amor, entretanto, é um problema. Eneias, afinal, precisa cumprir o seu destino: Predito por sua mãe, Vênus (Afrodite). Reiterado por Júpiter (Zeus). Retardado por Juno (Hera). Lembrado por Mercúrio (Hermes), deus mensageiro. Eneias despede-se de Cartago. Em seguida, Dido se mata. Do Canto VI ao XII 04/05/2023 21:27 Arte e literatura na Antiguidade Clássica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02281/index.html# 42/54 A morte de Dido, por Heinrich Füger (1792). Eneias chega a Cumas, onde encontra uma sibila (sacerdotisa) do Templo de Apolo, deus caro aos troianos. Ele pede à sibila que o leve ao mundo dos mortos para ver o pai. Eneias se encontra com Anquises, que lhe mostra os Campos Elíseos. Aponta para Otávio Augusto e anuncia que aquele será o descendente de ambos e faz profecias sobre o futuro glorioso de Roma. Após ter certeza de que a descendência deu certo, Eneias se fortalece. A partir desse momento, ele é um herói completo e está pronto para disputar o território onde Roma será fundada. Chega ao Lácio e pede abrigo ao rei Latino. Ele lutará contra um grande inimigo instigado por Juno: Turno, rei dos rútilos (povo itálico antigo) e prometido de Lavínia, filha do rei Latino, com quem Eneias se casará. A luta será pela região do Lácio, região central da Itália, onde Roma se erguerá. Eneias fundará a cidade lendária de Lavínio em homenagem à sua esposa e cujos habitantes serão chamados de latinos. Já o filho de Eneias fundará Alba Longa; dessa linhagem, surgirão Rômulo e Remo, fundadores de Roma. Se a Ilíada é a narração de uma guerra e a Odisseia, a volta de um de seus heróis para a pátria, Eneida consegue ser uma síntese de ambas ao trazê-las à memória do leitor – só que na ordem inversa. O tema da fuga como transgressão ao épico Trabalhar com a perspectiva dos vencidos da Guerra de Troia não foi uma novidade, pois Eurípides já o fizera no teatro, como nas tragédias As troianas e Hécuba. Entretanto, apresentá-la em uma epopeia foi algo inusitado. Virgílio conseguiu um grande feito com Eneida, pois o tema da fuga no universo épico está associado à covardia, e é difícil incorporá-lo como parte de um ato heroico. Ademais, a fuga não se dá de modo periférico; pelo contrário, ela constitui o cerne da obra, pois é dela que Roma nasce. No entanto, mesmo sendo difícil enquadrar a fuga como um valor positivo no épico, ela acentuou a força e a grandeza de Eneias, herói impregnado de altos valores morais, fiel à família e aos deuses e bom amigo e virtuoso guerreiro. Ele é considerado, em suma, o melhor depois de Heitor. 04/05/2023 21:27 Arte e literatura na Antiguidade Clássica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02281/index.html# 43/54 Eneias e Turnus, por Luca Giordano (século XVII). Após os troianos aportarem em Cartago, Ilioneu, mensageiro de Eneias, dirige-se à rainha Dido e apresenta o herói. Destaca suas virtudes guerreiras e relata tanto a fuga de Troia quanto a tempestade que os seus sete navios acabaram de enfrentar, pedindo e recebendo acolhida. Eneias foi nosso rei, o mais justo e piedoso dos homens, De comprovado valor nos combates; em tudo, o primeiro. Se os fados ainda o conservam e as auras vitais ele aspira, Sem para as trevas terríveis haver até agora baixado, Não tem medo de nada nem tu de nos teres salvado. (VIRGÍLIO, Eneida. Trad. Carlos Alberto Nunes. Brasília: Editora da UNB, 1981, Canto I, v. 544-548) Ao contar a saída de Troia, Ilioneu diz que Eneias “foi nosso rei”. Em outro trecho, exalta sua excelência como pai dos teucros (troianos), reconhecendo, desse modo, que Eneias já era o pai da pátria. Ainda que seu povo estivesse sem território fixo, Eneias, cumprindo as profecias de Afrodite sobre o destino grandioso que o filho teria, liderava os troianos rumo à nova Troia. Tal construção de herói aderiu-se aos ideais augustanos a ponto de Virgílio ter sido considerado o seu melhor intérprete, uma vez que o poeta se esmerou em reproduzir os valores filosóficos, morais, religiosos e políticos de Otávio Augusto. Ao mesmo tempo, ele conseguiu evocar toda a tradição épica de Homero em Eneida. 04/05/2023 21:27 Arte e literatura na Antiguidade Clássica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02281/index.html# 44/54 Eneias e Dido, por Pompeo Batoni (1747). Além da desejável leitura integral de Eneida, vale também ver e ouvir a ópera em três atos Dido e Eneias (1689), de Henry Purcell (1659-1695), com libreto de Nahum Tate (1652-1715). A ópera apresenta o Canto IV de Eneida, que narra o mito do amor trágico entre Eneias e a rainha de Cartago, Dido, que se imola após saber que ele partirá para cumprir o destino que os deuses lhe haviam traçado. Dido tem uma importante simbologia na Eneida. Ela, afinal, simboliza: O poder de Cartago, uma das maiores potências militares e comerciais de seu tempo, destruída pelo exército romano em 146 a.C., no desfecho da Terceira Guerra Púnica. A mulher do Oriente na figura de Cleópatra (69 a.C.-30 a.C.), rainha do Egito, a qual, em vão, se uniu ao general romano Marco Antonio (83 a.C.-30 a.C.) para se proteger de Roma. Ela teria se suicidado, tal como Dido, por não aceitar ser levada e exibida em procissão triunfal como uma das glórias da vitória romana. Metamorfoses de Ovídio A obra intitulada Metamorfoses (8 d.C.), de Ovídio (47-17 d.C.), é um longo poema épico-mitológico. Ele está dividido em 15 livros escritos em versos em hexâmetros dactílicos, ou seja, no padrão do metro épico, do qual fazem parte cerca de 250 pequenas narrativas poéticas. Ovídio recupera toda a tradição épica de Homero e Hesíodo (séc. VIII-VII a.C.), Apolônio de Rodes (295 a.C.-215 a.C.) e Virgílio, seu contemporâneo, e consegue produzir uma verdadeira bíblia da mitologia dada a riqueza do repertório que reúne: dos primórdios, como os mitos cosmogônicos do poema Teogonia, de Hesíodo, até as fábulas romanas. Comentário Ovídio, o próximo poeta a ser estudado, também revisitou o mito de Dido n’As heroínas (Heroides). 04/05/2023 21:27 Arte e literatura na Antiguidade Clássica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02281/index.html# 45/54 Nos primeiros versos do Livro I, o poeta revela o seu intento: contar como os seres assumiram novas formas. Atribui a transformação aos deuses, a quem ele pede um favorecimento na condução do poema para que, de modo ininterrupto, consiga narrar da origem do mundo até o seu tempo. Apolo e Dafne, por Piero del Pollaiolo (1480). Dessa forma, o poeta latino expõe, de modo poético, um número grande de micronarrativas com enfoque nas mutatas formas in noua corpora (“formas em outros corpos mudadas”), algo muito presente nos mitos em que deuses e homens transfiguram-se em plantas, animais, pedras e rios. Do ponto de vista formal, Ovídio também operou uma metamorfose no gênero literário, pois existe uma mistura do lírico, do trágico, do cômico e do épico em Metamorfoses, algo incomum nas literaturas de índole clássica. Embora essa obra contenha muitas narrativas míticas, elas não se sucedem sem um encadeamento narrativo. É evidente que o tema da transformação já constitui um elo entre essas narrativas, mas Ovídio mostra o seu engenho com mais refinamento ainda. Uma sequência interessante é aquela na qual o poeta narra o nascimento dos seres e das feras pós-dilúvio, criando um fio condutor para a história de Píton, a serpente aniquilada por Apolo. Tal episódio, por sua vez, suscita um comentário sobreos jogos píticos feito exclusivamente para mencionar que ainda não existia a coroa de louros como prêmio a ser colocado na cabeça do vencedor, preparando, dessa forma, o encadeamento com o mito de Dafne e Apolo/Febo. Para que o contato com o texto de Ovídio, ainda que traduzido, possa ser estabelecido, apresentaremos adiante a metamorfose da ninfa Dafne em loureiro durante a sua fuga de Apolo. 04/05/2023 21:27 Arte e literatura na Antiguidade Clássica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02281/index.html# 46/54 Confira alguns versos: Dafne foi o primeiro amor de Apolo, A ninfa �lha de Peneu, a quem O dirigiu não a Fortuna incerta, Mas sim a cruel ira de Cupido. Febo, soberbo da recém vencida Píton, viu o menino com seu arco, Fletindo as pontas pelo �o teso, E lhe falou: “A que te irão servir, Menino lépido, tais graves armas? [...] Cupido então: “A tudo ferem, Febo, Tuas �echas, e a ti ferem as minhas, [...] Disse e, fendendo o ar co’ agudas penas, Pousou alígero ao frondoso alcácer De Parnaso, tirou de sua aljava Duas �echas de efeitos diferentes: Aquela faz, esta repele amor: Áurea a que faz luzindo à ponta �na [...] Assim assente o pai, mas o que queres, Dafne, tua beleza veda a ti, E tua forma nega o que suplicas: Apolo a ama e à vista dela anseia Atenção! Habilmente descrito por Ovídio, esse movimento da metamorfose foi capturado em mármore pelo artista barroco Gian Lorenzo Bernini (1598-1680), que, em tamanho natural, esculpiu Apolo e Dafne (1622-1625). 04/05/2023 21:27 Arte e literatura na Antiguidade Clássica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02281/index.html# 47/54 Pela união conubial, e espera Por aquilo que tanto anseia, assim O iludem suas próprias predições. [...] Apolo vê os cabelos de Dafne soltos ao pescoço e Diz: e se os penteasse? Vê seus olhos Vibrarem �amejantes como os astros, Observa os lábios, cuja vista apenas Não lhe é bastante; louva os dedos, mãos, Os braços que se estendem nus aos ombros, “Talvez melhores se cobertos?”, pensa… E ela foge, mais célere que o ar, Nem se detém às súplicas de Apolo: “Ó ninfa, para! rogo-te, não sigo Como inimigo! ninfa, para! Assim A ovelha foge ao lobo, assim o cervo Foge ao leão, assim as pombas à águia, Assim qualquer um foge ao inimigo: Amor é a causa que me faz seguir! Ai de mim se caíres inclinada, Indigna de feridas, se teus pés Encontrarem espinhos ao caminho E eu te causar imerecidas dores! [...] Querendo dizer mais o deus Apolo, Foge-lhe a ninfa em passo trepidante, Deixando ao curso esclusa a sua fala. O corpo dela se desnuda ao vento, Vibram-lhe as vestes e a suave brisa Impele para trás os seus cabelos: Tão bela Dafne lhe parece em fuga… Porém o deus não se contém ao zelo, E enquanto lhe aconselha amor loquaz, 04/05/2023 21:27 Arte e literatura na Antiguidade Clássica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02281/index.html# 48/54 Apressa o passo impetuoso a ela. [...] Assim vão Febo e Dafne: àquele move Sua esperança e a esta o seu temor. Porém o que a persegue, guarnecido Pelas asas do amor, é mais veloz, Não para e, estando na iminência dela, Chega a soprar-lhe a coma solta atrás. Findada a força, a ninfa empalidece. Vencida pelo esforço de escapar, Dirige o olhar às ondas do riacho: “Ó pai, se tens mesmo o poder dos rios, Concede ajuda àquela cuja forma Por ser tão bela não pode ser vista, E faz perder-se en�m a transformando!” Assim mal Dafne �nda sua prece E súbito um torpor lhe invade os membros: Fina casca lhe cinge o seio ameno, Se faz em folhas seu cabelo e em ramos Os seus braços; seus pés, antes velozes, Se �xam lentamente ao solo em rígidas Raízes e ao seu rosto todo envolto Nada resta senão um brilho escuso. Ainda Apolo a ama e põe a mão Direita sobre o tronco: lhe é possível Sentir pulsar o coração de Dafne. E envolvendo as ramagens com seus braços, Be�a a madeira, que recusa os be�os. Diz-lhe o deus então: “Já que não podes Ser minha esposa, tu serás minha árvore. Te portarei, ó louro, para sempre Na lira, nos cabelos e na aljava. Estarás entre os líderes do Lácio, 04/05/2023 21:27 Arte e literatura na Antiguidade Clássica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02281/index.html# 49/54 (OVÍDIO. Metamorfoses. Trad. Domingos Lucas Dias. São Paulo: Editora 34, 2017, 452-567) Com leda voz a modular vitórias E a ver do Capitólio imensos faustos. Disposta à entrada do palácio augusto, Serás �el vigia dos portões E, ao centro, irás velar pelo carvalho. Sobre meus cachos tenros não cortados, Tu portarás da fronde eterna glória.” Calou-se en�m; e, com aqueles ramos, Pareceu-lhe o laurel ter assentido, Meneando no topo as suas folhas. É importante saber que cada mito possui muitas tradições e versões diferentes. Há certamente as mais consagradas, que se tornam fontes de referência para escritores e artistas das gerações seguintes, como aconteceu com Teogonia, de Hesíodo, e Metamorfoses. Ovídio tinha como intento superar a tradição e, em certa medida, conseguiu. Uma das mais admiradas sínteses cosmogônicas encontrava-se em Teogonia, obra na qual Hesíodo não associou a ideia do deus primordial Caos à confusão e à desordem. Pelo contrário: esse deus se associava à ideia de separação, amplidão e espaço vazio primordial. Ovídio recobriu Caos com as figuras da desordem. Tal versão se consolidou como uma nova tradição na literatura, nas artes e até nos dicionários. Para finalizar, em um amplo arco que começa com o Caos e termina com o destino de Júlio César, Metamorfoses atende a todos os pressupostos de uma obra clássica (entre elas, a universalidade e a temporalidade), conseguindo ultrapassar mais de dois milênios com o vigor e a atualidade que somente os grandes clássicos conseguem manter. Eneida e Metamorfoses Assista agora a um vídeo que trata de algumas das principais contribuições literárias da Roma Antiga: Eneida, de Virgílio, e Metamorfoses, de Ovídio. 04/05/2023 21:27 Arte e literatura na Antiguidade Clássica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02281/index.html# 50/54 Vem que eu te explico! Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar. Módulo 3 - Vem que eu te explico! Eneida – uma epopeia para Roma Módulo 3 - Vem que eu te explico! Metamorfoses de Ovídio 04/05/2023 21:27 Arte e literatura na Antiguidade Clássica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02281/index.html# 51/54 Questão 1 Eneida pode ser considerada uma epopeia para Roma, porque Questão 2 A obra Metamorfoses pode ter seu título justificado, pois Vamos praticar alguns conceitos? Falta pouco para atingir seus objetivos. A reflete os valores da cultura grega no contexto latino a partir da exaltação da democracia e da rejeição ao imperador. B foi escrita em latim por poetas romanos contratados pelo imperador com a finalidade de rejeitar a mitologia grega. C apresenta temáticas relacionadas com acontecimentos históricos ocorridos exclusivamente na cidade. D foi concebida e escrita por Remo e Rômulo, fundadores da cidade de Roma. E espelha, por meio de recursos literários e de figuras míticas, a cidade romana e seu imperador Otávio Augusto. Responder A narra poeticamente as transformações pelas quais passa seu autor, Ovídio. 04/05/2023 21:27 Arte e literatura na Antiguidade Clássica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02281/index.html# 52/54 Considerações �nais Conhecer a arte e a literatura da Antiguidade Clássica é uma condição para se compreender bem o que se produziu depois dela, seja na literatura, no teatro, na pintura, na escultura, na música ou, mais recentemente, no cinema, nos jogos digitais, na psicanálise e até mesmo na publicidade. Por isso, você estudou neste conteúdo diferentes manifestações artísticas da Grécia e da Roma antigas ao verificar as características e as dimensões estéticas dessa riquíssima produção. Nela, podemos encontrar clássicos, entre outras criações artísticas e literárias,como a Ilíada e a Odisseia, de Homero; Eneida, de Virgílio; e Metamorfoses, de Ovídio. Esperamos que esses estudos sejam um fator de motivação para você ler alguns desses clássicos da cultura ocidental! B conta poeticamente as transformações dos seres, mudança atribuída aos deuses. C conta poeticamente as mudanças dos deuses da mitologia romana em divindades da mitologia grega. D desenvolve um poema em que o lírico, épico, o trágico e o cômico se mantêm inalterados e não se misturam. E narra, de forma histórica e documental, as transformações por que passaram os romanos. Responder 04/05/2023 21:27 Arte e literatura na Antiguidade Clássica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02281/index.html# 53/54 Podcast Para encerrar, ouça sobre os principais aspectos relacionados com a arte e a literatura na Antiguidade Clássica. 00:00 14:00 1x Referências BRANDÃO, R. O. A tradição sempre nova. São Paulo: Ática, 1976. GRIMAL, P. Dicionário de mitologia grega e romana. Rio de Janeiro: Bertrand, 1993. HAUSER, A. História social da arte e da literatura. São Paulo: Martins Fontes, 1994. Explore + https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02281/index.html 04/05/2023 21:27 Arte e literatura na Antiguidade Clássica https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02281/index.html# 54/54 Leia este artigo para aprofundar seus estudos sobre a Ilíada: VERNANT, J.P. A bela morte e o cadáver ultrajado. Discurso. n. 9. USP. 1978. Assista ao filme sobre a guerra de Troia em que Brad Pitt interpreta Aquiles e Orlando Bloom, Páris: TROIA. Direção de Wolfgang Petersen. EUA: Warner Bros., 2004. 163 min. Veja os seguintes vídeos (no formato de entrevista) disponibilizados pela Univesp em seu canal no YouTube: Literatura universal – Odisseia (Homero) - André Malta - Pgm 02. Literatura fundamental 12 – Eneida – Paulo Martins. Literatura fundamental 35 – Metamorfoses, de Ovídio, com Alexandre Hasegawa. Baixar conteúdo javascript:CriaPDF()
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