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Universidade Tiradentes - Medicina P3 Desenvolvimento e doenças respiratórias na infância TUTORIA Conceito: “desenvolvimento” tem sido o mais utilizado para abranger os vários aspectos interligados que caracterizam a evolução dinâmica do ser humano a partir de sua concepção. ● O desenvolvimento humano emerge a partir da interação com os fatores ambientais. ● É fundamental que ocorra uma ampla e adequada variação de estímulos e experiências, para favorecer todo o seu potencial. ● O sucesso do desenvolvimento depende da integridade dos vários órgãos e sistemas, principalmente o sistema nervoso, que participa de toda ordenação funcional que o indivíduo irá experimentar. ● O tecido nervoso cresce e amadurece sobretudo nos primeiros anos de vida. ● Nos primeiros anos de vida é mais vulnerável aos agravos de natureza diversa. ● Por outro lado, também nesse período, a criança tem grande plasticidade e melhor responde aos estímulos que recebe. AVALIAÇÃO: ● A avaliação do desenvolvimento deve ser um processo contínuo de acompanhamento. ● Visa à detecção precoce de desvios ou atrasos. ● Pode ser realizada de forma sistematizada por meio de alguns testes e/ou escalas elaboradas para tal finalidade. ○ O teste de Gesell: Referem-se às seguintes áreas: comportamento adaptativo; comportamento motor grosseiro e delicado; comportamento de linguagem; comportamento pessoal- social. ○ Triagem Denver II: 1 Analisar os marcos do desenvolvimento infantil ○ A escala de desenvolvimento infantil de Bayley; ○ O Albert Infant Motor Scale; ● No Brasil, a Caderneta de Saúde da Criança disponibiliza uma sistematização para a vigilância do desenvolvimento infantil até os 3 anos de idade. ● Essa ferramenta permite acompanhar a aquisição dos principais marcos do desenvolvimento. ● Além disso, com base na presença ou ausência de alguns fatores de risco e de alterações fenotípicas, a caderneta orienta para tomadas de decisão. ● As avaliações do desenvolvimento devem acontecer em todas as visitas de puericultura. ● É fundamental o conhecimento do contexto familiar e social no qual a criança está inserida. ○ Desde quando foi gerada; ○ Se planejada ou não; ○ As fantasias da mãe durante a gestação; ○ Quem é o responsável pelos seus cuidados; ○ A rotina da criança; ○ As mudanças que ocorreram após o seu nascimento. 2 ○ Fatores de risco: Ausência de pré-natal, dificuldades no nascimento, baixo peso ao nascer e etc. ○ A opinião da mãe em relação ao processo de desenvolvimento de seu filho. ● A análise processa-se por toda a duração do atendimento: ○ O comportamento da família e da criança; ○ Quem traz a criança; ○ Como ela é carregada, sua postura, seu interesse pelo ambiente e a interação com as pessoas. AQUISIÇÕES MOTORAS: Recém-nascidos: ● Padrão motor muito imaturo; ● Presença do reflexo tônico cervical assimétrico; ● Predomínio do tônus flexor nos membros; ● Intensa hipotonia da musculatura paravertebral. ● Reflexos, controlados por partes primitivas do cérebro. ● Sucção, preensão palmar, plantar e da marcha passarão em poucos meses a ser atividades voluntárias. ● Já o de Moro e o tônico cervical assimétrico, desaparecerão em breve (normal: não devem persistir no 2º semestre) 2 primeiros meses: ● Há uma diminuição progressiva do tônus flexor e substituição pelo padrão extensor. ● Esse amadurecimento se faz na direção craniocaudal. A partir do 2º semestre: ● Não ocorre mais predomínio de padrão flexor ou extensor ● A criança, por meio de alternância entre os tônus, consegue, primeiramente, rolar e, posteriormente, consegue mudar da posição deitada para sentada. ● A regra do desenvolvimento motor é que ocorra no sentido craniocaudal e proximodistal e, por meio de aquisições mais simples para mais complexas. Assim, a primeira musculatura a ser controlada é a ocular. ● Depois, há o controle progressivo da musculatura para a sustentação da cabeça e depois do tronco. ● Ao nascimento, a criança fica com as mãos fechadas a maior parte do tempo. Por volta do 3º mês, em decorrência da redução do tônus flexor, as mãos ficam abertas ● As crianças conseguem agarrar os objetos, embora ainda sejam incapazes de soltá-los. Entre o 5º e o 6º mês: ● Conseguem apreender um objeto voluntariamente e iniciam o movimento de pinça. 3º trimestre: ● A criança adquire a posição ortostática. ● O apoio progressivo na musculatura dos braços permite o apoio nos antebraços e as primeiras tentativas de engatinhar. Até os 2 anos de idade: ● A partir dessa idade, o contexto cultural em que a criança se insere passa a ter uma influência maior. ● Há maior variação entre os marcos. AVALIAÇÃO DO SISTEMA SENSORIAL: ● Deve ser feita desde os primeiros atendimentos. ● Exame dos olhos: atento ao tamanho das pupilas, pesquisar o 3 reflexo fotomotor bilateralmente, assim como o reflexo vermelho. ● Audição: perguntar se o bebê se assusta, chora com sons intensos, se é capaz de reconhecer e se acalmar com a voz materna e se procura a origem dos sons. ● Indagar os familiares se a criança focaliza objetos e os segue com o olhar AVALIAÇÃO DA LINGUAGEM: ● Interação social: entre a 4ª e 6ª semanas de vida, surge o “sorriso social” desencadeado por estímulo, principalmente pela face humana. ● No 2º semestre de vida, a criança não responde mais com um sorriso a qualquer adulto, pois passa a distinguir o familiar do estranho. ● Primeiros meses de vida: o bebê expressa-se por meio de sua mímica facial e, principalmente, pelo choro. ● 2º e o 3º mês: a criança inicia a emissão de barulhos ● 6º mês: balbucio ou sons bilabiais, cujas repetições são realizadas pelo simples prazer de se escutar. ● 9º e 10º mês: emite balbucios com padrão de entonação semelhante à linguagem de seu meio cultural. ● 12 meses de idade: surgem as primeiras palavras denominadas palavras-frase e também a linguagem gestual. ● 18 meses: a criança inicia frases simples e ocorre aumento em seu repertório de palavras. 4 5 6 2. Conhecer as principais afecções respiratórias na infância FATORES DE RISCO: ● Freqüentar creche ou escolinha; ● Irmãos mais velhos; ● Exposição à fumaça de cigarro; ● Poluição atmosférica; ● Casa com muitas pessoas; ● Baixo nível sócio-econômico. INTRODUÇÃO: ● As infecções do trato respiratório correspondem à maioria das doenças relacionadas ao cuidado de crianças. ● Incluem o vírus sincicial respiratório, vírus parainfluenza, vírus influenza, adenovírus, rinovírus, parvovírus B19 e S. pneumoniae. ● O risco de otite média é 2-3x maior em crianças que frequentam creches. ● A maioria das prescrições de antibióticos em crianças com idade inferior a 3 anos que frequentam creche são para tratamento de otite média. ● Transmissão: Gotículas do trato respiratório podem se disseminar por contato direto com as membranas mucosas ou por se tocarem superfícies contaminadas por secreções. DIFERENCIAR GRIPE E RESFRIADO: ● A gripe: é causada pelo vírus influenza (tipos A ou B) e, geralmente ○ Febre alta (em torno de 3 dias), dor muscular, dor de garganta, dor de cabeça, coriza e tosse seca,podendo durar até duas semanas. ○ Complicações graves: pneumonia. ● O resfriado: causado mais comumente por rinovírus, parainfluenza e o vírus sincicial respiratório (RSV). ○ Os sintomas do resfriado são mais brandos e duram menos tempo. ○ Tosse, congestão nasal, coriza, dor no corpo, febre baixa e dor de garganta leve. RINOSSINUSITES: ● Rinossinusite aguda é definida como a inflamação sintomática da cavidade nasal e seios paranasais, com duração inferior a 4 semanas. ● Geralmentecausada por infecções virais: rinovírus, adenovírus, vírus sincicial respiratório (VSR), parainfluenza e influenza. ● Abrange quadros como o do resfriado comum. ● As rinossinusites virais não complicadas geralmente apresentam resolução em 7 a 10 dias. ● Apenas 0,5-2% destas infecções podem ser complicadas por infecção bacteriana. ● Entre os patógenos bacterianos mais comuns estão: Streptococcus pneumoniae, 7 Haemophilus influenzae e Moraxella catarrhalis. ● Manifestações clínicas: são inespecíficas e incluem congestão nasal, rinorréia, febre e tosse. ● Nos lactentes deve-se ficar atento para inquietação, choro fácil, recusa alimentar, vômitos e alteração do sono. ● Diagnóstico de rinossinusite bacteriana: baseado nos achados clínicos, e não requer nenhum exame de imagem. ● A grande questão diagnóstica nestes casos é definir quando há a ocorrência de uma infecção bacteriana. ● Em geral, usa-se como critério a característica temporal dos sinais e sintomas para diferenciar a infecção bacteriana. ● A complicação bacteriana é mais provável quanto os sintomas do paciente forem mais duradouros. (quando os sinais e sintomas persistirem sem melhora por 10 dias ou piorarem em 5-7 dias.) ● Tratamento inicial: medidas gerais para diminuir o desconforto da criança. Deve-se orientar os pais por se tratar de uma doença, geralmente autolimitada. ○ Necessidade de hidratação ○ Evitar o contato da criança com fatores irritantes como a fumaça de cigarro. ○ Higienização nasal com solução fisiológica isotônica. ● Tratamento farmacológico: analgésicos e antipiréticos como acetaminofeno ou ibuprofeno. ● A criança deverá ser reavaliada entre 3-5 dias,6 e deve-se ficar atento para a permanência ou piora dos sintomas. ● Havendo a indicação do uso de antimicrobianos, a droga de primeira escolha é a amoxicilina (melhora do quadro dentro de 48- 72h). FARINGOAMIGDALITES: ● A maioria dos episódios de faringoamigdalites agudas é causada por vírus e é autolimitada (5-7 dias). ● Deve-se manter a hidratação e uso de analgésicos e antipiréticos. ● Entre as causas bacterianas, o Streptococcus pyogenes do grupo A é o principal agente ● A faringoamigdalite aguda estreptocócica (FAE) é especialmente importante em função das reações tardias que pode desencadear, como febre reumática e glomerulonefrite difusa aguda. ● A febre reumática pode ser evitada com tratamento da FAE até o nono dia de evolução da doença. ● Manifestações clínicas: dor de garganta, sensação de ressecamento na garganta, odinofagia, disfagia, febre e calafrios, cefaléia, otalgia referida, prostração, dores musculares e linfonodomegalia cervical. ● Na faringoamigdalite estreptocócica há maior associação de dor de garganta com febre alta de início súbito (>38C) ● Diagnóstico para FAE: é realizado somente através de exame laboratorial de esfregaço de orofaringe. ● Achados como petéquias palatinas e rash escarlatiniforme são altamente específicos, mas pouco comuns. ● Tratamento inicial: Antipiréticos e analgésicos como acetaminofeno e ibuprofeno podem ser utilizados para conforto do paciente. ● Tratamento: Em caso de alta suspeição de FAE, a penicilina é a 8 droga de escolha e o tratamento deve ser prontamente iniciado. ● Para tratamentos via oral, pode- se usar amoxicilina ou penicilina V oral. Pacientes alérgicos à penicilina podem utilizar eritromicina. ● A criança deve ficar afastada da creche e do contato com outras crianças por pelo menos 24h após o uso do antimicrobiano adequado. RINOFARINGITE AGUDA: ● Abrange quadros como o do resfriado comum e ainda outros englobados sob a denominação de rinite viral aguda. ● É a doença infecciosa de vias aéreas superiores mais comum da infância. ● Crianças menores de cinco anos podem ter de cinco a oito episódios por ano. ● É causada quase que exclusivamente por vírus. ● Os vírus mais frequentes são: rinovírus, coronavírus, vírus sincicial respiratório (VSR), parainfluenza, influenza, coxsackie, adenovírus e outros mais raros. ● Pelo processo inflamatório da mucosa nasal, pode ocorrer obstrução dos óstios dos seios paranasais e tubária, permitindo, por vezes, a instalação de infecção bacteriana secundária (sinusite e otite média aguda). ● Pode apresentar-se, na criança maior, com febre alta, prostração, mialgia e calafrios, Febre alta, diarréia, vômitos e dor abdominal são comuns em crianças mais jovens. Tosse e fadiga podem durar várias semanas. ● Transmissão: através de gotículas produzidas pela tosse e espirros (como um aerossol), ou pelo contato de mãos contaminadas com a via aérea de indivíduos sadios. ● Período de incubação: dois a cinco dias. ● Quadro clínico: Pode iniciar com dor de garganta, coriza, obstrução nasal, espirros, tosse seca e febre de intensidade variável, podendo ser mais alta em menores de cinco anos. ● Determinados tipos de vírus podem também causar diarréia. ● Algumas complicações bacterianas podem ocorrer durante infecções respiratórias virais. Sugerem a ocorrência de alguma delas: persistência de febre além de 72 horas, recorrência de hipertermia após este período, ou prostração mais acentuada. ● Além disto, o surgimento de dificuldade respiratória (taquipnéia, retrações ou gemência) indicam a possibilidade de bronquiolite aguda, pneumonia ou laringite. ● As complicações bacterianas mais frequentes são otite média aguda e sinusite. LARINGITE VIRAL AGUDA: ● Também denominada de crupe viral, está laringite é uma inflamação da porção subglótica da laringe, que ocorre durante uma infecção por vírus respiratórios. ● A congestão e edema dessa região acarretam um grau variável de obstrução da via aérea. ● Acomete com maior frequência lactentes e pré escolares, com um pico de incidência aos dois anos de idade. ● Quadro clínico: A evolução pode ser um pouco lenta, com início do quadro com coriza, febrícula e tosse. Em 24-48 horas acentua-se o comprometimento da região infraglótica, com obstrução de grau leve a grave e proporcional dificuldade respiratória. 9 ● A evolução natural, na maioria dos casos, é a persistência do quadro obstrutivo da via aérea por 2-3 dias e regressão no final de cinco dias. ● O vírus parainfuenza I e II e o vírus sincicial respiratório são os agentes causais mais comuns. Adenovírus, influenza A e B e vírus do sarampo também podem estar envolvidos. ● Pródromos: coriza, obstrução nasal, tosse seca e febre baixa. ● Evolução: tosse rouca, disfonia, afonia ou choro rouco e estridor inspiratório. ● Em casos de obstrução mais grave, surge estridor mais intenso, tiragem supra-esternal, batimentos de asa do nariz, estridor expiratório e agitação. Nos casos extremos, além de intensa dispnéia ● Promoção de um ambiente saudável. ● Aleitamento materno. ● Boa higiene das mãos ● Acompanhamento médico especializado ● Evitar locais aglomerados ou fechados; ● Cobrir a boca e o nariz com papel ao tossir ou espirrar; ● Afastamento de crianças infectadas da creche pelo menos durante a fase contagiosa da doença. ● Uso dos probióticos. ● Vacinação: A imunização previne infecção por três ou quatro tipos de vírus. ● Manter os ambientes bem ventilados; ● Manter a hidratação da criança e uma alimentação saudável; ● Evitar levar as mãos contaminadas à boca, nariz ou olhos. ● Evitar contato com fumaça de cigarro no ambiente. ● Evitar natação com mergulho até cura completa do processo. ● Tratar rinite alérgica, quando presente (profilaxia). ● Correção cirúrgica de fatores predisponentes. A doençado trato respiratório, acompanhada de sibilo acomete um terço de todas as crianças nos 3 primeiros anos de vida, porém somente 33% destas desenvolverão quadros de asma a posteriori. ● A fisiopatologia do sibilo se apoia no broncoespasmo, edema e secreções retidas, um exacerbando a intensidade do outro em um círculo vicioso. ● Quanto mais jovem, mais grave e intenso o quadro, devido às diferenças anatômicas (calibre dos brônquios, inserção do diafragma, arcos costais mais facilmente deformáveis, menor número de poros de Khon e canais de Lambert) responsáveis por alterações funcionais, principalmente caracterizadas por aumento da resistência e facilitação de atelectasias. ● As doenças do trato respiratório, acompanhadas de sibilo -sejam ou não asma- têm em comum o desconforto respiratório. ● As crises de sibilo recorrentes no primeiro ano de vida são mais provavelmente devidas a deficiências na função pulmonar provocada pelo consumo de cigarro durante a gestação e ao edema de mucosa agravado pela presença de secreções brônquicas do que devido à broncoconstrição. ● É importante comentar que o sistema respiratório tem o seu crescimento e desenvolvimento completados ao redor dos oito anos de vida. ● Sibilância é um sintoma comum na infância e queixa frequente 10 3. Elucidar as medidas preventivas para as afecções respiratórias nas crianças 4. Compreender o diagnóstico diferencial da sibilância na infância nos consultórios de pediatras e especialistas. ● Geralmente está associada à hiper-responsividade brônquica, mas pode estar presente em qualquer situação que leve ao estreitamento das vias aéreas. ● As causas mais comuns de sibilância em crianças e lactentes são asma e bronquiolite, respectivamente. ● Cerca de 70% dos casos de asma em crianças ocorrem antes dos 3 anos de idade, sendo que em um terço deles os sintomas começam antes de um ano de vida. BRONQUIOLITE: ● A causa mais comum de sibilância no lactente ● É uma infecção aguda do trato respiratório inferior que afeta principalmente crianças entre o mês e os 23 meses e apresenta um pico de incidência entre os 2 e os 8 meses. ● Quadro clínico: pródromo de rinorreia e febre, seguido em poucos dias (48-72h) por tosse seca, pieira e dispneia. ● É possível auscultar crepitações inspiratórias e sibilos expiratórios. ● Observa-se sinais de desconforto respiratório. ● O principal agente é o vírus sincicial respiratório (VSR), o qual é responsável por mais de 50% dos casos. ● Outros agentes: rinovírus, bocavírus, o metapneumovírus, o enterovírus, o adenovírus, o coronavírus e o influenza. ● A infeção das células epiteliais conduz à produção aumentada de muco, à morte celular e, posteriormente, à formação de um infiltrado peribronquiolar ● A acumulação de secreções associada ao edema conduzem aos estreitamento das vias aéreas, o que, por sua vez, leva ao aprisionamento distal de ar, a atelectasia e a um desequilíbrio da ventilação-perfusão, o que está na origem da hipoxemia e do esforço respiratório. TUBERCULOSE: ● Associa-se a uma maior morbilidade e mortalidade devido à maior incidência de formas disseminadas como a tuberculose miliar e a meningite. ● Durante a infância, a transição de tuberculose latente para tuberculose ativa ocorre rapidamente, tornando-se sintomática num intervalo de semanas. ● Quadro clínico: tosse crónica não produtiva(> 21 dias), e que frequentemente se faz acompanhar de a sibilos. Associa- se também a dispneia e febre, perda ponderal, letargia e sudorese noturna. Pode cursar com leucocitose, anemia e hiponatremia. ● Todos os lobos pulmonares estão em risco de serem afetados na tuberculose primária. ● No entanto, na primoinfecção, os lobos médios e inferiores são os mais afetados. ● Em alguns lactentes, devido ao alargamento dos gânglios, pode haver compressão do brônquio, o que pode conduzir a uma atelectasia, devido à obstrução brônquica. ● A radiografia torácica pode apresentar-se normal ou com várias alterações. FIBROSE CÍSTICA: ● É uma doença autossômica recessiva mais comum na raça caucasiana. ● Etiologia: a disfunção de uma proteína reguladora da condução transmembranar. ● A viscosidade das secreções e a incapacidade de as eliminar pelo aparelho mucociliar conduzem a 11 uma colonização persistente por vários microorganismos e a uma consequente resposta inflamatória das vias aéreas. ● Estes doentes apresentam uma resposta exacerbada aos microorganismos em comparação com os lactentes saudáveis. ● Apresentam muito frequentemente as suas vias aéreas colonizadas por microorganismos como o Stafilococos Aureus, o Haemophilus Influenzae e o Streptococcus pneumoniae. ● É de ressaltar o impacto da Pseudomonas Aeruginosa no declínio clínico e mortalidade, cuja idade média de detecção são os 2 anos. ● Quadro clínico: tosse crônica, a qual é inicialmente seca evoluindo posteriormente para produtiva. Pneumonias de repetição, crepitações e os sibilos, principalmente quando existe hiperreatividade brônquica (25-50% dos casos). ● Pode cursar com obstrução do íleo por mecónio (íleo meconial), insuficiência pancreática exócrina, hipovitaminose devido ao défice das vitaminas lipossolúveis A, D, E e K. INALAÇÃO DE CORPO ESTRANHO: ● Considerada uma urgência pediátrica, se não diagnosticada a tempo, pode conduzir à morte. ● O diagnóstico precoce nem sempre acontece, dado que os seus sintomas cursam noutras patologias como a asma ou uma infecção do trato respiratório inferior. ● Quadro súbito de tosse ou um episódio de engasgamento num lactente que apresente algum objeto na boca é altamente sugestivo desta condição clínica. ● Quadro clínico: tosse, dispnéia, febre ou recusa alimentar. Adicionalmente, hemoptises, expectoração purulenta e vómitos. ● Exame físico: podem estar presentes sinais como taquipneia e taquicardia. À auscultação, pode ser percetível uma diminuição ipsilateral do murmúrio vesicular, estridor e sibilo. INSUFICIÊNCIA CARDÍACA: ● Incapacidade do coração em bombear sangue suficiente, a qual se pode dever a uma lesão quer congénita quer adquirida. ● Traduz-se clinicamente num estado de congestão pulmonar e sistémica. ● Quadro clínico: recusa alimentar e ao exame físico pode apresentar-se com taquipneia, diaforese e taquicardia, sendo que frequências cardíacas superiores a 180 batimentos/minuto, edemas das extremidades inferiores. ● Cardiomegalia e hepatomegalia também são comumente observadas. ● À auscultação pulmonar podem ser perceptíveis sibilos, os quais, nos estágios iniciais, são por vezes o único sinal. ANAFILAXIA: ● Reação alérgica ou de hipersensibilidade generalizada com início rápido e de elevada gravidade, podendo conduzir à morte. ● Ocorre normalmente minutos a poucas horas após a exposição e envolve pelo menos 2 sistemas. ● Determinadas comorbidades, como a bronquiolite, a asma e a mastocitose cutânea, podem predispor à reação anafilática. ● Os alimentos são os fatores desencadeantes mais comuns, sendo o leite de vaca, o ovo e o amendoim mais frequentes. 12 ● A reação anafilática pode ocorrer quer após a ingestão direta, quer a ingestão indireta através do leite materno. ● Fármacos como determinados antibióticos, antipiréticos e bloqueadores neuromusculares também podem ser fatores desencadeantes. ● Quadro clínico: choro persistente ou irritabilidade. A nível da pele e mucosas pode observar-se “flushing”, o qual pode ser acompanhado por febre, assim como angioedema da face, língua e orofaringe. ● Se o sistema respiratório for envolvido, o lactente poderá apresentar tosse, dispneiae, ao exame físico poderão estar presentes sibilos, estridor e cianose. ● O quadro clínico do lactente poderá também cursar com incontinência fecal, episódios de regurgitação e vômitos, hipotensão e taquicárdico, com o pulso fraco e arrítmico, letargia, hipotonia ou convulsões. ASMA: ● Perante um lactente com sibilância recorrente, em que outros diagnósticos já foram excluídos, o diagnóstico de asma deve ser considerado. ● Episódios recorrentes de tosse, dispneia e pieira desencadeados por múltiplos estímulos (infecções respiratórias, esforços, frio ou fumo ou pela exposição a alergénios). ● Tem agravamento no período noturno e com tendência a persistir para além dos 10 dias durante as infecções respiratórias. ● A história pessoal de dermatite atópica assim como a existência de familiares de primeiro grau com asma pode corroborar esta hipótese. ● Outra ferramenta é a prova terapêutica com broncodilatadores de curta duração (inalados durante um período de 2 a 3 meses). ● Assim, a melhoria dos sintomas durante o tratamento e o seu agravamento após a suspensão são fortes indicadores deste diagnóstico. ● Critérios maiores: Existência de pais com asma, diagnóstico de dermatite atópica no lactente e sensibilização alérgica a pelo menos um aeroalérgeno. ● Critérios menores: presença de sibilância, presença de ≥ 4% de eosinófilos no sangue periférico e sensibilização alérgica ao leite, ovo ou amendoim. ○ Os lactentes que apresentem mais de 4 episódios de sibilância por ano e que apresentem ou um critério maior ou dois critérios menores apresentam um elevado risco de serem asmáticos. 13
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