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GESTÃO EM FISIOTERAPIA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Diferenciar teleconsulta, telemonitoramento e teleconsultoria. > Descrever a prestação de serviços síncrona e assíncrona em fisioterapia. > Explicar a infraestrutura tecnológica e física, os recursos humanos e os materiais necessários para telesserviços em fisioterapia. Introdução A Resolução nº 516, de 20 de março de 2020, do Conselho Federal de Fisiotera- pia e Terapia Ocupacional (Coffito), que autorizou a prestação de serviços de fisioterapia à distância seguindo critérios de teleconsulta, telemonitoramento e teleconsultoria, foi estabelecida em momento de pandemia pela covid-19 e garantiu a manutenção de serviços de fisioterapia em caráter específico ao momento da sociedade. A resolução é específica para o período de Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional (Espin), com intuito de dar conti- nuidade aos atendimentos pelo fisioterapeuta, contanto que ele obedeça a critérios mínimos de infraestrutura tecnológica física, com recursos humanos e materiais apropriados, garantindo inclusive algumas normas já estabeleci- das para o atendimento presencial, com guarda, manuseio e transmissão de dados, executando a abordagem em telesserviço com privacidade, sigilo e confidencialidade. Teleconsulta, telemonitoramento e teleconsultoria Geanderson dos Santos Rodrigues Neste capítulo, você vai aprender a diferenciar teleconsulta, telemonitora- mento e teleconsultoria na atuação do fisioterapeuta na prestação de serviço à distância, reconhecendo os modelos síncrono e assíncrono de assistência e identificando a infraestrutura tecnológica necessária à promoção desses modelos de assistência em fisioterapia. Conceitos básicos Para entender e diferenciar teleconsulta, telemonitoramento e teleconsul- toria, é importante resgatar o papel do Coffito. Para exercer suas funções, o fisioterapeuta precisa estar registrado no Coffito, uma autarquia federal que exerce função normativa e de controle profissional, ético, científico e social em todo território brasileiro. Nesse âmbito, tem ação de supervisão e fiscalização, garantindo bem-estar e controle no que diz respeito à profissão, em defesa de seus filiados e de toda população (COFFITO, [2021]). Dessa forma, todas as ações do profissional fisioterapeuta precisam estar em conformidade com resoluções, acórdãos, normativas, etc., emitidos e publicados pelo Coffito e acompanhados pelos Conselhos Regionais de Fisioterapia e Terapia Ocupacio- nal (Crefitos), órgãos que estão diretamente ligados ao Coffito e que auxiliam nos cumprimentos das determinações, com apoio técnico e administrativo em sua região de ação. Essa visão geral sobre tais entidades em âmbito federal e regional precisa estar clara para o seguinte entendimento: todas as condutas profissionais precisam de embasamento legal, e isso é acompanhado pelos conselhos. Assim, a característica do atendimento presencial ou à distância precisa estar em conformidade com as determinações para o profissional com base no que está pautado pelos conselhos. Ademais, quaisquer mudanças precisam ser regularizadas antes de implementadas para que se garanta condições profissionais, técnicas, éticas e sociais adequadas no exercício da profissão. A partir daí, pode-se entender melhor a função da Resolução nº 516 (COFFITO, 2020), que suspende resoluções anteriores e direciona condutas do fisioterapeuta no período de enfrentamento à crise provocada pela pande- mia de covid-19. A resolução é específica para o período de Espin, mas abre caminho para o entendimento da atuação do fisioterapeuta para o potencial da profissão diante de novas estratégias de assistência à saúde, sempre com a devida atenção ao código de ética da profissão, respeitando legalmente suas atribuições (COFFITO, 2013; COSTA; LOIOLA, 2020). Teleconsulta, telemonitoramento e teleconsultoria2 Assim, com base nas atribuições do fisioterapeuta associadas à Resolução nº 516 (COFFITO, 2020), foi possível notar que a modernidade tecnológica, me- diante o uso da internet e de programas digitais apropriados (especialmente aqueles que promovem videoconferências) via computadores, smarthphones, tablets e outros, produziu avanços na forma de promover condutas fisiote- rapêuticas. Schmitz et al. (2017) propuseram-se a estudar o tema quando a teleconsulta ainda não era permitida no Brasil, mas já presente na Europa e América do Norte, considerando o contexto nacional das profissões em saúde, colocando-se favorável à regulamentação da teleconsulta no país e entendendo-a como uma forma de interação por tecnologias da informação e comunicação (TICs). Nesse contexto, destacam-se os conceitos e práticas de teleconsulta, telemonitoramento e teleconsultoria, modalidades não presenciais de atenção em saúde, descritas a seguir. Teleconsulta A teleconsulta representa a consulta fisioterapêutica a ser realizada pelo fisioterapeuta em caráter remoto (à distância) e registrada documentalmente (COFFITO, 2020). Para que possa ser segura e eficiente, além de todo conheci- mento técnico do profissional, é necessário usar ferramentas seguras, uma boa comunicação e ferramentas de videoconferências ou videochamadas. O profissional ainda precisa estar familiarizado com a nova metodologia e com os recursos que se dispõe a utilizar e, ainda deve garantir que o paciente (ou seu responsável) possa compreender e agir devidamente para o fluxo assistencial da teleconsulta. Um atendimento desse tipo não se resume a uma conversa; trata-se de uma busca investigativa proposta dentro dos conceitos de semiologia fisioterapêutica. Telemonitoramento Seguindo a base estrutural da teleconsulta, ou seja, o uso devido dos recursos tecnológicos, para o telemonitoramento é preciso, antes do acompanhamento à distância, um contato prévio, em que o fisioterapeuta irá atuar presencial- mente conduzindo a abordagem por meio de aparelhos apropriados. A partir de então, o telemonitoramento pode ser conduzido à distância no formato síncrono e/ou assíncrono. Ao longo do processo, deve-se determinar a ne- cessidade ou não de encontros presenciais para reavaliações ou correções na sequência de abordagens, inclusive a possibilidade de ação em parceria Teleconsulta, telemonitoramento e teleconsultoria 3 com outro fisioterapeuta (COFFITO, 2020). Embora haja necessidade de certo contato direto no processo de telemonitoramento, o contexto da pandemia acaba sendo um empecilho. De todo modo, o profissional precisa ter a sensi- bilidade para saber o momento de intervir presencialmente, tanto pelo olhar terapêutico quanto pela compreensão por parte do paciente (ou de quem dá suporte a ele) sobre a proposta terapêutica. Nesse contexto, a habilidade para gerenciar o telemonitoramento é fundamental para garantir qualidade, segurança e aplicabilidade do recurso. Teleconsultoria A Resolução nº 516 (COFFITO, 2020, documento on-line) entende a telecon- sultoria como a “comunicação registrada e realizada entre profissionais, gestores e outros interessados da área de saúde, fundamentada em evidências clínico-científicas e em protocolos”, envolvendo diversos órgãos competentes que promovem ações no sentido de esclarecer dúvidas, promover ações e procedimentos em prol da saúde ou demais questões relativas aos processos de trabalho. Assim, fica claro que não se trata de uma assistência direta ao paciente, quer como consulta ou como ação terapêutica. Na verdade, a tele- consultoria configura uma ação gerencial, o que coloca o fisioterapeuta em posição de destaque ao participar de grupos de trabalho que direcionam ações com efeito direto sobre as comunidades, mostrando o seu valor à sociedade. O Coffito gerou a Resolução nº 516 embasado em classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS) em ocasião do contexto pan- dêmico pela covid-19. Ademais, manifestou-se com base em sua competência legal estatuída (art. 5º, incisos II e XII, da Lei Federal nº 6.316/75) e na gravidade erapidez com que a covid-19 se espalhou em diversos países e no Brasil. Isso é importante para compreender que todas as ações que geram alinhamentos e determinações às condutas do fisioterapeuta tem o intuito de conduzir o profis- sional e a sociedade segundo critérios seguros e responsáveis, demonstrando ainda que a teleconsulta, o telemonitoramento e a teleconsultoria são condutas responsáveis e pertinentes ao fisioterapeuta, desde que atendidos os critérios previstos nas resoluções da profissão. Teleconsulta, telemonitoramento e teleconsultoria4 A resolução do Coffito ainda reforça que o fisioterapeuta tem autonomia e independência para determinar o tipo de acompanhamento, se presencial ou à distância, embasado em conceitos técnicos e científicos para garantir um atendimento seguro e de qualidade ao paciente (COFFITO, 2020). É importante ressaltar que a parceria entre fisioterapeuta e paciente (e/ou seus responsáveis legais) é fundamental para que todo o processo terapêutico aconteça. O fisioterapeuta precisa estar alerta para realizar as melhores escolhas do ponto de vista terapêutico e de biossegurança, garan- tindo continuidade na assistência com qualidade. Ao paciente ou responsável, é preciso estar clara a proposta do profissional fisioterapeuta, devendo se manifestar quando houver dúvidas ou questões pessoais envolvidas para que o cumprimento do plano terapêutico gere um efeito positivo de fato. Em outras palavras, todo o processo precisa estar bem organizado, claro e acessível para ambos. Serviços síncronos e assíncronos em fisioterapia Ao se posicionar para o atendimento em caráter remoto, ou seja, à distância, o fisioterapeuta precisa estar preparado para cumprir um objetivo claro a ser atendido dentro da proposta adequada a cada caso. Embora os recursos tecnológicos permitam uma abordagem à distância, isso não muda a neces- sidade de considerar a individualidade e a personalização do tratamento diante da limitação funcional. Ou seja, a prestação de serviço mantém-se vinculada à especificidade do quadro cinético-funcional do paciente, bem como a suas características e necessidades pessoais, considerando inclusive seu nível cognitivo, seu acesso a equipamentos e o eventual suporte de um responsável ou auxiliar. Quando um paciente está sob atenção presencial, parte de sua per- cepção sobre a qualidade do serviço prestado está relacionada ao ambiente: higiene no local, cuidados com a decoração, equipamentos atualizados e/ou modernos, vestimentas dos profissionais, etc. No atendimento remoto, outras estratégias devem ser adotadas para proporcionar essa percepção de qualidade do serviço em ambiente virtual. Assim como no contato presencial, é preciso estar atento a aspectos subjetivos, a fim de manter o paciente engajado com as estratégias propostas para a prestação do serviço à distância. Teleconsulta, telemonitoramento e teleconsultoria 5 Nesse contexto, o primeiro passo numa metodologia remota é definir se o encontro à distância será síncrono ou assíncrono. O modelo síncrono representa qualquer forma de comunicação à distância realizada em tempo real (COFFITO, 2020). Ao mesmo tempo, estão em contato o profissional e o receptor do serviço (paciente e gestores, entre outros profissionais). Embora haja distância física, ambos estão simultaneamente envolvidos e voltados ao objetivo da teleconsulta, do telemonitoramento ou da teleconsultoria. Para que um encontro como esse aconteça de forma proveitosa, os seguintes critérios devem merecer atenção do profissional fisioterapeuta. � Agendamento prévio com horário marcado entre as partes — é preciso respeitar uma organização mínima, e cada parte no encontro precisa estar devidamente preparada. No agendamento, será pertinente tam- bém orientar aspectos importantes para o preparo do ambiente e do paciente ou da dinâmica e pauta para a reunião, usando recursos como Google Agenda e Calendly. � Preparo apropriado do ambiente — além de iluminação adequada e um ambiente apropriado, sem ruídos que atrapalhem, é preciso estar atendo a vestimentas, entre outros aspectos físicos. A presença de outras pessoas deve ser evitada (se possível, proibida), especialmente pela confidencialidade das informações. Tudo isso pode evitar cons- trangimentos e distrações. � Equipamentos adequados e conexão estável — é preciso contar com equipamentos que permitam ver e ser visto com qualidade visual e sonora, evitando perdas, distrações ou compreensão inadequada. � Ferramentas visuais para melhor compreensão — sempre que possível, é preciso utilizar recursos audiovisuais atualizados para promover melhor compreensão das informações. � Capacidade de visualizar o paciente — no caso da assistência a um paciente, essencialmente é preciso enxergá-lo bem o bastante para exercer um olhar investigativo apropriado na consulta e no monitora- mento. Embora o encontro à distância não permita o toque, existem diversas informações que podem ser captadas pela prática de tarefas simples, permitindo avaliar os distúrbios cinético-funcionais, mesmo que limitadamente. � Certeza de estar sendo compreendido — a compreensão de coman- dos, solicitações, orientações, entre outros, precisa ser priorizada. É necessário que o profissional interaja com qualidade com o paciente ou com seu responsável, trazendo segurança para os envolvidos. Após o contato, um questionário pode ser enviado com algumas questões Teleconsulta, telemonitoramento e teleconsultoria6 focadas na qualidade da comunicação. Outra opção é o paciente enviar um vídeo em que executa a atividade de maneira independente no seu dia a dia. Assim, pelas respostas o fisioterapeuta pode ter clareza do quanto foi absorvido e propor ações de melhorias. Note que o modelo sincrônico, embora aconteça com dinamismo e si- multaneidade, começa muito antes do encontro virtual. Tudo que envolve a abordagem, ou seja, desde o aspecto terapêutico até a gestão dessa prestação de serviço, precisa ser considerado previamente. É isso que conferirá qualidade e segurança, demonstrando a responsabilidade do profissional com o serviço. Já o modelo assíncrono representa qualquer modo de comunicação à distância não realizada em tempo real (COFFITO, 2020). Dessa forma, o contato se processa por meio de instruções prévias, que podem estar registradas em meio físico (papel impresso, panfleto ou lista de orientações) ou em meio digital (videoaulas, áudios e outros). Contudo, isso só será pertinente a partir do conhecimento prévio sobre a situação e com o alinhamento adequado do profissional. Como reforça o Coffito (2020), o profissional tem autonomia e independência para determinar a modalidade de prestação de serviço à dis- tância, desde que respeitados todos os critérios científicos, éticos e sociais. A seguir, são listadas as principais características do serviço assincrônico. � Capacidade de emissão de informações por parte do profissional — a metodologia utilizada para se comunicar pode ser essencial aos objeti- vos que o profissional busca atingir. Criar uma videoaula, uma apostila, uma cartilha ou qualquer outra ferramenta requer de embasamento e capacidade didática para transmitir essa informação. � Capacidade de compreensão por parte do receptor — é preciso estar atendo ao nível cognitivo e ao grau de compreensão por parte do receptor. Sem uma comunicação clara, fluida e segura, o serviço fica comprometido e inviabiliza a abordagem à distância. Note que o modelo assincrônico, embora aconteça em tempos distintos e permita flexibilidade para produção do serviço, demanda muito cuidado e atenção. Isso pode exigir um monitoramento cauteloso e gerar a necessidade de um acompanhamento regular para garantir que os processos estão dentro de aspectos mínimos de qualidade e segurança. São exemplos de ações assíncronas que permitem o acompanhamento e identificação de possíveis necessidades de intervenção síncrona ou presencial: uso de comunicadose orientações por e-mail, fórum de dúvidas e/ou orientações, alertas em agendas Teleconsulta, telemonitoramento e teleconsultoria 7 e controle cronológico das atividades, preenchimento de formulários em que o paciente e/ou cliente possa informar suas atividades ou algum conteúdo proposto, listas com orientações ou planos e metas, entre outros. Considerando os métodos síncrono e assíncrono propostos na prestação de serviço de fisioterapia, cada um tem suas particularidades e suas atenções especiais. Isso reforça a responsabilidade do profissional ao eleger um desses métodos e se responsabilizar por sua escolha. Infraestrutura necessária para telesserviços em fisioterapia Além de uma boa gestão do serviço e do comprometimento com a devida qualidade técnica, é preciso que o fisioterapeuta busque ferramentas para consolidar suas estratégias na prestação de serviços à distância, seja de maneira síncrona ou assíncrona. Para isso, deve buscar ferramentas capazes de garantir a manutenção do serviço com qualidade, segurança e atratividade na busca do efeito terapêutico ou nas relações com outros profissionais. A Figura 1 exemplifica como os recursos podem ser aplicados durante a assistência fisioterapêutica na prestação de serviços à distância, quer por meio de teleconsulta, telemonitoramento ou teleconsultoria. Note que as imagens ilustram situações em que os modelos síncrono e assíncrono são aplicáveis. Figura 1. Recursos para desenvolvimento de teleconsulta e telemonitoramento: (a) paciente utilizando halteres e colchonete para exercício em casa; (b) paciente utilizando tablet com apoio de outra pessoa; (c) criança realizando atividades em casa; (d) idoso utilizando notebook de maneira autônoma. Fonte: (a) SHVETS production/Pexels.com; (b) Kampus Production/Pexels.com. (c) Yan Krukov/ Pexels.com; (d) nappy/Pexels.com. A C DB Teleconsulta, telemonitoramento e teleconsultoria8 A seguir, estão descritos alguns pontos de apoio para a prática do serviço de fisioterapia à distância. Grau de independência É preciso identificar se o paciente consegue de fato compreender as instruções sozinho. As Figuras 1a e 1c ilustram situações de telemonitoramento, em que o paciente recebeu instruções e aplicou o recurso de forma independente. Já a Figura 1b representa um paciente com dificuldade para uso de tecnologia e demandando apoio para compreensão. Essas situações são fundamentais para definir se o acompanhamento pode ser feito de fato à distância e se o melhor modelo é o síncrono ou assíncrono. Além disso, é possível definir se será necessário o suporte de outra pessoa. Isso pode ser definido na teleconsulta ou em encontro presencial proposto como base para o estabelecimento do plano terapêutico. Recursos tecnológicos para comunicação Equipamentos como notebook, tablet, smartphones e outros são fundamen- tais para o contato, já que videochamadas e videoconferências dependem de recursos mínimos de áudio e imagem. As Figuras 1b e 1d ilustram esses recursos. Além disso, uma boa conexão de internet se faz necessária. Nesse contexto, falhas e ruídos de comunicação podem representar agravos. Ferramentas de gestão O uso de agendas e prontuários eletrônicos, bem como a implementação de certificado digital, permite que o paciente acompanhe seus atendimentos, verifique seus dados de prontuários e receba documentos (encaminhamentos, laudos, entre outros) quando preciso. Outra estratégia é o uso de aplicativos, em que orientações e condutas podem ser apoiadas. Essas ferramentas de gestão impactam diretamente na qualidade do serviço e podem ser vistas como diferencial na prática profissional, gerando percepção de qualidade, segurança e atratividade à prestação de serviço. Teleconsulta, telemonitoramento e teleconsultoria 9 Um certificado digital é um recurso eletrônico com chaves criptogra- fadas. Em outras palavras, é uma identidade eletrônica conferida a pessoas físicas ou jurídicas. Sua função é servir de identificação virtual pessoal, permitindo assinar documentos à distância com o mesmo valor jurídico da assinatura de próprio punho no papel. Nesse processo, uma vantagem é não ser necessário reconhecer firma em cartório (BASEOTTO, 2020). Equipamentos acessórios Ao realizar as atividades em casa, é certo que o paciente não terá todos os recursos disponíveis em um serviço presencial. Assim, é preciso estudar a viabilidade técnica com base nesse aspecto. Algumas soluções surgem como alternativas: � locação de equipamentos, mas para isso o paciente demandará de devida orientação para aquisição; � disponibilização por parte do serviço presencial ao qual está ligado, o que pode exigir controle e direcionamento mais precisos; � uso alternativo de ferramentas tecnicamente viáveis, como uma gar- rafa plástica como substituta de um halter ou outros instrumentos cotidianos do paciente com aproveitamento terapêutico. Nas Figuras 1a e 1c, são ilustradas duas situações em que os pacientes utilizam equipamentos para suporte terapêutico. Dessa forma, é possível compreender que existem situações em que haverá necessidade de avaliar o tipo de material necessário e sua viabilidade para o paciente para que se estabeleça o plano de tratamento adequado. Além disso, a Resolução nº 516 do Coffito não apenas dá atenção aos recursos físicos e humanos para o telesserviço, como também destaca a importância da confidencialidade das informações e de normas técnicas de guarda, manuseio e transmissão de dados, que precisam garantir privacidade e sigilo, do mesmo modo que ocorre com o atendimento presencial. Nesse âmbito, o fisioterapeuta é responsável pelas informações e deve estar atento a isso com o uso de ferramentas de proteção eletrônica, como antivírus e senhas. Teleconsulta, telemonitoramento e teleconsultoria10 Silva, Valenciano e Fujisawa (2017) conduziram uma revisão de lite- ratura com objetivo de descrever a adoção de recurso terapêutico lúdico na prática da fisioterapia pediátrica. Em suas análises, categorizaram o uso de jogos e brincadeiras e também de videogames e realidade virtual. Para ambas categorias, evidenciaram benefícios e boa aceitação. Em geral, houve maior engajamento no tratamento e melhorias nos quesitos de postura, mobilidade, destreza, equilíbrio e força, além de redução de sintomas como dor, fadiga, ansiedade e distúrbios de sono. Tal estudo é um exemplo de como recursos lúdicos disponíveis no ambiente do paciente podem funcionar como estratégia terapêutica e de engajamento do paciente no tratamento. Jogos eletrônicos às vezes podem ser mais atrativos, por se associarem à tecnologia. Além disso, embora o foco do estudo fosse a atenção pediátrica, vale estudar o ambiente domiciliar e elementos lúdicos como ferramenta atrativa para outros grupos de atenção. Fica claro que os modelos propostos para prestação de serviço de fisiote- rapia à distância compreendem critérios e estratégias lógicas, pautadas por ora no contexto social de pandemia. A teleconsulta, o telemonitoramento e a teleconsultoria aplicadas em modelos síncronos e assíncronos passaram a integrar estratégias assistenciais do fisioterapeuta pela Resolução nº 516 do Coffito, culminando na necessidade de compreensão por parte do fisiotera- peuta em relação aos modelos propostos e recursos necessários. Referências BASEOTTO, G. O que é certificado digital e para que serve? In: SERASA. [S. l.], 2020. Disponível em: https://serasa.certificadodigital.com.br/blog/o-que-e-certificado- -digital-e-para-que-serve/?gclid=Cj0KCQjwpf2IBhDkARIsAGVo0D2dr1iDYUuPK9Twiw0 WH6RJZ4qqQmnvJ6n2wzQcsJ2nQ7rjIOE4dYYaAmJLEALw_wcB. Acesso em: 20 ago. 2021. CONSELHO FEDERAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL (COFFITO). Resolução nº 424, de 8 de julho de 2013. Estabelece o Código de Ética e Deontologia da Fisioterapia. Brasília, DF: COFFITO, 2013. Disponível em: https://www.coffito.gov.br/nsite/?page_ id=2346. Acesso em: 20 ago. 2021. CONSELHO FEDERAL DE FISIOTERAPIAE TERAPIA OCUPACIONAL (COFFITO). Resolução nº 516, de 20 de março de 2020. Teleconsulta, telemonitoramento e teleconsultoria. Brasília, DF: COFFITO, 2020. Disponível em: https://www.coffito.gov.br/nsite/?p=15825. Acesso em: 20 ago. 2021. CONSELHO FEDERAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL (COFFITO). Sobre o Coffito. Brasília, DF, [2021]. Disponível em: https://www.coffito.gov.br/nsite/?page_id=9#%3E. Acesso em: 20 ago. 2021. Teleconsulta, telemonitoramento e teleconsultoria 11 COSTA, M.D.; LOIOLA, E. A. C. Aspectos éticos e legais relacionados ao atendimento dos fisioterapeutas durante a Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN) em decorrência da pandemia de COVID-19. ASSOBRAFIR Ciência, [s. l.], v. 11, Supl. 1, p. 241-246, 2020. SCHMITZ, C. A. A. et al. Teleconsulta: nova fronteira da interação entre médicos e pacientes. Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, Rio de Janeiro, v. 12, n. 39, p. 1-7, 2017. SILVA, A. S.; VALENCIANO, P. J.; FUJISAWA, D. S. Atividade lúdica na fisioterapia em pediatria: revisão de literatura. Revista Brasileira de Educação Especial, Marília, v. 23, n. 4, p. 623-636, 2017. Leituras recomendadas FERREIRA, B. P.; LOPES, R. R. Satisfação, interesse e viabilidade para implementação de telerreabilitação para a população acometida por acidente vascular cerebral: revisão bibliográfica. Brazilian Journal of Development, São José dos Pinhais, v. 7, n. 5, p. 48934-48947, 2017. ROCHA, E. F.; CASTIGLIONI, M. C. Reflexões sobre recursos tecnológicos: ajudas técni- cas, tecnologia assistiva, tecnologia de assistência e tecnologia de apoio. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, São Paulo, v. 16, n. 3, p. 97-104, 2005. Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os edito- res declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Teleconsulta, telemonitoramento e teleconsultoria12
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