Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DO TRAIRI PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA MARIA APARECIDA PAULO DOS SANTOS ACESSO AO EXAME PAPANICOLAU ENTRE MULHERES NEGRAS COMPARADA A OUTRAS RAÇAS/ETNIAS: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA COM METANÁLISE SANTA CRUZ-RN 2022 MARIA APARECIDA PAULO DOS SANTOS ACESSO AO EXAME PAPANICOLAU ENTRE MULHERES NEGRAS COMPARADA A OUTRAS RAÇAS/ETNIAS: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA COM METANÁLISE Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Saúde Coletiva. Linha de pesquisa: Epidemiologia e condições de vida e saúde da população. Orientadora: Profa. Dra. Isabelle Ribeiro Barbosa Mirabal. SANTA CRUZ-RN 2022 Santos, Maria Aparecida Paulo dos. Acesso ao exame papanicolau entre mulheres negras comparada a outras raças/etnias: uma revisão sistemática com metanálise / Maria Aparecida Paulo dos Santos. - 2022. 89 f.: il. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva. Santa Cruz, RN, 2022. Orientadora: Isabelle Ribeiro Barbosa Mirabal. 1. Teste de Papanicolau - Dissertação. 2. Mulheres - Raça - Dissertação. 3. Condições de saúde de grupos étnicos - Dissertação. 4. Epidemiologia - Dissertação. 5. Revisão sistemática - Dissertação. I. Mirabal, Isabelle Ribeiro Barbosa. II. Título. RN/UF/FACISA CDU 618.1-083 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial da Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi - FACISA - Santa Cruz Elaborado por Joyanne de Souza Medeiros - CRB-15/533 MARIA APARECIDA PAULO DOS SANTOS ACESSO AO EXAME PAPANICOLAU ENTRE MULHERES NEGRAS COMPARADA A OUTRAS RAÇAS/ETNIAS: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA COM METANÁLISE Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Saúde Coletiva. BANCA ____________________________________________________________ Presidente da Banca (orientadora) Profa. Dra. Isabelle Ribeiro Barbosa Mirabal Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN _____________________________________________________________ Profa. Dra. Rafaela Carolini de Oliveira Távora Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN Membro interno ______________________________________________________________ Prof. Dr. Arthur de Almeida Medeiros Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS Membro externo DEDICATÓRIA Aos meus pais, meu porto seguro, meu alicerce. Ao meu esposo, o meu maior incentivador e meu refúgio de todas as horas. Ao meu filho, o maior motivo para eu não desistir dos meus/nossos sonhos. Essa vitória é nossa! AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, a minha força maior nos momentos de angústia e ansiedade, que me segurou nos braços quando já não tinha mais condições para seguir essa jornada. Obrigada por ter me mantido firme e forte para alcançar meus objetivos Aos meus pais, Cícero e Josefa, que não tiveram a oportunidade de estudar e mesmo sem ter o básico que é a alfabetização, reconheceram a importância da educação na vida dos filhos, nunca mediram esforços para oferecer uma boa educação. Mesmo sem entender a importância desse título, vocês me apoiaram e fizeram eu chegar até aqui. Aos meus irmãos, que me proporcionaram condições de estudar, abdicando dos seus sonhos para trabalhar desde cedo e ajudar nas despesas da casa para que eu pudesse continuar meus estudos. Ao meu esposo Dickson Everton, meu maior incentivador, meu alicerce nos dias tristes e felizes. Seu apoio me fez chegar até aqui! Ao meu filho Yann, que desde pequenino é o mais prejudicado pela minha ausência. Perdão pelos momentos que não estive ao seu lado quando tudo que você queria era a minha presença. Você é a melhor parte de mim, me impulsiona a buscar sempre o melhor e a ser melhor. As minhas amigas e colegas de trabalho, por me alegrarem nos momentos tristes, me apoiarem e ter feito eu acreditar que eu chegaria ao meu objetivo. Amo vocês! A minha orientadora Isabelle Ribeiro, por não ter desistido de mim e ter acreditado, mesmo quando nem eu acreditava mais. Imagino que não seja fácil orientar uma aluna com tantas atribuições além do mestrado. Peço desculpas se por algum momento não atendi as expectativas, sempre busquei entregar o meu melhor nessa jornada. A Héllyda, Arielly e Pedro, sempre disponíveis a me ajudar. Vocês foram primordiais para a conclusão dessa dissertação, minha eterna gratidão por todas as orientações. A Katarina, minha grande parceira nessa jornada, que compartilhou das mesmas angústias e incertezas, e juntas, nos damos as mãos para não desistir diante das dificuldades. Você foi, sem dúvidas, um dos melhores presentes que eu poderia ter recebido... uma irmã que o mestrado colocou no meu caminho. A todos os professores do PPGSACOL, obrigada pelos ricos ensinamentos. A Ana Thatiely (in memoriam), minha colega de mestrado que descansou nos braços de Deus durante a nossa trajetória acadêmica. Sua garra e força de vontade nos seus últimos dias de vida, mesmo com tantos motivos para reclamar e desistir, persistiu até o fim. Sua história de vida me ensinou tanto... ensinou a agradecer por tudo que tenho e sou, e a parar de reclamar das coisas “bobas” da vida. Que sua alma descanse em paz! RESUMO Introdução: O exame Papanicolau está entre as medidas mais eficazes para o rastreamento do câncer de colo uterino. Seu uso generalizado de rastreamento citológico deriva de sua facilidade, custo-benefício e capacidade de identificar doenças pré-malignas. Estudos mostram que entre as minorias raciais há um aumento da mortalidade por câncer de colo uterino, devido às disparidades no rastreamento, que vai desde a dificuldade do acesso ao serviço às informações básicas de saúde. Objetivo: identificar a prevalência de acesso ao exame Papanicolau entre mulheres negras em comparação as outras raças/etnias em uma revisão sistemática e identificar a magnitude desta associação em uma metanálise. Metodologia: O protocolo desta revisão está cadastrado na plataforma PROSPERO sob número CRD42021251764. As buscas foram realizadas nas bases de dados PubMed, Web of Science, Lilacs, Scopus, Cinahl, além da busca no Google Scholar e Open Grey, usando os Mesh terms “ethnic groups”, “race factors”, “papanicolaou test”, “prevalence”, “papanicolaou smear”,“Transversal studies”. Para elegibilidade, foram incluídos estudos transversais que apresentaram o acesso das mulheres ao exame Papanicolau. A qualidade dos estudos e o risco de viés foram analisadas utilizando o instrumento Joanna Briggs Critical Appraisal Checklist for Analytical Cross-Sectional Studies. Os dados extraídos foram tabulados e analisados de forma qualitativa e quantitativa por meio de metanálise (Review Manager). Foi utilizado o PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analysis) como guia de escrita. Resultados: A revisão resultou em 29estudos transversais que analisaram a prevalência do acesso ao exame Papanicolau a partir do critério raça/etnia. A prevalência do acesso na raça negra variou de 10,3% a 90,60% e entre as brancas variou de 14% a 89,47%. Entre as mulheres asiáticas variou de 2,56% a 76,3% e entre as hispânicas foi de 21,8% a 92.3%. Em relação à raça, as maiores chances de realizar o Papanicolau esteve associado às mulheres brancas OR=2,49 (IC95% 1,12-4,54) quando comparadas as negras. Para etnia, a maior chance esteve associada às mulheres hispânicas com OR= 2,08 (IC 95% 1,96-2,21) quando comparadas as negras e brancas não hispânicas. Os resultados da metanálise mostram que o acesso ao exame Papanicolau é menor entre as negras quando comparada as brancas (OR=0,61; IC 95% 0,43- 0,86). Porém, quando comparada a outras etnias (exceto branca), não houve diferença significativa (OR=1,39; IC 95% 0,82- 2,35). Considerações finais: A raça ainda é um fator importante para determinação do acesso ao exame Papanicolau. Os resultados mostraram disparidades na prevalência do acesso quando compara-se as mulheres negras com outras etnias. A dificuldade de acesso, atrelada a falta de conhecimento sobre a necessidade de realização do exame e a falta de orientação para a sua execução, representam um risco para a não adesão ao programa preventivo. Palavras-chave: Teste de Papanicolau. Mulheres. Raça. Condições de saúde de grupos étnicos. Epidemiologia. Revisão sistemática. Metanálise. ABSTRACT Introduction: Pap smears test are among the most effective measures for screening for cervical cancer. Its widespread use of cytological screening derives from its ease, cost-effectiveness and ability to identify premalignant diseases. Studies show that among racial minorities there is an increase in mortality from cervical cancer, due to disparities in screening, ranging from difficulty in accessing the service to basic health information. Objective: to identify the prevalence of access to Pap smears among black women compared to other races/ethnicities in a systematic review and to identify the magnitude of this association in a meta-analysis. Methodology: The protocol for this review is registered on the PROSPERO platform under number CRD42021251764. Searches were performed in PubMed, Web of Science, Lilacs, Scopus, Cinahl databases, in addition to Google Scholar and Open Grey, using the Mesh terms “ethnic groups”, “race factors”, “papanicolaou test”, “prevalence”, “papanicolaou smear”,“Transversal studies”. For eligibility, cross-sectional studies that showed women's access to the Pap smear were included. Study quality and risk of bias were analyzed using the Joanna Briggs Critical Appraisal Checklist for Analytical Cross-Sectional Studies instrument. The extracted data were tabulated and analyzed qualitatively and quantitatively through meta- analysis (Review Manager). The PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analysis) was used as a writing guide. Results: The review resulted in 29 cross- sectional studies that analyzed the prevalence of access to the Pap smear based on the race/ethnicity criterion. The prevalence of access among blacks ranged from 10.3% to 90.60% and among whites ranged from 14% to 89.47%. Among Asian women, it ranged from 2.56% to 76.3% and among Hispanics it ranged from 21.8% to 92.3%. Regarding race, the greatest chances of having Pap smears was associated with white women OR=2.49 (95%CI 1.12-4.54) when compared to black women (Johnson et al., 2020). For ethnicity, one chance was associated with Hispanic women with OR= 2.08 (95% CI 1.96-2.21) when they were not higher as black and white Hispanics. The results of the meta-analysis show that access to the Pap smear is lower among black women when compared to white women (OR=0.61; 95% CI 0.43-0.86). However, when compared to other ethnicities (except white), there was no significant difference (OR=1.39; 95% CI 0.82-2.35). Final considerations: Race is still an important factor in determining access to the Pap smear. The results showed disparities in the prevalence of access when comparing black women with other ethnicities. The difficulty of access, coupled with the lack of knowledge about the need to perform the exam and the lack of guidance for its execution, represent a risk for non-adherence to the preventive program. Keywords: Papanicolaou Test. Women. Race. Health Conditions of Ethnic Groups. Epidemiology. Systematic Review. Meta-analysis. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Coleta de material da endocérvice e ectocérvice através do exame Papanicolau .... 19 Figura 2 - Framework representativo dos condicionantes que interferem no acesso aos cuidados à saúde da mulher ..................................................................................................................... 26 Figura 3 - Fluxograma de Seleção dos Artigos ........................................................................ 32 Figura 4 - Ilustração gráfica do risco de viés............................................................................ 48 LISTA DE QUADROS Quadro 1- Estadiamento FIGO do câncer do colo do útero (2018).......................................... 20 Quadro 2- Estratégias de busca ................................................................................................ 30 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Forest Plot para acesso ao exame Papanicolau: mulheres negras comparadas às brancas ...................................................................................................................................... 49 Gráfico 2 - Funnel Plot Acesso ao Papanicolau: negras comparadas às brancas ..................... 50 Gráfico 3 - Forest Plot para acesso ao exame Papanicolau: negras comparadas as outras etnias (exceto brancas) ........................................................................................................................ 50 Gráfico 4 - Funnel Plot Acesso ao Papanicolau: negras comparadas as outras etnias (exceto brancas) ..................................................................................................................................... 51 Gráfico 5 - Forest Plot para acesso ao exame Papanicolau: mulheres negras comparadas às brancas ...................................................................................................................................... 52 Gráfico 6 - Funnel Plot Acesso ao Papanicolau: negras comparadas às brancas ..................... 53 Gráfico 7 - Forest Plot para acesso ao exame Papanicolau: negras comparadas as outras etnias (exceto brancas) ........................................................................................................................ 54 Gráfico 8 - Funnel Plot Acesso ao Papanicolau: negras comparadas as outras etnias (exceto brancas) ..................................................................................................................................... 54 LISTA DE TABELAS Tabela 1- Características dos estudos incluídos ....................................................................... 37 Tabela 2- Artigos excluídos ...................................................................................................... 69 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ACA - Affordable Care Act APS – Atenção Primária à Saúde CCU - Câncer do Colo do Útero CONASS - Conselho Nacional de Secretários de Saúde CONASEMS - Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde EUA - Estados Unidos da América FIGO - Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia HPV - PapilomavírusHumano HRP - Human Reproduction Programme IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística INCA – Instituto Nacional de Câncer IST’s - Infecções Sexualmente Transmissíveis IC - Intervalo de confiança NBCCEDP - National Breast and Cervical Cancer Early Detection Program NIC - Neoplasia Intraepitelial Cervical OR - Odds Ratio OMS - Organização Mundial de Saúde OPAS – Organização Panamericana de Saúde PNS - Pesquisa Nacional em Saúde PNSIPN - Política Nacional de Saúde Integral da População Negra PRISMA - Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analysis PROSPERO - International Prospective Register of Systematic Reviews REVMAN - Review Manager UBS – Unidade Básica de Saúde SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 14 2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................... 17 2.1 Epidemiologia e Vigilância do Câncer do Colo do Útero ............................................. 17 2.2 Políticas de prevenção e controle do câncer do colo do útero ...................................... 18 2.3 O exame Papanicolau e sua aplicação no rastreio do câncer do colo do útero ........... 18 2.4 Iniquidades no acesso ao exame Papanicolau e as políticas de equidade e acesso aos serviços de saúde da população negra .................................................................................. 21 2.5 Raça e etnia ....................................................................................................................... 26 3 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 28 3.1 Geral ........................................................................................................................ 28 3.2 Específicos ........................................................................................................................ 28 4 MÉTODO ............................................................................................................................ 29 4.1 Protocolo e registro ........................................................................................................... 29 4.2 Critérios de inclusão/exclusão ......................................................................................... 29 4.3 Métodos de busca e avaliação dos estudos ..................................................................... 29 4.4 Seleção de estudos ............................................................................................................. 31 4.5 Extração dos dados ........................................................................................................... 31 4.6 Avaliação do risco de viés ................................................................................................ 33 4.7 Metanálise ........................................................................................................................ 33 4.8 Conflitos de interesse e aspectos éticos ........................................................................... 34 4.9 Financiamento ................................................................................................................... 34 5 RESULTADOS .................................................................................................................... 35 5.1 Avaliação do risco de viés ................................................................................................ 47 5.2 Metanálise ......................................................................................................................... 49 6 DISCUSSÃO ........................................................................................................................ 55 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 59 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 60 ANEXO A - ARTIGOS ANALISADOS E EXCLUÍDOS DA REVISÃO SISTEMÁTICA..... ................................................................................................................. 69 14 1 INTRODUÇÃO O câncer de colo uterino (CCU) é uma das principais ameaças à vida das mulheres e uma importante questão de saúde pública. O CCU é o câncer mais comum entre o sexo feminino, e o quarto mais frequente em todo o mundo, com quase 570 mil casos ao ano (3,2% de todos os cânceres), correspondendo a um risco estimado de 15,1/100 mil mulheres1,2. Em 2018, a idade média para o diagnóstico e mortalidade do CCU foi de 53 e 59 anos, respectivamente. A incidência variou amplamente, sendo maior nos países subdesenvolvidos, chegando a ser até duas vezes maior quando comparado aos países desenvolvidos, com uma estimativa de 51,2 novos casos/100 mil mulheres para os países do continente Africano (Essuatíni ou Suazilândia)3,4. Na América Latina e no Caribe, o CCU é a principal causa de morte em mulheres, correspondendo a uma taxa de mortalidade três vezes mais alta em comparação a América do Norte5. Em 2020, mais de meio milhão de mulheres em todo o mundo receberam o diagnóstico de CCU, e aproximadamente, 342 mil dessas morreram em consequência dele, sendo a maioria destas residentes de países pobres. As estimativas para o ano de 2030 são de aumento de mortes nas Américas, podendo chegar a mais de 51,5 mil, sendo que 89% dessas ocorrerão na América Latina e no Caribe6. O principal fator de risco do CCU é a infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV), vírus que atinge pele e mucosas e pode ser detectado precocemente por meio do rastreamento citológico pelo teste de Papanicolau, também conhecido por exame preventivo ou colpocitologia oncótica. Desenvolvido por George Papanicolau em 1930, esse é o método mais comum de rastreamento do câncer cervical, por ser um dos testes de triagem mais eficazes e usados para detectar doenças cervicais7. Seu uso generalizado de rastreamento citológico deriva de sua facilidade, custo-benefício e capacidade de identificar doenças pré-malignas8. Este exame tem como público-alvo mulheres com vida sexual ativa, contudo, mulheres virgens, na menopausa, histerectomizadas, grávidas, e aquelas que não possuam vida sexual ativa, também podem realizá-lo8. Estima-se que até 80% das mortes por câncer cervical poderiam ser evitadas pela realização do exame de Papanicolau de forma regular, juntamente com o acompanhamento adequado da paciente para tratamento4. A Organização Mundial da Saúde (OMS) juntamente com o Human Reproduction Programme (HRP) lançaram recentemente uma orientação para auxiliar os países a progredirem de forma mais justa e equitativa no rastreio e tratamento do CCU. As recomendações incluem as seguintes metas, como: atingir 90% de cobertura de vacinação 15 contra HPV em meninas de até 15 anos; 70% de cobertura de rastreamento e 90% de tratamento das lesões pré-cancerosas9. Contudo, as políticas de saúde pública sobre as diretrizes de rastreamento do CCU sofre alteração de acordo com a necessidade de cada país, e estes se baseiam nas melhores evidências disponíveis para determinar quem deve fazer o rastreamento e quando esse deve começar. No Brasil, o rastreamento deve ser realizado a partir dos 25 anos em todas as mulheres que iniciaram atividade sexual, a cada 3 anos, se os dois primeiros exames anuais forem normais e seguir até os 64 anos de idade10. Nos Estados Unidos, as diretrizes sugerem que o rastreamento para CCU comece aos 21 anos, preferencialmente entre os 30 a 65 anos e seja repetido a cada 3 anos. Na Grã-Bretanha, todas as mulheres com idade entre 25 a 49 anos devem realizar o rastreamento,sendo repetido a cada 3 anos, e aquelas na faixa etária de 50 a 64 anos, repetir a cada 5 anos. No Canadá, a recomendação é que mulheres com idade entre 25 e 69 anos sejam testadas a cada 3 anos. Na Austrália, a idade de início do rastreamento é menor do que em outros países; o departamento de saúde deste país sugere que mulheres com idade entre 18 e 70 anos devem fazer um teste de Papanicolau a cada 2 anos11. Nos países desenvolvidos, a mortalidade por câncer cervical diminuiu drasticamente, principalmente devido à introdução do exame Papanicolau. Subramaniam e colaboradores (2011)12 relatam que 50% das neoplasias malignas cervicais invasivas são diagnosticadas em pacientes que nunca foram rastreadas e 10% das pacientes com câncer cervical, fizeram Papanicolau nos cinco anos anteriores ao diagnóstico. Aproximadamente um milhão de mulheres sofrem da doença no mundo, o que pode ser reflexo de iniquidades nos serviços de saúde, visto que se configura uma morbimortalidade evitável e injusta, podendo ser rastreada e tratada em tempo oportuno através do exame Papanicolau13. Estudos mostram que entre as minorias raciais há um aumento da mortalidade por CCU, devido às disparidades no rastreamento, que vai desde a dificuldade do acesso ao serviço às informações básicas de saúde14,15. Dados da Pesquisa Nacional em Saúde (PNS) evidenciou que no Brasil em 2013 existiam mais de 146,3 milhões de pessoas acima dos 18 anos, 10,6% (15,5 milhões) se sentiram discriminadas ou tratadas de maneira pior que as outras pessoas no serviço de saúde, destas, 11,6% eram mulheres, 11,9% eram pessoas de cor preta (11,9%) e 11,4% eram pardas16. Desta forma, percebe-se que o racismo pode afetar os determinantes e condicionantes sociais e de saúde. Portanto, identificar na literatura científica se a raça/cor da pele influencia diretamente no acesso ao exame Papanicolau se faz necessário. Esse debate pode permitir intervenções e 16 criações de políticas públicas capazes de amenizar as iniquidades existentes, e com isso, reduzir o número de casos e de óbitos por CCU. 17 2 REVISÃO DE LITERATURA Ao longo do estudo, apresentamos um panorama geral sobre a epidemiologia e vigilância do câncer do colo do útero, as políticas de controle e o acesso nas redes de atenção à saúde e o exame Papanicolau e sua aplicação no rastreio do câncer do colo do útero. Em seguida, abordaremos sobre as iniquidades raciais identificadas no acesso ao exame Papanicolau e a prevalência no acesso. Este trabalho surge do pressuposto acerca da existência de iniquidades raciais e de acesso aos serviços de saúde, em especial, ao exame Papanicolau. 2.1 Epidemiologia e Vigilância do Câncer do Colo do Útero O CCU desenvolve-se de forma insidiosa, geralmente silenciosa na fase inicial, acarretando a demora das mulheres em procurar ajuda. Os sintomas mais comuns incluem a secreção vaginal anormal (espessa ou aquosa); ciclos menstruais irregulares; sangramento após relação sexual e dor em baixo ventre associadas a queixas urinárias e intestinais17. A literatura traz como fatores de risco a menarca precoce; multiplicidade de parceiros; tabagismo; condições socioeconômicas; a idade precoce na primeira relação sexual; higiene íntima inadequada; a multiparidade e Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST’s), principalmente a infecção pelo Papilomavírus humano (HPV), sendo os tipos 16 e 18 os mais oncogênicos. O HPV é um vírus que infecta pele e mucosas (oral, genital e anal), podendo diminuir o risco de contágio através do uso do preservativo, visto que protege parcialmente do contato com a mucosa lesionada2,4,18. O tratamento para o CCU diagnosticado precocemente consiste na quimioterapia e/ou radioterapia, a depender do estadiamento da doença, tamanho do tumor e fatores pessoais, como idade e desejo de ter filhos19. Esse é o câncer mais comum entre as mulheres, o quarto mais frequente em todo o mundo, o segundo tipo de câncer mais frequente entre as que vivem em regiões menos desenvolvidas e a maior parte desses casos é atribuída aos hábitos de vida nos países em desenvolvimento20. Embora passível de prevenção e cura, é responsável por um grande número de mortes entre mulheres, principalmente em países em desenvolvimento. Em 2018, das 311 mil mulheres que morreram de câncer do colo do útero, mais de 85% eram de países de baixa e média renda1,2,21. 18 2.2 Políticas de prevenção e controle do câncer do colo do útero Para a prevenção primária do CCU, a literatura e os órgãos governamentais orientam a prevenção do HPV, visto que a infecção do mesmo é a principal causa do CCU e está associada principalmente aos jovens com vida sexual ativa, sendo metade das novas infecções entre pessoas nos três primeiros anos de atividade sexual22. Como estratégia de prevenção, além da distribuição e orientações sobre o uso do preservativo é disponibilizada a imunização para adolescentes meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos, que protege contra os tipos 6, 11, 16 e 18 do HPV4. A Organização Mundial da Saúde sugere intervenções programáticas ao longo da vida para prevenir o CCU, principalmente em relação a infecção pelo HPV, principal agente responsável pela neoplasia. O objetivo é prevenir os casos através da redução dessas infecções, detecção e tratamento de lesões cervicais pré-cancerosas precoces, e realizar o mais breve possível o diagnóstico e tratamento do câncer invasivo, bem como os cuidados paliativos aquelas que já e encontram sem perspectivas de cura23. Para isso, dividiram-se as orientações para o cumprimento dessas metas em três grupos: imunização entre as meninas de 9 a 13 anos, antes do início da vida sexual; educação sexual para meninos e meninas com o objetivo de reduzir a transmissão do HPV e outras infecções sexualmente transmissíveis (IST) e uso do preservativo. O segundo componente é aumentar o diagnóstico precoce através do rastreio do câncer, permitindo o acesso fácil ao maior número de mulheres; o terceiro componente é diminuir o número de óbitos devido ao CCU, por meio da facilitação do tratamento da doença que deve ser iniciado após o diagnóstico definitivo do CCU, a partir do exame. As opções de tratamento incluem cirurgia, radioterapia e quimioterapia, podendo ser de forma combinada. Além disso, o terceiro componente inclui os cuidados paliativos que visem ao alívio da dor e do sofrimento das pacientes24. Para que seja realizada essa prevenção primária, é necessária a realização de estratégias para que todas as meninas e mulheres tenham acesso aos serviços de saúde e que seja alcançada pela imunização e rastreio do CCU. Melhorar a informação sobre os riscos e reduzir as barreiras de alcance a esses serviços é uma forma de prevenir e de proporcionar o diagnóstico oportuno para tratamento25. 2.3 O exame Papanicolau e sua aplicação no rastreio do câncer do colo do útero O principal método de rastreio do CCU é o exame Papanicolau, também conhecido por preventivo ou citologia oncótica. Quando realizado na fase pré-clínica, ou seja, sem sintomas 19 do câncer do colo do útero, pode ocorrer a detecção das lesões precursoras que antecedem o aparecimento da doença, consequentemente, fazendo um diagnóstico precoce e aumentando as chances de cura19. Desenvolvido por George Papanicolau em 1930, é realizado por meio da coleta de uma pequena amostra celular do colo do útero, especificamente da ectocérvice e endocérvice, conforme figura 1. O colo do útero é a parte inferior do útero, possui estrutura em forma cilíndrica composta de estroma e epitélio. A ectocérvice projeta-se na vagina, é revestida por epitélio escamoso, já a endocérvice se estende do orifício interno ao orifício externo, e é revestido por epitélio colunar. Quase todos os casos de carcinoma cervical se originam da mucosa ectocérvice ou endocervical. Atravésdo exame Papanicolau é possível visualizar e obter amostras do colo do útero com facilidade e consequentemente, rastrear o câncer do colo do útero8. Figura 1 - Coleta de material da endocérvice e ectocérvice através do exame Papanicolau Fonte: https://medicinanews.com.br/frente/frente_1/papanicolau-o-que-e-preparacao-e-resultados/. Acesso em: 10 Outubro 2021. O exame Papanicolau pode ser feito em postos ou unidades de saúde da rede pública e privada, não requer repouso ou afastamento de atividades do cotidiano. É realizado em poucos minutos pelo médico ou enfermeiro, através de uma coleta rápida e em alguns casos indolor, a depender da sensibilidade do colo do útero. As orientações de preparo para a coleta consistem em não estar menstruada (para que o sangue não interfira na avaliação do exame); evitar relações sexuais no dia anterior ao exame, evitar o uso de duchas, medicamentos vaginais e anticoncepcionais locais nas 48 horas anteriores à sua realização19. 20 A qualidade do exame também depende da forma como a coleta é realizada, o acondicionamento das lâminas e o transporte das amostras. Deve ser realizado um esfregaço satisfatório com presença de células em quantidade suficiente para avaliação oncótica e diagnóstico. Para o acondicionamento das lâminas após o esfregaço, é orientado que o material coletado da endocérvice e ectocérvice seja imediatamente fixado para evitar o dessecamento do material. Para a fixação, o ideal é que seja feito com álcool a 96%, considerado mundialmente como a melhor fixação para os esfregaços citológicos. Após a fixação, a lâmina deve ser colocada dentro do frasco com álcool em quantidade suficiente para que todo o esfregaço seja coberto. E para o transporte ao laboratório de diagnóstico, orienta-se que o frasco seja lacrado com tampa e fita adesiva26. O colo do útero é um órgão revestido por diversas camadas de células organizadas de forma bastante ordenada. Quando ocorre a desordenação nas camadas mais basais do epitélio estratificado, trata-se de Neoplasia Intraepitelial Cervical Grau I (NIC I), considerada de baixo grau, nesse estágio as anormalidades do epitélio ocorrem no 1/3 proximal da membrana. Quando a desordenação avança 2/3 proximais da membrana, trata-se de Neoplasia Intraepitelial Cervical Grau II (NIC II) de alto grau. Na Neoplasia Intraepitelial Cervical Grau III (NIC III) o desarranjo é observado em todas as camadas, sem romper a membrana basal, também considerada de alto grau. Quando as alterações celulares se tornam mais intensas e o desarranjo das células invadem o tecido conjuntivo do colo do útero abaixo do epitélio, trata-se de carcinoma invasor27. No Brasil, o laudo do exame Papanicolau pode vir com resultado negativo, lesão de baixo grau, lesão de alto grau e amostra insatisfatória. Na lesão de baixo grau, a recomendação é que um novo exame seja realizado após seis meses. Já na lesão de alto grau, novos exames são solicitados e realizados encaminhamentos para início de tratamento. Na mostra insatisfatória, recomenda-se repetir o exame logo que possível27. Quando o resultado do exame Papanicolau apresenta laudo de NIC, exames mais específicos são solicitados a fim de determinar o estágio que a invasão celular se encontra. Para isso, são utilizadas algumas nomenclaturas classificadas por classes numéricas a partir do diagnóstico por meio da biópsia, e estádio clínico da Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO), conforme o Quadro 128. O estádio define o melhor tratamento a ser realizado e o prognóstico da doença. Quanto menor o número ou estádio, menos o câncer se espalhou e maior as chances de cura28. Quadro 1- Estadiamento FIGO do câncer do colo do útero (2018) 21 ESTÁDIO I O carcinoma se encontra estritamente confinado à cérvice IA Carcinoma invasivo que só pode ser diagnosticado por microscopia, com invasão de maior profundidade ≤ 5 mm e maior extensão ≥ 7 mm IA1 Medição da invasão estromal ≤ 3,0 mm em profundidade e extensão ≤ 7,0 mm IA2 Medição da invasão estromal > 3,0 mm e não > 5,0 mm com extensão não > 7,0 mm IB Lesões visíveis clinicamente limitadas à cérvice uterina ou câncer pré-clínico maiores que o estágio IA* IB1 Lesões visíveis clinicamente ≤ 4,0 cm em sua maior dimensão IB2 Lesões visíveis clinicamente > 4,0 cm em sua maior dimensão ESTÁDIO II Invasão do carcinoma cervical além do útero, mas sem alcançar a parede pélvica ou o terço inferior da vagina IIA Sem invasão parametrial IIA1 Lesões visíveis clinicamente ≤ 4,0 cm em sua maior dimensão IIA2 Lesões visíveis clinicamente > 4,0 cm em sua maior dimensão IIB Com invasão parametrial óbvia ESTÁDIO III O tumor se estende à parede pélvica e/ou envolve o terço inferior da vagina e/ou causa hidronefrose ou disfunção renal** IIIA O tumor envolve o terço inferior da vagina, sem extensão para a parede pélvica IIIB Extensão para a parede pélvica e/ou hidronefrose ou disfunção renal ESTÁDIO IV O carcinoma apresenta extensão além da pelve verdadeira ou envolveu (a partir de biópsia comprovada) a mucosa da bexiga ou do reto. Um edema bolhoso não permitiria estadiar o caso como estádio IV IVA Propagação do câncer para os órgãos adjacentes IVB Propagação do câncer para os órgãos distantes Fonte: American Cancer Society (2020). 2.4 Iniquidades no acesso ao exame Papanicolau e as políticas para equidade no acesso aos serviços de saúde pela população negra Segundo a Organização Panamericana de Saúde (OPAS), o conceito de equidade é apontado como um princípio básico para o desenvolvimento humano e de justiça social. E seu princípio é baseado na ideia de justiça e reconhecimento das desigualdades, contudo, observa- se iniquidades em todos os ambientes, inclusive, nos serviços de saúde29. As iniquidades no acesso aos serviços de saúde são produzidas a partir de inúmeros fatores, entre eles a dificuldade de marcação de consultas, precarização nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) evidenciadas na ausência de materiais e insumos, bem como quantidade insuficiente de profissionais para realizar o procedimento e as ações de educação em saúde. A Atenção Primária em Saúde (APS) deveria ser o local apropriado a realizar as ações para a promoção e proteção da saúde da população em geral, através de suas ações de busca, orientações, informações a respeito do CCU e incentivo a realização do exame Papanicolau30. 22 Além da precarização nos serviços, existe o não feedback dos exames, consequência da demora em receber os laudos e muitas vezes não recebe-los. No Brasil, a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), apontou que 88,4% das mulheres que se submeteram ao exame Papanicolau, receberam o resultado do exame 3 meses após a data da coleta. Mesmo não existindo um protocolo para recebimento destes exames, a recomendação estabelecida pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) é de um tempo máximo de 30 dias (entre o recebimento do material pelo laboratório e a emissão do laudo). No Canadá, 90% das mulheres que realizaram o exame de Papanicolau, o tempo entre a coleta no serviço de saúde e o processamento dos exames no laboratório foi de 21 dias. O tempo de espera pelo recebimento do resultado do exame, configura uma barreira no acesso ao exame31. Outra barreira no acesso ao exame é a sobrecarga da mulher em múltiplas tarefas e adequação do horário de trabalho e da unidade de saúde para realização do mesmo. Geralmente a oferta do exame ocorre em horários que coincidem com a rotina de trabalho da mulher, dependente da liberação do empregador, e muitas vezes, posterga o cuidado consigo mesma para não perder seu trabalho. O mercado de trabalho exige da mulher produção de excelência, e, além disso, desempenha as atividades no lar, zelando pelo bem estar da família e faltando tempo para cuidar da própria saúde e para realizar os exames de rotina32. Além dos fatoresjá mencionados, existe a discriminação de raça/etnia que intensificam a vulnerabilização dos diferentes grupos. A raça é um importante fator de posição social e de desigualdade33. Segundo Nogueira et al. (2018)33 as desigualdades raciais em saúde têm sido pouco estudadas devido a indisponibilidade de dados relativos à raça nos principais bancos de dados epidemiológicos. Contudo, observa-se desigualdade no acesso aos serviços de atenção oncológica, mesmo diante de estratégias de combate ao racismo institucional e ações que beneficiem a equidade na saúde34. Entre as minorias raciais, há um aumento da mortalidade por CCU devido às disparidades no rastreamento, que inicia-se com a dificuldade do acesso ao serviço às informações básicas de saúde. Um estudo realizado com mulheres negras, árabes e hispânicas em Michigan, evidenciou que o menor rastreamento entre mulheres negras tinha relação com o menor conhecimento sobre saúde, embora não fosse uma barreira tão importante para outros grupos étnicos14. Lopes e Ribeiro15 relatam que a grande maioria das mulheres conhece o exame Papanicolau, mas não o realiza por não saber a periodicidade adequada, sendo essa uma barreira a seu cumprimento e que se intensificam com os fatores de ordem social, econômico, cultural e racial. Atrelado a isso, existe a vergonha e o desconforto em ter sua genitália exposta e 23 manipulada por um profissional, pincipalmente quando se trata de um profissional do sexo masculino, acarretando muitas vezes na não adesão ao rastreamento35. Um estudo realizado no Brasil avaliou o acesso aos serviços de saúde de acordo com a raça e evidenciou que a proporção de pessoas com atendimento médico no último ano é maior entre as pessoas brancas (74,8%) quando comparadas as pretas (69,5%) e pardas (67,8%). Assim, as pessoas negras (pretos e pardos) apresentam menor acesso aos serviços de saúde36. Em estudo realizado por Paulista e colaboradores34 relata a não realização do exame Papanicolau entre mulheres com baixa escolaridade e que se autorreferiram negras e com idade entre 40 e 59 anos. A desigualdade racial quanto o acesso ao exame Papanicolau e baixa escolaridade dessas mulheres pode ser atribuída ao baixo nível de informação. Outro estudo corrobora com os achados ao apontar que mulheres negras, de menor idade, escolaridade e renda apresentaram razões de prevalência maiores a não realização de exame Papanicolau para detecção do CCU em relação às demais mulheres34. No mundo inteiro e nos diversos ambientes a população negra tem sido alvo de preconceito e discriminação, esta situação torna-se mais preocupante quando acontece nos espaços onde deveria acolher e atender as necessidades do indivíduo, que é nos serviços de saúde, onde a maioria das vezes a pessoa encontra-se fragilizada em decorrência de sua saúde. No Brasil, a Constituição Federal de 1988 garantiu direitos específicos a população negra, entre eles destaca-se o direito à terra e o respeito à sua cultura, porém foi apenas em 2007 que o direito à saúde de acordo com suas especificidades foi alcançado com a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN), elaborada como resposta às demandas da população negra em relação à saúde e aprovada pelo Conselho Nacional de Saúde. A PNSIPN estabelece metas específicas para a melhoria dos indicadores de saúde da população negra, com o objetivo de reduzir as desigualdades étnico-raciais, o combate ao racismo e à discriminação nos serviços do SUS25. A PNSIPN surgiu através da percepção de que a vulnerabilidade da população negra não se resumia apenas as doenças prevalentes nessa população. Através deste pressuposto, a OPAS, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS) assinaram o termo de compromisso afim de reduzir a vulnerabilização entre a população negra. A partir deste consenso, os eventos que ocorriam buscavam tratar de questões como equidade, raça, racismo e direitos humanos. A equidade é considerada uma das marcas mais importantes da PNSIPN, foi responsável pela construção da política, uma vez que foram criadas Políticas de Promoção da Equidade Racial em Saúde, até que a PNSIPN fosse instituída para o reconhecimento do racismo, do racismo 24 institucional e das desigualdades étnico-raciais como determinantes sociais das condições de saúde, com vistas à promoção da equidade em saúde37. Já nos Estados Unidos, foi criado o National Breast and Cervical Cancer Early Detection Program (NBCCEDP), que é um programa com a finalidade de auxiliar mulheres que se encontram em situação econômica vulnerável a ter acesso aos serviços de rastreamento para detecção precoce do câncer de mama e do CCU. Criado em 1991, o NBCCEDP é direcionado a mulheres de baixa renda, de 18 a 64 anos e sem plano de saúde23. Fornece exames clínicos da mama, mamografias e exames de Papanicolau para as pacientes vulneráveis. Contudo, a literatura norte-americana evidencia inadequações no acesso aos serviços de saúde, e estas estão fortemente associadas à raça38. Estados Unidos e Brasil compartilham da mesma história ao possuírem uma população diversificada e a maior população negra fora do continente Africano. Ambos os países carregam na sua história a escravidão dos povos negros. Até os dias atuais, o EUA sofre com o racismo, apesar dos inúmeros movimentos sociais existentes. Tal fato advém dos Europeus e das pessoas brancas de ascendência europeia que oficialmente rotularam os negros americanos como uma raça inferior, ao implementarem a escravidão na América do Norte39. No processo de formação dos Estados Unidos ocorreu diferentes formas de colonização, inicialmente, o Norte foi colonizado pelos ingleses, que originaram as Treze Colônias no leste do país e firmou-se no modelo de trabalho livre e assalariado, propiciando o desenvolvimento da indústria. Já o Sul, prevaleceu o modelo de latifúndio e o uso de trabalho escravo, particularmente, de negros escravizados trazidos do continente africano. E mesmo após décadas do fim do modelo escravocrata, que ocorreu entre 1861 a 1855 com a guerra da Secessão, a pessoa negra ainda tem seus direitos violados40. Milhares de homens e mulheres negros perderam sua condição humana entre os séculos XVI e XIX, ao serem transformados em escravos, através do tráfico atlântico - atividade comercial que envolveu a Europa, África e América. Essa atividade resultou na escravidão dos povos Africanos a qual o Brasil participou ativamente e originou seu processo de formação. Estima-se que tenham sido trazidos forçadamente para o Brasil cerca de 40% dos africanos vitimados pela escravidão moderna. Eles e seus descendentes constituíram a força de trabalho existente durante os mais de trezentos anos em que vigorou a instituição escravocrata brasileira, garantindo uma produção agrícola em grande escala, com lucros extraordinários41. Assim, a escravidão acabou por penetrar todos os aspectos da sociedade brasileira durante sua formação e só após anos teve início os movimentos contra o sistema de escravatura, ganhando força com um personagem que fez história, Zumbi dos Palmares – líder do quilombo 25 dos Palmares. Nesta mesma época surgiu o Movimento Liberal Abolicionista, que ganhou força, desenvolvendo a ideia de fim da escravidão e comércio de escravos, resultando na Lei Áurea, promulgada em 13 de Maio de 1888 e encerrando o longo período escravagista41. Após essa longa batalha, a população negra inicia um novo desafio que é a luta contra o preconceito e desigualdade social, que apesar dos avanços, os direitos civis têm sido afetados devido a discriminação e segregação com os grupos minoritários, por ainda persistirem falhas nas leis, que afetam principalmente a saúde das minorias raciais e étnicas, impactando na qualidade de vida das pessoas negras,pois os direitos civis são determinantes sociais de saúde42. Sabe-se que são diversos os motivos que afetam no acesso ao exame Papanicolau, porém mulheres de baixa escolaridade, baixa renda, sem emprego e que moram em zonas de difícil acesso aos serviços de saúde sofrem maiores interferências. Socialmente, observamos que estas características são mais prevalentes nas populações de raça negra ou em outras minorias étnicas. Na figura 2 podemos visualizar um framework representando alguns condicionantes que interferem na realização do exame Papanicolau e consequentemente, sobre as taxas de mortalidade pelo CCU, construído a partir da leitura criteriosa dos artigos utilizados na elaboração desse estudo. 26 Figura 2 - Framework representativo dos condicionantes que interferem no acesso aos cuidados à saúde da mulher Fonte: Elaborada pela autora (2022). 2.5 Raça e etnia O conceito de raça e etnia são amplamente utilizados e discutidos, com definições que divergem na literatura. Ultimamente, passaram a ser intensamente utilizadas nas pesquisas em Saúde Coletiva, devido as crescentes discussões no âmbito do processo saúde-doença. Na epidemiologia, são utilizadas como variáveis de exposição a agravos de saúde/marcadores de posição social, com enfoque sobre os determinantes sociais43. Embora muito utilizada para diagnóstico e pesquisas científicas, seus significados são frequentemente confundidos ou mesmo desconhecidos no meio acadêmico. Raça, ao longo da história, foi atribuída à categorização dos diversos povos, para alguns estudiosos definido como um conceito não biológico, mas antropológico e sociológico. Santos44 atribui o termo raça para descrever um grupo de pessoas que compartilham as mesmas características morfológicas como cor de pele, tipo de cabelo, conformação facial e cranial, ancestralidade e genética, porém a cor da pele não determina a ancestralidade, principalmente nas populações brasileiras, altamente miscigenadas. 27 Etnia, de origem grega “ethos”, significa morada e pertencimento, proveniente do adjetivo grego ethnikos e do substantivo ethnos, que significa gente ou nação estrangeira. É um conceito polivalente, atribuído a parentesco, religião, língua, território compartilhado e nacionalidade, além da aparência física. É entendida como afinidades linguísticas e culturais, ou seja, atribuída as características socioculturais44. No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) apresenta como autoclassificações as raças: branco, preto, pardo, indígena ou amarelo, todavia há muito na literatura a respeito de classificações raciais. O campo raça/cor foi incluído nos sistemas de informação em saúde em 1990, porém alguns sistemas frequentemente não dão importância e ignoram essa pergunta. A incompletude desta questão configura uma grande barreira ao enfrentamento do racismo e à promoção da equidade em saúde no país45. Nos EUA, a falta de consenso para definição da raça e etnia, configura uma limitação dos sistemas de vigilância em saúde pública do país, por existir diversas denominações de raça e etnia46. 28 3 OBJETIVOS 3.1 Geral Identificar a prevalência de acesso ao exame Papanicolau entre mulheres negras em comparação as outras raças/etnias em uma revisão sistemática e identificar a magnitude desta associação em uma metanálise. 3.2 Específicos a) Identificar a prevalência do acesso ao exame Papanicolau por raça; b) Comparar o acesso entre as raças/etnias; c) Verificar a associação entre raça e acesso ao exame Papanicolau a partir da realização de meta-análise dos estudos transversais incluídos. 29 4 MÉTODO 4.1 Protocolo e registro Para iniciarmos a execução desta revisão sistemática, foi elaborado um protocolo e, posteriormente cadastrado no International Prospective Register of Systematic Reviews (PROSPERO) sob número CRD42021251764. O PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analysis) foi utilizado como guia de escrita dessa revisão47. Nesse estudo foi respondida a pergunta de pesquisa focada: “Existe diferença no acesso ao exame Papanicolau entre mulheres negras quando comparadas as outras raças e etnias?”. 4.2 Critérios de inclusão/exclusão Os critérios de inclusão e exclusão dos artigos obtidos durante as buscas nas bases de dados foram elaborados a partir da estratégia PICO48: Participantes – mulheres, sem restrição de nacionalidade em qualquer idade; Exposição – mulheres de raça negra; Controles – mulheres de outros grupos étnicos ou raciais; Desfecho – acesso ao exame Papanicolau; Tipo de estudos – Estudos transversais. Não foram considerados estudos de coorte, caso- controle e revisões de literatura (integrativa, narrativa ou sistemática com ou sem metanálise), séries de casos, relatos de caso e estudos qualitativos. 4.3 Métodos de busca e avaliação dos estudos Foi realizada busca nas bases de dados PubMed, Web of Science, Lilacs, Scopus, Cinahl, além da busca no Google Scholar e Open Grey. As pesquisas foram realizadas sem restrição de idioma ou data de publicação. Na estratégia de busca nas bases bibliográficas uma bibliotecária foi consultada. Foram utilizados os MeSH terms e palavras chaves “ethnic groups”, “race factors”, “papanicolaou test”, “prevalence”, “papanicolaou smear”,“Transversal studies” (Quadro 2). 30 Quadro 2- Estratégias de busca Base de dados Estratégia PUBMED ((("Papanicolaou test" OR "pap test" or papanicolaou OR "pap smear" OR "papanicolaou smear") AND ("" OR "woman")) AND ("Ethnic groups" [mesh term] OR "Ethnic Group" OR Ethnicity OR "race factors" [mesh term] OR "race factor" OR "racial factors" OR "racial factors")) AND (prevalence) SCOPUS "Prevalence) AND ("papanicolaou test" OR "pap test") AND ("woman") AND ("Ethnic groups" OR "Ethnic Group" OR ethnicity OR "race factors" OR "race factor" OR "racial factors" OR "racial factor" ) WEB OF SCIENCE ("Papanicolaou test" OR "pap test" or papanicolaou OR "pap smear" OR "papanicolaou smear") AND ("Ethnic groups" OR "Ethnic Group" OR Ethnicity OR "race factors" OR "race factor" OR "racial factors" OR "racial factor") CINAHL ("papanicolaou test" OR "pap test" or papanicolaou OR "pap smear" OR "papanicolaou smear") AND ("prevalence”) LILACS Prevalência OR prevalence OR pravalencia AND Estudos transversais OR Estudios transversales OR Transversal studies AND Teste de Papanicolau OR Esfregaço Vaginal OR Doenças do Colo do Útero OR Pap Test GOOGLE SCHOLAR Papanicolau AND prevalência AND estudos transversais AND grupos étnicos OR fator raça OPEN GREY Pap smear AND prevalence ANDcross-sectional studies AND ethnic groups OR race factor Fonte: Elaborada pela autora (2021). Os resultados obtidos nas bases de dados foram inseridos no gerenciador de referências Mendeley Desktop® versão 1.19.4 para a eliminação de duplicatas. Em seguida, os artigos resultantes foram transferidos para o software Rayyan QCRI® para serem triados a partir do título e abstract. As buscas foram realizadas no dia 11 de abril de 2021. 31 4.4 Seleção de estudos Para a seleção dos estudos, foi realizada a leitura de títulos e resumos. Aqueles que cumpriram os critérios de elegibilidade foram lidos na íntegra, sendo todas as etapas realizadas por dois pesquisadores independentes (denominados de MAPS e HKSM). Foram realizadas as reuniões de consenso para resoluções de conflitos nas duas etapas. Foi necessário consultar o terceiro revisor (IRB) para resolver conflitos nas referências bibliográficas listadas nos estudos incluídos. Após a triagem inicial, os resultados obtidos foram submetidos a leitura textual completa a partir dos critérios de elegibilidade, utilizandoo software Rayyan QCRI® para manter o cegamento dos pesquisadores. Desta análise, obtiveram-se os estudos a serem incluídos nesta revisão sistemática. 4.5 Extração dos dados Os dados coletados dos estudos incluídos pelo primeiro e segundo autor de forma independente (MAPS e HKSM) foram: autores, ano de publicação, local do estudo, tamanho amostral, faixa etária da população do estudo, média de idade ou faixa etária prevalente, raça/etnia das participantes, prevalência do acesso, medidas de associação e método de coleta dos dados. Foram realizadas as reuniões de consenso para resoluções de conflitos nas duas etapas, não houve a necessidade de consulta ao terceiro revisor (IRB). A pesquisa nas bases de dados resultou em 2.906 estudos, destes, 611 eram duplicados, totalizando 2.295 artigos selecionados para leitura do título e resumo. Após a leitura, 246 estudos foram selecionados para leitura completa. Após a fase anterior, obtiveram-se os estudos a serem incluídos nesta revisão sistemática e cujos dados foram extraídos para serem avaliados, resultando em 29 estudos transversais que analisaram a prevalência do acesso ao exame Papanicolau a partir do critério raça/etnia (Figura 3). 32 Figura 3 - Fluxograma de Seleção dos Artigos Fonte: Elaborado pela autora (2021). 33 4.6 Avaliação do risco de viés Para avaliar a qualidade metodológica e o risco de viés, utilizamos a ferramenta de avaliação crítica de estudos transversais para uso na revisão sistemática do Joanna Briggs Institute. A ferramenta é composta por oito questões que avaliam a qualidade metodológica do estudo e determinam em que medida o estudo aborda a possibilidade de viés em seu desenho, condução e análise48. As questões foram classificadas pelos autores de forma independente com “Yes”, “No”, “Unclear” or “Not/Applicable”. A classificação dos resultados do risco de viés foram avaliados em: (1) baixo risco, se os estudos atingissem mais de 70% de pontuação "sim"; (2) risco moderado, se a pontuação "sim" estiver entre 50% e 69%; e (3) alto risco de viés, se a pontuação de viés, se a pontuação “sim” for inferior a 49%49. Foi realizada uma reunião de consenso entre MAPS E HKSM para resolver os conflitos. 4.7 Metanálise Utilizamos o software Review Manager (RevMan; versão 5.3.5 – disponível em: (http://community.cochrane.org/tools/review-production-tools/revman-5/revman-5-download) para análise estatística dos resultados e construção dos gráficos da metanálise, para os quais foi utilizado o modelo de efeitos aleatórios e a Odds Ratio (OR) como medida de associação para dados dicotômicos, com intervalo de confiança (IC) de 95%. Quantificamos as inconsistências entre os resultados dos estudos através da estatística I2, que ilustra a porcentagem da variabilidade nas estimativas de efeito que ultrapassa o efeito do acaso: I2 = [(Q - df) / Q] x 100%, onde Q é a estatística Chi2 e df o grau de liberdade. Avaliamos a heterogeneidade entre os estudos por meio de exame visual dos gráficos de metanálises para verificar superposição dos intervalos de confiança, utilizando o teste do Chi2 para homogeneidade com nível de significância de 5% e considerando a estatística I2 50. Um valor de I2 menor que 50% corresponde à heterogeneidade baixa; 50% ou maior, heterogeneidade significativa e 75% ou maior, heterogeneidade substancial50. Apresentamos os resultados desta metanálise através dos gráficos de Forest Plot e Funnel Plot, juntamente com a descrição de suas respectivas análises. 34 4.8 Conflitos de interesse e aspectos éticos Este trabalho é produto de uma dissertação do mestrado em Saúde Coletiva pelo programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, de Maria Aparecida Paulo dos Santos, sob a orientação da Professora Doutora Isabelle Ribeiro Barbosa Mirabal. Todos os pesquisadores envolvidos neste projeto não possuem conflitos de interesse a declarar. Por se tratar de uma revisão sistemática e utilizar dados secundários, não houve necessidade de submeter este projeto ao Comitê de Ética em Pesquisa, conforme preconizam as resoluções, 466/2012 e 510/2016, do Conselho Nacional em Saúde. 4.9 Financiamento Esta pesquisa foi desenvolvida com recursos próprios da autora. 35 5 RESULTADOS Serão abordados de forma descritiva os dados obtidos em cada etapa metodológica desta revisão sistemática. No tocante ao método de coleta de dados, 12 estudos tiveram seus dados coletados através de pesquisa telefônica, 06 estudos através de pesquisa domiciliar, 03 em prontuários, 03 a partir de banco de dados e 05 questionários autoaplicáveis. Os estudos incluídos (Tabela 1) foram desenvolvidos na América do Norte e Sul, sendo dois oriundos do Brasil51-52, um do Canadá53 e os demais dos Estados Unidos da América (EUA). Os estudos americanos trazem uma maior diversidade de raça/etnia entre a população estudada, porém, estudos com afroamericanas, negras, brancas e hispânicas ganharam destaque. Na maioria dos artigos oriundos dos EUA evidenciaram prevalências semelhantes entre afroamericanas e outras etnias. Já os estudos brasileiros evidenciam menores taxas de rastreio na população negra. Quanto ao ano de publicação, os estudos incluídos foram publicados entre os anos 1996 e 2020. Em relação à amostra, esta apresentou grande variabilidade de tamanho, variando de 4452 a 169.488 mulheres54. Quanto a idade, em alguns estudos as participantes apresentavam idade mínima igual a 18 anos14,53,55-66. Nos demais, avaliaram a faixa etária acima de 20 anos, sendo a maioria deles entre 21 e 65 anos51-53,67,69-73. Dois estudos avaliaram especificamente as mulheres acima de 40 anos74-75, outro estudo avaliou as mulheres com idade maior ou igual a 50 anos71 e um avaliou as mulheres acima de 65 anos77. Um estudo não detalhou idade das participantes78. Em relação à prevalência do acesso, a presente revisão sistemática incluiu diversas raças e etnias, entre elas: brancas, negras, pardas, índias, afroamericanas, americanas, hispânicas, latinas, asiáticas, Filipinas, coreanas, chinesas e caucasianas. Observou-se diferença na prevalência do acesso entre os grupos étnico-raciais estudados e incluídos nesse estudo. Franklin57 dividiu seu estudo em dois grupos, sendo o primeiro de 18 a 20 anos, que evidenciou as brancas com a menor prevalência (19.95%) e o segundo grupo, mulheres maiores de 65 anos, também com as brancas em menor prevalência no acesso ao exame (10.64%). De forma geral, entre os estudos incluídos nesta revisão, a prevalência do acesso pelas mulheres da raça negra variou de 4.66%74 a 90.60%63, e entre as brancas variou de 14%70 a 89.47%52. Apenas Barbosa51 trouxe dados de prevalência para as mulheres pardas (75.9%). 36 Em relação à etnia, apenas um estudo apresentou dados de prevalência para as americanas nativas (2.35%)74. Para as mulheres Asiáticas, a prevalência do acesso variou de 2.56%74 a 76.361. Entre as Afroamericanas, a menor prevalência foi 4.66%74, enquanto a maior foi relatada por Ganesan76 (93%). Entre as hispânicas variou de 21.8%61 a 92.3%63, entre as nativas americanas ou nativas da Alaska variou de 18.23%77 a 81.8%61; apenas um estudo trouxe a prevalência entre as Japonesas, variando de 39.2% a 76.2%73. Quanto às medidas de associação, nove estudos não trouxeram dados para a variável raça ou cor da pele14,51,52,55,57,69,73,77. Em relação à raça, as maiores chances de realizar o Papanicolau esteve associado às mulheres brancas OR=2,49 (IC95% 1,12-4,54) quando comparadas às negras56. Para o quesito etnia, a maior chance esteve associada as mulheres hispânicas com OR= 2.08 (IC 95% 1,96-2,21) quando comparadas as negras e brancas não hispânicas68. 37 Tabela 1- Características dos estudos incluídos AUTOR, ANO LOCAL AMOSTRA(N), FAIXA ETÁRIA E MÉDIA [ANOS] OU FAIXA ETÁRIA PREVALENTE GRUPOS ÉTNICOS- RACIAIS PREVALÊNCIA DO ACESSO NOS ÚLTIMOS TRÊS ANOS (%) IC (95%) MEDIDAS DE ASSOCIAÇÃO E INTERVALO DE CONFIANÇA (CI) MÉTODO DA COLETA DOS DADOS Barbosa, 2017 Brasil n= 64.348, 25-64 anos, NR. Brancas (Ref.) Pretas Pardas Brancas: 82.6 (81.3–83.9) Pretas: 77.4 (74.1–80.8) Pardas: 75.9 (74.4–77.4) Not reported Pesquisa domiciliar Bazargan et al., 2004 Estados Unidos da América n= 230, >=18 anos, 30-44. Afro-americanas Hispânicas (Ref.) Afro-americanas: 78.50%* Hispânicas: 48.78%* Not reported Pesquisa telefônica Bellizzi et al., 2011 Estados Unidos da América n= 19.458, 18-74 anos, 18-39 anos. Brancas não- Hispânicas (Ref.) Pretas não- Hispânicas Hispânicas Asiáticas não- Hispânicas. Brancas não- Hispânicas: 84.3% Pretas não- Hispânicas: 84.0% Hispânicas: 77.4% Asiáticas não- Hispânicas: 65.8% Pretas não- Hispânicas: OR=1.07 (IC95% 0.9-3.0) Hispânicas: OR=0.9 (IC95% 0.2-3.7) Asiáticas não- Hispânicas: OR=0.67 (IC95% 0.3-1.3) Pesquisa domiciliar. 38 Bennett et al., 2012 Estados Unidos da América n= 169.488, 18-65 anos, 18-45. Brancas (Ref.) Afro-americanas Hispânicas Outras raças/etnias Urbana: Brancas: 86.5% Afro-americanas: 88.4% Hispânicas: 85.9% Outras: 80.9% Rural maior: Brancas: 84.6% Afroamericanas: 85.7% Hispânicas: 85% Outras raças/etnias: 82.1% Rural menor: Brancas: 82.9% Afro- americanas:88.6% Hispânicas: 88.2% Outras raças/etnias: 84.4% Afro-americanas, urbanas: OR= 1.46 (IC 95% 1.27- 1.68) Hispânicas, urbanas: OR= 1.26 (IC 95% 1.04-1.52) Outras raças/etnias, urbanas: OR= 0.59 (IC 95% 0.50- 0.69) Brancas, rural maior OR= 0.96 (IC 95% 0.88- 1.06) Afrio-American, rural maior: OR= 1.41 (IC 95% 1.07- 1.86) Hispanicas, rural maior: OR= 1.23 (IC 95% 0.86-1.74) Outras raças/etnias, rural maior: OR= 1.07 (IC 95% 0.75- 1.53 Brancas, rural menor: OR= 0.91 (IC 95% 0.81- 1.03) African American, rural menor: OR= 1.95 (IC 95% 1.31- 2.91) Pesquisa telefônica 39 Outras raças/etnias, rural menor: OR= 1.08 (IC 95% 0.59-1.98) Bolen et al., 2000 Estados Unidos da América n= 134.156, NR, NR. Brancas (Ref.) Pretas Hispânicas Índias/Alasca Asiáticas Brancas: 82.69%* Negras: 77.7%* Hispânicas: 54.79%* Indígenas/Alasca: 18.23%* Asiáticas: 35.28%* Not reported Pesquisa telefônica Cook et al., 2010 Flórida, EUA n= 63.954, 21-64 anos, 21-30 anos. Negras não hispânicas Brancas não hispânicas (Ref.) Hispânicas Negras não hispânicas: 48.5% Brancas não hispânicas: 36.3% Hispânicas: 63.9% Negras não hispânicas: OR= 1.45 (IC 95% 1.36, 1.54) Hispânicas: OR= 2.08 (IC 95% 1.96, 2.21) Análise em banco de dados Corbie- Smith et al., 2002 Estados Unidos da América n= 5.975, >= 20 anos, NR. Brancas (Ref.) Negras Hispânicas Brancas: 78% Negras: 82% Hispânicas: 72% Not reported Análise em prontuário Coughlin et al., 2002 Estados Unidos da América n= 198.445, >=18 anos, 30-39 anos Brancas (Ref.) Afro-americanas Condado da faixa preta Brancas: 83.4% Afro- americanas:85.7% Municípios do sul do país: Brancas:84.8% Afro- americanas:85.9% Demais municípios Brancas: 84.7% Negras: OR= 1.98 (IC 95% 1.48–2.64) Pesquisa telefônica 40 Afro- americanas:86.6% Coughlin et al., 2008 Estados Unidos da América n= 97.820, 18-65 anos, 30-39 anos. Brancas (Ref.) Negras Asiáticas nativas Índias americanas Não hispânicas Hispânicas Brancas: 86.0 (85.5 - 86.4) Negras: 88.2 (86.8 - 89.5) Asiáticas nativas: 76.3 (71.4 - 80.5) Índias americanas: 81.8 (77.5 - 85.4) Não Hispânicas: 86.0 (85.6 - 86.4) Hispânicas: 82.9 (80.5 - 85.1) Negras: OR= 1.53 (IC 95% 1.00- 2.33) Asiáticas nativas: OR= 0.34 (IC 95% 0.25-0.46) Índias americanas: OR= 1.41 (IC 95% 0.98- 2.02 Não hispânicas: OR= 0.92 (IC 95% 0.75- 1.13) Pesquisa telefônica Crawford et al., 2008 Estados Unidos da América n= 28.893, >= 18 anos, 18-39. Brancas (Ref.) Negras Hispânicas Brancas: 33.19%* Negras: 11.38%* Hispânicas: 21.8%* Negras: OR = 1,26 ( IC 95%: 0,99-1,16) Hispânicas: OR= 0.82 (IC 95%: 0.64–1.06) Pesquisa telefônica Jennings- Dozier e Laurence, 2000 Pennsylvan, EUA n= 1.862, >=18 anos, 30-44 anos. Brancas não hispânicas (Ref.) Negras não hispânicas Hispânicas Brancas não hispânicas:76%* Negras não hispânicas:82%* Hispânicas:62%* Not reported Pesquisa telefônica 41 Feresu et al., 2018 Omaha, EUA n= 14.436, 40- 64, 40- 49 anos. Brancas (Ref.) Afro-americanas Asiáticas Americanas nativas Mexicanas Outras raças/etnias Brancas 78.68%* Afro-americanas 4.66%* Asiáticas: 2.56% * Americanas nativas: 2.35%* Mexicanas: 8.51%* Outras raças/etnias: 5.52%* Afro-americana: OR=0.56 (IC 95% 0.46- 0.68) Asiáticas OR= 1.95 (IC 95% 0.59- 6.37) Americanas nativas: OR=0.19 (.IC 95% 0.16- 0.23) Mexicanas: OR= 0.12 (IC 95% 0.92- 1.36) Outras raças/etnias: OR= 90 (IC 95% 0.74- 1.11) Análise de prontuário Franklin et al., 2020 Estados Unidos da América n= 28.694, >=18-65 anos,18-20 anos; Brancas (Ref.) Negras Outras raças Hispânicas Não hispânicas Outras etnias 18 a 20 anos Brancas: 19.95%* Negras: 34.1%* Outras raças: 9.6%* Raça indisponível: 7.56%* Hispânicas: 29.03%* Não-hispânicas: 25.80%* Etnia indisponível: 15.19%* Maiores de 65 anos: Brancas: 10.64%* Negras: 15.27%* Outras raças: Not reported Análise em prontuário 42 16.08%* Raça indisponível: 9.27%* Hispânicas: 18.57%* Não-hispânicas: 12.45%* Etnia indisponível: 3.66%* Franks, Fiscella e Meldrum, 2005 Estados Unidos da América n= 48.382, 21-64 anos; 45 anos. Brancas (Ref.) Afro-americanas Brancas: 14% Afro-americanas: 10.3% Negras OR = 0.81 (IC 95% de 0.70 - 0.93 Análise em prontuário Ganessan et al., 2003 Los Angeles, EUA n= 300,>= 50 anos, NR. Afro-americanas Hispânicas (Ref.) Afro-americanas: 93%* Hispânicas: 85%* Afro-americanas: OR= 0.5 (IC95% 0.3–0.9) Entrevista presencial por questionário Hall et al., 2004 Delta do Mississipi, EUA n= 12.874, >= 18 anos, 18-29 anos. Brancas (Ref.) Negras Outras raças Hispânicas Não hispânicas Brancas: 84.5 (83.0–85.9) Negras: 88.4 (86.3–90.5) Outras raças: 79.3 (71.7–87.0) Hispânicas: 88.0 (82.0–94.1) Não hispânicas: 85.4 (84.3–86.6) Negras: OR= 1,52 (IC 95%: 1.12-2.08) Outras raças: OR= 0.62 (IC 95%: 0.34 – 1.11) Não Hispânicas: OR= 0.79 (IC 95% 0.44-1.42) Pesquisa telefônica Hegarty et al., 2000 Carolina do Norte, EUA n= 1.481, >= 65 anos, NR. Brancas (Ref.) Negras Brancas: 56.59%* Negras: 48.12%* Negras: OR= 1.01 (IC 95% 0.79-1.28) Pesquisa domiciliar Hewit e Breen., 2004 Estados Unidos da América n= 13.745, 25-74 anos, 25-44 anos. Brancas não hispânicas (Ref.) Negras não hispânicas Hispânicas Negras não hispânicas: 86.9% Brancas não hispânicas: 84.3% Negras não hispânicas: OR= 2,04 (IC 95% 1,63 - 2,55) Hispânicas Pesquisa domiciliar 43 Outras não hispânicas Hispânicas: 77.9% Outras não hispânicas: 68.9% OR= 1,42 ( IC 95% 1,07 - 1,87) Outras não hispânicas: OR= 1,63 (IC 95% 0,99- 2,68) Hirth et al., 2016 Estados Unidos da América n= 4.992, 21-70 anos, 30-39 anos. Brancas não hispânicas (Ref.) Negras não hispânicas Hispânicas Brancas não hispânicas: 76.5% Negras não hispânicas: 80.2% Hispânicas: 81.1% Negras não hispânicas: OR= 1.36 (IC 95% 0.85–2.20) Hispânicas: OR= 1.36 (IC 95% 0.85–2.20) Questionário autoaplicável Johnson et al., 2020 Estados Unidos da América n= 1.258, 18-66 anos, NR. Brancas (Ref.) Negras Outras raças Hispânicas Não hispânicas Brancas: 65.25%* Negras: 75.57%* Outras raças: 66,66%* Hispânicas: 76.72%* Não hispânicas: 65.23%* Brancas: OR=2.49 (IC95% 1.12-4.54) Não hispânicas: OR= 0.80 (IC 95% 0.41-1.54) Questionário autoaplicável . Lee et al., 2020 Estados Unidos da América n= 5.453, 21-70 anos, 45-49 anos. Brancas não hispânicas (Ref.) Hispânicas ou latinas Afro-americanas não hispânicas Outras raças/etnias Brancas não hispânicas: 72.8% Hispânicas ou latinas: 92.2% Afro-americanas não hispânicas: 89.9% Outras raças/etnias: 87.2% Hispânicas ou latinas OR= 1.53 (IC 95% 1.09- 2.15) Afro-americanas: OR= 1.92 (IC 95% 1.44- 2.55 Outras raças/etnias: OR= 1.32 (IC 95% 0.95-1.85) Pesquisa telefônica 44 Lubetkin et al., 2008 Estados Unidos da América n= 519, >=18 anos, 40-49 anos. Negras Chinesas (Ref.) Hispânicas Negras: 90.6% Chinesas: 63.6% Hispânicas: 92.3% Negras: OR= 5.19 Hispânicas: OR= 6.98 Questionário autoaplicável Marques e Paiva, 2019 Patos/M G/Brasil n= 44, 25-59 anos, 40- 59 anos. Brancas (Ref.) Pretas/pardas Outras Brancas: 89.47%* Preta/parda: 33.33%* Outras: 63.16%* Not reported Questionário autoaplicável Martin et al., 1996 Estados Unidos da América n= 6.584, >= 18 anos,18 a 44 anos. Caucasianas (Ref.) Afro-americanas Hispânicas Outras raças/etnias Caucasianas: 92.2% Afro-americanas: 92.1% Hispânicas: 83.8% Outras raças/etnias: 76.8% Afro-americanas: OR= 1.4 (IC 95% 1.1-1.7) Hispânicas: OR=1.3 (IC 95% 1.05-1.7) Outras raças/etnias: OR= 0.6 (IC 95% 0.4-0.9) Análise em banco de dados McDonald e Kennedy 2007 Canadá n= 105.062, 20-65 anos, NR. Brancas (Ref.) Negras Asiáticas Chinesas Coreanas Japonesas Hispânicas Estrangeiras: Brancas: 77.3% Negras: 78% Hispânicas: 76.5% Árabe/Asiática: 61.4% Sul asiático: 57.9% Asiáticas: 63.9% Filipinas: 53.5% Negras: OR= 1.142 Hispânicas: OR= 1.330 Árabe/Asiática: OR=1.011 Sul asiático: OR= 0.5880 Asiáticas: OR= 0.580 Filipinas: OR= 0.325 Chinesas: OR= 0.462 Coreanas: OR= 0.456 Pesquisa telefônica. 45 Chinesas: 59.1% Coreanas: 55.5% Japonesas: 39.2% Nativas: Brancas: 80.7% Negras: 77.1% Hispânicas: 87% Árabe/Asiática: 62.2% Sul asiático: 53.2% Asiáticas: 43.3% Filipinas: 39.5% Chinesas: 60% Coreanas: 65% Japonesas: 76.2% Japonesas: OR= 0.363 Owusu et al., 2005 Texas, EUA n=1.170, 18- 60 anos, NR. Brancas não hispânicas (Ref.) Afro-americanos Hispânicos Hispânicas imigrantes Brancas não hispânicas: 60.21%* Afro-americanas: 74.34%* Hispânicas 85.97%* Hispânicas imigrantes: Brancas não hispânicas: OR= 0.227 Afro-americanas: OR= 0.539 Hispânicas imigrantes: OR= 0.204 Pesquisa telefônica 46 77.73%* Pazol et al., 2017 Estados Unidos da América n= 5.601, 21-44 anos, 35-44 anos. Branca não hispânica (Ref.) Negra não hispânica Hispânica Outras raças não hispânicas ou raças múltiplas Branca não hispânica 84.1 (82.4–85.6) Negra não hispânica: 85.7 (82.8–88.2) Hispânicas: 77.1 (74.4–79.6) Outras raças não hispânicas ou raças múltiplas 69.5 (64.7–73.9) Not reported Pesquisa domiciliar Rakowski et al., 2012 Estados Unidos da América n=177.850, 40-64 anos, NR. Brancas não hispânicas (Ref.) Negras não hispânicas Hispânicas Outras raças/etnias Brancas não hispânicas: 83.8% Negras não hispânicas: 88.5% Hispânicas: 89.7% Outras raças/etnias não hispânicas: 77.7% Negras não hispânicas: OR= 1.56 (IC 95% 1.40- 1.73) Hispânicas: OR= 1.80 (IC 95% 1.60- 2.03 Outras raças/etnias não hispânicas: OR= 0.64 (IC 95% 0.57- 0.71 Pesquisa telefônica Roland et al., 2013 Estados Unidos da América n= 2.198, 18-29 anos, 26-29. Brancas não hispânicas (Ref.) Negras não hispânicas Asiáticas Hispânicas ou latinas Brancas não hispânicas: 63.4 (60.8–66.1) Negras não hispânicas: 15.9 (14.1–17.9) Asiáticas: 3.3 (2.6–4.2) Hispânicas ou latinas: 16.5 (14.7–18.4) Not reported Pesquisa domiciliar Fonte: Dados da pesquisa (2021). 47 5.1 Avaliação do risco de viés Após aplicação do instrumento de análise para o risco de viés, apenas um estudo foi classificado com moderado risco de viés (Bollen et al., 2000)77. Portanto, os artigos respondem adequadamente à questão de pesquisa e apresentam boa qualidade metodológica, permitindo que seus resultados possam ser utilizados nesse estudo. 48 Figura 4 - Ilustração gráfica do risco de viés Fonte: Review Manager* 5.3 (2020). *Review Manager (RevMan) [programa de computador]. Versão 5.4.1, The Cochrane Collaboration, 2020. https://training.cochrane.org/online-learning/core-software- cochrane-reviews/revman/revman-5-download/download-and-installation https://training.cochrane.org/online-learning/core-software-cochrane-reviews/revman/revman-5-download/download-and-installation https://training.cochrane.org/online-learning/core-software-cochrane-reviews/revman/revman-5-download/download-and-installation 49 5.2 Metanálise Dos 29 estudos incluídos nesta revisão sistemática, apenas 22 foram utilizados na realização da metanálise. Sete artigos foram excluídos51,53-54,63,69-70,73 pois, a partir dos dados que estes apresentavam, não foi possível identificar o quantitativo de mulheres negras ou de outras etnias participantes da amostra. Prosseguindo-se com esta análise geral, realizou-se duas comparações. Na primeira (Gráfico 1), foram incluídos 19 estudos, participaram desta análise 101.654 mulheres negras e 604.648 mulheres brancas. Ao realizar o cálculo do percentual das mulheres participantes dos estudos incluídos e a quantidade de mulheres que realizaram o exame Papanicolau, observa-se que 70,8% das negras realizaram o exame, enquanto 82,2% das brancas o fizeram. A medida sumária nos revela que as mulheres negras possuem menor chance de realizar o exame Papanicolau quando comparadas às brancas, com OR de 0,61 (IC 95% 0,43-0,86). Gráfico 1 - Forest Plot para acesso ao exame Papanicolau: mulheres negras comparadas às brancas Fonte: Dados da pesquisa (2022). Os estudos analisados são bastante heterogêneos, uma vez que se obteve uma heterogeneidade de I2 = 100% e o gráfico de Funil (Gráfico 2) mostra que alguns estudos possuem precisão de dados variadas e fora da área de abrangência do gráfico. 50 Gráfico 2 - Funnel Plot Acesso ao Papanicolau: negras comparadas às brancas Fonte: Dados da pesquisa (2022). Na comparação do acesso ao exame Papanicolau de mulheres negras com outras etnias (exceto brancas), foram incluídos 20 estudos, participaram desta análise 82.445 mulheres negras e 102.355 mulheres de outras etnias. Nota-se que, para esta análise não houve diferença significativa (Gráfico 3). Ao realizar o cálculo do percentual das mulheres participantes dos estudos incluídos e a quantidade de mulheres que realizaramo exame Papanicolau, observa-se que as chances das mulheres negras realizarem o exame Papanicolau é de 67,5%, enquanto as mulheres de outras minorias étnicas é de 67% (OR=1,39; IC 95% 0,82- 2,35). Gráfico 3 - Forest Plot para acesso ao exame Papanicolau: negras comparadas as outras etnias (exceto brancas) 51 Fonte: Dados da pesquisa (2022). Os estudos analisados são bastante heterogêneos, uma vez que se obteve uma heterogeneidade de I2 = 100% e o gráfico de Funil (Gráfico 4) mostra que os estudos possuem uma precisão de dados variadas e fora da área de abrangência do gráfico. Gráfico 4 - Funnel Plot Acesso ao Papanicolau: negras comparadas as outras etnias (exceto brancas) Fonte: Dados da pesquisa (2022). 52 Para resolver a heterogeneidade elevada nas duas primeiras comparações, foram realizadas outras análises que agruparam estudos com tamanho amostral semelhantes, técnica de extração de dados semelhantes e idade das participantes, porém, a heterogeneidade continuou elevada. Desta forma, foram excluídos alguns estudos com amostras muito pequenas e com grandes intervalos de confiança, obtendo o seguinte resultado: Gráfico 5 - Forest Plot para acesso ao exame Papanicolau: mulheres negras comparadas às brancas Fonte: Dados da pesquisa (2022). Para essa análise, foram excluídos os estudos Marques e Paiva52, Jonhson et al.56, Roland et al.66 e Owusu et al.64, por se tratar de estudos com menor tamanho amostral e maior intervalo de confiança. Foram incluídos 16 estudos, participaram desta análise 101.739 mulheres negras e 607.319 mulheres brancas. Observa-se que o percentual de mulheres negras que realizaram o exame é de 71,5%, enquanto as brancas correspondem a 82,3%. A medida sumária nos revela que as negras possuem menor chance de realizar o exame Papanicolau quando comparadas às mulheres brancas, com OR de 0,82 (IC 95% 0,58-1,17). Contudo, os estudos analisados são bastante heterogêneos, uma vez que se obteve uma heterogeneidade de I2 = 100% e o gráfico de Funil (Gráfico 6) mostra que alguns estudos possuem precisão de dados variadas e fora da área de abrangência do gráfico. 53 Gráfico 6 - Funnel Plot Acesso ao Papanicolau: negras comparadas às brancas Fonte: Dados da pesquisa (2022). Para essa análise (gráfico 7), foram excluídos os estudos Marques e Paiva52, Ganessam et al.76 e Jennings-Dozier e Laurence55, por se tratar de estudos com menor tamanho amostral e maior intervalo de confiança. Foram incluídos 17 estudos e participaram desta análise 82.101 mulheres negras e 98.752 mulheres de outras etnias (exceto brancas). Observa-se que 67,4% das negras realizaram o exame Papanicolau enquanto 65,9% de outras etnias o fizeram. Os estudos analisados são bastante heterogêneos, uma vez que se obteve uma heterogeneidade de I2 = 100% e o gráfico de Funil (Gráfico 8) mostra que alguns estudos possuem precisão de dados variadas e fora da área de abrangência do gráfico. 54 Gráfico 7 - Forest Plot para acesso ao exame Papanicolau: negras comparadas as outras etnias (exceto brancas) Fonte: Dados da pesquisa (2022). Gráfico 8 - Funnel Plot Acesso ao Papanicolau: negras comparadas as outras etnias (exceto brancas) Fonte: Dados da pesquisa (2022). 55 6 DISCUSSÃO O presente estudo estimou a prevalência do acesso ao exame Papanicolau por raça/etnia entre mulheres, por meio de uma revisão sistemática de estudos transversais. As prevalências de acesso trazidas nos estudos incluídas nesta revisão mostram semelhanças entre as raças e etnias. Todavia, a metanálise evidenciou que as mulheres negras apresentam menor chance de realizar o exame de Papanicolau quando comparada às mulheres brancas, porém, sem diferenças significativas quando comparadas às outras etnias. Ter a menor prevalência de acesso entre as negras é preocupante, e pode ser reflexo de tanto a incidência quanto a mortalidade por câncer cervical permanecerem relativamente altas entre a população negra. A taxa de mortalidade geral por câncer cervical entre mulheres afro- americanas é de 10,1 mortes por 100.000 mulheres, correspondendo a mais que o dobro das mulheres brancas. Além disso, relata-se que, para mulheres negras, o acompanhamento é diferente e inadequado após a triagem pelo Papanicolau79. Quanto às amostras dos estudos incluídos, houve variedade entre elas. Contudo, foram incluídos estudos de base populacional que geraram amostras representativas para estimar a prevalência da cobertura do Papanicolau em mulheres adultas. Em relação aos locais dos estudos incluídos, a maioria dos estudos foram realizados nos EUA, enquanto apenas dois brasileiros e um Canadense. Estados Unidos e Brasil possuem histórias parecidas em relação a construção e implantação do racismo estrutural39. Nesse estudo, o racismo é evidenciado através do menor acesso ao Papanicolau entre mulheres afroamericanas e negras quando comparadas as brancas e outras etnias14,51-52,58,61,70,74,77-78. Com a chegada do rastreio citológico nos EUA, realizado por meio do teste de Papanicolau, introduzido em 1950, o câncer cervical invasivo apresentou redução na taxa de incidência. Em 1973, diminuiu de 14,2 novos casos por 100 mil mulheres para 7,8 por 100 mil em 199423. Devido a facilidade no diagnóstico em estágios precoces por meio do Papanicolau, houve uma importante redução da morbimortalidade por CCU nos países que implementaram programas de rastreio e tratamento, a exemplo dos EUA, que possibilitou maior alcance de rastreio entre as raças e etnias. No Reino Unido, através do Papanicolau, estima-se que cerca de 5 mil mortes são evitadas por ano e as taxas de mortalidade Europeia diminuíram em 21%23. Um estudo realizado com 12 países avaliou o programa nacional para exame do câncer do colo de útero em cada país, e todos ofereciam o Teste de Papanicolau através do sistema público de saúde. Porém, foi observado que o acesso ao exame é desigual nestes países. Os dados apontam que nos países 56 estudados, apenas 51% da população-alvo foi rastreada nos últimos anos. E em quatro países dos 12 estudados (Bolívia, Costa Rica, Equador e Panamá), a cobertura é inferior a 35%, mesmo em países que possuem programas de rastreio já consolidados80. No Brasil, a marca dos séculos de escravização da população negra ainda persiste, e a partir de uma análise sociológica da população brasileira percebe-se que brancos e negros ocupam diferentes espaços sociais, e que o racismo estrutural configurou a distribuição desigual de riquezas, poder e acesso a bens e serviços. Essa estrutura resulta em piores condições sociais, de vida e saúde para a população negra brasileira. Os estudos brasileiros avaliados nessa revisão corroboram essa afirmação. Nos dois estudos brasileiros avaliados, a menor prevalência de acesso ao Papanicolau ocorreu para as mulheres da raça negra com 33.33%52 e 77.4%51. Segundo Ferreira81 a problemática racial no Brasil está atrelada com a natureza e a cultura, caracterizando um problema de saúde pública e de gestão, principalmente para as mulheres negras que mais sofrem com a discriminação e desigualdade social. Para reduzir as disparidades no serviço de saúde, o Brasil criou a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, instituída pelo Ministério da Saúde, com o objetivo de auxiliar no combate às desigualdades no Sistema Único de Saúde (SUS) e na promoção da saúde da população negra, considerando que o país sofre com as iniquidades em saúde, resultado dos processos socioeconômicos e culturais injustos ocasionados pela escravidão e que alimentam o racismo até os dias atuais e corrobora com a morbimortalidade da população negra16. Nos EUA foi promulgado em março de 2010 a Affordable Care Act (ACA) também conhecida como “Obamacare”. Trata-se da lei de cuidadosacessíveis, que tem como método a democratização do acesso ao sistema de saúde para os mais vulneráveis. Com essa lei, todas as pessoas residentes nos Estados Unidos passaram a ser obrigadas a contratar algum tipo de seguro de saúde, caso contrário pagaria uma multa de 1% do rendimento, que posteriormente passou para 2% e a partir de 2016, 2,5%. Com essa lei, os seguros não podiam negar assistência aos seus usuários. Entre as mais de 20 milhões de pessoas assistidas pela ACA, 2,8 milhões são negras. No entanto, a ação não é suficiente para amenizar a disparidade racial82. Embora exista ações do governo para minimizar as disparidades raciais, ainda existe o racismo institucional, que ocorre quando uma instituição oferece serviços diferenciados, com discriminação e distinção de pessoas por causa de sua cor, cultura ou origem83. Ferreira81 relata em seu estudo que 23,3% da população negra ao buscar atendimento no SUS percebe essa discriminação, enquanto as brancas somam 9,5%. Essa discriminação ocorre desde a restrição do acesso dessas pessoas aos serviços, ao atendimento realizado pelos profissionais. 57 Dados da Pesquisa Nacional em Saúde evidencia que no Brasil em 2013 existiam mais de 146,3 milhões de pessoas acima dos 18 anos, 10,6% (15,5 milhões) se sentiram discriminadas ou tratadas de maneira pior que as outras pessoas no serviço de saúde, destas, 11,6% eram mulheres, 11,9% eram pessoas de cor preta (11,9%) e 11,4% eram pardas16. Nos EUA, o relatório publicado em 2017 pelo Centro de Pobreza (CPI) e Desigualdade da Universidade de Stanford, evidenciou desigualdade nas dez áreas avaliadas (emprego, pobreza, uso de seguridade social, moradia, educação, encarceramento, saúde, renda, riqueza e mobilidade), concluindo que as diferenças entre brancos dominantes e não brancos são substanciais e sua diminuição vem ocorrendo de forma muito lenta e até mesmo deixando de ocorrer. Os estudos mostram que na saúde e expectativa de vida a diferença entre negros e brancos é gritante. Entre os negros e indígenas, observa-se um desempenho muito pior quando comparado aos brancos na maioria dos indicadores de saúde, além disso, pessoas adultas não brancas têm mais chances de estar sem seguro de saúde quando comparada as brancas39. Raças desiguais, enraizada na escravidão racial, permeiam a sociedade norte-americana, o que não é diferente na população brasileira, que ainda sofre com o racismo e a discriminação, principalmente nos serviços de saúde. Todavia, esse racismo estende-se a ausência de produção do conhecimento nas Ciências da Saúde. Para Werneck84 a saúde da mulher negra não é considerada um tema relevante nas Ciências da Saúde, essa afirmação é perceptível principalmente na inexpressiva produção científica nessa área, com a escassez de estudos que abordem a temática e nas grades curriculares dos cursos de graduação e pós-graduação em saúde. A exemplo desta afirmação temos essa revisão, que apresentou apenas dois artigos brasileiros que abordaram o acesso ao Papanicolau na população negra. Em relação a faixa etária das mulheres do estudo, a maioria trouxeram uma população mais jovem e apenas dois artigos trouxeram dados das mulheres acima de 65 anos57,78. Segundo Oliveira85 mulheres acima de 59 anos tendem a não aderir aos exames preventivos e ginecológicos. Essa observação pode estar associada ao fim da idade fértil e início da menopausa, acarretando no abandono da rotina de realização do exame Papanicolau, o que torna esta faixa etária vulnerável para o desenvolvimento do câncer do colo uterino. Todavia, a maioria dos países não inclui essa população nos programas de rastreio, como aponta os estudos abordados nessa revisão sistemática. Outro ponto que pode estar vinculado à não realização do exame, seria a ausência do conhecimento sobre a importância do rastreio. Segundo Gurgel e colaboradores86, algumas mulheres só procuram realizar o exame apenas quando possuem alguma queixa ginecológica e 58 não com o propósito de prevenção. Portanto, não basta apenas oferecer o citopatológico, mas sensibilizar as mulheres quanto à sua realização, visto que algumas não possuem o conhecimento acerca da importância do rastreamento. Carvalho87 relata que as estratégias empregadas nos programas de prevenção esbarram na falta de informações, resultando em diagnósticos tardios e aumento da mortalidade. É necessária criação de estratégias mais eficazes voltadas para a educação em saúde, principalmente para populações com menor nível de escolaridade e renda, piores indicadores sociais, bem como o menor acesso aos serviços de saúde, a exemplo da população negra83. Uma das limitações deste estudo foram as diferentes formas de classificar as raças e etnias, que variaram entre os estudos e foi uma limitação para a realização da metanálise. Outra limitação é o fato de ser uma revisão sistemática de prevalência, os estudos possuem disparidades metodológicas e poderiam gerar viés de memória nas participantes, por se tratar de informações contidas na memória delas. O delineamento dos estudos incluídos também corrobora com as limitações, uma vez que estudos transversais podem levar a conclusões generalizadas, pois os métodos de análise dos desfechos divergem entre si e nem sempre os fatores de confundimento são ajustados adequadamente, por serem analisados ao mesmo tempo. Todavia, salientamos que os achados encontrados nesta revisão são resultados de uma avaliação criteriosa nos estudos e podem servir de embasamento para discussão do tema, subsidiar estudos futuros, a fim de minimizar lacunas sobre a temática e contribuir para a formulação e gestão de políticas públicas adequadas às necessidades expressas nos indicadores sociais e de saúde das mulheres negras. 59 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS Os dados apresentados neste estudo evidenciam que a raça ou cor da pele e a etnia influenciam no acesso ao Papanicolau. A raça ainda é um importante fator para explicar as desigualdades de acesso, atrelada a falta de conhecimento sobre a necessidade de realização do exame e a falta de orientação para a sua execução, estes fatores representam um risco para a não adesão ao programa preventivo. Destarte, há uma necessidade de ampliação da triagem, desenvolvimento de estratégias preventivas e eficazes com vistas a esses grupos vulneráveis, alinhadas a realidade de cada país. Ressaltamos aqui a importância das ações de educação em saúde, e que estas iniciem na atenção primária à saúde, como uma alternativa para redução de óbitos e de ônus aos serviços de saúde. Portanto, a principal contribuição desse estudo para o campo de Saúde da mulher e para a Saúde Coletiva, é proporcionar uma discussão acerca das iniquidades raciais na saúde dos indivíduos e fomentar a realização de novos estudos que forneçam embasamento sobre o racismo e como este pode afetar os determinantes e condicionantes sociais e de saúde. As informações contidas nessa revisão reforçam a importância de estudos voltados para a população negra e a necessidade de mais pesquisas que tratem do acesso aos serviços de saúde para essa população, objetivando redução dessa lacuna na ciência. 60 REFERÊNCIAS 1. Arbyn M, Weiderpass E, Bruni L, Sanjosé, S, Saraiya M, Ferlay J, et al. Estimates of incidence and mortality of cervical cancer in 2018: a worldwide analysis. The Lancet Glob Health. 2019;(4):1-13. 2. Moreira AS, Andrade EGS. A importância do exame papanicolau na saúde da mulher. Rev Inic Cient Ext. 2018; 1(Esp.3): 267-271. 3. Silva RCG, Silva ACO, Peres AL, Oliveira SR. Profile of women with cervical cancer attended for treatment in oncology center. Rev. Bras. Saúde Mater. Infant. 2018 ez;18(4): 695-702. 4. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Estimativa 2020 Incidência de Câncer no Brasil. Rio de Janeiro, INCA; 2019.5. Organização Mundial da Saúde. Câncer de colo do útero é 3º mais comum entre mulheres na América Latina e Caribe, mas pode ser prevenido [Internet]. 2019 [acesso em 2021 maio 15]. Disponível em: https://www.paho.org/pt/noticias/1-2-2019-cancer-colo-do-utero-e-3o-mais- comum-entre-mulheres-na-america-latina-e-caribe. 6. Organização Mundial da Saúde. HPV e câncer do colo do útero [Internet]. 2020 [acesso em 2021 maio 15]. Disponível em: https://www.paho.org/pt/topicos/hpv-e-cancer-do-colo-do- utero 7. Teixeira LA. From gynaecology offices to screening campaigns: a brief history of cervical cancer prevention in brazil. Hist ciênc. Saúde-Manguinhos. 2015 mar;22(1): 221-39. 8. Leite KNS, Silva JP, Sousa KM, Rodrigues SC, Souza TA, Alves JP, et al. Exame Papanicolau: fatores que influenciam a não realização do exame em mulheres de 40 a 65 anos. Arq Ciênc. Saúde. 2018 jul;25(2):15-9. 9. Buskwofie A, David-West G, Clare CA. A Review of Cervical Cancer: Incidence and Disparities. J Natl Med Assoc. 2020;11(2):229–32. 10. Ministério da Saúde (Brasil), Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa. Protocolos de Atenção básica: Saúde da mulher. Brasília, MS; 2016. 61 11. Chan DNS, So WKW. A Systematic Review of the Factors Influencing Ethnic Minority Women's Cervical Cancer Screening Behavior: From Intrapersonal to Policy Level. Cancer Nurs. 2017 nov/dec;40(6):E1-E30. 12. Subramaniam A, Fauci JM, Schneider KE, Whitworth JM, Erickson BK, Kim K, Huh WK. Invasive cervical cancer and screening: what are the rates of unscreened and underscreened women in the modern era? J Low Genit Tract Dis. 2011 apr;15(2):110-3. 13. Carvalho PG, O´Dwyer G, Rodrigues NCP. Trajetórias assistenciais de mulheres entre diagnóstico e início de tratamento do câncer de colo uterino. Saúde debate 2018 jul- set;42(118):608-701. 14. Bazargan M, Bazargan SH, Farooq M, Baker RS. Correlates of cervical cancer screening among underserved Hispanic and African-American women. Prev Med. 2004 Sept;39(3):465- 73. 15. Lopes VAS, Ribeiro JM. Fatores limitadores e facilitadores para o controle do câncer de colo de útero: uma revisão de literatura. Ciênc. Saúde Coletiva 2019 set;24(9):3431-42. 16. Ministério da Saúde (Brasil), Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Política Nacional de Saúde Integral da População Negra: uma política para o SUS. 3. ed. Brasília : Editora do Ministério da Saúde; 2017. 17. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Câncer do colo do útero [Internet]. Rio de Janeiro: INCA; 2021 [acesso em 2021 set 10]. Disponível em: https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-do-colo-do-utero 18. Interaminense, IN da CS, Oliveira SC, Leal LP, Linhares FMP, Pontes CM. Tecnologias educativas para promoção da vacinação contra o papilomavírus humano: revisão integrativa da literatura. Texto contexto - enferm. 2016;25(2): e2300015. 19. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Tratamento [Internet]. Rio de Janeiro: INCA; 2021 [acesso em 2021 ago 5]. Disponível em: https://www.inca.gov.br/controle-do-cancer-do-colo-do-utero/acoes-de-controle/tratamento 20. Ferlay J, Steliarova-Foucher E, Lortet-Tieulent J, Comber H, Forman D, Bray F. Cancer incidence and mortality patterns in Europe: Estimates for 40 countries in 2012. Eur J Cancer 2013 apr;49(6):1374-1403. https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-do-colo-do-utero https://www.ejcancer.com/article/S0959-8049(13)00007-5/fulltext https://www.ejcancer.com/article/S0959-8049(13)00007-5/fulltext 62 21. Bray F, Ferlay J, Soerjomataram I, Siegel RL, Torre LA, Jemal A. Global Cancer Statistics 2018: GLOBOCAN Estimates of incidence and mortality worldwide for 36 cancers in 185 countries. CA Cancer J Clin. 2018; 68: 394–424. 22. Alves AC, Fratucci AS, Silveira ACZ, Santoro GM, Rezende LF. Notícias veiculadas na mídia a respeito das queixas de adolescentes relativas à reação após a vacinação contra o HPV. Rev. Unimontes cient. 2017 jan-jun;19(1):114-121. 23. Tsuchiya C, Lawrence T, Klen MS, Fernandes RA, Alves MR. O câncer de colo do útero no Brasil: uma retrospectiva sobre as políticas públicas voltadas à saúde da mulher. J Bras. Econ. Saúde. 2017 abr;9(1):137-47. 24. Organização Mundial da Saúde. Novas recomendações de rastreio e tratamento para prevenir o câncer do colo do útero [Internet]. 2021 [acesso em 2021 jul 15]. https://www.paho.org/pt/noticias/6-7-2021-novas-recomendacoes-rastreio-e-tratamento-para- prevenir-cancer-do-colo-do-utero 25. Viegas, DP, Varga ID. Promoção à saúde da mulher negra no povoado Castelo, Município de Alcântara, Maranhão, Brasil. Saúde Soc. 2016 set;25(3):619-30. 26. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Manual de Gestão da Qualidade para Laboratório de Citopatologia. Rio de Janeiro: INCA; 2012. 27. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Diretrizes Brasileiras para o Rastreamento do Câncer do Colo do Útero. 2. ed. rev. atual. Rio de Janeiro: INCA; 2016. 28. American Cancer Society. Cervical Cancer Early Detection, Diagnosis, and Staging [Internet]. 2020 [acesso em 2021 out 5]. Disponível em: https://www.cancer.org/content/dam/CRC/PDF/Public/8601.00.pdf. 29. Secretaria de Políticas de Ações Afirmativas (BR). Racismo como determinante social de saúde. Brasília; 2011. 30. Peixoto HA, Spindola T, Moerbeck NST, Motta CVV, Soares BGS, Barros LMC, et al. Adesão de mulheres ao exame Papanicolau: uma revisão integrativa. Braz. J. Hea. Rev. 2020;3(6):19314-26. https://www.cancer.org/content/dam/CRC/PDF/Public/8601.00.pdf 63 31. Oliveira MM, Andrade SSCA, Oliveira PPV, Silva GA, Silva MMA, Malta DC. Cobertura de exame Papanicolaou em mulheres de 25 a 64 anos, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde e o Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, 2013. Rev. bras. epidemiol. 2018; 21. 32. Silva MAS, Teixeira EMB, Ferrari RAP, Cestari MEW, Cardelli AAM. Fatores relacionados a não adesão à realização do exame Papanicolau. Rev. Rene. 2015;16(4):532-9. 33. Nogueira MC, Guerra MR, Cintra JRD, Corrêa CSL, Fayer VA, Bustamante-Teixeira MT. Disparidade racial na sobrevivência em 10 anos para o câncer de mama: uma análise de mediação usando abordagem de respostas potenciais. Cad. Saúde Pública 2018; 34(9):e00211717. 34. Paulista JS, Assunção PG, Lima FLT de. Acessibilidade da População Negra ao Cuidado Oncológico no Brasil: Revisão Integrativa. Rev. Bras. Cancerol. 2020;65(4):e-06453. 35. Baia EM, Pessoa MV, Carvalho NS, Freire HSS, Araújo PF, Oliveira MG. Dificuldades enfrentadas pelas mulheres para realizar o exame Papanicolau: revisão integrativa. Rev. Nursing. 2018; 21(238):2068-74. 36. Ministério da Saúde (Brasil), Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Política Nacional de Saúde Integral da População Negra: uma política para o SUS. 3. ed. Brasília : Editora do Ministério da Saúde; 2017. 37. Aiquoc KM, Santos VBP, Oliveira KB, Batista LE. Política nacional de saúde da população negra: história, avanços e desafios. In: Barbosa IR, Aiquoc KM, Souza TA, organizadoras. Raça e saúde: múltiplos olhares sobre a saúde da população negra no Brasil. Natal: Edufrn; 2021. p. 12-34. 38. Santos ROM, Ramos DN, Migowski A. Barreiras na implementação das diretrizes de detecção precoce dos cânceres de mama e colo do útero no Brasil. Physis 2019; 29(4): e290402. 39. Morris A, Treitler VB. O Estado Racial da União: compreendendo raça e desigualdade racial nos Estados Unidos da América. Cad. CRH. 2019 jun.;32(85):15-31. 40. Leite G. Considerações sobre a segregação racial nos Estados Unidos (EUA). J Jurid.[Internet]. 2020 abr. [acesso em 10 out. 2021].Disponível em: https://www.jornaljurid.com.br/colunas/gisele-leite/consideracoes-sobre-a-segregacao-racial- nos-estados-unidos-eua. 64 41. Leite MJS. Tráfico Atlântico, escravidão e resistência no Brasil. Sankofa (São Paulo) 2017; 10(19):64-82. 42. Ferreira CAA. Racismo: uma questão de saúde pública e de gestão na perspectiva de gênero. Rev. Gest. Sist. Saúde, 2018;7(2):143-56. 43. Kabad JF, Bastos JL, Santos RV. Raça, cor e etnia em estudos epidemiológicos sobre populações brasileiras: revisão sistemática na base PubMed. Physis. 2012;22(3): 895-918. 44. Santos DJ da S, Palomares NB, Normando D, Quintão CCA. Raça versus etnia: diferenciar para melhor aplicar. Dental Press J Orthod. 2010 may-Jun;15(3): 121-4. 45. Albuquerque KK de. O lugar do outro nas intolerâncias: raça, etnia e gênero como marcadores nas (in)expressões de fé e religiosidade. Cienc. Soc. y Relig. 2020;22:e020006. 46. Araújo EM de, Caldwell KL, Santos MPA, Souza IM, Santa Rosa PF, Santos ABS, et al. Morbimortalidade pela Covid-19 segundo raça/cor/etnia: a experiência do Brasil e dos Estados Unidos. Saúde debate 2020 dez;44 (spe4):195-205. 47. Page MJ, Bossuyt PM, Boutron I, Hoffmann TC, Mulron CD, Shamseer L, et al. PRISMA 2020 explanation and elaboration: updated guidance and exemplars for reporting systematic reviews. BMJ 2021;372:1-36. 48. Moola S, Munn Z, Tufanaru C, Aromataris E, Sears K, Sfetcu R, et al. Chapter 7: Systematic reviews of etiology and risk [Internet]. In: Aromataris E, Munn Z (Editors). Joanna Briggs Institute Reviewer's Manual. The Joanna Briggs Institute; 2017 [acesso em 2021 maio 10]. Disponível em: https://jbi-global- wiki.refined.site/space/MANUAL/3283910762/Chapter+7%3A+Systematic+reviews+of+etio logy+and+risk 49. Polmann H, Domingos FL, Melo G, Stuginski-Barbosa J, Guerra ENS, Porporatti AL, et al. Association between sleep bruxism and anxiety symptoms in adults: A systematic review. J Oral Rehabil 2019 may;46(5):482-91. 50. SHI L, Stevens GD, Wulu Jr JT, Politzer RM, Xu J. America’s Health Centers: Reducing Racial and Ethnic Disparities in Perinatal Care and Birth Outcomes. Health Serv Res. 2004;39(6):1881-1902. 65 51. Barbosa IR. Regional and Socioeconomic Differences in the Coverage of the Papanicolau Test in Brazil: Data from the Brazilian Health Survey 2013. Rev. Bras. Ginecol. Obstet. 2017 sept;39:480-7. 52. Marques CR, Paiva AC. Avaliação do perfil e da adesão ao colpocitológico de mulheres em idade fértil. Braz. J. Technol. 2019;2(4):984-97. 53. McDonald JT, Kennedy S. Cervical Cancer Screening by Immigrant and Minority Women in Canada. J Immigrant Minority Health. 2007; 9:323–34. 54. Bennett KJ, Probst JC, Bellinger JD. Receipt of cancer screening services: surprising results for some rural minorities. J Rural Health. 2012 jan;28(1):63-72. 55. Jennings-Dozier K, Lawrence D. Sociodemographic predictors of adherence to annual cervical cancer screening in minority women. Cancer Nurs. 2000 oct;23(5):350-6. 56. Johnson NL, Head KJ, Scott SF, Zimet GD. Persistent Disparities in Cervical Cancer Screening Uptake: Knowledge and Sociodemographic Determinants of Papanicolaou and Human Papillomavirus Testing Among Women in the United States. Public Health Rep. 2020 jul/aug;135(4):483-91. 57. Franklin M, Webel A, Kaelber D, Evans J, Kelley C. Prevalence of Cervical Cancer Overscreening: Review of a Wellness Registry. Comput Inform Nurs. 2020 sept;38(9):459- 65. 58. Bellizzi KM, Breslau ES, Burness A, Waldron W. Prevalence of cancer screening in older, racially diverse adults: still screening after all these years. Arch Inter Med. 2011 dec;171(22):2031-7. 59. Coughlin SS, Thompson TD, Seeff L, Richards T, Stallings F. Breast, cervical, and colorectal carcinoma screening in a demographically defined region of the southern U.S. Cancer. 2002 nov;95(10):2211-22. 60. Coughlin SS, Leadbetter S, Richards T, Sabatino SA. Contextual analysis of breast and cervical cancer screening and factors associated with health care access among United States women, 2002. Soc Sci Med. 2008 Jan;66(2):260-75. 61. Crawford ND, Jones CP, Richardson LC. Understanding the role of reactions to race-based treatment in breast and cervical cancer screening. J Natl Med Assoc. 2008 feb;100(2):188-99. 66 62. Hall HI, Jamison PM, Coughlin SS, Uhler RJ. Breast and cervical cancer screening among Mississippi Delta women. J Health Care Poor Underserved. 2004 aug;15(3):375-89. 63. Lubetkin EI, Santana A, Tso A, Jia H. Predictors of cancer screening among low-income primary care patients. J Health Care Poor Underserved. 2008; 19(1):135-48. 64. Owusu GA, Eve SB, Cready CM, Koelln K, Trevino F, Urrutia-Rojas X, et al. Race and ethnic disparities in cervical cancer screening in a safety-net system. Matern Child Health J. 2005 Sept;9(3):285-95. 65. Martin LM, Calle EE, Wingo PA, Heath Jr. CW. Comparison of mammography and Pap test use from the 1987 and 1992 National Health Interview Surveys: are we closing the gaps? Am J Prev Med. 1996 mar-apr;12(2):82-90. 66. Roland KB, Benard VB, Soman A, Breen N, Kepka D, Saraiya M. Cervical cancer screening among young adult women in the United States. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev . 2013;22(4):580-88. 67. Lee DC, Liang, H, Chen, N, Shi L, Liu Y. Cancer screening among racial/ethnic groups in health centers. Int J Equity Health. 2020; 19(43)1-7. 68. Cook N, Kobetz E, Reis I, Fleming L, Loer-Martin D, Amofah SA. Role of patient race/ethnicity, insurance and age on Pap smear compliance across ten community health centers in Florida. Ethn Dis. Autumn. 2010;20(4):321-6. 69. Corbie-Smith G, Flagg EW, Doyle JP, O'Brien MA. Influência da fonte usual de atendimento nas diferenças por raça / etnia no recebimento de serviços preventivos. J Gen Intern Med.2002; 17(6):458-64. 70. Franks P, Fiscella K, Meldrum S. Racial disparities in the content of primary care office visits. J Gen Intern Med . 2005; 20(7): 599-603. 71. Hewitt M, Devesa SS, Breen N. Cervical cancer screening among U.S. women: analyses of the 2000 National Health Interview Survey. Prev Med. 2004 aug;39(2):270-8. 72. Hirth JM, Laz TH, Rahman M, Rahman M, Berenson AB. Racial/Ethnic Differences Affecting Adherence to Cancer Screening Guidelines Among Women. J Womens Health. 2016;25(4):371-80. 67 73. Pazol K, Robbins CL, Black LI, Ahrens KA, Daniels K, Chandra A, et al. Receipt of Selected Preventive Health Services for Women and Men of Reproductive Age - United States, 2011- 2013. MMWR Surveill Summ. 2017 ot 27;66(20):1-31. 74. Feresu SA, Zhang W, Puumala SE, Ullrich F, Anderson JR. Breast and cervical cancer screening among low-income women in Nebraska: findings from the Every Woman Matters program, 1993-2004. J Health Care Poor Underserved. 2008 aug;19(3):797-813. 75. Rakowski W, Rogers ML, Dominick GM, Clark MA. Understanding reversals of association between cancer screening and race/ethnicity. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev. 2012 sept;21(9):1450-7. 76. Ganesan K, Teklehaimanot S, Akhtar AJ, Wijegunaratne J, Thadepalli K, Ganesan N. Racial differences in preventive practices of African-American and Hispanic women. J Am Geriatr Soc. 2003 apr;51(4):515-8. 77. Bolen JC, Rhodes L, Powell-Griner EE, Bland S, Holtzman D. State-specific prevalence of selected health behaviors, by race and ethnicity--Behavioral Risk Factor Surveillance System, 1997. MMWR CDC Surveill Summ. 2000 mar; 49(2):1-60. 78. Hegarty V, Burchett BM, Gold DT, Cohen HJ. Racial differences in use of cancer prevention services among older Americans. J Am Geriatr Soc. 2000 jul;48(7):735-40. 79. Kerner J, Liu J, Wang K, Fung S, Landry C, Lockwood G, et al. Canadiancancer screening disparities: a recent historical perspective. Curr Oncol. 2015;22(2):156-63. 80. The Economist Intelligence Unit Limited. Controle do câncer, acesso e desigualdade na América Latina: Uma história de luz e sombra [Internet]. 2017 [acesso em 10 out. 2021]. Disponível em: http://www.alatro.org/images/archivos/Cancer-control-access-LatinAmerica- PORTUGUESE.pdf 81. Ferreira CAA. Racismo: uma questão de saúde pública e de gestão na perspectiva de gênero. Rev. Gest. Sist. Saúde, 2018;7(2):143-56. 82. Taylor J. Racism, Inequality, and Health Care for African Americans [Internet]. 2019 [acesso em 2022 jan 19]. Disponível em: https://tcf.org/content/report/racism-inequality-health-care- african-americans/ 83. Oliveira BMC, Kubiak F. Racismo institucional e a saúde da mulher negra: uma análise da produção científica brasileira. Saúde Debate. 2019 set; 43(122):939-48. http://www.alatro.org/images/archivos/Cancer-control-access-LatinAmerica-PORTUGUESE.pdf http://www.alatro.org/images/archivos/Cancer-control-access-LatinAmerica-PORTUGUESE.pdf 68 84. Werneck J. Racismo institucional e saúde da população negra. Saude soc. 2016 jul- set;25(3):535-49. 85. Oliveira DS, Sá AV, Gramacho RCCV, Silva RCV, Oliveira JS. Atuação da enfermeira frente aos fatores que interferem na adesão de mulheres idosas ao exame de Papanicolau. Rev. Enferm. Contemp. 2019;8(1):87-93. 86. Gurgel LC, Sousa AAS, Sousa CMS, Brito EAS, Leite RSS, Santana WJ, et al. Percepção de mulheres sobre o exame de prevenção de colo de útero Papanicolau: uma Revisão Integrativa da Literatura. Rev. Mult. Psic. 2019;13(46):434-45. 87. Carvalho VF, Kerber NPC, Wachholz VA, Pohlmann FC, Marques LA, Francioni FF. Acesso ao exame papanicolau por usuárias do Sistema Único de Saúde. Rev. Rene 2016;17(2):198- 207. 69 ANEXO A- ARTIGOS ANALISADOS E EXCLUÍDOS DA REVISÃO SISTEMÁTICA Tabela 2- Artigos excluídos Autor, Ano Motivo da exclusão MacLaughlin et al., 2019 2 Chen et al, 2012 1 Merrill et al., 2021 1 Huguet et al., 2019 1 Abraído-Lanza et al., 2004 2 De Quadros et al., 2004 1 Benjamins, 2012 1 Sauer et al., 2019 2 Agénor et al., 2014 1 Harlan et al., 1991 1 King et al., 2014 1 Monnat, 2014 1 Duelberg, 1992 1 Forney-Gorman e Kozhimannil, 2015 1 Martínez-Mesa et al., 2013 2 Heberer et al., 2016 1 Lawson et al., 1998 1 Dubay e Lebrun, 2012 1 Wharam et al., 2014 1 Abraído-Lanza et al, 2004 2 Amorim et al., 2006 1 Brito et al., 2006 1 Herrera et al., 2012 2 Nijhawan et al., 2012 1 Cowburn et al., 2013 2 Waller et al., 2009 1 Alfonsi et al., 2011 1 Shi e Stevens, 2005 1 Lofters et al., 2013 2 Silva et al., 2009 1 Shenson et al., 2007 1 Ma’som et al., 2016 2 Bansal e Zhao, 2011 1 Dallo e Kindratt, 2015 1 Vermeulen et al., 2006 2 70 Ngo-Metzger et al., 2011 1 Van Leeuwen et al., 2015 2 Benard et al., 2001 1 Soto-De Leon et al., 2011 1 Reungwetwattana et al., 2012 1 Rauscher et al., 2008 1 Milenkov, et al., 2020 2 Raj Bhandari e Li, 2018 2 Halcón et al., 2002 2 O’Malley et al., 1997 2 Lambert et al., 2013 1 Rodriguez et al., 2005 1 Coughlin et al., 1999 2 Mouton et al., 2010 3 Llanos et al., 2018 2 Amuta-Jimenez et al., 2020 1 Williams et al., 2015 1 Carmem e Diaz Montez, 2009 1 Bouassa et al., 2021 1 Hi et al., 2004 2 Moodley e Moodley, 2009 1 Yeo et al., 2018 2 Buchanan et al., 2019 1 Mandelblatt et al., 1993a 1 Jun et al., 2020 1 Barrionueves-Rosas et al., 2013 2 Carter et al., 2002 2 Whop et al., 2021 1 Lantz et al., 2003 1 Sung et al., 2000 2 Johnston et al., 2004 2 Maruthur et al., 2009 2 Dorsainvil, 2017 2 Del Carmen e Wallace, 2013 2 Winter, 2021 1 Lim, 2021 2 Yoo et al., 2017 1 Smith, 2008 1 Horner et al., 2011 2 Olusola et al., 2019 2 Lee et al., 2020 1 Calys-Tagoe et al., 2020 1 71 Pearlman et al., 1996 1 Wee et al., 2005 1 Jacobs et al., 2005 2 Suarez et al., 1993 1 Risendal et al., 1999 2 Hsieh et al., 2017 2 Richards e Klemm, 2000 2 van Leeuwen et al., 2005 2 Amy et al., 2006 2 Watson et al., 2014 1 Barnholtz-Sloan et al., 2009 1 Bansal et al., 2011 2 Federico et al., 2010 1 Todorova et al., 2009 2 Scarinci et al., 2010 1 Brown et al., 2011 3 Brito et al., 2011 1 Fernández-Esquer et al., 2003 2 Ilangovan et al., 2016 1 Bottorff et al., 2001 1 Anamam et al., 2017 1 Wain et al., 2001 2 Suteu et al., 2020 2 CDC, 1994 2 Flores, 2009 2 Martin et al., 2019 1 Nadpara et al., 2012 1 Wang et al., 2008 2 Burgess et al., 2009 1 White et al., 2017 2 Cesario et al., 2015 2 Patel et al., 2009 1 Fruchter et al., 1985 2 Hewitt e Breen, 2002 2 Cokkinides et al., 2012 1 Seo e Langabeer, 2018 2 Delaet et al., 2002 2 Hubbel et al., 1996 2 Hall et al., 2018 1 Tangka et al., 2010 1 Buskwofie et al., 2020 1 Benard et al., 2004 1 72 Downs et al., 2008 1 Clark et al., 2011 1 Green et al., 2005 1 Yang et al., 2018 2 Thompson et al., 2014 1 Benyamini et al., 2008 1 Eggleston et al., 2007 1 Akinlotan et al., 2008 2 Quan et al., 2006 1 Cardin et al., 2001 1 Buki et al., 2007 2 Mandelblatt et al., 1993b 2 Xiong et al., 2015 2 Williams et al., 2013 2 Harcourt et al., 2014 1 Blake et al., 2015 2 Mandelblatt, Yabroff, 1999 1 Shafer et al.,1984 1 Kepka et al., 2014 1 Satter et al., 2005 1 Bhandari e Li, 2019 2 Fuzzel et al., 2021 2 Mahas et al., 2016 1 Dunn et al., 2005 2 Tangka et al., 2015 2 Taylor et al., 2002 2 Sambamoorthi et al., 2003 2 Taylor et al, 2008 2 Lindley et al., 2009 2 Paskett et al., 1999 1 Liao et al., 2011 2 Rojas et al., 2013 2 Cohen et al., 2008 1 Ackerson et al., 2007 2 Hoyo et al., 2005 2 Gilbert et al, 1995 2 Oliveira et al., 2014 2 Lin et al., 2009 2 Benard et al., 2004 2 Gibson et al., 2019 2 Adams et al., 2007 1 Abboud et al., 2017 2 73 Endeshaw et al., 2018 2 Zhan e Lin, 2014 1 Mcphee et al., 2002 2 1 Padela et al., 2014 2 Liebermann et al., 2018 2 Parham et al., 1994 1 Massad et al., 2005 2 Marlow et al., 2015 2 Islami et al., 2019 2 Ralston et al., 2003 1 Chan e So., 2017 2 Subramaniam et al., 2011 2 Finney et al., 2006 1 Wong et al., 2005 2 Mandelblatt et al., 1992 2 Scarinci et al., 2010 2 Ting et al., 2017 2 Williams et al., 2013 1 Resnick et al, 2008 2 Whop et al., 2014 1 Watson et al., 2008 1 Hoover et al., 2009 1 Wang et al., 2004 1 Somkin et al., 2004 2 Gotay et al., 1998 1 Gupta et al., 2002 2 Chang et al., 2010 2 Asiedu et al., 2014 2 Baquet e Ringer, 1987 2 Nash et al., 2007 2 Gauss et al., 2013 1 Taylor et al., 2009 2 Bogden et al., 1981 1 Adegoke et al., 2012 1 Peragallo et al., 2007 2 Behbakht et al., 2004 2 Cudjoe et al., 2021 2 Fagan et al., 2011 1 Huang et al., 2008 2 McDougall et al., 2007 1 Lisboa e Amado, 2014 2 74 Amorim e Barros, 2014 2 Gamberini et al., 2008 1 Domingues, 2013 1 Santos, 2013 1 Ribeiro et al., 2014 1 Melo et al., 2017 1 1 Mounho, 2017 1 Paulista, 2019 1 Sá et al., 2020 1 Breen et al., 2001 1 Ogunwale et al., 2015 1 Ackermann, 1992 1 Fonte: Dados da pesquisa (2021). 1. Estudos que não abordam a prevalência do exame de Papanicolaou ou que não apresentam dados suficientes para calcular a prevalência; 2. Estudos que não apresentam a variável raça em seus resultados; 3. Coorte, caso-controle, ensaios clínicos randomizados, relatos de casos e séries de casos. 75 REFERÊNCIAS EXCLUÍDAS Abboud S, De Penning E, Brawner BM, Menon U, Glanz K, Sommers MS. Cervical Cancer Screening Among Arab Women in the United States: An Integrative Review. Oncol Nurs Forum. 2017 jan;44(1):E20-E33. Abraído-Lanza AF, Chao MT, Gammon MDBreast and Cervical Cancer Screening Among Latinas and Non-LatinaWhites. Am J Public Health. 2004; 94(8): 1393-8. Ackerson K, Gretebeck K. Factors influencing cancer screening practices of underserved women. J Am Acad Nurse Pract. 2007 nov;19(11):591-601. Ackerman, PL. Predicting individual differences in complex skill acquisition: Dynamics of ability determinants. J Appl Psychol. 1992;7(5): 598–614. Adams EK, Breen N, Joski PJ. Impact of the National Breast and Cervical Cancer Early Detection Program on mammography and Pap test utilization among white, Hispanic, and African American women: 1996-2000. Cancer. 2007 jan;109(2 Suppl):348-58. Adegoke O, Kulasingam S, Virnig B. Cervical cancer trends in the United States: a 35-year population-based analysis. J Womens Health (Larchmt). 2012 oct;21(10):1031-7. Agénor M, Krieger N, Austin SB, Haneuse S, Gottlieb BR. At the intersection of sexual orientation, race/ethnicity, and cervical cancer screening: assessing Pap test use disparities by sex of sexual partners among black, Latina, and white U.S. women. Soc Sci Med. 2014 sept;116:110-8. Akinlotan MA, Weston C, Bolin JN. Individual- and county-level predictors of cervical cancer screening: a multi-level analysis. Public Health. 2018 jul;160:116-24. Alfonsi GA, Datta SD, Mickiewicz T, Koutsky LA, Ghanem K, Hagensee M, et al. Prevalence of high-risk HPV types and abnormal cervical cytology in American Indian/Alaska Native women, 2003-2005. Public Health Rep. 2011 may-jun;126(3):330-7. Amorim VMS, Barros MBA. Equity of access to Pap smears: population-based study in Campinas, São Paulo, Brazil. Rev. bras. epidemiol. 2014;17 Suppl 2:136-49. Amorim VMS, Barros MBA, César CLG, Carandina L, Goldbaum M. Fatores associados à não realização do exame de Papanicolaou: um estudo de base populacional no município de campinas, São Paulo, Brasil. Cad. Saúde Pública. 2006 nov;22(11): 2329-38. Amuta-Jimenez AO, Smith GPA, Brown KK. Patterns and Correlates of Cervical Cancer Prevention Among Black Immigrant and African American Women in the USA: the Role of Ethnicity and Culture. J Cancer Educ. 2020 sept.;29. Amy NK, Aalborg A, Lyons P, Keranen L. Barriers to routine gynecological cancer screening for White and African-American obese women. Int J Obes (Lond). 2006 jan;30(1):147-55. 76 Anaman JA, Correa-Velez I, King J. A survey of cervical screening among refugee and non- refugee African immigrant women in Brisbane, Australia. Health Promot J Austr. 2017 dec;28(3):217-24. Asiedu GB, Breitkopf CR, Breitkopf DM. Perceived risk of cervical cancer among low- income women. J Low Genit Tract Dis. 2014 oct;18(4):304-8. Bansal M, Zhao C. Prevalence of high-risk human papillomavirus in women with abnormal and normal vaginal ThinPrep Papanicolaou cytology. J Low Genit Tract Dis. 2011 apr;15(2):105-9. Baquet C, Ringen K. Health policy: gaps in access, delivery, and utilization of the Pap smear in the United States. Milbank Q. 1987;65 Suppl 2:322-47. Barnholtz-Sloan J, Patel N, Rollison D, Kortepeter K, MacKinnon J, Giuliano A. Incidence trends of invasive cervical cancer in the United States by combined race and ethnicity. Cancer Causes Control. 2009 sept;20(7):1129-38. Barrionuevo-Rosas L, Palència L, Borrell C. ¿Cómo afecta el tipo de seguro de salud a la realización del Papanicolaou en Perú? Rev Panam Salud Publica. 2013;34(6):393–400. Behbakht K, Lynch A, Teal S, Degeest K, Massad S. Social and cultural barriers to Papanicolaou test screening in an urban population. Obstet Gynecol. 2004 dec;104(6):1355- 61. Benard VB, Eheman CR, Lawson HW, Blackman DK, Anderson C, Helsel W, et al. Cervical screening in the National Breast and Cervical Cancer Early Detection Program, 1995-2001. Obstet Gynecol. 2004 mar;103(3):564-71. Benard VB, Lee NC, Piper M, Richardson L. Race-specific results of Papanicolaou testing and the rate of cervical neoplasia in the National Breast and Cervical Cancer Early Detection Program, 1991-1998 (United States). Cancer Causes control. 2001 jan;12(1):61-8. Benjamins MR. Race/ethnic discrimination and preventive service utilization in a sample of whites, blacks, Mexicans, and Puerto Ricans. Med Care. 2012 oct;50(10):870-6. Bhandari NR, Li C. Impact of The Affordable Care Act's Elimination of Cost-Sharing on the Guideline-Concordant Utilization of Cancer Preventive Screenings in the United States Using Medical Expenditure Panel Survey. Healthcare (Basel). 2019;7(1):36. Blake SC, Andes K, Hilb L, Gaska K, Chien L, Flowers L, et al. Facilitators and barriers to cervical cancer screening, diagnosis, and enrollment in Medicaid: experiences of Georgia's Women's Health Medicaid Program enrollees. J Cancer Educ. 2015 mar;30(1):45-52. Bogden JD, Kemp FW, Buse M, Thind IS, Louria DB, Forgacs J, et al. Composition of Tobaccos From Countries With High and Low Incidences of Lung Cancer. I. Selenium, Polonium-210, Alternaria, Tar, and Nicotine. JNCI 1981;66(1):27–31. 77 Bottorff JL, Balneaves LG, Sent L, Grewal S, Browne AJ. Cervical cancer screening in ethnocultural groups: case studies in women-centered care. Women Health. 2001;33(3-4):33- 52. Bouassa RSM, Gubavu C, Veyer D, Robin L, Gravier A, Hocqueloux L, et al. High Prevalence of Cervical High-Risk Human Papillomavirus Harboring Atypical Genotypes in Human Immunodeficiency Virus -Infected and -Uninfected First-Generation Adult Immigrant Women Originating from Sub-Saharan Africa and Living in France. J Immigr Minor Health. 2021 apr;23(2):308-19. Breen N, Wagener DK, Brown M, Davis W, Ballard-Barbash R. Progress in cancer screening over a decade: results of cancer screening from the 1987, 1992, and 1998 National Health Interview Surveys. J Natl Cancer Inst. 2001 nov;93(22):1704-13. Brito EB, Silva ID, Stávale JN, Taromaru E, Menezess RC, Martins SJ. Amerindian women of the Brazilian Amazon and STD. Eur J Gynaecol Oncol. 2006;27(3):279-81. Brown DR, Wilson RM, Boothe MA, Harris CES. Cervical cancer screening among ethnically diverse black women: knowledge, attitudes, beliefs, and practices. J Natl Med Assoc. 2011 aug;103(8):719-28. Buki LP, Jamison J, Anderson CJ, Cuadra AM. Differences in predictors of cervical and breast cancer screening by screening need in uninsured Latino women. Cancer. 2007 oct 1;110(7):1578-85. Burgess DJ, Powell AA, Griffin JM, Partin MR. Race and the validity of self-reported cancer screening behaviors: development of a conceptual model. Prev Med. 2009 feb;48(2):99-107. Buskwofie A, David-West G, Clare CA. A Review of Cervical Cancer: Incidence and Disparities. J Natl Med Assoc. 2020 apr;112(2):229-32. Calys-Tagoe BN, Aheto JMK, Mensah G, Biritwum RB, Yawson AE. Cervical cancer screening practices among women in Ghana: evidence from wave 2 of the WHO study on global AGEing and adult health. BMC Womens Health 2020;20:1-9. Cardin VA, Grimes RM, Jiang ZD, Pomeroy N, Harrell L, Cano P. Low-income minority women at risk for cervical cancer: a process to improve adherence to follow-up recommendations. Public Health Rep. 2001 nov-dec;116(6):608-16. Carter J, Park ER, Moadel A, Cleary SD, Morgan C. Cancer knowledge, attitudes, beliefs, and practices (KABP) of disadvantaged women in the South Bronx. J Cancer Educ. 2002;17(3):142-9. Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Results from the National Breast and Cervical Cancer Early Detection Program, October 31, 1991-September 30, 1993. MMWR Morb Mortal Wkly Rep. 1994 jul 29;43(29):530-4. Cesario SK, Liu F, Gilroy H, Koci A, McFarlane J, Maddoux J. Preventative Health Screening Amongst Women Who Have Experienced Intimate Partner Violence. IJWHR 2015 oct;3(4):184-9. 78 Chan DNS, So WKW. A Systematic Review of the Factors Influencing Ethnic Minority Women's Cervical Cancer Screening Behavior: From Intrapersonalto Policy Level. Cancer Nurs. 2017 nov/dec;40(6):E1-E30. Chang SC, Woo JST, Gorzalka BB, Brotto LA. A questionnaire study of cervical cancer screening beliefs and practices of Chinese and Caucasian mother-daughter pairs living in Canada. WomenS Health. 2010 mar;32(3):254-62. Lambert CLC. Factors influencing cervical cancer screening in women infected with HIV: a review of the literature. J Assoc Nurses AIDS Care. 2013 may-jun;24(3):189-97. Chen HY, Kessler CL, Mori N, Chauhan SP. Cervical cancer screening in the United States, 1993-2010: characteristics of women who are never screened. J Womens Health (Larchmt). 2012 nov;21(11):1132-8. Clark CR, Baril N, Hall A, Kunicki M, Johnson N, Soukup J, et al. Case management intervention in cervical cancer prevention: the Boston REACH coalition women's health demonstration project. Prog Community Health Partnersh. 2011;5(3):235-47. Cohen SS, Palmieri RT, Nyante SJ, Koralek DO, Kim S, Bradshaw P, et al. Obesity and screening for breast, cervical, and colorectal cancer in women: a review. Cancer. 2008 may;112(9):1892-904. Cokkinides VE, Bandi P, Siegel RL, Jemal A. Cancer-related risk factors and preventive measures in US Hispanics/Latinos. CA Cancer J Clin. 2012 nov-dec;62(6):353-63. Coughlin SS, Uhler RJ, Blackman DK. Breast and cervical cancer screening practices among American Indian and Alaska Native women in the United States, 1992-1997. Prev Med. 1999 oct;29(4):287-95. Cowburn S, Carlson MJ, Lapidus JA, DeVoe JE. The association between insurance status and cervical cancer screening in community health centers: exploring the potential of electronic health records for population-level surveillance, 2008-2010. Prev Chronic Dis. 2013 Oct 24;10:E173. Cudjoe J, Nkimbeng M, Turkson-Ocran RA, Commodore-Mensah Y, Han HR. Understanding the Pap Testing Behaviors of African Immigrant Women in Developed Countries: A Systematic Review. J Immigr Minor Health. 2021 aug;23(4):840-56. Dallo FJ, Kindratt TB. Disparities in Vaccinations and Cancer Screening Among U.S.- and Foreign-Born Arab and European American Non-Hispanic White Women. Womens Health Issues. 2015 jan;25(1):56-62. Scarinci IC, Garcia FAR, Kobetz E, Partridge EE, Brandt HM, Bell MC, et al. Cervical cancer prevention: new tools and old barriers. Cancer. 2010 jun;116(11):2531-42. de Quadros CA, Victora CG, da Costa JSD. Coverage and focus of a cervical cancer prevention program in southern Brazil. Rev Panam Salud Publica. 2004 Oct;16(4):223-32. 79 DeLaet DE, Shea S, Carrasquillo O. Receipt of preventive services among privately insured minorities in managed care versus fee-for-service insurance plans. J Gen Intern Med. 2002 jun;17(6):451-7. Del Carmen M, Diaz-Montez T. Disparities and Cervical Cancer. In: Toward the Elimination of Cancer Disparities. New York: Springer; 2009. p. 203-25. Domingues PML. Autoavaliação do estado de saúde de mulheres negras e brancas e fatores associados [dissertação]. Salvador: Universidade Federal da Bahia; 2013. Downs LS, Smith JS, Scarinci I, Flowers L, Parham G. The disparity of cervical cancer in diverse populations. Gynecol Oncol. 2008 may;109(2)Suppl:S22-30. Dubay LC, Lebrun LA. Health, behavior, and health care disparities: disentangling the effects of income and race in the United States. Int J Health Serv. 2012;42(4):607-25. Duelberg SI. Preventive health behavior among black and white women in urban and rural areas. Soc Sci Med. 1992 Jan;34(2):191-8. Dunn TS, Jazbec A, Awad R, Batal H. Papanicolaou screening in an urgent care setting. Am J Obstet Gynecol. 2005 apr;192(4):1084-6. Eggleston KS, Coker AL, Luchok KJ, Meyer TE. Adherence to recommendations for follow- up to abnormal Pap tests. Obstet Gynecol. 2007 Jun;109(6):1332-41. Endeshaw M, Clarke T, Senkomago V, Saraiya M. Cervical Cancer Screening Among Women by Birthplace and Percent of Lifetime Living in the United States. J Low Genit Tract Dis. 2018 Oct;22(4):280-7. Federico C, Alleyn J, Dola C, Tafti S, Galandak J, Jacob C, et al. Relationship among age, race, medical funding, and cervical cancer survival. J Natl Med Assoc. 2010 mar;102(3):199- 205. Fernández-Esquer ME, Espinoza P, Ramirez AG, McAlister AL. Repeated Pap smear screening among Mexican-American women. Health Educ Res. 2003 aug;18(4):477-87. Finney MF, Tumiel-Berhalter LM, Fox C, Jaén CR. Breast and cervical cancer screening for Puerto Ricans, African Americans, and non-Hispanic whites attending inner-city family practice centers. Ethn Dis. Autumn 2006;16(4):994-1000. Flores K, Bencomo C. Preventing Cervical Cancer in the Latina Population. J Womens Health, 2009 dec;18(12):1935-43. Forney-Gorman A, Kozhimannil KB. Differences in Cervical Cancer Screening Between African-American Versus African-Born Black Women in the United States. J Immigr Minor Health. 2016 dec;18(6):1371-7. Fruchter RG, Wright C, Habenstreit B, Remy JC, Boyce JG, Imperato PJ. Screening for cervical and breast cancer among Caribbean immigrants. J Community Health. 1985;10(3):121-35. https://link.springer.com/book/10.1007/978-0-387-89443-0 https://link.springer.com/book/10.1007/978-0-387-89443-0 80 Fuzzell LN, Perkins RB, Christy SM, Lake PW, Vadaparampil ST. Cervical cancer screening in the United States: Challenges and potential solutions for underscreened groups. Prev Med. 2021 mar;144:e106400. Gauss JW, Mabiso A, Williams KP. Pap screening goals and perceptions of pain among black, Latina, and Arab women: steps toward breaking down psychological barriers. J Cancer Educ. 2013 jun;28(2):367-74. Gibson EG, Gage JC, Castle PE, Scarinci IC. Perceived Susceptibility to Cervical Cancer among African American Women in the Mississippi Delta: Does Adherence to Screening Matter? Womens Health Issues. 2019 jan-feb;29(1):38-47. Gilbert TJ, Sugarman JR, Cobb N. Abnormal Papanicolaou smears and colposcopic follow-up among American Indian and Alaska Native women in the Pacific northwest. J Am Board Fam Pract. 1995 may-jun;8(3):183-8. Gotay CC, Wilson ME. Social support and cancer screening in African American, Hispanic, and Native American women. Cancer Pract. 1998 jan-feb;6(1):31-7. Green EH, Freund KM, Posner MA, David MM. Pap smear rates among Haitian immigrant women in eastern Massachusetts. Public Health Rep. 2005 mar-apr;120(2):133-9. Gupta A, Kumar A, Stewart DE. Cervical cancer screening among South Asian women in Canada: the role of education and acculturation. Health Care Women Int. 2002 feb;23(2):123- 34. Halcón LL, Lifson AR, Shew M, Joseph M, Hannan PJ, Hayman CR. Pap test results among low-income youth: prevalence of dysplasia and practice implications. J Obstet Gynecol Neonatal Nurs. 2002 may-jun;31(3):294-304. Hall MB, Vos P, Bess JJ, Reburn KL, Locklear GD, McAlister J, Bell RA. Cervical Cancer Screening Behaviors and Perceptions of Medical Mistrust among Rural Black and White Women. J Health Care Poor Underserved. 2018;29(4):1368-85. Harcourt N, Ghebre RG, Whembolua GL, Zhang Y, Osman SW, Okuyemi KS. Factors associated with breast and cervical cancer screening behavior among African immigrant women in Minnesota. J Immigr Minor Health. 2014 jun;16(3):450-6. Harlan LC, Bernstein AB, Kessler LG. Cervical cancer screening: who is not screened and why? Am J Public Health. 1991 jul;81(7):885-90. Fagan HB, Wender R, Myers RE, Petrelli N. Obesity and Cancer Screening according to Race and Gender, J Obes. 2011; ID 218250. Heberer MA, Komenaka IK, Nodora JN, Hsu CH, Gandhi SG, Welch LE, et al. Factors associated with cervical cancer screening in a safety net population. World J Clin Oncol. 2016 oct;7(5):406-13. 81 Herrera DG, Schiefelbein EL, Smith R, Rojas R, Mirchandani GG, McDonald JA. Cervical Cancer Screeningin the US–Mexico Border Region: A Binational Analysis. Matern Child Health J. 2012 dec; 16 Supl. 2: 298-306. Hewitt M, Devesa S, Breen N. Papanicolaou test use among reproductive-age women at high risk for cervical cancer: analyses of the 1995 National Survey of Family Growth. Am J Public Health. 2002 apr;92(4):666-9. Hsieh HF, Heinze JE, Lang I, Mistry R, Buu A, Zimmerman MA. Violence Victimization, Social Support, and Papanicolaou Smear Outcomes: A Longitudinal Study from Adolescence to Young Adulthood. J Womens Health (Larchmt). 2017 dec;26(12):1340-9. Horner MJ, Altekruse SF, Zou Z, Wideroff L, Katki HA, Stinchcomb DG. U.S. geographic distribution of prevaccine era cervical cancer screening, incidence, stage, and mortality. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev. 2011 apr;20(4):591-9. Hoover K, Koumans EH, Montaño D, Kasprzyk D, Freeman C, Greek A, et al. Access of Black, Hispanic, and nonprivately insured women to liquid-based cytology, human papillomavirus DNA testing, and on-site colposcopy in the United States. J Low Genit Tract Dis. 2009 jan;13(1):17-27. Hoyo C, Ostbye T, Skinner CS, Yarnall KSH, Chowdhary J. Reproducibility of self-reported pap test utilization in middle-aged African-American women. Ethn Dis. Winter 2005;15(1):84-9. Huang AJ, Pérez-Stable EJ, Kim SE, Wong ST, Kaplan CP, Walsh JME, et al. Preferences for human papillomavirus testing with routine cervical cancer screening in diverse older women. J Gen Intern Med. 2008 sept;23(9):1324-9. Hubbell FA, Chavez LR, Mishra SI, Valdez RB. Beliefs about sexual behavior and other predictors of Papanicolaou smear screening among Latinas and Anglo women. Arch Intern Med. 1996 nov;156(20):2353-8. Huguet N, Angier H, Rdesinski R, Hoopes M, Marino M, Holderness, et al. Cervical and colorectal cancer screening prevalence before and after Affordable Care Act Medicaid expansion. Prev Med. 2019 jul; 124:91-7. Ilangovan K, Kobetz E, Koru-Sengul T, Marcus EN, Rodriguez B, Alonzo Y, Carrasquillo O. Acceptability and Feasibility of Human Papilloma Virus Self-Sampling for Cervical Cancer Screening. J Womens Health (Larchmt). 2016 Sep;25(9):944-51. Islami F, Fedewa SA, Jemal A. Trends in cervical cancer incidence rates by age, race/ethnicity, histological subtype, and stage at diagnosis in the United States. Prev Med. 2019 Jun;123:316-23. Jacobs EA, Karavolos K, Rathouz PJ, Ferris TG, Powell LH. Limited English Proficiency and Breast and Cervical Cancer Screening in a Multiethnic Population. Am J Public Health. 2005 aug;95(8):1410–16. 82 Johnston GM, Boyd CJ, MacIsaac MA. Community-based Cultural Predictors of Pap Smear Screening in Nova Scotia. Can J Public Health. 2004 mar; 95(2): 95–98. Jun J, Kim J, Choi M, Heo Y. Cancer Control Continuum in Korean American Community Newspapers: What Is the Association with Source Nationality-US vs. Korea? J Racial Ethn Health Disparities. 2020 dec;7(6):1059-70. Kepka D, Breen N, King JB, Meissner HI, Roland KB, Benard VB, Saraiya M. Demographic factors associated with overuse of Pap testing. Am J Prev Med. 2014 nov;47(5):629-33. King CJ, Chen J, Garza MA, Thomas SB. Breast and cervical screening by race/ethnicity: comparative analyses before and during the Great Recession. Am J Prev Med. 2014 apr;46(4):359-67. Lantz PM, Orians CE, Liebow E, Joe JR, Burhansstipanov L, Erb J,et al. Implementing women's cancer screening programs in American Indian and Alaska Native populations. Health Care Women Int. 2003 sep-oct;24(8):674-96. Lawson HW, Lee NC, Thames SF, Henson R, Miller DS. Cervical cancer screening among low-income women: results of a national screening program, 1991-1995. Obstet Gynecol. 1998 nov;92(5):745-52. Lee, DC., Liang, H., Chen, N, Shi L, Liu Y. Cancer screening among racial/ethnic groups in health centers. Int J Equity Health. 2020;19:1-7. Liao Y, Bang D, Cosgrove S, Dulin R, Harris Z, Taylor A, et al. Surveillance of health status in minority communities - Racial and Ethnic Approaches to Community Health Across the U.S. (REACH U.S.) Risk Factor Survey, United States, 2009. MMWR Surveill Summ. 2011 may;60(6):1-44. Liebermann EJ, VanDevanter N, Hammer MJ, Fu MR. Social and Cultural Barriers to Women's Participation in Pap Smear Screening Programs in Low- and Middle-Income Latin American and Caribbean Countries: An Integrative Review. J Transcult Nurs. 2018 nov;29(6):591-602. Lim JW. Linguistic and ethnic disparities in breast and cervical cancer screening and health risk behaviors among Latina and Asian American women. J Womens Health (Larchmt). 2010 jun;19(6):1097-107. Lin MK, Moskowitz JM, Kazinets G, Ivey SL, Kim YB, McDonnell DD. Adherence to Pap test guidelines: variation among Asians in California. Ethn Dis. Autumn. 2009;19(4):425-32. Lindley LL, Brandt HM, Annang L, Barnett CL, Hardin JW, Burcin M. Receipt of routine gynecological examinations among sexually active female college students in the United States. J Womens Health (Larchmt). 2009 aug;18(8):1195-200. Llanos AAM, Tsui J, Rotter D, Toler L, Stroup AM. Factors associated with high-risk human papillomavirus test utilization and infection: a population-based study of uninsured and underinsured women. BMC Womens Health. 2018 oct;18:1-14. 83 Lofters AK, Moineddin R, Hwang SW, Glazier RH. Does social disadvantage affect the validity of self-report for cervical cancer screening? Int J Womens Health. 2013;5:29-33. Mahas R, Sheu JJ, Singh S, Jordan T, Geers A. Racial/ethnic disparities, body weight, and psychosocial antecedents that predict women's failure to meet Pap test screening national recommendations. Transl Cancer Res. 2016 oct;5 suppl 5: S983-92. Mandelblatt J, Traxler M, Lakin P, Kanetsky P, Kao R Mammography and Papanicolaou smear use by elderly poor black women. The Harlem Study Team. J Am Geriatr Soc. 1992 oct;40(10):1001-7. Mandelblatt J, Traxler M, Lakin P, Kanetsky P, Thomas L, Chauhan P, Matseoane S, Ramsey E. Breast and cervical cancer screening of poor, elderly, black women: clinical results and implications. Harlem Study Team. Am J Prev Med. 1993b may-jun;9(3):133-8. Mandelblatt JS, Yabroff KR, Kerner JF. Equitable access to cancer services: A review of barriers to quality care. Cancer. 1999 dec 1;86(11):2378-90. Mandelblatt J, Traxler M, Lakin P, Kanetsky P, Kao R. Targeting breast and cervical cancer screening to elderly poor black women: who will participate? The Harlem Study Team. Prev Med. 1993a jan;22(1):20-33. Marlow LAV, Waller J, Wardle J. Barriers to cervical cancer screening among ethnic minority women: a qualitative study. J Fam Plann Reprod Health Care. 2015;41(4): 248-54. Martin NZ, Murphy ST, Ball-Rokeach S, Frank LB, Moran MB. Neighborhoods and Perceived Norms: Understanding the Impact of Neighborhoods on Perceived Norms and Cancer Screening. Health Commun. 2019 nov;34(12):1513-23. Martínez-Mesa J, Werutsky G, Campani RB, Wehrmeister FC, Barrios CH. Inequalities in Pap smear screening for cervical cancer in Brazil. Prev Med. 2013 oct;57(4):366-71. Maruthur NM, Bolen SD, Brancati FL, Clark JM. The association of obesity and cervical cancer screening: a systematic review and meta-analysis. Obesity (Silver Spring). 2009 feb;17(2):375-81. Ma'som M, Bhoo-Pathy N, Nasir NH, Bellinson J, Subramaniam S, Ma Y, et al. Attitudes and factors affecting acceptability of self-administered cervicovaginal sampling for human papillomavirus (HPV) genotyping as an alternative to Pap testing among multiethnic Malaysian women. BMJ Open. 2016 aug 4;6(8):e011022. Massad SL, Markwell S, Cejtin HE, Collins Y. Risk of high-grade cervical intraepithelial neoplasia among young women with abnormal screening cytology. J Low Genit Tract Dis. 2005 oct;9(4):225-9. McDougall JA, MadeleineMM, Daling JR, Li CI. Racial and ethnic disparities in cervical cancer incidence rates in the United States, 1992-2003. Cancer Causes Control. 2007 dec;18(10):1175-86. 84 MacLaughlin KL, Jacobson RM, Breitkopf CR, Wilson PM, Jacobson DJ, Fan C, et al.. Trends Over Time in Pap and Pap-HPV Cotesting for Cervical Cancer Screening. J Womens Health (Larchmt). 2019 feb;28(2):244-49. McPhee SJ, Nguyen TT, Shema SJ, Nguyen B, Somkin C, Vo P, et al. Validation of recall of breast and cervical cancer screening by women in an ethnically diverse population. Prev Med. 2002 nov;35(5):463-73. Melo WA, Pelloso SM, Alvarenga A, Carvalho MDB. Fatores associados a alterações do exame citopatológico cérvico-uterino no Sul do Brasil. Rev. Bras. Saude Mater. Infant. 2017 out-dez;17(4):645-52. Merrill RM, Williams EN, Fuhriman H. Risk Behaviors Correlate with Higher Prevalence of Papanicolaou, Human Papillomavirus, and Human Immunodeficiency Virus Screening Among Women in the United States. J Womens Health (Larchmt). 2021 apr;30(4):615-624. Milenkov AR, Felini M, Baker E, Acharya R, Diese EL, Onsa S, et al. Uptake of cancer screenings among a multiethnic refugee population in North Texas, 2014-2018. PloS one 2020;15(3):e0230675. Monnat SM. Race/Ethnicity and the Socioeconomic Status Gradient in Women’s Cancer Screening Utilization: A Case of Diminishing Returns? J Health Care Poor 2014 feb;25(1):332-56. Moodley M, Moodley K. Trends of histopathology of cervical cancer among women in Durban, South Africa. Eur J Gynaecol Oncol. 2009;30(2):145-50. Mouton CP, Carter-Nolan PL, Makambi KH, Taylor TR, Palmer JR, Rosenberg L, et al. Impact of perceived racial discrimination on health screening in black women. J Health Care Poor Underserved. 2010 feb;21(1):287-300. Nadpara PA, Madhavan SS, Khanna R, Smith M, Miller LA. Patterns of cervical cancer screening, diagnosis, and follow-up treatment in a state Medicaid fee-for-service population. Popul Health Manag. 2012 dec;15(6):362-71. Nash D, Chan C, Horowitz D, Vlahov D. Barriers and missed opportunities in breast and cervical cancer screening among women aged 50 and over, New York City, 2002. J Womens Health (Larchmt). 2007 jan-feb;16(1):46-56. Nijhawan AE, Chapin KC, Salloway R, Andrea S, Champion J, Roberts M, et al. Prevalence and predictors of trichomonas infection in newly incarcerated women. Sex Transm Dis. 2012 dec;39(12):973-8. Ngo-Metzger Q, Sharma R, Shi L, Hayashi S, Daly C, Politzer R. Racial/ethnic disparities in hypertension follow-up care of health center patients. In: Society of General Internal Medicine. Annual Meeting Phoenix, 34.; 2011; Arizona. Ogunwale AN, Sangi-Haghpeykar H, Montealegre J, Nosek MA, Jibaja-Weiss M, Anderson ML. Predictors of cervical cancer screening among women receiving care in a safety-net health system. Prev Res. 2015 oct;24(10)suppl:9-12. 85 Oliveira MV, Guimarães MDC, França EB. Fatores associados a não realização de Papanicolau em mulheres quilombolas. Ciênc. saúde Coletiva. 2014 nov:19(11):4535-44. Olusola P, Ousley K, Ndetan H, Singh KP, Banerjee HN, Dasgupta S. Cervical Cancer Prevention in Racially Disparate Rural Populations. Medicines (Basel). 2019 sep 4;6(3):93. O'Malley AS, Mandelblatt J, Gold K, Cagney KA, Kerner J. Continuity of care and the use of breast and cervical cancer screening services in a multiethnic community. Arch Intern Med. 1997 jul;157(13):1462-70. Padela AI, Peek M, Johnson-Agbakwu CE, Hosseinian Z, Curlin F. Associations between religion-related factors and cervical cancer screening among Muslims in greater chicago. J Low Genit Tract Dis. 2014 oct;18(4):326-32. Parham GP, Shaver M, Brown P, Zumwalt T, Salem F, Savage EW. Significance of a first- time atypical Papanicolaou smear in a young, high-risk African-American and Latino- American population. J Natl Med Assoc. 1994 apr;86(4):273-7. Paskett ED, Tatum CM, D'Agostino R Jr, Rushing J, Velez R, Michielutte R, Dignan M. Community-based interventions to improve breast and cervical cancer screening: results of the Forsyth County Cancer Screening (FoCaS) Project. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev. 1999 may;8(5):453-9. Patel NR, Rollison DE, Barnholtz-Sloan J, Mackinnon J, Green L, Giuliano AR. Racial and ethnic disparities in the incidence of invasive cervical cancer in Florida. Cancer. 2009 sept115(17):3991-4000. Pearlman DN, Rakowski W, Ehrich B, Clark MA. Breast cancer screening practices among black, Hispanic, and white women: reassessing differences. Am J Prev Med. 1996 sept- oct;12(5):327-37. Peragallo NP, Alba ML, Tow B. Cervical Cancer Screening Practices Among Latino Women in Chicago. Public Health Nurs. 2007 aug;14(4):251-5. Raj Bhandari N, Li C. PHS81: Impact of the Affordable Care Act (ACA)’s Elimination of Cost-sharing Provision on the Guideline-recommended Cancer Preventive Screenings in the United State. Value in Health. 2018;21 supp. 1. Ralston JD, Taylor VM, Yasui Y, Kuniyuki A, Jackson JC, Tu SP. Knowledge of cervical cancer risk factors among Chinese immigrants in Seattle. J Community Health. 2003 feb;28(1):41-57. Rauscher GH, Johnson TP, Cho YI, Walk JA. Accuracy of self-reported cancer-screening histories: a meta-analysis. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev. 2008 apr;17(4):748-57. Resnick B, McLeskey SW. Cancer screening across the aging continuum. Am J Manag Care. 2008 may;14(5):267-76. 86 Reungwetwattana T, Molina JR, Ziegenfuss JY. Factors and trends in cancer screening in the United States from 2004 to 2010. J Clin Oncol 2012;30 suppl 15. Richards LA, Klemm P. An inpatient cervical cancer screening program to reach underserved women. J Obstet Gynecol Neonatal Nurs. 2000 sept-oct;29(5):465-73. Risendal B, DeZapien J, Fowler B, Papenfuss M, Giuliano A. Pap smear screening among urban Southwestern American Indian women. Prev Med. 1999 dec;29(6):510-8. Rodríguez MA, Ward LM, Pérez-Stable EJ. Breast and cervical cancer screening: impact of health insurance status, ethnicity, and nativity of Latinas. Ann Fam Med. 2005 may- jun;3(3):235-41. Rojas C, Zhou MK, Khamis HJ, Amesse L. Analysis of patterns of patient compliance after an abnormal Pap smear result: the influence of demographic characteristics on patient compliance. J Low Genit Tract Dis. 2013 jul;17(3):298-302. Sá RL, Rodrigues YA, Oliveira E, Britto MHM. Mortalidade por neoplasia maligna do colo do útero no estado do Maranhão: perfil epidemiológico e tendência. Res Soc Develop. 2020;9(4):13942876. Sambamoorthi U, McAlpine DD. Racial, ethnic, socioeconomic, and access disparities in the use of preventive services among women. Prev Med. 2003 nov;37(5):475-84. Satter DE, Seals BF, Chia YJ, Gatchell M, Burhansstipanov L. American Indians and Alaska Natives in California: women's cancer screening and results. J Cancer Educ. 2005;20 Suppl 1:58-64. Santos DS. Fatores associados a não realização do exame preventivo papanicolaou: uma revisão [monografia]. Brasília: Universidade de Brasília; 2013. Sauer AG, Siegel RL, Jemal A, Fedewa SA. Current Prevalence of Major Cancer Risk Factors and Screening Test Use in the United States: Disparities by Education and Race/Ethnicity. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev. 2019 apr;28(4):629-42. Seo M, Langabeer II JR. Determinants of Potentially Unnecessary Cervical Cancer Screenings in American Women. J Prev Med Public Health. 2018 jul;51(4):181-7. Shafer MA, Beck A, Blain B, Dole P, Irwin CE, Sweet R, Schachter J. Chlamydia trachomatis: important relationships to race, contraception, lower genital tract infection, and Papanicolaou smear. J Pediatr. 1984 jan;104(1):141-6. Shenson D, Bolen J, Adams M. Receipt of preventive services by elders based on composite measures, 1997-2004. Am J Prev Med. 2007Jan;32(1):11-8. Shi L, Stevens GD. Vulnerability and the receipt of recommended preventive services: the influence of multiple risk factors. Med Care. 2005 feb;43(2):193-8. Silva KC, Rosa MLG, Moyse N, Afonso LA, Oliveira LHS, Cavalcanti SMB. Risk factors associated with human papillomavirus infection in two populations from Rio de Janeiro, Brazil. Mem. Inst. Oswaldo Cruz 2009 sep;104(6):885-91. 87 Smith JS. Ethnic disparities in cervical cancer illness burden and subsequent care: a prospective view in managed care. Am J Manag Care. 2008 Jun;14 Suppl ):S193-9. Somkin CP, McPhee SJ, Nguyen T, Stewart S, Shema SJ, Nguyen B, Pasick R. The effect of access and satisfaction on regular mammogram and Papanicolaou test screening in a multiethnic population. Med Care. 2004 sept;42(9):914-26. Soto-De Leon S, Camargo M, Sanchez R, Munoz M, Perez-Prados A, Purroy A, et al. Distribution patterns of infection with multiple types of human papillomaviruses and their association with risk factors. PLoS One. 2011 feb;6(2):e14705. Suarez L, Nichols DC, Brady CA. Use of peer role models to increase Pap smear and mammogram screening in Mexican-American and black women. Am J Prev Med. 1993 sep- oct;9(5):290-6. Subramaniam A, Fauci JM, Schneider KE, Whitworth JM, Erickson BK, Kim K, et al. Invasive cervical cancer and screening: what are the rates of unscreened and underscreened women in the modern era? J Low Genit Tract Dis. 2011 apr;15(2):110-3. Sung HY, Kearney KA, Miller M, Kinney W. Papanicolaou Smear History and Diagnosis of Invasive Cervical Carcinoma Among Members of a Large Prepaid Health Plan. Cancer. 2000;88(10):2283-9. Şuteu O, Blaga ML, Nygård M, Leinonen MK, Nicula F, Păiş R, et al. Prevalence of positive screening test results and agreement between cytology and human papillomavirus testing in primary cervical cancer screening in North-Western Romania. Eur J Cancer Prev. 2020 mar;29(2):141-8. Tangka FK, Howard DH, Royalty J, Dalzell LP, Miller J, O'Hara BJ, et al. Cervical cancer screening of underserved women in the United States: results from the National Breast and Cervical Cancer Early Detection Program, 1997-2012. Cancer Causes Control. 2015 may;26(5):671-86. Tangka FK, O'Hara B, Gardner JG, Turner J, Royalty J, Shaw K, et al. Meeting the cervical cancer screening needs of underserved women: the National Breast and Cervical Cancer Early Detection Program, 2004-2006. Cancer Causes Control. 2010 jul;21(7):1081-90. Taylor VM, Jackson JC, Tu SP, Yasui Y, Schwartz SM, Kuniyuki A, et al. Cervical cancer screening among Chinese Americans. Cancer Detect Prev. 2002;26(2):139-45. Taylor VM, Nguyen TT, Jackson JC, McPhee SJ. Cervical cancer control research in Vietnamese American communities. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev. 2008 nov;17(11):2924-30. Taylor VM, Yasui Y, Nguyen TT, Woodall E, Do HH, Acorda E, et al. Pap smear receipt among Vietnamese immigrants: the importance of health care factors. Ethn Health. 2009 dec;14(6):575-89. 88 Thompson CA, Gomez SL, Chan A, Chan JK, McClellan SR, Chung S, et al. Patient and provider characteristics associated with colorectal, breast, and cervical cancer screening among Asian Americans. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev. 2014 nov;23(11):2208-17. Ting YH, Tse HY, Lam WC, Chan KS, Leung TY. The pattern of cervical smear abnormalities in marginalised women in Hong Kong. Hong Kong Med J. 2017 feb;23(1):28- 34. Todorova I, Baban A, Alexandrova-Karamanova A, Bradley J. Inequalities in cervical cancer screening in Eastern Europe: perspectives from Bulgaria and Romania. Int J Public Health. 2009;54(4):222-32. van Leeuwen AWFM, de Nooijer P, Hop WCJ. Screening for cervical carcinoma. Cancer. 2005 oct 25;105(5):270-6. Vermeulen CF, Grünberg A, Peters LAW, van der Linden-Narain IBS, Vrede MA, Krul EJ, et al. Ethnic patterns of cytologic abnormalities in cervical smears in suriname, a high-risk area for cervical cancer. Acta Cytol. 2006 nov-dec;50(6):621-6. Wain G, Morrell S, Taylor R, Mamoon H, Bodkin N. Variation in cervical cancer screening by region, socio-economic, migrant and indigenous status in women in New South Wales. Aust N Z J Obstet Gynaecol. 2001 aug;41(3):320-5. Waller J, Marlow LAV, Wardle J. Anticipated shame and worry following an abnormal Pap test result: the impact of information about HPV. Prev Med. 2009 may;48(5):415-9. Wang JH, Sheppard VB, Schwartz MD, Liang W, Mandelblatt JS. Disparities in cervical cancer screening between Asian American and Non-Hispanic white women. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev. 2008 aug;17(8):1968-73. Wang SS, Sherman ME, Hildesheim A, Lacey Jr JV, Devesa S. Cervical adenocarcinoma and squamous cell carcinoma incidence trends among white women and black women in the United States for 1976-2000. Cancer. 2004 mar;100(5):1035-44. Watson M, Benard V, Thomas C, Brayboy A, Paisano R, Becker T. Cervical cancer incidence and mortality among American Indian and Alaska Native women, 1999-2009. Am J Public Health. 2014 jun;104 Suppl 3(Suppl 3):S415-22. Wee CC, Phillips RS, McCarthy EP. BMI and cervical cancer screening among white, African-American, and Hispanic women in the United States. Obes Res. 2005 Jul;13(7):1275- 80. Wharam JF, Zhang F, Xu X, Landon BE, Ross-Degnan D. National trends and disparities in cervical cancer screening among commercially insured Women, 2001-2010. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev. 2014 nov;23(11):2366-73. White MC, Shoemaker ML, Benard VB. Cervical Cancer Screening and Incidence by Age: Unmet Needs Near and After the Stopping Age for Screening. Am J Prev Med. 2017 sept;53(3):392-95. 89 Whop LJ, Cunningham J, Condon JR. How well is the National Cervical Screening Program performing for Indigenous Australian women? Why we don't really know, and what we can and should do about it. Eur J Cancer Care (Engl). 2014 nov;23(6):716-20. Williams KP, Reiter P, Mabiso A, Maurer J, Paskett E. Family history of cancer predicts Papanicolaou screening behavior for African American and white women. Cancer. 2009 jan;115(1):179-89. Williams M, Kuffour G, Ekuadzi E, Yeboah M, ElDuah M, Tuffour P. Assessment of psychological barriers to cervical cancer screening among women in Kumasi, Ghana using a mixed methods approach. Afr Health Sci. 2013 dec;13(4):1054-61. Williams M, Moneyham L, Kempf MC, Chamot E, Scarinci I. Structural and sociocultural factors associated with cervical cancer screening among HIV-infected African American women in Alabama. AIDS Patient Care STDS. 2015 jan;29(1):13-9. Wong QC, Collins R, Kalkstein K, Roth A, Gintautas J. Cervical cancer screening among elderly urban women in a primary care setting. Proc West Pharmacol Soc. 2005;48:154-6. Xiong GL, Iosif AM, Suo S, Mccarron RM, Koike A, Onate J, et al. Understanding preventive health screening services use in persons with serious mental illness: how does integrated behavioral health primary care compare? Int J Psychiatry Med. 2015;48(4):279-98. Yang DX, Soulos PR, Davis B, Gross CP, Yu JB. Impact of Widespread Cervical Cancer Screening: Number of Cancers Prevented and Changes in Race-specific Incidence. Am J Clin Oncol. 2018 Mar;41(3):289-94. Yeo C, Fang H, Thilagamangai, Koh SSL, Shorey S. Factors affecting Pap smear uptake in a maternity hospital: A descriptive cross-sectional study. J Adv Nurs. 2018 nov;74(11):2533- 43. Yoo W, Kim S, Huh WK, Dilley S, Coughlin SS, Partridge EE, Chung Y, Dicks V, Lee JK, Bae S. Recent trends in racial and regional disparities in cervical cancer incidence and mortality in United States. PLoS One. 2017 feb 24;12(2):e0172548. Zhan FB, Lin Y. Racial/Ethnic, socioeconomic, and geographic disparities of cervical cancer advanced-stage diagnosis in Texas. Womens Health Issues.2014 sept-oct;24(5):519-27. d38919054fe209c92b999b8b3ba14a3792e3839bceb95d56c6f6e3848acd61e7.pdf 97a2e96780d8e71660d6325f10f792484f247386f1af3962c7432e4d503a4c82.pdf d38919054fe209c92b999b8b3ba14a3792e3839bceb95d56c6f6e3848acd61e7.pdf