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0 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS CURSO DE ADMINISTRAÇÃO YASMIN NOBRE SACUTE ANÁLISE DO PADRÃO DE CONSUMO CONCERNENTE AOS MODELOS DE NEGÓCIO SUSTENTÁVEIS PRODUTORES DE COSMÉTICOS NATAL/ RN 2019 1 YASMIN NOBRE SACUTE ANÁLISE DO PADRÃO DE CONSUMO CONCERNENTE AOS MODELOS DE NEGÓCIO SUSTENTÁVEIS PRODUTORES DE COSMÉTICOS Projeto de Monografia apresentado ao Curso de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial obtenção de título de bacharel em administração. Orientadora: Professora Carolina de Sousa Martins Melo. NATAL/ RN 2019 2 3 YASMIN NOBRE SACUTE ANÁLISE DO PADRÃO DE CONSUMO CONCERNENTE AOS MODELOS DE NEGÓCIO SUSTENTÁVEIS PRODUTORES DE COSMÉTICOS Monografia apresentada à banca do curso de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, composta pelos seguintes membros: Aprovada em: ___/____/______ Professora Carolina de Sousa Martins Melo Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN Orientadora Professora Aline Gehlen Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN Membro Professora Jeanne Teixeira Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN Membro 4 DEDICATÓRIA À minha amada mãe, Sueny. Sem você nada eu seria nesta vida. Obrigada por todas as lições que graduação nenhuma jamais me ensinaria. À minha avó, Romana, que sempre esteve presente nos bons e maus momentos. Aos meus familiares, Brendha, Tia Dayse e Pai, pelas palavras de incentivo e por acreditarem sempre no meu potencial. Aos meus professores e mestres, que edificaram meus conhecimentos técnicos e auxiliaram na minha formação como ser humano íntegro e ético. 5 RESUMO A responsabilidade sobre os atos de consumo atrelados à sustentabilidade, têm se tornado aspectos cada vez mais relevantes, como um todo, na sociedade atual. Visto isso, esta pesquisa teve seu cerne em identificar os fatores que levam uma pessoa a praticar o consumo sustentável no ramo de cosméticos. Abordando desde as dimensões históricas do consumo, até como é a relação atual do mercado para com a sociedade. Para averiguar o atual padrão de consumo dos modelos de negócio de cosméticos sustentáveis, a pesquisa foi estruturada sendo de natureza aplicada, objetivo descritivo e abordagem quantitativa. Para obtenção de informações a fim de contemplar os objetivos de pesquisa foi aplicado um questionário com uma amostra de 65 respondentes. Onde, de acordo com os dados tabulados, foi possível identificar fatores que influenciam positivamente e negativamente para o consumo do tipo de produto especificado. Alguns desses, abordados diretamente por esta pesquisa, como: Saúde; preocupação ambiental; qualidade do produto; reputação da empresa; preço dos produtos e influência de terceiros. Palavras-chave: Consumo sustentável; Cosméticos sustentáveis; Fatores; Padrão de consumo. 6 ABSTRACT The responsibility about consumption and sustainability has began a relevant aspect in our society. Seen this, this research kept focus on identify the relatives that make people buy sustainable cosmetic. Approaching about the consumption’s history, until how is the current relationship between the market and the consumers. To find out the actual consumption pattern about sustainable business model, this research was built by applied nature, descriptive purpose and quantitative approach. To get information in order to achieve the survey goals, a questionnaire was applied with a sample of 65 participants. Which, according to the calculated data, it was possible to identify the factors that induce positively and negatively the sustainable cosmetics consumption. Some of these were previously discussed by this research, like: Healthy; Environmental concern; Product quality; Company reputation; Product price and Influence by others. Keywords: Sustainable consumption; Sustainable cosmetics; Factors; Consumption pattern. 7 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ABIHPEC - Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos; ONU - Organização das Nações Unidas; UNCHE - United Nations Conference on the Human Environment; UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo; IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada; Sebrae - Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa; Anvisa - Agência Nacional de Vigilância Sanitária; ANEEL - Agência Nacional de Engenharia Elétrica; IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais; BPM - Business Process Management; PDCA - Plan, Do, Check, Action; USP - Universidade de São Paulo; ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas; SPA - Serviço Personalizado de Atendimento; 8 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Dimensões do desenvolvimento sustentável ............................................ 22 Quadro 2: Tempo médio de decomposição de materiais. ......................................... 23 Quadro 3: Fatores influenciadores do consumo sustentável. .................................... 28 Quadro 4: Ações sustentáveis na indústria de cosméticos ....................................... 33 9 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Pilares da sustentabilidade ........................................................................ 21 Figura 2: Ciclo PDCA ................................................................................................ 26 Figura 3: Motivação para ações sustentáveis ........................................................... 32 10 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Abordagem das afirmativas de pesquisa ................................................... 37 Tabela 2: Afirmativas relativas à saúde. .................................................................... 41 Tabela 3: Dados relativos ao fator saúde. ................................................................. 43 Tabela 4: Afirmativas relativas à preocupação ambiental. ........................................ 44 Tabela 5: Dados relativos ao fator de preocupação ambiental. ................................. 46 Tabela 6: Afirmativas relativas à qualidade dos produtos. ........................................ 46 Tabela 7: Dados relativos ao fator de qualidade do produto. .................................... 47 Tabela 8: Afirmativa relativa à reputação da empresa. ............................................. 48 Tabela 9: Dados relativos ao fator de reputação da empresa. .................................. 49 Tabela 10: Afirmativa relativa ao preço do produto. .................................................. 49 Tabela 11: Dados relativos ao fator preço do produto. .............................................. 50 Tabela 12: Afirmativa relativa à influência de terceiros. ............................................ 51 Tabela 13: Dados relativos ao fator influência de terceiros. ...................................... 51 Tabela 14: Ordem de relevância dos fatores que influenciam o consumo de cosméticos sustentáveis............................................................................................52 Tabela 15: Concordância dos respondentes sobre os fatores que contribuem para compra de cosméticos sustentáveis. ......................................................................... 53 Tabela 16: Opinião dos respondentes sobre os fatores que dificultam a compra de cosméticos sustentáveis............................................................................................ 53 11 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1: Gráfico referente ao gênero dos respondentes......................................... 38 Gráfico 2: Gráfico referente a idade dos respondentes. ............................................ 39 Gráfico 3: Gráfico referente ao nível de escolaridade dos respondentes. ................. 39 Gráfico 4: Gráfico referente a renda mensal média dos respondentes. .................... 40 Gráfico 5: Gráfico referente ao gasto médio mensal com produtos cosméticos dos respondentes. ............................................................................................................ 40 Gráfico 6: Referente a relevância para os respondentes sobre a composição e ingredientes dos cosméticos. .................................................................................... 41 Gráfico 7: Referente a preferência dos respondentes por cosméticos formulados com ingredientes de origem vegetal. ................................................................................ 42 Gráfico 8: Referente a preferência do respondente por cosméticos orgânicos ou naturais por questões de saúde. ............................................................................... 42 Gráfico 9: Referente a relevância da presença de metais pesados na composição de um cosmético para o respondente. ........................................................................... 43 Gráfico 10: Referente a preferência dos respondentes quanto a compra de cosméticos não testados em animais, independente do preço. ................................ 44 Gráfico 11: Referente a preferência dos respondentes quanto aos cosméticos que não prejudiquem o meio ambiente. ........................................................................... 45 Gráfico 12: Referente a preferência dos respondentes por cosméticos que utilizam embalagens recicláveis ou biodegradáveis. .............................................................. 45 Gráfico 13: Referente a preferência do respondente por cosméticos sustentáveis pela sua qualidade superior. ..................................................................................... 47 Gráfico 14: Referente compra de cosmético por padrões de qualidade observados pelo respondente. ...................................................................................................... 47 Gráfico 15: Referente a influência da reputação da empresa na decisão de compra do respondente. ........................................................................................................ 48 Gráfico 16: Referente a relevância do preço de venda dos cosméticos na decisão de compra do respondente............................................................................................. 50 Gráfico 17: Referente a influência de terceiros na decisão de compra de um cosmético para o respondente. ................................................................................. 51 12 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 13 1.1 OBJETIVO GERAL............................................................................. 14 1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .............................................................. 15 1.3 JUSTIFICATIVA ................................................................................. 15 2 REVISÃO DA LITERATURA ..................................................................... 17 2.1 CONSUMO ......................................................................................... 17 2.2 SUSTENTABILIDADE ........................................................................ 20 2.2.1 Consumo sustentável ................................................................... 23 2.3 INDÚSTRIA DA BELEZA ................................................................... 29 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ................................................. 35 3.1 NATUREZA DA PESQUISA ............................................................... 35 3.2 DEFINIÇÃO DE AMOSTRAGEM ....................................................... 35 3.3 COLETA DE DADOS ......................................................................... 36 3.4 ANÁLISE DOS RESULTADOS .......................................................... 37 4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS........................................ 37 4.1 PADRÃO SOCIAL DOS ENTREVISTADOS ...................................... 38 4.2 SAÚDE ............................................................................................... 41 4.3 PREOCUPAÇÃO AMBIENTAL .......................................................... 44 4.4 QUALIDADE DOS PRODUTOS ......................................................... 46 4.5 REPUTAÇÃO DA EMPRESA ............................................................. 48 4.6 PREÇO DOS PRODUTOS ................................................................. 49 4.7 INFLUÊNCIA DE TERCEIROS .......................................................... 50 4.8 PANORAMA GERAL DOS FATORES ............................................... 52 4.9 PERGUNTAS ABERTAS ................................................................... 52 5 CONCLUSÃO ........................................................................................... 55 REFERÊNCIAS .............................................................................................. 58 ANEXOS E APÊNDICES ................................................................................ 64 13 1 INTRODUÇÃO Alterações ligadas a sustentabilidade, efetuadas em qualquer ponto da escala produtiva e de vida de um produto já são consideradas grandes avanços em termos ecológicos. Na responsabilidade pós-consumo, de 2017 para 2018, houve um aumento de 30% em relação a destinação de embalagens para reciclagem (ABIHPEC, 2018), fato que aponta a nova percepção do consumidor e das empresas para com suas atitudes de compra e oferta, respectivamente, como atos concernentes ao meio ambiente. Desde a revolução industrial a relação da sociedade com a satisfação das suas demandas vem mudando cada vez mais rápido. Nessa marcante época da história, os grandes produtores passaram a trabalhar com metais pesados, derivados do petróleo, motor a combustão e a grande invenção da locomotiva. Fatos que mudaram a trajetória da humanidade. Ainda seguidos da II Guerra Mundial, quando o seu fim (em 1945) culminou em uma explosão de produção para reconstrução dos países envolvidos e a disseminação do conceito do “American Dream” (James Truslow, 2017), que mencionava uma vida plena a partir do consumo exacerbado, aliado ao início da globalização. Em seguida, a era da informação passa a ser associada ao mundo globalizado, possibilitando a facilidade na importação e exportação de produtos, aumentando ainda mais o consumo. Entretanto fomos surpreendidos pelo aumento dos desastres naturais e da temperatura do planeta terra. A partir desse ponto, algumas preocupações começam a surgir e ser compartilhadas por institutos e organizações de autoridade, como por exemplo a ONU (Organização das Nações Unidas). Esta, iniciou o debate sobre tais acontecimentos na Conferência de Estocolmo, em 1972, onde a pauta principal discutia a exploração de recursos naturais (ONU, 2019) e a partir desse momento tornou-se um assunto de interesse internacional. Dessa forma, o conceito de sustentabilidade foi amplamentediscutido em diversas esferas da comunidade. Reuniões, com a participação de estudiosos, autoridades políticas e empresários de diversos nichos de mercado, passaram a se tornar comuns para discutir o curso e as medidas que poderiam amenizar a situação de degradação ambiental, na qual já nos encontrávamos. Desenvolvendo, com o 14 decorrer desses estudos e discussões, novos fundamentos e conceitos importantes, como: Os três pilares da sustentabilidade (John Elkington, 1994); os tipos de consumo existentes e alternativas de sustentabilidade aplicadas ao modelo de negócio (Kurtz, 2010). E a partir desta nova perspectiva, este estudo teve o intuito de pesquisar sobre a essência do comportamento do consumidor, quanto às suas mudanças nos hábitos de compra, no nicho de cosméticos sustentáveis. Atualmente, fazer do ato de compra mais do que uma simples escolha é uma característica do consumidor sustentável. Esse indivíduo se preocupa, além do preço e qualidade, com a não agressão ao ambiente e a utilização do produto do seu uso ao seu descarte (Portilho, 2005). Apontando, assim, um considerável potencial de crescimento para este nicho de mercado (ABIHPEC, 2015). Acompanhando a rápida mudança estabelecida no comportamento do consumidor, este mercado apresenta possibilidades de inovação e desenvolvimento promissoras. Considerando o culto ao corpo como algo evidentemente histórico, desde o antigo Egito ao modernismo atual, incorporado a nossa cultura. Dessa forma, abordando conceitos de consumo, sustentabilidade, consumo sustentável e da indústria de cosméticos. Trazendo considerações relevantes, evidenciando os temas, desenvolvidos nesta pesquisa, podemos antecipar que houve uma ampla abordagem, para que os dados coletados na aplicação do questionário pudessem ser compreendidos da melhor maneira possível. Podendo responder ao questionamento: Quais fatores levam uma pessoa a praticar o consumo sustentável no ramo de cosméticos? 1.1 OBJETIVO GERAL Identificar os fatores que levam uma pessoa a praticar o consumo sustentável no ramo de cosméticos. 15 1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS a) Verificar se a preocupação com a saúde pessoal e a qualidade do produto influenciam na compra de cosméticos sustentáveis; b) Compreender se a preocupação ambiental e a reputação da empresa influenciam na compra de cosméticos sustentáveis; c) Investigar se o preço dos produtos e a influência de terceiros afeta a compra de cosméticos sustentáveis; 1.3 JUSTIFICATIVA De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC), há uma tendência mundial de buscar a viabilização de variações sustentáveis para os produtos nos próximos anos. Apontando o foco para as pequenas empresas, que estão, cada vez mais, surgindo no setor de cosméticos. Neste cenário de mudanças e adequações, o mercado se mostra promissor aos modelos de negócio menos nocivos ao ambiente. Este trabalho científico tem como propósito principal estabelecer uma correlação, entre o padrão de consumo estabelecido pelos compradores e o novo modelo de negócio sustentável aplacado pela indústria da beleza, estruturada em dados, usando uma metodologia de pesquisa quantitativa e análise de resultados. Trazendo uma contribuição para o âmbito teórico, a fim de aumentar a discussão sobre o tema, com uma perspectiva diferente. Sendo assim, relevante para o âmbito econômico, pois a pesquisa traz as análises relativas ao padrão de consumo do setor de cosméticos, como já citado anteriormente. O que auxilia os administradores atuantes no mercado a tomarem decisões, baseando-se no comportamento assumido pelos consumidores daquele nicho, de acordo com os resultados alcançados. Incorporando também um maior aporte científico para pesquisas relacionadas aos modelos de negócio sustentáveis. Tendo em vista que essa é uma novidade no mercado atual, mas que vem tomando proporções de amplo impacto para sociedade e, ainda melhor, cativando cada vez mais consumidores engajados de diversas formas. Além do interesse pessoal, em empreender neste setor que de acordo com as pesquisas, após uma pequena recessão em 2015, com faturamento de R$ 42,6 bilhões (ABIHPEC, 2016), o setor já está se recuperando. Gerando até uma alta de 16 4,3% na geração de empregos atualmente (ABIHPEC, 2019). Tendo o Brasil uma ampla extensão territorial e com flora riquíssima, com a média de 46.718 espécies contabilizadas (Reflora, 2019), é possível observar o grande potencial do país com relação a nichos de mercados que envolvam a possibilidade sustentável como seu cerne. Tornando o mercado promissor e o interesse latente. 17 2 REVISÃO DA LITERATURA Tendo em vista as grandes mudanças que vêm sendo percebidas no âmbito global, podemos afirmar que o consumo consciente junto aos demais cuidados para com o planeta são considerados aspectos importantes para nossa sobrevivência. Dessa forma, este estudo traz discussões sobre: consumo; sustentabilidade; consumo sustentável; e indústria de cosméticos. A fim de desenvolver um posicionamento mais criterioso, considerando a relação destes tópicos. 2.1 CONSUMO Segundo o dicionário Aurélio (2010) um significado abrangente para o substantivo consumo, caracterizado como ação de consumir, de gastar, despesa. Mas destrinchando o princípio dos hábitos de consumo, podemos perceber que a influência neste determinado comportamento se estabeleceu há anos. Desde o século XVIII, quando a Inglaterra foi precursora da chamada Primeira Revolução Industrial, onde as produções artesanais para escambo e consumo próprio foram gradativamente substituídas por manufaturas, obteve-se o primeiro modelo de produção em maior escala e hierarquia de trabalho industrial. Em sequência, potencializando os efeitos desta primeira etapa, países como França, Alemanha, Rússia e Itália, ampliaram os horizontes de produção e passaram a trabalhar com metais pesados e derivados do petróleo. Além do surgimento do motor a explosão e da locomotiva, que viriam perpetuar conhecida como segunda etapa da Revolução Industrial. O principal argumento da história da civilização material é a relação dos homens com as coisas e os objetos. Ele deve levar em conta o processo de contestação nascido com a passagem de uma civilização da raridade da economia estacionária à do desenvolvimento e da abundância. O século XX que termina ainda não cessou de descobrir o dilema do progresso. Do confronto do mundo ocidental com as civilizações tradicionais nasce uma imensa responsabilidade: o objeto de consumo, o próprio desenvolvimento, foram ao mesmo tempo a sorte e o fardo do homem branco. (ROCHE; DANIEL, 2000, p. 17) Após estes eventos, devemos observar também a influência da II Guerra Mundial para o padrão de consumo que se estabeleceria. Foi um período onde houve grandes avanços nas indústrias convencionais (alimentos, vestuário, armamento, automobilística, náutica, entre outras) e inovações nas áreas de 18 tecnologia. Tendo em vista o senso de urgência estabelecido pela situação, os progressos aconteciam quase que diariamente, visando sempre o combate. Entretanto, a maior parte, dos produtos e das descobertas feitas neste período ainda faz parte da nossa rotina, seja de maneira aperfeiçoada ou ainda com a mesma utilidade atribuída durante a guerra. Agregado ao desenvolvimento durante a guerra houve também um aumento exponencial da produção no período após a guerra. Pois os países derrotados e até alguns países que mesmo vencedores foram destruídos durante bombardeios e ataques com tropas, precisavam se reerguer, construindo novamente suas cidades e proporcionando meios de sobrevivência para a população. Com a vitória dos Aliados naII Guerra Mundial, em 1945, aconteceu a perpetuação de um conceito que já era trabalhado desde 1931 o “American Dream” passou a ser incorporado de maneira profunda na vida dos cidadãos americanos, formando uma geração pautada pelo valor de seus bens materiais. O historiador James Truslow (2017) definiu, em seu livro “The epic of America”, o conceito de “American Dream” como uma vida melhor, mais rica e mais completa para todos, com oportunidades para todos baseado em habilidades e conquistas individuais. Este conceito foi não só perpetuado nos EUA, como passou a se propagar por todo o mundo e a sociedade, que já caminhava num aumento da aquisição de bens, passou a ansiar por inovações para substituição de produtos. Consequentemente, com o aumento da demanda em diversos setores, a produção só cresceu e por várias décadas a sociedade do consumo – termo usado para referência à sociedade contemporânea do pós-guerra segundo Barbosa (2010) – foi cada dia mais incentivada a continuar e propagar seus costumes. Segundo Coutinho (1995), a globalização é o momento mais evoluído do decurso da internacionalização, sendo observada os efeitos de forte aceleração tecnológica, a rápida disseminação dos novos padrões de produção e gestão e uma maior concentração dos mercados dentro dos blocos regionais. Sendo assim, devido ao fenômeno da globalização se tornando parte do cotidiano de toda sociedade, as indústrias se estabelecendo em vários polos diferentes, o desejo de consumo se expandiu por diversas nações. Passou a se tornar cada vez mais comum e viável a importação e exportação de produtos. Desde os que serviam para atender as necessidades básicas de um ser humano, como matérias-primas e alimentos, até os 19 desejos mais supérfluos dos consumidores. Fato que culminou no período de consumo mais caótico já estabelecido. Com a propagação dessas ideias consumistas e o desencadeamento de uma forte onda de aquisição de bens, houve, por consequência, o descarte de materiais ainda servíveis e sem danos. Sem a devida orientação estes descartes começaram a ser realizados de maneira equivocada, pois não havia preocupação sobre a manutenção dos recursos naturais extraídos do planeta. Além de que, em decorrência da elevada produção de ofertas, em diversos nichos de mercado, houve consequentemente maior extração de matéria-prima e maior descarte de resíduos industriais. Após algumas décadas neste ritmo exponencial de crescimento capitalista, Molion (2008) afirma que foi percebido um aumento significativo na temperatura global, cerca de 0,7°C nos últimos 150 anos, e o início da escassez de recursos naturais fundamentais para existência humana, como a água, por exemplo. É importante destacar que, diante de tanta oferta de produtos também, teremos variados tipos de demanda. Então, segundo Gonçalves (2011), podemos caracterizar os tipos de consumo em: Alienado; compulsório; para o “bem viver”; solidário; crítico; verde e sustentável. O consumo alienado assegura a rentabilidade das publicidades, pois ele se estabelece apenas pelo desejo de consumo despertado pela propaganda e sem nenhuma necessidade intrínseca ao ser humano. Já o consumismo compulsório, é aquele onde não há alternativa para o consumidor, existe algum fator limitante que o faz recorrer aquele produto (Gonçalves, 2011). No consumo para o “bem viver”, o comprador exerce seu livre arbítrio escolhendo o produto sem influências externas ou fatores limitantes, porém não se preocupa com terceiros ou com o ambiente. Como o nome já explana, o consumo solidário se dá quando o intuito da compra foca no bem coletivo, como por exemplo, a qualidade de vida dos trabalhadores que produziram o produto (Gonçalves, 2011). O consumo crítico, pode ser entendido como uma evolução do consumo solidário, onde o modo de comprar do consumidor é visto como ato político e todos os fatores importam para negociação, na luta por um planeta sem exploração e com respeito aos recursos naturais. No consumo verde, o cliente leva em consideração para a decisão final se o produto, em todo o seu processo de vida útil e descarte, não prejudica o meio ambiente (Gonçalves, 2011). 20 Por fim, o consumo sustentável, ainda seguindo os estudos de Gonçalves (2011), seria um propósito a ser alcançado, não se tratando apenas de um modo de consumo, mas sim a toda uma referência de valores que devem ser agregados na tecnologia, em atos políticos, econômicos, para que os padrões se tornem sustentáveis. Então, depois das décadas de euforia econômica, percepção das consequências que esse consumismo trouxe e diálogos estabelecidos no âmbito comercial sobre as perspectivas do futuro humano, aconteceram diversas mudanças no padrão de compra, a sociedade contemporânea passou a ter um olhar diferenciado em relação ao consumo. Compactuando com modelos menos agressivos ao ambiente, mostrando uma alteração comportamental com a maior aceitação de novos mercados e trazendo a maior relevância do consumo para a indústria da informação. 2.2 SUSTENTABILIDADE Para encontrar o conceito de “sustentabilidade” devemos nos aprofundar na semântica da palavra. Seu fundamento é obtido do verbo “sustentar”, em que após pesquisas, Boff (2017) considera que o significado passivo da palavra remete a ação de equilibrar-se, manter-se, conserva-se bem. Ainda considerando os estudos de Boff (2017), sustentabilidade é a ação voltada para o combate a decadência do ecossistema. Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas) (2019), no ano de 1972, em Estocolmo, aconteceu a primeira reunião para discutir a temática. Ainda tímida, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano (UNCHE – United Nations Conference on the Human Environment) foi o princípio de uma mudança importante para o ecossistema. Na pauta estavam as atividades e as explorações humanas para com o planeta e seus recursos naturais e esta discussão foi levada à âmbito internacional, trazendo holofotes para degradação e poluição, que ultrapassam fronteiras e são de cautela de todos que habitam o “planeta azul”. Deste ponto em diante os debates sobre o tópico foram crescentes e cada vez mais embasados por informações e pesquisas. Ainda segundo a ONU, em 1992, no Rio de Janeiro, ocorreu a ECO-92, na qual foi estabelecido o conceito de desenvolvimento sustentável. Associando, pela 21 primeira vez, os temas relativos à economia e meio ambiente. Em 2010, na cidade de Joanesburgo, na África do Sul, aconteceu outro grande encontro que debateu além dos conceitos estabelecidos nas reuniões anteriores. A Declaração de Joanesburgo – documento publicado após o encerramento da reunião – trouxe em seu conteúdo um objeto de relevância: os três pilares da sustentabilidade. Estes foram fundamentados por Elkington, em 1994, publicados posteriormente em 1997, no livro “Cannibals with forks: The triple bottom line of 21st century business”. O autor relata que os pilares são a definição para a inevitável expansão relativa à sustentabilidade, para integração de pontos fundamentais e aperfeiçoamento do foco. São os respectivos pilares expostos na figura abaixo: Figura 1: Pilares da sustentabilidade Fonte: Green Sustenta (2018) Posteriormente, na Rio+20 – denominação referente a reunião que aconteceu em 2010, no Rio de Janeiro, para tratar de assuntos também relativos à proteção ambiental – as delegações representativas de cada país, estavam novamente juntas para avaliar o documento “O futuro que nós queremos” elaborado pela ONU (Organização das Nações Unidas). Dessa vez não tão focado em conceitos e definições, mas trazendo, como relatou em notícia publicada no site do Senado Brasileiro, o então Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, um “acordo para a criação de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”.Ban Ki-moon também declarou que “A Rio+20 afirmou princípios fundamentais, renovou compromissos essenciais e nos deu novas direções. Chega o fim das discussões e agora começa o trabalho.” Desfecho animador após aprovação de um plano de ação, tendo em média 700 compromissos, para que o desenvolvimento sustentável atrelasse as teorias discutidas nas reuniões com as práticas que precisavam ser implementadas na rotina da sociedade, de forma macro e micro ambiental. 22 Tratando também da amplitude relacionada aos padrões que determinam uma conduta sustentável. Na tabela em sequência, são estabelecidos alguns modelos de alternativas sustentáveis para empresas, na plena aplicabilidade. Quadro 1: Dimensões do desenvolvimento sustentável Fonte: Kurtz, 2010, p. 04. Visto isso, desde as grandes potências econômicas até os países com menor desenvolvimento, todos passaram a reconhecer o quão significativo é a sustentabilidade. Processo que fundamentou o comportamento de consumo das novas gerações. Pois, devido aos diálogos e conceitos estabelecidos na Rio+20 e demais encontros relativos temática da sustentabilidade – inclusive alguns já citados anteriormente –, com a ajuda também da globalização, que passou a disponibilizar uma grandiosa quantidade de informações, a sociedade passou a ter mais consciência e cuidado quanto às suas decisões de compra. Tornando o consumo um ato político, desde a maneira de se alimentar até a forma de se vestir e tendo como preocupação toda a cadeia de produtividade de um bem ou serviço. 23 De acordo com dados fornecidos pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo) (2019) foi desenvolvido o quadro abaixo, onde podemos perceber como o acúmulo de resíduos descartados pelo homem pode prejudicar o ambiente natural, tendo em vista que, este não está preparado para lidar com a imensa quantidade de compostos biodegradáveis e não biodegradáveis descartados. Quadro 2: Tempo médio de decomposição de materiais. Fonte: UNIFESP (2019) Em consonância com o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) (2019), apenas 13% dos resíduos sólidos urbanos no país vão para reciclagem. A afirmação se torna ainda mais impactante quando Silva (2017), responsável pela elaboração do estudo, afirma que a produção de resíduos sólidos – apenas sólidos – no Brasil é, em média, de 160 mil toneladas por dia e mesmo que de 30% a 40% desses resíduos sejam próprios para reciclagem, apenas os, citados anteriormente, ínfimos 13% vão para o processo de reaproveitamento. Observa-se a necessidade de mudarmos nossos padrões de consumo e optarmos pelo produto e/ou serviço que seja mais sustentável e menos agressivo ao ecossistema. 2.2.1 Consumo sustentável De acordo com as definições de consumo apresentadas anteriormente, por Gonçalves (2011), podemos recapitular que o consumo sustentável deve ser considerado mais do que apenas uma aquisição. Sendo este um ato político- 24 econômico que deve ser implementado em todos os aspectos rotineiros e comuns da sociedade. Consistindo em um tópico importante para pesquisa, auxílio e entendimento do momento de mudança comportamental dos consumidores. A partir das informações distribuídas para a população sobre o colapso socioambiental – aquecimento global, efeito estufa, derretimento das calotas polares, aumento do nível dos oceanos, empobrecimento da fertilidade dos solos, aumento da incidência de catástrofes naturais e outros – que se instalava em todas as regiões do planeta, o foco dos governos era estabelecer uma adaptação envolvendo a sociedade de consumo e os empresários, sendo estes os responsáveis, fornecedores de contenções para demanda, para que estes passassem a reconhecer que não bastava apenas lucrar de maneira irresponsável, lançando conteúdo tóxico no planeta, através de poluentes gasosos, sólidos e fluidos. Algo nos diz que nossos padrões de produção e consumo estão cada vez mais insustentáveis, a julgar pelo nosso atual uso excessivo dos recursos naturais, nossa enorme geração de lixo e as dificuldades para administrar tanta poluição e tantos impactos ambientais. (GONÇALVES; PÓLITA, 2011, p. 09) Os consumidores sustentáveis, por sua vez, faziam do ato de compra, mais do que uma simples escolha. Segundo Portilho (2005), esse consumidor é definido como indivíduo preocupado com o meio ambiente e nas variáveis que influenciam a sua compra estão, além de preço e qualidade, a não agressão ao ecossistema em todo ciclo de vida do produto. Com o crescimento da consciência ambiental, a mudança individual no padrão comportamental da sociedade, fez a disponibilidade de ofertas se modificar paralelamente. Este reconhecimento por parte das organizações, foi incentivado, também, pelo aumento da rigorosidade das normativas estabelecidas nas legislações e acordos internacionais de preservação ambiental, onde reduzir, reutilizar e reciclar foram compreendidas como palavras chaves para incorporação dos processos de recuperação de recursos naturais. Dessa forma, houve a assimilação de cada um destes conceitos, em que Gonçalves (2011) sintetiza discorrendo que a redução do consumo detém o desperdício de materiais, energia, água e tem como consequência a redução de descartes de lixo e resíduos. Já a Reutilização permite prolongar a durabilidade de um objeto, proporcionando uma nova função a partir do aprimoramento desse 25 utensílio. Na reciclagem, o material retorna a etapa da produção industrial para ser reutilizado como recurso primário na fabricação de novo objetos, evitando a retirada de novos recursos do meio ambiente. Segundo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequenas Empresas) (2015), um produto sustentável pode ser caracterizado por gerar menos danos ao meio ambiente em qualquer fase da sua vida útil e ser tão bom ou melhor do que o denominado “produto padrão” (como é chamado aquele que tem a produção comum). Seja por meio de uma maior durabilidade, por ser reciclável, por consumir menos insumos ou insumos menos agressivos ao ecossistema, por fim, que respeita padrões estabelecidos para garantir a renovação natural do ecossistema. A diversidade de produtos que podem ser categorizados como sustentáveis é admirável, desde pequenos produtos como, cosméticos, medicamentos, embalagens para produtos, folhas, até movelaria com madeira de reflorestamento, por exemplo. Portanto, devemos incorporar aos estudos de conceitos para uma economia mais sustentável a importância, não só do cuidado com os bens de consumo já produzidos, mas, também o seu processo de produção, desde a criação e/ou prototipagem até a entrega para o consumidor final. Teremos então o cuidado com os resíduos pré e pós-consumo (GONÇALVES; PÓLITA, 2011). Onde todo o ciclo de vida do produto merece atenção, sendo fiscalizados pelos órgãos competentes de cada mercado (Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa, Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais – IBAMA, Ministério da Agricultura, Ministério do Trabalho e outros) desde a extração de matérias-primas para fabricação, metodologia de desenvolvimento do produto, resíduos derivados do processo de confecção desse produto, posicionamento do produto no mercado, logística de fornecimento do produto para o consumidor final, possibilidades de reutilização e descarte para este produto. Para tornar tais etapas cada vez mais eficientes, o administrador da fabricação desses determinados produtos pode contar com o auxílio da metodologia de BPM (Business Process Management). Segundo Hurwitz (2009), BPM é a abordagem moderna para desenvolver e gerenciar processos de negócio. Se trata 26 de uma sistematização da gestão dos processos de um negócio, ou seja, um mapeamento/rastreamentominucioso para controle, melhorias e ajustes. Na parte prática, o BPM possui uma ferramenta cíclica de gestão. Esta é baseada no mecanismo conhecido como P.D.C.A (Plan, Do, Check, Action). Criado por Edward Deming, é uma técnica de extrema importância para verificar qualidade e eficiência de um processo ou projeto. O ciclo P.D.C.A é um método gerencial de tomada de decisão, que foca em garantir o alcance dos objetivos propostos à sobrevivência e crescimento da organização (QUINQUIOLO, 2002). Como podemos observar na figura abaixo: Figura 2: Ciclo PDCA Fonte: Research Gate (2011) Brocke e Rosemann (2013) ressaltam que mesmo a representação se mostrando de forma tão simplória, ela retrata uma quebra de hábitos na maneira como as empresas são gerenciadas. Modificando o pensamento de que o método da “tentativa e erro” são os corretos para gerenciar uma empresa, pois estes consomem mais recursos e não demonstram resultados proporcionais. Evidenciando, dessa forma, que o gerenciamento assente dos processos de negócio em sua totalidade é o mais eficiente em atingir o objetivo final de proporcionar valor para o cliente. Que nos aspectos dessa tese, anseia por produtos pouco ou zero agressivos ao meio ambiente. 27 Seguindo estes padrões de produção as empresas melhorariam sua escala de desempenho em todos os âmbitos. Podendo propagar suas benfeitorias para conquistar a demanda de consumo que se preocupa com a vertente socioambiental. Anos de experiência e meses de pesquisa reforçaram nossa crença de que ‘dar-se bem fazendo o bem’ é mais que frase de efeito. As empresas que se dedicam com rigor a criação de iniciativas sociais mercadológicas e empresariais eficazes, podem ajudar a construir um mundo melhor ao mesmo tempo em que melhoram seus resultados financeiros. (KOTLER; HESSEKIEL; R. LEE, 2012; p. 02). Entretanto, é válido relembrar sempre que o marketing verde deve ser sempre veiculado de forma ética, respeitando os consumidores e disseminando verdades sobre qualquer vertente exposta. Para tal verificação, os consumidores podem acionar o órgão competente de fiscalização, ou até mesmo se assegurar por certificados de padrão de qualidade. No Brasil, para certificação relativa à gestão ambiental, temos a ISO 14001. Em documento publicado no site da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), a ABNT NBR ISO 14001 é descrita como uma normativa, aceita internacionalmente, que avalia os requisitos para o desenvolvimento de um Sistema de Gestão Ambiental. Auxiliando a aumentar o desempenho das organizações através da utilização eficiente dos recursos e redução quantitativa dos resíduos. Obtendo, por conseguinte, vantagem competitiva e confiança dos stakeholders. Contudo, mesmo com todas as pesquisas desenvolvidas, há uma imprecisão quanto ao entendimento dos hábitos de compra do consumidor que prefere o produto padrão, em prol do produto sustentável (VERMEIR; VERBEKER, 2006). Para tal questão existe uma série de respostas amplamente aceitas, que vão da satisfação de necessidades até a emulação dos outros, a busca do prazer, a defesa ou a afirmação de um status etc. Contudo, ao procurar entender por que o consumo tem tanta importância na vida das pessoas, conclui-se que talvez esteja suprindo uma função muito mais importante do que apenas satisfazer motivos ou intenções específicos que incitam seus atos individuais. Em outras palavras, é possível que o consumo tenha uma dimensão que o relacione com as mais profundas e definitivas questões que os seres humanos possam se fazer, questões relacionadas com a natureza da realidade e com o verdadeiro propósito da existência - questões do 'ser e saber'. (BARBOSA; CAMPBELL, 2006, p. 47). O quadro abaixo ilustra com maior precisão algumas variáveis que, segundo alguns estudiosos, influenciam de forma intensa e direta a decisão de compra tomada pelos consumidores em qualquer vertente. 28 Quadro 3: Fatores influenciadores do consumo sustentável. FATORES INFLUENCIADORES DO CONSUMO SUSTENTÁVEL FATOR DETALHAMENTO AUTORES Saúde Fatores que ligam o produto a saúde do consumidor, como por exemplo, a garantia de produtos naturais na composição e não adição de metais pesados ou elementos químicos sintéticos, são a prioridade nestes casos. Tendo em vista que, aquele que compra estes produtos está visando a manutenção de seu bem-estar. Zamberland et al (2006), Lima-Filho e Quevedo-Silva (2012), Krein et al (2014) Preocupação ambiental Diante de todos os fatores pertinentes para aquisição de bens sustentáveis/orgânicos/naturais, a preservação ambiental é o precursor de todas essas mudanças mercadológicas que vêm acontecendo. Visando sempre proteger ou gerar o menor dano possível, o consumidor acaba optando pelo produto ecologicamente correto. Lima-Filho e Quevedo-Silva (2012) Qualidade dos produtos Aqui o comprador se mostra interessado nos produtos naturais, por estes apresentarem uma qualidade maior quando equiparados aos produtos padrões. Seja uma maior durabilidade, melhor textura, melhor fixação ou outra possibilidade, mas fato é que no geral o produto natural terá uma eficiência maior do que os demais disponíveis no mercado. Zamberland et al (2006) Reputação da empresa Para muitos consumidores a aquisição sustentável é atrativa se a empresa for detentora de uma reputação positiva no mercado. Seja com a finalidade de manter um status social sob o uso daquela marca ou até mesmo na tentativa de se certificar de que aquela empresa é mesmo "verde". Cruz (2013) Preço dos produtos Fato que o preço, para maior parcela dos consumidores, é quesito de avaliação para decisão de compra. Não sendo diferente para os produtos naturais, este ponto gera questionamentos e comparações. Mesmo que segundo pesquisas, o consumidor tenha se mostrado propenso a aceitar investir um valor maior em aquisições sustentáveis. Zamberland et al (2006), Gomes (2009) 29 Influência de terceiros Neste ponto, desde a propagação de opiniões positivas relacionadas aos produtos naturais, até a necessidade do indivíduo de compor ou encaixar-se em determinados grupos, influencia a aquisição de mercadorias sustentáveis. Blackwell, Miniard e Engel (2005) Fonte: Sacute (2019), Isaac (2016) As abordagens contextualizadas acima podem, de alguma forma, influenciar na decisão de compra. Incorporando ao seu entendimento a consequência de uma vantagem estratégica para as empresas da vertente de cosméticos. 2.3 INDÚSTRIA DA BELEZA Sabemos que a adoração ao corpo sempre foi algo cultivado em nossa sociedade. As ciências sociais contam com vários estudos que demonstram a forma como o corpo se configura em símbolo de uma cultura, espaço em que se projetam códigos de identidade e alteridade, sendo os usos que dele se faz, associados ao vestuário, ornamentos e pinturas corporais, indicativos de universos simbólicos, capazes de nos ajudar a melhor compreender o mundo que o envolve. (CASTRO, 2010, p. 56). Do antigo Egito ao modernismo atual, definir características e estilo de vida pela doutrina estabelecida para com o corpo, sempre foi normal. Padrões de vestimenta, maquiagem e higiene são, até os dias atuais, ainda determinantes para segregação social. Entretanto, ainda de acordo com os estudos de Castro (2010), percebesse que a preocupação com a aparência está relacionada à ruptura, quesito singular da contemporaneidade, entre o ser e o parecer. De forma distinta dos demais momentos passados, as sociedades atuais coagem os indivíduos sobre a necessidade de delinearem sua identidade particular. Quebrando qualquer vínculo com as prerrogativas das tradições e dos costumes, como era estabelecido em outros momentos históricos. Mesmo com a determinação da individualidade, a maior parte da sociedade ainda passa ase encaixar em algum estereótipo e seguir um certo padrão de consumo relativo à indústria da beleza. Tratando com mais especificidade neste estudo do comércio de cosméticos, o órgão responsável pelas fiscalizações e análises neste âmbito, a ABIHPEC (Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos), vem desde 2009 publicando um caderno de tendências, onde compartilha conteúdo proveniente de pesquisas na área, para 30 auxiliar as empresas no desenvolvimento junto às mudanças das expectativas da demanda. É interessante perceber que este mercado está tomando direções voltadas cada vez mais para aspectos sustentáveis e colaborativos. As empresas estão reforçando seus recursos para proteger o ambiente da poluição de produtos plásticos e conquistar a confiança e afeição dos consumidores ecologicamente corretos. Segundo o caderno de tendências, ABIHPEC (2014 – 2015), as marcas passaram a desenvolver metodologias sustentáveis, tendo em vista aportar a biodiversidade, por meio da tecnologia inserida nos produtos e na integração de abordagens locais. Já tratando dos aspectos colaborativos, o documento publicado pela ABIHPEC, mostra a sílaba “Co” em alta. Disseminada por influencers e com relatividade ao sentido de “colaboração”, o prefixo foi visto com bons olhos pelos consumidores e foi absorvido pelas indústrias do comércio. Collab, Co-production, Co-work, Co-branding, Co-creation e algumas outras palavras circulam no nosso vocabulário sem maiores dificuldades de compreensão, pois estão integradas a uma nova Era do consumo. Seguindo a iniciação dessa nova Era, foram percebidas outras novas tendências. Ainda sobre os estudos da ABIHPEC (2019 – 2020), sobre direcionamento mercadológico, verificou-se que produtos com menor volume estão obtendo uma melhor aceitação de mercado, assim como, o consumidor do sexo masculino vem se mostrando mais interessado no universo do autocuidado, o stress do cotidiano moderno está aumentando a demanda por serviços de bem-estar (SPA’s, centros de estética, academias, centros de fisioterapias e outros) e a influência digital sobre a decisão de compra. Após a globalização, quando houve a real propagação de informações e conhecimentos sobre saúde, autocuidado, sustentabilidade, ecossistema, o entendimento dos consumidores foi se tornando cada vez mais abrangente sobre como as indústrias eram relapsas no tocante aos ingredientes usados na fabricação de produtos de higiene e cosméticos (como os metais pesados, prejudiciais ao organismo), além das atrocidades cometidas para retirada de matéria-prima do ambiente e testes feitos em animais. Então, a partir de certo momento, os consumidores mostraram, por meio da mudança de hábitos de consumo, que tais comportamentos passaram a não ser mais tolerados. Ou a indústria renovava seus 31 métodos e conceitos buscando a melhoria para todo o sistema socioambiental ou estaria fadada ao fracasso (ABIHPEC, 2019). Logo, a relação da sustentabilidade com o mercado da beleza, pode ser apontada como a construção de uma união cada vez mais forte. O conceito de ingredientes de beleza de origem natural está se expandindo e as marcas buscam promover sustentabilidade por meio a incorporação de abordagens locais e de desenvolvimento em tecnologia. Com as exigências crescentes dos consumidores e as mudanças climáticas em todo o mundo, a demanda do setor para ingredientes naturais e sustentáveis vem se adaptando a esse novo cenário. As recentes fusões e aquisições no mercado de ingredientes ativos confirmam a importância das matérias-primas de origem natural, vegetal e orgânica. Temas como sustentabilidade e meio ambiente ainda continuarão em pauta por muito tempo. (ABIHPEC, 2019, p. 12). A prova dessas afirmações se dá com a perpetuação dos novos entrantes neste mercado. Empresas como Simple Organic, Slow Beauty, BAIMS, Cativa Natureza, The Body Shop, AUÁ Natural e outras que acumulam, juntas, milhares de seguidores nas redes sociais e faturamento que ultrapassa os limites pautados no plano de negócio. Além das anciãs do ramo, que continuam atraindo consumidores como O Boticário e outras, as quais passaram a investir na modificação do modelo de negócio para atender a demanda, mas sem perder a essência da marca. E por último, a precursora do movimento no Brasil, tratando-se do desenvolvimento em larga escala de produtos de higiene e cosméticos temos como exemplo a Natura, sempre lançando produtos limpos e campanhas publicitárias que abordam alguma temática importante para sociedade. Cada uma dessas empresas tem seu fator motivador específico para se aprofundar no âmbito da sustentabilidade. Segundo estudos desenvolvidos por Kotler, Kartajaya, Setiawan (2010), existem as seguintes categorias: 32 Figura 3: Motivação para ações sustentáveis Fonte: Marketing 3.0; 2010; p.186 Diante dessa classificação, podemos considerar algumas ações sustentáveis destas empresas, como por exemplo: 33 Quadro 4: Ações sustentáveis na indústria de cosméticos EMPRESA AÇÃO DESENVOLVIDA Natura Priorizar o desenvolvimento de produtos com matéria-prima sustentável (Em 2017, cerca de 84% dos produtos já atingiam esse objetivo) Programa Amazônia: Aquisição de matéria prima por meio de 34 comunidades locais de extração (Ação que já preservou 254 mil hectares de floresta) Programa Natura Carbono Neutro: Focado na redução e compensação da liberação dos gases do efeito estufa Simple Organic Eliminação total de conteúdos prejudiciais à saúde, como: Parabenos; petrolados; EDTA; BHA; quaternário de amônia; silicone; propileno glicol; dietanolamina; trietanolamina; diazolidinil uréia; óleo mineral e outros Cadeia produtiva sustentável e certificada The Body Shop Evidência que 100% dos ingredientes são naturais, rastreáveis e sustentáveis (Em consequência, cerca de 10 mil hectares são preservados) Investimentos em inovação, para buscar ingredientes pioneiros que se originem de zonas de biodiversidade, gerando uma maior visibilidade para essas áreas Abastecer 100% das lojas físicas com energia renovável ou com controle de carbono Garantir que 70% das embalagens não contenham combustíveis fósseis AUÁ Natural Cadeia de valor (da produção ao descarte da embalagem) 100% sustentável e projetada para não degradação do meio ambiente Produtos livres de compostos prejudiciais ao organismo, teste em animais e desperdícios BAIMS Prioriza os ingredientes naturais, não testada em animais e livre de ingredientes tóxicos Embalagens confeccionadas com bambu Cativa Natureza Detentor do selo "Eu Reciclo", que certifica quando a empresa usa da logística reversa para destinar corretamente suas embalagens Não utiliza espécies da flora nativa que estejam ameaçadas de extinção Mantém uma cadeia produtiva rastreável O Boticário Lançamento de novas linhas veganas Investimento em inovações e mudanças para adaptação junto ao mercado Slow Beauty Proporciona a integração e distribuição de diversas marcas do ramo dos cosméticos e wellcare orgânicos e naturais Fonte: Websites oficiais das empresas (2019) Apesar dos benefícios verificados, é possível elencar alguns fatores que, possivelmente, desvalorizam a compra dos ecologicamente corretos, como por exemplo: em sua maioria são produtos com o valor de negociação mais elevado; a adoção de medidas sustentáveis não possibilita um estoque amplo; a variedade dos 34 produtos é limitada e a regulação estabelecida ainda está em fase de maturação, o que acaba depreciando a confiabilidade do consumidor para com os produtos verdes. Seguindo o raciocínio abordado acima, alguns fatores possivelmente positivos, além de atos aprazíveis ao ecossistema, são: a maior possibilidade personalização de um produto; a menor incidência de metais pesadose substâncias prejudiciais à saúde; menor probabilidade de desenvolver alergias e intolerâncias; o mesmo produto pode ser amistoso a um maior contingente de pessoas, de diferentes faixas etárias e preferências e outras. 35 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Através das técnicas e processos, evidenciados nos tópicos a seguir, foi possível validar, analisar, compreender e discorrer sobre o tema e os objetivos de pesquisa estabelecidos anteriormente. 3.1 NATUREZA DA PESQUISA A presente pesquisa quanto à natureza é aplicada, por sua interação entre pesquisador e grupo de análise, tendo em vista também, as características relatadas por Trujillo Ferrari (1982), onde além da finalidade prática, as análises podem contribuir com bases teóricas para pesquisas futuras. Tem objetivo descritivo, a fim de concretizar o estudo das características de um determinado grupo e segundo Triviños (1987), retratar precisamente os acontecimentos e fatos da realidade estudada. Utiliza a abordagem quantitativa, a fim de coletar e tratar dados numéricos relativos ao tema abordado, sendo possível uma visão gráfica e tangível dos resultados alcançados (Zanella, 2009). Sendo, na íntegra, assim categorizada, por ser a metodologia apropriada para sanar a necessidade de encontrar padrões no comportamento do consumidor de cosméticos sustentáveis, a fim de explicar quais fatores realmente influenciam a aquisição desses produtos. 3.2 DEFINIÇÃO DE AMOSTRAGEM A amostragem da pesquisa será sob um universo desconhecido, tendo em vista, a falta de informações sobre o quantitativo de pessoas que consomem produtos sustentáveis. Dessa forma, será utilizada a amostragem por conveniência que, segundo Malhotra (2011), é a técnica de amostragem que menos consome tempo de aplicação e é indicada para grupos de foco. Portanto, não foram limitadas às regiões de pesquisa, aplicando-se o questionário em todo âmbito possível, de alcance das ferramentas de divulgação. Dessa forma, os critérios de inclusão para participação na pesquisa são: individuo maior de 18 anos, ambos os sexos, diferentes classes sociais, já ter consumido algum produto/cosmético sustentável e concordar com os termos e políticas éticas de pesquisa ao responder o questionário. Para os critérios de exclusão, temos: aqueles que não tiverem consumido, nunca, nenhum produto/cosmético sustentável. 36 Após a apresentação destas informações condensadas, torna-se possível traçar uma trajetória de pesquisa, com uma melhor compreensão, para desenvolver padrões de consumo no âmbito dos modelos de negócio sustentáveis, na vertente de cosméticos. 3.3 COLETA DE DADOS Segundo Vergara (2009), o questionário traz benefícios para pesquisas onde os respondentes não estão limitados geograficamente, há uma ampla possibilidade de pessoas a serem ouvidas, onde o pesquisador não precisa estar presente no ato da resposta, podendo assim ser aplicada até on-line. Questionário é um método de coletar dados no campo, de interagir com o campo composto por uma série ordenada de questões a respeito de variáveis e situações que o pesquisador deseja investigar. Tais questões são apresentadas a um respondente, por escrito, para que ele responda também dessa forma independente de ser a apresentação e a resposta em papel ou em computador. A escolha é sempre do pesquisador. (Vergara; 2009; p. 39) O recolhimento dos dados foi feito através de um sistema de pesquisa online do google, denominado “Formulários Google”. Este questionário foi distribuído por meio de redes sociais e aplicativos como: WhatsApp; Instagram e Facebook. Dessa forma, fazendo da internet a principal – e única – forma de aplicação, visando: maior alcance de indivíduos dentro dos critérios de inclusão; mais agilidade e fluidez ao responder o questionário, maior conforto para os respondentes, eficiência superior no processo de tabulação dos dados. Sendo importante ressaltar, que todos os participantes da pesquisa, estavam cientes das finalidades de análise e publicação, conforme foi explicado no cabeçalho do questionário. Este questionário (Apêndice – 01), foi baseado no instrumento de pesquisa de Isaac (2016) e adaptado para os questionamentos específicos deste estudo. Utilizando a escala tipo Likert, escolha amplamente posta em pesquisas de opinião. Nas questões de 1 a 4, há a finalidade de compreender o perfil socioeconômico dos respondentes, considerando quesitos como sexo, idade, escolaridade e renda mensal. No questionamento 5, tem-se o objetivo de revelar a média de despesa mensal com produtos cosméticos e qual a marca em maior evidência entre os consumidores. 37 No questionário específico, questões 06 a 17, foi traçada uma estratégia de pesquisa usando a escala Likert, como mencionado anteriormente: Não ou Nunca (1); Frequentemente não (2); Não sei (3); Frequentemente sim (4) e Sim e sempre (5). Essa estratégia propõe a resolução do questionamento apontado nesta pesquisa, quanto ao consumo de cosméticos sustentáveis. Tabela 1: Abordagem das afirmativas de pesquisa TÓPICO AFIRMATIVA Saúde 10 / 15 / 16 / 17 Preocupação Ambiental 09 / 11 / 14 Qualidade dos Produtos 06 / 13 Reputação da Empresa 12 Preço dos Produtos 08 Influência de terceiros 07 Fonte: Questionário de pesquisa (apêndice 01) O questionário foi aplicado por meio de compartilhamento nas redes sociais, não restringindo a localidade dos respondentes, e atingiu um total de 71 (setenta e uma) respostas. Entretanto, apenas 65 (sessenta e cinco) puderam ser validadas, tendo em vista que, 6 questionários foram anulados por não congruência das respostas para com as questões propostas. 3.4 ANÁLISE DOS RESULTADOS Nesta etapa pode-se compreender os resultados e responder os questionamentos à que este estudo se propôs. Dessa forma, com o uso da plataforma GoogleForms para aplicação do questionário, a mesma ferramenta já compila as respostas e entrega os demonstrativos e comparativos gráficos para as questões. Possibilitando o entendimento das informações através do percentual exposto pelo programa, que teve como sua fonte de informações as respostas obtidas por meio do questionário de pesquisa (Apêndice 01, 2019). 4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Para uma melhor distribuição e entendimento das análises e correlações, a apresentação das informações foi dividida em três partes, de acordo com o questionário aplicado. Sendo a primeira parte relativa aos resultados socioeconômicos, a segunda explicando os resultados concernentes às afirmativas 38 que investigam as variáveis de influência ao padrão de consumo no nicho de cosméticos sustentáveis e a terceira, a análise das respostas colhidas através das questões abertas 4.1 PADRÃO SOCIAL DOS ENTREVISTADOS Para podermos aprofundar os aspectos posteriores, se faz necessário a compreensão de quem são os respondentes por características socioeconômicas. Tendo em vista que estes estão pré-selecionados: maiores de 18 anos e consumidores de cosméticos sustentáveis. Do total de 65 participantes, 89,2% eram mulheres e 10,8% eram homens. Gráfico 1: Gráfico referente ao gênero dos respondentes. Fonte: Elaboração própria (2019) Com uma margem curta de diferença para mais, a idade majoritária expressa nos resultados foi de pessoas acima de 44 anos, com 29,2%, seguido por 24,6% com idade de 18 a 24 anos. 39 Gráfico 2: Gráfico referente a idade dos respondentes. Fonte: Elaboração própria (2019) Quanto a escolaridade, foi percebido que não houve respondentes nas categorias: “sem formação” e “ensino fundamental”. A partir dos dados apresentados, 46,2% possuem o Ensino Superior completo. Gráfico 3: Gráfico referente ao nível de escolaridade dos respondentes.Fonte: Elaboração própria (2019) Podemos perceber, de acordo com as respostas, que a renda apresentada por maior parte dos respondentes, 40%, foi de até R$ 1.499,00. 40 Gráfico 4: Gráfico referente a renda mensal média dos respondentes. Fonte: Elaboração própria (2019) Iniciando a abordagem dos hábitos de consumo, percebemos que 33,8% dos respondentes, têm um gasto médio mensal com produtos cosméticos entre R$ 51,00 e R$ 100,00. Gráfico 5: Gráfico referente ao gasto médio mensal com produtos cosméticos dos respondentes. Fonte: Elaboração própria (2019). Com a compilação dos dados socioeconômicos, podemos constatar que a participação feminina foi majoritária, com faixa etária predominante em acima de 44 anos e um percentual aproximado, em segundo plano, de idade entre 18 e 24 anos, com Ensino Superior completo, renda mensal média de R$ 1.499,00 e um valor habitual de consumo de cosméticos numa média de R$ 51,00 a R$ 100,00 por mês. 41 4.2 SAÚDE Através das afirmativas postas para analisar a influência da saúde na decisão de compra de cosméticos sustentáveis, as quais foram: Tabela 2: Afirmativas relativas à saúde. TÓPICO AFIRMATIVAS Saúde 10 / 15 / 16 / 17 Fonte: Elaboração própria (2019). Identificamos que quando questionados sobre a verificação da composição e dos ingredientes dos produtos, na afirmativa 10 (Apêndice 01, 2019), 27,7% dos participantes responderam que frequentemente verificam estas informações. Gráfico 6: Referente a relevância para os respondentes sobre a composição e ingredientes dos cosméticos. Fonte: Elaboração própria (2019). Já na afirmativa 15 (Apêndice 01, 2019), sobre a preferência pelos cosméticos formulados por ingredientes de origem vegetal, os respondentes majoritariamente, 38,5% das pessoas, decidiram pela alternativa “Não sei”. 42 Gráfico 7: Referente a preferência dos respondentes por cosméticos formulados com ingredientes de origem vegetal. Fonte: Elaboração própria (2019) Na afirmativa 16 (Apêndice 01, 2019), relativa à escolha consciente de cosméticos orgânicos ou naturais por questões de saúde pessoal, 29,2% dos participantes, seguiram com a resposta “Não sei”. Entretanto, este veio seguido da alternativa “Sim ou sempre”, com 27,7% de escolha dos respondentes. Gráfico 8: Referente a preferência do respondente por cosméticos orgânicos ou naturais por questões de saúde. Fonte: Elaboração própria (2019) Na última afirmativa sobre saúde, a 17 (apêndice 01, 2019), 40% dos respondentes apontaram a verificação de metais pesados na composição do cosmético como um padrão relevante para o consumo, enquadrado na alternativa “Sim ou sempre”. 43 Gráfico 9: Referente a relevância da presença de metais pesados na composição de um cosmético para o respondente. Fonte: Elaboração própria (2019) Tendo em vista a amplitude das informações coletadas, devido ao número de afirmativas e de acordo com os dados apresentados nos gráficos acima, foi elaborada uma abordagem geral para análise do panorama a ser compreendido, de acordo com a tabela abaixo: Tabela 3: Dados relativos ao fator saúde. Fonte: Elaboração própria (2019) Conforme observado, temos relevância nos dois primeiros fatores apresentados na tabela acima (tabela 01, 2019). Sendo estes correspondentes as afirmativas 17 e 16 (apêndice 01, 2019), respectivamente. Podemos concluir desta forma, pois os percentuais neutros e negativos – que indiciam a não relevância do fator para compra de cosméticos sustentáveis – quando relacionados e adicionados, nos dois últimos fatores apresentados, respectivamente as afirmativas 10 e 15 (apêndice 01, 2019), estabelecem um percentual superior ao percentual positivo referente a sua afirmativa. 44 Entretanto, evidente, pela análise dos dados, que em todos os fatores apresentados houve uma proximidade notável entre os percentuais que definiram a relevância ou não relevância dos fatores. O que leva ao entendimento de que é plausível afirmar que todos os fatores apresentam alguma influência sobre a aquisição de cosméticos sustentáveis, apenas não na mesma intensidade, mas sim na ordem estabelecida na tabele 01 (tabela 01, 2019). Corroborando com os ideais propostas por Gomes (2009) e Zamberland et al (2006), onde estes afirmam que a saúde é um ponto preponderante para aquisição de produtos naturais. 4.3 PREOCUPAÇÃO AMBIENTAL Foram três as afirmativas vinculadas ao âmbito ambiental nesta pesquisa e estas apresentaram os seguintes resultados: Tabela 4: Afirmativas relativas à preocupação ambiental. TÓPICO AFIRMAÇÕES Preocupação Ambiental 09 / 11 / 14 Fonte: Elaboração própria (2019). A primeira afirmativa deste tópico, número 09 (apêndice 01, 2019), traz a preferência por cosméticos, independente do preço de venda, que não são testados em animais e 33,8% dos respondentes escolheram a alternativa “Não sei”. Gráfico 10: Referente a preferência dos respondentes quanto a compra de cosméticos não testados em animais, independente do preço. Fonte: Elaboração própria (2019). Já nas afirmativas 11 e 14 (apêndice 01, 2019), referente respectivamente a preferência por cosméticos que não prejudiquem o ambiente e a preferência por 45 cosméticos que utilizam embalagens recicláveis, tiveram a maior colocação na categoria “Frequentemente sim”, sendo os percentuais de 38,5% para a afirmativa 11 (gráfico 11, 2019) e 36,9% para afirmativa 14 (gráfico 12, 2019). Gráfico 11: Referente a preferência dos respondentes quanto aos cosméticos que não prejudiquem o meio ambiente. Fonte: Elaboração própria (2019) Gráfico 12: Referente a preferência dos respondentes por cosméticos que utilizam embalagens recicláveis ou biodegradáveis. Fonte: Elaboração própria (2019) Assim, foi possível a elaboração da tabela abaixo para melhor análise dos dados coletados: 46 Tabela 5: Dados relativos ao fator de preocupação ambiental. Fonte: Elaboração própria (2019) A compilação dos dados verifica os estudos anteriores, por Lima-Filho e Quevedo-Silva (2012), onde já se identifica um comportamento voltado para preservação ambiental, mas onde também se esclarece que este comportamento ainda deve ser bastante incentivado. Tendo em vista que é recente o processo de descoberta dos malefícios que estão sendo impostos ao meio ambiente, ainda há alguma resistência quanto a disseminação de ideias para proteção ambiental. Entretanto, por base nos percentuais apresentados nos gráficos 11 e 12 (2019), o tema ganha cada vez mais espaço nas discussões. 4.4 QUALIDADE DOS PRODUTOS Diante de qualquer aquisição a qualidade do produto é julgado um fator importante para conclusão da compra. Isso não seria diferente com o consumo de cosméticos sustentáveis. Foram apontadas na pesquisa duas afirmativas com relação a este aspecto: Tabela 6: Afirmativas relativas à qualidade dos produtos. TÓPICO AFIRMAÇÕES Qualidade dos produtos 06 / 13 Fonte: Elaboração própria (2019). Na afirmativa 06 (apêndice 01, 2019), 35,4% dos respondentes (Gráfico 13, 2019), optaram pela alternativa “Frequentemente sim”, quando indagados sobre a preferência por cosméticos sustentáveis por sua qualidade superior. Tendo uma resposta muito mais enfática na afirmativa 13 (apêndice 01,2019), quando 47,7% das pessoas (Gráfico 14, 2019), optaram pela alternativa “Sim ou sempre” quando questionadas sobre a influência da qualidade do cosmético na decisão de compra. 47 Gráfico 13: Referente a preferência do respondente por cosméticos sustentáveis pela sua qualidade superior. Fonte: Elaboração própria (2019) Gráfico 14: Referente compra de cosmético por padrões de qualidade observados pelo respondente. Fonte: Elaboração própria (2019) Levando em consideraçãouma melhor verificação das informações, pode-se analisar a compilação elaborada na tabela abaixo: Tabela 7: Dados relativos ao fator de qualidade do produto. Fonte: Elaboração própria (2019) 48 É perceptível a relevância do fator qualidade para o consumo de cosméticos sustentáveis. Ainda que na afirmativa 06 (apêndice 01, 2019), os percentuais neutro e negativo, quando somados resultem em 53,8% dos respondentes. Pois o resultado traz um valor próximo ao percentual de relevância (Percentual positivo), o que torna o fator pertinente no ato de consumo. Assim, confirmando as afirmações disseminadas por Zamberland et al (2006), onde este atrela a importância da qualidade para o consumidor a aquisição de produtos naturais disponíveis no mercado. 4.5 REPUTAÇÃO DA EMPRESA Na era da informação não há dúvidas de que uma notícia não favorável sobre uma empresa pode causar prejuízos incalculáveis. Entretanto, diante da indústria de cosméticos, há escassez de conhecimento sobre o quanto este fator faz real diferença na decisão de compra do consumidor. Tabela 8: Afirmativa relativa à reputação da empresa. TÓPICO AFIRMAÇÃO Reputação da empresa 12 Fonte: Elaboração própria (2019). Assim, a afirmativa 12 (apêndice 01, 2019), aborda a preferência do consumidor por empresas que possuam uma política de sustentabilidade e/ou responsabilidade social. Então, 41,5% dos respondentes optaram pela opção “Frequentemente sim”, comprovando que a atitude benéfica mais o marketing correto e ético são relevantes no padrão de consumo dos compradores. Gráfico 15: Referente a influência da reputação da empresa na decisão de compra do respondente. Fonte: Elaboração própria (2019) 49 De acordo com a tabela abaixo, podemos analisar os dados de forma mais ampla e completa: Tabela 9: Dados relativos ao fator de reputação da empresa. Fonte: Elaboração própria (2019) É possível concluir que, este fator é relevante para aquisição de cosméticos sustentáveis. Como evidenciado por Kotler (2012), é importante compreender que colher bons frutos por meio da disseminação de atitudes éticas e com responsabilidade social é uma tendência evolutiva. Ajudar a construir um mundo melhor também traz benefícios para saúde financeira das organizações. 4.6 PREÇO DOS PRODUTOS Assim como alguns aspectos analisados anteriormente, o preço é um fator determinante em qualquer compra, independente no nicho de mercado. A partir da afirmativa seguinte, foi possível a posterior análise: Tabela 10: Afirmativa relativa ao preço do produto. TÓPICO AFIRMAÇÃO Preço dos produtos 08 Fonte: Elaboração própria (2019). Então, a afirmativa 08 (apêndice 01, 2019), questiona diretamente se o preço de venda de um cosmético influência na decisão de compra do respondente e houve um empate entre as duas alternativas de influência máxima no padrão de consumo, que são: “Frequentemente sim” e “Sim ou sempre”. Sendo o resultado 33,8% das pessoas, para ambas as alternativas. 50 Gráfico 16: Referente a relevância do preço de venda dos cosméticos na decisão de compra do respondente. Fonte: Elaboração própria (2019) A partir do panorama construído na tabela abaixo será possível analisar com mais clareza os dados sobre a influência do fator preço do produto na decisão de compra de um cosmético sustentável: Tabela 11: Dados relativos ao fator preço do produto. Fonte: Elaboração própria (2019). Claramente, com base nos dados expostos, o preço um fator de extrema relevância para a escolha de um cosmético e entrando em congruência com o pensamento elaborado por Gomes (2009), onde este afirma que, principalmente para o tipo de consumidor mais informado e exigente, a atenção com rótulos e manipulação dos preços é um limitador no processo de compra. É importante, também, compreender a diferença que existe entre o valor monetário do produto e o valor percebido pelo consumidor, de acordo com os benefícios que aquela aquisição poderá fornecer (KOTLER e KELLER, 2006). 4.7 INFLUÊNCIA DE TERCEIROS As indicações sobre produtos e serviços sempre foram o melhor método para promover um negócio. 51 Tabela 12: Afirmativa relativa à influência de terceiros. TÓPICO AFIRMAÇÃO Influência de terceiros 07 Fonte: Elaboração própria (2019). Pensando assim, a afirmativa 07 (apêndice 01, 2019), questiona o respondente sobre a influência que pessoas conhecidas exercem na decisão de compra e 33,8% dos respondentes, afirmaram que frequentemente são influenciados por terceiros em suas aquisições relativas a cosméticos. Gráfico 17: Referente a influência de terceiros na decisão de compra de um cosmético para o respondente. Fonte: Elaboração própria (2019) Tendo em vista os dados compilados na tabela abaixo: Tabela 13: Dados relativos ao fator influência de terceiros. Fonte: Elaboração própria (2019) É interessante perceber que houve uma proximidade entre os percentuais de relevância e não relevância do fator. Trazendo para margem favorável o “Percentual positivo” de 53,8%. Fato que torna este aspecto relevante para análise do padrão de 52 consumo, de acordo com o apontamento feito por Oliveira et al (2016), tornando clara a influência de grupos sob os consumidores, no processo de aquisição. 4.8 PANORAMA GERAL DOS FATORES De acordo com as análises elaboradas a respeitos das afirmativas, condensadas no questionário de pesquisa (apêndice 01, 2019), pode-se concluir que há a seguinte ordem hierárquica dos níveis de relevância dos fatores abordados na pesquisa: Tabela 14: Ordem de relevância dos fatores que influenciam o consumo de cosméticos sustentáveis. Fonte: Elaboração própria (2019). Assim, podemos ter um panorama geral, por ordem decrescente, de quais fatores demonstram maior relevância no momento de aquisição do produto sustentável. Tendo em vista que todos os fatores apresentados, demonstram influência, mesmo que em intensidade distintas e de formas positivas e negativas, no padrão de compra do consumidor de cosméticos sustentáveis. 4.9 PERGUNTAS ABERTAS Tendo em vista uma melhor compreensão sobre os fatores que realmente influenciam o consumidor na compra de cosméticos sustentáveis, foram acrescentadas ao questionário duas questões abertas, as quais indagavam dois fatores positivos para consumir este tipo de produto e dois fatores que dificultavam esse consumo. 53 Dentre as respostas da questão 18 (apêndice 01, 2019), relacionado às categorias abordadas nas afirmativas do mesmo questionário, observamos os resultados do quadro abaixo: Tabela 15: Concordância dos respondentes sobre os fatores que contribuem para compra de cosméticos sustentáveis. Fonte: Elaboração própria (2019) Podemos aferir que, relacionando cada tópico com os 100% dos respondentes, temos a preocupação ambiental como fator mais citado nas respostas, seguido da qualidade do produto e em terceiro a saúde. Sendo estes, portanto, os fatores que mais contribuem, na visão do consumidor, para a aquisição de cosméticos sustentáveis. Já no questionamento 19 (apêndice 01, 2019), foi obtido os seguintes percentuais: Tabela 16: Opinião dos respondentes sobre os fatores que dificultam a compra de cosméticos sustentáveis. Fonte: Elaboração própria (2019). A tabela acima mostra que o preço é majoritariamente apontado na pesquisa como desestimulante ao consumo de cosméticos sustentáveis, tendo sido citado por 54 35% dos participantes. Além disto, os respondentes mencionaram, respectivamente, a disponibilidade imediata do produto (16%) e a pouca divulgação (13%) como fatores que também dificultam a aquisição do nicho de pesquisa. Tendo em vista, a abordagem quantitativa correlacionada aos dados obtidos por meio das questões abertas, podemos observar
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