Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS CURSO DE BIOMEDICINA RÔMULO FRANKLIN DE LIMA CÂNDIDO ALTERAÇÕES HEMATOLÓGICAS ASSOCIADAS À COVID-19 EM PACIENTES SINTOMÁTICOS Natal Abril/2021 Rômulo Franklin de Lima Cândido ALTERAÇÕES HEMATOLÓGICAS ASSOCIADAS À COVID-19 EM PACIENTES SINTOMÁTICOS Monografia apresentada à coordenação do curso de Biomedicina da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Biomedicina. Orientador(a): Prof. Dr. Ermeton Duarte do Nascimento. Natal Abril/2021 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS CURSO DE BIOMEDICINA A Monografia ALTERAÇÕES HEMATOLÓGICAS ASSOCIADAS À COVID-19 EM PACIENTES SINTOMÁTICOS, elaborada por RÔMULO FRANKLIN DE LIMA CÂNDIDO e aprovada por todos os membros da Banca examinadora foi aceita pelo Curso de Biomedicina e homologada pelos membros da banca, como requisito parcial à obtenção do título de BACHAREL EM BIOMEDICINA. Natal, 23 de abril de 2021 BANCA EXAMINADORA _________________________________________ Prof. Dr. Ermeton Duarte do Nascimento (DMP-UFRN) _________________________________________ Dra. Fabiana Lima Bezerra (DMP-UFRN) _________________________________________ Msc. Dayse Santos Arimateia (DMP-UFRN) AGRADECIMENTOS Agradeço, primeiramente, aos meus pais que sempre enfrentaram todas as dificuldades da vida e do trabalho árduo na agricultura para que eu pudesse realizar o meu sonho de me formar no ensino superior e ser o primeiro a ter um diploma na nossa família, sem vocês esse momento não seria possível. Muito obrigado também ao meu orientador, Dr. Ermeton Duarte do Nascimento, por toda paciência e dedicação a este trabalho, por ter compreendido como a pandemia afetou o meu psicológico e ter tornado o processo de escrita deste trabalho mais leve. Agradeço ainda aos meus amigos, em especial Letícia e Thiago, pessoas incríveis que conheci devido à universidade e que sempre estiveram ao meu lado durante bons e maus momentos ao longo dos anos e fizeram a minha jornada mais alegre. RESUMO No final de dezembro de 2019, o mundo encarou uma nova emergência em saúde pública com o surgimento em Wuhan, na China, dos primeiros casos de uma pneumonia, de origem até então desconhecida. O patógeno associado, um novo coronavírus, é agora amplamente conhecido como SARS-CoV-2 (coronavírus da síndrome respiratória aguda grave-2), pertence ao gênero Beta-coronavírus, e é uma partícula viral estruturalmente composta por glicoproteínas organizadas, como a proteína de pico Spike (S), que dá o aspecto de “coroa” ao vírus, a proteína HE (Hemaglutinina-Esterase), a proteína de membrana (M), e a proteína do envelope (E). No interior do vírus, há a presença de uma nucleoproteína (N), que se associa ao RNA de fita simples em uma estrutura helicoidal. O SARS-CoV-2, apresenta uma similaridade de 79% com outro vírus da mesma família, o SARS-CoV, e assim como este, utiliza-se da enzima conversora de angiotensina 2 (ECA-2) humana como receptor para invadir as células do hospedeiro e provocar doença. Considerando a variedade de sinais e sintomas que estão associados à infecção pelo SARS-CoV-2 e a dimensão dessa emergência em saúde pública, a análise dos parâmetros hematológicos que se alteram na COVID-19 podem ajudar na determinação do prognóstico e tratamento mais rápido de casos sintomáticos dessa doença. Com base nos estudos analisados, foi observado que a maioria dos casos sintomáticos de COVID-19 apresentava uma significativa linfopenia, a qual estava relacionada com a piora no prognóstico dos pacientes, uma vez que os linfócitos são células essenciais na defesa de infecções virais. Além disso, outro achado importante foi a trombocitopenia, que também estava relacionada com a gravidade dos casos nessa doença, pois baixos níveis de plaquetas podem gerar quadros de coagulação intravascular disseminada, levando o indivíduo ao óbito de forma mais rápida. Outras alterações foram descritas como marcadores de gravidade da COVID-19, como o aumento da concentração de D-dímero, que indica a ocorrência de eventos trombóticos. Palavras-chave: Alterações hematológicas, Coronavírus, Doença associada ao Coronavírus identificada em 2019, Coronavírus do tipo 2 associado à Síndrome Respiratória. ABSTRACT In late December 2019, the world faced a new public health emergency with the emergence in Wuhan, China, of the first cases of pneumonia, of a previously unknown origin. The associated pathogen, a new coronavirus, is now widely known as SARS-CoV-2 (severe acute respiratory syndrome coronavirus-2), belongs to the genus Beta-coronavirus, and is a viral particle structurally composed of organized glycoproteins, such as protein peak Spike (S), which gives the virus the “crown” aspect, the HE protein (Hemagglutinin-Esterase), the membrane protein (M), and the envelope protein (E). Inside the virus, there is the presence of a nucleoprotein (N), which is associated with single-stranded RNA in a helical structure. SARS-CoV-2 has a 79% similarity to another virus in the same family, SARS-CoV, and like this one, it uses the human angiotensin-converting enzyme 2 (ECA-2) as a receptor to invade the host cells and cause disease. Considering the variety of signs and symptoms that are associated with SARS-CoV-2 infection and the scale of this public health emergency, the analysis of hematological parameters that change in COVID-19 can help in determining the prognosis and faster treatment of symptomatic cases of this disease. Based on the studies analyzed, it was observed that the majority of symptomatic cases of COVID-19 had significant lymphopenia, which was related to the worsening of the patients' prognosis, since lymphocytes are essential cells in the defense of viral infections. In addition, another important finding was thrombocytopenia, which was also related to the severity of cases in this disease, as low levels of platelets can generate disseminated intravascular coagulation, leading the individual to death more quickly. Other changes have been described as COVID- 19 severity markers, such as an increase in the concentration of D-dimer, which indicates the occurrence of thrombotic events. Keywords: Hematological alterations, Coronavirus, Coronavirus disease-2019, Severe acute respiratory syndrome coronavirus-2. LISTA DE ABREVIATURAS BIREME Biblioteca Regional de Medicina CIVD Coagulação intravascular disseminada COVID-19 Corona Virus Disease-19 COVs Coronavírus (Família) ECA-2 Enzima Conversora de Angiotensina-2 GP Glicoproteínas HB Hemoglobina HE Hemaglutinina-Esterase KB Quilobases LAIS Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde MERS-CoV Coronavírus da Síndrome Respiratória do Oriente Médio NETs Neutrophil Extracellular Traps OMS Organização Mundial da Saúde PCR Polymerase Chain Reaction PDFs Produtos de Degradação da Fibrina RNA Ácido Ribonucleico SARS-CoV-2 Coronavírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave-2 TP Tempo de Protrombina TPO Trombopoetina UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte UTI Unidade de Terapia Intensiva VHS Velocidade de Hemossedimentação ÍNDICE 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 8 REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 14 2 MODELOPARA SUBMISSÃO DE ARTIGOS PARA A REVISTA HOLOS ..... 16 2.1 Normas para submissão de artigos ................................................................... 16 2.2.1 Exemplo ................................................................................................................... 16 2.2 Informações ............................................................................................................ 17 2.2.1 Configuração da página ....................................................................................... 17 2.3 Modelo de forma de apresentação do artigo ................................................... 17 2.4 Apresentação de figuras, tabelas e equações ................................................. 18 2.5 Referências ............................................................................................................. 20 3 ARTIGO .................................................................................................................... 21 4 COMPROVANTE DE SUBMISSÃO ...................................................................... 34 8 1 INTRODUÇÃO No final de dezembro de 2019, o mundo encarou uma nova emergência em saúde pública com o surgimento dos primeiros casos de uma pneumonia, de origem até então desconhecida, em Wuhan, província de Hubei na China (WU et al., 2020). O patógeno associado, um novo coronavírus, agora amplamente conhecido como SARS-CoV-2 (coronavírus da síndrome respiratória aguda grave-2), foi descoberto por meio de um mecanismo de vigilância para “pneumonia de etiologia desconhecida”, o qual foi implementado após a epidemia de um outro coronavírus, o coronavírus da Síndrome respiratória aguda grave-SARS-CoV, em 2003, também na China, com o objetivo de permitir a identificação de novos patógenos de forma mais rápida. E a doença causada por esse novo coronavírus foi denominada de Corona Virus Disease 2019 (COVID-19) (LI; et al. 2020). Os Coronavírus (CoVs) são vírus envelopados e que contêm um genoma de RNA (ácido ribonucleico) de fita simples e sentido positivo, com um tamanho que varia entre 26 e 32 Kb (quilobases) de comprimento, e por isso são considerados os maiores vírus de RNA conhecidos (LUDWIG; ZARBOCK, 2020). Possuem ainda capsídeo com simetria pleomórfica e apresentam glicoproteínas na superfície de seu envelope que, ao microscópio eletrônico, têm a aparência de coroas, por isso o nome coronavírus (XAVIER et al. 2020). Esse vírus pertence à ordem Nidovirales, família Coronaviridae e subfamília Orthocoronavirinae e pode ser classificado em quatro gêneros: Alfa, Beta, Gama e Delta- coronavírus. Os vírus dos gêneros Gama e Delta causam, geralmente, infecções em aves, enquanto que os dos gêneros Alfa e Beta podem infectar mamíferos e outros animais. Dentre estes últimos, aqueles que podem causar doenças em humanos são: SARS-CoV (Beta-coronavírus), 229E (Alfa-coronavírus), HKU1 (Beta-coronavírus), NL63 (Alfa-coronavírus), MERS-CoV (Beta-coronavírus) e o SARS-CoV-2, o novo coronavírus responsável pela pandemia atual, o qual pertence ao gênero Beta-coronavírus (KHAN; et al. 2020). Estruturalmente, a partícula viral é composta por glicoproteínas organizadas, dentre elas a proteína de pico Spike (S), que dá o aspecto de “coroa” ao vírus, e é usada para reconhecer os receptores nas células-alvo do hospedeiro. Além da proteína S, há a presença também de dímeros da proteína HE (Hemaglutinina-Esterase), a proteína de membrana (M), que possui 3 domínios transmembrana e é a mais abundante no vírion e 9 a proteína do envelope (E), que tem caráter hidrofóbico e é menos abundante. No interior do vírus, há a presença de uma nucleoproteína (N), que se associa ao RNA de fita simples em uma estrutura helicoidal, que protege o RNA contra danos. (CRUZ; et al 2020) (Figura 01). Figura 01- Estrutura da partícula viral. Proteína de M (membrana), proteína de E (envelope), RNA de fita simples com sentido positivo (+ssRNA), Hemaglutinina-Esterase (HE). (Fonte: Adaptado de Cruz; et al. 2020). O SARS-CoV-2 apresenta uma similaridade de 79% com outro vírus da mesma família, o SARS-CoV, e assim como este, utiliza a enzima conversora de angiotensina 2 (ECA-2) humana como receptor para invadir as células do hospedeiro e provocar doença. A ECA-2 é amplamente distribuída no corpo humano, e já foi identificada em células epiteliais pulmonares, células intestinais, células endoteliais vasculares, entre outras. A entrada do vírus na célula é mediada pelo contato da proteína S do vírus com a ECA-2 na membrana das células alvo. A proteína S é composta por duas subunidades, S1 e S2. A subunidade S1, a qual possui um domínio de ligação ao receptor (receptor- binding domain-RBD), é responsável por reconhecer o receptor na célula-alvo hospedeira e se ligar a ele, enquanto que a subunidade S2 contém os elementos básicos para que ocorra a fusão da membrana e consequente liberação do conteúdo viral no 10 citoplasma da célula do hospedeiro, e desta forma, e inicie a replicação viral (TAY, et al. 2020). Com o vírus no organismo, o sistema imunológico é acionado para tentar debelar a infecção emergente, porém, o que se observou nos casos de COVID-19, foi uma resposta inflamatória exacerbada, mediada por uma tempestade de citocinas e quimiocinas pró-inflamatórias, as quais contribuem para o agravamento dos quadros da infecção e a consequente síndrome respiratória aguda grave. Além disso, o Vírus também pode estimular possíveis eventos trombóticos e levar a falência de múltiplos órgãos em pacientes em estágios mais graves, que geralmente estão internados em UTIs (SOY, et al. 2020). O SARS-CoV-2 teve sua origem associada ao mercado atacadista de frutos do mar de Huanan (Sul da China), uma vez que as investigações epidemiológicas realizadas indicaram que os primeiros pacientes haviam tido contato com aquele local, no qual além de vender peixes e crustáceos, também vendia uma grande variedade de animais selvagens vivos e suas carcaças, animais sabidamente considerados reservatórios naturais de Coronavírus (JIN, et al. 2020). Sabe-se que o SARS-CoV e o MERS-CoV foram passados aos humanos através de hospedeiros intermediários, como os civetas (um tipo de gato herbívoro que se alimenta de grãos de café) e os camelos, respectivamente. Desta forma, acredita-se que SARS-CoV-2 também tenha sido transmitido originalmente de forma semelhante (ZHANG, WU e ZHANG. 2020). O pangolin, um mamífero das regiões tropicais da Ásia e da África, foi descrito como sendo o hospedeiro intermediário mais provável dessa contaminação, porém, vale ressaltar, que outros animais, também vendidos no mercado de Huanan, podem ter transmitido o vírus, como é o caso das cobras e morcegos do gênero Rhinolophus (morcegos ferradura), esses últimos os prováveis hospedeiros originais desse vírus. Em estudo filogenético foi encontrada uma semelhança de aproximadamente 96% entre a espécie de coronavírus isolada desses animais e o SARS-CoV-2. Porém, com o decorrer da pandemia, ficou clara a alta capacidade de transmissão desse vírus através do contato entre seres humanos, sendo essa, a principal forma de contagio atualmente (LAI, et al. 2020) (Figura 02). 11 Figura 02- Esquema da provável origem dos coronavírus emergentes SARS-CoV, MERS-CoV e SARS-Cov-2. (Fonte: Jin, et al. 2020). Historicamente, os coronavírus foram responsáveis por outras duas epidemias, uma em 2002-2003 na China, causada pelo SARS-CoV que atingiu cerca de 8.422 pessoas e outra em 2012, na Arábia Saudita, causada pelo MERS-CoV (Corona vírus da síndrome respiratória do oriente médio), a qual contaminou aproximadamente 2.500 pessoas, tendo um índice de mortalidade em torno de 34%. (HASÖKSÜZ; KILIÇ e SARAÇ, 2020). Atualmente, após um ano desde o primeiro caso de COVID-19, de acordo comdados da Organização Mundial da Saúde - OMS, até o dia dois de dezembro de 2020, foram registrados 63.360.234 casos de pessoas infectadas pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) no mundo, e 1.475.825 mortes por COVID-19. Sendo que a pandemia já atingiu cerca de 220 países, áreas ou territórios (WHO, 2020). No Brasil, segundo os dados atualizados pelo Ministério da Saúde, até o dia um de dezembro de 2020, o número de casos confirmados da doença tinha chegado a 6.386.787, desse total, 173.817 pessoas morreram em decorrência das complicações causadas pela infecção, 5.656.498 de indivíduos se recuperaram e 556.472 ainda estão recebendo acompanhamento da equipe de saúde (BRASIL, 2020). No Rio Grande do Norte, o boletim epidemiológico nº232 de 01 de dezembro de 2020 da Secretaria de Estado da Saúde Pública (SESAP), registrou no Estado 95.660 12 casos confirmados e 2.695 mortes por COVID-19 (RIO GRANDE DO NORTE, 2020). A sintomatologia da COVID-19 já mostrou ser bastante heterogênea entre os casos, variando de casos assintomáticos à pneumonia grave, com cerca de 10% dos infectados necessitando de ventilação mecânica e internação em UTIs. Além disso, essa patologia também pode provocar a morte (LAI, et al. 2020). Na COVID-19, a febre foi o sintoma mais comum observado nos infectados, seguido de tosse seca, dispneia (falta de ar), náuseas, diarreia e perda da sensibilidade olfatória, podendo, em alguns casos, ocorrer também cefaleia, mialgia e rinorreia. De acordo com a sintomatologia apresentada e por resultados de exames, os casos de COVID-19 podem ser classificados em assintomáticos, leves, moderados, graves e críticos, e a Tabela 01 abaixo mostra os critérios utilizados na classificação (BAJ, et al., 2020). Tabela 01- Classificação dos pacientes com COVID-19 com base na sintomatologia e exames complementares. Classificação dos pacientes com COVID-19 Assintomático Teste molecular (PCR) para SARS-CoV-2 positivo, mas sem quaisquer sintomas ou sinais clínicos e a Tomografia de tórax é normal. Leve Sintomas de infecção aguda do trato respiratório superior, tais como: febre, fadiga, mialgia, tosse, dor de garganta, coriza e espirros, ou ainda sintomas digestivos como: náuseas, vômito e diarreia. Tomografia de tórax normal. Moderado Presença de sintomas de pneumonia, com febre persistente maior que 37,8°C e tosse seca. Na tomografia de tórax é visível uma opacidade em vidro fosco e consolidação pulmonar. Grave Dispneia, hipóxia, comprometimento pulmonar >50%, diarreia, vômito e náuseas. A tomografia de tórax apresenta opacidade em vidro fosco, consolidação pulmonar, derrame pleural e linfadenopatia. Crítico Síndrome respiratória aguda grave, deficiência nos movimentos, perda da fala e na tomografia de tórax há a presença de opacidade em vidro fosco, geralmente bilateral, consolidação pulmonar e nódulos pulmonares. Pode ainda ter choque séptico, encefalopatia, lesão miocárdica, insuficiência cardíaca, coagulação intravascular disseminada e lesão renal aguda. (Fonte: Adaptado de BAJ, et al., 2020). Levando em consideração toda a variedade de sinais e sintomas que estão associados à infecção pelo SARS-CoV-2 e a dimensão dessa emergência em saúde 13 pública, a análise dos parâmetros hematológicos, como a concentração de hemoglobina, contagem dos leucócitos e plaquetas, assim como a determinação do tempo de protrombina e níveis de D-Dímero dos pacientes sintomáticos, por meio de exames de rotina, como o hemograma e demais exames complementares, ganhou um papel central no estabelecimento do prognóstico dos casos, essa afirmação se fundamenta no fato de que através dos resultados obtidos e avaliados nesses exames é possível observar como o organismo do indivíduo está se comportando frente à infecção pelo vírus, e desta forma, apontar precocemente a gravidade da doença em cada caso, contribuindo para o correto diagnóstico clínico e tratamento para COVID-19. Isso posto, o objetivo deste trabalho foi realizar um levantamento bibliográfico, em bancos de dados online, sobre os parâmetros hematológicos (que possam ser mensurados a partir de uma amostra de sangue) que se encontram alterados em decorrência da infecção pelo SARS-CoV-2 e que podem ajudar na determinação do prognóstico e tratamento mais rápido de casos sintomáticos da COVID-19. 14 REFERÊNCIAS BAJ, J. et al. COVID-19: Specific and Non-Specific Clinical Manifestations and Symptoms: The Current State of Knowledge. Journal of clinical medicine vol. 9,6 p.1753, 2020. BRASIL, Ministério da Saúde. Painel coronavírus. Disponível em: https://covid.saude.gov.br/. Acesso em: 01/12/2020. CRUZ, M. P. et al. COVID-19, una emergencia de salud pública mundial. Revista clinica espanhola. vol, 20, p. 55-6, 2020. HASÖKSÜZ, M., KILIÇ, S., & SARAÇ, F. Coronaviruses and SARS-COV-2. Turkish journal of medical sciences, v. 50, p. 549–556, 2020. JIN, Y. et al. Virology, Epidemiology, Pathogenesis, and Control of COVID-19. Viruses vol. 12, n. 4, p. 372, 2020. KHAN, S., et al. Emergence of a Novel Coronavirus, Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2: Biology and Therapeutic Options. Journal of Clinical Microbiology. vol.58, n. 5. 2020 LAI, C. et al. Severe acute respiratory syndrome coronavirus 2 (SARS-CoV-2) and coronavirus disease-2019 (COVID-19): The epidemic and the challenges. International journal of antimicrobial agents. vol. 55, n. 3, 2020. LI, QUN et al. Early Transmission Dynamics in Wuhan, China, of Novel Coronavirus- Infected Pneumonia. The New England journal of medicine, vol. 382, n. 13, p. 1199- 1207, 2020. LUDWIG, S.; ZARBOCK, A. Coronaviruses and SARS-CoV-2: A Brief Overview. Anesthesia and analgesia. Anesthesia and analgesia, Vol.131, n. 1, p. 93-96, 2020. RIO GRANDE DO NORTE (Estado). Secretaria do Estado da Saúde Pública (SESAP). Informe epidemiológico coronavírus (COVID-19) nº232. 2020. Disponível em: https://portalcovid19.saude.rn.gov.br/medidas/boletinsepidemiologicos/. Acesso em: 02/12/2020. SLOMKA, A.; KOWALEWSKI, M. and ZEKANOWSKA, E. Coronavirus disease 2019 (COVID-19): A short review on hematological manifestations. Pathogens, Vol.9, n. 6, p. 493, 2020. SOY, M. et al. Cytokine storm in COVID-19: pathogenesis and overview of anti- inflammatory agents used in treatment. Clinical rheumatology, vol. 39, n.7, 2020. TAY, M. Z. et al. The Trinity of COVID-19: immunity, inflammation and intervention. Nature reviews Immunology. Vol. 20, n.6, 2020. WANG, C. et al. Preliminary study to identify severe from moderate cases of COVID-19 using combined hematology parameters. Annals of translational medicine. Vol.8, n.9, p. 593, 2020. 15 WHO, Coronavirus Disease (COVID-19) Dashboard. World Health Organization; 2020. Disponível em: https://covid19.who.int/. Acesso em: 02/12/2020. WU, DI et al. The SARS-CoV-2 outbreak: What we know. International journal of infectious diseases. vol. 94, p. 44-48, 2020. XAVIER, A. R. et al. COVID-19: Manifestações clínicas e laboratoriais na infecção pelo novo coronavírus. Jornal Brasileiro de Patologia Médica Laboratorial. Rio de Janeiro, Vol. 5,. 2020. ZHANG, T., WU, Q., & ZHANG, Z. Probable Pangolin Origin of SARS-CoV-2 Associated with the COVID-19 Outbreak. Current biology: CB, v. 30, n.7, p.1346–1351, 2020. ZHANG, Y. et al. Mechanisms involved in the development of thrombocytopenia in patients whit COVID-19. Thrombosis research. Vol.193, p. 110-115, 2020. https://covid19.who.int/ 16 2 MODELO PARA SUBMISSÃO DE ARTIGOS PARA A REVISTA HOLOS 2.1 Normas para submissão de artigos Recomenda-se que o texto do artigo seja dividido em Introdução, Revisão Bibliográfica, Metodologia, Resultados e Discussões, Conclusão e Referências Bibliográficas. Porém, osautores estão livres para mudarem a nomenclatura dos tópicos quando for conveniente. Os tópicos deverão estar enumerados seguindo uma ordem sequencial. O mesmo acontece com os subtópicos como visto no exemplo abaixo: Recomenda-se que o artigo tenha até 15 páginas mais as referências. 2.1.1 Exemplo: Segue abaixo um exemplo de organização do artigo em forma de tópicos, bem como a formatação de cada um. 1. TÓPICO – Fonte: calibri; tamanho: 14; negrito; justificado, todo maiúsculo. 1.1. Subtópico 1 – Fonte: calibri; tamanho: 13pts; justificado, primeira letra maiúscula. 1.1.1. Subtópico 2 – Fonte: calibri; tamanho: 12pts; itálico; justificado; primeira letra maiúscula. 2. TÓPICO – Fonte: calibri; tamanho: 14 pts; negrito; justificado, todo maiúsculo. 2.1. Subtópico 1 – Fonte: calibri; tamanho: 13 pts; justificado, primeira letra maiúscula. 2.1.1. Subtópico 2 – Fonte: calibri; tamanho: 12pts; itálico; justificado; primeira letra maiúscula. Para o corpo do trabalho, será utilizada a seguinte formatação – digitação em Word for Windows®, Fonte: calibri; tamanho: 12 pts; justificado; primeiro parágrafo deslocado em 1,25cm à esquerda; espaçamento entre linhas em Múltiplos 1,1; espaçamento entre parágrafos em 6pt antes e 6pt depois. Todas as formatações acima descritas estão previamente configuradas na barra “Estilo” no Word for Windows®. Basta selecionar o texto e pressionar a configuração desejada. Citações com mais de 3 linhas: Fonte: Calibri; tamanho: 11pts; Recuo: 1,25; Entre linhas: simples; Espaçamento Antes: 12; Espaçamento Depois: 18; Alinhamento: Justificado. Para as referências das citações seguir as normas da APA: 17 • Com 2 autores: separar os autores com & seguido por vírgula e ano de publicação, por exemplo, no texto: Silva e Lopes (2003) ou (Silva & Lopes, 2003); • De 3 a 5 autores: na primeira citação referenciar todos os autores, na citação seguinte utilizar o sobrenome do primeiro autor e o et al, por exemplo, no texto (1ª citação): Silva, Serra, Abreu, Veras Neto e Borges (2014) ou na citação: (Silva, Serra, Abreu, Veras Neto & Borges, 2014); nas citações seguintes: no texto, Silva et al. (2004) ou no final da citação: (Silva et al., 2004). • A partir de 6 autores, utilizar o primeiro sobrenome seguido do et al. 2.2 Informações 2.2.1 Configuração da página: O formato da página é A4, digitação em Word for Windows®, com orientação retrato e tamanho de margens: • Superior: 3,0 cm; • Inferior: 2,5 cm; • Esquerda: 2,0 cm; • Direita: 2,0 cm. Não deverão constar os números de páginas, pois essa informação será introduzida posteriormente pela Comissão Organizadora. 2.3 Modelo de forma de apresentação do artigo Aplica-se nos casos em que o trabalho segue uma linha de desenvolvimento de assuntos contínuos, conforme a estrutura dada abaixo: • Introdução Apresentar o assunto estudado, abordando os aspectos gerais e buscando introduzir ao leitor na temática delineada. Também, fazer uma descrição sucinta dos objetivos da pesquisa. Ressaltar a importância da pesquisa dentro do contexto científico e/ou tecnológico, relatando as possíveis contribuições dos resultados alcançados. • Revisão Bibliográfica Abordar os aspectos teóricos diretamente relacionados com o trabalho desenvolvido, detalhando os assuntos principais do estudo em questão e baseando-se 18 nas diferentes abordagens pesquisadas na literatura (livros, teses, dissertações, artigos, trabalhos de congresso, etc.). • Metodologia Apresentar os materiais e equipamentos utilizados na pesquisa de campo e/ou experimental, detalhando os métodos e procedimentos empregados durante as atividades, detalhando a metodologia utilizada para a resolução do problema, os equipamentos e softwares usados no estudo. • Resultados e discussões Apresentar os resultados, analisando e discutindo os diversos aspectos de interesse. • Conclusão Relacionar as conclusões ou considerações finais obtidas de acordo com os resultados observados na pesquisa, podendo incluir sugestões para trabalhos futuros. • Referências bibliográficas Relacionar toda a bibliografia consultada e citada no artigo. 2.4 Apresentação de figuras, tabelas e equações Para Figuras (em alta resolução) e Tabelas, utilizar preferencialmente o mesmo padrão (tamanho de letra, borda, etc.). Quando citadas no texto, escrever com a 1ª letra maiúscula e não abreviar. Exemplos: “Na Figura 1 é possível observar a evolução da população...”; “... De acordo com a Tabela 2 ...” As Equações quando citadas no texto virão com a 1ª letra maiúscula e o número entre parênteses, sem abreviação. Exemplo: “Obtendo-se assim a Equação (1):” Sistema de unidades deverá ser homogêneo em todo o texto. Recomenda-se o sistema internacional (SI). As Figuras/Fotografias (em alta resolução) deverão ser numeradas em algarismos arábicos, por ordem de aparição no texto e devem estar centralizadas. A legenda deverá vir abaixo da mesma, com apenas a 1ª letra maiúscula na palavra “Figura” e no “título”, sendo separado por dois pontos. A fonte usada para na legenda é a padrão usado em todo o texto (calibri), o tamanho é 10pts e todo o texto da legenda deverá estar em negrito. Exemplo: para o caso de uma 3ª figura exposta no artigo. 19 Figura 3: Evolução da população em diversas regiões do RN. Quando houver mais de um gráfico para uma mesma figura, o título pode aparecer uma única vez, logo abaixo do conjunto de gráficos dispostos horizontal ou verticalmente. Exemplo: para o caso de uma 5ª figura exposta no artigo. 0.00 200000.00 400000.00 600000.00 800000.00 1000000.00 0 6 12 14 16 18 20 22 24 0.00 200,000.00 400,000.00 600,000.00 800,000.00 1,000,000.00 0 6 12 14 16 18 20 22 24 a) b) Figura 5: Evolução de ganhos (em azul) e custos (em roxo) - a) etapa 1; b) etapa 2. As Tabelas deverão ser enumeradas em algarismos arábicos, por ordem de aparição no texto e devem estar centralizadas. O tamanho da fonte do texto interno da tabela é 11, sem espaçamento entre as linhas, o texto da primeira linha deverá vir em negrito, as bordas deverão seguir o padrão estabelecida no exemplo abaixo. O título deverá vir acima da mesma, com apenas a 1ª letra maiúscula na palavra “Tabela” e no “título”, sendo separado por dois pontos. As unidades referentes à coluna, quando couber, serão apresentadas nos “cabeçalhos” da coluna correspondente. A fonte usada para no título da tabela é a padrão usado em todo o texto (calibri), o tamanho é 10pts e todo o texto do título deverá estar em negrito. _̂ _̂ _̂ _̂ _̂ _̂ !( !( !( !( !( !( MA-01 AB-01 AB-02GR-01 TB-01 TB-02 Tibau Macau Grossos Serra do Mel Areia Branca Porto do Mangue 695000 725000 755000 9 4 3 5 0 0 0 9 4 6 5 0 0 0 Ê NORDESTE Oceano Atlântico CE RN Tibau Upanema Ponta do Mel Camapum Legenda _̂ Estações de monitoramento !. Cidade 0 5 102,5 km !( 20 Exemplo: para o caso de uma 2ª tabela exposta artigo Tabela 2: Estudo da influência do tempo na degradação da glicose. Amostra Concentração (moles/L) Rendimento (%) 1 2 3 4 0,02 0,12 0,30 0,43 45 56 70 87 As Equações Matemáticas e Químicas deverão estar enumeradas por ordem de aparição, com o respectivo número entre parênteses e no extremo da margem direita. Quando ocorrerem equações seguidas no texto, inserir uma linha como espaço entre as equações. Exemplo: AB + CD → AC + BD (1) )β21)(β1( β2 Q Q eE 2 e c d −− = (2) Quanto ao Uso de palavras estrangeiras, recomenda-se evitar o estrangeirismo. Quando o uso for necessário, utilizar a forma em itálico. Exemplo: “O polímero produzido na etapa de finalização é extrudado na forma de chip ou pellet”. 2.5 Referências Ao final do texto deverão aparecer as REFERÊNCIAS, utilizando fonte calibri, tamanho da fonte 12pts, espaçamentosimples entre linhas; separadas por 12pts depois; com deslocamento na segunda linha de 0,75cm e alinhamento justificado. Todas as referências colocadas no artigo deverão seguir as Normas da APA. 21 3 ARTIGO HEMATOLOGICAL CHANGES ARISING FROM COVID-19 IN SYMPTOMATIC PATIENTS R. F. L. CÂNDIDO1, E. D. NASCIMENTO2 Universidade Federal do Rio Grande do Norte / Centro de Biociências / Departamento de Microbiologia e Parasitologia ORCID ID: https://orcid.org/0000-XXXX-XXXX-XXXX* francklin.romulo@gmail.com1/ermeton.duarte@ufrn.br2 Submetido 14/06/2020 - Aceito xx/xx/2020 DOI: 10.15628/holos.2021.XXXX ABSTRACT At the end of 2019, a new public health emergency appeared in China, with the first cases of pneumonia of a previously unknown origin that became responsible for a global pandemic, COVID-19. The pathogen associated with these cases, a new coronavirus, is now known as SARS-CoV-2, and it causes the disease. This virus is part of the genus Beta-coronavirus and is structurally a viral particle composed of organized glycoproteins, such as the peak protein Spike (S), which gives the virus the “crown” aspect. Protein S is responsible for the recognition of ECA-2, a receptor molecule of the host cell, used for the virus invasion, which influences the disease severity. The analysis of hematological changes in COVID-19 shows that lymphopenia and thrombocytopenia, as well as changes in D-dimer, PT and hemoglobin can help in the severe cases prognosis and faster treatment. KEYWORDS: Hematological alterations, Coronavirus, Coronavirus disease-2019, Severe acute respiratory syndrome coronavirus-2. ALTERAÇÕES HEMATOLÓGICAS ASSOCIADAS À COVID-19 EM PACIENTES SINTOMÁTICOS RESUMO No final de 2019, uma nova emergência em saúde pública surgiu na China, com os primeiros casos de uma pneumonia de origem até então desconhecida que se tornou responsável por uma pandemia global, a COVID- 19. O patógeno associado a esses casos, um novo coronavírus, é agora conhecido como SARS-CoV-2, e causador da doença. Esse vírus pertence ao gênero Beta-coronavírus e é, estruturalmente, uma partícula viral composta por glicoproteínas organizadas, como a proteína de pico Spike (S), que dá o aspecto de “coroa” ao vírus. A proteína S é a responsável pelo reconhecimento da ECA-2, uma molécula receptora da célula do hospedeiro, utilizada para a invasão do vírus, que influencia a gravidade da doença. A análise das alterações hematológicas na COVID-19 mostra que a linfopenia e a trombocitopenia, bem como as alterações no D-dímero, TP e hemoglobina podem ajudar no prognóstico e no tratamento mais rápido de casos graves. PALAVRAS-CHAVE: Alterações hematológicas, Coronavírus, Doença associada ao Coronavírus identificada em 2019, Coronavírus do tipo 2 associado à Síndrome Respiratória. 20 1 INTRODUÇÃO No final de dezembro de 2019, em Wuhan, província de Hubei na China, uma nova emergência em saúde pública surgiu com os primeiros casos de uma pneumonia, de origem até então desconhecida (Wu, Wu, Liu & Yang, 2020). O patógeno associado era um novo coronavírus, agora amplamente conhecido como SARS-CoV-2 (Coronavírus da síndrome respiratória aguda grave-2), que foi descoberto por meio de um mecanismo de vigilância epidemiológica implementado em 2003 após uma epidemia de outro coronavírus, o coronavírus da Síndrome respiratória aguda grave-SARS-CoV, também na China. A doença causada pelo SARS-CoV-2 foi denominada então de CoronaVirus Disease-19 (COVID-19) (Li et al., 2020). Os Coronavírus (CoVs) são vírus envelopados que contêm um genoma de RNA (ácido ribonucleico) de fita simples e sentido positivo, com um comprimento variando entre 26 e 32 Kb (quilobases), e por isso são considerados os maiores vírus de RNA conhecidos (Ludwig & Zarbock, 2020). Possuem capsídeo com simetria pleomórfica e apresentam glicoproteínas na superfície de seu envelope, com a aparência de “coroas” à microscopia eletrônica, por isso recebem o nome coronavírus (Xavier et al., 2020). Esses vírus pertencem à ordem Nidovirales, família Coronaviridae e subfamília Orthocoronavirinae e podem ser classificados em 4 gêneros: Alfa, Beta, Gama e Delta- coronavírus. Os vírus dos gêneros Gama e Delta causam, geralmente, infecções em aves, enquanto que os gêneros Alfa e Beta podem infectar mamíferos e outros animais. Dentre estes últimos, aqueles que podem causar doenças em humanos são os sorotipos 229E e NL63 (dois Alfa-coronavírus) e o HKU1, MERS-CoV, SARS-CoV e o SARS-CoV-2, o novo coronavírus responsável pela pandemia atual, todos pertences ao gênero Beta-coronavírus (Khan et al., 2020). Estruturalmente, as cepas desses gêneros são compostas por glicoproteínas organizadas, dentre elas a proteína de pico conhecida como Spike (S), que dá o aspecto de “coroa” ao vírus, e é usada pelo patógeno para reconhecer os receptores nas células-alvo do hospedeiro. Além da proteína S, há a presença também de dímeros da proteína HE (Hemaglutinina-Esterase), a proteína de membrana (M), que possui 3 domínios transmembrana e é a mais abundante no vírion, e a proteína do envelope (E), que tem caráter hidrofóbico e é menos abundante. No interior do vírus, há a presença de uma nucleoproteína (N), que se associa ao RNA de fita simples em uma estrutura helicoidal, que protege o RNA contra danos. (Cruz, Santos, Cervantes & Juaárez, 2020) (Figura 1). 21 Figura 1: Estrutura da partícula viral. Proteína de M (membrana), proteína de E (envelope), RNA de fita simples com sentido positivo (+ssRNA), Hemaglutinina-Esterase (HE) (Fonte: Adaptado de Cruz et al., 2020). O SARS-CoV-2 apresenta uma similaridade de 79% com outro vírus da mesma família, o SARS-CoV, e assim como este, utiliza-se da enzima conversora de angiotensina 2 (ECA-2) humana como receptor para invadir as células do hospedeiro e provocar doença. A ECA-2 é amplamente distribuída no corpo humano, e está presente em células epiteliais pulmonares, células intestinais, células endoteliais vasculares, entre outras. A entrada do vírus na célula é mediada pelo contato da proteína S do vírus com a ECA-2 na membrana das células alvo. A proteína S é composta por duas subunidades, S1 e S2. A subunidade S1 possui um domínio de ligação ao receptor (receptor-binding domain-RBD), que é responsável por reconhecer o receptor na célula alvo hospedeira e se ligar a ele, enquanto que a subunidade S2 contém os elementos básicos para que ocorra a fusão da membrana e consequente liberação do conteúdo viral no citoplasma da célula hospedeira e se inicie a replicação viral (Tay, Poh, Rénia, MacAry & Ng, 2020). Com o vírus no organismo, o sistema imunológico tenta debelar a infecção emergente, porém, nos casos de COVID-19, há uma resposta inflamatória exacerbada, mediada por uma tempestade de citocinas e quimiocinas pró-inflamatórias, que contribui para o agravamento dos quadros da infecção e a consequente síndrome respiratória aguda grave, e pode levar à eventos trombóticos e falência de múltiplos órgãos em pacientes internados em UTIs (Soy et al., 2020). O SARS-CoV-2 tem sua origem associada ao mercado atacadista de frutos do mar de Huanan (Sul da China), ao passo que as investigações epidemiológicas indicaram que os primeiros pacientes tiveram contato com aquele local. Naquele mercado, além de peixes e crustáceos, também se vendia uma grande variedade de animais selvagens vivos e suas carcaças, já considerados reservatórios naturais de Coronavírus (Jin, et al. 2020). 22 Sabe-se que o SARS-CoV e o MERS-CoV foram passados aos humanos através de hospedeiros intermediários, como civetas (um tipo de gato herbívoro que se alimenta de grãos de café) e camelos, respectivamente. Assim, acredita-se que o SARS-CoV-2 também tenha sido transmitido originalmente dessa forma (Zhang, Wu & Zhang2020). O pangolin, um mamífero das regiões tropicais da Ásia e África, foi descrito como sendo o hospedeiro intermediário mais provável dessa contaminação, porém, vale ressaltar, que outros animais também vendidos no mercado de Huanan podem ter transmitido o vírus, como é o caso das cobras de diversos gêneros e os morcegos do gênero Rhinolophus (morcegos ferradura), hospedeiros originais desse vírus. Em estudo filogenético foi encontrada uma semelhança de aproximadamente 96% entre a espécie de coronavírus isolada desses animais e o SARS-CoV- 2. Porém, com o decorrer da pandemia, ficou clara a alta capacidade de transmissão desse vírus através do contato entre seres humanos, sendo essa, a principal forma de contagio atualmente (Lai, Shih, Ko, Tang & Hsueh, 2020) (Figura 2). Figura 2: Esquema da provável origem dos Coronavírus emergentes SARS-CoV, MERS-CoV e SARS-Cov-2 (Fonte: Jin et al., 2020). Historicamente, os coronavírus foram responsáveis por outras duas epidemias, uma em 2002-2003 na China, causada pelo SARS-CoV (que atingiu cerca de 8.422 pessoas), e outra em 2012, na Arábia Saudita, causada pelo MERS-CoV (Corona vírus da síndrome respiratória do oriente médio), que contaminou aproximadamente 2.500 pessoas, tendo um índice de mortalidade em torno de 34%. (Hasöksüz, Kiliç & Saraç, 2020). Atualmente, após um ano desde o primeiro caso de COVID-19, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde - OMS, até o dia dois de dezembro de 2020, foram registrados 63.360.234 casos de pessoas infectadas pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) no mundo, e 1.475.825 mortes por COVID-19. Sendo que a pandemia já atingiu cerca de 220 países, áreas ou territórios em todo o mundo (Who, 2020). 23 No Brasil, segundo os dados atualizados pelo Ministério da Saúde, até o dia um de dezembro de 2020, o número de casos confirmados da doença tinha chegado a 6.386.787. Desse total, 173.817 pessoas já tinham morrido em decorrência de complicações causadas pela infecção, 5.656.498 de indivíduos tinham se recuperado e 556.472 ainda estavam recebendo acompanhamento da equipe de saúde (Brasil, 2020). No Rio Grande do Norte, o último boletim epidemiológico nº232 de 01 de dezembro de 2020 da Secretaria de Estado da Saúde Pública (SESAP), tinha registrado 95.660 casos confirmados e 2.695 mortes por COVID-19 (Rio Grande do Norte, 2020). A sintomatologia da COVID-19 mostrou ser bastante heterogênea entre os casos notificados, variando entre assintomáticos à casos de pneumonia grave, com cerca de 10% dos infectados necessitando de ventilação mecânica e internação em UTIs. Além disso, essa patologia pode ainda provocar a morte (Lai, Shih, Ko, Tang & Hsueh et al., 2020). Na COVID-19, a febre foi o sintoma mais comum observado nos infectados, seguido de tosse seca, dispneia (falta de ar), náuseas, diarreia e perda da sensibilidade olfatória, podendo, em alguns casos, ocorrer também cefaleia, mialgia e rinorreia. De acordo com a sintomatologia apresentada e pelos resultados de exames diversos, os casos de COVID-19 podem ser classificados em assintomáticos e sintomáticos leves, moderados, graves e críticos. A Tabela 1 abaixo mostra os critérios utilizados na classificação (Baj et al., 2020). Tabela 1: Classificação dos pacientes com COVID-19 com base na sintomatologia e exames complementares. (Fonte: Adaptado de BAJ et al., 2020). Classificação dos pacientes com COVID-19 Assintomático Teste molecular (PCR) para SARS-CoV-2 positivo, mas sem quaisquer sintomas ou sinais clínicos e a Tomografia de tórax é normal. Si n to m át ic o s Leve Sintomas de infecção aguda do trato respiratório superior, tais como: febre, fadiga, mialgia, tosse, dor de garganta, coriza e espirros, ou ainda sintomas digestivos como: náuseas, vômito e diarreia. Tomografia de tórax normal. Moderado Presença de sintomas de pneumonia, com febre persistente maior que 37,8°C e tosse seca. Na tomografia de tórax é visível uma opacidade em vidro fosco e consolidação pulmonar. Grave Dispneia, hipóxia, comprometimento pulmonar >50%, diarreia, vômito e náuseas. A tomografia de tórax apresenta opacidade em vidro fosco, consolidação pulmonar, derrame pleural e linfadenopatia. Crítico Síndrome respiratória aguda grave, deficiência nos movimentos, perda da fala e na tomografia de tórax há a presença de opacidade em vidro fosco, geralmente bilateral, consolidação pulmonar e nódulos pulmonares. Pode ainda ter choque séptico, encefalopatia, lesão miocárdica, insuficiência cardíaca, coagulação intravascular disseminada e lesão renal aguda. Levando em consideração toda a variedade de sinais e sintomas que estão associados à infecção pelo SARS-CoV-2 e a dimensão dessa emergência em saúde pública, a análise dos 24 parâmetros hematológicos, por meio de exames de rotina, como o hemograma e demais exames complementares, parece ter um papel central no estabelecimento do prognóstico dos casos, essa afirmação se fundamenta no fato de que através dos resultados obtidos e avaliados nesses exames é possível observar como o organismo do indivíduo está se comportando frente à infecção pelo vírus, e desta forma, apontar precocemente a gravidade da doença em cada caso, contribuindo para o correto diagnóstico clínico e tratamento para COVID-19. 2 OBJETIVOS Realizar um levantamento bibliográfico, em artigos científicos publicados no ano de 2020 nas bases de dados online, sobre os parâmetros hematológicos alterados de paciente infectados pelo SARS-CoV-2 e assim descrever um possível padrão que ajude a determinar um prognóstico mais rápido e/ou a eficácia do tratamento dos casos sintomáticos da COVID- 19. 3 METODOLOGIA Durante o período de julho a agosto de 2020, foi feita uma busca por artigos científicos publicados por diversos países naquele ano, nos bancos de dados online Scielo, BIREME e PubMed, em Inglês, espanhol e português, usando os descritores: SARS-CoV-2, COVID-19, Parâmetros hematológicos e alterações hematológicas, isolados e em combinações. Para isso, foram incluídos na pesquisa todos os artigos científicos, de qualquer país, publicados em 2020, nas bases de dados especificadas acima, em inglês, espanhol e/ou português, que tratassem de alterações hematológicas causadas pela infecção por SARS- CoV-2. Foram excluídos todos aqueles que não fossem artigos científicos; que foram publicados em idiomas diferentes dos especificados acima; que apresentavam qualquer outra alteração causada pelo SARS-CoV-2 que não fosse de origem hematológica; que apresentassem qualquer alteração hematológica que não fosse decorrente da COVID-19 e/ou qualquer artigo que apresentasse alterações hematológicas decorrentes de infecções por Coronavírus que não foi publicado durante a pandemia de COVID-19. Os resultados foram organizados e analisados por meio do Software SPSS® e de estatística descritiva. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Após a busca nos bancos de dados online Scielo, BIREME e PubMed, por meio das combinações dos descritores e o uso dos critérios de inclusão e exclusão, durante o período proposto, foram selecionados 14 artigos científicos em Inglês e português (não houve artigos publicados em espanhol que atendesse os critérios usados), publicados por diversos países. Dentre essas publicações, na maioria dos casos de COVID-19 sintomática, os pacientes eram indivíduos do sexo masculino, como mostra a Tabela 2. Seis desses artigos descreveram os indivíduos do sexo masculino como a maioria dos pacientes internados nos hospitais e com doença mais grave, somente uma publicação apontou que a maioria da amostra era de indivíduos do sexo feminino e sete deles não informaram os sexos dos envolvidos no estudo. Dentre os artigos citados, Slomka, Kowalewski e Zekanowska (2020), sugerem que pertencer ao sexo masculino é um fator de risco para a infecção por SARS-CoV-2, porém, não trazem dadosestatísticos que embasem essa informação. 25 Tabela 2: Alterações hematológicas mais comuns e com valor prognóstico em casos de infecção por SARS- COV-2. [Hb]: Concentração de hemoglobina. TP: Tempo de protrombina. VHS: Velocidade de Hemossedimentação. (Fonte: Autoria própria). Parâmetros avaliados Quantitativo de artigos que relataram alterações para cada parâmetro avaliado Sexo dos indivíduos Mais de 50% dos indivíduos era do sexo masculino Mais de 50% dos indivíduos era do sexo feminino Não informado 6 1 7 Alterações nas hemácias Diminuição da [Hb] Aumento da VHS e diminuição da [Hb] Não informado 2 2 10 Alterações nas plaquetas Trombocitopenia Não informado 11 3 Alterações nos leucócitos Linfócitos associados com leucopenia Aumento dos neutrófilos 11 5 Alterações na coagulação D-Dímero D-Dímero e TP Não informado 4 4 6 Correlacionando os dados dos estudos analisados com os disponibilizados na plataforma online do Laboratório de inovação tecnológica em saúde da UFRN (LAIS-UFRN), para o Estado do Rio Grande do Norte, observa-se que por mais que os indivíduos do sexo feminino sejam a maioria a realizarem testes diagnósticos e, portanto, representarem o maior número de casos confirmados, no número de indivíduos que foram a óbito, há o predomínio de pessoas do sexo masculino, o que pode indicar que esse grupo apresenta um curso mais grave da infecção, e que estaria de acordo com os dados apresentados por outros pesquisadores em outros países (Tabela 3). Nos artigos avaliados, já apresentados na Tabela 2, a maior parte dos achados hematológicos nas infecções por SARS-CoV-2 está relacionada com os leucócitos, as células de defesa do nosso organismo, com as plaquetas, células envolvidas em processos da hemostasia primária, e também com as proteínas relacionadas à coagulação. Além disso, alguns estudos apontam leves alterações nas hemácias, porém sem muita relação com a gravidade dos casos analisados. Algumas revisões consultadas para este trabalho, como é o caso de Xavier et al. (2020), mencionavam uma alteração na concentração de hemoglobina nos pacientes com COVID-19, porém as informações sobre este parâmetro são muito heterogêneas, não sendo um indicador muito avaliado para o prognóstico dessa patologia. Segundo Liu, Zhang e He (2020), a anemia não foi um achado muito comum nos pacientes hospitalizados, entretanto, mostrou ter uma tendência decrescente em casos críticos da doença. Ademais, esses autores citaram ainda, que havia um aumento na velocidade de hemossedimentação (VHS) à medida que o estado clínico do paciente se deteriorava. Esses achados sobre o aumento dos valores de VHS confirmam a sua ligação clássica com os processos inflamatórios, 26 considerando que o quadro de COVID-19, por si só, leva a um processo inflamatório generalizado, sendo essa a causa principal da morte, na maioria dos casos. Tabela 3: Faixa etária por sexo dos pacientes que fizeram teste para COVID-19, dos que deram positivo e dos que foram a óbito em decorrência da doença no Rio Grande do Norte até o dia 12/12/2020. Fonte: Adaptado de LAIS-UFRN (2020). Sexos Faixa etária 0 -4 5 -9 1 0 -1 4 1 5 -1 9 2 0 -2 4 2 5 -2 9 3 0 -3 4 3 5 -3 9 4 0 -4 4 4 5 -4 9 5 0 -5 4 5 5 -5 9 6 0 -6 4 6 5 -6 9 7 0 -7 4 7 5 -7 9 8 0 -8 4 8 5 -8 9 9 0 -9 4 9 5 -9 9 1 0 0 Masculino- Pacientes testados 3 .7 8 9 3 .4 2 1 3 .9 4 1 7 .8 5 5 1 9 .7 7 6 2 6 .9 6 5 3 0 .3 9 7 3 1 .8 7 3 2 6 .6 0 9 2 0 .7 3 9 1 7 .6 3 4 1 4 .7 8 7 1 0 .6 6 3 7 .4 8 6 5 .9 8 9 4 .3 4 9 3 .1 9 3 1 .1 0 8 9 5 0 3 9 4 1 1 9 Feminino- Pacientes testados 3 .2 2 7 3 .2 6 7 4 .3 3 0 9 .5 8 6 2 2 .4 3 8 3 2 .6 9 0 3 7 .2 9 3 3 8 .3 3 4 3 3 .7 9 1 2 7 .0 5 2 2 4 .5 0 5 2 0 .5 8 7 1 3 .8 7 3 9 .2 7 0 7 .1 4 5 4 .6 8 3 3 .8 4 0 2 .3 9 4 1 .2 8 6 5 2 6 1 6 5 Total 7 .0 1 6 6 .6 8 8 8 .2 7 1 1 7 .4 4 1 4 2 .2 1 4 5 9 .6 5 5 6 7 .6 9 0 7 0 .2 0 7 6 0 .4 0 0 4 7 .7 9 1 4 2 .1 3 9 3 5 .3 7 4 2 4 .5 3 6 1 6 .7 5 6 1 3 .1 3 4 9 .0 3 2 7 .0 3 3 3 .5 0 2 2 .0 7 6 9 2 0 2 8 4 Masculino- Pacientes com COVID- 19 3 9 1 3 9 8 5 7 3 1 .3 2 4 3 .2 9 7 4 .9 1 9 5 .7 9 3 6 .4 1 9 5 .5 6 3 4 .5 4 7 3 .8 0 3 3 .2 4 8 2 .4 1 0 1 .7 1 8 1 .3 9 5 9 6 4 6 9 1 4 2 0 2 1 0 7 5 2 3 Feminino- Pacientes com COVID- 19 3 6 9 3 8 7 6 7 1 1 .5 1 9 3 .5 1 0 5 .3 9 5 6 .6 5 3 6 .9 5 5 6 .1 7 3 4 .9 6 1 4 .6 7 7 4 .0 5 6 2 .9 8 8 2 .0 3 6 1 .7 0 5 1 .1 0 0 9 3 1 5 1 2 2 6 6 1 1 3 3 1 Total 7 60 7 85 1 .2 4 4 2 .8 4 3 6 .8 0 7 1 0 .3 14 1 2 .4 46 1 3 .3 74 1 1 .7 36 9 .5 0 8 8 .4 8 0 7 .3 0 4 5 39 8 3 .7 5 4 3 .1 0 0 2 .0 6 4 1 .6 2 2 9 32 4 76 1 88 5 4 Masculino – óbitos por COVID-19 3 2 2 1 1 0 1 7 2 5 3 2 5 6 6 2 9 1 1 40 1 30 1 55 2 05 1 74 1 88 1 09 7 6 3 0 1 1 Feminino – Óbitos por COVID-19 5 1 0 4 9 7 1 6 2 6 3 6 2 8 5 6 8 0 9 6 1 14 1 56 1 48 1 76 1 34 8 2 3 7 7 Total 8 3 2 5 1 9 2 4 3 1 4 8 9 2 9 0 1 47 2 20 2 26 2 69 3 61 3 22 3 64 2 43 1 58 6 7 1 8 27 A hemoglobina, nos indivíduos adultos, é um heterotetrâmero composto por quatro subunidades de globinas que têm a função primária de transportar moléculas de oxigênio dos pulmões para o restante do corpo, além de captar o CO2 abundante nos tecidos periféricos e transportar aos pulmões para expiração. Dessa forma, essa molécula auxilia no equilíbrio ácido-básico, sendo considerada um parâmetro a ser analisado nos casos de COVID-19, já que essa doença, geralmente, é associada à falta de oxigenação, e uma diminuição muito acentuada da concentração de hemoglobina pode piorar ainda mais os casos das pessoas afetadas, principalmente se o indivíduo apresentar outras comorbidades, como hipertensão e diabetes (Taneri, et al., 2020). De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), são considerados baixos níveis de hemoglobina, para adultos do sexo masculino, uma concentração abaixo de 13 g/dL, e para adultos do sexo feminino, abaixo de 12 g/dL (WHO, 2011). Outro parâmetro relacionado às hemácias, citado pelos estudos, é a velocidade de hemossedimentação (VHS), que consiste na medida da taxa de sedimentação das hemácias quando o sangue anticoagulado é colocado em um tubo graduado na posição vertical por um determinado tempo. Esse exame é uma estimativa do grau de inflamação geral, sendo considerado um teste não específico, ao passo que pode apresentar alterações em decorrência de vários fatores, como por exemplo, idade, gravidez, presença de anemia falciforme e hábitos de vida como o tabagismo (Alende-Castro et al., 2019). Com relação à contagem de plaquetas, o achado mais relevante foi a trombocitopenia, ou seja, uma diminuição no número total de plaquetas circulantes, que em muitos artigos, como Chen et al. (2020), também foi associada a um mau prognóstico do paciente, pois baixos níveis de plaquetas em pacientes com COVID-19 grave refletem quadros de coagulação intravascular disseminada (CIVD), que podem levar o indivíduo ao óbito de forma mais rápida. As plaquetas são células anucleadas, derivadas da fragmentação citoplasmática dos megacariócitos, e que têm sua principal função voltada para a manutenção da hemostasia primária,que ocorre, inicialmente, por meio da ligação entre as glicoproteínas (Gp) de adesão presentes na membrana plaquetária, em especial o complexo Gp Ib-XI-V e Gp VI, à componentes endoteliais, como o fator de Von Willebrand e o colágeno da matriz extracelular. Após esse início, ocorre o processo de agregação plaquetária, mediada pela liberação dos conteúdos granulares e pelo receptor Gp IIb/IIIa, que possibilita a formação de pontes entre as plaquetas, uma vez que esteja ligado ao Fator de Von Willebrand ou ao fibrinogênio, culminando no tampão plaquetário, o qual ajuda a manter a hemostasia e evita processos hemorrágicos (Tomaiuolo; Brass & Stalker, 2017). Zhang et al. (2020), explicam possíveis mecanismos para a trombocitopenia na infecção pelo SARS-CoV-2, como por exemplo, o ataque viral às células tronco hematopoiéticas, mediado pela ECA-2 expressa em tecidos hematopoiéticos e linfoides. Esses autores apontam ainda que a diminuição da maturação e diferenciação dos megacariócitos, por meio da diminuição da produção da trombopoetina (TPO), que é sintetizada por uma variedade de células, como os hepatócitos, seria outro possível mecanismo. Essa relação ocorre porque os hepatócitos também expressam a ECA-2 e, desta forma, podem ser infectados pelo SARS-CoV-2, que leva a um dano hepático. Esse dano dificulta a produção de TPO, e eventualmente, inibe a diferenciação e maturação dos 28 megacariócitos, os precursores das plaquetas. E por fim, Zhang e colaboradores explicam ainda, que ocorre o aumento na depuração e consumo das plaquetas, bem como danos pulmonares, que podem ser outros mecanismos para a infecção. Em relação aos leucócitos e o SARS-CoV-2, quando foi realizada a busca por dados, pôde-se observar que a alteração mais relatada nos estudos foi a presença de uma significativa linfopenia (diminuição na contagem de linfócitos circulantes), a qual era bastante notável na admissão dos pacientes. Segundo Guan et al. (2020); Ding et al. (2020) e Zhang et al. (2020), que na China analisaram, caso a caso, os dados dos prontuários de pacientes com diagnóstico laboratorial positivo para COVID-19, a linfopenia foi identificada, em média, em cerca de 70,9% dos infectados. Esse achado laboratorial mostrou ser inversamente proporcional à gravidade da doença, sendo mais alto em pacientes que tinham casos leves ou que se recuperaram, e mais baixo naqueles que evoluíram com doença grave ou crítica, bem como naqueles que não sobreviveram ao vírus (Chen, et al., 2020). Ainda segundo Chen e colaboradores (2020), com relação à contagem global de leucócitos, o que ficou evidente foi à existência de uma mudança dinâmica entre leucopenia e leucocitose. Eles notaram que no início da doença predominava, na maioria dos relatos, uma leucopenia acompanhada de uma linfopenia. Entretanto, nos pacientes que apresentaram um pior prognóstico ou morreram de COVID-19 ocorreu um aumento significativo no número de neutrófilos. Isso fazia com que a contagem total dos leucócitos aumentasse bastante, mesmo ainda tendo níveis baixos de linfócitos. Dentre os leucócitos, os linfócitos são as células que estão associadas à defesa de infecções virais, e geralmente, no hemograma de indivíduos com doenças virais, encontram- se aumentados em número como resposta à presença do vírus. Porém, nos casos de COVID- 19 mais graves, foi observada uma diminuição acentuada dessas células, assim, a contagem diferencial dos leucócitos com linfopenia, tornou-se um bom medidor prognóstico para avaliar a gravidade da doença (Terpos, et al., 2020). Além disso, foi observado, em lâminas de esfregaço sanguíneo de pacientes com COVID-19, um aumento na contagem de linfócitos reativos ou atípicos, que são linfócitos com alterações morfológicas decorrentes da presença do vírus, quando comparados com infecções por outros coronavírus, como o SARS-CoV e MERS-CoV (Fan, et al., 2020). Ainda segundo Terpos et al. (2020), um dos fatores que pode explicar o fenômeno da baixa contagem de linfócitos, observada no leucograma, pode estar relacionado com o fato do SARS-CoV-2 utilizar a enzima conversora de angiotensina-2 (ECA-2) como receptor para entrar nas células do hospedeiro. Nesse contexto, é importante explicar que os linfócitos possuem a ECA-2 em suas membranas, o que os tornam alvos da infecção pelo vírus e, posteriormente, após a multiplicação viral, os levem à lise e consequente linfopenia, uma baixa no número dos linfócitos. Com relação aos neutrófilos, a literatura mostra que, conforme a COVID-19 progride com sintomatologia mais grave, há um aumento proporcional no número de neutrófilos, provavelmente atraídos pelas citocinas, como CXCL-2 e CXCL-8, que podem aumentar a migração de neutrófilos para o local da infecção. Além disso, as armadilhas extracelulares de neutrófilos (Neutrophil extracellular traps -NETs), que são teias extracelulares de DNA e 29 histonas, liberadas pelos neutrófilos como um dos mecanismos para tentar controlar a infecção, são associadas ao aumento do quadro inflamatório e podem contribuir para o quadro de síndrome respiratória aguda grave (SRAG). Portanto, a análise dos neutrófilos no leucograma torna-se um parâmetro importante para descrever a progressão da COVID-19, já que está associada a um pior prognóstico, quando alterada (Wang, et al. 2020). Em um estudo sobre as alterações morfológicas observadas em esfregaços sanguíneos de pacientes com COVID-19, Zini, Bellesi, Ramundo & d’Onofrio (2020) relataram que nos neutrófilos essas alterações estão relacionadas à granulação nuclear e citoplasmática, principalmente à presença de granulações escuras aglomeradas no citoplasma (semelhante a grânulos tóxicos) e áreas agranulares periféricas azuis claras. Esses autores notaram ainda a presença de neutrófilos com núcleos não segmentados ou picnóticos, evidenciando a apoptose dessas células. Com relação aos linfócitos, esses autores descreveram que a alteração mais observada foi a atipia linfocitária e alguns deles eram do tipo linfoplasmocitoide. Considerando que a ocorrência de linfócitos reativos parece ser maior na COVID-19 que em outras doenças causadas por vírus da mesma família, esse achado laboratorial, segundo Fan e colaboradores (2020), pode ser utilizado para diferenciar a infecção pelo SARS-CoV-2 daquela causada por outros coronavírus. Sobre os achados relacionados à coagulação, Slomka; Kowalewski e Zekanowska (2020), relataram que o aumento nos níveis de D-dímero e o alargamento do tempo de protrombina (TP), são as anormalidades mais encontradas nos casos de COVID-19, estando diretamente relacionados com a gravidade e necessidade de cuidados intensivos dos pacientes, uma vez que estão associados a riscos mais elevados de eventos trombóticos e hemorrágicos. O processo da hemostasia secundária, que envolve a participação de diversos componentes enzimáticos e alguns íons, pode ser ativado por meio de duas vias, a via intrínseca, que é iniciada através do contato do sangue com componentes teciduais, como o colágeno, por exemplo, e a via extrínseca, iniciada a partir do sistema de lesão endotelial com o contato do sangue com o fator tecidual (tromboplastina). Ambas as vias culminam com a ativação do fator X, na chamada via comum da coagulação, cujo produto final é a formação de uma malha firme de fibrina, que impede, em casos de sangramentos, que o local volte a sangrar (Hoffbrand e Moss, 2013). O monômero de fibrina formado no processo de hemostasia secundária é composto por um domínio E e dois domínios D, que são ligados de maneira covalente e estabilizados pelo fator XIIIa. Esse monômero é desfeito no final desse processo pela ação da enzima plasmina, que cliva a fibrina em uma mistura heterogênea, denominada de produtos de degradação da fibrina (PDFs). Entre esses produtos encontra-se o D-Dímero, que corresponde aos domíniosD da fibrina que permanecem unidos por ligação covalente mais forte. (Weitz, Fredenburgh & Eikelboom, 2017). Sendo assim, o exame para a detecção dos níveis de D-dímero serve como um marcador de que está havendo ativação do sistema de coagulação e subsequente fribrinólise, sendo importante para o acompanhamento de pacientes com suspeita de 30 tromboses, embolias e coagulação intravascular disseminada (CIVD), observadas na COVID- 19 (Johnson, Schell & Rodgers, 2019). De acordo com Connors & Levy (2020), alguns casos de COVID-19, principalmente os que precisam de internação em unidades de terapia intensiva (UTIs), apresentam uma inflamação profunda, decorrente da tempestade de citocinas pró-inflamatórias típica dessa infecção, a qual pode promover a ativação exagerada da cascata de coagulação, e levar os pacientes a um estado de CIVD. Além disso, há, com frequência, a lesão das células endoteliais (que possuem a ECA-2), expondo o fator tecidual e dando início à via extrínseca da coagulação. O exame que avalia as alterações nos fatores da via extrínseca é o Tempo de protrombinia (TP), que pode encontrar-se alargado na COVID-19, sendo utilizado para o acompanhamento dos pacientes sintomáticos (Long, et al., 2020). Um estudo realizado em Singapura por Fan e colaboradores (2020), com 67 pacientes, também chegou às mesmas conclusões dos estudos anteriores, para o qual os pacientes apresentavam maior prevalência de linfopenia, leucopenia e trombocitopenia entre as alterações hematológicas observadas. Os mesmos resultados foram observados por Wang, Jiang, Chen & Montaner (2020) e Zeng, et al. (2020), em estudos de revisão de literatura. 5 CONCLUSÃO Diante da análise dos dados obtidos por diversos pesquisadores pelo mundo e aqui apresentados, fica claro que as principais alterações hematológicas percebidas durante a COVID-19, que são preditivas de mau prognóstico para a doença, são a linfopenia, a neutrofilia, o aumento da concentração do D-dímero e o alargamento do TP. Já as principais alterações hematológicas preditivas de um bom prognóstico durante a infeção pelo SARS- CoV-2 são a linfocitose, valores normais de D-Dímero e do TP. Desta forma, torna-se evidente a importância do conhecimento acerca das alterações hematológicas na COVID-19, já que conseguem identificar rapidamente quais pacientes tem maiores chances de necessitar de terapia intensiva, aumentando assim as chances de sobrevida dos infectados. 6 REFERÊNCIAS Alende-Castro, V., Alonso-Sampedro, M., Vazquez-Temprano, N., Tuñez, C., Rey, D., García- Iglesias, C., Sopeña, B., Gude, F., & Gonzalez-Quintela, A. (2019). Factors influencing erythrocyte sedimentation rate in adults: New evidence for an old test. Medicine, 98(34), e16816. Baj, J., Karakuła-Juchnowicz, H., Teresiński, G., Buszewicz, G., Ciesielka, M., Sitarz, E., Forma, A., Karakuła, K., Flieger, W., Portincasa, P., & Maciejewski, R. (2020). COVID-19: Specific and Non-Specific Clinical Manifestations and Symptoms: The Current State of Knowledge. Journal of clinical medicine, 9(6), 1753. Brasil, Ministério da Saúde. Painel coronavírus. https://covid.saude.gov.br/. 31 Chen R., Sang L., Jiang M., Yang Z., Jia N., Fu W., Xie J., Guan W., Liang W., Ni Z., Hu Y., Liu L., Shan H., Lei C., Peng Y., Wei L., Liu Y., Hu Y., Peng P., Wang J., Liu J., Chen Z., Li G., Zheng Z., Qiu S., Luo J., Ye C., Zhu S., Zheng J., Zhang N., Li Y., He J., Li J., Li S. & Zhong N. (2020). Medical Treatment Expert Group for COVID-19. Longitudinal hematologic and immunologic variations associated with the progression of COVID-19 patients in China. J Allergy Clin Immunol. 146(1):89-100. Connors J.M., Levy J.H. (2020). COVID-19 and its implications for thrombosis and anticoagulation. Blood.;135(23):2033-2040. Cruz, M.P., Santos, E., Cervantes, M.A.V., & Juárez, M.L. (2020). COVID-19, a worldwide public health emergency. COVID-19, una emergencia de salud pública mundial. Revista clinica espanola, 221(1), 55–61. Ding, X., Yu, Y., Lu, B., Huo, J., Chen, M., Kang, Y., Lou, J., Liu, Z. (2020). Dynamic profile and clinical implications of hematological parameters in hospitalized patients with coronavirus disease 2019. Clinical chemistry and laboratory medicine. Vol.58,8 1365- 1371. Fan, B.E., Chong, V.C.L., Chan S.S.W., Lim, GH, Lim KGE, Tan, G.B., Mucheli, S.S., Kuperan P., Ong K.H. (2020).Hematologic parameters in patients with COVID-19 infection. Am J Hematol. Jun;95(6). Guan, W-J. et al. (2020). Clinical characteristics of coronavirus disease 2019 in China. N Engl J Med. 2020; Vol.382. 1708-1720. Hasöksüz, M., Kiliç, S., & Saraç, F. (2020). Coronaviruses and SARS-COV-2. Turkish journal of medical sciences, 50(SI-1), 549–556. Hoffbrand, A.V. & Moss, P.A.H. (2013). Fundamentos em Hematologia. 6º edição, Artmed. Jin, Y., Yang, H., Ji, W., Wu, W., Chen, S., Zhang, W., & Duan, G. (2020). Virology, Epidemiology, Pathogenesis, and Control of COVID-19. Viruses, 12(4), 372. Johnson, E.D., Schell, J.C., Rodgers, G.M. (2019). The D-dimer assay. American Journal of Hematology. Jul;94(7):833-839. Khan, S., Siddique, R., Shereen, M. A., Ali, A., Liu, J., Bai, Q., Bashir, N., & Xue, M. (2020). Emergence of a Novel Coronavirus, Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2: Biology and Therapeutic Options. Journal of clinical microbiology, 58(5). Lai, C. C., Shih, T. P., Ko, W. C., Tang, H. J., & Hsueh, P. R. (2020). Severe acute respiratory syndrome coronavirus 2 (SARS-CoV-2) and coronavirus disease-2019 (COVID-19): The epidemic and the challenges. International journal of antimicrobial agents, 55(3). Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS-UFRN). (2020). Coronavírus-RN. https://covid.lais.ufrn.br/. Li Q, Guan X., Wu P., Wang X., Zhou L., Tong Y., Ren R., Leung KSM., Lau EHY., Wong JY., Xing X., Xiang N., Wu Y., Li C., Chen Q., Li D., Liu T., Zhao J., Liu M., Tu W., Chen C., Jin L., Yang R., Wang Q., Zhou S., Wang R., Liu H., Luo Y., Liu Y., Shao G., Li H., Tao Z., Yang Y., Deng Z., Liu B., Ma Z., Zhang Y., Shi G., Lam TTY., Wu JT., Gao GF., Cowling BJ., Yang B., Leung 32 GM., Feng Z. Early Transmission Dynamics in Wuhan, China, of Novel Coronavirus- Infected Pneumonia. The New England journal of medicine, 382(13), 1199–1207. Liu, X., Zhang, R., & He, G. (2020). Hematological findings in coronavirus disease 2019: indications of progression of disease. Annals of hematology, 99(7), 1421–1428. Long, H., Nie, L., Xiang, X., Li, H., Zhang, X., Fu, X., Ren, H., Liu, W., Wang, Q., & Wu, Q. (2020). D-Dimer and Prothrombin Time Are the Significant Indicators of Severe COVID- 19 and Poor Prognosis. BioMed research international, 2020. Ludwig, S., & Zarbock, A. (2020). Coronaviruses and SARS-CoV-2: A Brief Overview. Anesthesia and analgesia, 131(1), 93–96. Rio Grande do Norte (Estado). Secretaria do Estado da Saúde Pública (SESAP). Informe epidemiológico coronavírus (COVID-19) nº232. (2020). https://portalcovid19.saude.rn.gov.br/medidas/boletinsepidemiologicos/. Słomka, A., Kowalewski, M., & Żekanowska, E. (2020). Coronavirus Disease 2019 (COVID-19): A Short Review on Hematological Manifestations. Pathogens (Basel, Switzerland), 9(6), 493. Soy, M., Keser, G., Atagündüz, P., Tabak, F., Atagündüz, I., & Kayhan, S. (2020). Cytokine storm in COVID-19: pathogenesis and overview of anti-inflammatory agents used in treatment. Clinical rheumatology, 39(7), 2085–2094. Taneri, P. E., Gómez-Ochoa S.A., Llanaj E., Raguidin, P.F., Rojas, L.Z., Roa-Díaz, Z.M., Jr, D.S., Groothof, D., Minder, B., Kopp-Heim, D., Hautz, W.E., Eisenga, M.F., Franco, O.H., Glisic, M., Muka, T. (2020). Anemia and iron metabolism in COVID-19: a systematic review and meta-analysis. European journal of epidemiology vol. 35,8. Tay, M. Z., Poh, C. M., Rénia, L., MacAry, P.A., & Ng, L. (2020). The trinity of COVID-19: immunity, inflammation and intervention. Nature reviews. Immunology, 20(6), 363–374. Terpos, E., Ntanasis-Stathopoulos, I., Elalamy, I., Kastritis, E., Sergentanis, T. N., Politou, M., Psaltopoulou, T., Gerotziafas, G., & Dimopoulos, M. A. (2020). Hematological findings and complications of COVID-19. American journal of hematology, 95(7), 834–847. Wang, C., Deng, R., Gou, L., Fu, Z., Zhang, X., Shao, F., Wang, G., Fu, W., Xiao, J., Ding, X., Li, T., Xiao, X., & Li, C. (2020). Preliminary study to identify severe from moderate cases of COVID-19 using combined hematology parameters. Annals of translational medicine, 8(9), 593. Wang, J. Jiang, M., Chen, X. & Montaner L.J. (2020) Cytokine storm and leukocyte changes in mild versus severe SARS-CoV-2 infection: Review of 3939 COVID-19 patients in China and emerging pathogenesis and therapy concepts. Journal of leukocyte biology vol. 108,1. Weitz, J.L.; Fredenburgh, J.C.; Eikelboom, J.W. (2017). A Test in Context: D-Dimer. Journal of the American College Cardiologe. Nov 7;70(19):2411-2420. Who, World Health Organization. (2020). Coronavirus Disease (COVID-19) Dashboard. https://covid19.who.int https://covid19.who.int/ 33 Who. World Health Organization. (2011). Haemoglobin concentrations for the diagnosis of anaemia and assessment of severity. Geneva. Wu, D., Wu, T., Liu, Q., & Yang, Z. (2020). The SARS-CoV-2 outbreak: What we know. International journal of infectious diseases : IJID : official publication of the International Society for Infectious Diseases, 94, 44–48. Xavier, A.R., Silva, J.S., Almeida, J.P.C.L, Conceição, J.F.P, Lacerda, G.S, Kanaan, S. (2020) COVID-19: Manifestações clínicas e laboratoriais na infecção pelo novo coronavírus. J. Bras. Patol. Med. Lab. Rio de Janeiro, Vol. 56. Zeng, F., Li, L., Zeng, J., Deng, Y., Huang, H., Chen, B., Deng, G. (2020) Can we predict the severity of coronavirus disease 2019 with a routine blood test? Pol Arch Intern Med. 29;130(5):400-406. Zhang, J.J., Dong, X., Cao, Y.Y., Yuan, Y.D., Yang, Y.B., Yan, Y.Q., Akdis, C.A., Gao, Y.D.(2020). Clinical characteristics of 140 patients infected with SARS-CoV-2 in Wuhan, China. Allergy. 1730-1741. Zhang, T., Wu, Q., & Zhang, Z. (2020). Probable Pangolin Origin of SARS-CoV-2 Associated with the COVID-19 Outbreak. Current biology : CB, 30(7), 1346–1351. Zhang, Y., Zeng, X., Jiao, Y., Li, Z., Liu, Q., Ye, J., & Yang, M. (2020). Mechanisms involved in the development of thrombocytopenia in patients with COVID-19. Thrombosis research, 193, 110–115. Zini, G., Bellesi, S., Ramundo, F., & d'Onofrio, G. (2020). Morphological anomalies of circulating blood cells in COVID-19. American journal of hematology, 95(7), 870–872. 34 4 COMPROVANTE DE SUBMISSÃO
Compartilhar