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AssistAncia-estudantil-Dantas-2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS 
DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL 
 
 
 
 
MARLENE ALVES DANTAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
A ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL: UMA ANÁLISE DAS BOLSAS DE 
PERMANÊNCIA NA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - 
UFRN 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL/RN 
JULHO/2015 
 
 
 
 
 
MARLENE ALVES DANTAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL: UMA ANÁLISE DAS BOLSAS DE PERMANÊNCIA 
NA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - UFRN 
 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada ao curso de Serviço 
Social da Universidade Federal do Rio Grande 
do Norte, como requisito para a obtenção do 
título de Bacharel em Serviço Social. 
 
 
Orientadora: Profª Drª Carla Montefusco 
de Oliveira 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL /RN 
JULHO/2015 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Catalogação da Publicação na Fonte. 
UFRN / Biblioteca Setorial do CCSA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dantas, Marlene Alves. 
A assistência estudantil: uma análise das bolsas de permanência na 
Universidade Federal do Rio Grande Do Norte - UFRN / Marlene Alves 
Dantas. - Natal, RN, 2015. 
94f. 
 
Orientadora: Profa. Dra. Carla Montefusco de Oliveira. 
 
Monografia (Graduação em Serviço Social) - Universidade Federal do 
Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Departamento 
de Serviço social. 
 
 
1. Serviço social – Monografia. 2. Assistência estudantil - UFRN – 
Monografia. 3. Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES) - 
UFRN – Monografia. 4. Programa de permanência estudantil – Monografia. 
I. Oliveira, Carla Montefusco de. II. Universidade Federal do Rio Grande do 
Norte. III. Título. 
 
RN/BS/CCSA CDU 364+787.7 
 
 
 
 
MARLENE ALVES DANTAS 
 
FOLHA DE APROVAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
A ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL: UMA ANÁLISE DAS BOLSAS DE 
PERMANÊNCIA NA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – 
UFRN 
 
 
 
 
Monografia aprovada como requisito parcial 
para a obtenção do grau de Bacharel em 
Serviço Social, no curso de Serviço Social, da 
Universidade Federal do Rio Grande do 
Norte. 
 
 
 
Data da defesa:___/___/____ 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA: 
 
 
 _____________________________________________________ 
Profª. Drª. CARLA MONTEFUSCO DE OLIVEIRA 
(Orientadora) 
 
 
 ______________________________________________________ 
Msc. BRUNILLA THAÍS QUEIROZ DE MELO 
(Membro externo – CAPAP/PROAE/UFRN) 
 
 
 _________________________________________________________ 
Profª. Drª. ILKA DE LIMA SOUZA 
(Membro interno – DESSO/UFRN) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho, primeiramente, a minha 
mãe, em razão do amor incondicional que 
existe entre nós, sempre me apoiando e 
incentivando e, em segundo lugar, dedico a 
meus filhos: Giulliano, Jaerton Júnior, e 
Vanessa Milena, por todo o apoio, carinho e 
compreensão em todo processo do 
desenvolvimento desta monografia. 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Ao término desse Trabalho, agradeço primeiramente a Deus, por permitir que eu 
chegasse até esse momento com saúde e perseverança para que eu pudesse finalizar esta 
monografia. Dando-me força e coragem para superar os obstáculos e jamais desistir do meu 
objetivo. Obrigada senhor! 
Desde que entrei em 2011.2 foram anos de profunda aprendizagem e crescimento, 
crescimento esse que não se limitou somente a condição acadêmica, mas principalmente 
pessoal. Ampliei muitos conhecimentos, com muita dedicação e amor. Aprendi um pouco de 
tudo, mas, para tanto foi necessário saber driblar os obstáculos que apareceram pelo 
caminho, e a cada desafio que vinha pela frente eu interpretei como um estímulo para 
ultrapassar tais dificuldades, os quais foram superados pela finalização e entrega deste 
Trabalho. 
Agradeço a toda minha família, meus filhos, minha mãe, minhas irmãs e irmãos, por 
todo o apoio e força recebidos durante a realização desse trabalho, apoio importantíssimo 
para que continuasse sempre instigada, apesar do cansaço e das noites mal dormidas. 
Obrigada família, amo todos vocês! 
Agradeço aos meus filhos: Giulliano, Jaerton Júnior e Vanessa Milena, confesso que 
a presença diária de vocês, meus filhos, foi imprescindível para que eu conseguisse essa 
conquista, sempre me apoiando e confortando nos momentos mais difíceis, para que eu não 
perdesse o foco e a esperança. Obrigada filhos, amo vocês! 
Um agradecimento em especial vai para a minha filha Vanessa Milena, que tirou 
parte do seu tempo para me ajudar a fazer o Abstract da monografia, apesar de suas 
atividades diárias. Obrigada filha! 
Agradeço ao corpo docente do DESSO-Departamento de Serviço Social da UFRN, o 
qual através dos seus ensinamentos me possibilitou que eu tivesse todo o aparato para eu 
chegar a desenvolver esse trabalho de forma coerente, concisa e organizada. Destaco 
principalmente as/os docentes Andréa, Ilka, Eliana Andrade, Josivânia, Rita, Fernando, 
Antoinette, Mirian, Edla e Mônica. Obrigada professoras (res)! 
 
 
 
 
Agradeço também a todos da Coordenação do curso, principalmente a Karla Matos e 
Profª Ilka, que tantas vezes tirou minhas dúvidas em relação às diversas atividades que me 
envolvi e desenvolvi. Obrigada Karlinha e Ilka! 
Agradeço a minha querida amiga, Carla Priscila, da secretaria do DESSO, com quem 
convivi por quase dois anos, quando fui bolsista, e pude conhecer essa pessoa amiga, humana 
e compreensiva. Obrigada Priscila! 
Agradeço as minhas queridas amigas de sala, “o meu grupo de atividades 
acadêmicas”: Jaqueline, Larissa, Patrícia, Eveliny, Samara, Ludmilla e Farah, com quem, 
seja nos momentos bons assim como nos ruins, estavam sempre apoiando e incentivando 
umas as outras, de forma carinhosa e compreensiva. Além disso, compartilhamos experiências 
e conhecimentos. Amigas, cada uma de vocês, com suas peculiaridades, fizeram a diferença 
nesse processo do trabalho! Obrigada amigas! 
Como também quero agradecer o carinho e a amizade das minhas amigas Gleyca e 
Layssa, por quem tenho muito afeto e gratidão. Vocês, sempre a me apoiar e incentivar em 
tudo que faço! Obrigada amigas! 
Um Agradecimento especial a minha supervisora de campo, a assistente social da 
CAPAP-PROAE Brunilla Thaís, com quem, no desenvolvimento deste trabalho, em todas as 
vezes que a procurei para coletar alguns dados no processo da pesquisa para a monografia, 
sempre se mostrou disposta a me apoiar, de forma acessível e paciente. Sua contribuição, com 
direcionamentos acertados e necessários foram fundamentais para que eu tivesse propriedade 
e me aprofundasse melhor na temática em questão, me auxiliando sempre com respeito, 
educação e consideração. Como também agradeço a disponibilidade e a colaboração de todos 
os profissionais da CAPAP/PROAE/UFRN, estes, sempre dispostos a ajudarem quando 
foram solicitados. Obrigada Brunilla! 
Um agradecimento especial a minha orientadora Profª Drª Carla Montefusco, a quem 
sou grata por ter aceitado ser minha orientadora e acreditado no meu trabalho. Com 
sabedoria, paciência e compreensão, soube me guiar de forma que eu não perdesse o foco em 
questão. Sempre solícita e acessível nos nossos encontros, passando seus conhecimentos de 
uma forma clara mostrando leveza nas discussões apesar das leituras densas. Orientando-me 
 
 
 
 
e indicando o melhor caminho para que eu conseguisse com plenitude o desenvolvimento do 
meu objetivo para finalizar este Trabalho. Obrigada Profª Carla! 
Agradeço também aos atores envolvidos na pesquisa de campo, os/as bolsistas das 
duas modalidades de bolsas Permanência, a do MEC e a da UFRN. Eles, ao proporcionar-me a realização das entrevistas, contribuíram com o fornecimento de dados de fundamental 
importância para o desenvolvimento deste trabalho. Obrigada bolsistas! 
E, por fim agradeço também, a todas as outras pessoas que, direta e indiretamente, de 
alguma forma me apoiaram. 
A todos meu muito OBRIGADA! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“A classe dominante tem usado a política de assistência social para se 
fortalecer politicamente, criando o mito social da inclusão, da 
cidadania e da redução das desigualdades a fim de despolitizar e 
obscurecer a raiz da questão social”. 
 
Cislaghi e Silva (2012) 
 
 
 
 
RESUMO 
 
A finalidade do presente trabalho é fazer uma análise acerca da Assistência Estudantil na 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Assim, o objetivo geral é analisar a visão dos 
discentes assistidos pelos Programas de Assistência Estudantil da UFRN no que se refere ao 
acesso e à permanência dos mesmos no ensino superior. Para tanto, desenvolvemos pesquisa 
qualitativa na qual utilizamos como procedimentos metodológicos a investigação 
bibliográfica e pesquisa documental, além da pesquisa de campo a partir de entrevistas semi-
estruturadas realizada na UFRN com seis discentes inseridos nos Programas de Permanência 
desta instituição, assim distribuídos: dois bolsistas da bolsa Permanência de apoio técnico, 
quatro bolsistas da bolsa Permanência do MEC, sendo dois alunos da comunidade quilombola 
e dois alunos do curso de medicina. Buscou-se abordar alguns pontos sobre as mudanças, os 
desafios e as perspectivas enfrentadas na educação e no ensino superior no Brasil até a 
atualidade, com enfoque no surgimento e expansão das Universidades e do ensino no Brasil, 
as políticas de educação e a Política de Assistência Estudantil no âmbito do Brasil. A análise 
dos dados foi feita a partir da apreciação do conteúdo das entrevistas. No resultado da 
pesquisa, evidenciou-se diante da realidade relatada, alguns limites e dificuldades que os 
estudantes favorecidos destas bolsas perpassaram no contexto desta universidade para 
permanecerem e concluírem sua graduação de uma forma menos árdua. Vimos também que 
diante da expansão das universidades e do ensino superior através do incentivo do Programa 
de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI), foi 
necessário criar políticas de acessos e permanência, para abarcar com a demanda produzida 
pela entrada de novos ingressantes nas IFES, dentre elas o Programa Nacional de Assistência 
Estudantil – PNAES, a partir destas, tendo em vista que grande parte dos novos estudantes 
não tem condições de suprir com as despesas surgidas no decorrer do curso universitário, 
foram criados os Programas de Assistência estudantil que são executados na UFRN, e em 
todas as IFES do Brasil. Na realidade específica da UFRN, foram observados ainda alguns 
elementos que associam a Política de Assistência Estudantil como sendo uma politica de 
caráter seletiva e focalizada. Diante disso, percebeu-se que os estudantes beneficiários da 
assistência estudantil passam por diversas dificuldades, desde o acesso até a concessão dos 
benefícios, assim como algumas limitações que não são superados mesmo sendo 
contemplados com as bolsas/auxílios. 
 
Palavras-chave: UFRN. Programas de Permanência. Assistência Estudantil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
This study aims analyze about Student Assistance program at Federal University of Rio 
Grande do Norte (UFRN), Therefore, the general purpose is analyze the visions of students 
assisted by the Student Assistance programs regarding the access and their permanence in the 
higher education. To do so, we developed a qualitative research where bibliographical and 
documental research were made as methodology tools, as well as field research from semi-
structured interviews performed at UFRN with 6 students inserted into Permanence programs 
offered by the university, distributed as follows: two Permanence program´s scholarship 
students of technical support, four Permanence program´s scholarship students of Ministry of 
Education (MEC), of which two of them from quilombola community and the other from 
Medicine program. We tried to discuss a few topics about changes, challenges and 
expectations faced in education and in universities in Brazil until nowadays, focusing on 
appearance and expansion of both Universities and education in Brazil, education policies and 
the Student Assistance policies in Brazil. Data analysis was made from content assessment of 
the interviews. In results from research, from facing the reality described, it was evidenced a 
few limitations and difficulties which assisted students went through in order to remain at the 
university and graduate in a less arduous way. We also have seen that in view of expansion of 
both universities and higher education by the Restructuring and Expansion of Federal 
Universities Support Program (REUNI), it was necessary to create access and permanence 
policies to deal with the high demand of newcomers at the Federal Institutions of Higher 
Education (IFES), which resulted in the National Program of Student Assistance (PNAES). 
As a result of this program, since the majority of students do not have financial conditions to 
pay for costs along graduation, Student Assistance programs were created and are performed 
at UFRN and all IFES in Brazil. Regarding UFRN reality, it was seen a few elements that 
associate the Assistance Student Policy as having a selective and focused character. Having 
done this, we realized that assisted students got through difficulties, not only with the access 
but also with the concession of benefits, besides a few limitations which are not overcome 
even when they are being assisted with these aids. 
 
Keywords: UFRN. Permanence Programs. Student Assistance. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE QUADROS 
 
Quadro 01 – Principais Programas de Assistência Estudantil Desenvolvidos pela 
CAPAP/PROAE em 2014.........................................................................................................51 
Quadro 2 – Distribuição Interna 2014 dos Recursos do Tesouro Nacional e Outras Despesas 
Correntes da Assistência Estudantil..........................................................................................63 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
 
Gráfico 01 – Quantitativo dos Atendimentos por Atividade – CAPAP/2014.........................55 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
ANEP - Associação Nacional de Empresa de Pesquisa 
ANDIFES - Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior 
BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento 
BM - Banco Mundial 
CAPAP - Coordenadoria de Apoio Pedagógico e Ações de Permanência 
CF-88 – Constituição Federal de 1988 
CAE - Comissão de Assuntos Estudantis 
CONSUNI - Conselho Universitário 
CONSEPE - Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão 
CONSAD - Conselho de Administração 
CONCURA - Conselho de Curadores 
CARU - Conselho Administrativo das Residências Universitárias 
CORU - Conselho do Restaurante Universitário 
CERES - Centros de Ensino Superior do Seridó 
DESSO – Departamento de Serviço Social 
DCEs- Diretórios Centrais Estudantis 
DEAE - Departamento de Assistência ao Estudante 
EOPs – Estudantes de Origem Popular 
EAJ - Escola Agrícola de Jundiaí 
EAD – Ensino a Distância 
FACISA - Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi 
FMI - Fundo Monetário Internacional 
FONAPRACE - Fórum Nacional de Pró-reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis 
IFES – Instituição Federal de Ensino Superior 
IES – Instituição de Ensino SuperiorIRA – Índice de Rendimento Acadêmico 
INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira 
INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária 
LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 
MEC – Ministério da Educação e Cultura 
ME – Movimento Estudantil 
 
 
 
 
ONU – Organização das Nações Unidas 
PROAE - Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis 
PNAE - Plano Nacional de Assistência Estudantil 
PNAES - Programa Nacional de Assistência Estudantil 
PNE - Plano Nacional de Educação 
PROUNI - Programa Universidade para Todos 
PRONASEC - Programa de Ações Sócio-educativas e Culturais para o meio rural 
PRODASEC - Programa de Ações Sócio-educativas e Culturais para as populações carentes 
urbanas 
PDI - Plano de Desenvolvimento Institucional 
PROGRAD – Pró- Reitoria de Graduação 
PEC-G - Programa de Estudantes-Convênio de Graduação 
PROMISAES - Projeto Milton Santos de Acesso ao Ensino Superior 
PROAD - Pró-Reitoria de Administração 
PROAES/UFPE - Pró-Reitoria para Assuntos Estudantis 
PUC - Pontifícia Universidade Católica 
PRH - Pró-Reitoria de Recursos Humanos 
PPI - Projeto Pedagógico Institucional 
REUNI - Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades 
Federais 
SAE - Secretaria de Assuntos Estudantis 
SIGAA - Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas 
SIPAC – Sistema Integrado de Patrimônio, Administração e Contratos. 
SIGRH – Sistema Integrado de Gestão de Recursos Humanos 
SISU - Sistema de Seleção Unificada 
SINAES - Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior 
TCC – Trabalho de Conclusão de Curso 
UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
UFG – Universidade Federal de Goiás 
UFAL – Universidade Federal de Alagoas 
UFPE – Universidade Federal de Pernambuco 
UNE - União Nacional dos Estudantes 
UEEs - Uniões Estaduais dos Estudantes 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................16 
 
2 EDUCAÇÃO E ENSINO SUPERIOR NO BRASIL: MUDANÇAS, DESAFIOS E 
PERSPECTIVAS....................................................................................................................21 
 
2.1 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DO SURGIMENTO E EXPANSÃO DAS 
UNIVERSIDADES E DO ENSINO NO 
BRASIL....................................................................................................................................21 
 
2.2 AS POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO E A POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA 
ESTUDANTIL NO ÂMBITO DO 
BRASIL....................................................................................................................................29 
 
3 OS PROGRAMAS DE ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL: A REALIDADE DA 
UFRN........................................................................................................................................42 
 
3.1 CONTEXTO HISTÓRICO E ATUAL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO 
GRANDE DO NORTE – 
UFRN........................................................................................................................................42 
 
3.2 CARACTERIZAÇÃO TÉCNICA DA PROAE-CAPAP: OS PROGRAMAS DE 
ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL DESENVOLVIDOS NA 
CAPAP......................................................................................................................................47 
 
3.3 A VISÃO DOS ALUNOS ACERCA DOS PROGRAMAS DE ASSISTÊNCIA 
ESTUDANTIL E DAS BOLSAS PERMANÊNCIA DAS QUAIS ELES ESTÃO 
INSERIDOS. ............................................................................................................................69 
 
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................78 
REFERÊNCIAS......................................................................................................................83 
APÊNDICES............................................................................................................................92
 
 
16 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Este Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresenta uma discussão acerca da 
Assistência Estudantil na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), sobretudo 
no que concerne as Bolsas Permanência, como forma de possibilitar as condições de 
permanência e conclusão do curso, na vida acadêmica de graduandos de baixa renda familiar. 
As razões da escolha por esta temática se justifica pela forma como a bolsa 
Permanência de apoio técnico e administrativo é operacionalizada na UFRN indo de encontro 
ao que versa a Política Nacional de Assistência Estudantil (PNAE), que de acordo com seus 
princípios, trata que deve haver igualdade de condições para o acesso a permanência e a 
conclusão de curso nas Instituições Federais de Ensino Superior (IFES), com objetivos da 
promoção ao acesso, à permanência e a conclusão do curso. Nesse sentido, está dentro de uma 
perspectiva da inclusão social e democratização do ensino, para que ocorra viabilização na 
igualdade de oportunidades a tais estudantes das IFES, a partir do ponto de vista do direito 
social assegurado pela Carta Magna. O objetivo, então, das bolsas, é contribuir no avanço 
para a eficiência e a eficácia do sistema universitário evitando a propagação da retenção e a 
evasão de tais estudantes, além de oportunizar que eles alcancem meios necessários ao pleno 
desempenho acadêmico (PNAE-2010). 
Então, a principal aproximação com essa temática tem fundamento no fato de ter 
trabalhado quase dois anos, no período de 2012 a 2013, como bolsista de apoio técnico 
administrativo no Departamento de Serviço Social (DESSO), e juntamente com outras 
colegas bolsistas, vivenciar no dia a dia a importância desse tipo de auxílio para nós enquanto 
discentes de classe popular. Nesse contexto, percebemos quão difícil seria se nós não 
tivéssemos esse tipo de bolsa para podermos permanecer na instituição e termos condições de 
avançar e concluir a graduação. 
Araújo (2003) debate a Assistência estudantil como sendo de grande relevância no 
Brasil, por nosso país apresentar taxas enormes de desigualdade social, fato que se apresenta 
dentro da própria universidade, onde um demasiado número de estudantes que superaram a 
difícil barreira do vestibular, ao entrar em situação desfavorável frente aos que vieram de uma 
classe melhor e oriundos de escolas privadas, sem ter as mínimas condições financeiras de 
começar, e se manter nos cursos optados (ARAÚJO, 2003, p. 99). 
Portanto entendemos que a política de assistência estudantil se configura como uma 
política que deve contribuir na efetivação do direito à educação superior para qualquer 
 
 
17 
 
cidadão que não tenha condições financeiras para custeá-la sozinho, o que sem ela ocasionaria 
dificuldades na continuidade no curso. Então, essa política se faz necessária não só pelo 
acesso, mas também como uma forma de permanência do estudante para que o mesmo tenha 
êxito em sua graduação. Uma vez que o discente ao adquirir esse direito ao acesso à 
assistência estudantil, essa contribuição será de grande valia para que o mesmo alcance seus 
objetivos que é a sua formação com qualidade, e assim se tornar um profissional capaz de 
atuar no mercado de trabalho e construir um novo padrão de vida. 
A assistência oferecida aos estudantes de classe popular nas instituições públicas 
federais tem como objetivo fornecer os recursos mínimos para a permanência de tais alunos, 
sobretudo no que se refere aos programas de apoio que ofereçam moradia, alimentação, 
transporte e apoio financeiro, de forma que tais ações sejam direcionadas para uma política 
que amplie a discussão sobre a questão do acesso e da permanência dos discentes no ensino 
superior de forma democrática. 
Foi somente em 2007, por meio da Associação Nacional dos Dirigentes das 
Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES), que foi aprovadopelo Ministério da 
Educação e Cultura (MEC) o Programa Nacional de Assistência Estudantil
1
 (PNAES). Foi 
também a partir desse ano que o governo federal começou a repassar verbas específicas, para 
a assistência estudantil, de todas as universidades federais, ocorrendo certa melhora em 
relação ao acesso e a permanência dos estudantes nas IFES. 
Sendo assim é por meio do PNAES - 2010, que o governo financia as universidades 
federais para o atendimento dos discentes com necessidades diversas de se manter em relação 
à moradia, alimentação, transporte, bolsa de apoio técnico, atenção à saúde, dentre outros. 
Este programa apoia especialmente os alunos advindos da rede pública de educação básica ou 
com baixa renda familiar, que estejam matriculados em cursos de graduação presencial nas 
Instituições Federal de Ensino Superior (IFES). 
Quando esse repasse de verbas começou a funcionar para a assistência estudantil, tal 
medida de certa forma representou a redução das desigualdades sociais na permanência de 
estudantes de baixa renda, vinculados aos cursos de graduação presenciais, na educação 
 
 
1
 Embora, o Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES) tenha sido aprovado e instituído pelo MEC 
em 2007, através da portaria normativa Nº 39, de 12 de dezembro de 2007, ele só foi implementado em 2010, 
através do Decreto nº 7.234, de 19 de julho de 2010 nas IFES. Grifos da autora. 
 
 
 
 
18 
 
superior pública federal, permitindo-lhes a expressão do seu potencial na sua trajetória 
acadêmica. 
Assim, como dito anteriormente, pelo fato de estar inserida nesse universo e passar 
pelas mesmas angústias, dificuldades e necessidades que muitos colegas passam, vemos a 
relevância desses programas assistenciais para alunos de classe popular, os quais, não teriam 
condições, nem possibilidades, de levar adiante seu curso se não tivesse tal apoio. Apoio esse 
extremamente fundamental e determinante para a permanência de milhares de discentes da 
graduação. Atualmente, conforme a Pró- reitoria de Administração (PROAD/UFRN), a 
UFRN oferece em torno de mais de 2.950 só de bolsas de apoio técnico. Quanto ao 
quantitativo de todas as bolsas/auxílios concedido na UFRN, de janeiro a dezembro do ano de 
2014, totalizou-se em 6.624 bolsistas de diversas modalidades, somando-se o valor total de 
R$ 22.055.430,00. (Seção de Bolsas da Pró- Reitoria de Administração/PROAD/UFRN, 
2015). 
Foi por vivenciar e compartilhar de relatos de outros bolsistas relacionados às suas 
dificuldades e por ter uma aproximação muito forte com essa questão, que me motivou a 
pretensão de, no período do estágio curricular durante o ano de 2014, escolher estagiar na 
assistência estudantil, mais precisamente na Coordenadoria de Apoio Pedagógico e Ações de 
Permanência (CAPAP- PROAE-UFRN), para poder ter mais conhecimentos e saber um 
pouco mais sobre as bolsas de assistência estudantil, assim como as formas e exigências para 
tais bolsas. Além disso, pesou nessa decisão, o fato de julgar de extrema importância os 
programas estudantis como suporte para que tais estudantes consigam o desenvolvimento de 
suas atividades com mais tranquilidade, enquanto não conseguem sua independência 
financeira. 
Logo, através da experiência no campo de estágio, visualizamos também, o outro lado, 
ou seja, como os/as assistentes sociais atuam nesse campo, enquanto mediadores dessa 
expressão da questão social. Assim sendo, no período do Estágio curricular, foi possibilitada a 
oportunidade de conhecer e observar as diversas modalidades de bolsas, auxílios e suas 
especificidades, como também apropriar dos autores e legislações da temática abordada, tanto 
no âmbito nacional como da UFRN. Com o decorrer do estágio, foi necessário aprofundar 
mais sobre os diversos Programas de Assistência Estudantil. 
Assim sendo, pela necessidade e motivação diante de tal questão foi imprescindível e 
instigante saber mais sobre a bolsa permanência de apoio técnico e administrativo da UFRN e 
a bolsa permanência do MEC tendo em vista que ambas perante as legislações em vigor são 
 
 
19 
 
destinadas a alunos de baixa renda como forma de se manterem na instituição. Mas, há uma 
contradição diante dessa primeira bolsa, tendo em vista que na Universidade Federal do Rio 
Grande do Norte (UFRN) ela se configura, na sua ampla maioria, como bolsa trabalho, porque 
se exige como contrapartida que o aluno trabalhe para poder recebê-la. 
Para melhor compreender as questões que envolvem a temática das bolsas de 
permanência o presente trabalho teve como objetivo central, analisar a visão dos discentes 
assistidos pelos programas de assistência estudantil da UFRN no que se refere ao acesso e à 
permanência dos mesmos no ensino superior. Especificamente objetivamos traçar o perfil 
socioeconômico dos usuários das bolsas de Permanência; analisar o entendimento dos 
discentes usuários acerca da assistência estudantil como direito; caracterizar em linhas gerais 
como está na atualidade a assistência estudantil na CAPAP/PROAE/UFRN. 
Constatamos assim, a relevância social e acadêmica desse trabalho, haja vista que, 
será capaz de contribuir para as reflexões acerca da temática do acesso e permanência do 
discente de baixa renda na Educação Superior, extrapolando as barreiras do senso comum, 
atribuindo rigor metodológico e científico à discussão, bem como contribuir 
substancialmente para o avanço acadêmico da área pesquisada, na medida em que poderá 
propiciar a ampliação dos direitos humanos e a consolidação da cidadania. 
Para o desenvolvimento deste trabalho, foi desenvolvida uma pesquisa de cunho 
quanti-qualitativo, através da realização de pesquisa bibliográfica e documental. Os principais 
documentos acessados foram a CF de 1988, LDB, PNE, PNAES, PNAE, resoluções da 
UFRN. Como também artigos, sites relacionados à temática em questão, livros, monografias, 
relatório de atividades anual da CAPAP, dentre outros. 
Em termos de pesquisa de campo, foram realizadas entrevistas semi – estruturadas 
(Apêndice A) com seis estudantes desta instituição, assim distribuídos: dois bolsistas da bolsa 
Permanência de apoio técnico, quatro bolsistas da bolsa Permanência do MEC, sendo dois 
alunos da comunidade quilombola e dois alunos do curso de medicina. 
Quaresma; Boni (2005, p.71) aponta que a entrevista, por ser uma técnica de coleta de 
dados utilizada em pesquisas nas Ciências Sociais, o seu maior objetivo é no sentido de num 
terceiro momento da pesquisa, o pesquisador ao desejar obter informações ou coletar dados 
que não seriam possíveis somente através da pesquisa bibliográfica e da observação 
participante. 
 
 
20 
 
Já em relação à observação participante nessa investigação, ela foi possibilitada pela 
inserção da discente/autora na CAPAP/PROAE/UFRN no período do estágio curricular no 
ano de 2014. 
A observação participante supõe a interação pesquisador/pesquisado e que as 
informações obtidas, as respostas que são dadas às suas indagações, dependerão, do seu 
comportamento e das relações desenvolvidas com o grupo estudado. E também, ela traz que a 
observação participante implica no saber ouvir, escutar, ver, fazer uso de todos os sentidos 
para o conhecimento da realidade (VALLADARES, 2007). 
Diante dos procedimentos metodológicos elencados, os resultados desta pesquisa são 
aqui apresentados da seguinte forma: Além desta introdução, o trabalho se constitui ainda de 
mais dois capítulos e as considerações finais. Desse modo, no segundo capítulo buscou-se 
abordar alguns pontos sobre as mudanças, os desafios e as perspectivas enfrentadas na 
educação e no ensino superior no Brasil até a atualidade. O terceiro capítulo apresenta um 
esboço dos Programas de Assistência estudantil que são executados na UFRN, especialmente 
no que concerne as Bolsas de Permanência, sobretudo a de Apoio técnico administrativo,assim como sua materialização no âmbito desta instituição. Conclui-se este capítulo com a 
discussão de alguns dados da pesquisa sobre a Política de Assistência Estudantil no contexto 
da UFRN, e com a análise das entrevistas a partir da visão dos alunos acerca dos Programas 
de Assistência Estudantil, sobretudo no que concernem as Bolsas Permanência dos quais 
estão inseridos. Por fim, nas considerações finais expomos uma síntese das apreensões que 
foram realizadas a partir dos estudos com os autores que discutem a assistência estudantil no 
âmbito da UFRN e nacional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
2 EDUCAÇÃO E ENSINO SUPERIOR NO BRASIL: MUDANÇAS, DESAFIOS E 
PERSPECTIVAS. 
 
A complexidade que permeia a discussão sobre a política de educação superior está 
diretamente relacionada ás mudanças nas ações do Estado ocasionado pela sua nova forma 
organizacional, ocorrida a partir da década de 1990, sobretudo com a adesão do Brasil às 
exigências do grande capital, estabelecidas a partir do “Consenso de Washington,” 
2
 no qual 
foram propostas reformas de cunho neoliberal
3
. Deste modo, a partir de então, os organismos 
internacionais passaram a “determinar” as reformas que incidem nessa temática e, com isso, 
as direções que levaram a configuração da educação superior subsumida à logica do mercado. 
A educação, enquanto direito de todos, foi incorporada no plano jurídico com a 
Constituição Federal de 1988 e reforçada na Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional. 
No entanto, a educação, na prática, ainda não se transformou de fato em um direito social 
como poderemos evidenciar no desenvolver deste trabalho. 
Assim sendo neste capítulo buscaremos abordar alguns pontos sobre as mudanças, os 
desafios e as perspectivas enfrentadas na educação e no ensino superior no Brasil até a 
atualidade, que serão evidenciados nos seguintes tópicos, quais sejam: Contextualização 
Histórica do Surgimento e Expansão das Universidades e do Ensino no Brasil, As Políticas de 
Educação e a Política de Assistência Estudantil no âmbito do Brasil. 
 
2.1. CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DO SURGIMENTO E EXPANSÃO DAS 
UNIVERSIDADES E DO ENSINO NO BRASIL 
 
Apesar da promessa da expansão da educação pública ser demonstrada desde as 
primeiras manifestações da “propaganda republicana”, na década de 1870, apenas nos 
primeiros anos da década de 1920 é que são realizadas algumas reformas educacionais. E 
somente no trajeto do século XX, a partir da década de 1920, é percebido que o Brasil teve 
 
2
 Reunião realizada em novembro de 1989, na capital dos Estados Unidos, que envolveram representantes do 
Fundo Monetário Internacional (FMI), do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do Banco 
Mundial, funcionários do governo norte-americano e economistas latino-americanos. 
3
 O Neoliberalismo quando surgiu se fundamentou por teorias e ideopolíticas do modo de produção capitalista, 
ideologias que foram fomentadas por uma drástica redução dos gastos sociais em detrimento de uma expansão 
econômica que se vislumbra somente o lucro. Seu auge hegemônico foi no período pós anos 1970. Assim sendo, 
Anderson (1995, p. 01) ao fazer um “balanço do neoliberalismo” afirma que este surgiu para uma reação teórica 
ao bem estar e ao Estado intervencionista sendo que “seu propósito era combater o keynesianismo e o 
solidarismo reinante e preparar as base para um outro tipo de capitalismo, duro e livre de regras para o futuro”. 
 
 
 
22 
 
certa consolidação da educação até porque houve um crescimento cada vez maior da 
predominância urbana. As primeiras iniciativas de cursos superiores eram apenas as escolas, 
instituições isoladas e com a expansão desse processo no Brasil no início do século XX 
surgem a tentativa de instituição da primeira universidade, a partir da década de 1920. 
Desse modo é importante ressaltar a revisão da constituição de 1926, que foi um 
marco importante na historia do ensino superior, porque foi a partir dela que pôde legislar a 
criação e organização de instituições de ensino superior, quando se teve mais visibilidade 
nesse âmbito. 
Segundo Saviani (2010), um importante passo para o melhoramento da universidade 
no Brasil, somente aconteceu após a Revolução de 1930 com o retorno ao protagonismo do 
Estado nacional na educação quando se criou o Ministério da Educação e Saúde Pública e 
com os decretos da chamada Reforma Francisco Campos em 1931, quando estabeleceu o 
“Estatuto das Universidades Brasileiras” e que reformou a Universidade do Rio de Janeiro. 
Esta foi à primeira legislação referente às universidades no país e deve-se em parte a 
revolução de 1930 e ao regime político implantado. O autor afirma que a política educacional 
é um reflexo da luta por direitos que a sociedade civil realiza sobre o Estado, e essa luta pelo 
direito a uma educação pública de qualidade é uma ação antiga da sociedade civil e de 
profissionais da área, e que faz parte de um contexto mais amplo. 
Assim sendo, demonstra-se em certa medida que há outros interesses envolvidos por 
trás de tudo isso que está acontecendo em relação à expansão da educação superior no Brasil 
(que é o interesse econômico por uma parcela da classe dominante) se conformando numa 
educação mercantilista aos moldes dos órgãos financeiros internacionais, de tal modo, que 
compromete a qualidade da educação, porque se vislumbra em maior peso a quantidade e não 
a qualidade do ensino. Portanto, é uma expressão da questão social, que apesar de algumas 
conquistas importantes ocorrida no século XX, as quais serão explanadas na sequência deste 
trabalho, é evidente que ainda têm muitos desafios a serem superados, como podemos 
demonstrar no decorrer deste trabalho. 
Neste sentido, resgatando os determinantes históricos das mudanças nas políticas 
sociais no Brasil, a partir da década de 1930, vemos que já começavam a dar um tratamento 
mais político à questão social com a criação de políticas que visavam o atendimento das 
necessidades sociais. Assim sendo, mesmo passando a ser tratada politicamente, a questão 
social é subordinada aos interesses econômicos, o que podemos observar no setor 
educacional. 
 
 
23 
 
A questão social conforme Iamamoto (2005, p. 27), também é apreendida como: 
[...], o conjunto das expressões das desigualdades da sociedade capitalista 
madura, que tem uma raiz comum: a produção social é cada vez mais 
coletiva, o trabalho torna-se mais amplamente social, enquanto a apropriação 
dos seus frutos mantém-se privada, monopolizada por uma parte da 
sociedade. 
 
Diante disso, enfatizamos que a questão social é o conjunto das injunções ou 
consequências sofridas ou oriundas do modo de produção capitalista. 
Na década de 1930, a Educação passa a ser reconhecida como um direito público 
regulamentada pelo Estado. Expandindo universidades públicas em 1934 e 1935 nos estados 
de São Paulo e Distrito Federal respectivamente. 
Ressaltamos também que foi nessa década, que houve a organização do movimento 
estudantil com a criação da União Nacional dos Estudantes (UNE) em 1938. E em 1941 
surgiu a Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro e, logo depois, em 1946, 
surgiu a PUC de São Paulo. No final da década de 1940, e em toda a década de 1950 
ocorreram as federalizações das universidades. Esse processo se estendeu pelas décadas de 
1960 e 1970, quando foram criadas universidades federais em todo o Brasil. Nessa época foi 
criada pelo menos uma universidade em cada estado, principalmente nas capitais dos estados 
federados, além de universidades estaduais, municipais e particulares (SAVIANI, 2010). 
Na década de 1950, a sociedade brasileira passa por um momento de desenvolvimento, 
com uma rápida urbanização que vem juntar-se a uma considerável expansão do sistema 
industrial. Nesse sentido, o acesso ao ensino superior torna-se cada vez maisnecessário, 
passando a ser solicitado como um direito social. 
Já nos anos de 1960, inicia-se com uma grande mobilização, pela reforma 
universitária, sob a liderança da UNE, no âmbito das chamadas “reformas de base”, quando os 
estudantes vão às ruas para exigir seus direitos. Esta década também se caracteriza pela 
tomada do poder pelos militares
4
 no ano de 1964. Nesse período a educação ganha nova ótica, 
pautada pelo autoritarismo e pelas reformas institucionais. 
Desse modo, em concomitância a essa pressão pelo acesso e reforma à universidade 
por esses jovens, a questão da universidade assumia uma dimensão de ordem social e política 
bem mais ampla, sendo um dos componentes da crise que desembocou na queda do governo 
 
4
 O Regime militar foi o período da política brasileira em que militares conduziram o país. Essa época ficou 
marcada na história do Brasil através da prática de vários atos Institucionais como a prática da censura, a 
perseguição política, a supressão de direitos constitucionais, a falta total de democracia e a repressão àqueles que 
eram contrários ao regime militar. A Ditadura militar no Brasil teve seu início com o golpe militar de 31 de 
março de 1964 e durou até a eleição de Tancredo Neves em 1985. Esse período ficou marcado pela derrubada 
do governo João Goulart e o início da ditadura militar em 1964 a qual se estendeu até o final da década de 1980. 
 
 
24 
 
João Goulart, ocorrida na madrugada do dia 31 de março de 1964, e a consequente instalação 
do regime militar. 
Assim sendo, Saviani, (2010, p. 09) faz uma reflexão sobre esse período ao afirmar 
que: 
A chegada do golpe militar em 1964, por um lado, procurou cercear as 
manifestações transformadoras mas, por outro, provocou no movimento 
estudantil o aguçamento dos mecanismos de pressão pela reforma 
universitária. O movimento pela reforma ganhou as ruas impulsionado pela 
bandeira “mais verbas e mais vagas” e culminou com a ocupação, em 1968, 
das principais universidades pelos estudantes que instalaram comissões 
paritárias e cursos-piloto, ficando no controle das escolas durante o mês de 
julho e todo o segundo semestre. Nesse contexto resultou necessário efetuar 
o ajuste do sistema de ensino à nova situação decorrente do golpe militar. 
 
Com isso, é notório que o Estado militar necessitava legitimar-se e para isso era 
necessário à adesão dos intelectuais, da classe média e também da classe subalterna. Desse 
modo, diante de tal pressão, o Estado, com o intuito de se fortalecer, cedeu no ano de 1968 a 
reforma do ensino superior, como uma forma de conter a população, e também para atender as 
necessidades de uma sociedade excluída do círculo do poder de privilégios e, do direito aos 
serviços sociais. Vale salientar que a “reforma universitária” no contexto do regime militar 
seria a incorporação de demandas anteriores acrescidas das recomendações privatistas, criadas 
para analisar e propor modificações do ensino superior brasileiro (GERMANO, 1993). 
Diante disso, o Estado fez o ajuste pela Lei n. 5.540/68
5
, que reformulou o ensino 
superior e pela Lei n. 5.692/71
6
, que alterou os ensinos primário e médio modificando sua 
denominação para ensino de primeiro e de segundo grau. Com isso os dispositivos da Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 4.024/61) correspondentes às bases da 
educação consubstanciadas na estrutura do ensino primário, médio e superior foram 
revogados e substituídos pelas duas novas leis, permanecendo em vigor os primeiros títulos da 
LDB de 1961 (Dos fins da educação, do direito à educação, da liberdade do ensino, da 
administração do ensino e dos sistemas de ensino) que enunciavam as diretrizes da 
educação nacional. 
Com a expansão do ensino superior na década de 1950, a qual é acelerada na década 
de 1970, se configurou em um momento muito importante para a população brasileira. 
Contudo, o Brasil não estava preparado para lidar com essas transformações, visto que as 
consequências do aumento do número de vagas nas universidades se acentuaram e o Governo, 
 
5
 Lei foi aprovada em 28 de novembro de 1968. 
6
 Lei foi aprovada em 11 de agosto de 1971. 
 
 
25 
 
com a impossibilidade de atender as demandas que surgiam, permitiu que o Conselho Federal 
de Educação aprovasse cursos novos. Essa falta de planejamento acarretou numa queda na 
qualidade do ensino, e com isso, a imagem “mercantilista” da iniciativa privada que prossegue 
até os dias atuais. 
Apesar disso, o incentivo do governo para o acelerado crescimento do ensino superior 
continua, quando no início da década de 1970, é implementado os vestibulares classificatórios 
como forma de entrada nas universidades. Diante dessa situação, é percebido neste período 
certo queda do elitismo nas universidades, pois estas passam a receber mais estudantes vindos 
das classes menos privilegiadas. Porém, para essas pessoas a principal dificuldade após o 
ingresso no ensino superior, será conseguir manter-se dentro da universidade. Porque se 
acentuam os problemas como alimentação, transporte, moradia, material didático, entre outros 
problemas que farão com que muitos estudantes desistam do curso. 
Os anos de 1980 foi marcado por uma grave crise econômica onde se percebe o 
agravamento da taxa de desemprego e o aumento da inflação, a diminuição da produção 
industrial e a compressão dos salários. Estes fatores contribuíram para o aumento das 
desigualdades sociais, ampliando-se assim a miséria relativa e absoluta da população. 
No contexto dessa crise, a política educacional será dirigida especificamente para os 
pobres. Como exemplo dessas políticas é possível identificar o Programa de Ações Sócio-
educativas e Culturais para o meio rural (PRONASEC) e o Programa de Ações Sócio-
educativas e Culturais para as populações carentes urbanas (PRODASEC). Dessa forma 
Germano (1993) explica que os programas sociais serviam para manter a subalternidade do 
exército industrial de reserva, ou seja, a preocupação não estava em diminuir as 
desigualdades, mas apenas maquiá-las. 
Então, vimos que mesmo após as tentativas de consolidação das políticas de proteção 
social para a educação ocorrida na década de 1970, a partir da década de 1980, no Brasil, 
acontece uma reviravolta nas políticas sociais, econômicas e civis com importantes 
transformações na sociedade, ancoradas na reestruturação produtiva, na contra reforma do 
Estado, na propagação do ideário neoliberal e na financeirização do capital. Apesar disso, a 
década de 1980, com a redemocratização do Brasil, ficou marcada pelos importantes avanços 
principalmente na área dos direitos civis, políticos e sociais e que trouxe a assistência social 
como uma política social pública. 
Portanto, enfatizamos que a promulgação da Carta Magna de 1988 foi fundamental 
para a extensão e os avanços das políticas sociais, especificamente no que diz respeito ao 
 
 
26 
 
processo da garantia do desenvolvimento da política de educação no Brasil. Contudo, 
ressaltamos que após a promulgação da Constituição Federal de 1988, logo no início dos anos 
de 1990, com o Governo Collor (1989 – 1992), o Estado brasileiro passa a adotar um conjunto 
de medidas de cunho neoliberal. Tais medidas foram determinantes para o desenvolvimento 
de uma política econômica voltada para o lucro em detrimento dos avanços sociais. Com isso, 
desencadeou nessa época uma crise econômica a qual foi conduzida por um Estado que não 
assumiu compromissos redistributivos de modo que o “conceito retardatário, híbrido, 
distorcido ou inconcluso da seguridade social brasileira, [...], encontrou dificuldades antigas e 
novas ainda maiores para se consolidar” (BEHRING; BOSCHETTI, 2010, p. 158). 
De tal forma que se percebe que os avanços sociais conquistados na CF de 1988, 
começam aperder força, com seu desmonte, quando nesse período o governo brasileiro em 
comum acordo com os órgãos financeiros internacionais (FMI, ONU, Banco Interamericano 
de Desenvolvimento (BID), e Banco Mundial (BM)) se aliam, com o pretexto que é 
necessário fazer enxugamentos na economia brasileira, principalmente o Banco Mundial e 
com isso, começa a atacar principalmente no que concernem as políticas públicas sociais, ou 
seja, os direitos dos cidadãos, ao alegar que não tem recursos financeiros para tais políticas. 
Ficando dessa forma o Estado desresponsabilizado de suas obrigações, deixando a sociedade 
apenas com o mínimo, e com isso agrava-se a questão social, tendo um aumento da 
pauperização da massa trabalhadora, o que se reflete também na área da educação. 
Assim sendo, segundo Vasconcelos (2010), na década de 1990, a educação foi 
influenciada pela política econômica do governo de Fernando Henrique Cardoso (1994 – 
2002). E, conforme a autora citada, as análises desse período evidenciam uma grande 
defasagem salarial, falta de verbas para manutenção, para o desenvolvimento de pesquisa, 
ocorrendo o êxodo dos professores das universidades públicas para as privadas. Vasconcelos 
(2010) corrobora com Romano (1999) ao afirmar que tal modelo de política: 
 
É fundamentada no próprio liberalismo, doutrina que pode trazer consigo 
atitudes libertárias e democratizantes, que se contraponham ao absolutismo, 
mas pode trazer também teses contrárias à democracia, baseadas na 
propriedade privada, mercados soberanos e liberdade somente para alguns 
“proprietários”, em detrimentos das proposições apresentadas pela sociedade 
organizada. (ROMANO, 1999 apud VASCONCELOS, 2010, p. 606). 
 
Nessa perspectiva, a universidade pública é um bem ameaçado pela ideologia 
neoliberal que direciona os gastos públicos para as empresas privadas. Por um lado, a 
expansão das Instituições de Ensino Superior (IES) privadas pode significar mais 
oportunidades de acesso ao ensino superior, por outro lado, a maioria dos estudantes oriundos 
 
 
27 
 
de classes populares não seria privilegiada com esse acesso, mas sim com políticas de 
permanência nas universidades públicas cujo financiamento é fomentado, em parte, pelo 
Estado para o setor privado que ganha cada vez mais espaço pela imposição do 
neoliberalismo ao investir nas IES privadas invés das IFES públicas. 
Segundo Ranieri (1994) uma universidade deve possuir: organização da metodologia 
de ensino, das pesquisas a serem executadas e dos projetos de extensão; autonomia científica, 
se basear no fato de que a universidade deve estar livre para empreender qualquer pesquisa 
que ache ter relevância para a ciência, seja ela em qualquer campo ou área de atuação. 
Assim a universidade como uma instituição social, significa dizer que ela realiza e 
exprime de modo determinado a sociedade de que é e faz parte. Dessa forma, apreende-se que 
no âmbito das Universidades, a autonomia institucional vem facilitar a realização de suas 
funções, pois, as universidades poderão dispor de seus recursos como bem queiram desde que 
cumpram com suas obrigações junto à sociedade. No entanto, esta autonomia está de certa 
forma relacionada à prestação de contas ao Estado, pois deverá apresentar por meio de 
relatórios, as melhorias, as pesquisas empreendidas e também os resultados. Com isso a 
autonomia universitária baseia-se em seus serviços específicos (ensino, pesquisa e extensão) e 
deve atender as necessidades socioculturais, econômicas e políticas da sociedade em que a 
instituição se encontra. 
Assim sendo, salientamos que a Reforma de Educação Superior, no Brasil, vem sendo 
implementada desde 1995 pelo Ministério da Educação (MEC), seguindo as orientações 
advindas dos organismos financeiros multilaterais. E, faz parte desta Reforma a Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (dezembro 1996, incluindo-se o Decreto nº 
2.306/97, que alterou artigos no que se refere à diversificação das Instituições Federal de 
Ensino Superior (IFES)); a Lei de Inovação Tecnológica (Lei nº 10.973/04), as Parcerias 
Público-Privadas (Lei nº 11.096/05); a regulamentação das Fundações de Apoio privadas nas 
IFES (Decreto Presidencial nº 5.205/04); o Programa Universidade para Todos (PROUNI) 
(Lei nº 11.096/05); a Educação à Distância (EAD), que na prática, institui a abertura do 
mercado educacional nacional para o capital estrangeiro. 
De todas essas medidas, Leite (2008) explica que a que mais consolida a Reforma 
Universitária é o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das 
Universidades Federais (REUNI), quando em seu Art. 1º afirma-se que 
 
O Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das 
Universidades Federais (REUNI) tem por objetivo criar condições para 
 
 
28 
 
ampliação de acesso e permanência na Educação Superior. Art. 2º. O 
Programa terá as seguintes diretrizes, dentre outras [...], conforme inciso V – 
ampliação de políticas de inclusão e assistência estudantil (BRASIL, 2007, 
s/p. grifos da autora). 
 
No final da década de 1990, a expansão do ensino superior ganha destaque, sobretudo 
no que diz respeito ao crescimento significativo de instituições privadas de ensino aliada ao 
processo de sucateamento das Instituições Federais de Ensino Superior (IFES). Porém, a 
ampliação da política de Educação foi maior a partir do ano 2000, quando se inicia o processo 
de ampliação e democratização do acesso ás universidades públicas federais, sobretudo no 
governo de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), por meio do Programa Universidade para 
Todos (PROUNI) e o Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais 
(REUNI), trazendo novas tendências relativas à interiorização do ensino superior. Verificou-
se nesse período, também, o aumento da demanda por assistência estudantil, como estratégia 
para permanência institucional. Permanência essa necessária, como é colocada pela autora 
Zago, (2006), haja vista que “a expansão quantitativa do ensino superior brasileiro não 
beneficiou a população de baixa renda, que depende essencialmente do ensino público” 
(p.228). Porque mesmo com a expansão da universidade pública, as políticas mercantilistas 
do ensino superior só fortaleceram o setor privado, que segundo o INEP, (2004, p. 8-19, apud 
Zago, p.228), hoje detém aproximadamente 90% das instituições e 70% do total de 
matrículas. 
Portanto, segundo Zago (2006), houve de fato uma ampliação do número de vagas 
apreciável na atualidade, porém sua polarização no ensino pago não reduziu as desigualdades 
entre grupos sociais. Porque, conforme Pacheco e Ristoff, (2004, p. 9 apud Zago, 2006, p. 
228) em dados registrados num estudo do Observatório Universitário da Universidade 
Cândido Mendes, em 2004, revelou “que 25% dos potenciais alunos universitários são tão 
carentes que ‘não têm condições de entrar no ensino superior, mesmo se ele for gratuito”. 
Nesse sentido, a autora supracitada afirma em sua pesquisa que “A efetiva democratização da 
educação requer certamente políticas para a ampliação do acesso e fortalecimento do ensino 
público, em todos os seus níveis, mas requer também políticas voltadas para a permanência 
dos estudantes no sistema educacional de ensino”. (ZAGO, 2006, p. 228). 
Logo, só teremos de fato uma democratização efetiva da educação, com políticas que 
favoreçam não só a ampliação do acesso e o fortalecimento do ensino público, em todos os 
seus níveis, mas solicita também que criem políticas com ações voltadas para a permanência 
dos estudantes no sistema educacional de ensino. Neste contexto, e ainda corroborando com 
 
 
29 
 
Zago (2006), e esses fatos são reais, pela grande demanda ocasionada pelo acesso dos novos 
ingressantes as IFES, os quais ocorreram pelos incentivos do governo federal, principalmente 
através do REUNI, quando nesse momento, houve um aumento da classe subalterna às 
universidadespúblicas federais. Diante de tal fato, foi verificado através de estudos, que não 
basta somente criar políticas para o ingresso no ensino superior, mas, é preciso também 
políticas que garantam a permanência dessa massa de estudantes novos de origem popular. 
Porque, ao entrarem na universidade, eles se deparam com as dificuldades de se manter nos 
seus cursos, por ser de família de baixa renda. 
Portanto entendemos que não satisfaz apenas expandir/desenvolver a educação, mas 
para que se efetive tal expansão se faz necessário também que haja além da ampliação das 
universidades para que possam suportar a grande contingência de novos estudantes 
ingressantes, políticas e ações pertinentes a amenizar tais questões passadas por esses 
estudantes de origem popular, para que assim possam desenvolver seu curso com êxito. Para 
tanto, os apoios através dos Programas de Assistência Estudantil são muito importantes para 
que possibilitem que esses estudantes de origem popular e que estão acessando a universidade 
pela primeira vez consigam amenizar suas dificuldades de permanência e assim concretizar de 
fato seu sonho de se formar em uma universidade pública federal. 
 
2.2 AS POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO E A POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA 
ESTUDANTIL NO ÂMBITO DO BRASIL 
 
As políticas sociais, tanto no Brasil como em outros países, surgiram como resposta do 
Estado à questão social. Sendo evidenciada, a partir da Revolução Industrial, entre o século 
XVIII a meados do século XIX, com a intensificação do trabalho em massa, principalmente 
na Inglaterra, França, Alemanha e EUA, quando os trabalhadores reivindicaram direitos 
trabalhistas por melhores condições de trabalho e de vida. Netto (2003, p.15) em suas 
reflexões afirma que as políticas sociais são “[...] respostas do Estado burguês do período do 
capitalismo monopolista a demandas postas no movimento social por classes (ou estratos de 
classes) vulnerabilizados pela ‘questão social’”, e o autor coloca também que as políticas 
sociais constituem-se em “campos de tensões entre os interesses do proletariado e a 
burguesia” (NETTO, 2003, p.16). 
Corroborando com o pensamento de Netto, o autor Celso Hotz (2008) aponta que os 
embates e conflitos são advindos do modo de produção. Assim sendo, ele enfatiza que as 
 
 
30 
 
políticas sociais representam reivindicações da classe proletária, e tem no Estado, o seu 
principal implementador, ao passo que: 
 
Não tem havido, pois, política social desligada dos reclamos populares. Em 
geral, o Estado acaba assumindo alguns destes reclamos, ao longo de sua 
existência histórica. Os direitos sociais significam antes de mais nada a 
consagração jurídica de reivindicações dos trabalhadores. Não significam 
a consagração de todas as reivindicações populares, e sim a consagração 
daquilo que é aceitável para o grupo dirigente do momento (VIEIRA, 1992, 
p.23 apud HOTZ, 2008, p. 06-07). 
 
Neste contexto, as políticas públicas sociais surgiram para superar as crises do capital, 
a qual ela aparece também, como uma forma de amenizar os ânimos dos manifestantes 
quando esses reivindicam seus direitos. Assim sendo, é entendido que as políticas públicas 
sociais aparecem também como uma necessidade do capital, pela intensificação do trabalho 
nas indústrias, pelo avanço das forças produtivas e do modo de produção capitalista, 
consubstanciada pelas lutas de classe. 
Já no contexto da assistência educacional, as politicas públicas sociais aparecem no 
enfretamento pela busca por minimizar e controlar os conflitos sociais, as estruturas 
educacionais e assistenciais no Brasil. No entanto, elas cresceram, como componente de uma 
estratégia da burguesia de buscar atender as demandas imediatas, sem nenhum projeto prévio 
nestas áreas (da educação e da assistência), (RISSI, 2013). 
Deste modo, pela necessidade da permanência dos novos estudantes nas universidades, 
as discussões no âmbito da assistência estudantil ganham relevância no ano de 1987 por meio 
do Fórum Nacional de Pró-reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis (FONAPRACE) e 
da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior 
(ANDIFES). Porque, segundo Vasconcelos (2010), esses dois segmentos educacionais 
defendiam a integração regional e nacional das Instituições de Ensino Superior (IES), com 
objetivo de: 
Garantir a igualdade de oportunidades aos estudantes das Instituições 
Federais de Ensino Superior (IFES) na perspectiva do direito social, além de 
proporcionar aos alunos as condições básicas para sua permanência e 
conclusão do curso, contribuindo e prevenindo a erradicação, a retenção e a 
evasão escolar decorrentes das dificuldades socioeconômicas dos alunos de 
baixa renda (VASCONCELOS, 2010, p. 604). 
 
Com isso percebe-se que esses dois segmentos educacionais queriam atender as 
necessidades sociais dos estudantes brasileiros, buscando formas de incluir e manter os jovens 
 
 
31 
 
e adultos oriundos de classes populares e assim oportunizar sua inserção às universidades 
públicas. Diante disso, a política de assistência estudantil está sendo uma política importante 
de fortalecimento da educação como direito social. 
Reforçando essa importância, nos últimos dias de dezembro de 2010, chega ao 
Congresso Nacional o PL 8.530/2010 de autoria do Poder Executivo, que institui o Plano 
Nacional de Educação (PNE), para o decênio 2011-2020 (PNE-2011/2020). Com 11 artigos e 
20 metas, o PNE estabelece as metas a serem alcançadas pelo país até 2020. Cada uma das 
metas vem acompanhada das respectivas estratégias que buscam atingir os objetivos 
propostos (PNE, 2010, p.01). Ainda, no que tange a PNE, é importante enfatizar 
principalmente a Meta 09
7
, 12
8
 e 20
9
 do referido Plano e os seguintes artigos, da Constituição 
Federal, principalmente o que dispõe o art. 214 que está em consonância com o art. 2º que 
dispõe as diretrizes do PNE – 2011/2020 e o Art. 214- da CF de 1988 o qual enfatiza que, “A 
lei estabelecerá o Plano Nacional de Educação, de duração plurianual, visando à articulação e 
ao desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis e a integração das ações do Poder 
Público que conduzam a”: 
I- erradicação do analfabetismo; II- universalização do atendimento escolar; 
III- melhoria da qualidade de ensino; IV- formação para o trabalho; V- 
promoção humanística cientifica e tecnológica do País; VI - estabelecimento 
de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do 
produto interno bruto (BRASIL, 1988). 
 
E no Art. 205, é afirmado que – A educação, direito de todos e dever do Estado e da 
família será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno 
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para 
o trabalho. Como também no Art. 206 da Constituição Federal de 1988 o qual explana que “o 
ensino será ministrado com base nos princípios dispostos nos incisos I ao V”, do referido 
artigo. 
E no Art. 207, é posto que “As Universidades gozam de autonomia didático-científica, 
administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de 
indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão” (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988). 
 
7
 Meta 9: Elevar a taxa de alfabetização da população com 15 anos ou mais para 93,5% até 2015 e erradicar, até 
2020, o analfabetismo absoluto e reduzir em 50% a taxa de analfabetismo funcional. 
8
 Meta 12: Elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para 50% e a taxa líquida para 33% da 
população de 18 a 24 anos, assegurando a qualidade da oferta. 
9
 Meta 20: Ampliar progressivamente o investimento público em educação até atingir, no mínimo, o patamar de 
7% do produto interno bruto do país. 
 
 
32 
 
Já em relação à assistência social o Art. 203 – determina que “A assistência social seráprestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, 
conforme os objetivos dispostos nos incisos I ao V” da Constituição Federal de 1988. 
Nesse contexto, compreendemos que a Constituição Federal, traz a tona uma nova 
concepção acerca das políticas sociais, proporcionando desse modo que a Educação seja vista 
como um direito social e dever do Estado. (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988). 
Araújo (2003) corrobora com a PNE-2011-2020 quando afirma que. 
 
A discussão sobre a assistência estudantil é de grande relevância, o Brasil é 
um dos países em que se verifica as maiores taxas de desigualdade social, 
fato visível dentro da própria universidade, onde um grande número de 
alunos que venceram a difícil barreira do vestibular já ingressou em situação 
desfavorável frente aos demais, sem ter as mínimas condições 
socioeconômicas de iniciar, ou de permanecer nos cursos escolhidos 
(ARAÚJO, 2003, p. 99). 
 
Assim, a assistência estudantil na educação superior, se expressa como agente 
mobilizador de recursos para garantir a trajetória dos estudantes no processo de formação 
profissional, igualmente á todos os segmentos sociais. Então, seguindo essa mesma linha de 
pensamento VASCONCELOS (apud LOPES, 2010, p. 406) afirma que. 
 
A assistência estudantil, enquanto mecanismo de direito social, tem como 
finalidade prover os recursos necessários para transposição dos obstáculos e 
superação dos impedimentos ao bom desempenho acadêmico, permitindo 
que o estudante desenvolva-se perfeitamente bem durante a graduação e 
obtenha um bom desempenho curricular, minimizando, dessa forma, o 
percentual de abandono e de trancamento de matricula. 
 
 
Portanto, a assistência oferecida aos Estudantes de Origem Popular - EOPs nas 
universidades públicas, objetiva prover os recursos mínimos para a permanência do estudante, 
principalmente no que concerne os programas que ofereçam moradia, alimentação, transporte 
e apoio financeiro, direcionando suas ações para uma política que amplie a discussão sobre a 
questão do acesso e da permanência dos estudantes no ensino superior de forma democrática. 
Conforme Lopes (2011) explana: 
 
Se tais estudantes, na grande maioria, oriundos de escolas públicas, já 
apresentam desvantagens em competir com jovens bem preparados na 
disputa por vagas nas universidades públicas; após vencer a barreira do 
acesso à educação superior, é pertinente evitar que estes desistam da difícil 
permanência. (LOPES, 2011 p. 46). 
 
 
 
33 
 
 
De acordo com Souza et al., (2008, p. 02), “A Universidade não pode isentar-se da 
responsabilidade social e do compromisso com a formulação de alternativas para o 
enfrentamento dos problemas sociais das comunidades populares”. Contudo, sabemos 
que a assistência estudantil disponibilizada pelas IFES aos estudantes populares aparece 
como um investimento, não somente social, mas também acadêmico visto que se exige do 
discente que se tenha a contrapartida acadêmica favorável para que assim se concretize seu 
direito aos benefícios oferecidos pela universidade. 
Concordamos com Araújo (2003, p. 99) quando afirma que “[...] a assistência 
estudantil pode ser trabalhada sob diferentes perspectivas: de um lado como direito, e de 
outro, como investimento.” Ou seja, é uma forma de investir no desenvolvimento dos 
estudantes de baixo poder aquisitivo que objetivam uma formação social e acadêmica de 
qualidade, gratuita e laica (ARAÚJO, 2003). 
Assim sendo é compreendido que a política de assistência social veio no intuito de 
atender às necessidades de quem dela precisa, e que, para tanto, os recursos financeiros são 
essenciais. Corroborando com Lopes (2011), quando ela afirma que a Assistência Estudantil 
se constitui, como mecanismo necessário ao enfrentamento das desigualdades sociais, 
porém, enquanto não houver uma expansão de investimentos nesta área, os serviços 
oferecidos permanecerão focalizados, seletivos e emergenciais. Porque sabemos que por 
muitos anos, a Assistência Estudantil efetivou-se sem um financiamento próprio e que 
somente em 2007, por meio da ANDIFES, é aprovado e instituído pelo MEC o Programa 
Nacional de Assistência Estudantil (PNAES). A partir de então, o governo federal começou 
a repassar verbas para as instituições de ensino superior, para a assistência estudantil, 
ocorrendo certa melhora em relação a essa questão. 
Conforme o Art. 1º desse decreto, o PNAES será executado no âmbito do Ministério 
da Educação (MEC), através da Portaria Normativa nº 39 de 12 de dezembro de 2007 e tem 
como finalidade ampliar as condições de permanência dos jovens na educação superior 
federal. E coadunando com isso, também no Art. 2º mostra os objetivos do PNAES que são: 
I – democratizar as condições de permanência dos jovens na educação superior pública 
federal; II - minimizar os efeitos das desigualdades sociais e regionais na permanência e 
conclusão da educação superior; III - reduzir as taxas de retenção e evasão; e IV - contribuir 
para a promoção da inclusão social pela educação. 
Sendo assim é por meio do PNAES (2010), que o governo financia as universidades 
federais no atendimento aos estudantes com necessidades diversas como: moradia; 
 
 
34 
 
alimentação; transporte; atenção à saúde; inclusão digital; cultura; esporte; creche; apoio 
pedagógico; bolsa de apoio técnico, dentre outros. Esse Programa apoia, prioritariamente, 
estudantes oriundos da rede pública de educação básica ou com renda familiar per capita de 
até um salário mínimo e meio, matriculados em cursos de graduação presencial nas 
Instituições Federal de Ensino Superior (IFES). 
Assim sendo, o financiamento da assistência estudantil passou a funcionar com 
repasse de verba diretamente para as IFES, como responsáveis pela implementação dos 
programas e pela determinação dos critérios de seleção que definirão os estudantes a serem 
beneficiados. 
A conquista da aprovação do PNAES pelo MEC, por meio da ANDIFES, representa a 
“possibilidade” de redução das desigualdades sociais na permanência de estudantes de baixa 
condição socioeconômica, vinculados aos cursos de graduação presenciais, na educação 
superior pública federal, permitindo-lhes a expressão do seu potencial na sua trajetória 
acadêmica. Contudo, apesar destes avanços, a política de Assistência Estudantil é seletiva e 
focalizada e, como toda política de assistência social, ela não escapa às decisões do sistema 
capitalista, que a torna uma política que inclui e ao mesmo tempo exclui, conforme explana 
Yasbek (2001) quando cita que tal política, “trata-se de uma inclusão que se faz pela 
exclusão, de uma modalidade de inserção que se define paradoxalmente pela não 
participação e pelo mínimo usufruto da riqueza socialmente construída” (YASBEK 2001, p. 
34). 
Porém, sabemos que esta contradição é intrínseca aos fenômenos da sociedade que 
vivenciamos que é uma realidade capitalista e como tal é movida pelo ideário neoliberal do 
“Estado Mínimo”, que desde suas origens, até os tempos atuais, esse tipo de política limita 
as ações destinadas ao público. 
Desse modo, no âmbito das Universidades, em que a Assistência Estudantil é 
compreendida como “[...] um conjunto de políticas realizadas através dos programas de 
Promoção, Assistência e Apoio que tem como objetivo principal criar condições que 
contribuam para a permanência dos estudantes” (FONTE, 2003, p. 25). O Plano Nacional de 
Assistência Estudantil (PNAE), (2007/2008), vem contribuir no sentido de ser um Plano 
 
Que apresenta as diretrizes norteadoras para a definição de programas e 
projetos dessa natureza busca satisfazer essas demandas da sociedade e dos 
alunos, constituindo-se, assim, em meta prioritária para a Andifes. Nele tem-
se um marco histórico que representa o compromisso da Associação com a 
inclusão e a permanência dos jovens nas IFES. (BRASIL, PNAE,gestão 
2007/2008, p.02). 
 
 
35 
 
Diante deste contexto apreendemos que o Plano Nacional de Assistência Estudantil 
abrange seu propósito e que a universidade cumpre sua missão à medida que gera, sistematiza 
e socializa o conhecimento e o saber, formando profissionais e cidadãos capazes de contribuir 
para o projeto de uma sociedade justa e igualitária. Mostrando que a busca pela redução das 
desigualdades socioeconômicas faz parte do processo de democratização da universidade e da 
própria sociedade, haja vista que a universidade é uma expressão da própria sociedade 
brasileira, ou seja, abriga em seu espaço também as contradições que nela existem (PNAE, 
2007, p. 02). 
Contudo, como já foi dito anteriormente, os governantes não devem efetivar apenas o 
acesso à educação superior gratuita, mais criar mecanismos que viabilizem a permanência e a 
conclusão do curso, a fim de atender às necessidades básicas desses estudantes oriundos de 
classe popular. Objetivando reduzir os efeitos das desigualdades que são apresentadas por um 
conjunto de estudantes provenientes de segmentos sociais cada vez mais pauperizados e que 
apresentam dificuldades concretas de prosseguirem sua vida acadêmica com sucesso. 
Diante desse contexto, trazemos os aportes jurídicos mais atualizados que nos acoberta 
diante de tal expressão da questão social, que é a Constituição Federal de 1988 quando em seu 
bojo ela está em consonância com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB
10
), 
fortalecendo a politica da educação quando no Título II do Art. 2º afirma que a educação é 
dever do Estado e da Família (art. 205, caput) e tem como princípio a igualdade de condições 
de acesso e permanência na escola (art.206, I). A Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
contém dispositivos que amparam a assistência estudantil, entre os quais destacamos o Art. 3º, 
quanto enfatiza que “O ensino deverá ser ministrado com base nos seguintes princípios: inciso 
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;...". A LDB traz também 
em seu artigo 1º, parágrafos 2º e artigo 3º, inciso XI determinam ainda que "a educação deve 
englobar os processos formativos e que o ensino será ministrado com base no princípio da 
vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais" (BRANDÃO, 2010). 
Percebemos que há um fortalecimento entre os dois maiores e importantes arcabouços 
jurídicos do Brasil acerca da política de educação como forma de garantir e assegurar as 
condições básicas necessárias tanto para o acesso do estudante quanto da sua permanência. 
Além disso, para dar mais consistência á essa questão tem-se também a Lei 10.861, de 
14 de Abril de 2004, que institui o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior 
(SINAES), quando afirma que a avaliação das instituições de educação superior terá por 
 
10
 A LDB, Lei nº 9.394/96 foi aprovada em 20 de dezembro de 1996. 
 
 
36 
 
objetivo identificar o perfil e o significado de sua atuação, por meio de suas atividades, seus 
cursos, seus programas, seus projetos e seus setores, considerando as diferentes dimensões 
institucionais, dentre as quais, e em caráter obrigatório, a responsabilidade social da 
instituição com relação à inclusão social e às políticas de atendimento a estudantes e egressos 
(IX dimensão). E o Decreto 6.096 de 24 de abril de 2007, que institui o Programa de Apoio a 
Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI), quando em seu 
artigo 1º, afirma que esse ”tem por objetivo criar condições para ampliação do 
acesso e da permanência na Educação Superior”. E, em seu artigo 2º, item V, diz também 
que “o Programa terá as seguintes diretrizes, entre outras: ampliação de políticas de inclusão e 
de assistência estudantil” (PNAE, 2007, p.03). 
Ainda no que concerne a Política Nacional de Assistência Estudantil tem-se a mais 
recente conquista no âmbito da assistência estudantil que é o Programa Nacional de Bolsa-
Permanência, que veio como um suplemento aos outros programas já existentes. O seu 
lançamento foi no dia 09 de maio de 2013, pelo Ministério da Educação, e é uma ação 
atrelada a Política Nacional de Assistência Estudantil. Esse Programa de Bolsa Permanência 
(PBP) vem em forma de auxílio financeiro para estudantes de baixa renda das instituições 
federais de ensino superior. Mas vale salientar que os estudantes para serem beneficiados tem 
que está dentro dos critérios de exigência do Manual de Gestão que foi produzido pelo MEC. 
Neste Manual está estabelecido, as orientações, regras e procedimentos para a inserção do 
estudante de baixa renda em tal programa. De acordo com o Manual, o Programa de Bolsa 
Permanência é fruto de esforço coletivo com os parceiros, assim como do engajamento 
daqueles que assumiram o compromisso com a democratização do acesso e da permanência 
no ensino superior gratuito no país, sobretudo de indígenas, quilombolas e estudantes de baixa 
renda (BRASIL, 2013, p. 05). 
Compreendemos que apesar de todos esses preceitos legais vale salientar que o Plano 
Nacional de Assistência Estudantil viu a necessidade de se fazer a revisão das práticas 
institucionais, demonstrando para todos os estudantes/cidadãos, que compete às IFES 
assumirem a assistência estudantil como direito e espaço prático de cidadania e de dignidade 
humana, buscando ações transformadoras no desenvolvimento do trabalho social com seus 
próprios integrantes, o que irá ter efeito educativo e, consequentemente, 
multiplicador. Do mesmo modo, o PNAE, como parte do processo educativo, deverá 
articular-se ao ensino, à pesquisa e à extensão, e permear essas três dimensões do fazer 
acadêmico para assim viabilizar, de fato, seu caráter transformador da relação universidade e 
 
 
37 
 
sociedade. 
Apesar disso, mesmo estando acobertados por esses arcabouços jurídicos, é importante 
ponderar que a Assistência Estudantil, regulamentada pelo Programa Nacional de Assistência 
Estudantil (PNAES/2010), é um instrumento legítimo de intervenção no âmbito da educação 
federal superior, contudo, o seu atual desenho não se encontra sintonizado com a perspectiva 
do direito, uma vez que se fundamenta pela seletividade e focalização. Além do mais, cada 
Instituição Federal de Ensino Superior tem suas próprias resoluções que regem tais programas 
como também suas limitações. 
Portanto, a política de assistência estudantil, se configura, como uma política que deve 
proporcionar o direito à educação superior para qualquer cidadão que não tenha condições 
financeiras suficientes para custeá-la sozinho, o que sem ela ocasionaria dificuldades na 
continuidade no curso. Assim, essa política se faz necessário não só pelo acesso, mais também 
como uma forma de permanência do estudante para que o mesmo tenha êxito em sua 
graduação. Porque o discente ao adquirir o acesso à assistência estudantil, essa contribuição 
será de grande valia para que o mesmo alcance seus objetivos que é a sua formação e assim se 
tornar um profissional capaz de atuar no mercado de trabalho e ter uma perspectiva de futuro 
diferente dos seus pais / família. 
Nas entrevistas destacadas abaixo, esses fatos se confirmaram quando todos os 
entrevistados apontaram essas mesmas deficiências, ressaltando até que desistiriam do curso 
caso não tivessem o apoio financeiro institucional como constataremos abaixo: 
 
 Olhe... assim... tenho, porque como eu vinha falando, infelizmente eu... é... 
tinha dificuldade, de... pra ficar na, na universidade, eu tinha até pensando 
é... em desistir do curso, teve um período que ... que eu passei um semestre 
inteiro sem, sem bolsa alguma, sem auxílio algum e, foi bem complicado pra 
mim, por que eu tive que arcar com despesa alimentação, e transporte e 
como é...eu tava com...minha mãe estava desempregada..[...] eu cheguei

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