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AquiferoBarreirasAspectos-Silva-2022

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA 
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA 
GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
VINÍCIUS RODRIGUES DA SILVA 
 
 
 
 
AQUÍFERO BARREIRAS E SEUS ASPECTOS HIDROGEOLÓGICOS E 
HIDROQUÍMICOS PRELIMINARES NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO GUAJÚ 
RN/PB 
 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL/RN 
2022 
 
 
VINÍCIUS RODRIGUES DA SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AQUÍFERO BARREIRAS E SEUS ASPECTOS HIDROGEOLÓGICOS E 
HIDROQUÍMICOS PRELIMINARES NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO GUAJÚ 
RN/PB 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado à Coordenação do Curso de 
Graduação em Geologia da Universidade 
Federal do Rio Grande do Norte, como 
requisito parcial para a obtenção do título 
de Bacharel em Geologia. 
 
Orientador: Prof. Dr. José Braz Diniz Filho 
 
 
 
 
 
 
NATAL/RN 
2022 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VINÍCIUS RODRIGUES DA SILVA 
 
 
AQUÍFERO BARREIRAS E SEUS ASPECTOS HIDROGEOLÓGICOS E 
HIDROQUÍMICOS PRELIMINARES NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO GUAJÚ 
RN/PB 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado à Coordenação do Curso de 
Graduação em Geologia da Universidade 
Federal do Rio Grande do Norte, como 
requisito parcial para a obtenção do título 
de Bacharel em Geologia. 
 
 
 
Aprovado em: de de_ 2022. 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 
________________________________________________ 
Prof. Dr. José Braz Diniz Filho 
Orientador 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) 
 
 
 
________________________________________________ 
 
Prof. Dr. José Geraldo de Melo 
Membro da banca examinadora 
 
 
 
________________________________________________ 
 
Drª. Natalina Maria Tinoco Cabral 
Membro da banca examinadora 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho aos meus pais, fontes de inspiração diária. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço primeiramente aos meus pais, por garantir todas as oportunidades 
e forças para alcançar meus objetivos. 
A minha namorada Rafaela, por todo apoio e compreensão durante o 
período árduo do curso e da elaboração deste relatório de graduação. 
Aos meus grandes amigos e geólogos Christian Campos Batista Rocha e 
Hemerson Lucas da Costa Silva. O primeiro pela grande força que me deu nos 
momentos mais tensos da pandemia do Covid-19 e por ser ótimo parceiro de 
trabalho. O segundo por toda amizade desde de nossa formação no ensino técnico 
até ser a grande referência para mim na graduação. 
Também agradeço ao meu orientador, Prof. Dr. José Braz Diniz Filho, por 
aceitar a responsabilidade em me conduzir com o trabalho de pesquisa e por todo o 
suporte que foi dado durante essa etapa. 
Aos professores e amigos de turma do curso de Geologia da Universidade 
Federal do Rio Grande do Norte, que possibilitaram apreender novos conceitos e, 
assim, ampliar a percepção dos fatos ao meu redor e crescer profissionalmente. 
A todos os servidores do Departamento de Geologia que tive a oportunidade 
de conhecer e me relacionar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
O presente trabalho mostra o resultado de uma pesquisa originada pelo projeto 
“Estudos e Projeto Básico para o Sistema Adutor do Agreste Potiguar no Rio Grande 
do Norte”, que começou no IFRN (Instituto Federal do Rio Grande do Norte), tendo 
a colaboração do Departamento de Geologia da UFRN (Universidade Federal do Rio 
Grande do Norte) e teve o intuito de investigar a ocorrência do Aquífero Barreiras e 
seu comportamento hidrogeológico e hidroquímico preliminar na BHRG (Bacia 
Hidrográfica do Rio Guajú). A investigação foi feita a partir de dados disponíveis na 
bibliografia e por meio de campanha em campo, coletando dados de poços (vazão, 
nível estático, nível dinâmico, vazão específica, condutividade elétrica e perfis 
litológicos-construtivos). Além disso, foram usadas técnicas de geoprocessamento 
em ambiente SIG e de desenho geológico (seções hidrogeológicas), tendo por 
finalidade o cruzamento dos dados obtidos. Os poços dentro da BHRG são poucos 
e estão mal distribuídos geograficamente, observa-se uma profundidade que variou 
de 43 metros a 80 metros, tendo uma profundidade média de 66 metros e vazões 
entre 3 a 39,6 m³/h. Diante de todos os dados com informações disponíveis foram 
gerados vários produtos como mapas, seções geológicas e um modelo 
hidrogeológico conceitual esquemático que permitiu ter uma noção do Aquífero 
Barreiras na BHRG, seus parâmetros hidrodinâmicos, o fluxo subterrâneo, 
estimativas de recargas e possíveis locais para melhor perfuração e qualidade das 
águas. 
 
Palavras-chave: Aquífero Barreiras, hidrogeologia, Bacia Hidrográfica do Rio Guajú 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The present work shows the result of a research originated by the project “Studies 
and Basic Project for the Agreste Potiguar Adductor System in Rio Grande do Norte”, 
which started at IFRN (Federal Institute of Rio Grande do Norte), with the 
collaboration of the Department of Geology at UFRN (Federal University of Rio 
Grande do Norte) and aimed to investigate the occurrence of the Barreiras Aquifer 
and its preliminary hydrogeological and hydrochemical behavior in the BHRG (Guajú 
River Hydrographic Basin). The investigation was carried out based on data available 
in the bibliography and through a field campaign, collecting data from wells (flow, 
static level, dynamic level, precise control, electrical conductivity and lithological-
constructive profiles). In addition, geoprocessing techniques in a GIS environment 
and geological design (hydrogeological sections) were used, with the aim of crossing 
the data obtained. The wells within the BHRG are few and are geographically poorly 
distributed, observing a depth that varies from 43 meters to 80 meters, with an 
average depth of 66 meters and flows between 3 and 39.6 m³/h. In view of all the 
data with available information, several products were generated, such as maps, 
geological sections and a schematic conceptual hydrogeological model that allowed 
to have a notion of the Barreiras Aquifer at BHRG, its hydrodynamic parameters, the 
underground flow, recharge projections and possible places to improve drilling and 
water quality. 
Keywords: Barreiras Aquifer, hydrogeology, Guajú River Basin 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
ANA Agência Nacional de Águas 
BHRG Bacia Hidrográfica do Rio Guajú 
BPB Bacia Pernambuco-Paraíba 
ETR Evapotranspiração real 
I Infiltração 
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais 
LOE Luminescência Opticamente Estimulada 
Ma Milhões de anos 
MHC Modelo Hidrogológico Conceitual 
MTP Manual Técnico de Pedologia 
NE Nível estático 
ND Nível dinâmico 
P Precipitação 
PDI Processamento digital de imagens 
PB Província Borborema 
Q Vazão 
R Deflúvio 
SGB/CPRM Serviço Geológico do Brasil 
SIG Sistema de Informação Geográfica 
SIAGAS Sistema de Informações de Águas Subterrâneas 
TL Termoluminescência 
ZCPE Zona de Cisalhamento Pernambuco 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
Figura 1.1: mapa de localização da área de estudo ......................................... 18 
Figura 2.1: Representação esquemática do ciclo hidrológico .......................... 20 
Figura 2.2: Seção típica de aquífero costeiro em zona de transição água doce - 
água salgada. ................................................................................................... 25 
Figura 2.3: Evolução do cone de depressão e rebaixamentos devido ao 
bombeamento de um poço em aquífero livre ................................................... 28 
Figura 2.4: Poço captando um aquífero confinado não drenante .....................29 
Figura 3.1: Mapa de contorno estrutural .......................................................... 32 
Figura 3.2: Localização das bacias de Pernambuco, da Paraíba e da Plataforma de 
Natal ................................................................................................................. 33 
Figura 3.3: relação cronoestratigráfica simplificada das coberturas Meso-
cenozoicas presentes na área de estudo ......................................................... 35 
Figura 3.4: mapa geológico da área de estudo ................................................ 38 
Figura 3.5: mapa da área mostrando o modelo digital de elevação topográfico com 
perfil topográfico A-B ........................................................................................ 41 
Figura 3.6: balanço hidroclimático da região de Natal ...................................... 44 
Figura 4.1: gráfico de pizza dos poços com perfis ........................................... 51 
Figura 4.2: mapa de poços cadastrados .......................................................... 53 
Figura 4.3: seção hidrogeológica SW-NE mostrando a variação topográfica, 
geológica e da superfície potenciométrica ....................................................... 55 
Figura 4.4: mapa potenciométrico do Aquífero Barreiras na BHRG ................. 60 
Figura 5.1: modelo hidrogeológico conceitual da BHRG .................................. 65 
Figura 6.1: mapa de condutividade elétrica do Aquífero Barreiras na BHRG .. 68 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO 11 
1.1 Justificativa 11 
1.2 Objetivos 12 
1.3 Metodologia 12 
1.3.1 Confecção de mapas 13 
1.3.2 Confecção de Tabelas 17 
1.4 Localização da área 17 
2 CONCEITOS EM HIDROGEOLOGIA 19 
2.1 Ciclo Hidrológico 19 
2.1.1 Balanço Hídrico 21 
2.2 Aquíferos 22 
2.3 Variáveis básicas sobre poços 23 
2.4 Bacia Hidrográfica 24 
2.5 Conceitos Físicos dos Aquíferos 25 
2.6 Análise de fluxo para poços em meios homogêneos 27 
3 ASPECTOS FISIOGRÁFICOS 30 
3.1 Geologia da área 30 
3.2 Contexto Tectônico-Estrutural 30 
3.3. Contexto Regional 32 
3.4 Geologia Local 34 
3.4.1 Unidades geológicas da área 35 
3.5 Geomorfologia 39 
3.5.1 Tabuleiros costeiros 39 
3.5.2 Planície fluvial 39 
3.5.3 Planície deltaica 39 
3.5.4 Dunas 40 
3.6 Clima 41 
3.7 Solo 44 
3.7.1 Argissolo 45 
3.7.2 Neossolo 45 
3.8 Vegetação 45 
 
 
3.8.1 Vegetação tipo Tabuleiro Costeiro 45 
3.8.2 Vegetação de Mangue 46 
3.8.3 Vegetação tipo Várzea 46 
4 HIDROGEOLOGIA DA ÁREA 47 
4.1 Aquíferos da área de estudos 47 
4.2 Aquífero Barreiras 48 
4.2.1 Parâmetros hidrodinâmicos regionais do Aquífero Barreiras 49 
4.3 Cadastramento de poços e resultados na bacia do rio guajú 50 
4.3.1 Características Hidrogeológicas do Aquífero Barreiras 51 
4.3.2 Aspectos litológicos e de pressão no topo do Aquífero Barreiras 54 
4.3.3 Análise de fluxo subterrâneo no aquífero Barreiras na BHRG 56 
4.3.4 Vazão de escoamento natural 61 
4.3.5 Estimativa da recarga e recursos explotáveis do sistema aquífero barreiras
 62 
5 MODELO HIDROGEOLÓGICO CONCEITUAL DO AQUÍFERO BARREIRAS NA 
BHRG 63 
6 ASPECTOS HIDROQUÍMICOS REGIONAIS DO AQUÍFERO BARREIRAS 66 
6.1 Parâmetros Físico-químicos das Águas subterrâneas do aquífero Barreiras na 
área de estudos 66 
6.2 Cations e Ânions Principais 68 
6.3 Avaliação global do Sistema Aquífero Barreiras (SAB) 71 
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS 72 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 75 
ANEXO 1: PLANILHA COM TODOS OS DADOS DE POÇOS COLETADOS 79 
ANEXO 2: FICHAS DE POÇOS 88 
 
 
11 
 
1 INTRODUÇÃO 
O presente trabalho de conclusão de curso, corresponde ao relatório final 
que visa abordar de forma geral, conhecimentos de hidrogeologia e hidroquímica 
do Aquífero Barreiras na Bacia Hidrográfica do Rio Guajú (BHRG), a qual está 
situada entre os Estados do Rio Grande do Norte e da Paraíba, na região 
Nordeste do Brasil. O trabalho visa colaborar com o projeto “Estudos e Projeto 
Básico para o Sistema Adutor do Agreste Potiguar no Rio Grande do Norte”, o 
qual vai beneficiar 13 cidades do estado, sendo 10 na região do Agreste (Boa 
Saúde, Lagoa D’Anta, Monte das Gameleiras, Nova Cruz, Passa e Fica, Santa 
Cruz, Santo Antônio, São José do Campestre, Serra de São Bento e Serrinha) e 
três no Litoral Sul (Canguaretama, Montanhas e Pedro Velho). Além disso, 
outros 25 municípios também serão beneficiados com maior oferta hídrica por 
conta da redistribuição da água dos Sistemas Adutores Monsenhor Expedito e 
Espírito Santo. 
O relatório apresenta conceitos de hidrogeologia, hidroquímica, geologia, 
geomorfologia, aspectos climáticos como um todo da BHRG. As informações 
reunidas sobre estes tópicos foram adquiridas por pesquisa bibliográfica dos 
mais variados segmentos (artigos, dissertações, teses, livros, arquivos digitais, 
dentre outros) afim de compilar informações mais locais sobre a BHRG e do 
Aquífero Barreiras. 
Além disso, houve informações adquiridas de forma externa àquelas da 
pesquisa bibliográfica, o que é designado como fase Campo nesse relatório. Foi 
feita uma campanha na área de estudos para coletar dados de poços. 
Diante de todas as informações obtidas, o relatório gerou resultados a 
partir da intersecção dos dados coletados em campo e daqueles advindos da 
pesquisa bibliográfica. 
 
1.1 JUSTIFICATIVA 
A justificativa para este relatório se dá pelo fato de que existem poucos 
trabalhos que abordam sobre hidrogeologia do Aquífero Barreiras na BHRG. 
Como ela está inserida entre dois Estados Brasileiros, as informações como um 
todo deixam a desejar, além do que os trabalhos que a abordam geralmente são 
de níveis regionais e não apresentam muitos detalhes. 
12 
 
Outro motivo para a justificativa é conhecer de fato o quão benéfico é o 
Aquífero Barreiras para o abastecimento de águas na região, visto que é um 
importante manancial que atende tanto a região metropolitana de Natal (RMN), 
como outros municípios costeiros. Temos ainda o fato do Rio Guajú, cujas águas 
são bastante usadas para irrigação de cana de açúcar na região de estudo, se 
classifica como um dos vales úmidos do litoral oriental do RN, e essa pesquisa 
visa investigar a influência do Aquífero Barreiras no Rio Guajú, mediante 
caracterização hidrogeológica e do fluxo das águas subterrâneas do aquífero. 
 
1.2 OBJETIVOS 
O objetivo deste trabalho tem o intuito de dar uma contribuição aos 
conhecimentos da hidrogeologia do RN, abordando de forma geral sobre a 
noções preliminares de hidrogeologia e hidroquímica do Aquífero Barreiras na 
BHRG. Para isso, metas foram traçadas e estão elencadas abaixo 
a) realizar pesquisa bibliográfica compatíveis com o tema e entender 
melhor sobre os aspectos geológicos e fisiográficos na BHRG; 
b) utilizar dados de poços na área e nos arredores para investigar 
alguns parâmetros hidrodinâmicos e hidroquímicos do aquífero; 
c) determinar o fluxo subterrâneo das águas do aquífero; 
d) determinar os melhores locais onde as águas subterrâneas tem 
melhor qualidade. 
e) construir modelo hidrogeológico conceitual esquemático da BHRG 
 
1.3 METODOLOGIA 
O presente trabalho foi inicialmente desenvolvido a partir da busca por 
referências bibliográficas, visando contextualizar trabalhos antigos, bem como 
os mais novos, servindo de embasamento científico, trazendo informações 
preciosas no que tange à geologia, geomorfologia, aspectos fisiográficos, 
hidrogeológicos da área estudada. A partir disso, foi formado um banco de 
dados que foi utilizado para fabricação dos produtos como mapas e tabelas que 
auxiliaram nas interpretações dos resultados. 
O segundo passo foi a construção de mapas que permitissem a 
visualização da informação adquirida na etapa anterior, bem como na etapa que 
13 
 
se sucedeu, com a aquisição de dados de campos. Todos eles foram feitos 
utilizando softwares em ambiente de Sistema de Informação Geográfica (SIG), 
como a famíliaArcGIS 10.8. Nessa etapa foram utilizados dados vetoriais 
(Shapefile) e matriciais (Raster), os quais foram adquiridos através das 
plataformas digitais, as quais são portadoras de dados públicos, como o Serviço 
Geológico do Brasil (SGB/CPRM), Sistema de Informações de Águas 
Subterrâneas (SIAGAS), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 
Google Earth e de imagens do satélite ALOS PALSAR, além dos dados de 
campo disponibilizados através do projeto “Estudos e Projeto Básico para o 
Sistema Adutor do Agreste Potiguar no Rio Grande do Norte”, coordenado pela 
FUNCERN (fundação de apoio ao IFRN - Instituto Federal do Rio Grande do 
Norte), e com a participação do Departamento de Geologia da UFRN 
(Universidade Federal do Rio Grande do Norte). 
Mediante o uso de softwares Excel e Google Sheet (planilhas Google), 
foram elaboradas tabelas e planilhas de dados de poços, como vazão (Q), nível 
estático (NE), nível dinâmico (ND), dentre outros, relevantes para construção da 
planilha de cadastro de poços e se chegar nas conclusões e discussões aqui 
presente em capítulos posteriores. 
 
1.3.1 Confecção de mapas 
A partir desses levantamentos e aquisição dos dados foram utilizadas 
técnicas de geoprocessamento e sensoriamento remoto para construção dos 
mapas de localização, geológico, topográfico, drenagem, potenciométrico entre 
outros. 
De acordo com Moreira (2001, p. 204): 
 
o geoprocessamento pode ser entendido como a utilização de técnicas 
computacionais e matemáticas para o tratamento de informação de 
dados em ambiente SIG, ou seja, esses dados estão geograficamente 
identificados. Contudo para se ter geoprocessamento é necessário ter 
informação disponível de dados normalmente coletados em campo ou 
remotamente, usando o sensoriamento remoto (SR). 
 
O sensoriamento remoto pode ser entendido como a aquisição de dados 
de uma superfície na qual o ser humano não precise ou não possa ir 
presencialmente nela. Utilizam-se sensores instalados em satélites, aeronaves 
14 
 
tripuladas ou não tripuladas para tal aquisição. A maioria dos sensores tem 
inteira relação com os fenômenos físicos ligados à radiação solar e o espectro 
eletromagnético. É possível usar as informações adquiridas para variadas 
aplicações. 
 
 
 
1.3.1.1 Mapa Geológico 
Para a fabricação do mapa geológico foram utilizados os mapas das 
folhas geológicas da SGB/CPRM com escala de 1:100.000: SB.25-Y-A-II-São 
José de Mipibu, SB.25-Y-A-III-Rio Guajú, SB.25-Y-A-V-Guarabira e SB.25-Y-A-
VI-Cabedelo. 
A área comporta as quatro (04) cartas geológicas supracitadas e as 
unidades geológicas tinham siglas não padronizadas, bem como shapes com 
paleta de cores diferentes. Para resolver a situação, levou-se em consideração 
a classificação das siglas das unidades geológicas proposta por Lima e Dantas 
(2016), bem como a paleta de cores também. 
Houve então um merge, que é uma ferramenta do ArcGis, que tem como 
função unir feições distintas em uma única feição. Então as unidades geológicas 
iguais, porém com siglas e cores diferentes, foram unidas e padronizadas de 
acordo com aquele padrão proposto por Lima e Dantas (2016) e formou-se o 
mapa geológico da área (figura 4.3). 
 
1.3.1.2 Mapa de Drenagem 
Para confecção do mapa de drenagens, foi necessário a aquisição de uma 
imagem de satélite da área, adquirida do Google Earth. Após aquisição, em 
ambiente ArcGis, foi utilizado a ferramenta de Georreferenciamento, que 
consiste em georreferenciar geograficamente uma informação da terra, e depois 
criou-se um shape para desenhar os contornos das drenagens, as quais 
aparecem nas figuras 2.1, 5.3 e 6.1. 
 
1.3.1.3 Mapa de Localização 
15 
 
Para confeccionar o mapa de localização foi utilizado a demarcação da 
Bacia Hidrográfica do Rio Guajú (BHRG) feita pelo IBGE. No portal de mapas da 
plataforma foi feito o download do shape da BHRG e esse dado serviu como 
input para iniciar o mapa. Outros dados adquiridos do SGB/CPRM e do IBGE 
como estradas pavimentadas, BR e cidades serviram para compor o mapa final 
e utilizar como padrão as convenções cartográficas propostas por esses dois 
entes públicos. 
1.3.1.4 Mapa Topográfico 
Para gerar o mapa topográfico, precisou-se de uma imagem de RADAR 
(radio detection and ranging ou deteção e localização por rádio) do satélite ALOS 
PALSAR. A imagem tem uma resolução espacial de 12,5 metros e mostra um 
modelo digital de elevação (MDE) da área. Como não foi possível obter as 
coordenadas Z da localidade dos poços, o autor fez um processamento da 
imagem através das ferramentas disponíveis no ArcMap para aumentar a 
resolução da imagem e diminuir o erro. Utilizando as ferramentas de conversão 
e de interpolação Spline foi possível obter o novo MDE com a resolução espacial 
de 5 metros. Foi gerado curvas de níveis mais precisas e a partir delas foi obtida 
as cotas topográficas de cada poço. 
 
1.3.1.5 Mapa de poços 
Para a elaboração do mapa de poços foi feito um levantamento prévio, 
antes da etapa campo, dos poços que estavam disponíveis na plataforma 
SIAGAS e de empresas privadas que tinham informação de poços, como fichas 
e perfis litológico-construtivos, e de propriedades privadas (etapa pós-campo). 
Através desse levantamento, houve a coleta das coordenadas de cada poço os 
valores de nível estático e nível dinâmico, vazão, profundidade, entre outros, 
organizados no anexo 1. 
A partir dos dados levantados, os poços foram plotados no ambiente SIG 
do ArcMap, utilizando as coordenadas obtidas no processo pré-campo e pós-
campo. 
 
1.3.1.6 Mapa Potenciométrico 
16 
 
Para a elaboração do mapa potenciométrico foi utilizado as informações 
das cotas topográficas e dos respectivos níveis estáticos de cada poço. Diante 
dessas duas informações calcula-se o nível potenciométrico (NP) que é a 
diferença entre a cota menos o nível estático. 
As cotas altimétricas de cada poço foram obtidas por meio do modelo 
digital de elevação. Os níveis estáticos foram coletados por meio de medições 
da fase campo e de trabalhos anteriores. 
Então, por meio o software ArcMap foi utilizado os dados de NP com a 
variação espacial de cada poço para realizar uma interpolação dessas 
informações. 
De acordo com Macedo et al (2015), “o uso de interpoladores se faz 
necessário em virtude da deficiência e escassez de pontos de monitoramento e 
coleta”. Ao realizar trabalhos usando vários interpoladores, Macedo et al (2015) 
chegou na conclusão que o melhor resultado para gerar curvas 
potenciométricas, foi usando o interpolador Spline with Barriers, descrito logo 
abaixo: 
 
o método do Spline é um método de interpolação que sugere valores 
ao empregar uma função matemática que minimiza a curvatura da 
superfície, resultando em uma superfície suave que passa exatamente 
pelos pontos amostrados (MARCUZZO, ANDRADE E MELO, 2011, 
Apud MACEDO, 2015). 
 
Portanto, ao aplicar esse interpolador o mapa potenciométrico (figura 6.3) 
foi desenvolvido. 
 
1.3.1.7 Mapa de Condutividade Elétrica 
O mapa de Condutividade Elétrica foi elaborado a partir dos valores de 
condutividade elétrica (µS/cm) dos poços P28, P29, P33, P34, P35, P36, P37, 
P39, P44, P45, P50, P51, P52, P55 e P58. Foi utilizado um medidor 
multiparâmetro de bolso de pH, Condutividade Elétrica e Temperatura para 
medições feitas em campo. Usando o interpolador Kringing, ferramenta de 
interpolação do ArcGis, que é um método geoestatístico que se baseia na 
Teoria das Variáveis Regionalizadas. A Kringing: 
 
17 
 
supõe que a variação espacial de determinado fenômeno é 
estatisticamente homogênea em uma área. Nesse caso a variação 
espacial é quantificada por um semivariograma da dispersão da 
semivariância versus a distância dos pontos amostrados. Assim, o 
semivariograma serve para analisar a dependência espacial entre as 
amostras, calculado a partir dos pontos amostrados (MACEDO,2015). 
 
Os dados de condutividade elétrica e a localização dos poços foram 
interpolados e o resultado foi a figura 8.1. 
 
 
 
1.3.2 Confecção de Tabelas 
Esta etapa serviu para organização do banco de dados advindo do 
levantamento bibliográfico e de campo. Todas as tabelas apresentadas no 
trabalho foram produzidas nos softwares Excel e Google Sheets. Funções 
estatísticas como média, máximo, mínimo, dentre outros foram utilizadas nessa 
etapa para obter informações que ajudassem na apresentação de resultados e 
para interpretações futuras. 
 
1.4 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA 
A área de estudo (figura 1.1) é a Bacia Hidrográfica do Rio Guajú (BHRG), 
localizada na porção leste dos Estados do Rio Grande do Norte e Paraíba, da 
região Nordeste do Brasil. Sua área engloba os municípios de Baía Formosa/RN, 
Canguaretama/RN, Pedro Velho/RN, Mataraca/PB e Mamanguape/PB. Além 
disso, possui uma área superficial de 284,61 Km2 e pode ser acessada pela 
rodovia federal BR-101 e pelas rodovias estaduais RN-314, PB-065, PB-061 e 
PB-008. 
É possível encontrar a BHRG no banco de dados o IBGE e também nas 
folhas São José do Mipibu (SB.25-YA-II) e Guarabira (SB.25-Y-A-V), na escala 
1:100.000, confeccionadas pela SUDENE. 
 
 
18 
 
 
Figura 1.1: mapa de localização da área de estudo. 
19 
 
2 CONCEITOS EM HIDROGEOLOGIA 
A crescente taxa de natalidade humana durantes décadas anteriores, diga-se 
de passagem em progressão geométrica, e os escassos recursos hídricos (água 
doce), baseados no ciclo hidrológico que não conseguem acompanhar a mesma 
velocidade do crescimento populacional, colocam em xeque a grande necessidade de 
aprofundar conhecimento sobre a hidrogeologia, principalmente no que tange às 
condições hidrogeológicas dos aquíferos, bem como sua gestão após garantir 
explotação das águas. É nesse sentido que os grandes centros urbanos, super 
populosos, conseguem garantir um recurso tão importante para a vida, através do 
entendimento da ocorrência dos sistemas aquíferos, dos fluxos de água subterrânea 
e superficial, da qualidade das águas, etc., e assim salvaguardar um recurso 
essencial. 
Diante disso, este capítulo terá uma abordagem sobre os conceitos básicos de 
hidrogeologia, os quais são importantes para o embasamento teórico, o 
desenvolvimento do trabalho e posteriormente interpretações sobre a hidrogeologia 
do aquífero em estudo. Para tal atividade o autor levará em consideração os conceitos 
e aplicações de hidrogeologia organizado por Feitosa et al. (2008) e desenvolvido pelo 
Serviço Geológico Brasileiro (SGB/CPRM). 
 
2.1 CICLO HIDROLÓGICO 
Abordando o conceito de ciclo hidrológico (figura 2.1), Manoel Filho (2008) 
ressalta que “se trata de um sistema pelo qual a natureza faz a água circular do 
oceano para a atmosfera e daí para os continentes, de onde retorna, superficial e 
subterraneamente, ao oceano”. Aqui devem ser consideradas muitas variáveis físicas, 
químicas e biológicas que giram o ciclo, alguns exemplos dessas variáveis que o 
movem podem ser considerada como a insolação ou fotoperíodo, o tipo de vegetação, 
a litologia da subsuperfície (porosa ou não) e fatores climáticos (temperatura, 
umidade, precipitação, etc.). 
Através do entendimento do ciclo que outros conceitos importantes serão 
descritos como balanço hídrico que por sua vez será destrinchado levando em conta 
quase todas suas variáveis: evaporação, precipitação, evapotranspiração potencial e 
real, infiltração e deflúvio ou escoamento superficial.
20 
 
 
Figura 2.1: Representação esquemática do ciclo hidrológico: E = evaporação; ET 
=evapotranspiração; I=infiltração; R = escoamento superficial (deflúvio). Fonte: Manoel Filho (2008) 
21 
 
2.1.1 Balanço Hídrico 
O balanço hídrico visa quantificar, de maneira simplificada, a quantidade de 
água que entra e sai de determinada região, ou seja, o ciclo hidrológico de uma região. 
Então: 
 
o balanço hídrico obedece ao princípio da conservação da massa ou princípio 
da continuidade, segundo o qual, em um sistema qualquer, a diferença entre 
as entradas e as saídas é igual à variação do armazenamento dentro do 
sistema (MANOEL FILHO, 2008). 
 
Em geral, Manoel Filho (2008) mostra a equação básica (simplificada) do 
balanço hídrico, a qual pode ser escrita, considerando precipitação (P), 
evapotranspiração real (ETR), deflúvio (R) e infiltração (I), como: 
P - ETR - R - I = ΔS 
A precipitação é o aparecimento da água meteórica em estado líquido ou até 
mesmo sólido (granizo ou neve) na superfície terrestre. Esse fenômeno ocorre de 
forma descontínua e varia no tempo e no espaço, diferentemente de outras variáveis 
metereológicas. Normalmente sua medição, no Brasil, é feita por pluviômetros do tipo 
Ville de Paris e tem como medida padrão o acúmulo de chuva em mm. 
A evapotranspiração real deve ser entendida como a evaporação da água no 
meio mais a transpiração das plantas. A evaporação em si acontece quando a água 
em seu estado líquido adquire energia suficiente, decorrente da radiação solar, e 
transforma-se em vapor. Já a transpiração nada mais é do que o processo em que as 
plantas perdem água para a atmosfera. 
Na prática, as quantidades de água evaporadas, a partir do teor de umidade do 
solo, e transpiradas, no processo de desenvolvimento das plantas, são muito difíceis 
de medir separadamente, e por isso um valor máximo para essas perdas foi 
introduzido por Thornthwaite (1948), com o nome de evapotranspiração potencial 
(ETP). Este conceito representa, portanto, um limite superior para a 
evapotranspiração real (ETR), ou seja, para a quantidade de água que realmente volta 
à atmosfera por evaporação e transpiração. A evapotranspiração real (ETR) pode ser 
estimada a partir da diferença entre a precipitação (P) e a evapotranspiração potencial 
(ETP), do seguinte modo (MANOEL FILHO, 2008): 
se P - ETP > 0 ⇒ ETR = ETP 
se P - ETP < 0 ⇒ ETR = P 
22 
 
O deflúvio pode também ser chamado de escoamento superficial ou Run-off, é 
o processo pelo qual a água escoa por ação gravitacional de um lugar mais alto para 
o mais baixo, normalmente em rios e riachos. A precipitação é o fator determinante 
para aumentar ou diminuir o escoamento superficial. 
A infiltração, simplificadamente, é a taxa de absorção de água de um 
determinado solo. Então, a depender das condições físicas, geológicas e 
biogeoquímicas do solo, há diferenças nas taxas de infiltração entre determinados 
tipos de solo. Manoel Filho (2008) ainda distingue ao menos três partes, nas quais a 
infiltração pode ser dividida. A primeira, permanece na zona não saturada (zona de 
fluxo não saturado), isto é, a zona onde os vazios do solo estão parcialmente 
preenchidos por água e ar, acima do nível freático. A segunda parte, denominada 
interfluxo (escoamento sub-superficial), pode continuar a fluir lateralmente, na zona 
não saturada, a pequenas profundidades, quando existem níveis pouco permeáveis 
imediatamente abaixo da superfície do solo e, nessas condições, alcançar os leitos 
dos cursos d’água. A terceira e última parte pode percolar até o nível freático, 
constituindo a recarga ou recursos renováveis dos aquíferos. 
 
2.2 AQUÍFEROS 
A definição de aquífero é baseada na condição que determinada formação 
geológica consiga armazenar água subterrânea e dentro dela essa água flui 
obedecendo à lei natural da gravidade. Então considerando os mais variados tipos de 
rochas e de formações geológicas, faz-se necessário a classificação dos aquíferos. 
Cabral e Demétrio (2008) relataram que “aquíferos podem ser classificados de 
acordo com as características da camada geológica onde a água está armazenada, 
podendo ser um aquífero poroso intergranular, fissural ou cárstico”. No caso da área 
em estudo, o aquífero tem características de porosidade intergranular, devido sua 
condição geológica, por tratar-se de rochas e materiais sedimentares tércio-
quaternários do GrupoBarreiras e de outras Formações. 
Todavia, a classificação elaborada por Cabral e Demétrio (2008) é baseada 
apenas no meio físico de caráter regional, pois em uma Bacia Sedimentar um aquífero 
ou demais aquíferos terão características porosas, assim como rochas do 
embasamento cristalino (ígneas e metamórficas) terão características de um aquífero 
fissural. Dessa forma, para o desenvolvimento do estudo faz-se necessário levar em 
23 
 
consideração as interações entre os tipos de rochas e capacidade de transmissão da 
água entre elas. É a partir desses fatos que há outro tipo de classificação que leva em 
consideração, além dos aspectos do meio físico regional, as características de 
transmissividade da água e as pressões aplicadas nos limites (base e topo) das 
camadas geológicas nos aquíferos porosos. 
Então, dá-se o nome de aquífero confinado aquele onde a pressão da água em 
seu topo é maior do que a pressão atmosférica. Pode ser sub-classificado devido às 
condições limítrofes de sua formação geológica em confinados drenantes e 
confinados não drenantes. O drenante é aquele cuja uma das camadas limítrofes é 
semipermeável, permitindo a entrada ou saída de fluxos pelo topo e/ou pela base, 
através de drenança ascendente ou descendente, ao passo que o não drenante, como 
destaca Manoel Filho (2008), “é aquele cujas camadas limítrofes, superior e inferior, 
são impermeáveis, não permitindo a drenança de forma natural”. 
Há também o aquífero do tipo Livre, cuja característica de pressão atmosférica 
é a mesma no limítrofe superior do aquífero, além do que se confunde com o limite da 
saturação freática. 
 
2.3 VARIÁVEIS BÁSICAS SOBRE POÇOS 
Ao ser construído, independentemente do tipo de rocha ou aquífero no qual foi 
instalado, o poço apresenta algumas características de relevante importância. Se não 
for seco, ele apresentará, ao menos, uma Vazão (Q), Nível Estático (NE) e um Nível 
Dinâmico (ND). 
A vazão é uma medida base para se saber o quanto um fluido (nesse caso a 
água) percorre um conduto ou área específica em determinado tempo. Para obtê-la é 
necessário saber a velocidade (v) na qual o fluido passa pelo conduto ou área e o 
tempo (t) pelo qual o fluido passou. Sabendo dessas variáveis é possível determinar 
a vazão de um poço que é medida em volume por tempo. Normalmente os trabalhos 
têm como medida padrão o m³/h para as vazões dos poços e também para determinar 
a velocidade do fluxo em águas superficiais. 
O nível estático de um poço nada mais é do que a medida da profundidade do 
nível da água dentro do poço, a partir da superfície do terreno, onde a água presente 
nesse poço permanece estacionária ou em repouso. 
24 
 
O nível dinâmico é a medida da profundidade do nível da água dentro do poço, 
a partir da superfície do terreno, a partir do solo, quando a água do poço é bombeada, 
explotando a água presente no aquífero, causando um rebaixamento do nível que 
antes estava em repouso (nível estático). 
Então, o conhecimento sobre essas variáveis é importante para entender a 
dinâmica do aquífero na qual o poço foi construído, não só isso, vai além, é a partir 
dela que é possível medir a vazão específica, a capacidade de produção e determinar 
a melhor bomba hidráulica para bombear a água. 
 
2.4 BACIA HIDROGRÁFICA 
Neste tópico há uma importância em especial, pois o estudo hidrogeológico 
proposto no trabalho é realizado na Bacia Hidrográfica do Rio Guajú (BHRG). É tão 
importante o seu estudo que Gunn (1981): 
 
considera que a bacia hidrográfica é a unidade básica para investigações 
geomórficas e hidrogeológicas do relevo, sendo assim é possível caracterizar 
o escoamento superficial de terrenos e os mecanismos de recarga dos 
aquíferos associados, são fundamentais para a demarcação e caracterização 
morfológica das bacias. 
 
Além disso, a lei nacional das águas no Brasil (9433/97) define que a bacia 
hidrográfica é unidade básica de gestão das águas. 
Entende-se o conceito de bacia hidrográfica, proposto por Manoel Filho (2008), 
como uma área topograficamente definida que é drenada por uma rede de rios e/ou 
riachos, de tal modo que todo o deflúvio é escoado através de uma única saída ou 
exutório. Normalmente essa rede de rios deságua no oceano, um fato não diferente 
para a BHRG. 
Nesse contato da bacia hidrográfica com o oceano podem surgir relações 
pertinentes ao fluxo subterrâneo (aquífero costeiro) das águas que advém do 
continente (água doce) e da água proveniente do mar (água salgada). Manoel Filho 
(2008) explica que “geralmente existe um gradiente hidráulico condicionando um fluxo 
de água doce do continente para o oceano”. A água doce é menos densa do que a 
água salgada, mesmo assim são fluidos miscíveis, havendo entre eles uma zona de 
transição (figura 2.2) ou zona de mistura ou até mesmo interface para simplificação, 
condicionada pela dispersão hidrodinâmica. Nessa zona: 
 
25 
 
a densidade da mistura é variável. Na ausência de bombeamentos, os 
aquíferos costeiros permanecem em estado de equilíbrio com uma interface 
estacionária e um fluxo natural de água doce, acima da mesma, para o mar. 
Em cada ponto da interface, a elevação (posição) e a declividade são 
determinadas pelo potencial de água doce e pelo gradiente hidráulico 
(MANOEL FILHO, 2008). 
 
É importante esse tipo de conhecimento, visto que as zonas costeiras possuem 
mais adensamentos populacionais do que no interior do continente, por razões 
históricas e econômicas, então bombear água de um aquífero com essas condições 
têm de ser feita de forma cautelar para não haver uma intrusão salina e contaminar 
uma boa água doce para consumo. 
 
Figura 2.2: Seção típica de aquífero costeiro em zona de transição água doce - água salgada. Fonte: 
Manoel Filho (2008). 
 
2.5 CONCEITOS FÍSICOS DOS AQUÍFEROS 
Tratando-se de aquífero poroso intersticial em meio homogêneo há algumas 
considerações em relação às suas propriedades físicas. Em primeiro lugar, antes de 
qualquer conceito sobre a propriedade física, é necessário falar sobre a Lei de Darcy, 
a qual trata do movimento da água subterrânea em meio poroso. Cabral (2008) 
detalha a equação empírica de Darcy e é justamente a partir dela que é possível falar 
sobre as propriedades físicas de um aquífero poroso. 
Q = K.A (h1-h2)/L 
Q = Vazão de escoamento 
26 
 
A = Área da seção na qual passa a água; 
ΔH = h1-h2 = diferença de carga hidráulica entre poços diferentes; 
L = distância entre os poços; 
K = coeficiente de proporcionalidade, chamado de condutividade hidráulica. 
Com a evolução do entendimento desta Lei, os conceitos como a condutividade 
hidráulica, transmissividade, porosidade, permeabilidade intrínseca e o coeficiente de 
armazenamento foram levadas em consideração como macro variáveis que 
determinam as condições físicas do aquífero. 
 
A condutividade hidráulica pode ser entendida como a taxa de perda de carga 
por unidade de trajeto do fluido. Leva-se em conta as características do meio, 
incluindo porosidade, tamanho, distribuição, forma e arranjo das partículas, e 
as características do fluido que está escoando (CABRAL, 2008). 
Normalmente é expressa em cm/s ou m/s. 
 
Já a Transmissividade é a quantidade de água que passa horizontalmente em 
uma área saturada do aquífero. Para aquíferos confinados a Transmissividade é dada 
pela expressão e medida em m²/s: 
T= k.b 
T = transmissividade 
K = condutividade hidráulica 
b = espessura saturada do aquífero 
A porosidade de uma rocha é determinada de acordo com o volume dos 
interstícios ou vazios pelo volume total da rocha. Importante característica para a 
porosidade está na capacidade de armazenamento de água. Todavia, é necessário 
saber se esses vazios se interconectam promovendo o fluxo do fluido em determinada 
área. Esse é o conceito típico e simplificado para permeabilidade intrínseca. Ela é em 
função do tipo do material poroso, sua granulometria esua disposição estrutural e 
normalmente é expressa em cm². 
Por fim, “o coeficiente de armazenamento é o volume de água liberado ou 
absorvido por um aquífero, quando a carga é diminuída ou aumentada, pode ser 
quantificado pelo coeficiente de armazenamento de um aquífero confinado” 
(MONTEIRO, 2015). Em aquífero livre o coeficiente de armazenamento é equivalente 
à porosidade específica, definida como o volume de água drenado por gravidade (que 
expressa o volume de vazios interconectados), em relação ao volume do aquífero 
drenado (representado pelo volume de vazios + volume de sólidos). 
27 
 
2.6 ANÁLISE DE FLUXO PARA POÇOS EM MEIOS HOMOGÊNEOS 
Este tópico visa apresentar de forma simplificada alguns entendimentos sobre 
a hidráulica de poços no que tange à aquífero em meio homogêneo (poroso). Mesmo 
sendo um meio homogêneo, será discutido a situação das condições hidráulicas em 
aquíferos livres e confinados, visto que na área de estudo podem ocorrer os dois tipos. 
Algumas variáveis básicas como o nível estático, nível dinâmico e a vazão já 
foram discutidas em tópicos anteriores. A partir delas se entende a dinâmica de um 
poço, contudo dão apenas uma base para o início do entendimento da hidráulica de 
determinado aquífero. Todavia, faz-se necessário saber o que é um cone de 
depressão, o que é o rebaixamento total, a vazão específica e a superfície 
potenciométrica do aquífero. São estas variáveis que nos permite saber a capacidade 
produtiva do aquífero/poço e o regime de fluxo da água. 
O cone de depressão se forma a partir do início do bombeamento no poço. Ele 
se caracteriza a partir do rebaixamento progressivo do nível da água ou do nível das 
pressões no aquífero e em volta do poço se apresenta (figuras 2.3 e 2.4). Na medida 
em que o tempo passa, mais se bombeia água e maior tende ser o cone, ou seja, a 
cada tempo (T) de bombeamento há um aumento do raio (R) do cone e 
consequentemente uma variação espacial (S) ocasionada pelo rebaixamento. 
28 
 
 
Figura 2.3: Evolução do cone de depressão e rebaixamentos devido ao bombeamento de um poço 
em aquífero livre. Na medida em que o bombeamento continua a uma vazão Q, proporcionalmente o 
rebaixamento (S) e o raio (R) do cone aumentam. As setas azuis indicam o sentido do fluxo da água 
subterrânea em direção à seção do filtro, representado pelos traços retos paralelos. Fonte: Feitosa et 
al (2008). 
 
O rebaixamento é uma medida calculada entre a situação estática da água no 
poço (nível estático) ou do aquífero em sua superfície potenciométrica e o nível 
dinâmico quando há bombeamento. Obviamente ele varia durante o tempo de 
bombeamento e consequentemente há uma redução da carga hidráulica no 
poço/aquífero. 
A vazão específica tem grande relação entre a vazão e o rebaixamento 
submetido ao ser extraída a água de um poço. Essa informação ajuda a perceber a 
capacidade produtiva de um poço/aquífero. Sua medida é feita em m³/h/m, mas a 
depender da escala de trabalho poderá ser feita em m³/h/km². 
29 
 
A superfície potenciométrica pode ser entendida como uma linha horizontal 
idealizada que marca a situação estática de determinado aquífero. Se este for livre, a 
superfície se confundirá com a medida encontrada da zona freática, caso seja 
confinado a superfície será a medida entre o nível do solo até a cota em que se 
encontra a água no poço. 
 
Figura 2.4: Poço captando um aquífero confinado não drenante, mostrando todos os parâmetros 
pertinentes envolvidos.1 Fonte: Feitosa et al (2008). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 A camada confinante tem uma condutividade hidráulica (K’) próxima de zero ou igual a zero, não proporcionando o efeito de 
drenança vertical ou o contato entre o aquífero confinado e o livre, o qual está acima da camada confinante. O aquífero confinado 
possui pressões de carga maiores do que o do aquífero livre, é por esse motivo que a superfície potenciométrica daquele aquífero 
é maior do que a superfície freática que está sob pressão atmosférica. Ao bombear uma vazão (Q) do poço, forma-se um cone 
de depressão que desloca as linhas das duas superfícies potenciométricas dos aquíferos distintos, causando um rebaixamento 
(Sp) no poço. Por fim, as setas azuis indicam o sentido do fluxo da água subterrânea do aquífero confinado. 
 
30 
 
3 ASPECTOS FISIOGRÁFICOS 
 Este tópico servirá para descrever as características físicas resultantes das 
ações de variáveis geológicas, geográficas e climáticas da BHRG. 
3.1 GEOLOGIA DA ÁREA 
A geologia da área será descrita de forma regional, de acordo com o contexto 
estrutural a qual está inserida, e de forma local, no intuito de entender melhor o 
contexto no qual a BHRG está inserida, bem como sua evolução. 
 
3.2 CONTEXTO TECTÔNICO-ESTRUTURAL 
A compartimentação estrutural da BHRG é fortemente condicionada com à 
evolução das bacias de margem passiva da costa leste do litoral do brasil. O evento 
do rifteamento das placas Sul-americana e Panafricana, no Aptiano, ocasionou 
estruturas rúpteis no embasamento cristalino que afetaram diretamente sequências 
sedimentares cretáceas a quaternárias. 
 
A estruturas associadas a BHRG estão relacionada mais regionalmente com 
a evolução da bacia costeira PE/PB/RN (Plataforma Natal). Foram 
identificados três eventos deformacionais distintos que contribuíram para o 
arcabouço ou estão presentes no registro estratigráfico dessa bacia, desde a 
fase rifte até o estágio drifte (CÓRDOBA et al. 2007). 
 
O primeiro evento, ocorrido no estágio rifte, compreende uma deformação 
distensional, com eixo de máxima distensão na direção NW-SE, a qual teria “gerado 
falhas normais em arranjo lístrico ou dominó na direção NE, aproveitando-se de zonas 
de fraqueza pretéritas do embasamento, combinadas a falhas de transferência NW” 
(CÓRDOBA et al. 2007). 
Um segundo evento, pós-rifte, também representado por estruturas 
distensionais, pode ser reconhecido pela ocorrência de falhas normais em unidades 
mais jovens, com 
 
eixo principal de distensão NE/ENE na sub-bacia Paraíba. Entre Recife e 
Natal, ocorrem estruturas de grabens com distensão NE/ENE, cujas falhas 
afetam tanto as unidades do Cretáceo Superior, como o próprio 
embasamento cristalino. Reativações deste regime chegam a afetar inclusive 
a formação Barreiras, no Terciário (CÓRDOBA et al. 2007). 
 
31 
 
O terceiro evento envolve distensão longitudinal às bacias, na direção N-S a 
NNE, resultando em falhas normais E-W a ENE, e falhas de rejeito direcional, ou 
oblíquas, com direções NE a NW. “Esta cinemática pode ser relacionada ao campo 
de tensões de escala continental, que afeta a Placa Sul-Americana desde o Cretáceo 
Superior” (CÓRDOBA et al. 2007). 
 
A combinação desses eventos resultou em uma compartimentação tectônica 
controlada principalmente por falhas com direções NW-SE e NE-SW, com 
rejeitos centimétricos até algumas dezenas de metros, com ocorrência de 
soerguimento e abatimento de blocos falhados, exercendo controle 
fundamental na deposição dos sedimentos, através da geração de espaço 
para sua acomodação (BEZERRA et al. 2001; NOGUEIRA et al. 2006). 
 
Todavia, não foi possível verificar a existência de tais estruturas na área de 
estudos. Em superfície, utilizando sensores remotos e imagens de satélite não foi 
possível “enxergar” essas estruturas, tampouco em campo não se viu um afloramento 
que permitisse ver ou tirar parâmetros de escarpas de falha, a vegetação e as 
coberturas sedimentares dificultaram este aspecto. Contudo, o trabalho de Barbosa e 
Filho (2006) permite saber que em subsuperfície, “através de métodos geofísicos, há 
existência de falhas normais com trends NE/SW e NW/SE que geraram grabens e 
horst na costa que controlaram os aspectos dimensionais das unidades sedimentares” 
(figura 3.1). 
32 
 
 
Figura 3.1: Mapa de Contorno estrutural do embasamento na faixa costeira Recife-Natal. A) Modelo 3D 
da superfície com isolinhasde profundidade; B) mapa 2D com interpretação de estruturas (A seta preta 
indica a linha zero do embasamento). Fonte: Barbosa & Lima Filho, 2006; Barbosa, 2007. 
 
3.3. CONTEXTO REGIONAL 
A BHRG está inserida em um contexto geológico-regional de Bacias 
sedimentares marginais que foram originadas a partir do evento tectônico de 
rifteamento, durante o Aptiano, como comentado anteriormente. Nesse contexto a 
BHRG está inserida no âmbito das Bacias Pernambuco-Paraíba (BPB) e na 
Plataforma Natal, e mais localmente na sub-bacia de Canguaretama. 
A BPB e Plataforma Natal são limitadas a norte pelo Alto de Touros e a sul pela 
Zona de Cisalhamento Pernambuco (ZCPE), a oeste pela Província Borborema (PB) 
e a leste pelo Oceano Atlântico, conforme figura 3.2. 
33 
 
 
Figura 3.2: Localização das bacias de Pernambuco, da Paraíba e da Plataforma de Natal. Fonte: 
adaptado de Barbosa et al (2007). 
 
Em escala local a BHRG encontra-se inserida na sub-bacia Canguaretama, 
sendo esta delimitada pela Falha de Mamanguape ao sul e a norte pela Falha de 
Cacerengo. Essa sub-bacia tem relação íntima com o desenvolvimento da Bacia 
Potiguar cretácea junto com o desenvolvimento da Plataforma Natal, pois os estudos 
de estratigrafia e estrutural propostos por Barbosa & Lima Filho (2006) indicam ao 
relacionar dados estratigráficos e de poços, que no início da sequência sedimentar da 
plataforma há rochas da Formação Jandaíra, caracterizadas por calcários não 
aflorantes. 
De acordo com estudos propostos por Mabesoone et al (1991) “as coberturas 
sedimentares que preencheram a Bacia Potiguar na zona de costa, seguem uma 
sequência de pacotes rochosos que começaram a ser depositados durante o 
cretáceo”. Essa sequência é representada, em sua base, por rochas carbonáticas e 
34 
 
siliciclásticas não aflorantes, no tércio-quaternário por sedimentos da Formação 
Barreiras e por fim sedimentos quaternários recentes como dunas, depósitos de 
mangues, colúvios, aluviões, etc. 
Segundo Queiroz (1984, Apud MONTEIRO, 2015): 
 
a sequência cretácea é representada por arenitos quartzosos e arenitos 
calcíferos, onde nestes últimos, grãos de pólens foram encontrados 
preservados junto com siltitos e calcilutitos intercalados, fornecendo-lhes 
idades entre o Turoniano e Santoniano (93,9 a 83,6 Ma). 
 
“A sequência em cima é representada por calcários dolomíticos com idade do 
Maastrichtiano, entre 72,1 a 66,0 Ma” (MABESOONE ET AL, 1991). A sequência que 
aflora na área e de extrema relevância é a Formação Barreiras, a qual foi descrita por 
Mabesoone et al (1994) “como estratos sedimentares formados por estratificação 
sedimentar e de diferentes tipos de depósitos sedimentares, atribuindo a sua 
formação ao processo de acumulação e deposição de sedimentos no litoral”. Já 
Accioly (1995) descreve que a Formação Barreiras: 
 
é constituída de relevo acidentado, do período Terciário Superior onde se 
encontram as camadas estratigráficas heterogêneas, compostas por 
sedimentos com características e tons avermelhados ou amarelados, 
associados a materiais argilosos na representação ferruginosa decorrente do 
óxido de ferro. 
 
Os sedimentos quaternários aflorantes são materiais como dunas, coberturas 
arenosas, além de aluviões recentes ao longo das drenagens, e sedimentos de 
mangues. “Também na faixa litorânea estão as planícies praiais e os beach rocks” 
(ACCIOLY, 1995). Esses são os materiais que repousam sobre a Formação Barreiras 
ou estão presentes lateralmente a ela. 
 
3.4 GEOLOGIA LOCAL 
Como comentado anteriormente a BHRG é composta por sedimentos tércio-
quaternários aflorantes. São oriundos da sedimentação ocasionada por fluxos trativos 
e gravitacionais que geraram a deposição dos sedimentos em ambientes fluviais, 
lacustres, mangue e eólicos, provenientes da evolução sedimentar que começou no 
rifteamento. Diante disso, foi elaborado um mapa geológico (figura 3.4) na escala de 
1:150.000, mostrando as principais unidades geológicas aflorantes da área. As fontes 
de dados para fabricação do mapa foram das cartas geológicas elaboradas pelo 
35 
 
SGB/CPRM, com escala de 1:100.000: SB.25-Y-A-II-São José de Mipibu, SB.25-Y-A-
III-Rio Guajú, SB.25-Y-A-V-Guarabira e SB.25-Y-A-VI-Cabedelo. 
 
3.4.1 Unidades geológicas da área 
Para descrição das Unidades estratigráficas que afloram na área, foi tomado 
como base os trabalhos da SGB/CPRM que por sua vez usaram a classificação de 
Lima e Dantas (2016), tendo como exceção a Formação Beberibe. Além disso, o 
esquema cronoestratigráfico (figura 3.3) adaptado do trabalho de Lima e Dantas 
(2016), permite ver relação das unidades presentes na área. 
 
 
Figura 3.3: relação cronoestratigráfica simplificada das coberturas Meso-cenozoicas presentes na área 
de estudo. Adaptado de Lima e Dantas (2016). 
 
3.4.1.1 Formação Beberibe (K2be) 
Para Córdoba et al. (2007) essa Formação é composta: 
 
por clastos grossos neocretáceos, correlacionável à formação Açu na Bacia 
Potiguar e representa a porção basal da bacia. Caracterizada por um espesso 
pacote de arenitos friáveis, mal selecionados, de coloração cinza a creme, 
argilosos, e com espessuras médias de 230 a 280 m. 
 
 De acordo com a carta estratigráfica elaborada por Feijó (1994), essa formação 
tem idades entre o Turoniano e o Campaiano, ou seja, o início da deposição começou 
por volta de 90 Ma e finalizou em 80 Ma. 
36 
 
3.4.1.2 Grupo Barreiras (ENb) 
Lima e Dantas (2016) descreve o Grupo composto por “rochas areníticas e 
conglomeráticas, de cores variadas, com matriz argilosa, ocorrendo fortemente 
lateritizados ao longo de toda costa”. Ressaltam a grande extensão de ocorrência 
dessas rochas que podem ser encontradas desde dos Estados do Amapá até o Rio 
de Janeiro. 
Há alguns trabalhos que sugerem o tipo de ambiente no qual o Grupo Barreiras 
foi depositado, como os trabalhos de Araí (2006) e Rossetti (2006), os quais sugeriram 
que as rochas do Barreiras foram depositadas em um sistema fluvial entrelaçado, 
associado a leques aluviais, com influência de marés na porção mais distal do sistema. 
Com relação a sua geocronologia, “a partir de datação de óxidos de manganês 
(40Ar/39Ar) e óxidos/hidróxidos de ferro supergênicos ((UTh)/He) atribui idade de 
deposição no intervalo entre 22 e 17 Ma” (LIMA 2008, apud LIMA E DANTAS 2016). 
Além disso, o Grupo Barreiras na área de estudo é recoberto pelos Depósitos 
Marinhos e Continentais (Q1mc), bem como pelos Depósitos Eólicos Litorâneos 
Vegetados (Q2elv), nos quais Lima e Dantas (2016) relata que “ocorrem na forma de 
falésias, cortes de estradas, jazidas para retirada de cascalho laterítico, pisos de 
estradas, entre outras formas”. 
 
3.4.1.3 Depósitos Marinhos e Continentais antigos (Q1mc) 
A unidade de Depósitos Marinhos e Continentais Antigos, trata-se de um 
arenito fino a grosso, com grânulos dispersos, matriz areno-argilosa e de coloração 
creme a amarelada. 
 
A composição mineralógica é constituída por grãos de quartzo, opacos, 
turmalina, plagioclásio, estaurolita, zircão e titanita. Em alguns locais ocorrem 
níveis mais conglomeráticos apresentando seixos de quartzos e fragmentos 
de crostas lateríticas (LIMA E DANTAS, 2016). 
 
As idades para esta unidade são divididas em dois grupos distintos, pois 
Rossetti et al. (2011a) encontraram uma idade de deposição com intervalo de 74.8 ± 
9.3Ka a 30.8 ± 6.9Ka e de 28.0 ± 4.0 a 15.1 ±1.8 Ka, obtidas pelo método de 
Luminescência Opticamente Estimulada (LOE). Idades similares foram obtidas, pelo 
mesmo método, por Gandini et al. (2014) e Lima e Dantas (2016, p. 67). 
 
37 
 
3.4.1.4 Depósitos de Mangue (Q2m) 
“Os sedimentos encontrados nestes depósitos são de coloração negra, grãos 
variando de silte a argila, ricos em matéria orgânica” (LIMA E DANTAS 2016, p.70). 
 
3.4.1.5 Depósitos Arenosos e Areno-Argilosos (Q2da) 
São caracterizados por sedimentos arenosos e areno-argilosos inconsolidadose apresentam cores que variam de cinza a esbranquiçada, podendo ocorrer também 
na tonalidade amarronzada. “Predominantemente são constituídos por grãos de 
quartzo e em menor quantidade grãos de feldspatos” (LIMA E DANTAS 2016, 
p.72). Com relação às idades, o trabalho realizado por Barreto et al. (2004), “sugere 
idades que variaram entre 390.000 a 5.700 anos, através do método 
Termoluminescência (TL)”. 
 
3.4.1.6 Depósitos Eólicos Litorâneos Vegetados (Q2elv) 
De acordo com exposto no trabalho de Lima e Dantas (2016) esses depósitos 
“são constituídos por areias quartzosas, bem selecionadas, típicas de ambiente eólico, 
apresentando coloração amarelada a avermelhada, em virtude de alterações 
provocadas pelos processos de intemperismo e oxidação”. Em alguns afloramentos, 
na base desta unidade, é possível observar níveis formados por fragmentos dos 
arenitos, associados aos Depósitos Marinhos e Continentais Antigos, denotando uma 
relação temporal mais recente para estes depósitos de dunas vegetadas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
38 
 
 
Figura 3.4: mapa geológico da área de estudo. 
39 
 
3.5 GEOMORFOLOGIA 
A descrição do relevo segue uma metodologia taxonômica baseada na 
altimetria e formas físicas semelhantes para assim classificar uma feição e tomá-la 
como parâmetro para demais paisagens. Contudo, a descrição do relevo de 
determinada área não pode ser levada em consideração apenas altimetria, mas as 
condições geológicas, que controlam os marcadores estruturais e litológicos, e 
também as condições paleoclimáticas. Além disso o autor deste trabalho elaborou um 
mapa digital de elevação (figura 3.5) para mostrar que não há muita variabilidade 
altimétrica, ou seja, o relevo é pouco acidentado. 
Diante disso, a classificação das feições geomorfológicas da área são 
baseadas nos trabalhos feitos pelo PROJETO RADAMBRASIL, elaborado pelo 
Ministério de Minas e Energia em 1983, na escala de 1:1.000.000 e no Manual Técnico 
de Geomorfologia 2ª edição. A partir desses, foram identificadas as seguintes feições: 
tabuleiros costeiros, planícies fluviais, planície deltaica e campo de dunas. 
 
3.5.1 Tabuleiros costeiros 
É a feição com maior expressão dentro da área. Suas feições apresentam 
formas de relevo de topo plano, desenvolvida em rochas sedimentares, em geral 
limitadas por escarpas e apresentam altitudes relativamente baixas. Notadamente, o 
Grupo Barreiras e os Depósitos arenosos e areno-argilosos são as principais unidades 
que representam o relevo com tais características dos tabuleiros. 
 
3.5.2 Planície fluvial 
Normalmente planícies são conjuntos de formas de relevo planas ou 
suavemente onduladas, em geral posicionadas a baixa altitude, e em que processos 
de sedimentação superam os de erosão, pode ou não ter influência de fluxos 
ondulatórios ou de marés e inundações periódicas. Essa unidade geomorfológica 
acompanha o entalhe do Rio Guajú. 
 
3.5.3 Planície deltaica 
40 
 
Esta unidade geomorfológica se encontra mais a leste da área de estudo, 
sendo caracterizada por agrupamentos de formas de origem marinha, fluviomarinha, 
lacustre e eólica, depositadas sob a influência das condições ambientais variáveis 
durante o Quaternário. Essa feição pode ser melhor observada nos Depósitos de 
mangue. 
 
3.5.4 Dunas 
A unidade geomorfológica de Dunas é descrita como Depósito Eólico cuja 
forma varia em função do estoque de sedimentos fornecidos por um sistema fluvial e 
costeiro e do regime de ventos. As formas mais comuns são as barcanas, parabólicas, 
transversais, longitudinais e reversas. Além disso, normalmente apresentam 
granulação média à fina, bem selecionada e com alta maturidade mineralógica e 
textural. Ocorre no extremo leste da área, entre o Oceano Atlântico e os sedimentos 
dos Depósitos arenosos e arenos-argilosos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
41 
 
 
Figura 3.5: mapa da área mostrando o modelo digital de elevação topográfico com perfil topográfico A-
B. 
3.6 CLIMA 
Por falta de dados e de estações que medem as normais climatológicas na área 
de estudo, os parâmetros de temperatura, precipitação, umidade, entre outros, serão 
tomados como referências os dados advindos da região de Natal/RN, pois tanto a área 
de estudo como a capital estão na mesma zona climática, compartilhando o mesmo 
sub-clima. 
A área de estudo se encontra na zona climática Tropical do Nordeste Oriental, 
em um sub-clima quente e úmido, segundo a classificação de Diniz e Pereira (2015). 
A área enfrenta de 3 a 4 meses secos, todavia a “estação chuvosa se prolonga desde 
janeiro até setembro, sendo o trimestre mais chuvoso de abril a junho, com chuvas 
42 
 
predominantes de outono-inverno” (DINIZ E PEREIRA, 2015). Outra classificação, 
baseada nos critérios de Köppen e Geiger, é tropical quente e úmido do tipo As’. 
A temperatura tem baixa amplitude, tendo uma temperatura média de 25.9 °C. 
Tem uma pluviosidade média anual de 1225 mm. Outubro, novembro e dezembro são 
os meses mais secos com registros de 35 mm, ao passo que abril é o mês mais 
chuvoso com registros de até 250 mm. Para ter uma melhor visualização o autor usará 
o balanço hídrico (tabela 3.1 e figura 3.6) desenvolvido por Monteiro (2014, apud 
MONTEIRO 2015), utilizando o método de Thornthwaite (1948), na região de Natal, 
com dados advindos da estação meteorológica convencional da UFRN. 
 
 
43 
 
 
 
Tabela 3.6: Balanço Hídrico para a região de Natal, estabelecido a partir de dados da Estação Meteorológica da UFRN, usando o método de Thornthwaite. 
Fonte: Monteiro (2014, Apud MONTEIRO, 2015). 
 
 
 
 
 
44 
 
 
Figura 3.6: Balanço hidroclimático da região de Natal. Fonte: Monteiro (2014, Apud MONTEIRO, 2015). 
 
De acordo com os resultados do balanço hídrico apresentado, foi obtido um 
excedente hídrico, de Abril a Agosto, da ordem de 486 mm/ano. Esta cifra equivale a 
uma estimativa da infiltração efetiva e recarga anual do aquífero Barreiras, tendo em 
vista a elevada infiltração na área, e escoamento superficial direto desprezível em 
função da natureza porosa e permeável dos terrenos. Desta forma, a recarga do 
aquífero é estimada como sendo da ordem de 31,2% da precipitação média anual 
(1560 mm/ano). No entanto, a recarga efetiva depende de vários fatores locais de 
cada área de estudo, e essa cifra indicada apenas dá uma ideia de um dos 
procedimentos para estimá-la. 
 
3.7 SOLO 
Os solos presentes na área de estudo serão descritos de acordo com Manual 
Técnico de Pedologia (MTP), 3ª edição de 2015. De acordo com este Manual, solo é 
material mineral e/ou orgânico inconsolidado na superfície da terra que serve como 
meio natural para o crescimento e desenvolvimento de plantas terrestres. Diante 
desse conceito e tendo como parâmetro o contexto geográfico, geológico e 
geomorfológico da área, observa-se ao menos dois tipos de solo: argissolo e 
45 
 
neossolo. Estes conseguiram ser identificados a partir do mapeamento de solos feito 
pelo Projeto RADAMBRASIL, oriundos da Folha SB.25-Natal de 1981. 
 
3.7.1 Argissolo 
De acordo com o MTP, este é um dos solos com maior expressão no território 
do Brasil, não seria diferente a sua presença na área de estudo. O que se apresenta 
na área é um tipo de Argissolo amarelo distrófico. A característica marcante para 
esses tipos de solo é a alta concentração de argila do horizonte superficial A para o 
subsuperficial B que é do tipo textural. 
 
3.7.2 Neossolo 
Normalmente o neossolo é constituído por material mineral ou material orgânico 
pouco espesso (menos de 30 cm de espessura), sem apresentar qualquer tipo de 
horizonte B diagnóstico. Na área se faz presente o Neossolo Quartzarênico. Esse tipo 
é bem caracterizado por ter seu arcabouço arenoso, e diferente dos demais tipos de 
neossolo ter uma certa profundidade mais elevada. Sua presença é bem marcante no 
litoral nordestino e nesse caso é o solo commaior expressão dentro da área. 
 
3.8 VEGETAÇÃO 
A vegetação da área será descrita de acordo com o trabalho de Hunka (2006). 
Para a autora há ao menos 3 tipos de vegetação na área de estudo, vegetação do tipo 
Tabuleiro costeiro, uma paisagem que se assemelha à formação de cerrado, 
vegetação típica de mangue e de várzea. 
 
3.8.1 Vegetação tipo Tabuleiro Costeiro 
Este é um tipo de vegetação constituída por dois estratos: “um arbóreo-
arbustivo, com elementos isolados ou em grupos formando ilhas de vegetação; e o 
herbáceo, ralo e descontínuo” (HUNKA 2006). Hunka (2006) ainda relata que essa 
área se destaca por ser um dos ambientes mais degradados pelas intervenções 
humanas com as atividades agrícolas e de pecuária. 
 
46 
 
3.8.2 Vegetação de Mangue 
Este tipo de vegetação é “formada por espécies lenhosas e perenifólias que se 
caracteriza por uma extrema adaptação biológica a um ambiente helófito e halófilo, 
marcado por um intenso dinamismo ligado às oscilações das marés” (ALVES, J. e 
ALVES, A., 2004, Apud HUNKA 2006). 
 
3.8.3 Vegetação tipo Várzea 
É um tipo de vegetação característico da Amazônia, que ocorre ao longo dos 
rios e planícies inundáveis. Esse ambiente é periodicamente inundado e está sob o 
regime hidrológico. 
Além desse tipo de vegetação, Hunka (2006) constata ainda a “presença de 
espécies remanescentes da Mata Atlântica, podendo ser encontrada como mata ciliar 
nas margens da drenagem principal do Rio Guajú”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
47 
 
4 HIDROGEOLOGIA DA ÁREA 
Existem ao menos três tipos de Domínios Hidrogeológicos classificados pelo 
Manual de Cartografia Hidrogeológica (MCH) para o Brasil. A ideia de Domínio 
Hidrogeológico remonta uma característica similar do agrupamento unidades 
geológicas que armazena e transmitem água subterrânea de forma semelhante. 
Então, de acordo com o referido MCH, no Brasil há os Domínios Hidrogeológico do 
tipo granular que remete as rochas em meio isotrópico (poroso), fissural (rochas ou 
unidades anisotrópicas) e cárstico (unidades geológicas carbonáticas). Por meio da 
sua localização geográfica e geológica a BHRG está inserida no Domínio 
Hidrogeológico granular. 
Além disso, a BHRG se encontra na Região hidrográfica do Atlântico Nordeste 
Oriental e na sub-bacia hidrográfica da Paraíba. 
Estas classificações foram feitas de acordo com estudos desenvolvidos desde 
dos anos 1960 e vem melhorando com o avanço da precisão da cartografia e do 
geoprocessamento. O que se pode inferir sobre elas, importantes ao trabalho, são as 
características hidrodinâmicas das águas subterrâneas, bem como entendimento 
prévio dessas características para a BHRG. 
 
4.1 AQUÍFEROS DA ÁREA DE ESTUDOS 
Monteiro (2015) ao analisar os poços em sua área de estudos, que engloba a 
parte da BHRG na faixa do Estado do Rio Grande do Norte, elencou os Aquíferos 
Cretáceo, Dunas e Barreiras. Ele fez uma correlação entre a litologia, a posição 
estratigráfica e os padrões hidrodinâmicos de cada aquífero, não sendo possível das 
litologias cretáceas, por falta de dados suficientes. 
O Aquífero Cretáceo está totalmente associado às rochas carbonáticas 
(calcários e arenitos calcíferos), depositadas no Cretáceo acima das rochas do 
embasamento cristalino e abaixo do Grupo Barreiras e dos materiais sedimentares e 
coberturas quaternárias. Normalmente funcionam como camada guia para 
parâmetros dimensionais do Aquífero Barreiras (base do aquífero), visto que, pelo 
hiato deposicional ou por erosão, as rochas provenientes de cada aquífero estão em 
contato horizontal. Com relação aos poços que penetraram neste Aquífero, apenas os 
poços P32, P37 e P56 contêm material litológico descrito como Arenito Calcífero. A 
penetração perfurada nessa camada não passa de 3 metros, por esse motivo não é 
48 
 
possível saber sua dimensão final, nem parâmetro hidrodinâmico, pois as informações 
são incompletas para tal análise. 
O Aquífero Barreiras é representado por rochas sedimentares areníticas e 
conglomeráticas, intercaladas por argilitos e siltitos do Grupo Barreiras. Tem grande 
variação de cor (vermelho, esbranquiçado, amarelo e cinza) e estão depositadas 
acima das rochas do Aquífero Cretáceo. De acordo com os dados de Monteiro (2015), 
a espessura do pacote de rochas deste aquífero tende a aumentar de oeste para leste, 
alcançando profundidades de 74 metros (poço P56). Essas rochas normalmente tem 
alta porosidade e boa transmissividade, além das águas apresentarem boa qualidade 
para consumo. Com relação os poços que possuem perfil construtivo-litológico, todos 
penetraram as rochas do Grupo Barreiras. 
Por fim, o Aquífero Dunas é representado por sedimentos quaternários 
provenientes de dunas. Esses sedimentos geralmente são bem selecionados e são 
representados por areias quartzosas de granulometria similar. Estão sobrejacentes as 
rochas do Grupo Barreiras e localizados ao extremo leste da área. Não foi possível 
identificar algum parâmetro hidrodinâmico, pois nenhum dos poços mostrou esse tipo 
de material sedimentar. 
De acordo com os aspectos gerais dessas unidades aquíferas, o Aquífero 
Barreiras é mais representativo, e os outros materiais sedimentares quaternários 
sobrejacentes poderão atuar como unidades de transferência de águas de chuva para 
recarga do Aquífero Barreiras. 
 
4.2 Aquífero Barreiras 
As análises apresentadas neste tópico do Aquífero Barreiras são baseadas no 
relatório técnico elaborado pela SERVMAR (Serviços Técnicos Ambientais Ltda) em 
consonância com a Agência Nacional de Águas (ANA) feito em 2012, pois mostra ser 
um estudo completo com análise de 812 poços, sendo 6 deles incluídos na área, 
englobando os aspectos geológicos, estruturais, estratigráficos e hidrogeológicos do 
Aquífero. 
No que diz respeito a “composição de rochas do sistema Aquífero Barreiras, há 
uma distinção entre sistema superior e sistema inferior” (SEMARH/SERVMAR, 2012). 
Basicamente o sistema superior é formado por coberturas recentes formadas pelas 
dunas, aluviões, elúvios e colúvios que em geral estão insaturados, servindo como 
49 
 
condutores da água de infiltração em direção aos estratos inferiores. Por sua vez, os 
estratos inferiores são as rochas tercio-quaternárias do Grupo Barreiras, definido 
como o sistema inferior. 
Diante disso, é possível mostrar ao leitor alguns parâmetros hidrodinâmicos, a 
partir da síntese feita em seu modelo hidrogeológico conceitual final 
(SEMARH/SERVMAR, 2012). 
 
4.2.1 Parâmetros hidrodinâmicos regionais do Aquífero Barreiras 
Segundo o relatório da SERVMAR, o aquífero Barreiras tem dois tipos de 
comportamentos, trata-se de um sistema aquífero livre com a ocorrência de 
semiconfinamentos localizados, condicionadas ao caráter litológico e estrutural dos 
estratos sedimentares. 
 
O aquífero livre corresponde a parte inferior dos sedimentos do Grupo 
Barreiras com condutividade hidráulica da ordem de 2,0x10-4 m/s. Está 
limitado no seu topo por estratos sedimentares relativamente permeáveis, 
representados por areias e arenitos, porém de condutividade hidráulica 
distintamente inferior à do aquífero Barreiras, da ordem de 2,0x10-6 m/s 
(SEMARH/SERVMAR, 2012). 
 
No caso de aquífero semiconfinado, o aquífero Barreiras é limitado no topo por 
camada semipermeável caracterizada com aquitard, “formada por argilitos arenosos 
com condutividade hidráulica da ordem de 2,0x10-8 m/s, que permite o fenômeno de 
drenança vertical descendente, durante o bombeamento de poços” 
(SEMARH/SERVMAR, 2012). 
Os parâmetros hidrodinâmicos, apresentados na tabela 4.1 logo abaixo, serão 
baseados nos dos municípios mais próximos da área, Baía Formosa/RN e Nísia 
Floresta/RN, mostrados no relatório da SERVMAR. 
Aquífero 
Barreiras 
T (m²/Dia) 
Mínimo 16 
Média 239 
Máximo 674 
K (m/dia) 
Mínimo 0,3 
Média 39,9 
Máximo 691,2 
Q (m³/h) 
Mínimo 4 
Média 65 
Máximo 15050 
 
Qs (m³/h/m) 
Mínimo 0,5 
Média 5,7 
Máximo 16,8 
Tabela 4.1: T = transmissividade; K = condutividade hidráulica do aquífero; Q = vazão e Qs = vazão 
específica. Fonte: SEMARH/SERVMAR (2012). 
 
Ao observar os dados da SERVMAR em 2012, nota-se que a transmissividade 
do Aquífero Barreiras é excelente, pois mostrar valores médios de 239 m²/dia, 
podendo chegar a transmissividade máxima de 674 m²/dia. Além disso, a 
condutividade hidráulica do aquífero tem média 39,9 m/dia, podendo explotar vazões 
máximas de até 150 m³/h. Outra característica que faz com que o aquífero seja tão 
importante são os valores das vazões específicas, pois é a partir dela que 
conseguimos entender melhor a capacidade produtiva de determinado poço, portanto, 
o valor máximo 16,8 m³/h/m é um bom indicativo para mostrar que o Aquífero Barreiras 
tem boa capacidade produtora. 
 
4.3 CADASTRAMENTO DE POÇOS E RESULTADOS NA BACIA DO RIO GUAJÚ 
A caracterização do Aquífero Barreiras se iniciou com o levantamento e 
cadastramento de poços captando este aquífero na área em estudo. Foi feita uma 
avaliação de aspectos geológicos superficiais pesquisados em mapas desenvolvidos 
pela SGB/CPRM, e de subsuperfície com a obtenção de fichas poços contendo 
descrições geológicas das unidades litológicas penetradas. 
As informações cadastradas foram obtidas de perfis litológico-construtivos de 
poços tubulares construídos por empresas públicas e privadas , além daqueles poços 
pesquisados no banco de dados do SIAGAS, e dados de poços amazonas (cacimbão) 
obtidos em campo. Infelizmente nem todos os poços encontrados tem informações 
completas. Muitos só estão plotados em mapa, mas não têm dados de profundidade, 
variáveis hidrodinâmicas ou perfis construtivos-geológicos. O anexo 1 mostra a 
quantidade de poços e as informações obtidas de cada um. Os poços dentro da BHRG 
são poucos e estão mal distribuídos geograficamente. Todavia, a campanha feita em 
campo objetivou cadastrar poços dentro e fora da área para dar mais um aporte de 
informações a falta de dados dentro da BHRG, considerando que nas vizinhanças 
ocorrem mais poços. 
51 
 
As informações adquiridas dos poços para montar o banco de dados foram: 
identificação no trabalho, identificação de referência (fonte da informação de onde foi 
obtida os dados dos poços), localização (coordenadas UTM), nível estático, nível 
dinâmico, profundidade dos poços, aspectos construtivos (diâmetro e filtros), 
descrição geológica, estratigrafia, condutividade elétrica e a data das medições dos 
níveis estático e dinâmico. 
 
4.3.1 Características Hidrogeológicas do Aquífero Barreiras 
Ao todo constam 58 poços levantados, advindos do levantamento bibliográfico 
e de campo, todos possuem coordenadas para localização e estão plotados no mapa 
de poços (figura 4.2) para visualização. Desses, 27 foram adquiridos através da 
plataforma do SIAGAS, 8 da empresa PROSENG, 1 da empresa PROPOÇO e outro 
da antiga CDM, os demais poços são de propriedades particulares. 
Todas as informações dos poços foram agrupadas em formato de tabela no 
anexo 1 e são mostradas conforme disponibilização de dados das referências das 
empresas privadas e públicas, e de da plataforma do SIAGAS. De acordo com o 
levantamento, o poço com maior profundidade é aquele localizado no povoado de 
Uruba (P11) chegando à 125 metros, informação proveniente do SIAGAS e só existe 
apenas essa informação. Todavia, o poço com 18 metros de profundidade (P12) é o 
menor dentre os poços, informação também advinda do SIAGAS, a média da 
profundidade de todos os poços cadastrados é de 62 metros. 
Dos 58 poços, apenas 13 possuem perfis construtivos-geológicos (anexo 2 e 
figura 4.1), estão elencados na tabela 4.2. 
 
Figura 4.1: gráfico indicando de onde foram extraídas as informações dos poços que têm perfis 
litológico-construtivos. 
61%
8%
8%
23%
Poços com perfil litológico-construtivo
PROSENG
PARTICULAR
CDM
SIAGAS
52 
 
Identificação 
no trabalho 
Coord_X Coord_Y NE (m) ND (m) 
Q 
(m³/h) 
Diâmetro 
(pol) 
Profundidade 
(m) 
P6 278257 9270053 2 14 33 8 50 
P7 279118 9269842 6,9 20,03 39,6 8 60 
P8 282001 9271021 4 8 30 8 48 
P28 274081 9285340 32,6 39,91 9 6 78 
P29 266860 9280750 33,97 36,33 9 6 75 
P30 274807 9282202 32,8 47,46 3 6 80 
P32 278500 9282400 - - - 6 43 
P33 270972 9283590 29,1 34,18 6 6 54 
P37 272577 9291093 25,05 - - 6 70 
P55 268720 9285598 17,8 27,65 9,6 6 74 
P56 277683 9281884 14,65 20,57 10,2 6 76 
P57 281416 9284998 31,65 36,22 9 6 80 
P58 270603 9292098 38,3 45,4 7 6 74 
Tabela 4.2: tabela representativa dos poços que possuem perfis construtivos e geológicos. Coord_X e 
Coord_Y = longitude e latitude em UTM, respectivamente; NE = nível estático; ND = nível dinâmico; Q 
= vazão. 
 
De acordo com a tabela 4.2, os poços P32 e P37 não tem informações de NE, 
ND e Q, contudo para os demais poços, observa-se uma profundidade que variou de 
43 metros (P32) a 80 metros(P30 e P57) , tendo uma profundidade média de 66 
metros. 
O diâmetro do revestimento desses poços são de 6 e 8 polegadas, a perfuração 
foi feita sempre com 4 polegadas a mais do revestimento colocado em cada poço, ou 
seja, a maioria em 10 polegadas e apenas 3 construídos com 12 polegadas. 
 A vazão variou de 3 (P30) a 39,6 m³/h (P7) e teve com média 15 m³/h, são 
vazões dentro dos parâmetros obtidos pelo estudo da SERVMAR, mas longe da vazão 
máxima de 150 m³/h que o aquífero Barreiras pode oferecer em outras áreas. 
O nível estático variou de 2 (P6) a 38,3 metros (P58), tendo como média 22,4 
metros, ao passo que o nível dinâmico variou de 8 a 47,5 metros. Diante desses 
últimos dados, foi calculado a vazão específica (Qs) dos poços, cujos os valores 
variaram entre 0,14 e 7,5 m³/h/m, aproximando dos valores médios 5,9 m³/h/m que o 
aquífero demonstra, a nível regional, no referido relatório da SEMARH/SERVMAR 
(2012), todavia distante do valor máximo 16,8 m³/h/m..
53 
 
 
Figura 4.2: mapa de poços cadastrados localizados dentro e nas proximidades da área. 
54 
 
4.3.2 Aspectos litológicos e de pressão no topo do Aquífero Barreiras 
Geologicamente os perfis litológicos dos poços pesquisados mostraram a 
presença de sedimentos arenosos ou argilosos inconsolidados nos primeiros metros 
da perfuração até a profundidade de 8 metros. Pela descrição feita nas fichas de 
poços, o material tem afinidade com aqueles descritos da unidade geológica Q2da 
(depósitos arenosos e areno-argilosos), corrobora com sistema superior do Aquífero 
Barreiras. 
Da profundidade de 8 a 80 metros há rochas sedimentares descritas como 
aquelas do Grupo Barreiras (ENb). São arenitos (finos a médios), arenitos argilosos, 
argilitos siltosos e argilitos arenosos, todos com variadas cores (vermelha, marrom, 
esbranquiçado, amarelado e cinza). A maioria são arenitos de forma geral e a maioria 
dos poços possuem intercalações entre arenitos e argilitos/siltitos, a seção 
hidrogeológica (figura 4.3) mostra um esquema de um perfil topográfico feito de SW-
NE com os poços P28, P29, P33 e P56. Na seção, observarmos as relações 
topográficas, geológicas e hidrogeológicas. 
Por fim, o arenito calcífero, o principal marcador cronoestratigráfico entre os 
Aquíferos Barreiras e Cretáceo, aparece nos poços P32, P37 e P56. Essa rocha foi 
encontrada nas profundidades de 42 metros no P32, de 69 metros no P37 e na 
profundidade de 74 metros no P56. A penetração perfurada nessa camada variou de 
1 a 2 metros nos 3 poços. Normalmente é descrito como arenito fino a médio de cor 
acinzentada. Infelizmente, diante dos dados, não foi possível obter mais informações 
sobre o arenito calcífero e seus padrões dimensionais e hidrodinâmicos 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Figura 4.3: seção hidrogeológica esquemática SW-NE mostrando a variação topográfica, geológica e da superfície potenciométrica. Elaborado pelo autor. 
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Observa-se na seção (figura

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