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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA ROSE CLÉIA PRAXEDES DE AQUINO AVALIAÇÃO DAS CONCENTRAÇÕES HEPÁTICAS E SÉRICAS DE RETINOL EM BOVINOS E DO CONSUMO HABITUAL DE FÍGADO POR GESTANTES NATAL/RN 2005 2 ROSE CLÉIA PRAXEDES DE AQUINO AVALIAÇÃO DAS CONCENTRAÇÕES HEPÁTICAS E SÉRICAS DE RETINOL EM BOVINOS E DO CONSUMO HABITUAL DE FÍGADO POR GESTANTES Dissertação apresentada ao Departamento de Bioquímica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para obtenção do título de mestre em Bioquímica. Orientador: Roberto Dimenstein. NATAL 2005 3 ROSE CLÉIA PRAXEDES DE AQUINO Dissertação apresentada ao Departamento de Bioquímica para obtenção do título de Mestre em Bioquímica. Aprovada em 09 de março de 2005. BANCA EXAMINADORA Prof. Dr. Roberto Dimenstein – UFRN Prof ª Dilma Ferreira Lima – UFRN Prof ª Jesane Alves de Lucena – ESAM Natal/RN 2005 4 Dedico esta obra: A Deus, de sabedoria incomparável e beleza infinita, minha eterna gratidão pela realização deste momento. À minha família, pelo amor, entusiasmo, incentivo e compreensão. Em especial minha irmã Anny pelo apoio incondicional à realização deste mestrado. Ao meu orientador prof. Dr. Roberto Dimenstein, meus sinceros agradecimentos pelo voto de confiança, pelo apoio, incentivo e amizade. 5 AGRADECIMENTOS Aos professores do Departamento de Bioquímica da UFRN, pela contribuição prestada à minha formação. Aos professores João Felipe e Luiz Roberto pelas importantes sugestões durante a qualificação. Aos mestrandos Raquel, Olívia, Ciro, Fernando, Patrícia e Ivan (turma see below), pela amizade formada, ótima convivência e por todo companheirismo no decorrer do curso. Às alunas de iniciação científica Islândia, Karla e Illana, hoje nutricionistas, pela ajuda no início, respeito e carinho. Às acadêmicas de nutrição, iniciantes científicas: Érika, Lidiane e Vanessa pela valorosa colaboração na realização do questionário de freqüência alimentar. Aos veterinários Eraldo e André responsáveis técnicos pelos abatedouros-frigoríficos Potengi e AFIM, pela permissão e apoio à coleta das amostras. Ao programa de pós-graduação em bioquímica e às agências financiadoras CAPES e CNPq. 6 “Mestre não é quem ensina, mas quem de repente aprende”. Guimarães Rosa. 7 RESUMO A vitamina A é essencial aos animais devido sua participação em uma série de funções biológicas. A investigação das concentrações desta vitamina é importante para servir como referência para parâmetros de normalidade. O objetivo do presente estudo foi analisar as concentrações séricas e hepáticas de vitamina A em dois grupos de bovinos e comparar as concentrações hepáticas com os atuais requerimentos desta vitamina para gestantes. Avaliou-se também o hábito de consumo de fígado bovino por mulheres gestantes através do questionário de freqüência alimentar. Dois grupos de bovinos foram estudados sendo o primeiro formado por bovinos da raça Nelore e o segundo por bovinos sem raça definida (SRD). Analisou-se 120 amostras: 60 de fígado e 60 de soro. O método utilizado para dosar retinol foi a Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE). As médias (+ dp) das concentrações de retinol no fígado dos bovinos da raça Nelore e SRD foram 16947,8 + 6866,9 e 5213,1 + 2517,2 µg de retinol/100g e no soro 39,6 + 17,9 e 28,6 + 9,4 µg de retinol/dL, respectivamente. Não foi encontrada correlação estatisticamente significativa entre o retinol hepático e o sérico. Os bovinos do presente estudo se encontravam com aportes adequados de vitamina A. Independentemente da raça do animal, a ingestão diária de fígado bovino é desaconselhada para mulheres grávidas que apresentam aportes adequados de vitamina A. O consumo de fígado bovino por mulheres gestantes atendidas na Maternidade Escola Januário Cicco, UFRN, Natal RN, foi considerado alto. 8 ABSTRACT The vitamin A is essential to animals because of its participation in a great number of biological functions. The investigation of this vitamin’s concentrations is important to serve as reference to normality parameters. This study had as aim to analyse the serics and hepatics concentrations of vitamin A in two groups of bovines and to compare the hepatics concentrations to the present requeriments of vitamin A for pregnant women. It was also appraised the consume habit of bovine liver by pregnant women through of the alimentary frequency quest. Two groups of bovine were studied and the first was formad by Nelore bovine breed and the second by bovine without defined breed (WDB). It was analysed 120 samples: 60 of liver and 60 of serum. The method used to dose retinol was High Performance Liquid Cromatography (HPLC). The average (+ sd) of retinol concentrations in Nelore breed bovine and WDB liver were 16947,8 + 6866,9 and 5213,1 + 2517,2 µg of retinol/100g and at serum 39,6 + 17,9 e 28,6 + 9,4 µg of retinol/dL, respectively. No statistically significant correlation was found between hepatic and the serum retinol. The bovines in this study had adequate vitamin A levels. Independently of animal breed, the daily ingestion of bovine liver is not advised for pregnant women who show adequate support of vitamin A. The consume of bovine liver by pregnant women consulted on school maternity hospital Januário Cicco, UFRN, Natal RN, was considered high. 9 LISTA DE FIGURAS Figura 1 Estrutura química das principais formas de vitamina A.................. 15 Figura 2 Esquema do metabolismo da vitamina A (retinóides)..................... 18 Figura 3 Técnica de extração da vitamina A do fígado bovino adaptada segundo Gebre-Medhin; Vahlquist, 1984........................................ 29 Figura 4 Técnica de extração da vitamina A do soro bovino adaptada segundo Giuliano, 1994.................................................................. 30 Figura 5 Protocolo de confirmação da concentração do padrão de retinol... 31 Figura 6 Protocolo da diluição do padrão do padrão de retinol para aplicação na CLAE.......................................................................... 32 Figura 7 Cromatogramas do padrão de retinol (a), de uma amostra de fígado (b) e de uma amostra de soro (c)......................................... 37 Figura 8 Comparação entre as atuais recomendações e a concentração de vitamina A no fígado bovino....................................................... 45 Figura 9 Freqüência do consumo de fígado bovino por gestantes atendidas na Maternidade Escola Januário Cicco, UFRN, Natal – RN................................................................................................... 47 10 LISTA DE TABELAS Tabela I Concentração de retinol no fígado e no soro bovino de uma mesma amostra aplicada em dias consecutivos ............................ 34 Tabela II Concentração sérica e hepática de retinol dos bovinos Nelores e SRD.................................................................................................. 38 Tabela III Avaliação do estado nutricional em vitamina A através das concentrações hepáticas de retinol................................................. 39 Tabela IV Avaliação do estado nutricional em vitamina A através dasconcentrações séricas de retinol..................................................... 39 Tabela V Relação entre a concentração de retinol sérico e hepático nos bovinos Nelores e SRD.................................................................... 41 Tabela VI Concentração de retinol em fígado bovino...................................... 43 Tabela VII Conteúdo provável de vitamina A (retinol) ingerido pelas gestantes que afirmaram consumir diariamente fígado bovino....... 48 11 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS A° Absorbância CB Centro de Biociências CLAE Cromatografia Líquida de Alta Eficiência CV Coeficiente de Variação DBq Departamento de Bioquímica DUM Dia da Última Menstruação dL Decilitro EAR Recomendação de Ingestão Diária para Populações HPLC High Performance Liquid Cromatography IG Idade Gestacional µg Micrograma µL Microlitro mL Mililitro ng Nanograma OMS Organização Mundial da Saúde QFA Questionário de Freqüência Alimentar mL Mililitro RBP Retinol Binding Protein RDA Recomendation Daily Allowed RE Retinol Equivalent SRD Sem Raça Definida UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte UI Unidades Internacionais 12 UL Upper Limit Σ% Coeficiente Específico de Extinção do Retinol em Etanol 13 SUMÁRIO 1. Introdução .............................................................................................. 15 1.1. Vitamina A: estrutura química, função e metabolismo .......................... 15 1.2. Teratogenicidade ................................................................................... 19 1.3. Vitamina A e bovinos de corte ............................................................... 22 1.4. Objetivos ................................................................................................ 25 1.4.1. Geral ...................................................................................................... 25 1.4.2. Específicos ............................................................................................ 26 2. Material e métodos ................................................................................ 27 2.1. Material .................................................................................................. 27 2.1.1. Material biológico ................................................................................... 27 2.1.2. Solventes e padrão de vitamina A ......................................................... 27 2.2. Métodos ................................................................................................. 27 2.2.1. Coleta de amostras ............................................................................... 27 2.2.2 Preparo das amostras ........................................................................... 28 2.2.3. Saponificação e extração lipídica .......................................................... 28 2.2.4. Preparo do padrão de retinol ................................................................. 30 2.2.5. Condições cromatográficas ................................................................... 32 2.2.6. Separação e quantificação do retinol por cromatografia liquída de alta eficiência (CLAE) ................................................................................... 33 2.2.7. Avaliação da exatidão e precisão do método ........................................ 33 2.2.8. Confirmação dos tempos de retenção do retinol nas amostras de fígado e soro bovino .............................................................................. 35 2.2.9. Questionário de freqüência alimentar ................................................... 35 14 2.2.10. Análise estatística................................................................................... 36 3. Resultados e discussão ......................................................................... 37 4. Conclusões ............................................................................................ 49 Referências ........................................................................................... 50 Apêndice ................................................................................................ 56 15 1. INTRODUÇÃO 1.1. Vitamina A: estrutura química, função e metabolismo O retinol é um álcool de natureza isoprenóide, lipossolúvel e insaturado, encontrado em produtos de origem animal na forma de ésteres. O termo vitamina A é utilizado por toda substância que possui atividade do retinol e neste conceito estão incluídos alguns carotenóides, encontrados principalmente em produtos de origem vegetal, em especial nos vegetais verdes e folhosos e frutas alaranjadas (CHAGAS et al., 2003). l Figura 1. Estrutu (arbl.cvmbs.colostate.e A vitamina A aquosas. Ela é sens calor e em meio áci 1990). Retino ) Retinal (retinaldeído Ácido Retinóico o β-caroten ra química das principais formas de vitamina A du/.../vitamina.html) é solúvel em solventes orgânicos e insolúvel em soluções ível à oxidação na presença de luz (isomerização), instável ao do (isomerização), sendo estável em meio alcalino (MACHLIN, 16 Esta vitamina é essencial aos animais, pois participa de uma série de funções biológicas: ela está presente no metabolismo geral de lipídeos e proteínas; na função visual, na diferenciação celular, no funcionamento adequado dos tecidos epiteliais (pele, mucosa e endotélio); no crescimento normal de estruturas ósseas e dos dentes durante o desenvolvimento; possui função antioxidante; auxilia na função imunológica; na prevenção de câncer e na redução da incidência da anemia, mortalidade materna e doenças crônicas, sendo fundamental durante o desenvolvimento e na manutenção da integridade do organismo humano (AZAÏS- BRAESCO; PASCAL, 2000). As fontes alimentares de vitamina A são classificadas em muito ricas (teor > 1000 µg/ER.100 g), ricas (teor entre 500 e 1000 µg/ER.100 g), medianas ( teor entre 100 e 500 µg/ER.100 g) e com baixos teores (<100 µg/ER.100 g). Como fontes ricas temos: óleo de fígado e fígado de animais; ricas: manteiga e margarina; medianas: atum, creme de leite, leite integral em pó, ovo de galinha e com baixos teores: leite humano, leite de vaca, iogurte, sardinha (GUILLAND; LEQUEU, 1995). A ingestão insuficiente desta vitamina ou de seus precursores, durante um período expressivo, origina diversas anormalidades, entre as quais, perda de apetite e de peso, alterações epiteliais, diminuição da resistência às infecções, alterações no ciclo visual, crescimento, desenvolvimento e reprodução (BLOMHOFF, 2001). Os alimentos que contêm derivados da vitamina A (ésteres de retinil) e pró- vitamina A (carotenóides) sofrem as ações do suco gástrico, pancreático e intestinal. Os ésteres de retinil são hidrolisados pela vitamina A éster hidrolase pancreática e por uma hidrolase da superfície da membrana do enterócito. Essas duas enzimas liberam o retinol o qual é incorporado às micelas formadas sob influência das secreções biliares e é absorvido pelas células da mucosa intestinal. No interior da 17 célula intestinal, o retinol é re-esterificado principalmente sob a forma de palmitato de retinol, sendo incorporado aos quilomícrons e excretado na linfa (GUILLAND; LEQUEU, 1995). A biodisponibilidade e a digestão da vitamina A são afetadas pelo estado nutricional individual e pela integridade da mucosa intestinal. Alguns fatores nutricionais importantes para biodisponibilidade da vitamina A são: proteínas, gorduras, vitamina E e zinco. Em condições normais, cerca de 90% da vitamina A é armazenada no fígado, podendo aparecer em pequenas quantidades em outros tecidos (MACHILIN, 1990). Quando o estado nutricionalem vitamina A é satisfatório, o retinol é transferido na forma de ésteres de retinil para um tipo específico de célula: as células hepáticas estreladas perisinusoidais, também conhecidas como células de Ito, que podem estocar uma grande quantidade de vitamina A em característicos conjugados lipídicos. Esses conjugados lipídicos são mobilizados subseqüentemente para manter a concentração homeostática de retinol no organismo entre 1 e 2 µmol/L correspondentes a 28,6 – 57,2 µg/100mL, respectivamente (BLANER; OLSON, 1994). Para atender à demanda das necessidades dos tecidos por retinóides, o retinol se liga à proteína carregadora de retinol (retinol-binding protein ou RBP) para ser liberado na circulação sanguínea e ser transportado num estado complexado até os tecidos (DRI, 2001). A RBP entra na célula através de um mecanismo que envolve receptores específicos na membrana (NOY; SLOSBERG; SCARLATA, 1992). Depois de entrar na célula o retinol é oxidado a retinal e então a ácido retinóico. Enzimas como a álcool desidrogenase, desidrogenase de cadeia curta ou redutase podem catalisar essa primeira reação que é reversível, enquanto que a aldeído 18 deidrogenase e a citocromo P-450 podem catalisar irreversivelmente a oxidação de retinaldeído a ácido retinóico (DUESTER, 1996). Os metabólitos da vitamina A são excretados na urina (DRI, 2001). A figura 2 apresenta de forma esquemática e simplificada o metabolismo da vitamina A. Figura 2. Esquema do metabolismo da vitamina A (retinóides). Car – caroteno, R – retinol, RE – ésteres de retinil, C – quilomícrons, CR – quilomícrons remanescentes, RBP – proteína plasmática transportadora de retinol, RA – ácido retinóico. (DE LUCA et al, 1995). 19 1.2. Teratogenicidade Baixas quantidades da vitamina A e seus metabólitos são essenciais para vários processos vitais do organismo e são necessárias para um normal desenvolvimento embrionário. Uma alta ingestão de vitamina A pode resultar em efeitos tóxicos e teratogênicos, tais como distúrbios na diferenciação celular (VLIET et al, 2001). A ação teratogênica da vitamina A tem sido demonstrada em várias espécies animais (HAYES et al, 1981). Em humanos, há evidências de má-formação em crianças, quando as mães consomem altas doses de vitamina A durante a gestação (> 25000 UI/dia) (OMS, 2001). As principais formas de vitamina A que ocasionam efeitos teratogênicos são o ácido retinóico e seus metabólitos (ARMSTRONG et al, 1994). Doses de 0,4 a 2,0 mg/kg/dia de ácido retinóico no primeiro trimestre de gestação causam abortos espontâneos e sérios defeitos no feto, tais como malformação no cérebro, coração, artérias, face e timo (BLOMHOFF, 2001). O ácido retinóico afeta a diferenciação celular e conseqüentemente o desenvolvimento embrionário. Desde a primeira divisão celular, um complexo conjunto de processos inter-relacionados permite a organização tissular através de trilhas específicas levando do desenvolvimento embrionário à formação do feto maduro. Estes eventos incluem o estabelecimento da polaridade axial e da diferenciação celular em respostas a moléculas sinalizadoras cuja concentração varia de acordo com a região do embrião (MELTON, 1991). Diversas moléculas sinalizadoras incluindo o ácido retinóico têm sido identificadas. Em diversos experimentos, o ácido retinóico tem sido aplicado e modificado o desenvolvimento embrionário de uma maneira dose-local-dependente. 20 Sugere-se atualmente que o ácido retinóico está diretamente envolvido no estabelecimento de um modelo específico de expressão gênica. O ácido retinóico liga-se a receptores nucleares, ativa os mesmos desencadeando um elemento resposta que regula a expressão de genes. (AZAÏS-BRAESCO; PASCAL, 2000). As atuais recomendações de ingestão diária (DRI) de vitamina A para gestantes está entre 750 e 770 µg de retinol/dia e o limite de ingestão tolerável (UL) para adultos é de 3000µg/dia de vitamina A pré-formada (DRI, 2001). Pouco se sabe sobre a dose de vitamina A que causa um efeito teratogênico agudo e apenas um caso foi relatado no qual uma mulher deu à luz a um bebê com malformações depois de ingerir uma dose oral de 150000 µg durante sua gravidez (MOUNOUD, 1975). Para um longo tempo de ingestão, uma quantidade de 3000 µg de vitamina A/dia não tem apresentado risco de induzir anormalidades no desenvolvimento do embrião, sendo considerada segura (DUTCH HEALTH COUNCIL/FOOD AND NUTRITION COUNCIL, 1994; BAUERNFEIND, 1980). Por esse motivo, a Organização Mundial de Saúde recomenda que mulheres gestantes não devam ultrapassar a dose diária máxima de 10.000 UI (3000µRE) (OMS, 2001). A Universidade Americana de Ginecologia e Obstetrícia em 1992 relatou que há uma relação entre o uso de altas doses de vitamina A durante a gravidez e o nascimento de crianças defeituosas (AMERICAN COLLEGE OF OBSTETRICIANS AND GYNECOLOGISTS, 1993). Rothman et al. (1995), mostraram que doses iguais ou superiores a 10.000 UI/dia durante a gravidez podem produzir anormalidades na crista neural em humanos. Recente estudo realizado por Vliet et al. (2001), afirmou que a concentração dos metabólitos do ácido retinóico foi maior no plasma de mulheres gestantes depois 21 que consumiram pasta de fígado em comparação àquelas que consumiram vitamina A sintética como suplemento. Nesse contexto, observa-se durante a gravidez, um aumento no hábito de consumir fígado, que é considerado um alimento muito rico em vitamina A (GUILLAND; LEQUEU, 1995). O fígado bovino é bastante utilizado na alimentação humana e em muitos casos recomendado para prevenir a anemia fisiológica da gestação (HILLMAN, 1996). Alguns estudos têm mostrado que cerca de 50 a 75% das mulheres grávidas sofrem de um tipo de anemia pela deficiência de ferro e que esta severa anemia durante a gravidez causa sérias conseqüências nos fetos incluindo prematuridade, abortos espontâneos, baixo peso ao nascer e mortes fetais (SIFAKIS; PHAMAKIDES, 2000; BREVMANN, 2001). Embora o fígado seja conhecido como um excelente alimento fonte de ferro, o aumento dietético sugerido no início da gestação para combater a anemia, pode ter o efeito indesejado de trazer ao mesmo tempo uma ingestão excessiva de vitamina A. Desta forma, torna-se indispensável à investigação da concentração de vitamina A nesse alimento, tendo em vista que no Brasil não existe esse tipo de estudo e a maioria dos dados disponíveis é obtida de tabelas de alimentos estrangeiras as quais não especificam características inerentes aos animais tais como origem genética e sistema de manejo que podem influenciar essas concentrações. 22 1.3. Vitamina A e bovinos de corte O Brasil conta com o segundo maior rebanho bovino do mundo, estimado em 151 milhões de cabeças, com o abate anual de 29 milhões de cabeças (EUCLIDES et al., 1998). A grande maioria do gado produzido no Brasil é formada por zebuínos (Bos indicus), com cinco raças predominando: Nelore, Guzerá, Gir, Tabapuã e Indubrasil, além de seus mestiços. Com base no número de animais registrados nos últimos anos, a raça Nelore é atualmente a mais difundida (MARIANTE; ZANCANER, 1985). Essa raça se adaptou muito bem às condições tropicais brasileiras, por possuir excelente capacidade de aproveitar alimentos grosseiros. Ela é a raça no Brasil que possui a carcaça mais próxima dos padrões exigidos pelo mercado (NELORE 2004). Os animais sem raça definida (SRD), provenientes da mistura não controlada de sangue, também merecem destaque no abate em matadouros locais, pois eles representam número significativo no descarte de animais dos produtores regionais. Os bovinos de corte no Brasil geralmente são criados e engordados em condições extensivas de produção, em virtude da extensão territorial. É uma atividade essencialmente pastoril, com características extrativas ebaixa produtividade (ANDRIGUETTO et al., 1990). Neste sistema adotam-se práticas empíricas, com a alimentação dependendo exclusivamente das pastagens. Em alguns casos, os animais são suplementados com sal comum e, em propriedades mais desenvolvidas, com sal mineralizado, com ou sem administração de vitaminas na época das secas (ANDRIGUETTO et al., 1990). O manejo nutricional dos bovinos é fator preponderante para que a pecuária de corte possa produzir de forma eficiente, carne bovina de boa qualidade e de baixo 23 preço (RESTLE et al., 2000). Desta forma, a vitamina A destaca-se como elemento de suma importância na alimentação desses animais, sendo obtida através das pastagens. Sabe-se que os vegetais não contêm retinol e sim pigmentos carotenóides que são convertidos em retinol no organismo (JARDIM, 1988). Os bovinos são capazes de converter beta-caroteno em retinol, na base de 1mg para 400 UI em média, porém vários fatores podem alterar essa taxa de conversão dependendo do tipo e do nível de caroteno na dieta, da raça do animal, diferenças individuais, stress, entre outros (PEIXOTO, MOURA & FARIA, 1995). Esses animais necessitam da vitamina A em todas as idades, principalmente nos períodos de seca, de pastagens queimadas por geada, e quando são usadas forragens conservadas ou subprodutos agrícolas do tipo de palhadas (ANDRIGUETTO et al., 1990). O bovino em geral armazena reservas no fígado, suficientes para uma falta absoluta durante uns quatro meses, mas vencido esse prazo surgem os sinais de deficiência (JARDIM, 1988). Nos bovinos adultos, a deficiência de vitamina A leva a uma redução da fertilidade, na forma de uma espermiogênese escassa nos animais machos ou uma infertilidade, e nos animais fêmeas leva a perdas embrionárias precoces (KOLB, 1987). A capacidade de defesa frente às infecções e parasitoses encontra-se reduzida, ocorre alterações epiteliais metaplásicas nos ductos excretores da glândula salivar parótida, cegueira noturna, aumento da pressão do líquido cefalorraquidiano e engrossamento da pele (KOLB, 1987). Nos bovinos jovens o distúrbio do crescimento ósseo leva, freqüentemente, a um estrangulamento e degeneração dos nervos ópticos junto ao forame óptico, que se associa com cegueira. Ao final da prenhez, uma deficiência de vitamina A tem 24 como conseqüência o bloqueio do crescimento e o nascimento de bezerros de baixa vitalidade. O teor de vitamina A no colostro encontra-se diminuído e nesses casos, os bezerros apresentam uma queda na capacidade de defesa frente às infecções, aparecendo com freqüência à diarréia (KOLB, 1987). Observa-se também lacrimejamento intenso, falta de apetite, queratites e o andar típico em zigue-zague (JARDIM, 1988). Para se evitar perdas econômicas é importante a avaliação do estado nutricional em vitamina A dos animais o qual possibilita o diagnóstico precoce da hipovitaminose A. De acordo com Peixoto, Moura e Faria (1995), o julgamento do estado nutricional de bovinos pode ser feito através dos seguintes parâmetros: a) por observação dos sintomas clínicos de deficiência; b) através de recursos de laboratório; c) por análise das rações em relação às exigências e d) por análise dos desempenhos que compara características do animal (ex. peso-vivo, altura) com tabelas padrões. Nos achados de necropsia pela deficiência de vitamina A citam-se: degeneração das mucosas do trato respiratório, boca, glândulas salivares, trato intestinal, uretra, rins e bexiga, atrofia do nervo óptico por estreitamento do forâmen óptico. É comum encontrar-se pedras nos rins e na vesícula biliar devido a lesões na mucosa e aparecimento de células descamativas, que serviram como núcleos para formação dessas pedras (PEIXOTO; MOURA; FARIA, 1995). A pressão do líquido cérebro-espinal é um dado de alto valor no diagnóstico de avitaminose, constituindo-se em um dos primeiros sintomas. Pressões normais, da ordem de 90 a 120 mm, são alteradas nos animais carentes para valores de até 400 a 600 mm. Em estágios mais avançados da deficiência, detectam-se níveis de 25 vitamina A no plasma sanguíneo inferiores a 10 µg/dL, mas 20 µg/dL já é considerado um nível próximo ao limite. No fígado, o teor crítico é considerado abaixo de 60 µg/100g (PEIXOTO; MOURA; FARIA, 1995). Na maioria das vezes, a nível de campo, o diagnóstico de carência de vitamina A se faz pela observação dos sintomas clínicos de deficiência desta vitamina (onde a situação de hipovitaminose já está estabelecida). Por outro lado, a análise bioquímica realizada através das concentrações séricas e hepáticas de retinol (SWANSON et al., 2000) é raramente utilizada por ser menos prática, antieconômica e por nem sempre existir na região aparelhagem adequada ou técnicos que permitam sua realização. Desta forma, ressalta-se a importância dos mecanismos zootécnicos que permitam a avaliação da deficiência nutricional em vitamina A antes do aparecimento dos sintomas clínicos, os quais previnem transtornos que muitas vezes podem ser irreversíveis e prejudiciais ao animal. Considerando a carência de informações a respeito das concentrações séricas e hepáticas de retinol nos bovinos de corte do Brasil este estudo fornecerá dados que servirão como referência para parâmetros de normalidade. 1.4. Objetivos 1.4.1. Geral: • Estabelecer as concentrações hepáticas e séricas de retinol em bovinos de corte, avaliando bioquimicamente o estado nutricional desses animais em vitamina A. 26 1.4.2. Específicos: • Verificar se existe diferença entre as concentrações de vitamina A no fígado e no soro de bovinos Nelores e sem raça definida (SRD) bem como correlacionar às concentrações séricas e hepáticas de retinol nesses animais; • Comparar as concentrações hepáticas de retinol com os atuais requerimentos desta vitamina para gestantes; • Verificar o hábito de consumo de fígado bovino por mulheres gestantes. 27 2- MATERIAL E MÉTODOS 2.1. Material: 2.1.1. Material biológico Como material biológico utilizou-se amostras de fígado e soro sanguíneo de dois grupos de bovinos, o primeiro grupo pertencia à raça Nelore e o segundo era composto por animais sem raça definida (SRD). As amostras foram coletadas do Frigorífico-Abatedouro Potengi, Parnamirim RN, e do Abatedouro Frigorífico Industrial de Mossoró – AFIM, Mossoró RN. Os animais deste estudo estavam submetidos ao sistema de criação extensivo cuja alimentação restringia-se apenas de pastagem nativa e sal mineral. 2.1.2. Solventes e padrão de vitamina A Foram utilizados os seguintes solventes: Etanol 95%, Hidróxido de potássio, Hexano, Etanol absoluto °HPLC, Metanol ° HPLC (Vetec e Merck) e padrão de retinol Sigma. 2.2. Métodos: 2.2.1. Coleta de amostras 30 amostras de fígado e soro de bovinos Nelores e 30 amostras de fígado e soro de bovinos sem raça definida (SRD) foram coletadas de abatedouros regionais. As normas de abate estavam de acordo com a legislação vigente (BRASIL, 1997). As amostras foram colocadas em tubos plásticos envoltos por papel alumínio para evitar a ação da luz e possível oxidação da vitamina A. Imediatamente após a coleta as amostras foram transportadas para o laboratório em caixa de isopor com gelo. 28 2.2.2. Preparo das amostras No Laboratório de Bioquímica da Nutrição do DBq/CB - UFRN, as amostras de sangue foram centrifugadas e o soro retirado e estocado a -20° C. As amostras de fígado foram, da mesma forma, estocadas a -20° C até o momento das análises. As amostras de fígado, cujos pesos variavam de 20 a 50 gramas, foram primeiramente pesadas e adicionadas à quantidades equivalentes ao peso de solução salina a 0,9% e em seguida trituradas com um mix triturador (Mallory) formando assim um homogenado de fígado a 50%, o qual foi utilizadopara as etapas seguintes. 2.2.3. Saponificação e extração lipídica A extração e dosagem de vitamina A no fígado foi realizada segundo Gebre – Medhin; Vahlquist (1984), e no soro de acordo com Giuliano et al. (1994). Elas foram adaptadas de acordo com nossas condições laboratoriais (figuras 3 e 4). Antes da extração lipídica foi realizada uma saponificação prévia com 0,5 mL de hidróxido de potássio (KOH 60% para fígado e 50% para soro) com o objetivo de hidrolisar os ésteres de retinol presentes nas amostras. A temperatura do banho- maria foi mantida a 75° C por 40 minutos para o fígado e a 45° por 120 minutos para o soro. As amostras foram mantidas sob atmosfera de nitrogênio e protegidas da luz. A extração lipídica foi realizada em duas etapas, ambas utilizando 3 mL de hexano. As amostras foram agitadas com 3 mL de hexano por 30 segundos, centrifugadas por 10 minutos (500xg) e posteriormente os sobrenadantes foram colocados em novo tubo. O hexano foi evaporado até a secura em banho-maria a 29 37°C sob atmosfera de nitrogênio (White Martins) e em seguida as amostras foram armazenadas à -18°C. Figura 3. Técnica d Medhin; Vahlquist, 5 R 0,4g de homogenado (fígado + solução salina) ↓ 10mL de solução salina ↓ 1mL ↓ 1mL de Etanol 95% ↓ 00µL KOH (60%) → Banho-maria 40 min a 75°C ↓ 3mL hexano (1ª extração) ↓ Homogeneizador / Centrífuga (500xg) ↓ 3mL hexano (2ª extração) ↓ Homogeneizador / Centrífuga (500xg) ↓ Transfere para tubo a fase hexânica ↓ Evapora em N2 (banho-maria 37°C) ↓ essuspende com 2mL de etanol absoluto (HPLC) ↓ Aplica no HPLC 20µL. e extração da vitamina A do fígado bovino adaptada segundo Gebre - 1984 30 Figura 4. Técnica de extração da vitamina A do soro bovino adaptada segundo Giuliano et al, 1994. 1 mL de soro ↓ 1mL de EOH 95% ↓ 500µL KOH (50%) → Banho-maria 2h a 45°C ↓ 3mL hexano (1ª extração) ↓ Homogeneizador / Centrífuga (500xg) ↓ 3mL hexano (2ª extração) ↓ Homogeneizador / Centrífuga (500xg) ↓ Transfere para tubo a fase hexânica ↓ Evapora em N2 (banho-maria 37°C) ↓ Ressuspende com 1mL de etanol absoluto (HPLC) ↓ Aplica no HPLC 20µL. 2.2.4. Preparo do padrão de retinol Preparou-se um padrão de retinol o qual foi denominado de padrão estoque com 1,0 mg de retinol (Sigma) diluído em 1,0 mL de etanol absoluto e agitado por 30 segundos. Posteriormente, foram realizadas duas diluições para levar o padrão a uma concentração aproximada de 10 µg/1mL e realizada a leitura no espectrofotômetro (Hitachi, modelo U-2000) utilizando-se cubetas de quartzo para confirmar a concentração do padrão. O comprimento de onda utilizado para a leitura foi λ= 325nm e o coeficiente de absorção ou coeficiente específico de extinção (Σ 1%, 1cm em etanol) foi Σ%=1780, 31 como descrito por Olson (1996) e Milne, Botnen (1986), respectivamente. Na figura 5 apresenta-se o esquema de diluição e a seguir tem-se a fórmula utilizada no cálculo da concentração real do padrão. PADRÃO ESTOQUE 1,0mg retinol + 1mL etanol 100%(1000µg/mL) (Diluição 1) (agitar 30 seg) PADRÃO DE TRABALHO 0,1 mL padrão estoque + 0,9 mL etanol 100%(100µg/mL) (Diluição 2) (agitar 30 seg) PADRÃO DE LEITURA 0,1mL padrão de trabalho + 0,9 mL etanol 100%(10µg/mL) (Diluição 3) (agitar 30 seg) LEITURA NO ESPECTROFOTÔMETRO 2 mL de padrão de leitura 2 mL de etanol absoluto (branco) Figura 5: Protocolo de confirmação da concentração do padrão de retinol Fórmula usada para a determinação da concentração real do padrão: [ ] de Padrão = A° Σ% Onde: [ ] de padrão = concentração do padrão em gramas de retinol por 100 mL da solução de leitura (g %); A° = leitura da absorbância realizada no espectrofotômetro; Σ% = coeficiente específico de extinção de retinol em etanol (1780). Destaca-se que o cálculo da concentração real e a preparação do padrão para aplicação no aparelho de CLAE foram realizados em todos os dias de aplicação das amostras com o objetivo de evitar variações decorrentes de fatores externos. 32 Após a confirmação da concentração real do padrão, a solução estoque foi diluída duas vezes em metanol grau HPLC, levando sua concentração a aproximadamente 1µg/mL para aplicação no aparelho de CLAE, como demonstra o esquema apresentado na figura 6. PADRÃO ESTOQUE 1,0mg Retinol + 1mL etanol 100%(1000µg/mL) (agitar 30 seg) PADRÃO DE TRABALHO 0,1mL padrão estoque + 0,9 mL etanol (100µg/mL) (Diluição 1) (agitar 30 seg) PADRÃO DE APLICAÇÃO 0,01mL padrão de trabalho + 0,99 etanol (1µg/mL) (Diluição 2) (agitar 30 seg) Figura 6: Protocolo da diluição do padrão de retinol para aplicação na CLAE. 2.2.5. Condições cromatográficas Utilizou-se o seguinte sistema cromatográfico: coluna e pré-coluna CG nucleosil C18 (fase reversa); bomba de cromatografia líquida LC-10 AD SHIMADZU (fluxo de 1,0 ml / min); detector SPD-10A SHIMADZU UV-VIS; sistema de integração C-R6A SHIMADZU, eluição com fase móvel 100% composta por metanol com grau de purificação adequado para CLAE (Merck). O comprimento de onda utilizado para detecção foi λ= 325nm. O tempo de retenção do retinol foi de 4,0 min em fluxo de 1 mL/min. O volume aplicado dos padrões ou amostras ressuspendidas foi de 20µL. Com o objetivo de favorecer a precisão dos resultados os padrões e amostras foram aplicados em duplicata. 33 2.2.6. Separação e quantificação do retinol por cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) Para a ressuspensão das amostras de fígado foram utilizados 2 mL de etanol absoluto em grau de pureza para cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE). Para as amostras de soro foi utilizado 1 mL do mesmo solvente. Aplicou-se 20 µL das amostras no aparelho de CLAE. A quantificação de retinol presente nas amostras foi realizada através da comparação da área do pico do padrão do all-trans – retinol (o qual apresentava concentração determinada) com a área do pico da amostra através de uma regra de três simples. Os resultados encontrados no fígado foram expressos em µg/100g e no soro em µg/100mL. 2.2.7. Avaliação da exatidão e precisão do método A exatidão e a precisão do método foram avaliadas através dos testes de recuperação da extração e de reprodutibilidade, respectivamente. O teste de recuperação da extração foi realizado com amostras de fígado bovino e de soro, cada uma subdividida em 4 alíquotas. Nas amostras de soro 3 sub-amostras foram acrescidas de retinol acetato e nas de fígado 3 sub-amostras foram acrescidas de retinol padrão. Todas as sub-amostras foram submetidas primeiro à saponificação alcalina e a precipitação de proteínas e depois se fez o acréscimo dos padrões de retinol. As sub-amostras foram submetidas às demais etapas propostas pelo método citado: 2 extrações com hexano, secagem a 37°C sob nitrogênio, ressuspensão em etanol absoluto ° HPLC e dosagem da vitamina A por CLAE com metanol em sua fase móvel. 34 Segundo a classificação apresentada por Strufaldi (1981), a extração do fígado mostrou-se ótima, pois foi obtida uma média de recuperação do padrão internosuperior a 90% (101,18%). Nas amostras de soro, observou-se que a extração do retinol acetato também foi eficaz (94,5%). No teste de reprodutibilidade foram utilizadas 3 alíquotas de uma amostra de fígado e 3 alíquotas de uma amostra de soro. Estas amostras passaram pelas etapas anteriormente descritas e foram armazenadas secas e congeladas para posterior dosagem da vitamina A. A aplicação das amostras ocorreu em dias consecutivos e os valores encontrados após a cromatografia apresentaram variação inferior a 2 desvios padrões (<2DP) e coeficiente de variação menor que 5% que é o considerado ótimo para amostras biológicas (Tabela l). Tempo (horas) Amostras de fígado (µg retinol/100g) Amostras de soro (µg/100mL) 0 16344 28 24 16330 29 38 16607 28 Média 16427 28,3 Desvio Padrão 156,04 0,58 Coeficiente de variação CV(%) 0,9499 2,03 Tabela l. Concentração de retinol no fígado e no soro bovino de uma mesma amostra aplicada em dias consecutivos. 35 2.2.8. Confirmação dos tempos de retenção do retinol nas amostras de fígado e soro bovino A presença de retinol nas amostras de fígado e soro, bem como seus respectivos tempos de retenção, foram confirmados previamente. Para isto, foram adicionados padrões de retinol em concentrações conhecidas às amostras de fígado e soro bovino sendo observado o aumento dos picos correspondentes “spiking”. 2.2.9. Questionário de freqüência alimentar Os questionários de freqüência alimentar (QFA) têm sido largamente utilizados para se obter informações dietéticas em estudos epidemiológicos. As vantagens de sua utilização incluem: a possibilidade de identificação do consumo usual de alimentos ou nutrientes em uma única aplicação; a facilidade de aplicação em estudos populacionais devido à padronização do questionário; o baixo custo operacional e o fornecimento de dados referentes à média de consumo acerca de longos períodos como semanas, meses ou anos (SICHIERI, 1998; WILLET, 1998). Destaca-se que os QFAs devem ser adaptados ao objetivo da pesquisa e ao hábito alimentar da população estudada (WILLET, 1998). Desta forma, o presente estudo elaborou um QFA para analisar o consumo de fígado bovino entre as gestantes atendidas na Maternidade Escola Januário Cicco, UFRN, Natal RN (APÊNDICE). Foram realizadas 100 entrevistas com gestantes durante o período pré-natal. Nas entrevistas foram coletadas informações sobre o consumo alimentar habitual de fígado bovino durante a gravidez (ANEXO). Utilizou-se o registro fotográfico para inquéritos dietéticos (ZABOTO, 1996) com o objetivo de facilitar a visualização através de fotos das porções de fígado e calcular a quantidade em 36 gramas de fígado consumida (ZABOTO, 1996). A análise do questionário foi realizada através do uso do software Excel XP (2002). 2.2.10. Análise estatística A diferença entre as médias da concentração hepática e sérica de retinol dos dois grupos foi realizada utilizando o teste t de Student. Para análise de correlação entre a concentração sérica e hepática de retinol dos dois grupos de bovinos estudados utilizou-se a aplicação da correlação de Pearson. Considerou-se como nível de significância (p) valor inferior a 0,05 (5%). Foi utilizado para tais análises o software estatístico Statgraphics (Vers. 4.0). 37 3- RESULTADOS E DISCUSSÃO A figura 7 mostra os cromatogramas do padrão de retinol (a), de uma amostra de fígado (b) e de uma amostra de soro (c). a) b) c) Figura 7: Cromatogramas: do padrão de retinol (22,5ng/20µL) (a), de uma amostra de fígado (b) e de uma amostra de soro bovino (c), com fluxo de eluição 1,0mL/min obtido por CLAE; fase móvel: metanol 100%. A diferença entre as médias do retinol hepático e do retinol sérico dos dois grupos de bovinos estudados encontra-se demonstrada na Tabela ll. 38 Grupo N° de amostras SORO (µg/dL) Média + Desvio Padrão FÍGADO (µg/100g) Média + Desvio Padrão Nelore 30 39,6* + 17,9 16947,8** + 6866,9 SRD 30 28,6 + 9,4 5213,1 + 2517,2 Tabela ll. Concentração sérica e hepática de retinol dos bovinos Nelore e SRD. *Significativamente diferente do grupo SRD (teste “t”; p < 0.05) **Significativamente diferente do grupo SRD (teste “t”; p < 0.001) Observa-se na Tabela II que as concentrações séricas e hepáticas de retinol em bovinos Nelore e SRD foram estatisticamente diferentes (p<0,05; p<0,001). Em bovinos, Eaton et al. (1970) estabeleceram que concentrações séricas abaixo de 10µg/dL são sugestivas do mais avançado estágio de deficiência, pois essas concentrações indicam que os estoques hepáticos têm decrescido a pontos críticos. Spratling et al. (1965) notificaram sinais de deficiência em concentrações de 12µg/dL. Herdt & Stowe (1991) afirmaram que normalmente os estoques de vitamina A no fígado estão encarregados de manter as concentrações de retinol no soro em aproximadamente 30µg/dL e estabeleceram que uma concentração menor que 20 µg de retinol/dL é utilizada para indicar deficiência de vitamina A nos bovinos adultos. Os níveis séricos de retinol obtidos neste estudo indicaram que os animais se encontravam com estado nutricional adequado comparando-se com os resultados de Eaton et al. (1960); Spratling et al. (1965) e Herdt, Stowe (1991). É provável que a diferença observada entre os resultado para bovinos Nelore e SRD, seja devido a diferenças entre grupos genéticos puros (Nelore) e mestiços (SRD) e diferenças individuais, de acordo com Peixoto, Moura e Faria (1995). Jardim 39 (1998) afirmou que existem diferenças na capacidade de conversão do caroteno em retinol entre as raças bovinas demonstrado pela cor do leite. Outro fator provável pode ser o nível e o tipo de carotenóide existente na pastagem nativa. Apesar da alimentação não ter sido controlada, pois foi composta exclusivamente de volumoso (pastagem com mais de 18% de fibra) e sal. A concentração hepática de retinol é o indicador mais confiável do verdadeiro estado nutricional em vitamina A do indivíduo e uma concentração de 2000 µg de retinol/100g de fígado é considerada adequada (THOMAS; MOORE, 1952). Conforme Flachowsky et al. (1993), os fatores que influenciam a concentração hepática de retinol são: o conteúdo de retinol dos alimentos e a suplementação com vitamina A. Esta consideração poderia ser relevante se tivéssemos comparado grupos com alimentação diferente, no entanto, os animais do presente estudo alimentavam-se apenas de pasto nativo (sistema extensivo de criação), constituído de concentrações equiparáveis de carotenóides. As Tabelas III e IV mostram a classificação do estado nutricional em vitamina A através das concentrações hepáticas e séricas de retinol. INADEQUADO MARGINAL SATISFATÓRIO 5 µg/g 5-20 µg/g 20-200 µg/g Tabela III. Avaliação do estado nutricional em vitamina A através das concentrações hepáticas de retinol (Olson, 1990) DEFICIENTE MARGINAL SATISFATÓRIO EXCESSIVO TÓXICO < 10 µg/dL 10-20 µg/dL 20-50 µg/dL 50-100µg/dL > 100 µg/dL Tabela IV. Avaliação do estado nutricional em vitamina A através das concentrações séricas de retinol (Olson, 1990) 40 A concentração sérica de retinol reflete o estado nutricional individual de vitamina A, particularmente quando as reservas de vitamina A do corpo estão limitadas, pois a concentração sérica é homeostaticamente controlada e não deverá cair até que as reservas hepáticas estejam significativamente comprometidas (OLSON, 1994). Neste contexto, Underwood (1974) afirmou que a concentração do retinol sérico não é um bom parâmetro para se avaliar o estado nutricional em vitamina A, pois os níveis séricos permanecem estáveis por longos períodos, mesmoem situações de ingestão dietética inadequada. Além disso, a concentração de retinol sérico é diretamente afetada pela idade e estado de saúde do animal. Estudo mais recente realizado com bezerros de 4 semanas por Hammell, Franklin e Nonnecke (2000) constatou a existência de um mecanismo fisiológico que impede que a concentração plasmática de retinol exceda 20µg/dL e é a alimentação rica em vitamina A que leva ao aumento dos estoques desta vitamina no fígado sem o aumento dessas concentrações no plasma. Assim, a concentração de vitamina A no plasma sozinha não é um bom indicador do status de vitamina A em bezerros de 4 semanas. Levando-se em consideração as afirmações de Peixoto, Moura e Faria (1995), os quais relataram que uma forte deficiência de vitamina A ocorre quando as concentrações de retinol no fígado atingem valores inferiores a 60 µg/100g; pode-se afirmar que os animais do presente estudo (Nelore e SRD), cujas concentrações hepáticas foram 16947,8 e 5213,1 µg/100g; e séricas 39,6 e 28,6 µg/dL, respectivamente, encontravam-se com o estado nutricional em vitamina A adequado. 41 r p Retinol sérico x Retinol hepático-NELORE -0,22 0,23 Retinol sérico x Retinol hepático- SRD 0,21 0,25 r = coeficiente de correlação de Pearson; p = nível de significância. (n= 30) Tabela V. Relação entre a concentração de retinol sérico e hepático nos bovinos nelores e SRD A tabela V mostra a relação entre a concentração de retinol sérico e hepático nos dois grupos de bovinos. Não foi encontrada correlação estatisticamente significativa entre o retinol hepático e sérico nos dois grupos estudados, o que significa dizer que a manutenção dos níveis de retinol no soro não está diretamente relacionada ao retinol hepático, indicando um mecanismo de controle independente na manutenção da homeostase do retinol sérico. Assim, as concentrações séricas de retinol não constituem um bom parâmetro para avaliar o estado nutricional em vitamina A de bovinos, exceto em situações de extrema carência nutricional ou de toxicidade (WEISS, 1998). Esta informação corrobora com a afirmação de Flachowsky et al. (1990), os quais salientam que apenas uma forte deficiência de vitamina A (valores hepáticos inferiores a 286,5 µg/100g) deveria causar um decréscimo da concentração desta vitamina no sangue. Esta mesma interpretação também foi obtida por Wilk & Flachowsky (1990) e os dados do presente estudo reafirmam estes relatos. Em relação à toxicidade, o consumo de fontes naturais de vitamina A raramente produz esta ação. Com exceção da toxicidade resultante da ingestão excessiva e contínua de fígado de animais, os quais contém de 3000-5000µg de retinol por 100g (ALLEN; HASKELL, 2002). 42 Comparando-se os valores encontrados em tabelas de alimentos, 10761µg/100g (PHILIPPI, 2002) e 10564 µg/100g (USDA, 2003) com os resultados aqui apresentados, observa-se o que tais valores foram superiores para a raça Nelore e inferiores para os animais SRD. No entanto, a concentração hepática dos bovinos SRD foi aproximadamente duas vezes superior ao valor relatado na tabela de Franco (1998) de 3020 µg/100g e ao comparar esse valor com os encontrados no fígado de bovinos Nelore, detecta-se uma concentração aproximadamente seis vezes superior. Torres et al. (1998) pesquisando o teor em vitamina A de alguns alimentos distribuídos na cidade de São Paulo encontraram no fígado bovino 27833 µg/100g. No entanto, o método utilizado (Carr-Price) por esses autores é considerado ultrapassado para determinação de vitamina A. Um estudo realizado por Howells e Livesey (1998), os quais analisaram o fígado de várias espécies animais, verificou uma concentração hepática de retinol em bovinos de 14200 µg/100g. Da mesma forma, Schindler, Scholz e Feldheim (1987), encontraram uma concentração hepática em bovinos de corte de 14980 µg/100g. Também, Scotter et al. (1992), relataram uma concentração de 20000 µg/100g para amostras de fígado bovino cujos animais foram alimentados sem dieta controlada e de 12000 µg/100g para os animais alimentados com dieta controlada. Esses dados são equiparáveis à concentração hepática dos bovinos nelores aqui relatadas e bem superiores à concentração dos bovinos SRD. Por outro lado, os presentes dados foram inferiores ao estudo realizado por Akase et al. (2003), os quais encontraram uma concentração de 38300 µg/100g em fígados bovinos, comprados em mercado públicos, utilizados para fazer uma ração experimental para ratos e também ao estudo realizado por Heinonen (1990) que encontrou uma 43 concentração de 27000 µg/100g. A tabela VI mostra resumidamente as concentrações de retinol no fígado bovino, relatadas anteriormente. AUTORES ANO [ ] DE RETINOL NO FÍGADO (µg/100g) MÉTODO PAÍS DE ORIGEM DOS DADOS Schindler, Scholz e Feldheim 1987 14980 CLAE Alemanha Heinonen 1990 27000 CLAE Finlândia Scotter, et al 1992 12000-20000 CLAE Reino Unido Howells e Livesey 1998 14200 CLAE Reino Unido Torres, et al 1998 27833 Carr-Price Brasil Franco 1998 3020 Não mensionado Brasil (?) Philippi 2002 10761 Não mensionado Brasil (?) Akase, et al 2003 38300 CLAE Japão USDA 2003 10564 Não mensionado EUA Nossos dados 2005 5213-16947 CLAE BRASIL Tabela VI. Concentrações de retinol em fígado bovino (µg/100g) 44 Segundo as recomendações atuais da Organização Mundial de Saúde (2001), as necessidades ligeiramente aumentadas em vitamina A durante a gestação podem ser satisfeitas pela alimentação ou por uma suplementação que não exceda 10.000 UI por dia (equivalente a 3000,3 µg) durante a gravidez, principalmente nos seus estágios iniciais. Considerando as atuais recomendações para vitamina A com relação ao consumo individual (RDA) para gestantes de 19-50 anos de 770 µg RE/dia, ao populacional (EAR) para gestantes de 19-50 anos de 550 µg RE/dia, bem como ao limite máximo de ingestão tolerável (UL) para adultos de 3000 µg RE/dia as concentrações desta vitamina no presente estudo, apresentaram risco potencial para induzir teratogênese em mulheres grávidas (Fig. 8). Embora, existam apenas evidências de que a vitamina A em excesso durante as primeiras semanas de gestação é teratogênica em humanos (HUMPHREY, 1992; MADEN, 1998; HUMPHREY, 1998; CZEIZEL, 1998; JICK, 1998) os dados aqui relatados podem servir para que as autoridades em saúde pública estabeleçam padrões de utilização do fígado bovino, principalmente por mulheres gestantes que estejam com aportes adequados em vitamina A. 45 770 550 3000 16947,77+6866,92 5213,13+2517,16 0 4000 8000 12000 16000 Co nc en tra çã o de re tin ol (m ic ro gr am as ) RDA gestantes 19-50 anos EAR gestantes 19-50 anos UL adultos Concentração de retinol - Nelore Concentração de retinol - SRD Recomendações e resultados obtidos Figura 8: Comparação entre as atuais recomendações e a concentração de vitamina A no fígado bovino. RDA para gestantes 19-50 anos: 770 µg RE/dia de vitamina A, EAR para gestantes 19-50 anos: 550 µg RE/dia de vitamina A, UL para adultos: 3000 µg RE/dia de vitamina A, concentração hepática de retinol no fígado de bovinos nelores: 16947,77µg retinol/100g, concentração hepática de retinol no fígado de bovinos SRD: 5213,13 µg retinol/100g. O questionário de freqüência alimentar (APÊNDICE) realizado na Maternidade Escola Januário Cicco, UFRN, Natal RN, durante os meses de outubro e novembro de 2004, o qual objetivou coletar informações sobre o consumo alimentar habitual de fígado bovino durante a gravidez, demonstrou os seguintes resultados: • 72% das mulheres grávidas entrevistadas já consumiam fígado antes da gestação e 28% não consumiam; • 73% das mulheres grávidas entrevistadasconsumiram fígado bovino durante a gestação e 27% não consumiram; 46 • 9% das entrevistadas passaram a comer fígado depois da gestação e também 9% deixaram de comer depois que engravidaram; • 62% das grávidas receberam orientação para o consumo de fígado bovino e 38% não receberam; • 71% das orientações para o consumo de fígado bovino foram provenientes de profissionais qualificados tais como: médicos, nutricionistas, enfermeiros, enquanto que 29% das orientações foram provenientes de parentes das mesmas tais como: mãe, sogra, marido, pai, dentre outros; • Quanto à freqüência do consumo de fígado bovino obtivemos os seguintes resultados: 40% das gestantes consumiam fígado semanalmente, 11% mensalmente, 7% consumiram uma vez apenas até presente entrevista, 6% mais de uma vez até presente entrevista e 3% afirmaram consumir fígado diariamente. 33% afirmaram não consumir fígado bovino. Esses valores estão expressos na figura 9. 47 40% 11%7%6% 3% 33% semanalmente mensalmente uma vez apenas mais de uma vez diariamente não consumiam Figura 9: Freqüência do consumo de fígado bovino por gestantes atendidas na Maternidade Escola Januário, UFRN, Cicco Natal – RN. Os dados desta pesquisa mostraram que o consumo de fígado bovino é alto, independente que a mulher esteja ou não grávida. Verificou-se também que é alto o número de orientações para o consumo de fígado bovino provenientes de profissionais qualificados (71%) ficando aqui um alerta para as autoridades em saúde pública da importância da conscientização de tais profissionais quanto ao perigo que representa indicar este alimento no início da gestação. Quanto à freqüência de consumo deste alimento pelas gestantes foi observado que 3% das entrevistadas consumiam fígado bovino diariamente. Esse dado é alarmante, pois essas mulheres, dependendo de seus estados nutricionais em vitamina A, correram risco potencial de dar à luz a bebês com má-formação. Esse fato é bastante temeroso em países desenvolvidos, onde a deficiência em vitamina A não constitui problema em saúde pública, no entanto, não podemos ignorar este problema tendo em vista que no Brasil, parcela expressiva da população é de classe 48 média ou alta e que podem estar consumindo esse alimento sem os devidos cuidados. A tabela VII demonstra, tomando por base nossos resultados, o provável conteúdo de vitamina A ingerido pelas gestantes que consumiam fígado bovino diariamente. Para o cálculo da gramatura provavelmente ingerida pelas gestantes foi utilizado o registro fotográfico para inquéritos dietéticos (ZABOTO, 1996). QUANTIDADE EM GRAMAS DE FÍGADO CONSUMIDA/DIA VITAMINA A (µg RETINOL) FÍGADO NELORE VITAMINA A (µg RETINOL) FIGADO SRD RECOMENDAÇÃO DIÁRIA DA OMS GESTANTE 1 100 16947,8 µg 5213,1 µg GESTANTE 2 130 22032,1 µg 6777,0 µg GESTANTE 3 80 13558,2 µg 4170,5 µg 3000,3 µg Tabela VII: Conteúdo provável de vitamina A (retinol) ingerido pelas gestantes que afirmaram consumir diariamente fígado bovino. 49 4. CONCLUSÕES • As concentrações hepáticas e séricas de retinol dos bovinos Nelore e SRD foram estatisticamente diferentes; • Os bovinos Nelore e SRD encontravam-se com aportes adequados de vitamina A não existindo correlação estatisticamente significativa entre as concentrações séricas e hepáticas de retinol; • As concentrações de retinol em 100g de fígado dos dois grupos bovinos foram superiores à recomendação individual de ingestão diária para gestantes e ao limite máximo de ingestão tolerável para adultos; • O consumo de fígado bovino por mulheres gestantes atendidas na Maternidade Escola Januário Cicco, Natal RN, foi considerado alto. 50 REFERÊNCIAS AKASE, T. et al. Effects of liver-suplemented food on the development of embryos in mice. Biol. Pharm. Bull., Japan, v. 26, n. 4, p. 553-556, 2003. ALLEN, L. H.; HASKELL, M. Estimating the potential for vitamin A toxicity in women and young children. J. Nutri., EUA, v.132, p. 2907S-2919S, 2002. 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( ) diariamente ( ) semanalmente ( ) mensalmente ( ) nunca ( ) outros ________________________________________________________ 6. Medida caseira (ver registro fotográfico) ______________________________ ROSE CLÉIA PRAXEDES DE AQUINO ROSE CLÉIA PRAXEDES DE AQUINO
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