Prévia do material em texto
Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de ciências exatas e da terra Departamento de física teórica e experimental Programa de pós-graduação em física Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Lantânio dopadas com Estrôncio Rodolfo Bezerra da Silva natal-rn setembro de 2010 Rodolfo Bezerra da Silva Propriedades Magnéticas de Ortoferritas de Ortoferritas de Lantânio Dopadas com Estrôncio. Disssertação de mestrado apresentada ao Pro- grama de Pós-Graduação em Física do Departa- mento de Física Teórica e Experimental da Uni- versidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para a obtenção do grau de mes- tre em Física. Orientador: Prof. Dr. Humberto Araújo natal-rn Setembro de 2010 Para Pessoas Especiais: À minha mãe, Petronila Bezerra Da Silva; À Meu Pai, Raimundo da Silva; À meu Irmão, Ébano Bezerra da Silva i Agradeço À Deus. Ao meu orientador, professor Dr. José Humberto de Araujo, pela orientação e pelo apoio logístico e intelectual durante todo o período do mestrado. Ao professor Dr. Artur da Silva Carriço pelo incentivo e paciência em discutir os resultados. À professora Dra. Ana Lucia Dantas, pelos conselhos e ajuda em momentos de di�culdade. À meu amigo, Armando araújo, que muito me ajudou na produção de amostras e �xação do conhecimento. A todos amigos do curso de física da UERN e UFRN. Em especial a Nyladyh Matos, Gustavo de Oiveira, Fabio Sales, Alzey Gomes, Júlio Cezar, Leonado Mafra, Geferson Soares, pela grande amizade. Ao professor Dr. Miltom Morais Xavier junior e ao professor Dr. Vamberto Dias de Melo pelo incentivo e contribuíção intelectual que adquiri durante minha graduação por meio de todas as disciplinas ministradas por eles e trabalhos cienti�cos. À todos os professores e funcionários do DF/UERN e do DFTE/UFRN, no qual contribuíram de forma grandiosa na minha formação acadêmica. Ao professor Dr. Joâo Maria Soares pelas medidas de difração de raios-x feitas no LAMOP - UERN Ao Professor Dr. Fernando Machado, pelas medidas de Calor especí�co e Micros- copia eletônica de Varredura, nos laboratórios de física da UFPE. À minha doce companheira Gláucia Melissa Medeiros Campos, pela Grande ajuda nos meus momentos de di�culdade. À Capes pelo apoio �nanceiro. ii "Andarei Vestido e armado com as armas de Jorge. Para que meus inimigos, tendo pés, não me alcancem; mãos tendo, não me peguem; olhos tendo, não me ve- jam; e nem pensamentos eles possam ter para me faze- rem mal. Armas de fogo o meu corpo não alcançarão; facas e lanças se quebrem sem meu corpo tocar; cordas e correntes se arrebentem sem meu corpo amarrar ." ( Oração de São Jorge) iii Resumo Amostras de ortoferritas de lantânio dopados com estrôncio foram sintetizados na forma de fase simples pelo método Sol-Gel. Dois lotes de amostras foram preparadas, um variando a concentração do estrôncio nas ortoferritas de lantânio La1−xSrxFeO3−δ com (0 ≤ x ≤ 0.5), e um outro lote de amostras do tipo La1/3Sr2/3FeO3−δ, agora variando somente a temperatura de calcinação. Nossas amostras foram obtidas pelo método Pechini, e sinterizados em atmosfera de oxigênio. Suas estruturas cristalinas foram determinadas por di- fratometria de raios -x (DRX), microscopia eletrônica de varredura (MEV), onde observamos que as amostras (0 ≤ x ≤ 0.3) possuem simetria ortorrômbica, e o volume da célula unitária diminui com o aumento da concentração de estrôncio. Para x=0.5 somente é observada fase simples quando esta é sinterizada na atmosfera de O2. Suas características magnéticas foram obtidas por meio de espectroscopia Mössbauer e medidas de magnetização. As medidas de magnetização para as amostras La1−xSrxFeO3−δ com (0 ≤ x ≤ 0.5) revelaram que a magne- tização decresce com o aumento da concentração de estrôncio, contudo para a amostra x=0.4 a magnetização mostra um alto campo coercivo e um comportamento ferrimagnético, o qual é atribuido a uma pequana quantidade de Hexaferrita de estrôncio. Já para as amostras La1/3Sr2/3FeO3−δ, calcinadas entre 800 oC e 1200 oC , as curvas de histerese revelaram dois comportamentos distintos: Um comportamento antiferromagnético declinado (Canted) para as amostras calcinadas entre 800 oC e 1000 oC e um comportamento paramagnético para as amostras calcinadas em 1100 oC e 1200 o C. Histereses térmicas e picos acentuados em torno da temperatura de Néel (TN), sobre as curvas de calor especí�co em função da temperatura foi observada apenas nas amostras calcinadas com 1100 oC e 1200 oC . Este efeito é atri- buido ao ordenameto de carga. Estes resultados indicam que o ordenamento de carga ocorre somente nas amostras sem de�ciência de oxigênio. Medidas de Magnetização em função da temperatura também estão de acordo com esta interpretação. iv Abstract Samples of lanthanum Ortoferrites doped with strontium were synthesized in a single phase by the sol-gel method. Two samples were prepared, one by varying the concentration of strontium in lanthanum ortoferrites La1−xSrxFeO3−δ with (0 ≤ x ≤ 0.5), and another batch of samples of type, La1/3Sr2/3FeO3−δ, now varying only the temperature of calcination. Our samples were obtained by Pechini method and sintered in air and oxygen atmospheric. Their crystal structures were determined by x-ray di�raction (XRD), scanning electron microscopy (SEM), where we observed that the samples (0 ≤ x ≤ 0.3) have orthorhombic symmetry and the volume of the single cell decreases with the increasing of concentration of strontium. For x = 0.5 it is only observed the simple phase when that is sintered in O2 atmospheric. Their magnetic characteristics were obtained by the Mössbauer spectroscopy and magnetic measu- rements. The magnetization measurements for samples La1−xSrxFeO3−δ with (0 ≤ x ≤ 0.5) revealed that the magnetization decreases with increasing concentration of strontium, but for the sample x = 0.4 the magnetization shows a high coercive �eld and a ferrimagnetic behavior, which is attributed to a small amount of strontium hexaferrite. As for the sam- ples La1/3Sr2/3FeO3−δ calcined between 800 oC e 1200 oC. The hysteresis curves revealed two distinct behaviors: an declined antiferromagnetic behavior (Canted) for samples calci- ned between 800 oC and 1000 oC and a paramagnetic behavior for the samples calcined at 1100 oC e 1200 o C. Thermal hysteresis and sharp peaks around the Néel temperature (TN), over the curves of speci�c heat as a function of temperature was only observed in calcined samples with 1100 oC and 1200 oC. This e�ect is attributed to the charge ordering. These results indicate that the charge ordering occurs only in the samples without oxygen de�ci- ency. Magnetic measurements as a function of temperature are also in agreement with this interpretation. v Sumário Agradecimento ii Resumo iv Abstract v 1 Introdução xiii Lista de Figuras xiii 2 Materiais Magnéticos xv 2.1 Magnetismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xv 2.2 Tipos de magnetismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xxi 2.2.1 Diamagnetismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xxi 2.2.2 Paramagnetismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xxiii 2.2.3 Ferromagnetismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xxvi 2.2.4 Antiferromagnetismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xxxiii 2.2.5 Ferrimagnetismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xxxvi vi 3 Perovskitas xl 3.1 Propriedades físicas das perovskitas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xliv 3.2 Propriedades elétricas e de transporte das perovskitas tipo La1−xSrxFeO3 . liii 3.3 perovskitas tipo La1/3Sr2/3FeO3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . lvi 4 Procedimento experimental lxii 4.1 O método sol-gel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . lxii 4.1.1 Hístorico . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . lxii 4.1.2 Procedimento e suas vantagens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . lxiii 4.1.3 O Material utilizado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . lxv 4.1.4 Tratamento térmico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . lxvii 4.1.5 Difratometria de raios -x . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . lxix 4.1.6 O re�namento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . lxx 4.1.7 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) . . . . . . . . . . . . . lxxii 4.2 Os componentes do MEV . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . lxxiii 4.2.1 O magnetometro de amostra vibrante . . . . . . . . . . . . . . . . . . lxxix 4.2.2 Medidas de magnetização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . lxxxii 4.2.3 Medidas de capacidade térmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . lxxxiv 4.2.4 Métodos para obtenção da Capacidade Calorí�ca. . . . . . . . . . . . lxxxiv 4.2.5 O PPMS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . lxxxv 4.2.6 Componentes do PPMS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . lxxxvii 4.2.7 O efeito Mössbauer . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xciii 5 Resultados e discussões xcix 5.1 Amostras La1−xSrxFeO3 (0 ≤ x ≤ 0.5) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xcix vii 5.2 Caracterização Estrutural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xcix 5.3 Difratometria de raios-x (DRX) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . c 5.4 Medidas de Magnetização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . cii 5.5 Espectroscopia Mossbauer . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . cvii 5.6 Amostras La1/3Sr2/3FeO3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . cxiv 5.7 Caracterização estrutural. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . cxiv 5.8 Difratometria de raios -x . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . cxv 5.9 Microscopia eletrônica de Varredura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . cxvi 5.10 Medidas de Magnetização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . cxxi 5.11 Calor Especí�co . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . cxxii 6 Conclusões cxxix viii Lista de Figuras 2.1 a) A magnetita Fe3O4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xvi 2.2 Trem que emprega o principio da levitação magnética. . . . . . . . . . . . . xvii 2.3 Experimento de Oesterd . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xvii 2.4 Evidência dos dipolos magnéticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xix 2.5 a) Evidência dos dipolos magnéticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xix 2.6 magnetização de um material diamagnético . . . . . . . . . . . . . . . . . . xxii 2.7 Grá�co da função de Langevin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xxv 2.8 magnetização de um material ferromagnético . . . . . . . . . . . . . . . . . xxvii 2.9 Dominios em um material ferromagnetico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xxviii 2.10 Magnetização espontânea, dada pela interseção entre as curvas da função de Langevin e M M0 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xxx 2.11 Curva de histerese . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xxxii 2.12 Susceptibilidade de um material antiferromagnético . . . . . . . . . . . . . . xxxiii 2.13 a) Arranjo antiferromagnético . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xxxv 2.14 a) Arranjo Ferrimagnético . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xxxviii 2.15 a) Arranjo Ferrimagnético . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xxxviii ix 2.16 a) Arranjo Ferrimagnético . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xxxix 3.1 a) Estrutura ideial da pervoskita b) Compartilhamneto de vértices nos octae- dros das perovskitas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xli 3.2 Estrutura do K2NiO4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xliii 3.3 Formação de Super-Estruturas das Perovskitas . . . . . . . . . . . . . . . . . xliv 3.4 Esboço das Transições estruturais que ocorrem com a estrutura perovskita, da esquerda para a direita temos as estruturas; Romboédrica, Monoclínica, Tetragonal e Cúbica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xlv 3.5 a) Niveis de energia eg e t2g, fonte: Magnetism in Condesed Matter . . . . . xlvi 3.6 a) Distorção nos octaedros BX6 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xlvii 3.7 Mecanismo de troca do composto MnFe2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xlviii 3.8 Mistura das funções de onda Mn com o elemento F . . . . . . . . . . . . . . xlix 3.9 Estados triplamente degenerafos T2g e duplametes degenerados eg . . . . . . l 3.10 Orbitais p do elemento oxigênio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . li 3.11 Diferentes apresentações para a perovskita ideal . . . . . . . . . . . . . . . . lii 3.12 Elementos químicos que facilmente são acomodados nas estruturas das perovs- kitas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . liii 3.13 Simetria Ortorrombica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . liv 3.14 Acoplamentos antiferromagnéticos e ferromagnéticos nos sítios de ferro [36] . lvii 3.15 Variação dos parametros a e c[31] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . lviii 3.16 Calor especí�co das perovskitas tipo La1/3Sr2/3FeO3 . . . . . . . . . . . . . lix 3.17 Grá�co da magnetização em função da temperaura das La1/3Sr2/3FeO3 . . . lx 3.18 Espectro mossbauer das LSFO[31] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . lxi 4.1 Evolução da gelatinização com o aumento da fração de microgel. . . . . . . . lxiv x 4.2 Produto �nal pelo método Sol - Gel. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . lxvii 4.3 Esquema de compactação das amostras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . lxviii 4.4 Mu�a utilizada para calcinação e sinterização . . . . . . . . . . . . . . . . . lxviii 4.5 Estrutura cristalina do NaCl mostrando o arranjo regular dos íons Na+1Cl−1. A direita cristais de NaCl, cuja a morfologia externa está relacionada ao arranjo da estrutura cristalina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . lxix 4.6 O primeiro microscópio eletrônico de varredura na Universidade de Cambridge, e a primeira imagem (amostra de alumínio atacada). . . . . . . . . . . . . . lxxiii 4.7 Diagrama esquemático dos componentes do MAV. . . . . . . . . . . . . . . . lxxiv 4.8 Diagrama esquemático do triodo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . lxxv 4.9 Varredura do feixe de elétrons. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . lxxvii 4.10 Magnetometro de amostra vibrante fabricado no LMMM . . . . . . . . . . . lxxxi 4.11 Ciclo de histerese . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . lxxxiii 4.12 Esboço do PPMS usado para as medidas de calor especí�co das LSFO. . . . lxxxvi 4.13 Esboço do PPMS usado para as medidas de calor especí�co das LSFO. . . . lxxxvii 4.14 Sonda do PPMS usado para as medidas de calor especí�co das LSFO. . . . . lxxxviii 4.15 Gabinete eletrônico do PPMS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . lxxxix 4.16 Bomba de vácuo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xc 4.17 Componentes do Puck . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xci 4.18 Puck da amostra seguido do microcalorimetro do PPMS. . . . . . . . . . . . xcii 4.19 Absorção nuclear ressonante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xciii 4.20 Absorção nuclear ressonante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xciv 4.21 Absorção nuclear ressonante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xcv 4.22 Arranjo simpli�cado do experimento mossbauer . . . . . . . . . . . . . . . . xcvi xi 5.1 Difratometria de raios-x paraLa1−xSrxFeO3 (0 ≤ x ≤ 0.5) . . . . . . . . . . c 5.2 Curvas de Histereses das amostras calcinadas (x = 0 ; 0.3 ; 0.4 e 0.5) . . . . ciii 5.3 Diagrama de fase da hexaferrita de estrôncio . . . . . . . . . . . . . . . . . . civ 5.4 Curvas de Histerese das amostras sinterizadas . . . . . . . . . . . . . . . . . cv 5.5 Curva de histerese da amostra sinterizada, x = 0 . . . . . . . . . . . . . . . . cvi 5.6 Espectro Mossbauer para a amostra x = 0.3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . cvii 5.7 Espectro Mossbauer para a amostra x = 0.4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . cviii 5.8 Amostra sinterizada x = 0.3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . cix 5.9 Amostra sinterizada x = 0.4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . cx 5.10 Espectro Mossbauer para a amostra x = 0.5 calcinada . . . . . . . . . . . . cxi 5.11 Espectro Mossbauer para a amostra x = 0.5 sinterizada . . . . . . . . . . . cxii 5.12 Resultado da fdifratometria de raios-x para a amostra La1/3Sr2/3FeO3 . . . cxv 5.13 Imagem da amostra calcinada em 800◦ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . cxvii 5.14 Imagem da amostra calcinada em 900◦ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . cxvii 5.15 Imagem da amostra calcinada em 1000◦ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . cxviii 5.16 Imagem da amostra calcinada em 1100◦ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . cxix 5.17 Imagem da amostra calcinada em 1200◦ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . cxx 5.18 Histereses das La1/3Sr2/3FeO3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . cxxi 5.19 Calor especí�co da amostra calcinada em 800◦ . . . . . . . . . . . . . . . . . cxxii 5.20 Calor especí�co da amostra calcinada em 900◦ . . . . . . . . . . . . . . . . . cxxiii 5.21 Calor especí�co da amostra calcinada em 1000◦ . . . . . . . . . . . . . . . . cxxiv 5.22 Calor especí�co da amostra calcinada em 1100◦ . . . . . . . . . . . . . . . . cxxv 5.23 Calor especí�co da amostra calcinada em 1200◦ . . . . . . . . . . . . . . . . cxxvi 5.24 Conjunto calor especí�co das La1/3Sr2/3FeO3 . . . . . . . . . . . . . . . . . cxxvii xii Capı́tulo 1 Introdução Desde tempos remotos o homem sempre buscou a compreensão do mundo e de tudo que acontecia ao seu redor. O fascínio pelo novo levou o homem ao entendimento dos fenômenos que o cercava. O conhecimento destes fenômenos proporcionou a sabedoria de alguns povos e, consequentemente, as guerras em busca de poder. Muitas maravilhas tecnológicas decorrentes desta busca pelo poder fazem parte do nosso cotidiano. Aparelhos como: Televisão, forno de micro-ondas, sensores, motores e com- putadores a cada dia que passa esses aparelhos surgem com mais novidades e capacidade de funcionamento. No entanto, todas essas evoluções que temos em mãos, não existiriam sem o conhecimento do mundo submicroscópico, o qual é muito abordado em nanociência.[1][2]. Dias de hoje a nanociência pode ser considerada como uma "supra ciência", pois tal conhecimento avança na medida em que conhecimentos de física, química, computação e biologia, aplicam seus modelos e técnicas no desenvolvimento desta nova área do conhe- cimento. O signi�cado de "nano"surge da Grécia e signi�ca anão, o qual re�ete o mundo da nanotecnologia, que engloba todo tipo de desenvolvimento tecnológico dentro da escala nanométrica, que é compreendida geralmente entre 0,1 e 100 nanômetros. Um nanômetro equivale a um bilionésimo de um metro. Nos últimos anos o estudo da produção e caracterização em materiais nanométricos 10−9 tem despertado o interesse de vários pesquisadores em áreas multidisciplinares. Neste xiii sentido, métodos de como obter materiais com essas dimensões de modo controlado tem crescido a cada ano. Dentre os métodos de obtenção de materiais nanoestruturados mais estudados, destacam-se: sol-gel, pechini, além de outros métodos químicos. Recentemente métodos envolvendo sistemas de origem biológica (biopolímero) vêm sendo estudados para obtenção de materiais nanoestruturados [1][3]. Considerando este contexto, este trabalho apresenta as perovskitas, uma grande fa- milia de óxidos metálicos. Este composto nos apresentam uma grande gama de aplicações tecnológicas, tais como: Supercondutividade de alta temperatura crítica, condutividade iõ- nica, ferroeletricidade e piezoeletricidade, termoeletricidade, magneto resistência colossal e propriedades catalíticas. As perovskitas estudadas são as ortoferritas de lantânio dopadas com estrôncio La1−xSrxFeO3−δ com (0 ≤ x ≤ 2/3). O objetivos deste trabalho, está no controle do tamanho dos grãos e sua infuluencia nas propriedades físicas do material. Nossas amostras forma confeccionadas pelo método sol-gel, devido ao seu alto grau de pureza, homo- geneidade e temperatura de processamento muito inferior comparados com outros métodos. Este trabalho está organizado da seguinte forma: O segundo capítulo faz uma pequena revisão do magnetismo e as diferentes classi�- cações dos materiais de acordo com suas propriedades magnéticas. O terceiro capítulo exibe uma revisão bibliográ�ca das perovskitas, assim como os principais resultados encontrados na literatura sobre o material. O quarto capítulo relata os detalhes experimentais para a obtenção de nossas amostras, bem como os processos de caracterização estrutural e proprie- dades físicas. O quinto capítulo é destinado a apresentação dos resultados e as discurssões. O capítulo seis apresenta as conclusões e as perperctivas futuras. xiv Capı́tulo 2 Materiais Magnéticos 2.1 Magnetismo O magnetismo é um fenômeno que desde os tempos remotos chama a atenção de todos. Desde sua descoberta, de certa forma ao acaso, começou o fascínio das propriedades curiosas apresentadas pela rocha (loadstone) ou pedra imã, uma forma natural de ocorrência da magnetite. Assim, as observações mais antigas do magnetismo foram efetuadas quando os pas- tores na região da magnésia na Ásia menor, perceberam que um tipo de rocha conhecida hoje como magnetita se atraíam e também atraíam pedaços de ferro como os pregos de suas sandálias. A magnetita, (Figura 2.1) é um óxido de ferro que possui estequiometria Fe3O4, pode ser encontrado na natureza na forma magnetizada. Os materiais que se comportam como a magnetita são chamados de imãs. A aplicação mais importante dos efeitos magnéticos, até o século XIX, foi a invenção da bússola pelos chineses sem a qual as grandes navegações e descobrimentos não teriam sido possíveis[19]. xv Figura 2.1: a) A magnetita Fe3O4 No entanto, hoje em dia, usa-se o magnetismo em diversas áreas do conhecimento humano in�uenciando a tecnologia e o nosso bem estar,(Figura2.2). Atualmente empregamos os materiais megnéticos em armazenamento de informações, motores ,auto falantes, etc. Outra área do conhecimento humano que atualmente vem usando os materiais magneticos com bastante ímpeto é a tecnologia farmacêutica, para transporte de fármacos, onde tal técnica é de bastante relevância para o tratamento de doenças[18]. Os materiais magnéticos vêm desempenhando um papel importante e vital no desen- volvimento tecnológico. Todas a substâncias sejam elas sólidas, líquidas ou gasosas mostram aluguma característica magnética em uma certa faixa de temperatura. Assim o magnetismo é uma propriedade básica de muitos materiais. xvi Figura 2.2: Trem que emprega o principio da levitação magnética. Todo esse desenvolvimento tecnológico surgiu com o estudo do magnetismo. O mag- netismo é uma propriedade cuja a natureza é de ordem elétrica, e está relacionada diretamente com o movimento de cargas. Contudo, o magnetismo era tratado de forma isolada da eletri- cidade, mas em 1820 esta ideia começou a mudar devido o experimento de Oesterd, (Figura 2.3). Figura 2.3: Experimento de Oesterd xvii Ele observou que um �o conduzindo uma corrente elétrica alterava a oriêntação natural da bússola. Essa descoberta fundamental desencadeou uma série de pesquisas, o que culminou no ramo da física o qual é denominando eletromagnetismo.No entanto, a teoria do eletromagnetismo se consolidou em meados de 1860, com o físico escocês James Clerk Maxwell. Maxwell dedicou-se a formular matematicamente as descobertas de Faraday e Ampere sobre magnetismo, conseguindo obter equações simples que permitiam descrever tanto fenômenos elétricos, magnéticos e ópticos. Assim �cou de- monstrado que a eletricidade e o magnetismo são, em essência uma representação distinta do mesmo fenômeno. As quatro famosas equações de Maxwell foram de vital importância na física atual. ∇ · D⃗ = ρ ∇× E⃗ = −∂B⃗ ∂t ∇ · B⃗ = 0 ∇× H⃗ = J⃗ + ∂D⃗ ∂t O magnetismo estava sendo cada vez mais cotado para o desenvolvimento de novas tecnologias e, devido seu constante uso. Surgiram questionamentos como: qual é a origem atômica da magnetização? O que determina o caráter mole ou duro de um imã? Como explicar a temperatura de Curie? As propriedades magnéticas dos materiais têm sua origem no átomos, pois desde tempos remotos sabe-se do seu análogo elétrico e do caráter dipolar dos materiais magnéticos, esses dipolos magnéticos podem ser considerados como pequenos imãs, com polos norte e sul. (Figura 2.4). xviii Figura 2.4: Evidência dos dipolos magnéticos Assim quantitativamente, corpos magnetizados são caracterizados por seus momen- tos de dipolo, dado por: m⃗ = M⃗V, Onde M⃗ é a magnetização e V é o volume do material. Sabe-se que dois dipolos próximos e de igual intensidade anulam seus efeitos se estive- rem alinhados anti-paralelamente e somam seus efeitos se estiverem alinhados paralelamente, (Figura2.5), assim apenas os elétrons desemparelhados é que contribuem para o magnetismo. Figura 2.5: a) Evidência dos dipolos magnéticos xix Quando um material magnético é colocado sob a in�uência de um campo externo H⃗, os momentos magnéticos atômicos individuais no material contribuem para sua resposta ao campo magnético M⃗ , a indução magnética B⃗ é descrita como: B = µ0(H⃗ + M⃗) Onde µ0 é a permeabilidade magnética no vácuo. Nesta situação o campo magnético tende a alinhar todos os momentos magnéti- cos dipolares dentro do material, quando isto ocorre,o material se encontra magnetizado. Descreve-se um material magnetizado por sua magnetização M, a qual é de�nida como o somatório de todos os momentos magnéticos por unidade de volume. M = ∑ mi V A forma padrão de estudar-mos os materiais é através da susceptibilidade magnética χ. de�nida por: M⃗ = χH⃗ Por meio da susceptibilidade magnética, conseguimos classi�car as propriedades mag- néticas dos materiais. Aqueles que exibem susceptibilidade magnética negativa χ < 0, são classi�cados como diamagnéticos, já os materiais que apresentam susceptibilidade pasitiva χ > 0 são classi�cados como paramagnéticos. A seguir falaremos dos materiais magnetica- mente ordenados nos diferentes tipos de magnetismo. xx 2.2 Tipos de magnetismo Todos os materiais apresentam algum tipo de magnetismo, mas somente com apli- cação de um campo externo é que podemos classi�cá-los quanto aos tipos de interação e de alinhamento dos seus momentos de dipolo magnéticos. Tal classi�cação se dá através do conhecimento da susceptibilidade magnética. A susceptibilidade magnética é a resposta que um certo material nos fornece quando submetido a um campo magnético externo. Os materiais magnéticos ordenados são classi�cados em 3 grupo principais: Fer- romagnéticos, antiferromagnéticos e ferrimagneticos. Este pre�xo refere-se à natureza das interações de ligação entre os dipolos dentro do material. Sabemos ainda que há mais dois tipos de magnetismo que se manifestam nos materiais. O diamagnetismo e o paramagnetismo, no entanto essas duas manifestações mag- néticas só aparecem com a presença de um campo externo. Na natureza existem materi- ais magnéticos ordenados, que não possuem magnetização espontânea são conhecidos como antiferromagnéticos, enquanto que alguns materiais apresentam magnetização espontânea , abaixo de sua temperatura de desordenamento magnético, conhecida como temperatura de Curie. São os ferromagnéticos e os ferrimagnéticos. 2.2.1 Diamagnetismo ODiamagnetismo é uma forma diferente de como o sistema responde sob a aplicação de um campo magnético externo. Ele é assim classi�cado por apresentar uma susceptibilidade negativa (χ < 0). Estas substâncias, na ausência de em campo magnético externo não possuem magnetização. O diamagnetismo é explicado pelo fenômeno da indução eletromagnética. Quando se introduz a amostra no campo magnético correntes secundárias são induzidas nos átomos. Pela lei de Lenz, estas correntes devem se induzir num sentido tal que o �uxo (campo) por elas gerado se oponha ao �uxo (campo) externo, que está. Assim é induzido um momento de dipolo magnético que aponta na direção contrária ao campo externo. xxi A magnitude dos momentos magnéticos induzidos por um campo magnético externo é extremamente pequena, e como mencionado, tem direção oposta ao campo magnético aplicado, �gura (2.6). Os gases nobres e vários metais são diamagnéticos, ex: Cu, Ag, Hg, Bi, Au, Be. A maioria dos não metais, ex: B, Si, P, S e algumas moléculas como H2, N2, etc, também apresentam esse comportamento diamagnético. Tal fato deve-se ao preenchimento completo de suas camadas eletrônicas, dessa forma não apresentando momento magnético líquido por molécula. Figura 2.6: magnetização de um material diamagnético xxii Esse mesmo argumento explica o diamagnetismo em sólidos iônicos como por exem- plo: nos Floretos (NaF), nos cloretos (NaCl e KCl), e nos brometos (NABr e KBr). O diamagnetismo em si é uma propriedade geral de todos os materiais, mas o efeito diamagnético é reduzido, quando comparado com outras formas de comportamento mag- nético (isto é, as outras formas de magnetismo sobrepõem-se ao diamagnetismo). Muitos compostos e elementos simples exibem diamagnetismo. Os materiais diamagnéticos mais comuns existentes na crosta terrestre são a gra�te, o mármore, o quartzo, os feldspatos e os evaporitos. 2.2.2 Paramagnetismo Materiais que possuem um pequeno momento magnético devido o desemparelha- mento dos elétrons são chamados de materiais paramagnéticos. A principal característica é a de possuírem uma pequena susceptibilidade positiva isto é, a magnetização induzida na substância por um campo externo tem a mesma direção do campo. O primeiro pesquisador a catalogar materiais dessa natureza foi Pierre Curie em 1895. Em suas pesquisas, concluiu que a susceptibilidade é independente da temperatura para materiais diamagnéticos e inversamente proporcional a temperatura absoluta para materiais paramagnéticos, contudo a teoria do paramegnetismo so foi explicada por Langevin em 1905. A teoria do paramagnetismo de Legivan, associa a cada átomo um momento mag- nético µ, que na ausência de um campo externo estão dispostos de forma aleatória, desta maneira, os momentos magnéticos em média se anulam resultando em uma magnetização nula. Quando aplicamos um campo todos os momentos atômicos tendem a se alinhar com o campo externo. Porem devido à agitação térmica dos átomos temos um alinhamento somente parcial e, assim uma susceptibilidade positiva. Considere um material com N átomos, cada átomo possui um momento magnético µ⃗. Quando um campo magnético é aplicado os momentos magnéticos tendem a se alinhar na direção do campo. Cada momento magnético possui uma certa quantidade de energia xxiii potencial Ep, o qual é dado por: Ep = −µ⃗H cos θ No estado de equilíbrio térmico, à temperatura T, a probabilidade de encontrar-mos um átomo com energia Ep é proporcional ao fator de Boltzmann, que é dado por: exp Ep KT Onde K é a constante de Boltzmann. Com um pouco de álgebra podemos chegar na expressão que corresponde ao alinhamento total de todos os momentos magnéticos, devido a presença do campo magnético externo, assim temos um estado completo de saturação, que é dado por: M M0 = coth(a)− 1 a Onde a é dado por: a = µH KT A função do lado direito é conhecidacomo função de Langevin L(a) xxiv Figura 2.7: Grá�co da função de Langevin No limite de altas temperaturas, temos: a < 1, L(a) = a 3 . M = nµa 3 = nµ2 3KT Assim: χv = M H = nµ2 3KT χm = χv ρ = nµ2 3ρKT Onde ρ é a densidade, n é o número de átomos por unidade de volume. O qual leva a lei de Currie, com a constante de Curie sendo: C = nµ2 3AK xxv O paramagnetismo é dominante nas substâncias cujos átomos possuem sub-camadas não completamente preenchidas. A tabela abaixo mostra a susceptibilidade magnética de alguns materiais diamagnéticos e paramgnéticos. diamagnéticos Paramagnéticos material Susceptibilidade χm material Susceptibilidade χm Oxido de Alumínio −1.81× 10−5 aluminio 2.07× 10−5 Cobre −0.96× 10−5 Cromo 3.13× 10−4 Ouro −3.44× 10−5 Cloreto de Cromo 1.51× 10−3 Mercurio −2.85× 10−5 Sulfato de Manganês 3.70× 10−3 Silicone −0.41× 10−5 Molibdênio 1.19× 10−4 Prata −2.38× 10−5 Sódio 8.48× 10−6 Cloreto de Sódio −1.41× 10−5 Titânio 1.81× 10−4 Zinco −1.56× 10−5 Zircônio 1.09× 10−4 2.2.3 Ferromagnetismo Existem alguns materiais na natureza que, mesmo na ausência campos magnéti- cos externos, possuem uma magnetização diferente de zero na temperatura ambiente, como exemplo, citamos o ferro, que possui uma magnetização espontânea até uma temperatura de 1043 K, o cobalto, que se comporta da mesma forma até 1394 K e o níquel que se mantém magnetizado até 631 K. (Vale ressaltar que a temperatura ambiente é de aproximadamente T = 300 K). Uma característica comum nestes materiais é que eles saturam ou alinham todos os seus spins com a aplicação de um pequeno campo externo, �gura 2.8. Devido a tal facilidade, é possível obter uma curva característica que nos revela in- formações importantes dos materiais ferromagnéticos, tal curva é conhecida como curva de Histerese. Com esta curva tiramos parâmetros como: Magnetização de saturação , remanên- cia e coercividade, tais parâmetros serão brevemente relatados a seguir. xxvi Figura 2.8: magnetização de um material ferromagnético Nestes materiais não se aplica a teoria do paramagnetismo de Langevin, a qual contém a lei de Curie. Materiais ferromagnéticos não obedecem esta lei, e sim seguem uma lei mais geral, na qual é denominado lei de Curie-Weiss. Na teoria de Weiss um material ferromagnético é constituído de pequenos dipolos magnéticos sujeitos a um campo magnético interno (campo molecular). Seu modelo fez um sucesso muito grande pois era capaz de explicar as transições de fase ferromagnética- paramagnética[?]. Ele ainda deduziu que em um ferromagneto existem regiões denominadas domínios, cada um desses domínios estariam magneticamente saturados, porem todos eles em direções aleatórias. Assim a magnetização como um todo é nula, o qual é ilustrado na �gura 2.9. xxvii Figura 2.9: Dominios em um material ferromagnetico Quando esses materiais �cam sob a in�uência de campos magnéticos externos ocorre o aumento do tamanho dos domínios favoravelmente orientados as custas dos demais. Isto faz com o desvio angular dos momentos magnéticos de cada domínio em relação a direção do campo externo aplicado tenda a diminuir, o resultado desse alinhamento é o aumento da magnetização. Assim materiais ferromagnéticos são caracterizados devido os spins que se alinharem paralelamente ao campo. Mesmo com o grande sucesso do seu modelo, haviam-se algumas di�culdades do ponto de vista da física clássica. Devido a isso um tratamento quântico foi introduzido. Podemos descrever as energias de um material ferromagnético sob a in�uência de um campo magnético externo pelo seguinte Hamiltoniano: Ĥ = − ∑ ij JijS⃗i · S⃗j + gµB ∑ j S⃗j ·B, onde Jij é a constante de troca entre os átomos vizinhos. O termo do lado direito da equação é a energia de troca de Heisenberg, enquanto que o segundo termo desta equação caracteriza a energia Zeeman. Neste modelo os momentos magnéticos permanentes dos ma- térias se devem ao spin eletrônico. Onde assumiremos que o sistema possui momento angular orbital nulo,isto é, L=0 e J=S. Tal Hamiltoniano pode ser melhor resolvido pela de�nição de xxviii campo molecular efetivo do n-ésimo sitio, o qual é dado pela seguinte expressão: Bmf = − 2 gµb ∑ j JijS⃗j Usando essa aproximação, nosso Hamiltoniano é expresso da seguinte forma: Ĥ = gµb ∑ i S⃗i(B⃗ + B⃗mf ). Agora tem-se um Hamiltoniano de uma partículas única, equivalente ao material paramagnético sob a in�uência de um campo magnético. Este campo molecular é tão forte que pode levar uma substância à saturação mesmo na ausência de um campo externo. Assim dizemos que a substancia é espontaneamente magnetizada. Como o campo molecular mede o efeito de ordenamento do sistema podemos assumir que: B⃗mf = λM⃗, onde λ é a constante de campo molecular. Agora poderíamos explicar por que um grande leque de materiais metálicos apresentava uma magnetização tão forte. Por outro lado, devido o efeito desalinhador das vibrações térmicas microscópicas associadas à energia interna, para cada substância ferromagnética, existe uma temperatura denominada temperatura de Curie (Tc) onde abaixo desta temperatura os materiais são ferromagnéticos e acima desta tornam-se paramagnéticos. O valor de (Tc) pode ser calculada com a ajuda da teoria de Langevin. Sabendo que: xxix a = µH KT = µB⃗mf KT = µλM KT = µλM KT M0 M0 A rasão M0 M0 é uma fração linear com uma inclinação proporcional à temperatura absoluta. O ponto de interseção entre as curvas de Langevin é da rasão M0 M0 onde obtem-se a magnetização espontânea. Figura 2.10: Magnetização espontânea, dada pela interseção entre as curvas da função de Langevin e M M0 xxx No entanto, Weiss respondeu a essa indagação a�rmando que um material ferromag- nético é constituído de regiões denominado (domínios). Cada um desses domínios estariam magneticamente saturados, porem todos eles em direções aleatórias. Assim a magnetização como um todo não aparece, o qual é ilustrado na �gura 1.8: Quando esses materiais �cam sob a in�uência de campos magnéticos externos ocorre o aumento do tamanho dos domínios favoravelmente orientados as custas dos demais. Isto faz com que o desvio angular dos momentos magnéticos de cada domínio, em relação á direção do campo externo aplicado tenda a diminuir, o resultado desse alinhamento é uma grande magnetização. Por outro lado, devido o efeito desalinhador das vibrações microscópicas associadas à energia interna, para cada substância ferromagnética, existe uma temperatura denominada temperatura de Curie (Tc) onde abaixo desta os materiais são ferromagnéticos. Materiais ferromagnéticos acima desta temperatura tornam-se paramagnéticos. Uma curva típica deste materiais é a chamada curva de histerese, tal curva experi- mental é o resultado da magnetização em função do campo magnético aplicado. Tal curva é obtida da seguinte maneira: Iniciamos com a amostra desmagnetizada, quando aplicamos um campo externo crescente H, a magnetização cresce. A magnetização dos domínios vão se alinhando, até conseguirem alinhamento total, chegando a magnetização de saturação,Ms, neste ponto a amostra está saturada. Essa Primeira curva recebe normalmente a denominação de curva de primeira magnetização ou curva virgem. Quando diminuímos a intensidade do campo H , observamos que quando a curva toca o eixo das ordenadas a magnetização do material não é nula. Isto ocorre devido a uma grande quantidade de domínios ainda permanecerem alinhados. Diz-se neste ponto que a amostra possui uma magnetização remanente. se invertemos o sinal do campo externo, esses domínios se reorientarão até que a amostra �que desmagnetizada no ponto Hc, onde a magnetização é zero. Esta propriedade, onde a magnetização é zero e o campo aplicado é diferente de zero xxxi Figura 2.11: Curva de histerese chamamos de coercividade do material. Assim o campo coercivo Hc, é o campo necessário para que a magnetização atinja o valor zero depois de magnetizada. no entanto quando continuamosa aumentar o campo negativamente, observamos que o material �ca com a magnetização na direção oposta devido a mudança de sentido do campo externo. Só que agora temos a magnetização de saturação no sentido oposto. Depois de saturado no sentido inverso ao inicial, aumentando o campo aplicado almentamos a magnetização até atingir o valor da saturação positiva, obtendo então a curva total �gura 1.9, esta curva total é denominada de curva de Histerese, a qual é muito comum em alguns materiais. xxxii 2.2.4 Antiferromagnetismo Substancias antiferromagnéticas possuem uma pequena susceptibilidade positiva a altas temperatura. No entanto esta susceptibilidade varia de maneira peculiar com a tempe- ratura �gura 2.12, com isso podemos pensar a primeira vista que os materiais antiferromag- néticos comportam-se como paramagnéticos anômalos. Figura 2.12: Susceptibilidade de um material antiferromagnético xxxiii O hamiltoniano destes materiais é muito semelhante dos materiais ferromagnéticos a grande diferença, provem do sinal do termo da constante de troca. O sinal desta constante nos informa como os spins estão alinhados, se paralelos uns aos outros ou antiparalelo em relação a cada sitio de spins. Se o valor é positivo como mencionado anteriormente, temos um arranjo de spins paralelos, caso clássico de um material ferromagnético. Caso o valor seja negativo J < 0 , temos um arranjo antiparalelo de spins, �gura 2.12, o qual denominamos antiferromagnetismo. A teoria sobre esses materiais só surgiu em 1932 com Néel. Ele aplicou a teoria de campo molecular de Weiss para explicar suas propriedades magnéticas. Na teoria de Neel o antiferromagnetismo é descrito por ter duas sub -redes com momentos magnéticos iguais, mas de sentidos opostos, assim o momento total é nulo. O campo molecular de uma sub - rede é proporcional a magnetização da outra sub- rede. Tais campos são descritos por: Bma = −λM⃗b Bmb = −λM⃗a, onde M⃗a e M⃗b são os valores das duas subredes que se alinham em direçôes contrárias. A temperatura de ordenamento magnético destes matérias é a temperatura de Néel. Acima desta temperatura os antiferromagnetos se comportam como paramagnéticos. Onde a temperatura de Neel pode ser calculada por: Tn = n | λ | B⃗mf 2 KT xxxiv Figura 2.13: a) Arranjo antiferromagnético Os compostos antiferromágeticos mais simples são os Floretos FeFe2 (Tn= 90K) e MnFe2 (Tn=75K), estes compostos apresentam uma estrutura cristalinca de corpo centrado. Outros materiais que apresentam ordenamento antiferromagnético são as perovskitas, como as: KMnF3 (Tn = 95K), KNiF3 (Tn = 275 K), RbMnF3(Tn = 82K). Na maioria dos casos os antiferros são isolantes com grandes aplicações industriais. xxxv Ferromagnetismo parasita Como exposto os materiais antiferromagnéticos apresentam uma magnetização nula devido o alinhamento de suas sub-redes. No entanto alguns materiais antiferromagnetos não se comportam como o normal. Em alguns destes quando in�uenciados por um campo externo H apresentam uma magnetização σ, que é regida pela seguinte equação: σ = σ0 + χaH Onde χa é a susceptibilidade antiferromagnética. σ0 é constante e possui um valor muito baixo. Esse comportamento ferromagnético nestes materiais pode ser explicado devido por algum defeito na rede cristalina. Uma teoria importante sobre como surge tal fenômeno nos atiferromagnetos surgiu com Dzialoshinsky - Morya . Ele notou que alguns destes sistemas possui uma forte depen- dência de suas propriedades devido a simetria do cristal. Assim ele começou a mostrar que o ferromagnetismo parasita em atiferromagnetos pode ocorrer devido o surgimento de um campo molecular não colinear entre as duas subredes ( canting ). Assim teríamos a formação de uma magnetização direcional. 2.2.5 Ferrimagnetismo Alguns compostos cerâmicos também apresentam propriedades semelhantes aos ferromagnetos, tais materias são chamados de ferrimagnetos. Os materiais ferrimagnetos apresentam em temperatura ambiente uma magnetização espontânea, devido apresentarem sub-redes de tamanhos diferentes, assim não há compensação e a magnetização resultante não é nula. Devido este fato, este tipo de composto torna-se de grande interesse industrial. Igualmente os materiais ferromagnéticos, os ferrimagnetos são constítuidos de do- mínios magneticamente saturados, assim tais materiais apresentam fenômenos como de sa- xxxvi turação e histerese magnética. Como nos compostos anteriores, os ferrimagnéticos tambem apresentam uma temperatura crítica a qual acima desta temperatura tornam-se paramagné- ticos, tal temperatura tambem é chamada de temperatura de Curie. As ferritas exibem a forma estrutural MOFe2O3 onde M é um íon metálico diva- lente, por exemplo: Mn, Ni, Fe, Co ou Mg. Ferritas dopadas com estes íons apresentam simetria cúbica, ferritas de cobalto CoOFe2O3 são duras magneticamente , dessa forma são amplamente utilizados na gravação magnética.As ferritas BaOFe2O3, SrOFe2O3 apresentam simetria hexagonal. As ferritas tornaram-se materiais magnéticos comercialmente úteis na dé cada de 30, por Snoek e seus associados, Philips Research Laboratories in the Netherlands [J. Smit and H. P. J. Wijn, Ferrites,Wiley (1959)].Muitas ferritas são encontradas em um estado impuro, como rochas e outros minériais. O estudo das ferritas é de fundamental relevancia para os geologos, pois com tal conhecimento é possivel obter informaçôes sobre o campo magnético da terra em eras geologicas passadas [20]. A magnetização resultante destes materais ocorre de forma diferente das que ja foi mostrado pelos outros compostos. É do nosso conhecimento que os ions metálicos de uma ferrita ocupam duas posições cristalogra�cas distintas. As quais chamamos de sitio A e sitio B. Neel supos que a interosação de troca entre o sitio A e o sitio B, era negativa, como ocorre em materiais antiferromagnéticos. As substâncias ferrimagnéticas possuem baixa condutividade elétrica. E as forças de intercâmbio entre seus íons metálicos ocorre através do oxigênio, por meio de uma troca indireta (super- troca ), �gura 2.12. Tal como ocorre em materiais antiferromagnéticos [20]. xxxvii Figura 2.14: a) Arranjo Ferrimagnético Figura 2.15: a) Arranjo Ferrimagnético A magnetização resultante destes materiais ocorre de forma diferente das que já foi mostrado pelos outros compostos. Sabe-se que ions metálicos de uma ferrita tipo spinnelio ocupam duas posições cristalográ�cas distintas. As quais chamamos de sitio A e sitio B. Neel supos que a interação de troca entre o sitio A e B, era negativa como ocorre em materiais antiferromagnéticos. Assim teriamos uma rede espontaneamente magnetizada em uma direção e outra magnetizada no sentido oposto. Mas a grande diferença entre os ferrimaneto e os antiferro- magneto é que no ferrimagneto o modulo de cada rede não é igual �gura 1.12, sendo assim teriamos uma quantidade de momento magnético líquido, o qual resulta em uma magnetiza- ção espontanea. xxxviii Figura 2.16: a) Arranjo Ferrimagnético Para �nalizar nosso estudo sobre as propriedades magnéticas na matéria, �nalizamos com um gra�co das susceptibilidades de alguns materiais. xxxix Capı́tulo 3 Perovskitas Desde a antiguidade o homem vem procurando por materiais que possuam uma variedade de propriedades físicas interessantes para o desenvolvimento de tecnológico. Um dos compostos que vem chamando muita atenção desde o século passado na comunidade cienti�ca é a das perovskita. A perovskita é um mineral que possui a formula estrutural ABX3, com A sendo um metal alcalino, alcalino terroso ou até mesmo uma terra rara. O B é um metal de transição, X geralmente é o oxigênio. Outro mineral que possui a mesma composição química que as perovskitas e a ilminite [41], de qualquer forma os cations A e B na estrutura perovskita são de aproximadamente do mesmo tamanho. O termo terra rara se dá devido alguns elementos químicos apresentarem uma grande di�culdade em separar-se de outrosminerais encontrados na natureza. A série das terras raras compreende desde os elementos químicos escândio (Z=21) e ítrio (Z=39) e a série do lantânio, que vai do elemento lantânio (Z=57) até o lutécio (Z=71). Um ponto importante das terras raras é que elas apresentam a camada 4f incompleta, a qual é blindada pelos elétrons das camadas 5s e 5p (externos). tal blindagem faz com que os níveis eletrônicos da camada 4f sejam levementes afetados pelo campo cristalino. Como consequência de termos uma camada semi-preenchida, as terras raras apresentam um grande numero de níveis de energia.Tais elementos apresentam xl estado de oxidação +2, +3 e +4. Os estados de oxidação +2 e +3 são semelhantes, pois os íons possuem a mesma con�guração eletrônica e sua camada incompleta é 4f. Já as que apresentam estado de oxidação 3+ possuem íons relativamente grandes, com raios de aproximadamente 1 Å, e o número de coordenação varia de 6 a 12. Na estrutura perovskita o íon A tem 12 átomos de coordenação e �ca no vértice do cubo ideal; Já o íon B(menor que o íon A) que é um metal de transição como mencionado. Estritamente falando, são elementos que tem suas camadas d e f parcialmente preenchidas em alguns dos seus estados de oxidação. Outra característica marcante destas substancias é que apresentam um alto ponto de fusão e são bons condutores de calor e eletricidade. Na estrutura perovskita o íon B possui 6 átomos de coordenação e �ca no centro do cubo; O íon X no nosso caso é o oxigênio (O) �ca na face do cubo como mostrado na �gura 3.1 Figura 3.1: a) Estrutura ideial da pervoskita b) Compartilhamneto de vértices nos octaedros das perovskitas xli A estrutura perovskita pode ser formada por �uoretos, hidretos, nitretos, titanatos (CaTiO3), zirconatos (SrZnO3) e sufetos. Todavia o nome perovskita se dá devido ao seu descobridor, o mineralogista russo Lev Aleksevich Von Perosvski (1792-1856), com a descoberta do mineral titanato de cálcio CaTiO3 encontrado na região dos montes Urais. O titanato de cálcio (TiCaO3), o qual apresenta simetria cúbica acima de 1580 K, este mineral é usado como elemento de um resistor com sensibilidade térmica, uma vez que sua estrutura eletrônica não permite existir uma quantidade de elétrons livres. No entanto tal classi�cação só se deu em 1839 com Gustav Rose (1798-1873). Pensava- se que a célula unitária da perovskita era invariavelmente cúbica a temperatura ambiente. Mas assim como o titanato de cálcio, em geral elas sofrem uma pequena distorção na estru- tura cúbica. Tais distorções nos octaedros BX6, e as mudanças na fórmula estequiométrica são os responsáveis pelas diferentes propriedades físicas nestes compostos. Muitos dos minerais encontrados na terra possuem estrutura perovskitas, estes mi- nerais são de bastante relevância para a ciência e tecnologia, uma vez que exibem diversas propriedades elétricas e magnéticas provenientes da sua estrutura cristalina. Devido a esta grande variedade estrutural e de composições químicas, estes óxidos apresentam um grande leque em suas propriedades: Dentre tais propriedades físicas podemos destacar: Supercon- dutividade de alta temperatura crítica no Ba2Y Cu3O7−δ e compostos similares, a condu- ção de íons sem condução eletrônica, ferroeletricidade e piezoeletricidade nos compostos, BaTiO3, SrBiO3, PbZrO3, dentre outros. Half-metalicidade ,termoeletricidade,magneto resistência colossal em La1−xSrxMn1−δFeδO3, propriedades catalíticas em La1−xSrxCoO3 ,multiferricidade[41]. Pode-se destacar também o uso das perovskitas na fabricação de cadinhos para cres- cimento de monocristais de supercondutores cerâmicos de alta temperatura, substrato para produção de �lmes �nos, materiais para tecnologia de lazer, aplicações espaciais, como tam- bém na área nuclear. Nos últimos anos foram também descobertas propriedades fosforescentes nestas ce- râmicas, que vão desde a região ultravioleta (3000- 4200) ou na de radiação azul, tais caracte- rísticas forma observadas no alumito de európio (EuAlO3), onde sua simetria é ortorrômbica. xlii Já as perovskitas tipo (LaCrO3) são aplicadas como interconector em células a com- bustível de eletrólitos sólidos (SOFC), estes minerais apresentam boa compatibilidade quí- mica com outros componentes, boa condutividade elétrica e estabilidade no ambiente das células de combustível, perovskitas do tipo LaFeO3, SmFeO3, LaCoO3, são bastante usa- das como sensores de gases. A tabela abaixo mostra as propriedades físicas de algumas perovskitas. Propriedades dos Óxidos perovskita[41] Propríedades composto propriedades ferromagnéticas BaTiO3, PdtiO3 Piezoeletricidade Pb(Zr, T i)O3, (Bi,Na)TiO3 Condutividade elétrica ReO3, SrFe3, LaCoO3, LaNiO3, LaCrO3 Supercondutividade La0.9Sr0.1CuO3, Y Ba2Cu3O7, HgBa2Ca2Cu2O8 Condutividade Iônica La(Ca)AIO3, CaTiO3, La(Sr)GaMgO3, BaZrO3 , SrZrO3,BaCeO3 Propriedades magnéticas LaMnO3, LaFeO3, La2NiMnO6 Propriedades catalíticas LaCoO3, LaMnO3, BaCuO3 Outro óxido bem interessante é o K2NiO4, no qual tal composto apresenta propri- edades de supercondução, a estrutura do K2NiO4 consiste de duas unidades: O KNiO3 (Perovskite) e a rocha KF, na qual é conectado numa série ao longo do eixo-c, �gura 2.2. Figura 3.2: Estrutura do K2NiO4 Nas perovskitas pode-se ter a formação de super - estruturas. Isso ocorre quando o cation do sitio B é trocado por um dopante. Um caso típico são compostos com a fórmula xliii Ba3MTa2O9, onde M pode ser: Fe, Co, Ni, Zn ou Ca. Outro interessante tipo de super - estruturas observada nas perovskitas ocorre devido a formação de vacâncias localizadas nos cátions do sítio A. Como exemplos temos: Mnb3O9 (M = La, Ce, Pr, Nb) e o MTa3O9 (M = La, Ce, Pr , Nb, Sm, Gd, Dy, Ho, Y, Er) Figura 3.3: Formação de Super-Estruturas das Perovskitas Esta variedade de propriedades físicas fazem com que as Perovskitas sejam bastante estudados na procura tanto do entendimento destes fenômenos físicos quanto de aplicações tecnológicas [41][3][4][6][10][17]. 3.1 Propriedades físicas das perovskitas Óxidos perovskitas compreendem uma grande familia entre as estruturas de com- postos óxidos, e atualmente diversas estruturas relacionada as perovskitas são reconhecidas atualmente. É do conhecimento dos cientistas que a estrutura ideal da perovskita é de sime- tria cúbica, ao passo que os íons de oxigênio organizam-se em um octaedro BO6, envolvendo cada íon do sitio B. Em todo caso poucos óxidos perovskitas possuem a estrutura cúbica ideal, muitos destes óxidos apresentam uma leve distoção na qual faz variar sua simetria.As variações na simetria da perovskita são permitidas devido à facilidade com que a estrutura comporta dife- renças nas distancias entre os átomos A-O, (dA−O) e B-O (dB−O) [41], estas distancias depen- dem da estequiometria do composto. Devido a grande gama das perovskitas que apresentam xliv distorções na estrutura cúbica ideal, temos a formação de redes romboédricas, ortorrômbicas e tetragonais. Figura 3.4: Esboço das Transições estruturais que ocorrem com a estrutura perovskita, da esquerda para a direita temos as estruturas; Romboédrica, Monoclínica, Tetragonal e Cúbica xlv Tais deformações acontecem devido a duas causas principalmente: O efeito Jahn- Teller, que é uma distorção nos octaedros BX6, tal distorção ocorre devido uma remoção na degenerescência dos orbitais d dos ions livres do sítio B, levando a dois novos conjuntos de orbitais degenerados ,(eg e t2g). Os orbitais eg são orbitais duplamente degenerados, já t2g são tripalmente degenerados �g 3.2. Figura 3.5: a) Niveis de energia eg e t2g, fonte: Magnetism in Condesed Matter xlvi Contudo, os orbitais eg, sofrem um aumento de energia devido a vizinhança, de tal forma que os iôns ligados procuram diminuir a energia total do sistema alterando as posições iniciais e provocando distorções nos octaedros BX6, �gura 3.3. Figura 3.6: a) Distorção nos octaedros BX6 xlvii Já as caracterizas magnéticas surgem devidoo surgimento do mecanismo de super- troca envolvendo elétrons das camadas 3 d do metal de transição e os orbitais p do oxigênio, sendo assim o oxigênio muito importante para o ordenamento magnético destes compostos. O enfoque teórico da supertroca, surgiu deviso a tentativa de enteder o mecanismo de troca de alguns compostos metálicos,como o:MnFe2, FeF2 e o CoF2, os quais são antifer- romagnéticos a baixa temperatura. Sua estrutura cristalina e sua con�guração de spins são indicados na �gura 2.5. Figura 3.7: Mecanismo de troca do composto MnFe2 xlviii Para este caso era difícil o entendimento de transferência de spins via troca direta, o mesmo ocorre para o caso de oxidos magnéticos. Mas em 1934, Kramers propos a seguinte explicação para estes materiais. Ele deduziu que as funções de onda do cátion ,Mn, estavam sendo fortimente misturado com as funçôes de onda do �uor,F . Com isto tal mistura permitia um acoplamento indireto com cada cátion. Figura 3.8: Mistura das funções de onda Mn com o elemento F xlix Na ilustração acima temos dois ions de Mn2+ e a intervenção do ion do F−, devido a superposição das funções de onde, um dos elétrons p do ion F− salta sobre um dos ions do Mn2+. Assim o elétron não pareado do F− entra em uma troca direta com os iôns do Mn2+. Usando o conhecimento da teoria de pertubação, nos obtemos o valor efetivo da troca entre os iôns Mn2+. sabbe-se que o sinal desta troca depende da natureza dos orbitais envol- vidos. No entanto, uma série de características gerais que evoluíram através do trabalho de Goodenough e Kanamori nos permitem predizer qualitativamente a natureza do supertroca. Em todo caso temos que quando temos uma transferência de elétrons e os cations e os anions envolvidos estão arranjados de forma ortogonal, temos uma troca de sinal positivo (Ferromagnetismo), caso contrário temos um sinal negativo (Antiferromagnetismo). Assim podemos esplicar o que ocorre nas manganitas, como exemplo podemos citar a manganita de cálcio CaMnO3 Neste composto o Mn está no estado tetravalente, Mn+4, o que signi�ca que temos 3 eletrons no subnivel d. Os eletrons do subnivel d, são extremamente afetados pelo campo cristalino. O efeito deste campo sobre um dos elétrons do orbital d degenerado, e de dividir este estado em novo estado triplamente degenerados, T2g e um duplamente degenerado eg �gura 2.8. Figura 3.9: Estados triplamente degenerafos T2g e duplametes degenerados eg l Para este caso a supertorca envolve os eletrons p do O2−, �gura(). Figura 3.10: Orbitais p do elemento oxigênio li A estabilidade da estrutura perovskita pode ser quanti�cada devido o fator de tole- rância que é dado pela expressão: t = (dA−O)√ 2(dB−O) Figura 3.11: Diferentes apresentações para a perovskita ideal lii Uma estrutura puramente cúbica é obtida se t=1. Na pratica, Goldschimdt mostrou que a estrutura cúbica é estável no intervalo de (0.8 ≤ t ≤ 0.9). E para valores maiores apresenta distorções. Tokura mostrou que para 0.96 ≤ t ≤ 1 uma estrutura romboédrica é estabelecida, enquanto que para t ≤ 0.96, a estrutura torna-se ortorrômbica. Sabemos que a estabiidade e o grupo cristalino são principalmente determinadas pela ralação entre os cations A e B, a estrutura depende não somente do tamanho dos cations mas também da natureza dos átomos. Um exemplo a se citar é o caso do composto AMnO3. A �gura abaixo mostra os elementos químicos que facilmente são acomodados nas estruturas das perovskitas, aqui observamos que quase todos os elementos fazem parte, exceto os gases nobres podem ocupar os cada posição dos sitos A e B. Figura 3.12: Elementos químicos que facilmente são acomodados nas estruturas das perovs- kitas 3.2 Propriedades elétricas e de transporte das perovski- tas tipo La1−xSrxFeO3 Já Perovskitas tipo La1−xSrxFeO3−δ foi primeiro estudado por Waugh na década de 60, ele observou mudanças estruturais à medida que mudava o valor de x. Sabemos que este composto possui simetria ortorrombica, �gura 3.3, e que apresenta propriedades elétricas e magnéticas bem especi�cas. liii Figura 3.13: Simetria Ortorrombica Estes sistemas são caracterizados pela mistura de Valencia dos íons metálicos, que são responsáveis pela condutividade eletrônica, a mistura de Valencia nos íons dos metais de transição ocorre devido a inclusão do íon divalente Sr no sitio trivalente do La. Como relatado as propriedades elétricas e magnéticas das perovskitas varia à medida que mudamos a con�guração estrutural. Assim tal modi�cação estrutural e química dos sítios e a concentração de defeitos são elementos fundamentais para o controle das propriedades fundamentais destes compostos. Como mencionado anteriormente as perovskitas possuem estrutura do tipo ABO3, onde o cátion A neste composto é um íon trivalente, aqui sendo o La. Uma das rami�cações das perovskitas devido a defeitos na estrutura são os óxidos com con�guração (A,X)BO3−δ o qual tem recebido renovada atenção devido suas propriedades físicas. Neste composto observamos que existe uma modi�cação química nos sítios A devido a inclusão de elementos de íons divalente, como o Ba, Ca, Sr dentre outros em sítios trivalentes de La. Outra maneira de criarmos defeitos na composição é criando vacâncias de oxigênio [11][12]. Devido à inclusão do estrôncio Sr na estrutura observamos uma diminuição no vo- liv lume da célula unitária, a�rmando que tal substituição de íons acarreta em uma contração estrutural. Mesmo o raio iônico do Sr2+ sendo maior que o raio do La3+ (Sr= 127 Pm; La= 122 Pm). Tal substituição de íons provoca um aumento na covalencia entre os íons de ferro e oxigênio e leva a uma diminuição no comprimento de ligação Fe-O devido à formação de íons 4+. Nestes sistemas observam-se mudanças nas estruturas cristalinas para diferentes va- lores de x. No intervalo de (0 ≤ x ≤ 1) e (1 ≤ δ ≤ 0, 5), foi veri�cado 3 diferentes regiões cristalográ�cas. Uma ortorrômbica para (0 ≤ x ≤ 0, 2), romboédrica para (0, 4 ≤ x ≤ 0, 7) e cúbica para (0, 8 ≤ x ≤ 1). O composto La1−xSrxFeO3−δ com x=1 torna-se a SrFeO3. Onde tal oxido é me- tálico com ordenamento antiferromagnético em torno de 134 k. A ferrita de estrôncio, como assim é conhecida, possui uma estrutura cúbica em temperatura ambiente, a qual tal estru- tura permanece assim ate aproximadamente 4.2 k. Aqui neste composto para se haver o equilíbrio de cargas, o ferro é composto pelo estado de Valencia 4+. Já para x=0 temos: LaFeO3, conhecida como a ferrita de lantânio. Esta ortoferrita possui estrutura similar a do LaNiO3 em outras palavras é um romboedro distorcido[31], para se haver esquilíbrio de cagas, os íons de ferro deste composto passuem o estado de valencia 3+. Este oxido é isolante e antiferromagnético com temperatura de Néel próximo a 740 k e exibe um fraco ferromagnetismo devido o pequeno canting dos momentos atômicos do ferro. Os primeiros indícios da identi�cação de uma linha de Fe4+ em perovskitas ocorreu, devido a medidas de espectroscopia mossobauer em amostras de SrFeO2,84. Nesta amos- tra foi encontrado um singleto na temperatura de aproximadamente 300 K, junto com um deslocamento isomérico de −0, 171mm/s Devido a resposta do deslocamento isomérico e campo hiper�no, os íons de Fe4+ localizam-se apenas no sítio octaedro, enquanto que os íons Fe3+ ocorre tanto nos sítios octaedros como também nos tetraédricos. Nas amostras perovskitas La1−xSrxFeO3−δ com x > 0, 4 veri�cou-se que que a quantidade de Fe4+ diminui devido a perda de oxigênio, ocorrendo o sue máximo (40%) em torno de x = 0, 5. lv Nas amostras La1−xSrxFeO3−δ tratadas aoO−2, indicaram um comportamento para- magnético, isso ocorre devido a temperatura de ordenamento magnético ter um valor bastante próximo da temperatura ambiente. A falta de oxigênio obtida a partir das áreas relativas do espectro dos íons Fe3+, Fe4+ é quase nula. No entanto até então não havia nem um indicio de presença de íon Fe5+. 3.3 perovskitas tipo La1/3Sr2/3FeO3Compostos perovskitas do tipo Re1−xAxBO3−δ, sendo Re uma terra rara, A pode ser Ba,Ca ou Sr, e B pode ser Fe, Mn, Co ou Ni são de considerada importância devido suas propriedades magnéticas electrónicas e catalíticas, dependendo de sua composição elas apre- sentam uma variedade magnética e elétrica, incluindo ferromagnetismo, antiferromagnetismo e ordenamento de cargas . Entre estes o estado de ordenamento de carga tem sido encontrado em LSFO com x=2/3. As amostras perovskitas tipo La1/3Sr2/3FeO3, formam um novo sistema de perovski- tas com propriedades bastante interessantes.Como já se tinha mencionado a troca ou dopagem nos sítios dos portadores de cargas leva a distorções na rede Cristalográ�ca, resultando em fenómenos surpreendentes. Um desse fenómenos que podemos destacar é o estado de ordena- mento de cargas[29][30]. Tal conhecimento do estado de ordenamento de cargas é sem dúvida uma das questões mais importantes no presente estudos da magnetoresistencial colossal em manganitas [29]. Ate agora tem sido extensivamente reconhecido que o estado de ordenamento de carga é causado devido o acoplamento ou competição entre a carga, spin, rede e órbita. Para as ferritas perovskitas com o Fe tendo uma Valência de +4(d+4), o ordenamento de cargas é acompanhado frequentemente do estado de antiferromagnetrismo e de uma desproporção de cargas: 2Fe+4 → Fe+3 + Fe+5, na qual possuem uma temperatura de transição de aproximadamente 200K. Estas amostras foram extensivamente estudadas experimentalmente em termos de foto-emissão, espectroscopia mossbauer, ,microscopia eletrônica de transmissão, medidas óp- lvi ticas, técnicas ultrassonicas, etc. Takano et al, foi o primeiro a revelar, usando medias mossobauer que nesses sistemas tinha-mos dois tipos diferentes de Fe: (Fe3+ : Fe5+ = 2 : 1), [32][33][34][35][36][37].O estado de desproporção de cargas foi con�rmado por medidas de di- fração de neutrons, Battle et al[31] onde temos Fe5+Fe3+Fe3+Fe5+Fe3+Fe3+ ao longo do corpo diagonal. Onde os momentos magnéticos são 3, 6mmb para o Fe3+ 2, 7mb para o Fe5+ a 50 K. O ordenamento de cargas é normalmente interpretado como a separação de uma carga estado em dois estados diferentes como: 2dn = dn−1 + dn+1, onde n é um numero inteiro. Takano et al propôs um estado de oxidação do ferro não inteiros destes materiais como: Fe+ = Fe4−λ + Fe4+λ. Recentemente, Matsuno et al?? sugeriu que a desproporção de cargas pode ser corretamente descrito como: 2d5L → d5L2 + d5, onde L é a vacância no oxigênio na banda 2p. Nestes compostos as interaçôes de supertroca entre os íons de ferro ocorrem da seguinte maneira: entre os íons Fe3+−Fe3+ temos um acoplamento tipo antiferromagnético (AFM), e entre os íons Fe3+−Fe5+ do tipo ferromagnético (FM), como ilustrado na �gura abaixo: Figura 3.14: Acoplamentos antiferromagnéticos e ferromagnéticos nos sítios de ferro [36] lvii JF McQueeney et al. A�rmou que o estado de ordenamento de cargas nas La1/3Sr2/3FeO3 é determinados pela a relação entre os acoplamentos antiferro JAF e Ferromagnéticos JF, tais acoplamentos forma analisados pelos resultados da técnica de espalhamento de nêutrons. Desde que a distorção na rede afeta os acoplamentos JAF e JF, assim consideramos que tal distorção é responsável pelo enfraquecimento no estado de ordenamento de cargas nas amostras[39]. Nestas amostras também foram executas medidas de difração de raios-x, medidas de calor especíco e magnetização. Nas medidas de difração de raios-x os picos se indexaram melhor no grupo R3c e simetria Hexagonal,com os seguintes parâmetros a = 5, 477 e c = 13, 397 na temperatura ambiente. Contudo é observado que tais parâmetros permanecem quase que inalterados a temperaturas inferiores a temperatura crítica do material Tn. No entanto algumas �utuações nestes valores é observado próximo a 200 K, o que corresponde a desproporção de cargas e ordenamento magnético. Acima de Tn esses parâ- metros aumentam quase que linearmente, �gura(). Assim é observado que os parâmetros de rede permanecem quase que constantes até uma inferior a 180K e uma �utuação nos valores próximo a 200K. Outro fator relevante é que o ângulo da ligação Fe-O-Fe, diminui com a diminuição da temperatura[31]. Figura 3.15: Variação dos parametros a e c[31] lviii Medidas de calor especí�co feitas nestas amostras, mostram um pico em torno da temperatura de ordenamento de cargas [24]. Figura 3.16: Calor especí�co das perovskitas tipo La1/3Sr2/3FeO3 lix Nas perovskitas sabemos que sua magnetização depende intimamente do tamanho do cristalitos, as amostras perovskitas tipo La1/3Sr2/3FeO3 são antiferromagnéticas a abaixo de Tn e paramagnéticas acima desta temperatura crítica. Muitos estudos experimentais apontam que dependendo do tamanho das partículas, pode levar a o aparecimento de uma fase ferromagnética fraca, o qual é atribuído ao ordenamento de cargas. Outra característica marcante do surgimento do ordenamento de cargas nestes com- postos, é uma mudança abrupta no grá�co da magnetização em função da temperatura. Nestas amostras em geral observamos um pico em cima da temperatura de transição. Figura 3.17: Grá�co da magnetização em função da temperaura das La1/3Sr2/3FeO3 lx Os espectros mossbauer acima de 200 K são formados por duas linhas simples, o que indica que a amostra é paramagnética acima da temperatura crítica, essas linhas indicam a presença de sítios de Fe3+ e Fe4+, a quantidade de Fe4+ diminui com o decréscimo da temperatura em cerca de 60%. . A desproporção de cargas aparece abaixo de 200 K, onde Fe3+ e Fe4+, e Fe5+ coexistem. Figura 3.18: Espectro mossbauer das LSFO[31] lxi Capı́tulo 4 Procedimento experimental 4.1 O método sol-gel 4.1.1 Hístorico Durante séculos o processo de fabricação de cerâmicas, vidros e muitos outros com- ponentes se deram através de reações de fusão de matérias primas naturais. No entanto devido à perspicácia de muitos cientistas ouve um aprimoramento na produção de tais ma- teriais, assim ocorrendo um re�namento das técnicas para preparo de materiais sintéticos de alta pureza. Contudo materiais produzidos pela técnica sol-gel só vieram a aparecer na metade do século XIX com os conhecimentos de Ebelmen e Graham sobre géis de base sílica. Ebel- men observou que um composto preparado a partir do SiCl4 e álcool, o tetraetilortosilicato Si(OC2H5)4, quando exposto a atmosfera ambiente lentamente se convertia em gel. Tal efeito ocorre devido à reação de hidrólise provocada pela presença da água no ar, mas infeliz- mente tal processo não tivera tanta relevância na comunidade cienti�ca devido à existência de fraturas no material e ao longo tempo de secagem, fazendo com que apenas químicos se interessassem por tal método. Por volta de 1864 Graham demonstrou que a água existente nos géis podia ser trocada lxii por solventes orgânicos e de acordo com seus conhecimentos o gel era constituído de uma rede rígida com poros comunicantes. No entanto o interesse pelo o processo se intensi�cou logo após a segunda grande guerra mundial com sua utilização para o processo de fabricação de pastilhas nucleares, com o objetivo de se eliminar o máximo de espaços vazios dentro dos materiais, mas somente por volta de 1939 que tal método começou a ser tomado em escala industrial.[1] 4.1.2 Procedimento e suas vantagens O método sol-gel consiste em um processo de polimerização através da mistura de nitratos, possibilitando o desenvolvimento de novos materiais com propriedades bastante especi�cas. Tal processo produz óxidos mistos cujas estruturas apresentam uma constituição tridimensional dos constituintes, resultando em materiais do tipo pó, este método torna- se bastante e�caz devido à possibilidade do controle do tamanho das partículas, estrutura cristalina e da porosidade. Por este motivo os materiais fabricados por este método possuem alta pureza, ho- mogeneidade e temperaturas de processamento inferiores quando comparados com outros métodosde obtenção destes matérias.Tais fatores são de relevante importância, pois in�uen- ciam nas propriedades: ópticas, magnéticas ,catalíticas e mecânicas do produto �nal. Assim o método sol-gel consiste numa transição do sistema "sol"para o sistema "gel". O sistema sol é de�nido como uma dispersão de partículas coloidais em um liquido. Tais partículas estão compreendidas entre 1 e 100 nanômetros, já o termo gel e� de�nido como um sistema formado por uma rede rígida de partículas coloidais ou cadeias poliméricas. Tais modi�cações estruturais serão agora ilustradas na �gura 1. Inicialmente o sis- tema apresenta partículas coloidais dispersas na água, resultado da polimerização (�gura 1a), contudo essas partículas se ligam formando cadeias rami�cadas e tridimensionais (�guras 1b e 1c) denominadas micro-gel. Com o passar do tempo essas regiões crescem até pulularem metade do volume total (�gura 1d) nessa situação a viscosidade tende ao in�nito, assim o sistema atinge o ponto de gel e passa a se comportar como �uido estático. A partir do ponto lxiii de gel a cadeias estruturais crescem conjuntamente (�gura 1e), formando uma rede continua por todo sistema (�gura 1f). Assim temos: mistura de nitratos, geli�cação.[1] [2] [3] Figura 4.1: Evolução da gelatinização com o aumento da fração de microgel. lxiv 4.1.3 O Material utilizado Para o bom resultado do método sol-gel, é preciso que o material utilizado esteja em perfeitas condições de uso e bem esterilizado, assim evitando contaminação das amostras que serão produzidas. Agora listaremos o material utilizado para a produção das perovskitas tipo La1−xSrxFeO3−σ a seguir: • Um recipiente ou reservatório para a adição de água destilada ou deionizada (Becker). • Água destilada ou deionizada. • Uma balança de precisão para a medição das massas dos nitratos. • Os respectivos nitratos. • Espátulas. • Pipetas. • Um agitador magnético com variação de temperatura. Para as nossas amostras (perovskitas) La1−xSrxFeO3−σ foram utilizados os seguintes nitratos: 1. Nitrato de lantânio → La(NO3)3.6H2O 2. Nitrato de estrôncio → Sr(NO3)2 3. Nitrato de ferro III → Fe(NO3)3.9H2O No entanto para o método sol-gel �car completo também se usa o etileno glicol (HO.CH2.CH2.OH) e ácido cítrico (H3C6H5O7.H2O), referentes a 50 de mol em excesso. Toda série das pe- rovskitas La1−xSrxFeO3−σ foi produzida no laboratorio de materiais magneticos (LMM) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte(UFRN), foram calculados em proporções es- tequiométricas. O método por completo será detalhado a seguir de acordo com as seguintes etapas:[3] [4] lxv 1. Com a ajuda de uma balança de precisão tipo MARK SÉRIE M foram pesados os respectivos nitratos. 2. Dissolução dos nitratos: com o uso de um Becker graduado utilizou-se 300 ml de água destilada. 3. Para a dissolução dos nitratos seguimos a seguinte ordem: • Primeiro o nitrato de lantânio → La(NO3)3.6H2O • Segundo o nitrato de estrôncio → Sr(NO3)2 • Terceiro o nitrato de ferro III → Fe(NO3)3.9H2O 4. Com o auxilio de uma espátula adiciona-se ao Becker o ácido cítrico com 50 5. Com a ajuda de uma pipeta medem-se a quantidade de etileno glicol e depois se adiciona a solução, em todo caso usou-se 50 6. Deixa-se a solução no agitador magnético na temperatura de 90o C num intervalo de tempo de 30 minutos até termos uma solução uniforme. 7. Aumento gradativo da temperatura a �m de acelerar a o processo de polimerização e exaustão dos nitratos. 8. Depois da digestão dos nitratos temos uma formação de um gel, o qual deixamos mais um tempo sob secagem até termos o nosso produto �nal (�gura 4.2). 9. Por �m retira-se a pasta do Becker com a ajuda de uma espátula para os devidos tratamentos térmicos. lxvi Figura 4.2: Produto �nal pelo método Sol - Gel. 4.1.4 Tratamento térmico Todavia a conclusão do método sol gel se dá com o tratamento térmico, tal pro- cesso é efetuado a �m de eliminar-mos toda a matéria orgânica restante na amostra, como também sabermos a qual temperatura a fase (perovskita) desejada se encontra. Contudo para podermos iniciar o tratamento, antes nossas amostras são maceradas com o intuito de uniformizar-mos o tamanho dos grãos, tal maceramento é efetuado em um almofariz. Logo depois do maceramento as amostras são levadas a uma mu�a modelo LT0212 e assim calcinadas a temperatura controlada. A calcinação das perovskitas tipo La1−xSrxFeO3−σ ocorreu a diferentes tempera- turas: 800, 900, 1000, 1100, 1200o C por 2 horas cada. Depois deste tratamento térmico a amostra calcinada a 800o C por 2h foi compactada em forma de pastilha com aproxima- damente 10 mm de largura por 0.5 mm de espessura em uma matriz metálica cilíndrica. A prensagem da pastilha ocorreu em uma prensa hidráulica modelo: MARCON (MPH-45) o pó dentro das punções superior e inferior fora submetido a 3 toneladas de pressão por 2 min no qual é ilustrado na �gura 4.3. Logo a seguir a pastilha foi levada novamente a mu�a, �gura 4.4 para mais um tratamento térmico, por mais 6 horas a 1200o C, esse novo tratamento tem por interesse consolidar o produto cerâmico durante a queima, o qual chamamos esse novo processo térmico de sinterização. lxvii Figura 4.3: Esquema de compactação das amostras Figura 4.4: Mu�a utilizada para calcinação e sinterização lxviii As reações de sinterização ocorrem quando a temperatura aplicada ao sistema alcança a faixa entre a metade e dois terços da temperatura de fusão do material, está energia é su�ciente para causar difusão atômica no estado solido e escoamento viscoso quando uma fase liquida está presente. 4.1.5 Difratometria de raios -x No intuito de podermos investigar a constituição das amostras produzidas bem como sabermos se estamos no caminho certo na produção das perovskitas, temos em nossas mãos uma poderosa técnica para tal tarefa. A difratometria de raios-x é a melhor opção para a determinação estrutural, cristalina de um solido. Esta técnica é de fundamental importância para o estudo da matéria condensada, pois permite a investigação do arranjo ordenado dos sólidos, parâmetros de rede, defeitos estruturais, simetria cristalina, distancia interplanares etc. tal técnica basea-se no principio que os cristais são formados por átomos ordenados de forma periódica em três dimensões, �gura 3.[1] [2] [3] Figura 4.5: Estrutura cristalina do NaCl mostrando o arranjo regular dos íons Na+1Cl−1. A direita cristais de NaCl, cuja a morfologia externa está relacionada ao arranjo da estrutura cristalina lxix Quando o comprimento de onda de uma onda eletromagnética é comensurável com as dimensões atômicas da rede, pode-se veri�car que as relações de fase entre os espalhamentos tornam-se periódicas e que efeitos de difração dos raios-x podem ser observados em vários ângulos.Considerando-se dois ou mais planos de uma estrutura cristalina, se a diferença entre os caminhos ópticos for um numero inteiro (n) de comprimento de onda (λ), haverá uma superposição construtiva (um feixe de raios-x será observado); caso contrário haverá superposição destrutiva. Isto pode ser descrito matematicamente segundo a lei de Bragg:[1][5] 2d sinΘ = nλ Onde é a distancia interplanar, Θ é o ângulo de incidência do feixe de luz com o plano, n é um numero inteiro e λ é o comprimento de onda. No entanto as análises dos nossos materiais foram feitos em pós cristalinos sobre porta amostras de vidro neutro, utilizando-se de um difratômetro Shimadzu XRD-6000, operando com fonte radioativa com linha de emissão do cobre CuKα = 1.5400, obtida por d.d.p de 40 Kv e corrente de �lamento de 30 mA. O detector foi variado de 20oa80o e velocidade de 2o por minuto.Tais medidas foram feitas nas dependências do núcleo de pesquisas de petróleo e gás natural (NUPEG) na Universidade Federal do Rio Grande do Norte.[1][3][5][6] 4.1.6 O re�namento O próximo passo a ser dado na investigação estrutural de um composto é o re�na- mento, tal técnica permite a determinação de parâmetros muito