Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DO TRAIRI PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA REABILITAÇÃO DENISE RODRIGUES DA SILVA EFEITO DA CRIOTERAPIA NA PROPRIOCEPÇÃO DOS MÚSCULOS DO ASSOALHO PÉLVICO EM MULHERES COM INCONTINÊNCIA URINÁRIA DE ESFORÇO: ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO CONTROLADO SANTA CRUZ/RN 2020 DENISE RODRIGUES DA SILVA EFEITO DA CRIOTERAPIA NA PROPRIOCEPÇÃO DOS MÚSCULOS DO ASSOALHO PÉLVICO EM MULHERES COM INCONTINÊNCIA URINÁRIA DE ESFORÇO: ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO CONTROLADO Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Ciências da Reabilitação da Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de mestre em Ciências da Reabilitação. Área de concentração: Ciências da Reabilitação. Orientadora:Prof.ª Drª. Grasiéla Nascimento Correia SANTA CRUZ/ RN 2020 2 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial da Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi - FACISA Silva, Denise Rodrigues da. Efeito da crioterapia na propriocepção dos músculos do assoalho pélvico em mulheres com incontinência urinária de esforço: ensaio clínico randomizado controlado / Denise Rodrigues da Silva. - 2020. 81 f.: il. Dissertação (Mestrado em Ciências da Reabilitação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi. Santa Cruz, RN, 2020. Orientadora: Grasiéla Nascimento Correia. 1. Assoalho pélvico - Dissertação. 2. Incontinência urinária de esforço - Dissertação. 3. Propriocepção - Dissertação. 4. Crioterapia - Dissertação. 5. Satisfação do paciente - Dissertação. I. Correia, Grasiéla Nascimento. II. Título. RN/UF/FACISA CDU 615.8-055.2 Elaborado por Joyanne de Souza Medeiros - CRB-15/533 3 DENISE RODRIGUES DA SILVA EFEITO DA CRIOTERAPIA NA PROPRIOCEPÇÃO DOS MÚSCULOS DO ASSOALHO PÉLVICO EM MULHERES COM INCONTINÊNCIA URINÁRIA DE ESFORÇO: ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO CONTROLADO Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Ciências da Reabilitação da Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de mestre em Ciências da Reabilitação. Área de concentração: Ciências da reabilitação. BANCA EXAMINADORA Presidente da banca (Orientadora): Prof.ª Dr.ª Grasiéla Nascimento Correia Universidade Federal do Rio Grande do Norte Prof.ª Dr.ª Adriana Gomes Magalhaes Examinador interno - Universidade Federal do Rio Grande do Norte Prof.ª Dr.ª Patrícia Driusso Examinador Externo - Universidade Federal de São Carlos 4 AGRADECIMENTOS Sou grata Deus por sua infinita misericórdia, por não ter permitido que eu desistisse de mim. Agradeço aos meus pais, meu irmão e meus avós paternos por todo apoio. Eu quero ser motivo de orgulho para vocês. Agradeço a Alisson, que esteve do meu lado desde a seleção até o trabalho final. Você literalmente segurou na minha mão enquanto eu escrevia as linhas dessa dissertação, esteve comigo durante muitas crises de ansiedade… Eu não tenho palavras para expressar minha gratidão. Agradeço aos meus amigos, vocês foram o alívio cômico da minha vida, sempre conto com vocês para achar graça mesmo nas piores situações. Eu quero agradecer a professora Grasiéla, pela orientação e pela paciência. A Ana Isabele por ter me acolhido e me ajudado durante o início das coletas. Eu fui muito abençoada por ter você como colega de mestrado. Agradeço a Jaine, Cynthia, Ana Beatriz e Kátia, por estarem comigo nas coletas, mesmo nos horários mais difíceis sempre tinha alguma de vocês para me socorrer. Por fim, agradeço a todas as mulheres que participaram desta pesquisa. Eu aprendi muito com cada uma, não só como profissional, mas principalmente como ser humano e como mulher. 5 RESUMO Introdução: Algumas mulheres com incontinência urinária (IU) são incapazes de contrair corretamente os músculos do assoalho pélvico (MAP), sendo necessário o uso de intervenções proprioceptivas. A crioterapia é um recurso acessível e de baixo custo, capaz de proporcionar o resfriamento local, no entanto não há estudos que avaliem se existem efeito na propriocepção dos MAP. Objetivo: Comparar o efeito entre crioterapia e manometria na contração voluntária máxima dos MAP, analisar a variação de temperatura do centro tendíneo (CT) após a aplicação de ambas intervenções e comparar o nível de satisfação das participante após a aplicação destes métodos. Materiais e métodos: Ensaio clínico randomizado controlado, com 33 participantes de idade superior à 35 anos que apresentam queixa de IUE. As participantes realizaram anamnese, incluindo dados sociodemográficos, uro- ginecológicos e obstétricos, em seguida, foi aplicado o incontinence severity index questionnaire (ISI-Q). Na avaliação física foi realizado o teste absorvente de uma hora, avaliação da contração voluntária máxima dos MAP por meio da manometria e avaliação da função dos MAP com o esquema PERFECT. Após 48 horas da avaliação as participante foram randomizadas: 17 participantes iniciaram a intervenção no Grupo Crioterapia (GC) e após 48 horas fizeram parte do Grupo Manometria (GM); 16 participantes iniciaram no grupo manometria (GM) e após 48 horas foram submetidas a intervenção no GC. A temperatura foi avaliada no CT por meio do Termômetro LASER Digital Infravermelho GM320 nos seguintes momentos: antes da aplicação das intervenções, imediatamente após as intervenções e no 1º, 2º e 5º minutos após. Depois da aferição da temperatura o avaliador inicial era convocado para realizar a reavaliação da capacidade da contração voluntária máxima dos MAP, manometria e satisfação com o tratamento. Análise estatística: O poder da amostra foi calculado usando Gpower software version 3.1.9.2, para a amostra de 33 indivíduos em cada grupo foi detectado um poder de 64%. Foi utilizado o teste de Wilcoxon para a análise intragrupo e o teste de Mann-Whitney em análises intergrupo. O nível de significância adotado foi de 5%. Resultados: GC apresentou um aumento em todas as etapas do PERFECT e na 2ª medida da manometria após a intervenção (p=0,032). No GM houve um aumento significativo na etapa power do PERFECT (p=0,023) e na 1ª medida da manometria (p=0,015), no entanto não houve diferença significativa na análise intergrupo. Quanto a satisfação o GC e GM não demonstraram diferenças significativas (p=0,3083), o GC apresentou diminuição da temperatura imediatamente após a aplicação e no 1º, 2º e 5º minutos pós- intervenção (p=0,0001). Conclusão: O GC apresentou melhora da contração voluntária máxima dos MAP, contudo esta intervenção não apresentou resultados melhores quando comparado com a manometria. Os níveis de satisfação após intervenção se mostram similares, demonstrando que diminuição da temperatura durante a crioterapia não influenciou na satisfação das pacientes. Palavras chaves: assoalho pélvico, Crioterapia, incontinência urinária de esforço, propriocepção, fisioterapia, satisfação do paciente. 7 ABSTRACT Introduction: Some women with urinary incontinence (UI) are unable to correctly contract the pelvic lining (PFM) muscles properly, requiring the use of proprioceptive measures. Cryotherapy is an accessible and low-cost resource capable of providing muscletremors, however, there are studies that assess whether the body's thermoregulatory response helps in the proprioception of MAP. Objective: Compare the effect between cryotherapy and manometry in the maximum voluntary contraction of PFM, analyze the temperature variation of the tendon center (TC) after the application of both interventions and compare the level of satisfaction of the volunteers after the application of these methods. Materials and methods: Randomized controlled clinical trial, with 33 participants older than 35 years, with SUI complaint. The participants performed anamnesis, including sociodemographic, uro- gynecological and obstetric data, then the incontinence severity index questionnaire (ISI-Q) was applied. In the physical evaluation, the one-hour absorbing test was performed, assessment of the maximum voluntary contraction of the PFMs through manometry and assessment of the function of the PFMs with the PERFECT scheme. After 48 hours of the evaluation, the volunteers were randomized: 17 volunteers started the intervention in the Cryotherapy Group (CG) and after 48 hours they were part of the Manometry Group (MG); 16 volunteers started in the manometry group (MG) and after 48 hours they underwent intervention in the CG. The temperature was assessed in the TC using the Digital Infrared LASER Thermometer GM320 in the following moments: before the application of the intervention, immediately after the interventions and in the 1st, 2nd and 5th minutes after. Then measuring the temperature, the initial evaluator was invited to reassess the capacity of the maximum voluntary contraction of MAP, manometry and satisfaction with the treatment. Statistical analysis: The power of the sample was calculated using Gpower software version 3.1.9.2, for the sample of 33 individuals in each group, a power of 64% was detected. The Wilcoxon test was used for intragroup analysis and the Mann-Whitney test for intergroup analysis. The level of significance adopted was 5%. Results: CG showed an increase in all stages of PERFECT and in the 2nd measurement of manometry after the intervention (p=0.032). In the GM there was a significant increase in the PERFECT power stage (p=0.023) and in the 1st manometry measure (p=0.015), however there was no significant difference in the intergroup analysis. As for satisfaction, the CG and GM did not show significant differences (p = 0.3083), and the GC showed a decrease in temperature immediately after application and on the 1st, 2nd and 5th minutes after intervention (p=0.0001). Conclusion: The CG showed improvement in the function and pressure of MAP contraction, however this intervention did not present better results when compared with manometry. Satisfaction levels after intervention are similar, demonstrating that a decrease in temperature 8 during cryotherapy did not influence patient satisfaction. Keywords: pelvic floor, cryotherapy, stress urinary incontinence, proprioception, physiotherapy, patient satisfaction. 9 LISTA DE ILUSTRAÇÕES ARTIGO 1: Figura 1: Gelo em formato cilíndrico recoberto com gaze e preservativo masculino para aplicação crioterápica na cavidade vaginal. ............................................................................. 37 Figura 2: fluxograma da amostra selecionada, incluída e analisada após intervenção. .......... 39 ARTIGO 2: Figura 1: Gelo em formato cilíndrico recoberto com gaze e preservativo masculinho para aplicação crioterápica na cavidade vaginal . ............................................................................ 54 Figura 2: Esquema da avaliação das temperaturas antes e após a aplicação da intervenção no GC e GM. ................................................................................................................................. 54 Figura 3: fluxograma da amostra selecionada, incluída e analisada após intervenção. .......... 56 10 LISTA DE TABELAS ARTIGO 1: Tabela 1: Características demográficas, antropométricas, obstétricas, ginecológicas e urológicas (n=33)...................................................................................................................... 40 Tabela 2: Análises intragrupo e intergrupo segundo o esquema PERFECT de avaliação funcional subjetiva do assoalho pélvico e Manometria da amostra selecionada, incluída e analisada após intervenção ....................................................................................................... 41 ARTIGO 2: Tabela 1: Características sociodemográficas, obstétricas, ginecológicas e geniturinárias das participantes (n=33) .................................................................................................................. 57 Tabela 2: Avaliação da temperatura do Centro Tendíneo pré-tratamento e pós-tratamento nos grupos Crioterapia e Manômetro .............................................................................................. 58 Tabela 3: Avaliação do grau de concordância das participantes com os tratamentos segundo a escala Likert (n=33). ................................................................................................................. 59 10 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS IU Incontinência Urinária IUE Incontinência Urinária de Esforço MAP Musculatura do Assoalho Pélvico TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ISI-Q Incontinence Severity Index Questionnaire GC Grupo Crioterapia GM Grupo Manometria IMC Índice de Massa Corporal TRPV1 Receptores vanilóides de potencial transitório 1 NPL Neurônios parabraquiais laterais SNS Sistema nervoso simpático TAM Tecido adiposo Marrom ATP Adenosina trifosfato TRPM8 Receptor de potencial melastatina do subtipo 8 CVM Contração voluntária máxima CT Cnetro tendíneo 12 Sumário 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 14 2. REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................ 16 2.1 INCONTINÊNCIA URINÁRIA DE ESFORÇO ................................................. 16 2.1.1 Fisiologia da continência urinária ......................................................... 16 2.1.2 Mecanismos da incontinência urinária de esforço ................................ 17 2.2 TRATAMENTO DA INCONTINÊNCIA URINÁRIA DE ESFORÇO .............. 17 2.3 TERMORREGULAÇÃO ..................................................................................... 19 2.4 CRIOTERAPIA .................................................................................................... 20 3. OBJETIVOS .......................................................................................................... 21 3.1 OBJETIVO PRIMÁRIO ....................................................................................... 21 3.2 OBJETIVO SECUNDÁRIO ................................................................................ 21 REFERÊNCIAS ...................................................................................... …………..22 ARTIGO 1 ................................................................................................................... 33 4.1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 34 4.2. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................... 34 4.2.1 Avaliação ................................................................................................ 35 4.2.2 Intervenção ..................................................................................................... 36 4.2.3 Reavaliação .................................................................................................... 38 4.2.4 Análise Estatística.......................................................................................... 38 4.3 RESULTADOS ....................................................................................................... 38 4.4 DISCUSSÃO ........................................................................................................... 42 4.5 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 45 REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 46 ARTIGO 2 ................................................................................................................... 50 5.1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 51 5.2. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................... 52 5.2.1 Avaliação inicial ............................................................................................ 52 13 5.2.2 Intervenção ..................................................................................................... 53 5.2.3 Avaliação ........................................................................................................ 55 5.2.4 Análise estatística ........................................................................................... 55 5.3 RESULTADOS ...................................................................................................... 56 5.4 DISCUSSÃO ........................................................................................................... 60 5.5 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 62 REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 63 APÊNDICES ................................................................................................................. 67 ANEXOS ....................................................................................................................... 78 14 1. INTRODUÇÃO A incontinência urinária (IU) é caracterizada como uma perda involuntária de urina (1), comumente em mulheres apresenta prevalência de 25 a 40% (2), porém esses números podem ser maiores devido a subnotificação(3). Entre as classificações da IU destaca-se a incontinência urinária de esforço (IUE) que é responsável por 10 a 39% das queixas de IU (4) e é definida como a perda involuntária de urina por consequência do aumento da pressão intra-abdominal que excede a pressão do fechamento da uretra em situações de tosse, espirro ou atividades físicas(5). Dois mecanismos podem atuar isolada ou conjuntamente para o aparecimento da IUE: A hipermobilidade uretral e a fraqueza na musculatura do esfíncter urinário(6). O aparecimento destes mecanismos estariam associados à alterações em estruturas de suporte(7) comprometendo a continência urinária, pois a pressão do esfíncter uretral e a coaptação da mucosa que oclui o lúmen da uretra também atuam para evitar perda involuntária de urina (8). Por se tratar de uma sintoma que afeta não só o aspecto físico, mas também a qualidade de vida (9,10) e vida sexual (11), diversos tratamentos conservadores foram propostos baseados no treinamento da musculatura do assoalho pélvico(12), seja com a utilização de métodos invasivos como cones vaginais(13) ou programas de exercícios não invasivos para realização em casa(14), no entanto, para que estas intervenções apresentem sucesso é necessário que as mulheres tenham consciência e saibam realizar a contração correta dos MAP. Contudo, estudos mostram que 30% a 45% das mulheres são incapazes de contrair os MAP, mesmo com instrução, e acabam utilizando os músculos adutores, reto abdominal, oblíquo interno e externo quando pretendem contrair os MAP, indicando a falta de coordenação motora (15,16, 17). Por isso, intervenções com estímulos proprioceptivos passaram a ser usadas com objetivo de estimular a contração voluntária dos MAP como os cones vaginais (13), estimulação magnética (18,19), eletroestimulação (20), manometria(21) e estímulo vibratório(22), que mostram resultados positivos, porém estas modalidades de intervenção necessitam de equipamentos específicos de alto custo e esterilização, tornando-as onerosas para as pacientes e de difícil acesso em determinadas regiões. 15 Dentre os métodos utilizados por fisioterapeutas a crioterapia destaca-se por ser um método de baixo custo(23), fácil aplicação, que proporciona efeito analgésico(24), vasoconstrição local e consequente diminuição da hiperemia(25), sendo utilizada na fisioterapia pélvica apenas para analgesia perineal no puerpério(26). De acordo com Peier et al (2002)(27), com a diminuição da temperatura a hipotermia promove a ativação de termorreceptores cutâneos sensíveis ao frio. Em resposta a diminuição da temperatura o corpo humano inicia mecanismos para conservação de calor (28,29), com ativação de fibras nervosas simpáticas levando a vasoconstrição cutânea(30) e o aumento da atividade metabólica através da estimulação de neurônios pré-motores somáticos que desencadeiam tremores musculares(31). 16 2. REVISÃO DA LITERATURA 2.1 INCONTINÊNCIA URINÁRIA DE ESFORÇO A incontinência urinária (IU) é definida com o perda não intencional de urina, sendo a incontinência urinária de esforço (IUE) a perda involuntária durante o esforço físico, espirro ou tosse (4). Apesar das taxas de prevalência absoluta variarem, estima-se que 25% a 45% de todas as mulheres adultas apresentam IU, sendo a IUE responsável por aproximadamente metade de todas as incontinências urinárias(32). Entre os fatores associados a IUE estão a predisposição genética para IU(33), a via de parto(34,35), sendo o risco do aparecimento da IUE a longo prazo duas vezes maior em partos vaginais(36), a obesidade, pois o aumento da pressão intra-abdominal sobrecarrega o assoalho pélvico e contribui para o desenvolvimento de IUE (37), a menopausa, com a queda dos níveis hormonais(31), a prática de exercícios e esportes de alto impacto (38). Além do aspecto físico a IUE impacta negativamente as condições psicossociais da população feminina, visto que entre 50%-68% das mulheres com incontinência sofrem de disfunção sexual(10,39), afeta também a qualidade de vida (QV)(40), contribui para o aparecimento de transtornos mentais, como ansiedade e depressão(41,42) e distúrbios do sono(43). Ocorrem também prejuízos econômicos, com a compra de absorventes(44) e produtos específicos para IU(45). 2.1.1 Fisiologia da continência urinária A bexiga, a uretra e os esfíncteres urinários trabalham em conjunto para armazenar a urina. O músculo detrusor e o esfíncter uretral interno são predominantemente músculos lisos, enquanto o esfíncter uretral externo e os MAP são formados por músculos estriados(46). O sistema nervoso simpático predomina durante a fase de armazenamento, estimulando os receptores beta-adrenérgicos dentro da parede vesical e inibindo a atividade parassimpática, enquanto estimula os receptores alfa-adrenérgicos presentes no colo vesical e uretral proximal levando a constricção e aumento da pressão da uretra(47). Durante a fase de armazenamento ocorre a distensão vesical que ativa os nervos aferentes da região, concomitantemente ocorre a inibição reflexa da bexiga através do nervo hipogástrico e ativação dos nervos motores somáticos que suprem o músculo estriado do esfíncter externo da uretra, surgindo dos 17 motoneurônios de S2-S4, realizando a contração do esfíncter externo(48,49). Outro fator que contribui para a manutenção da continência é a vascularização saudável da mucosa e submucosa uretral, permitindoa “coaptação” da parede uretral(50). Para que as estruturas funcionem com eficácia uma rede de apoio é formada sob a uretra e o colo vesical. Essa camada de suporte consiste na parede vaginal anterior e no tecido conjuntivo que a liga os ossos pélvicos através da porção pubovaginal do músculo elevador do ânus e dos ligamentos úterossacro e cardinais que compõem o arco tendíneo da fáscia pélvica. Em repouso, o elevador do ânus atua para manter o hiato urogenital fechado em face da pressão hidrostática devido a gravidade e leve pressurização abdominal (7,17, 50). 2.1.2 Mecanismos da incontinência urinária de esforço A fraqueza do esfíncter urinário e hipermobilidade uretral são considerados os dois mecanismos que explicam o surgimento da IUE(51). A contração tônica dos músculos intrínsecos pode ser afetada em casos de trauma direto no músculo, repetidas cirurgias uroginecológicas, presença de doença neurológica ou que levem a atrofia muscular, trauma na região da medula espinhal sacral ou nervo pudendo e o processo de envelhecimento(8). Enquanto a hipermobilidade uretral surge com alterações que afetem a localização anatômica normal da uretra em repouso ou durante um aumento da pressão intra-abdominal, como lesão no ligamento pubo-uretral, deficiência na fáscia endopélvica associada à descida da porção proximal da uretra, redução da transmissão direta da pressão intra-abdominal e danos no elevador do ânus, permitindo a descida da base da bexiga e colocando em risco diversos aspectos dos mecanismos de continência(17). 2.2 TRATAMENTO CONSERVADOR NA INCONTINÊNCIA URINÁRIA DE ESFORÇO De acordo com as diretrizes da associação de urologia de 2017 o treinamento da musculatura do assoalho pélvico (TMAP) é recomendado como tratamento de primeira linha para a IU(52). Segundo Cacciari et al (2019), os protocolos de TMAP se mostram eficazes na diminuição dos episódios de perda urinária, embora o conhecimento sobre seus efeitos a longo prazo sejam limitados devido à escassez de estudos(53). Em revisão recente realizada sobre os exercícios de fortalecimento da musculatura do assoalho pélvico foi demonstrado que independente do protocolo houve diminuição da perda urinária em mulheres que sofrem IUE 18 além do aumento de força, resistência e coordenação muscular(54). Contudo, estudos mostram que 30% a 45% das mulheres são incapazes de contrair os MAP, mesmo com instrução, e acabam utilizando os músculos reto abdominal, obliquo interno, externo, glúteos e adutores, indicando a falta de coordenação motora (15,16,17,55). Técnicas e instrumentos específicos podem ser utilizados para ativação dos MAP com o objetivo de facilitar o ensino da contração voluntária(15,56). Mateus-Vasconcelos et al (2017), observou que a palpação vaginal associada a inclinação pélvica posterior foi a intervenção mais eficaz para facilitar a contração dos MAP, por potencializar o estímulo na região(57). O uso do biofeedback também está cada vez mais popular no tratamento da IU (58, 59), podendo ser realizado de forma verbal pelo fisioterapeuta(17) ou com o uso de dispositivos como eletromiografia(60) e manometria(61). A estimulação elétrica é bem estabelecida como tratamento complementar para IU(52), descrita pela primeira vez em 1963 por Caldwell(62). A aplicação da estimulação elétrica pode ser realizada de forma invasiva ou não invasiva(63). Sendo um tratamento passivo que induz a contração muscular, pois o fluxo da corrente elétrica gera ativação e consequente contração dos MAP(64). Estudos realizados com a aplicação da estimulação elétrica invasiva e de superfície demonstraram que ambas aumentaram a força da contração voluntária máxima dos MAP, porém a eletroestimulação superficial se destaca por oferecer menos riscos(20,65). A estimulação magnética também é uma abordagem conservadora que atua por meio da estimulação passiva e não invasiva do assoalho pélvico(66). Tem sido usada como uma opção não cirúrgica para IUE desde 1998(67), devido a sua segurança estabelecida, contrações automáticas, nenhum desconforto e fácil administração(19). O mecanismo proposto é aumentar a força e a resistência dos MAP por meio de contrações repetitivas. Em metanálise publicada por He et al (2019) a estimulação magnética se mostrou uma modalidade terapêutica eficaz na redução dos sintomas de IU e melhor QV, no entanto ensaios clínicos randomizados de maior rigor metodológico e com maior período de acompanhamento são necessários(68). 19 2.3 TERMORREGULAÇÃO Termorreceptores cutâneos fazem sinapses em populações distintas de neurônios do corno dorsal somatossensorial na medula espinhal e no núcleo do trigêmeo espinhal que respondem a alterações de temperatura(31). Estes neurônios enviam informações para o tálamo e para os neurônios parabraquiais laterais (NPL), que são fundamentais por transmitirem glutamatergicamente os sinais termossensoriais cutâneos fornecendo sinalização térmica aferente para percepção, localização e discriminação das temperaturas da pele(69). No NPL os neurônios responsáveis pelas respostas ao frio são encontrados predominantemente na lateral externa e sua ativação glutamatérgica é necessária para respostas de defesa ao frio(70,71). As informações do NPL são enviadas diretamente para o centro de comando termorregulatório, a área pré-óptica, na porção anterior do hipotálamo, onde a integração das informações é realizada (72), enquanto a região dorsomedial, localizada na área posterior do hipotálamo, inicia as respostas termoefetores. Assim, os mecanismos de vasoconstrição, tremor, termogênese do tecido adiposo marrom e piloereção são ativados durante a diminuição da temperatura corporal (73,74). O centro termorregulador hipotalâmico em baixas temperaturas ativa o sistema nervoso simpático (SNS)(75,76,77). Assim, ocorre a liberação de noradrenalina que ao se ligar a receptores α1-adrenérgicos na vasculatura cutânea provocam a vasoconstrição, então o sangue é desviado para regiões centrais do corpo, diminuindo a transferência de calor para o meio ambiente(29,78). Como resposta ao aumento da descarga simpática ocorre também a ativação da musculatura lisa que se encontra na base dos pelos, estes ficam eretos após a contração muscular, assim a piloereção cria uma camada isolante ao redor do corpo para conservação do calor(79). A inervação simpática do tecido adiposo também é responsável por desencadear a termogênese do tecido adiposo marrom (TAM) em resposta ao frio, pois os receptores β- adrenérgicos no TAM ativam a lipólise intracelular(80,81), contribuindo para a resposta metabólica a exposição aguda ao frio(82). O tremores da musculatura esquelética são iniciadas no hipotálamo e mediados pelo córtex motor somático em resposta ao frio, se apresentando como contrações musculares involuntárias, rápidas e repetidas(83). A produção de calor se dá pela ineficiência da utilização da Adenosina Trifosfato (ATP), pois o ATP é hidrolisado, mas nenhum trabalho é realizado durante a contração e, portanto, a energia produzida é liberada como calor(84). 20 2.4 CRIOTERAPIA A crioterapia é um método de simples aplicação(85) e baixo custo(86), podendo ser usado em diversos contextos como em mialgias(87), tratamentos dentários(88), cirurgias ortopédicas(89,90), terapias para o câncer(91), melhora de performance em atletas(92), no pós parto(25,93), entre outros(94, 95), suas formas de aplicação também se mostram heterogêneas(96). Entre os seus efeitos mais conhecidos se destacam sua resposta analgésica(97) e anti- inflamatória(98). A diminuição da temperatura leva a redução do fluxo sanguíneo através da vasoconstrição(77, 99), redução da quantidade de líquido na região e diminuição da demanda metabólica(100). Além disso, a diminuição do metabolismo neuronal e a atividade da bomba de sódio e potássio reduz a velocidadede condução nervosa, aumentando o limiar de excitabilidade de neurônios sensoriais no local da aplicação(101). A crioterapia possui seus efeitos analgésicos bem documentados na literatura, no entanto pouco se sabe se a resposta termorreguladora do organismo, o tremor muscular, pode contribuir para a melhora da propriocepção dos MAP. 21 3. OBJETIVOS 3.1 OBJETIVO PRIMÁRIO Avaliar a propriocepção dos músculos do assoalho pélvico em mulheres com IUE após uma intervenção crioterápica. 3.2 OBJETIVOS SECUNDÁRIOS Avaliar nível de satisfação em mulheres com IUE após a realização de intervenções proprioceptivas com uso da crioterapia e da manometria. Verificar a variação de temperatura do centro tendíneo após a aplicação da crioterapia e manometria. 22 REFERÊNCIAS 1. Abrams P, Abrams P, Blaivas JG, Stanton S AJ. The standardisation of terminology of lower urinary tract function. The International Continence Society Committee on Standardisation of Terminology. Scand J Urol Nephrol Suppl. 1998;1(14):5–19. 2. Milsom I, Gyhagen M. The prevalence of urinary incontinence. Climacteric. 2019;22(3):217–22. 3. Lukacz ES, Santiago-Lastra Y, Albo ME, Brubaker L. Urinary incontinence in women a review. JAMA - J Am Med Assoc. 2017;318(16):1592–604. 4. Haylen BT, De Ridder D, Freeman RM, Swift SE, Berghmans B, Lee J, et al. An International Urogynecological Association (IUGA)/International Continence Society (ICS) joint report on the terminology for female pelvic floor dysfunction. Int Urogynecol J. 2010;21(1):5–26. 5. Milsom I, Altman D, Cartwright R, Lapitan MC, Nelson R S. Epidemiology of urinary incontinence (UI) and other lower urinary tract symptoms (LUTS), pelvic organ prolapse (POP) and anal incontinence. Abrams P, Cardozo L, Saad K, Wein A, editors. 5th International Consultation on Incontinence. Recommendations of the International Scientific Committee: evaluation and treatment of urinary incontinence, pelvic organ prolapse and faecal incontinence. Paris; 2012. 35–113 p. 6. Aoki Y, Brown HW, Brubaker L, Cornu JN, Daly JO, Cartwright R. Urinary incontinence in women. Nat Rev Dis Prim. 2017;3. 7. DeLancey JOL. Structural support of the urethra as it relates to stress urinary incontinence: The hammock hypothesis. Am J Obstet Gynecol. 1994;170(6):1713–23. 8. Hillary CJ, Osman N, Chapple C. Considerations in the modern management of stress urinary incontinence resulting from intrinsic sphincter deficiency. World J Urol. 2015;33(9):1251–6. 9. Bilgic D, Beji NK. How do urinary incontinence types affect sexual function and quality of life for Turkish women ? Low Urin Tract Symptoms. 2020;(January):1–7. 10. Caruso S, Brescia R, Matarazzo MG, Giunta G, Rapisarda AMC, Cianci A. Effects of 23 Urinary Incontinence Subtypes on Women’s Sexual Function and Quality of Life. Urology. 2017;108:59–64. 11. Mota RL. Female urinary incontinence and sexuality. Int Braz J Urol. 2017;43(1):20–8. 12. Teixeira C, Vasconcelos M, Karina A, Pinheiro B. Artigo Original Protocolo para tratamento de prolapso de órgãos Protocol for pelvic organ prolapse treatment with vaginal pessaries. 2018;31(6):585–92. 13. Wu YM, Welk B. Revisiting current treatment options for stress urinary incontinence and pelvic organ prolapse: A contemporary literature review. Res Reports Urol. 2019;11:179–88. 14. Loohuis AMM, Wessels NJ, Jellema P, Vermeulen KM, Slieker-ten Hove MC, van Gemert-Pijnen JEWC, et al. The impact of a mobile application-based treatment for urinary incontinence in adult women: Design of a mixed-methods randomized controlled trial in a primary care setting. Neurourol Urodyn. 2018;37(7):2167–76. 15. Vieira GF, Saltiel F, Miranda-Gazzola APG, Kirkwood RN, Figueiredo EM. Pelvic floor muscle function in women with and without urinary incontinence: are strength and endurance the only relevant functions? a cross-sectional study. Physiother (United Kingdom) [Internet]. 2020; Available from: https://doi.org/10.1016/j.physio.2019.12.006 16. Thompson JA, O’Sullivan PB, Briffa NK, Neumann P. Altered muscle activation patterns in symptomatic women during pelvic floor muscle contraction and valsalva manouevre. Neurourol Urodyn. 2006;25(3):268–76. 17. Bo, K., Berghmans, B., Morkved, S., & Van Kampen M. Evidence-based physical therapy for the pelvic floor: Bridging science and clinical practice. 2nd ed. Vol. 20, Physical Therapy in Sport. Elsevier Health Sciences; 2014. 446 p. 18. Lim R, Liong ML, Leong WS, Karim Khan NA, Yuen KH. Pulsed Magnetic Stimulation for Stress Urinary Incontinence: 1-Year Followup Results. J Urol. 2017;197(5):1302–8. 19. Yamanishi T, Suzuki T, Sato R, Kaga K, Kaga M, Fuse M. Effects of magnetic stimulation on urodynamic stress incontinence refractory to pelvic floor muscle training in a randomized sham-controlled study. LUTS Low Urin Tract Symptoms. 2019;11(1):61–5. 24 20. Dmochowski R, Lynch CM, Efros M, Cardozo L. External electrical stimulation compared with intravaginal electrical stimulation for the treatment of stress urinary incontinence in women: A randomized controlled noninferiority trial. Neurourol Urodyn. 2019;38(7):1834–43. 21. Schrader EP, Frare JC, Comparin KA, Diamante C, De Araújo BG, Danielli C, et al. Eficácia do método Pilates e do biofeedback manométrico em mulheres na menopausa com incontinência urinária. Semin Ciências Biológicas e da Saúde. 2017;38(1):61. 22. Rodrigues MP, Barbosa LJF, Paiva LL, Mallmann S, Sanches PRS, Ferreira CF, et al. Effect of intravaginal vibratory versus electric stimulation on the pelvic floor muscles: A randomized clinical trial. Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol X [Internet]. 2019;3:100022. Available from: https://doi.org/10.1016/j.eurox.2019.100022 23. Chumkam A, Pongrojpaw D, Chanthasenanont A, Pattaraarchachai J, Bhamarapravatana K, Suwannarurk K. Cryotherapy Reduced Postoperative Pain in Gynecologic Surgery: A Randomized Controlled Trial. Pain Res Treat. 2019;2019. 24. Mutlu S, Yılmaz E. The Effect of Soft Tissue Injury Cold Application Duration on Symptoms, Edema, Joint Mobility, and Patient Satisfaction: A Randomized Controlled Trial. J Emerg Nurs. 2020;(I):1–11. 25. Patel K, Bakshi N, Freehill MT, Awan TM. Whole-Body Cryotherapy in Sports Medicine. Curr Sports Med Rep. 2019;18(4):136–40. 26. Gonçalves A, Parreira V. A eficácia da crioterapia no períneo para alívio da dor no pós- Parto. Atas - Investig Qual em Educ. 2019;2:1655–64. 27. Peier AM, Moqrich A, Hergarden AC, Reeve AJ, Andersson DA, Story GM, et al. A TRP channel that senses cold stimuli and menthol. Cell. 2002;108(5):705–15. 28. Malanga GA, Yan N, Stark J. Mechanisms and efficacy of heat and cold therapies for musculoskeletal injury. Postgrad Med. 2015;127(1):57–65. 29. Tan CL, Knight ZA. Regulation of Body Temperature by the Nervous System. Neuron. 2018;98(1):31–48. 30. Castellani JW, Young AJ. Human physiological responses to cold exposure: Acute responses and acclimatization to prolonged exposure. Auton Neurosci Basic Clin. 2016;196(February):63–74. 25 31. Nakamura K. Afferent pathways for autonomic and shivering thermoeffectors [Internet]. 1st ed. Vol. 156, Handbook of Clinical Neurology. Elsevier B.V.; 2018. 263–279 p. Available from: http://dx.doi.org/10.1016/B978-0-444-63912-7.00016-3 32. Abrams P, Cardozo L, Wagg A WA, editor. Incontinence 6th Edition (2017) [Internet]. 6th ed. ICI-ICS. International Continence Society. Bristol UK; 2017. 1–141 p. Available from: https://www.ics.org/publications/ici_6/Incontinence_6th_Edition_2017_eBook_v2.pdf 33. Calleja-Agius J, Brincat MP. The urogenital system and the menopause. Climacteric. 2015;18:18–22. 34. Blomquist JL, Muñoz A, Carroll M, Handa VL. Association of Delivery Mode with Pelvic Floor Disorders after Childbirth. JAMA - J Am Med Assoc. 2018;320(23):2438–35. De Araujo CC, Coelho SA, Stahlschmidt P, Juliato CRT. Does vaginal delivery cause more damage to the pelvic floor than cesarean section as determined by 3D ultrasound evaluation? A systematic review. Int Urogynecol J. 2018;29(5):639–45. 36. Tähtinen RM, Cartwright R, Tsui JF, Aaltonen RL, Aoki Y, Cárdenas JL, et al. Long- term Impact of Mode of Delivery on Stress Urinary Incontinence and Urgency Urinary Incontinence: A Systematic Review and Meta-analysis. Eur Urol. 2016;70(1):148–58. 37. Fuselier A, Hanberry J, Margaret Lovin J, Gomelsky A. Obesity and Stress Urinary Incontinence: Impact on Pathophysiology and Treatment. Curr Urol Rep. 2018;19(1). 38. Chisholm L, Delpe S, Priest T, Reynolds WS. Physical Activity and Stress Incontinence in Women. Curr Bladder Dysfunct Rep. 2019;14(3):174–9. 39. Vitale SG, La Rosa VL, Rapisarda AMC, Laganà AS. Sexual life in women with stress urinary incontinence. Oman Med J. 2017;32(2):174–5. 40. Steibliene V, Aniuliene R, Aniulis P, Raskauskiene N, Adomaitiene V. Affective symptoms and health-related quality of life among women with stress urinary incontinence: cross-sectional study. Neuropsychiatr Dis Treat. 2020;16:535–44. 41. Tyrała-Seweryn K, Seweryn M, Krysta K. Analysis of urinary incontinence and depression among young women. Psychiatr Danub. 2017;29:S565–7. 42. Felde G, Ebbesen SH, Hunskaar S. Anxiety and Depression Associated With Urinary http://dx.doi.org/10.1016/B978-0-444-63912-7.00016-3 http://www.ics.org/publications/ici_6/Incontinence_6th_Edition_2017_eBook_v2.pdf http://www.ics.org/publications/ici_6/Incontinence_6th_Edition_2017_eBook_v2.pdf 26 Incontinence. A 10-year Follow-Up Study From the Norwegian HUNT study (EPINCONT). Neurourol Urodyn. 2015;(July):1–7. 43. Freitas JP, Silvestri MPI, Fernandes CE, Oliveira E de. Evaluation of quality of sleep in women with stress urinary incontinence before and after surgical correction. Einstein (Sao Paulo). 2018;16(2):eAO4205. 44. Miget G, Moutounaick M, Kervinio F, Teng M, Chesnel C, Charlanes A, et al. Absorbent products for urinary incontinence management. Prog en Urol [Internet]. 2018;28(17):953–61. Available from: https://doi.org/10.1016/j.purol.2018.08.017 45. Yamasato K, Kaneshiro B, Oyama IA. A simulation comparing the cost-effectiveness of adult incontinence products. J Wound, Ostomy Cont Nurs. 2014;41(5):467–72. 46. Bø K, Larsen S. Pelvic floor muscle exercise for the treatment of female stress urinary incontinence: Classification and characterization of responders. Neurourol Urodyn. 1992;11(5):497–507. 47. Yoshimura WCDGN. Anatomy and physiology of the lower urinary tract. In: Neurology ofSexual and Bladder Disorders [Internet]. 1st ed. Elsevier B.V.; 2015. p. 331–5. Available from: http://dx.doi.org/10.1016/B978-0-444-63247-0.00005-5 48. Neuro-urologia:manual para prática clínica. 1st ed. Journal of Chemical Information and Modeling. Rio de janeiro, Brasil: Sociedade brasileira de urologia; 2017. 49. Wallner C, Maas CP, Dabhoiwala NF, Lamers WH, DeRuiter MC. Evidence for the innervation of the puborectalis muscle by the levator ani nerve. Neurogastroenterol Motil. 2006;18(12):1121–2. 50. Eickmeyer SM. Anatomy and Physiology of the Pelvic Floor. Phys Med Rehabil Clin N Am [Internet]. 2017;28(3):455–60. Available from: http://dx.doi.org/10.1016/j.pmr.2017.03.003 51. Aoki Y, Brown HW, Brubaker L, Cornu JN, Daly JO, et al. Urinary incontinence in women. Nat Rev Dis Prim. 2017;(2):49–52. 52. Burkhard FC. Bosch JLHR, Cruz F, Gel AK, Nambiar NT. EAU Guidelines on Urinary Incontinence. In: Presented at: EAU Annual Congress London. Arnhem, The Netherlands: EAU Guidelines Office; 2017. p. 147–74. http://dx.doi.org/10.1016/B978-0-444-63247-0.00005-5 http://dx.doi.org/10.1016/j.pmr.2017.03.003 27 53. Cacciari LP, Dumoulin C, Hay-Smith EJ. Pelvic floor muscle training versus no treatment, or inactive control treatments, for urinary incontinence in women: a cochrane systematic review abridged republication. Braz J Phys Ther. 2019; 23(2):93-107. doi: 10.1016/j.bjpt.2019.01.002. 54. García-Sánchez E, Ávila-Gandía V, López-Román J, Martínez-Rodríguez A, Rubio- Arias J. What pelvic floor muscle training load is optimal in minimizing urine loss in women with stress urinary incontinence? A systematic review and meta-analysis. Int J Environ Res Public Health. 2019;16(22):1–15. 55. Talasz H, Himmer-Perschak G, Marth E, Fischer-Colbrie J, Hoefner E, Lechleitner M. Evaluation of pelvic floor muscle function in a random group of adult women in Austria. Int Urogynecol J. 2008;19(1):131–5. 56. Mazur-Bialy AI, Kołomańska-Bogucka D, Nowakowski C, Tim S. Urinary Incontinence in Women: Modern Methods of Physiotherapy as a Support for Surgical Treatment or Independent Therapy. J Clin Med. 2020;9(4):1211. 57. Mateus-Vasconcelos ECL, Brito LGO, Driusso P, Silva TD, Antônio FI, Ferreira CHJ. Effects of three interventions in facilitating voluntary pelvic floor muscle contraction in women: a randomized controlled trial. Brazilian J Phys Ther [Internet]. 2018;22(5):391– 9. Available from: https://doi.org/10.1016/j.bjpt.2017.12.006 58. Kopańska M, Torices S, Czech J, Koziara W. Urinary incontinence in women: biofeedback as an innovative treatment method. Ther Adv Urol Rev. 2020;2:1–12. 59. Faiena I, Patel N, Parihar JS, Calabrese M, Tunuguntla H, Robert R. Conservative Management of Urinary Incontinence in Women. Rev Urol. 2015;17(3):129–39. 60. Liu YJ, Wu WY, Hsiao SM, Ting SWH, Hsu HP, Huang CM. Efficacy of pelvic floor training with surface electromyography feedback for female stress urinary incontinence. Int J Nurs Pract. 2018;24(6):1–8. 61. Markland, AD, Jelovsek JE, Whitehead WE, Newman DK, Andy UU, Dyer, et al. Improving Biofeedback for the Treatment of Fecal Incontinence in Women: Implementation of a Standardized Multi-site Manometric Biofeedback Protocol. Neurogastroenterol Motil [Internet]. 2017;29(1):1–15. 62. Caldwell KPS. the Electrical Control of Sphincter Incompetence. Lancet. 28 1963;282(7300):174–5. 63. Maher RM, Hayes DM. How Do Pelvic Floor Muscle Contractions Elicited by 2 Different Delivery Methods of Neuromuscular Electrical Stimulation Compare With Volitional Contractions in Supine and Standing in Nulliparous Continent Women? J Womenʼs Heal Phys Ther. 2018;42(2):87–93. 64. Allon EF. The role of neuromuscular electrical stimulation in the rehabilitation of the pelvic floor muscles. Br J Nurs. 2019;28(15):968–74. 65. Correia GN, Pereira VS, Hirakawa HS, Driusso P. Effects of surface and intravaginal electrical stimulation in the treatment of women with stress urinary incontinence: Randomized controlled trial. Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol. 2014;173(1):113–8. 66. Lim R, Liong ML, Leong WS, Khan NAK, Yuen KH. Magnetic stimulation for stress urinary incontinence: Study protocol for a randomized controlled trial. Trials [Internet]. 2015;16(1):1–11. Available from: http://dx.doi.org/10.1186/s13063-015-0803-1 67. Galloway NTM, El-Galley RES, Sand PK, Appell RA, Russell HW, Carlan SJ. Extracorporeal magnetic innervation therapy for stress urinary incontinence. Urology. 2019;53(6):1108–11. 68. He Q, Xiao K, Peng L, Lai J, Li H, Luo D, et al. An Effective Meta-analysis of Magnetic Stimulation Therapy for Urinary Incontinence. Sci Rep [Internet]. 2019;9(1):1–10. Available from: http://dx.doi.org/10.1038/s41598-019-45330-9 69. Yahiro T, Kataoka N, Nakamura Y, Nakamura K. The lateral parabrachial nucleus, but not the thalamus, mediates thermosensory pathways for behavioural thermoregulation. Sci Rep. 2017;7(1):1–10. 70. Nakamura K, Morrison SF. Preoptic mechanism for cold-defensive responses to skin cooling. J Physiol. 2008;586(10):2611–20. 71. Geerling JC, Kim M, Mahoney CE, Abbott SBG, Agostinelli LJ, Garfield AS, et al. Genetic identity of thermosensory relay neuronsin the lateral parabrachial nucleus. Am J Physiol - Regul Integr Comp Physiol. 2016;310(1):R41–54. 72. Nakamura K, Morrison SF. A thermosensory pathway that controls body tempeature. Nat Neurosci. 2008;11(1):62–71. http://dx.doi.org/10.1186/s13063-015-0803-1 http://dx.doi.org/10.1038/s41598-019-45330-9 29 73. Tansey EA, Johnson CD. Recent advances in thermoregulation. Adv Physiol Educ. 2015 Sep;39(3):139-48. doi: 10.1152/advan.00126.2014. PMID: 26330029. 74. Morrison SF. Efferent neural pathways for the control of brown adipose tissue thermogenesis and shivering [Internet]. 1st ed. Vol. 156, Handbook of Clinical Neurology. Elsevier B.V.; 2018. 281–303 p. Available from: http://dx.doi.org/10.1016/B978-0-444-63912-7.00017-5 75. Morrison SF, Nakamura K. Central Mechanisms for Thermoregulation. Annu Rev Physiol. 2019;81(September 2018):285–308. 76. Johnson JM, Minson CT, Kellogg DL. Cutaneous vasodilator and vasoconstrictor mechanisms in temperature regulation. Compr Physiol. 2014;4(1):33–89. 77. McAllen RM, McKinley MJ. Efferent thermoregulatory pathways regulating cutaneous blood flow and sweating [Internet]. 1st ed. Vol. 156, Handbook of Clinical Neurology. Elsevier B.V.; 2018. 305–316 p. Available from: http://dx.doi.org/10.1016/B978-0-444- 63912-7.00018-7 78. Castellani JW, Young AJ. Human physiological responses to cold exposure: Acute responses and acclimatization to prolonged exposure. Auton Neurosci Basic Clin [Internet]. 2016;196(February):63–74. Available from: http://dx.doi.org/10.1016/j.autneu.2016.02.009 79. Smith CJ, Johnson JM. Responses to hyperthermia. Optimizing heat dissipation by convection and evaporation: Neural control of skin blood flow and sweating in humans. Auton Neurosci Basic Clin [Internet]. 2016;196:25–36. Available from: http://dx.doi.org/10.1016/j.autneu.2016.01.002 80. Blondin DP, Labbé SM, Phoenix S, Guérin B, Turcotte ÉE, Richard D, et al. Contributions of white and brown adipose tissues and skeletal muscles to acute cold- induced metabolic responses in healthy men. J Physiol. 2015;593(3):701–14. 81. Labbé SM, Caron A, Lanfray D, Monge-Rofarello B, Bartness TJ, Richard D. Hypothalamic control of brown adipose tissue thermogenesis. Front Syst Neurosci. 2015;9(November):1–13. 82. Lyons CE, Razzoli M, Larson E, Svedberg D, Frontini A, Cinti S, et al. Optogenetic- induced sympathetic neuromodulation of brown adipose tissue thermogenesis. FASEB http://dx.doi.org/10.1016/B978-0-444-63912-7.00017-5 http://dx.doi.org/10.1016/B978-0-444- http://dx.doi.org/10.1016/j.autneu.2016.02.009 http://dx.doi.org/10.1016/j.autneu.2016.02.009 http://dx.doi.org/10.1016/j.autneu.2016.01.002 30 J. 2020;34(2):2765–73. 83. Tanaka M, Owens NC, Nagashima K, Kanosue K, Mcallen RM. Reflex activation of rat fusimotor neurons by body surface cooling , and its dependence on the medullary raphé. J Physiol. 2006;2:569–83. 84. Nason MW, Mason P. Modulation of Sympathetic and Somatomotor Function by the Ventromedial Medulla. J Neurophysiol. 2004;(92):510–22. 85. Nakamura K, Morrison SF. Central efferent pathways for cold-defensive and febrile shivering. J Physiol. 2011;14:3641–58. 86. Iwakiri K, Kobayashi A, Takeuchi Y, Kimura Y, Ohta Y, Nakamura H. Efficacy of continuous local cryotherapy following total hip arthroplasty. EDP Sci. 2019;5(13). 87. Wodzinski A. Potential benefits of oral cryotherapy for chemotherapy-induced mucositis. Clin J Oncol Nurs. 2016;20(5):462–5. 88. Costello JT, Baker PRA, Minett GM, Bieuzen F, Stewart IB Bleakley C. Whole-body cryotherapy (extreme cold air exposure) for preventing and treating muscle soreness after exercise in adults (Review). Cochrane Database Syst Rev [Internet]. 2015;(9):1–67. Available from: www.cochranelibrary.com 89. Do Nascimento-Júnior EM, dos Santos GMS, Tavares Mendes ML, Cenci M, Correa MB, Pereira-Cenci T, et al. Cryotherapy in reducing pain, trismus, and facial swelling after third-molar surgery: Systematic review and meta-analysis of randomized clinical trials. J Am Dent Assoc [Internet]. 2019;150(4):269-277.e1. Available from: https://doi.org/10.1016/j.adaj.2018.11.008 90. Chughtai M, Sodhi N, Jawad M, Newman JM, Khlopas A, Bhave A, et al. Cryotherapy Treatment After Unicompartmental and Total Knee Arthroplasty: A Review. J Arthroplasty [Internet]. 2017;32(12):3822–32. Available from: http://dx.doi.org/10.1016/j.arth.2017.07.016 91. Loro WA, Thelen MD, Rosenthal MD, Stoneman PD, Ross MD. The effects of cryotherapy on quadriceps electromyographic activity and isometric strength in patient in the early phases following knee surgery. J Orthop Surg. 2019;27(1):1–8. 92. Tchanque-Fossuo, CN, Eisen DB. A systematic review on the use of cryotherapy versus other treatments for basal cell carcinoma. Dermatology Online J Title. 2018;24(11). http://www.cochranelibrary.com/ http://dx.doi.org/10.1016/j.arth.2017.07.016 31 93. Kalli K, Fousekis K. The effects of cryotherapy on athletes’ muscle strength, flexibility, and neuromuscular control: A systematic review of the literature. J Bodyw Mov Ther [Internet]. 2020;24(2):175–88. Available from: https://doi.org/10.1016/j.jbmt.2019.11.001 94. Beleza ACS, Ferreira CHJ, Driusso P, dos Santos CB, Nakano AMS. Effect of cryotherapy on relief of perineal pain after vaginal childbirth with episiotomy: a randomized and controlled clinical trial. Physiother (United Kingdom) [Internet]. 2017;103(4):453–8. Available from: http://dx.doi.org/10.1016/j.physio.2016.03.003 95. Arrich J, Holzer M, Havel C, Müllner M, Herkner H. Hypothermia for neuroprotection in adults after cardiopulmonary resuscitation. Cochrane Database Syst Rev. 2016;2016(2). 96. Ingargiola MJ, Motakef S, Chung MT, Vasconez HC, Sasaki GH. Cryolipolysis for Fat Reduction and Body Contouring: Safety and Efficacy of Current Treatment Paradigms. Plast Reconstr Surg. 2015;135(6):1581–90. 97. Bouzigon R, Grappe F, Ravier G, Dugue B. Whole- and partial-body cryostimulation/cryotherapy: Current technologies and practical applications. J Therm Biol [Internet]. 2016;61:67–81. Available from: http://dx.doi.org/10.1016/j.jtherbio.2016.08.009 98. Peres D, Sagawa Y, Dugué B, Domenech SC, Tordi N, Prati C. The practice of physical activity and cryotherapy in rheumatoid arthritis: systematic review. Eur J Phys Rehabil Med. 2017;53(5):775–87. 99. Ni SH, Jiang WT, Guo L, Jin YH, Jiang TL, Zhao Y, et al. Cryotherapy on postoperative rehabilitation of joint arthroplasty. Knee Surgery, Sport Traumatol Arthrosc. 2015;23(11):3354–61. 100. Foster D, Williams J, Forte AJ, Lesser ER, Heckman MG, Shi GG, et al. Application of Ice for Postoperative Total Knee Incisions – Does this Make Sense ? A Pilot Evaluation of Blood Flow Using Fluorescence Angiography Study subjects. Cureus. 2019;11(7). 101. Stålman A, Berglund L, Dungnerc E, Arner P, Fellander-Tsai L. Temperature-Sensitive Release of Prostaglandin E2 and Diminished Energy Requirements in Synovial Tissue with Postoperative Cryotherapy. J BONE Jt Surg. 2011;93(21):1961–8. http://dx.doi.org/10.1016/j.physio.2016.03.003 http://dx.doi.org/10.1016/j.jtherbio.2016.08.009 32 102. Algafly AA, George KP. The effect of cryotherapy on nerve conduction velocity, pain threshold and pain tolerance. Br J Sport Med 2007;41365–369. 2007;41:365–9. 33 4. ARTIGO 1- Efeito da crioterapia na propriocepção dos músculos do assoalho pélvico em mulheres com incontinência urinária de esforço: Ensaio clínico randomizado controlado. Effect of cryotherapy in the pelvic floor muscle proprioception in women with stress urinary incontinence: randomized controlled clinical trial. Objetivo: Comparar o efeito entre a crioterapia e a manometria na contração voluntária máxima (CVM) dos músculos do assoalho pélvico (MAP). Materiais e métodos: Ensaio clínico randomizado controlado,com 33 participantes, de idade superior à 35 anos, apresentando incontinência urinária de esforço (IUE). A avaliação incluía coleta de dados sociodemográficos, uroginecológicas, obstétricos e aplicação do incontinence severity index questionnaire (ISI-Q). Na avaliação física foi realizado manometria durante a CVM dos MAP, aplicação do esquema PERFECT para avaliar função dos MAP e teste do absorvente de 1 hora. Após 48 horas da avaliação, as participantes foram randomizadas: 17 participantes iniciaram a intervenção no Grupo Crioterapia (GC) e após 48 horas fizeram parte do Grupo Manometria (GM); 16 participantes iniciaram no grupo manometria (GM) e após 48 horas foram submetidas a intervenção no GC. Imediatamente após cada intervenção o avaliador inicial era convocado para realizar a reavaliação com PERFECT e manometria. Análise estatística: Utilizou-se o teste de Wilcoxon para a análise intragrupo, e o teste de Mann-Whitney em análises intergrupo. O nível de significância adotado foi 5%. Resultados: GC apresentou aumento em todas as etapas do PERFECT e na 2ª medida da manometria após intervenção (p=0,032). No GM houve aumento significativo na etapa power do PERFECT (p=0,023) e na 1ª medida da manometria (p=0,015). Não houve diferença significativa na análise intergrupo. Conclusão: O GC apresentou melhora na contração voluntária máxima dos MAP, entretanto não houve diferença intergrupo. Palavras-chaves: Assoalho pélvico, Crioterapia, Incontinencia urinária de esforço, Propriocepção. 34 4.1 INTRODUÇÃO Estudos mostram que 30% a 45% das mulheres são incapazes de contrair os Músculos do Assoalho Pélvico (MAP), mesmo após receberem comando verbal para realizar a contração(1–3). Tendo isso em vista, intervenções proprioceptivas passaram a ser utilizadas com objetivo de estimular a contração voluntária dos MAP(4,5), como a eletroestimulação(6), estimulação magnética(5), manômetro(7) e estimuladores vibratórios(8). Apesar de serem amplamente usados(4,8), estes tratamentos necessitam de equipamentos específicos e esterilização, tornando-os onerosos para o paciente e de difícil oferta em determinadas regiões. Em busca de intervenções acessíveis a crioterapia destaca-se por ser um método de baixo custo e grande praticidade(9), indicado para diminuir a hiperemia e algias(10,11), sendo utilizado até mesmo na fisioterapia pelvica com o objetivo de proporcionar analgesia perineal em mulheres no puerpério(12). A hipotermia local causada pela crioterapia desencadeia mecanismos para a manutenção da homeostase térmica(13). Com o resfriamento ocorre a ativação dos neurônios da área pré- óptica hipotalâmica, estes neurônios termossensíveis provocam uma ampla gama de respostas termorregulatórias(14). Entre as respostas possíveis ao frio está a vasoconstrição, através da ativação das fibras nervosas simpáticas que inervam a vasculatura cutânea, a termogênese do tecido adiposo marrom e a produção de calor metabólico por meio de tremores musculares(15,16). Considerando o resfriamento que a crioterapia pode causar ao ser aplicada na região dos MAP este estudo tem o objetivo de comparar a resposta a curto prazo da crioterapia e manometria na contração voluntária máxima dos MAP. A hipótese é que o estímulo térmico gerados pela crioterapia em resposta a diminuição da temperatura corporal poderia melhorar a propriocepção local, aumentando a capacidade de contração dos MAP. 4.2 MATERIAIS E MÉTODOS Trata-se de um ensaio clínico randomizado controlado realizado na Clínica Escola da Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi (FACISA), com início em junho de 2018 e término em fevereiro 2020. O protocolo clínico foi aprovado pelo comitê de ética da Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi – Universidade Federal do Rio Grande do Norte (FACISA-UFRN), 35 CAAE: 84941418.5.0000.5568. Cadastrado na plataforma de Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos (ReBEC), com o código rastreador primário: RBR-5qkm8k. Foram incluídas no estudo indivíduos do sexo feminino, com idade igual ou superior a 35 anos, que relatassem queixa de IUE em alguma das seguintes situações no último mês: durante espirro/tosse, prática de exercícios físicas ou durante atividades que demandassem esforço físico(17), e que não possuíssem histórico pregresso de tratamento fisioterapêutico para diminuição dos sintomas. Para exclusão foram adotados os seguintes critérios: índice de massa corporal acima de 35 kg/m²(18,19), alergia a látex e/ou ao gelo, infecção urinária ou vaginal; prolapso de órgãos pélvicos maior que grau II(20); desordens cognitivas e neurológicas; hipertensão arterial descontrolada; incapacidade de realizar a avaliação e uso de terapia de reposição hormonal(21,22). 4.2.1 Avaliação Durante a avaliação inicial foi realizada primeiramente a anamnese (apêndice 1) composta para coleta de informações do histórico ginecológico, obstétrico e urológico da paciente, em seguida foi aplicado Incontinence Severity Index Questionnaire (ISI-Q), e realizado o teste do absorvente de uma hora, avaliação da função e na contração voluntária máxima dos MAP por meio da manometria. O ISI-Q é um instrumento criado por Sandvik et al (1993)(23), traduzido e adaptado para o português por Pereira et al (2011)(24), possuindo boa confiabilidade, consistência interna, reprodutibilidade e validade na identificação e avaliação da gravidade da IUE, sendo composto por duas questões a respeito da frequência e quantidade da perda urinária (anexo 1). O escore final deste questionário é obtido a partir da multiplicação dos escores das duas questões possibilitando que a IU seja classificada em leve (escore final 1-2), moderada (escore final 3- 6), grave (escore final 8-9) ou muito grave (escore final 10-12). O teste do absorvente de 1 hora foi utilizado para quantificar a perda de urina durante 1 hora. Para sua aplicação as participantes foram instruídas a colocar ingerir 500ml de água durante 15 minutos e colocar um absorvente higiênico com abas (malha suave, para fluxo moderado e intenso, marca Carrefour), previamente pesado em balança de precisão, marca BEL, modelo S5201, Após 30 minutos a participante foi orientada obedecer o seguintes comandos: Caminhar, subir e descer escadas e rampas durante 10 minutos; sentar-se e levantar da cadeira por dez vezes; tossir dez vezes; correr sem sair do lugar por 1 minuto; agachar para pegar um objeto no 36 chão por cinco vezes e lavar as mãos em água corrente por 1 minuto. Ao completar-se 1 hora, a paciente retirava o absorvente para pesagem e registro do valor final(25). Para a avaliar a função dos MAP foi realizada a palpação vaginal bidigital no qual aplicou-se o esquema PERFECT(26) e foi utilizada a Escala Modificada de Oxford(27) (anexo 2). O esquema PERFECT avalia indiretamente a força muscular, a manutenção da contração, repetição das contrações mantidas, e o número de contrações rápidas. Durante a avaliação física a voluntária foi orientada a adotar a posição supina com 45º de flexão de quadril e joelho, em seguida a avaliadora introduziu dois dedos até um terço distal do canal vaginal e orientou a contração voluntária máxima do MAP por meio do comando verbal “contraia os músculos da vagina como se você fosse segurar a urina. Para avaliar a contração voluntária máxima dos MAP foi utilizado o aparelho manômetro (Quark - Perina Biofeedback, com graduação de 0-48 cmH20, Piracicaba - Brasil). O probe do aparelho perina foi recoberto com um preservativo masculino (Preservativo não lubrificado Ginec. Madeitex), em seguida introduzido 3,5cm na cavidade vaginal e calibrado. Posteriormente, as participantes recebiam comando verbal para realização de duas contrações máximas de três segundos dos MAP. As participantes também eram orientadas a evitar a contração abdominal, glútea e de adutores de quadril durantea contração dos MAP. A avaliação inicial durou cerca de uma hora e trinta minutos, sendo realizada por um único fisioterapeuta, enquanto a aplicação das intervenções e a reavaliação tinha duração de aproximadamente 15 minutos. O processo de randomização e aplicação das intervenções foi efetuado por outros dois pesquisadores de forma sigilosa, com a finalidade de impedir que o avaliador tivesse conhecimento da intervenção que a participante foi submetida. 4.2.2 Intervenção Após 48 horas da avaliação inicial as participantes foram randomizadas com auxílio do site randomization.com., 17 participantes iniciaram a intervenção no Grupo Crioterapia(GC) e após dois dias fizeram parte do Grupo Manometria (GM), e 16 participantes iniciaram no grupo manometria (GM) e depois de dois dias realização a intervenção no GC. Entre a avaliação e reavaliação das participantes foi adotado um intervalo de 48 horas, com o objetivo de evitar a fadiga muscular e comprometer os resultados de estudo. 37 Grupo Crioterapia (GC) A voluntária era posicionada na posição supina com 45º de flexão de quadril e joelho. Para a aplicação da crioterapia foi usado gelo em formato cilíndrico com um perímetro de 10,5 centímetros (cm) envolto por um saco de plástico, a peça de gelo era medida com auxílio de um régua e recebia uma marcação no décimo centímetro (cm), de forma que fosse introduzido apenas até a marcação. Em seguida o gelo era envolto em uma camada de gaze, um preservativo masculino e uma camada de gel condutor (Figura 01), após a preparação o gelo era introduzido no canal vaginal, sendo mantido por 40 segundos. O tempo de aplicação da crioterapia foi baseado no estudo de CHARKOUDIAN et al. (2003)(28) e em um estudo piloto realizado em nosso grupo de pesquisa(29), que verificou que 40 segundos era um tempo suficiente para causar o resfriamento local sem causar desconforto às participantes da pesquisa. Figura 1: Gelo em formato cilíndrico recoberto com gaze e preservativo masculino para aplicação crioterápica na cavidade vaginal. 38 Grupo Manometria (GM) A posição adotada pelas participantes foi similar a intervenção do GC, entretanto o estímulo proprioceptivo foi realizado por meio da introdução do probe vaginal do manômetro sem a insuflação e sem o biofeedback visual proporcionado pela escala de luzes do equipamento, por 40 segundos com finalidade de promover um estímulo local, mas sem efeito térmico. É importante ressaltar que manometria foi utilizada como uma intervenção controle para as participantes do presente estudo. 4.2.3 Reavaliação Após o protocolo de intervenção de ambos os grupos, foi realizado uma reavaliação da função e manometria da contração voluntária máxima dos MAP, seguindo o mesmo protocolo da avaliação inicial. 4.2.4 Análise Estatística A análise estatística foi realizada considerando 33 intervenções no GC e 33 intervenções no GM. O poder da amostra foi calculado usando Gpower software version 3.1.9.2 e para a amostra de 33 indivíduos em cada grupo foi detectado um poder de 64%. Para as demais análises estatísticas foi utilizado o software GraphPad Prism versão 6. O Teste de Shapiro-Wilk evidenciou uma distribuição não paramétrica dos dados, o teste de Wilcoxon foi utilizado para a análise intragrupo e o teste de Mann-Whitney em análises intergrupo. O nível de significância adotado foi de 5%. 4.3 RESULTADOS Das 46 mulheres que iniciaram o tratamento, 9 não deram continuidade ao protocolo após a avaliação e 4 foram excluídas após a avaliação inicial por apresentarem prolapso grau 3. Assim, 33 mulheres completaram o protocolo de tratamento e foram incluídas neste estudo, como mostra o fluxograma abaixo. 39 Figura 2: fluxograma da amostra selecionada, incluída e analisada após intervenção. A Tabela 1 apresenta as características demográficas, antropométricas, obstétricas, ginecológicas e urológicas das participantes. A média de idade das participantes foi de 45,87±10,22, o Índice de Massa Corporal (IMC) de 28,31 kg/m2. Em relação aos dados obstétricos houve um maior número de partos via vaginal (2,03±1,01). A frequência miccional presentou uma média 6,57±1,85 vezes durante o dia. De acordo com o escore final do ISI-Q, as participantes apresentavam IU moderada (4,75±2,31). O teste do absorvente de 1 hora apresentou media de 1,15±2,38g. 40 Tabela 1: características demográficas, antropométricas, obstétricas, ginecológicas e urológica (n=33). VARIÁVEL Média±DP Idade (Anos) 45,87±10,22 Indice de massa corporal(Kg/m2 ) 28,31±4,47 Via de nascimento (n) 2,39±1,28 Via Cesária 1,45±1,17 Via Vaginal 2,03±1,01 Frequência Miccional (n) 6,57±1,85 Teste do absorvente de 1 hora (g) 1,15±2,38 ISI Domínio Frequência 2,78±0,99 ISI Domínio Quantidade 1,78±0,57 ISI Domínio Total 4,75±2,31 Legenda: DP= desvio padrão; kg: kilograma; m2: metro quadrado. Quanto aos resultados da comparação intragrupo do GC houve um aumento em todas as etapas do PERFECT (p<0,001) e na segunda medida da manometria após o protocolo de intervenção (p=0,032). Entretanto a análise intragrupo do GM apenas a etapa Power (p=0,023) do PERFECT e a primeira medida da manometria (p=0,015) apresentou aumento significativo após a intervenção. Na análise intergrupo pré e pós intervenção, não houve diferença significativa (Tabela 2). 41 Tabela 2: Análises intragrupo e intergrupo segundo o esquema PERFECT de avaliação funcional subjetiva do assoalho pélvico e Manometria. Grupo crioterapia Grupo manometria Valor de p intergrupo Pré- Intervenção Média±DP Pós- Intervenção Média±DP p intragrupo Pré- Intervenção Média±DP Pós- Intervenção Média±DP p intragrupo Pós-Intervenção Média±DP Power 2,33±1,08 2,81±1,23 <0,001* 2,42±1,14 2,66±1,21 0,023* 0,824 Endurence 2,33±2,01 3,24±2,18 <0,001* 2,39±1,73 2,51±2,00 0,605 0,168 Repetitions 1,81±1,62 2,60±1,85 <0,009* 1,97±1,68 2,42±2,09 0,096 0,630 Fast 3,06±2,20 3,93±2,63 <0,004* 3,09±2,40 3,51±2,37 0,184 0,598 1a Medida da Manometria 21,94±22,27 24,55±23,48 0,085 20,61±21,17 25,85±23,66 0,015* 0,876 2ª Medida da Manometria 25,03±23,44 29,52±24,44 0,032* 22,30±22,37 24,24±23,68 0,647 0,371 Dados quantitativos apresentados em média e desvio padão; Legenda: power= força; endurance= resistência; repetition = repetição; fast= rapidez; * = p ≤ 0,05. 42 4.4 DISCUSSÃO Esse estudo descreveu duas intervenções com o objetivo de melhorar a propriocepção dos MAP de mulheres com IUE. Observou-se que após a intervenção com a crioterapia as participantes apresentaram melhora nos resultados da função e na contração voluntária máxima dos MAP. Entretanto, na análise intergrupo, não foi demonstrado diferença entre os dois métodos de intervenção. Assim, este estudo preliminar indica que a crioterapia pode ser um método aplicável e eficaz nesta população, com resultado similar a um método já utilizado em mulheres com IUE por promover a melhora na função e contração voluntária máxima dos MAP. A utilização do manômetro como aparelho de biofeedback para tratamento de mulheres com IUE é amplamente utilizada (30,31), contudo, neste ensaio o probe vaginal foi usado sem a insuflação e as participantes não visualizavam a escala de luzes do equipamento, objetivando unicamente proporcionar a estimulação dos mecanoreceptores na parede vaginal. A intervenção com a crioterapia buscou estimular a propriocepção por meio da ativação dos termorreceptores locais, tendo em vista que a diminuição da propriocepção vem sendo apontada como fator recorrente em mulheres com queixa de IUE(32). Outro aspecto importante sobre a IUE é que 30% das mulheres tem dificuldade para a realização correta da contração dosMAP(33), contudo o maior enfoque para as disfunções do assoalho pélvico ainda é a avaliação da força(1). Um artigo publicado por Vieira et al (2019) concluiu que além da força e resistência, o tônus, controle, tempo de reação e a coordenação dos MAP também estão associados a ocorrência da IU, sendo necessário investigação detalhada em mulheres com IU, visto que mesmo apresentando a força necessária para a continência a ativação muscular lenta dos MAP durante o aumento súbito de pressão intra-abdominal pode levar a perda urinária(1). Assim, outras propostas de tratamento foram criadas visando aumento da propriocepção que constitui uma das bases para a coordenação motora(8,34). O uso da crioterapia como possível intervenção para melhora da propriocepção se alicerça na resposta fisiológica compensatória do corpo humano a exposição ao frio, visto que a diminuição da temperatura ativa o processo de termogênese, assim ocorre a produção de calor metabólico que possui como um dos seus mecanismos a produção de tremores musculares(13), podendo facilitar o aprendizado e a realização da contração dos MAP. Esta cadeia de eventos pode explicar a diferença dos resultados intragrupo do GC quando comparado ao GM segundo a avaliação do esquema PERFECT e manometria, isto porque a ativação muscular por meio da crioterapia auxiliaria no processo de melhora da propriocepção 43 dos MAP, que segundo pesquisadores provavelmente está relacionada ao aumento da resposta motora(35) e da força muscular(36). Por se tratar de um método acessível, a crioterapia não exige um aparelho específico, é de baixo custo, e com poucas contraindicações a sua aplicação poderia ser realizada nos mais diferentes serviços. Quanto a análise intragrupo do GM, houve um aumento significativo na etapa power do PERFECT e na contração voluntária máxima dos MAP durante a primeira avaliação manométrica. Segundo Barassi et al (2019)(37) a estimulação dos mecanorreceptores dos MAP pode contribuir para a diminuição dos sintomas da IUE, assim, é possível que a intervenção com o probe perineal do presente estudo tenha estimulado receptores mecânicos na região dos MAP, influenciando no desfecho da etapa power e na contração voluntária máxima dos MAP. Na análise intergrupo não se observou diferença entre o GM e GC, contudo, durante a análise intragrupo o GC obteve melhor desempenho em todas as variáveis do PERFECT quando comparado com a análise intragrupo do GM. Como ambas as intervenções podem ter estimulado os mecanorreceptores, a crioterapia possivelmente foi superior pois associou o estímulo de mecanorreceptores com os termorreceptores da região. Este é o primeiro protocolo no qual se utilizou a crioterapia como estímulo proprioceptivo para tratamento de IUE. Por se tratar de uma intervenção nova e de curto período se faz necessário que outros estudos sejam realizados. Ensaios com maior tamanho amostral, protocolos com maior periodicidade de intervenção, diferentes tempos de aplicação da crioterapia, comparando a aplicação intravaginal com uma crioterapia na superfície perineal, são algumas sugestões de futuros estudos. Além disso, são necessários estudos que verifiquem a resposta deste tratamento em outros tipos de IU, que realizem a análise da variação da temperatura dos MAP após aplicação da crioterapia, como também avaliem a satisfação das pacientes após o tratamento. É importante ressaltar que a manometria foi utilizada como método de avaliação em ambos os grupos e durante a intervenção no GM, isso pode ter causado um efeito de aprendizagem e adaptação nas participantes do GM, melhorando os resultados deste grupo. Entretanto, nos reultados do presente estudo, é possivel verificar que não houve diferença significativa entre os grupos, demonstrando que o GC teve uma melhora na função e CVM dos MAP, mesmo sem ter sofrido a influência de efeito da aprendizagem que ocorreu no GM. É importante enfatizar que por se tratar de um método de fácil aquisição e baixo risco a saúde, mesmo mulheres com dificuldades de acesso a serviços de reabilitação podem utilizar a crioterapia como forma de estimulação proprioceptiva de forma remota, desde que possuam a orientação adequada, podendo ser elaborados vídeos, cartilhas educativas, aplicativos para 44 celular, entre outros métodos educativos que demonstrem a forma de aplicação da intervenção. 45 4.5 CONCLUSÃO Trata-se de um estudo pioneiro que demonstrou que a crioterapia pode ser uma opção utilizada como método proprioceptivo em mulheres com IUE, pois melhorou a função e a contração voluntária máxima dos MAP após uma única intervenção, apresentando resultados similares à manometria, que é um método reconhecidamente eficaz no tratamento de mulheres com IUE. A crioterapia na região intravaginal é uma intervenção promissora, por ser um método acessível, de baixo custo e que não requer esterilização ou manutenção, diferentemente do manômetro, podendo ser adequado às mais diversas realidades dos serviços de saúde e até no atendimento remoto das mulheres com IUE. 46 REFERÊNCIAS 1. Vieira GF, Saltiel F, Miranda-Gazzola APG, Kirkwood RN, Figueiredo EM. Pelvic floor muscle function in women with and without urinary incontinence: are strength and endurance the only relevant functions? a cross-sectional study. Physiother (United Kingdom) [Internet]. 2020; Available from: https://doi.org/10.1016/j.physio.2019.12.006 2. Thompson JA, O’Sullivan PB, Briffa NK, Neumann P. Altered muscle activation patterns in symptomatic women during pelvic floor muscle contraction and valsalva manouevre. Neurourol Urodyn. 2006;25(3):268–76. 3. Bø K, Sherburn M. Evaluation of female pelvic-floor muscle function and strength. Phys Ther. 2005;85(3):269–82. 4. Lim R, Liong ML, Leong WS, Karim Khan NA, Yuen KH. Pulsed Magnetic Stimulation for Stress Urinary Incontinence: 1-Year Followup Results. J Urol. 2017;197(5):1302–8. 5. Yamanishi T, Suzuki T, Sato R, Kaga K, Kaga M, Fuse M. Effects of magnetic stimulation on urodynamic stress incontinence refractory to pelvic floor muscle training in a randomized sham- controlled study. LUTS Low Urin Tract Symptoms. 2017;11(1):61–5. 6. Dmochowski R, Lynch CM, Efros M, Cardozo L. External electrical stimulation compared with intravaginal electrical stimulation for the treatment of stress urinary incontinence in women: A randomized controlled noninferiority trial. Neurourol Urodyn. 2019;38(7):1834–43. 7. Schrader EP, Frare JC, Comparin KA, Diamante C, De Araújo BG, Danielli C, et al. Eficácia do método Pilates e do biofeedback manométrico em mulheres na menopausa com incontinência urinária. Semin Ciências Biológicas e da Saúde. 2017;38(1):61. 8. Rodrigues MP, Barbosa LJF, Paiva LL, Mallmann S, Sanches PRS, Ferreira CF, et al. Effect of intravaginal vibratory versus electric stimulation on the pelvic floor muscles: A randomized clinical trial. Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol X [Internet]. 2019;3:100022. Available from: https://doi.org/10.1016/j.eurox.2019.100022 9. Chumkam A, Pongrojpaw D, Chanthasenanont A, Pattaraarchachai J, Bhamarapravatana K, Suwannarurk K. Cryotherapy Reduced Postoperative Pain in Gynecologic Surgery: A Randomized Controlled Trial. Pain Res Treat. 2019;2019. 47 10. Mutlu S, Yılmaz E. The Effect of Soft Tissue Injury Cold Application Duration on Symptoms, Edema, Joint Mobility, and Patient Satisfaction: A Randomized Controlled Trial. J Emerg Nurs. 2020;(I):1–11. 11. Patel K, Bakshi N, Freehill MT, Awan TM. Whole-Body Cryotherapy in Sports Medicine. Curr Sports Med Rep. 2019;18(4):136–40. 12. Gonçalves A, Parreira V. A eficácia da crioterapia no períneo para alívio da dor no pós-Parto. Atas - Investig Qual em Educ. 2019;2:1655–64. 13. Johnson JM, Minson CT, Kellogg DL. Cutaneous vasodilator and vasoconstrictor mechanisms in
Compartilhar