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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊCIAS EXATAS E DA TERRA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ESTUDO DA INFLUÊNCIA DE SURFACTANTES NAS PROPRIEDADES DE BaMoO4 SINTETIZADOS PELA TÉCNICA HIDROTÉRMICA ASSISTIDA POR MICRO-ONDAS EDUARDO DE OLIVEIRA GOMES Orientador: Prof. Dr. Mauricio Roberto Bomio Delmonte Co-Orientadora: Prof.a Dra . Fabiana Villela da Motta Natal/RN Fevereiro de 2018 2 EDUARDO DE OLIVEIRA GOMES ESTUDO DA INFLUÊNCIA DE SURFACTANTES NAS PROPRIEDADES DE BaMoO4 SINTETIZADOS PELA TÉCNICA HIDROTÉRMICA ASSISTIDA POR MICRO-ONDAS Dissertação apresentada ao programa de pós-graduação em ciências e engenharia de materiais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte dos requisitos para defesa do título de MESTRE EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS. Orientador: Prof. Dr. Mauricio Roberto Bomio Delmonte Natal/RN Fevereiro de 2018 Gomes, Eduardo de Oliveira. Estudo da influência de surfactantes nas propriedades de BaMoO4 sintetizados pela técnica hidrotérmica assistida por micro-ondas / Eduardo de Oliveira Gomes. - 2018. 81 f.: il. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências Exatas e da Terra, Programa de Pós- graduação em Ciência e Engenharia de Materiais. Natal, RN, 2018. Orientador: Prof. Dr. Mauricio Roberto Bomio Delmonte. Coorientador: Prof.a Dra . Fabiana Villela da Motta. 1. Fotocatálise - Dissertação. 2. Fotoluminescência - Dissertação. 3. Síntese Química - Dissertação. I. Delmonte, Mauricio Roberto Bomio. II. Motta, Fabiana Villela da. III. Título. RN/UF/BCZM CDU 544.526.5 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede Elaborado por Kalline Bezerra da Silva - CRB-15/327 3 EDUARDO DE OLIVEIRA GOMES ESTUDO DAS PROPRIEDADES FOTOLUMINESCENTES E FOTOCATALÍTICAS DE BaMoO4 E SUA OBTENÇÃO PELA TÉCNICA HIDROTERMAL ASSISTIDO POR MICRO-ONDAS Dissertação apresentada ao programa de pós-graduação em ciências e engenharia de materiais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte dos requisitos para defesa do título de MESTRE EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS. Banca Examinadora __________________________________________________ Prof. Dr. Mauricio Roberto Bomio Delmonte (UFRN) Orientador ___________________________________________________ Profa. Drₐ. Fabiana Villela da Motta (UFRN) Co-Orientadora _____________________________________________________ Prof. Dr. Vinicius Dantas de Araújo Examinador Externo 4 “O que as suas mãos tiverem que fazer que o façam com toda a sua força, pois na sepultura, para onde você vai, não há atividade nem planejamento, não há conhecimento nem sabedoria”. Eclesiastes 9:10. 5 Agradecimentos Agradeço a Deus pela força, saúde e conhecimentos para realização desse trabalho. Ao meu orientador Prof. Dr. Maurício Roberto Bomio Delmonte, pelos conhecimentos passados, atenção e confiança, tornando assim possível a realização deste trabalho. A minha Co-Orientadora Profa. Dra. Fabiana Villela da Motta, pela oportunidade e disposição de sempre me ajudar durante o desenvolvimento do projeto. Aos laboratórios de síntese química dos materiais - LSQM e filme finos da UFRN, bem como aos colegas e amigos de pesquisa dos referidos laboratórios por me proporcionar equipamentos e uma infraestrutura necessária para o desenvolvimento deste trabalho. Agradeço também a minha família pelo apoio, carinho e torcida para que pudesse terminar esse trabalho e demais conquistas. Aos colegas e amigos do Programa de ciências e engenharia de materiais – PPGCEM. A todos, que de certa forma sempre me apoiaram e apoiam todos esses anos de vida. A Capes pela bolsa de mestrado, que possibilitou dedicação exclusiva a pesquisa desenvolvida. 6 Lista de Figuras Figura 1. Ilustração da célula unitária estrutural BaMoO4 tipo scheelita. ................................ 20 Figura 2. Classificação dos surfactantes por carga. .................................................................. 24 Figura 3. Representação esquemática de síntese hidrotérmico assistido por micro-ondas (a), meio reacional aquecido por micro-ondas (b), e (c) meio reacional aquecido convencional. . 26 Figura 4. Esquema representacional da fotocatálise heterogênea. ........................................... 30 Figura 5. Representação da estrutura química de alguns corantes azos. .................................. 31 Figura 6. Ilustração dos efeitos da fotoluminescência: Fosforescência e fluorescência (Diagrama de Jablonnski) (SKOOG). ...................................................................................... 33 Figura 7. Fluxograma do processo de síntese. .......................................................................... 37 Figura 8. Representação esquemática da caixa de degradação. ............................................... 38 Figura 9. Difratogramas das partículas, (a) Puro, (b) surfactante setil e (c) surfactante sbenzol. .................................................................................................................................................. 45 Figura 10: Difratogramas de refinamento estrutural Rietveld das amostras de BaMoO4_Puro (a), BaMoO4_Setil (b) e BaMoO4_Sbenzol (c) ........................................................................ 48 Figura 11: Representação esquemática das células unitárias de BaMoO4 ilustrando os clusters de [MoO4] e os ângulos (α e β) entre as ligações O-Mo-O. .................................................... 49 Figura 12. Espectro de infravermelho de 400 cm-1 a 2000 cm-1 dos pós de BaMoO4 em diferentes tempos: a) BaMoO4_Puro; b) BaMoO4_Setil e c) BaMoO4_Sbenzol. .................... 51 Figura 13. Micrografia dos pós de BaMoO4_Puro nos tempos (a) 1min, (b) 2min, (c) 4 min e (d) 8min. ................................................................................................................................... 52 Figura 14. Micrografias dos pós de BaMoO4_Puros sintetizados em tempos diferentes e modelo de crescimento de cristais de PbMoO4; Adaptado Gurgel (2017). .............................. 53 Figura 15. Micrografia dos pós de BaMoO4_Setil nos tempos (a) 1min, (b,c,d) 2min, (e,f,g) 4 min e (h,i,j) 8min. ..................................................................................................................... 55 Figura 16. Micrografia dos pós de BaMoO4_Sbenzol nos tempos (a) 1min, (b) 2min, (c) 4 min e (d) 8min. ................................................................................................................................ 56 Figura 17. Tamanho de partículas das amostras de BaMoO4. .................................................. 58 Figura 18. Espectros de emissão PL para os pós de BaMoO4 puros em diferentes tempos: a)1min; b) 2min; c) 4min e d) 8min. ........................................................................................ 61 Figura 19. Espectros de emissão PL para os pós de BaMoO4 com surfactante Setil em diferentes tempos: a) 1min; b)2min; c) 4min e d) 8min. .......................................................... 62 Figura 20. Espectros de emissão PL para os pós de BaMoO4 com surfactante Sbenzol em diferentes tempos:a) 1min; b)2min; c) 4min e d) 8min. .......................................................... 63 7 Figura 21. Diagrama CIE de BaMoO4 Puro: a) 1min; b) 2min; c) 4min e d) 8min. ................ 64 Figura 22. Diagrama CIE de BaMoO4 Setil: a) 1min; b) 2min; c) 4min e d) 8min. ................ 64 Figura 23. Diagrama CIE de BaMoO4 Sbenzol: a) 1min; b) 2min; c) 4min e d) 8min. ........... 65 Figura 24. Analises de fotocatálise dos corantes azul de metileno, alaranjado de metila e rodamina B com BaMoO4. ....................................................................................................... 67 Figura 25. Analises de fotocatálise com rodamina B. .............................................................. 68 8 Lista de Tabelas Tabela 1: Valores de Egap para BaMoO4 encontrados na literatura. MH- Micro-ondas hidrotermal; CP-Coprecipitação; SQ- Sonoquímica e PP- Precursores poliméricos. .............. 22 Tabela 2. Alguns métodos para os sistemas de catalise heterogêneos e homogêneos. ............ 28 Tabela 3. Reagentes empregados nas sínteses do BaMoO4...................................................... 36 Tabela 4. Características dos corantes sintéticos da indústria têxtil. ........................................ 38 Tabela 5. Parâmetros de rede dos pós de BaMoO4................................................................... 46 Tabela 6: Tamanho médio de partículas das amostras de BaMoO4. ........................................ 58 Tabela 7: CIE coordenadas e cores para as amostras. .............................................................. 65 Tabela 8: Valores de band gap óptico dos pós de BaMoO4 nos diferentes tempos ................. 66 Tabela 9: Resultados das analises das amostras de BaMoO4 com os corantes. ....................... 67 9 Lista de Siglas e abreviações BC – Banda de condução BV – Banda de valência CONAMA – Conselho nacional do meio ambiente Eg – Energia de band gap JCPDS - Joint Committee on Powder Diffraction Standards POAs – Processos oxidativos avançados MH – Micro-ondas hidrotermal CIE - Commission International del'Eclairage 10 Resumo Partículas de BaMoO4 foram sintetizadas com o uso de surfactantes por intermédio do método de coprecipitação a temperatura ambiente seguido pelo método hidrotérmico assistido por micro-ondas em diferentes tempos (1, 2, 4 e 8 minutos). Os cristais formados apresentaram morfologias geométricas semelhantes a octaedros, e foram estruturalmente caracterizados pelas técnicas de difração de raios-X (DRX) e espectroscopia no infravermelho por transformada de Fourier (FTIR). Suas propriedades ópticas foram investigadas pelas técnicas de fotoluminescência (PL) e ultravioleta-visível (UV-vis). Os difratogramas de raios-X indicaram que os materiais obtidos apresentam estrutura cristalina tetragonal do tipo scheelita e sem a presença de segundas fases. O FTIR mostrou modos ativos na região infravermelho F2(ⱱ3) e F2(ⱱ4) que são respectivamente para BaMoO4 atribuídos aos modos de estiramento antissimétrico e modo de flexão, dos quais o F2(ⱱ3) está relacionado a vibração antissimétrica Mo-O dentro do grupo [MoO4] 2-. Também indicou a banda característica dos BaMoO4 situada na faixa de 900-800 cm-1. Os dados ópticos de espectroscopia de UV-Vis revelaram que os valores de energia de gap (Egap) apresentam energias entre 4,27 e 4,49 eV. A microscopia eletrônica por emissão de campo (MEV-FEG) foi utilizada para visualizar e estudar as diversas morfologias dos pós. As micrografias revelaram o perfil morfológico para as partículas processadas em cada tempo, bem como o mecanismo de formação e crescimento. As propriedades fotocatalíticas foram investigadas por intermédio da fotocatálise de corantes da indústria têxtil, que apresentou descoloração do corante Rodamina B acima de 70%. Palavras-chaves: Fotocatálise; Hidrotermal Micro-ondas; fotoluminescência; Síntese Química. 11 Abstract BaMoO4 particles were synthesized using structural drivers (surfactants) by means of the co- precipitation method at room temperature followed by the microwave assisted hydrothermal method at different times (1, 2, 4 and 8 minutes).The crystals formed acquired geometric morphologies similar to octahedra, and were structurally characterized by X-ray diffraction (XRD) and Fourier transform infrared spectroscopy (FTIR) techniques. The optical properties were investigated by photoluminescence (PL) and ultraviolet-visible (UV-vis). The X-ray diffractograms shown that the octahedra have a tetragonal crystalline structural classification of the scheelite type and without the presence of second phases. The FTIR showed active modes in the infrared region F2 (ⱱ3) and F2 (ⱱ4) which are respectively for BaMoO4 assigned to the antisymmetric stretching and bending mode modes, where F2 (ⱱ3) is related to antisymmetric Mo-O vibration within the Group [MoO4] 2-. It also indicated the characteristic band of BaMoO4 in the range of 900-800 cm -1. Optical data from UV-Vis revealed that the values of gap energy (Egap) were around 4.27 and 4.49 eV. Field emission electron microscopy (SEM-FEG) was used to visualize and study the various morphologies of the powders. The micrographs revealed the morphological profile for the particles processed at each time, as well as the mechanism of formation and growth. The photocatalytic properties were investigated through the photocatalysis of dyes from the textile industry, which showed discoloration of the Rhodamine B dye above 70%. Keywords: Photocatalysis; Hydrothermal Microwave; Semiconductors; Photoluminescence; Chemical synthesis. 12 Sumário Resumo .................................................................................................................................... 10 Abstract ................................................................................................................................... 11 1 Introdução ........................................................................................................................ 15 1.1 Objetivos ....................................................................................................................... 17 1.2. Objetivo geral ................................................................................................................... 17 2. Revisão bibliográfica ................................................................................................... 19 2.1. Molibdatos e Molibdatos de Bário (BaMoO4) ............................................................... 19 2.1.1. Propriedades dos BaMoO4 ...................................................................................... 21 2.1.2. Síntese de Molibdatos de Bário (BaMoO4) ............................................................. 23 2.2. Surfactantes .................................................................................................................... 24 2.3. Processo Hidrotérmico Micro-ondas ............................................................................. 25 2.4. Processos oxidativos avançados (POA’s) ...................................................................... 27 2.5. Fotocatálise .................................................................................................................... 29 2.6. Corantes ......................................................................................................................... 31 2.7. Fotoluminescência (FL) .................................................................................................32 3. Metodologia .................................................................................................................. 36 3.1. Procedimento experimental - Síntese do BaMoO4 ....................................................... 36 3.2. Ensaios de fotocatálise ................................................................................................... 37 3.3. Caracterização ................................................................................................................ 39 3.3.1. Difração de raios-X (DRX) ..................................................................................... 39 3.3.2. Espectrometria do ultravioleta Visível – (UV-Vis)................................................. 40 3.3.3. Cálculo de energia do “band gap” óptico ............................................................... 40 3.3.4. Espectroscopia no infravermelho por transformada de Fourier – (FTIR) ............... 41 3.3.5. Fotoluminescência – (FL) ....................................................................................... 41 3.3.6. Microscopia eletrônica de varredura com canhão de elétrons por emissão de campo – (MEV-FEG) ........................................................................................................ 42 3.3.7. Fotocatálise.............................................................................................................. 42 13 4. Resultados e Discussão ................................................................................................... 44 4.1. Difração de raios-X (DRX) ............................................................................................ 44 4.1.1. Parâmetros de rede .................................................................................................. 46 4.2. Espectroscopia no infravermelho por transformada de Fourier – (FTIR) ..................... 50 4.3. Microscopia eletrônica de varredura com canhão de elétrons por emissão de campo – (MEV-FEG) .......................................................................................................................... 52 4.3.1. Quantificação de distribuição média de tamanho de partículas .............................. 57 4.4. Fotoluminescência – (FL) .............................................................................................. 59 4.5. Espectrometria do ultravioleta Visível – (UV-Vis) ....................................................... 65 4.6. Fotocatálise .................................................................................................................... 66 5. Conclusões .................................................................................................................... 70 Referencias .............................................................................................................................. 71 14 15 1 Introdução Nos últimos anos, pesquisadores vêm buscando obter o controle das estruturas morfológicas dos materiais cerâmicos. Estudos recentes tem mostrado a utilização de surfactantes em suas rotas sintéticas. Estes aditivos orgânicos atuam como modificadores estruturais e superficiais, influenciando na nucleação e crescimento das partículas, tornando- se assim, um procedimento importante, porque a forma e a textura destes materiais podem determinar ou modificar algumas de suas propriedades químicas (SHAHRI et al., 2013; YIN et al., 2013; XIE et al., 2017). Dentre estes materiais cerâmicos, os molibdatos têm atraído em muito a comunidade científica, de modo que suas propriedades vêm sendo bastante exploradas (LONGO et al., 2011; GURGEL et al., 2017). Estes materiais em temperatura ambiente apresentam estrutura tetragonal do tipo scheelita, com formula geral AMoO4 (A= Ca, Sr, Ba e Pb), e grupo espacial I41/a. Os molibidatos do tipo scheelita, apresentam ótimas propriedades fotoluminescentes, sendo esta uma das propriedades mais atraentes (BOMIO et al., 2013; ARAÚJO et al., 2014; ZHANG et al., 2016). Dentre os molibdatos, o de bário (BaMoO4) apresenta uma alta concentração de trabalhos publicados explorando sua propriedade luminescente. Apresentando também, várias rotas de síntese para obtê-lo, além de mostrar que suas propriedades químicas e físicas podem ser aperfeiçoadas dependendo da morfologia que ele apresenta (SHAHRI et al., 2013; GHAED-AMINI et al., 2015b; LI et al., 2016). Dentre os processos de síntese, pode-se encontrar a reação do estado sólido; método eletroquímico; síntese de combustão; polimerização de complexos; síntese solvotérmica, coprecipitação e hidrotérmica assistido por micro-ondas. Sendo a síntese hidrotérmica assistida por micro-ondas o método que tem apresentado melhores resultados, isso porque é possível obter o BaMoO4 em baixas temperaturas, menores tempos e principalmente pós com cristalinidade elevada (CAVALCANTE et al., 2009; BHATTACHARYA; BASAK, 2016). Este trabalho apresenta pós de BaMoO4 sintetizados com surfactantes ou direcionadores estruturais, Ethyl 4-dimethylaminobenzoate (C11H15NO2) (Setil) e 1,2,4,5- Benzenetetracarboxylic 1,2:4,5-dianhydride (C10H2O6) (Sbenzol), pelo método de coprecipitação seguido pelo hidrotérmico assistido por micro-ondas (MH), com temperatura de 140 °C em diferentes tempos. As estruturas destes materiais foram caracterizadas por difração de raios-X (DRX) e espectroscopia no infravermelho por transformada de Fourier (FTIR). A microscopia eletrônica por emissão de campo (MEV-FEG) foi utilizada para 16 visualizar suas diversas morfologias. E para verificar as propriedades ópticas, foram utilizadas as espectroscopias de fotoluminescência (PL) e o ultravioleta-visível (UV-vis). Esses pós foram aplicados na degradação do corante Rodamina B. 17 1.1 Objetivos 1.2. Objetivo geral Estudar a influência dos surfactantes nas propriedades dos pós BaMoO4 sintetizados. Objetivos específicos • Síntese dos pós puros e com surfactantes em diferentes tempos de BaMoO4. • Investigar a contribuição fotoluminescente das estruturas sintetizadas. • Avaliar as propriedades dos pós sintetizados em testes de fotocatálise com irradiação artificial UVC em soluções de corantes da indústria têxtil. 18 19 2. Revisão bibliográfica 2.1. Molibdatos e Molibdatos de Bário (BaMoO4) Os molibdatos são materiais com propriedades químicas bastante atraentes, principalmente para as tecnologias atuais (BARDELLI et al., 2008; CAVALCANTE et al., 2009). Apresentam um alto poder em aplicações na indústria eletro-óptica, tais como: fibra ótica, detector de cintilação, catalisadores e dispositivos fotoluminescentes, pois têm boa eficiência com absorção óptica, sendo esta uma das principais propriedades exploradas destes materiais (MARQUES, ANA PAULA A. et al., 2011; WU et al., 2014; RAY; KSHETRI; et al., 2017). Entretanto, algumas pesquisas também mostraram que a versatilidade química dos compostos de molibdatos possibilitou ações na área biológica, atuando como agentes antivirais e antibacterianos (RAY et al., 2017). São também materiais semicondutores, considerados como catalisadores e fotocatalisadores, no seu estado puro ou dopado (WU et al., 2014). São certificados pela química com a composição de cátions metálicos ligados a ânions de molibdatos (MoO4 2-), em que os ânions de molibdatos apresentam geometria tetraédrica pertencendo ao grupo de simetria pontual Td , com quatro átomos de oxigênios nos vértices do tetraedro coordenandoo molibdênio que encontra-se no seu centro, com molibdênio apresentando nox 6. Geralmente, estão incluídos nas famílias do molibdatos materiais com estruturas AMO5 em que o A= Nb, Ta e M= Mo,P; AM2O7, em que A= Zr e M= Mo, P, V; AM2O8, em que A= Zr, Sc, Hf e M= Mo, W; AB(MO4)2 em que A= metal alcalino, B= Sc, Y, Al, Fe, Bi, Ln e M= Mo, W, e por último a família de nosso estudo AMoO4 em que A= Ca, Sr, Ba, Pb e M= Mo. Materiais da família AMoO4 em temperatura ambiente apresentam estrutura tetragonal do tipo scheelita e grupo espacial I41/a, organizada de modo que os íons maiores que são considerados como modificadores da rede estão coordenados por oito átomos de oxigênio, formando um cluster com disposição dodecaédrica. E os íons menores, considerados formadores da rede, apresentam-se coordenados por quatro átomos de oxigênio, formando um cluster de disposição tetraédrica, que ao final toda estrutura se organiza como uma rede de poliedros ligados pelos oxigênios dos vértices formando uma ligação M – O – M (metal – oxigênio – metal) como pode ser observado na figura 1 (BOTELHO et al., 2016). 20 Como um dos membros da família AMoO4 e estrutura scheelita, o molibdato de bário (BaMoO4) vem se destacando em recentes pesquisas ao longo dos últimos anos por suas propriedades luminescentes, sendo possível observar diversos estudos para sua obtenção (rotas de síntese), propriedades e aplicações (BOTELHO et al., 2016; RAY et al., 2017). A estrutura do BaMoO4 apresenta os dois sítios modificador e formador, organizado da seguinte forma: o modificador é constituído pelo cátion metálico, bário, ligado a oito átomos de oxigênios com interações interatômicas do tipo iônica e o formador é constituído pelo átomo de molibdênio, ligado a quatro oxigênios por interações preferencialmente covalentes. No sítio do bário, cada oxigênio compartilha seus vértices com oito clusters de molibdênio, e cada clusters de molibdênio, a oito sítios de bário (SCZANCOSKI et al., 2010). A literatura apresenta trabalhos com o BaMoO4 no seu estado puro ou dopado em que são estudados os métodos de obtenção, estrutura cristalina e morfologia, bem como suas propriedades fotoluminescentes e fotocatalíticas, mostrando sua versatilidade química e físicas. Entretanto, pesquisas atuais têm sido desenvolvidas a fim de explorar a relação morfológica adquirida com suas propriedades (BOTELHO et al., 2016; RAY, DHAKAL; et al., 2017). Os métodos de síntese aplicados para o BaMoO4 têm apresentado morfologias variadas para estes materiais, e consequentemente melhorias de suas propriedades e aplicações. Esse conhecimento das morfologias de cristais de BaMoO4 tem sido o alvo nos estudos pois, ao serem analisadas geram impactos nas suas propriedades intrínsecas. Por exemplo, Lei e Li verificaram que compostos orgânicos controlam eficientemente a morfologia de cristais de BaMoO4 restringindo o crescimento nas direções orientadas e Figura 1. Ilustração da célula unitária estrutural BaMoO4 tipo scheelita. 21 constatou mudanças nas emissões fotoluminescentes do material (LEI et al., 2015; LI et al., 2015) 2.1.1. Propriedades dos BaMoO4 As propriedades luminescentes e estruturais são as principais propriedades exploradas dos BaMoO4, suas emissões no azul, verde e laranja tem atraído a atenção de pesquisadores e da indústria, sobre tudo, a indústria eletro-óptica com aplicações potenciais em lasers, fibras ópticas e dispositivos fotoluminescentes, pois materiais que são constituídos por íons de metais de transição (W, Mo, Ti), apresentam sensibilidade na absorção óptica (MARQUES et al., 2011). Estudos também revelaram que essas propriedades luminescentes estão atribuídas a distorções e transferências de cargas nos clusters [MoO4] 2- (SCZANCOSKI et al., 2010). Distorções que são naturais destes tetraedros [MoO4] 2- que assim apresentam fotoluminescência na temperatura ambiente no seu estado cristalino. Em grande parte dos sólidos inorgânicos, a fotoluminescência se relaciona com impurezas ou desordem estruturais, que são defeitos gerados na estrutura do material, que resultam em variações eletrônicas nos sólidos. A intensidade da emissão fotoluminescente também é influenciada por fatores como: temperatura de processamento, grau de agregação e orientação entre as partículas, variações na distribuição de tamanho de partícula e morfologia das partículas. Por se tratarem de materiais cerâmicos sensíveis a luz ultravioleta, são também utilizados como fotocatalisadores em catálise heterogênea. A utilização de fotocatalisadores na remoção de moléculas orgânicas poluentes de águas residuais é considerada como uma das melhores técnicas (BAZARGANIPOUR, 2016). A eficácia na absorção óptica de óxidos de molibdatos faz com que esses compostos tenham excelentes propriedades fotocatalíticas (YANG et al., 2017). Bazarganipour verificou a propriedade fotocatalítica do BaMoO4 em soluções aquosas de corante azul de metileno sob radiação UV, atingindo 85% de degradação do corante (BAZARGANIPOUR, 2016). Já Alencar, verificou a eficiência do BaMoO4 como catalisador na oxidação em fase gasosa do tolueno. Traçando um gráfico de conversão do tolueno por temperatura e obtive resultados que mostram que a conversão de tolueno foi influenciada pelo tipo de catalisador (ALENCAR et al., 2017 ). Os BaMoO4 também são considerados materiais semicondutores, apresentando poucos estados energéticos intermediários entre a banda de valência e de condução, e consequentemente um alto valor band gap, em torno de 4,33 e 4,39 eV. A tabela 1 mostra http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0272884216323641#! 22 alguns valores de Egap em eV para alguns pós de BaMoO4 encontrados na literatura, em que pode ser visto que os valores mudam dependendo do método de síntese. Método Forma Egap eV Referencia MH Pó 4.13 SCZANCOSKI, 2009 CP Pó 4,27 GHAED-AMINI, 2015 SQ Pó 4,25 BAZARGANIPOUR, 2016 MH Pó 4,33 ALENCAR, 2017 PP Pó 4,39 ALENCAR, 2017 Os materiais semicondutores podem ter gap direto ou indireto, sendo que estruturas cristalinas de BaMoO4 apresentam absorção óptica caracterizada por transições eletrônicas diretas, e seus valores são influenciados por condições tais como: processo de obtenção, tempo, temperatura, grau de agregação e orientação das partículas, morfologia, tamanho de partículas e defeitos de superfície (SCZANCOSKI et al., 2010). Todos esses fatores resultam em diferentes defeitos estruturais, como vagas de oxigênio e distorções nos clusters, que são capazes de promover a formação de estados de energia intermediários dentro do intervalo de band gap (ALENCAR et al., 2017 ). Tabela 1: Valores de Egap para BaMoO4 encontrados na literatura. MH- Micro-ondas hidrotermal; CP-Coprecipitação; SQ- Sonoquímica e PP- Precursores poliméricos. http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0272884216323641#! 23 2.1.2. Síntese de Molibdatos de Bário (BaMoO4) As melhores propriedades e aplicações dos BaMoO4 passam pelo controle de sua morfologia, e esse controle de morfologia depende da metodologia aplicada para obtenção destes materiais cerâmicos. Ao longo dos anos, algumas vias sintéticas foram desenvolvidas e aplicadas para se ter morfologias que potencializem suas propriedades físicas e químicas (CAVALCANTE, LAÉCIO SANTOS et al., 2009). Dentre essas vias sintéticas, vem se destacando processos como: reação do estado sólido (PUPP et al., 1969); método eletroquímico (CUI et al., 2008); síntese de combustão (XIA et al., 2001); polimerização de complexos (MARQUES et al., 2008); micro emulsão reversa (MI et al., 2009); método do complexo de citrato (RYU et al., 2005), síntese solvotérmica (ZHANG et al., 2006) e hidrotérmica assistido por micro-ondas(LUO et al., 2008). Porém, alguns desses métodos apresentam desvantagens tais como: grande formação de resíduos orgânicos, tempos de síntese muito longos, desprendimento alto de energia, distribuição de partículas polidispersas e descontrole das morfologias. O método hidrotérmico assistido por micro-ondas (MH) ganhou muita atenção nos últimos anos apresentando vantagens na síntese de materiais cerâmicos e sanando os inconvenientes causados pelos outros métodos (LUO et al., 2008a). Dentre as vantagens podem se destacar: aquecimento e reações mais rápidas, baixas temperaturas e tempos de síntese, alto grau de cristalização, baixos custos de energia e ambientalmente favorável (KOMARNENI et al., 1992). Recentemente, o método hidrotérmico assistido por micro-ondas (MH) tem sido empregado para sínteses de óxidos com tamanhos de partículas controlados e morfologias com boa definição, incluindo as famílias de molibdatos e tungstatos (THONGTEM et al., 2008). A radiação eletromagnética é capaz de promover a formação de materiais com curto tempo de processamento, redução do custo de energia elétrica e controle da morfologias (KEYSON et al., 2007). A utilização de MH e da coprecipitação nas sínteses de BaMoO4 já vem sendo aplicadas por alguns pesquisadores (GHAED-AMINI et al., 2015, ALENCAR et al., 2017), assim como a coprecipitação seguida por MH, porém com tempo de síntese ainda alto (CAVALCANTE et al., 2008). Outra aplicação é o uso de reagentes orgânicos, tipo surfactantes, para melhor controle e obtenção de variadas morfologias dos óxidos de molibdatos (YIN et al., 2013a). 24 2.2. Surfactantes Surfactantes ou tensoativos são compostos químicos bastante utilizados em diversos setores da indústria. Vem da terminação “agente ativo de superfície” e são derivados de petróleo. Caracterizam-se pela disposição há absorção em superfícies e interfaces (HOLMBERG et al., 2002). São compostos moleculares anfipáticos formados por uma parte hidrofóbica e outra hidrofílica. A sua porção hidrofóbica é composta por cadeias de hidrocarbonetos, já a sua porção hidrofílica pode ser iônica (catiônica ou aniônica), não-iônica ou anfótera. Surfactantes aniônicos abrangem ésteres sulfatados ou sulfatos de ácidos graxos e sais de amônio quaternário, os catiônicos. Tais propriedades conferem aos surfactantes ampla aplicação industrial, principalmente na indústria de limpeza. É também muito utilizado na indústria de cosméticos e na indústria petrolífera (NITSCHKE et al., 2002). São classificados de acordo com a carga do grupo polar da cabeça. São divididos em aniônicos, catiônicos, não aniônicos, e zwintteriônicos (anfótero), figura 2. Os surfactantes anfóteros são aqueles que apresentam tanto cargas positivas quanto negativas em sua estrutura, e dependendo do pH podem ser catiônicos ou aniônicos (HOLMBERG et al., 2002). Por se caracterizarem por afetar nas modificações físicas dos compostos quando adsorvidos na superfície, eles são muito utilizados em sínteses de catalizadores cerâmicos porosos como responsáveis por replicar formas e organizar a estrutura dos materiais sintetisados (MARCELINO et al., 2015). Por este motivo, em recentes pesquisas, alguns métodos de síntese têm introduzido esses direcionadores estruturais para obter formas e tamanhos de materiais controlados (YIN et al., 2013; GHAED-AMINI et al., 2015). Figura 2. Classificação dos surfactantes por carga. 25 2.3. Processo Hidrotérmico Micro-ondas Os materiais nanoestruturados nos últimos anos receberam muita atenção, alavancando o desenvolvimento e uso de métodos para obtenção de nanomateriais (FILHO; SERRA, 2015). Diferentes métodos foram desenvolvidos, aprimorados e aplicados a fim de se obter materiais com tamanhos em escala nanométrica a partir de meios reacionais mais baratos e menos nocivos ao meio ambiente. Tudo isso porque os materiais em escala nanométrica apresentam propriedades químicas e físicas diferentes dos seus correspondentes em escalas maiores (BASTÚS, 2012, Cap. 18; STERN; MCNEIL, 2008; CASALS et al., 2012). As ciências químicas e de materiais foram às áreas que mais se beneficiaram da aplicação tecnológica para processamento de novos materiais. Alguns métodos químicos utilizados para sintetizar nanopós partindo de soluções tiveram muita atenção, pois possibilita o controle do tamanho das partículas e de suas morfologias (FILHO; SERRA, 2015). O processo hidrotérmico assistido por micro-ondas é uma das técnicas desenvolvidas e utilizada permitindo baixas temperaturas e baixos tempos de síntese (ULLATTIL; PERIYAT, 2017). A energia do aquecimento dielétrico ou micro-ondas deste processo é transferida na forma de calor para as moléculas da água, que em seguida aquece o sistema pelas colisões devido ao estado de maior energia (SIMÕES et al., 2012). As moléculas da água agem interagindo com os reagentes durante todo o processo de síntese, influenciando em choques efetivos entre as moléculas do material, favorecendo reações mais rápidas e homogêneas, sendo possível controlar o tamanho das partículas através da concentração dos reagentes ou da potência da radiação (BRAGA et al., 2012). O campo elétrico gerado alinha as moléculas da água através dos seus dipolos, fazendo com elas se movimentem e transferiram energia (SIMÕES et al., 2012). Essa rotação de dipolo provocada nas moléculas perturba o sistema de forma que possibilita a transferência de calor aquecendo o meio por colisões entre moléculas (BRAGA et al., 2012). Outro processo que contribui para melhor eficiência e aplicação desta técnica é a ação eletromagnética nos íons em solução, que causa transferência de calor por atrito, como mostrado na figura 3. As radiações concentram-se do interior para a superfície do material, e desta forma há aquecimento da solução e aumento na velocidade de cristalização ou nucleação possibilitando partículas com tamanhos homogêneos e diminuindo os tempos de sínteses (FORTUNY et al., 2008). 26 Adaptado, fonte: (FILHO, 2015). O processo hidrotérmico assistido por micro-ondas é também vantajoso quando se compara com o processo hidrotérmico convencional. Para sínteses de nanopartículas, o calor transferido no processo convencional é de forma mais lenta, acontece dependente das condutividades térmicas do material e das correntes convectivas, tornando um processo mais lento e com necessidade de mais energia não sendo viável economicamente (YU et al., 2008). As vantagens que podem se destacar na síntese de materiais inorgânicos pela via hidrotérmica assistida por micro-ondas são: a) aumento significativo de temperatura, seguido do aumento cinético das reações baixando o tempo de síntese; b) domínio nos parâmetros das reações; c) controle da morfologia e tamanhos das partículas; d) aumento na pureza e propriedades (BRAGA et al., 2012). Diante destas vantagens a síntese hidrotérmica assistida por micro-ondas ao longo dos últimos anos tem sido uma das técnicas utilizadas para síntese de molibdatos de bário, tanto puro como dopado (LI et al., 2016). Em um pesquisa sobre crescimento de microcristais de BaMoO4, CAVALCANTE utilizou a síntese MH para estudar a influencia do tempo nos pós obtidos. Já LIU, estudou a influencia do pH na síntese BaMoO4 por MH (CAVALCANTE et al., 2009; LIU et al., 2012). Figura 3. Representação esquemática de síntese hidrotérmico assistido por micro-ondas (a), meio reacional aquecido por micro-ondas (b), e (c) meio reacional aquecido convencional. 27 2.4. Processos oxidativos avançados (POA’s) Os resíduos industriais sempre foram motivos de preocupação com a poluição ambiental e social. Esses resíduos geralmente estão acompanhados de produtos tóxicos e apresentam certaresistência aos tratamentos convencionais (BRITO; SILVA, 2012). Em recentes anos, alternativas viáveis têm sido opções para tratamento de rejeitos industriais, dentre elas, os processos oxidativos avançados (POA’s), que vem sendo utilizado para descontaminar efluentes (SHAHIDI et al., 2015; RIBEIRO et al., 2015; FAKHRU’L-RAZI et al., 2009; DIYA’UDDEEN et al., 2011; YU et al., 2017; MIZZOURI; SHAABAN, 2013; OANNOU et al., 2015). Esses efluentes muitas vezes são resíduos da indústria têxtil, águas residuais com alta concentração de pigmentos ou corantes (OZTURK et al., 2009; GÜYER et al., 2016). O surgimento de novas tecnologias dá-se pela dificuldade que os micro-organismos têm de degradar moléculas grandes em processos biológicos. Os POA’s vêm garantindo particular destruição de poluentes orgânicos, além de atender as regulamentações ambientais. A resolução n° 430, de 13 de maio de 2011 do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA dispõem as condições e diretrizes para a gestão de lançamento de efluentes em corpos de águas receptoras no Brasil (http://www.mma.gov.br/port/conama/). Dawil e colaboradores (2017) consideram que os POA’s vieram para preencher a lacuna entre a tratabilidade alcançada pelos tratamentos físico-químicos e biológicos convencionais e os limites mais exigentes do dia-a-dia fixados pelas regulamentações ambientais. Esse processo gera agentes altamente reativos, principalmente radicais hidroxil (•OH), que é capaz de oxidar através de reações de degradação espécies orgânicas resistentes em efluentes aquosos (SHAHIDI et. al., 2015; RIBEIRO et. al., 2015). Esses radicais (•OH) podem aparecer de reações de espécies com poder de oxidação alto, tais como: peróxido de hidrogênio (H2O2) e ozônio (O3), semicondutores e irradiação ultravioleta (UV) (BOCZKAJ; FERNANDES, 2017). E são capazes de reagirem diferentemente e com rapidez com muitos compostos orgânicos, através de adição á ligação dupla, para moléculas com ligações (π) (equação 1), ou pela abstração de átomos de hidrogênio em moléculas alifáticas (equação 2). 28 Eq. (1) ∙OH + RH → R∙ + H2O Eq. (2) Destas reações ocorre à formação de radicais orgânicos, da abstração do hidrogênio causada pelo radical hidroxil (equação 3), seguida da formação do radical peróxido pela reação com o oxigênio molecular (equação 4), resultando reações de degradação com formação de CO2 e H2O (FIOREZE et al,. 2014). ∙OH + RH → R∙ + H2O Eq. (3) R∙ + O2 → RO2∙ Eq. (4) A formação dos radicais (•OH) pode envolver diversos métodos, sendo os mais conhecidos com os catalisadores sólidos comumente chamados de heterogêneos, e os demais, homogêneos (SOUZA et al., 2010; FIOREZE et al., 2014), tabela 2. A maioria destes processos envolve interação com a radiação eletromagnética, absorção da luz. Essa quantidade de energia absorvida por uma molécula ou átomo, promove um elétron do seu estado de menor energia (fundamental) para um de maior energia (excitado), provendo a transição eletrônica entre orbitais de baixa para alta energia. O processo de excitação é quantizado, o valor da energia absorvida é igual à diferença de energia entre os dois níveis, e este “salto” eletrônico promove um elétron de um orbital Método Heterogêneo Homogêneo H2O2/UV O3/UV Com irradiação Catalisador/UV/O2 O3/H2O2/UV Foto-Fenton O3/OH- Sem Irradiação O3/H2O2 O3/Catalisador Reativo de Fenton Tabela 2. Alguns métodos para os sistemas de catalise heterogêneos e homogêneos. 29 preenchido HOMO (orbital molecular ocupado com mais baixa energia) para um orbital LUMO (orbital molecular desocupado com mais alta energia), gerando um espaço ou lacuna que favorece sua ocupação por um elétron do meio, desencadeando nas reações de degradação. A fotodegradação envolve dois processos, o direto (fotólise) e o indireto (fotocatálise). A fotólise acontece porque há absorção direta do fónton de luz pela molécula do composto toxico, tornando tal composto reativo (equação 5). Já fotocatálise, ocorre pela absorção de um agente catalítico em contato com o composto tóxico através de uma solução (equação 6). Esses agentes catalíticos são predominantemente materiais semicondutores ou outras espécies fotossensíveis. R hᶹ R* Eq. (5) Poluente + O2 hᶹ + Semicondutor CO2 + H2O + Minerais Eq. (6) 2.5. Fotocatálise Fotoquímica é o ramo da química que estuda as interações entre átomos ou moléculas e a radiação eletromagnética. Alguns exemplos de processos relacionados com a fotoquímica são a fotossíntese, fotografia, fotofosforilação, fotólise e a fotocatálise (IUPAC). A fotocatálise é um termo derivado do processo (fotoquímica + catalisador) que envolve aceleração de uma reação (fotorreação) pela presença de um catalisador. Park (2017) a fotocatálise é um dos campos mais importantes para a pesquisa de energia verde renovável e ecológica, na qual pode ser encontrada de duas maneiras: fotocatálise heterogênea e homogênea, sendo o estado físico do catalisador (sólido ou não) utilizado que as diferenciam (PUTRI et al., 2015). Na fotocatálise heterogênea são observadas as seguintes etapas, como difusão, adsorção e reação (ZHONG et al., 2012). Os catalisadores são semicondutores inorgânicos e tem um intervalo de banda entre suas bandas de valência e de condução, que podem absorver energia resultando na excitação de elétrons (e-) da banda de valência para a banda de condução, gerando um buraco (h•), figura 4. 30 Esse processo oxidativo é transportado para materiais como água e poluentes orgânicos que estão próximos ou adsorvidos na superfície dos catalisadores, causando reações de redução ou oxidação desses materiais (PARK, 2017). Por se tratar de um processo que utiliza materiais semicondutores, a fotocatálise heterogênea possibilitou o surgimento de pesquisas ao longo dos últimos anos com o fim de melhorar o desempenho fotocatalítico dos semicondutores fotocatalíticos (PUTRI et al., 2015; PARK, 2017; CHENG et al., 2014; DUNKLE et al., 2009). Diversos materiais que apresentam band gap estreito, e que podem absorver a luz visível vêm sendo reportados na literatura, principalmente óxidos (LV et al., 2017; SOUZA et al., 2017). Outra forma utilizada é a dopagem de óxidos metálicos com band gap largo, gerando estados intermediários entre as (BV) e (BC), que resulte em atividade fotocatalítica no alcance da luz visível (PARK, 2017). As reações envolvidas no processo de fotocatálise heterogênea são decorrentes da formação de radicais livres que tem seu início pela absorção dos fótons de nível energéticos favoráveis as moléculas dos compostos químicos em semicondutor, as espécies adsorvidas ou em contato com o catalisador são degradadas pelo par (e-, h•) (ABOU SAOUD et al., 2017). Recentemente comprovou-se que devido à alta eficiência óptica, compostos com íons de metais de transição do Grupo-VA, tais como W, Mo e Ti apresentaram eficiência fotocatalítica para degradação de corantes em soluções aquosas, dentre eles os óxidos de molibidatos (BAZARGANIPOUR et al., 2016b). Figura 4. Esquema representacional da fotocatálise heterogênea. 31 2.6. Corantes O avanço tecnológico marcou o início para o desenvolvimento de novos processos industriais e consequentemente essenciais à vida. Grande número de técnicas foram desenvolvidas, técnicas que muitas vezes utilizam da exploração do meio ambiente e suas matérias-primas (FIOREZE et al., 2014). Porém, atrelado a esse avanço, os problemas ambientais começaram a surgir. Contaminação do meio ambiente por acúmulo de matérias-primas, insuficiência dos processos de conversão e geração de resíduos (CERVANTES et al., 2009). Há,entretanto uma grande preocupação com o meio aquático, já que nesse meio é possível encontrar grande variedade de contaminantes, que incluem pesticidas, produtos farmacêuticos, de uso pessoal e compostos industriais (JURADO et al., 2012). Oriundos de águas residuais de processos da agricultura, pecuária, aquicultura, domésticos e principalmente industriais (LUO et al., 2014). Os corantes são produtos essenciais às indústrias de tecidos, alimentos, móveis e tintas. Ao mesmo tempo em que é potencialmente uma ameaça ao meio ambiente. Sua toxicidade e natureza cancerígena são as principais causas de preocupação (BAZARGANIPOUR et al., 2016). Pequenas quantidades destes compostos podem gerar gravíssimos problemas ambientais, por exemplo: a inibição da fotossíntese de bactérias aquáticas causadas pela não passagem da luz (DUTTA et al., 2009). São substâncias orgânicas sintéticas ou naturais, classificadas por sua estrutura química, grupos cromóforos, ou sua forma de fixação. Há diversos grupos cromóforos, sendo que a família mais utilizada é a dos azocorantes (-N=N-), que representam mais da metade dos corantes utilizados mundialmente, figura 5. Fonte: (ALMEIDA, 2004) Figura 5. Representação da estrutura química de alguns corantes azos. 32 Existe usualmente na indústria uma grande variedade de corantes, em torno de 10.000 diferentes corantes e pigmentos. Essa quantidade representa consumo ao ano em torno de 7x105 tons no mundo e 26.500 tons no Brasil (KUNZ et al., 2002). 2.7. Fotoluminescência (FL) Luminescência é o fenômeno intrínseco que algumas substâncias possuem ao emitir radiação decorrente do retorno de um elétron do seu estado de alta energia (excitado) para o estado de menor energia, sendo essa radiação emitida da ordem do comprimento de onda do espectro visível, podendo também ocorrer no ultravioleta e infravermelho (BOTELHO et al., 2013). As emissões luminescentes envolvem transições eletrônicas entre os estados eletrônicos característicos da substância emissora, e são criados entre a banda de valência e a de condução a partir do desdobramento de orbitais. Estes estados possuem energias muito próximas e são limitados pela (BV) e pela (BC), que na teoria dos orbitais moleculares, correspondem ao estado fundamental e excitado, respectivamente (SOUZA et al., 2011). A luminescência ainda pode ser classificada de acordo com a energia irradiada sobre o material, como por exemplo, a eletroluminescência, a catodoluminescência, a bioluminescência, a luminescência química e a fotoluminescência (BLASSE). Sendo a fotoluminescência de um modo geral um fenômeno ótico produzido quando um material é excitado e exibe uma emissão de onda eletromagnética na forma de fótons. A onda eletromagnética irradiada por fotoluminescência tem, em regra, um comprimento de onda maior do que a onda eletromagnética que causou esta luminescência e frequência do fóton relacionada com o tipo do material que o compõe. Geralmente, em sólidos inorgânicos, a fotoluminescência é influenciada por imperfeições do tipo atômica e/ou molecular, que são características dependentes da natureza e estrutura das imperfeições (LUCENA et al.,2004). A fotoluminescência ainda pode apresentar dois efeitos, a fosforescência e a fluorescência. A fluorescência ocorre quando um dos pares de elétrons de uma molécula é excitado, e um elétron sai do seu estado fundamental e vai para o estado excitado singleto (emparelhamento do spin), que corresponde a um tempo de vida médio de aproximadamente 10-8 segundos. Já a fosforescência, o elétron sai do seu estado fundamental e vai para o estado de excitação tripleto (desemparelhamento do spin), correspondendo a um tempo de vida médio um pouco mais demorado, com variação de 10-4 até vários segundos (SKOOG, 2009 p. 414 e 415), figura 6. 33 Fonte: (SKOOG, 2009) As propriedades dos materiais fotoluminescentes surgem das interações entre suas estruturas, dopantes e os vários defeitos, todos intimamente ligados e dependentes da composição. Para alguns materiais a presença de oxigênios não ligados, caracteriza-se como um dos principais defeitos que podem modificar a estrutura eletrônica do sistema. Dessa forma, a luminescência observada para esses materiais origina-se de uma recombinação radiativa entre os elétrons e buracos gerados pelos defeitos causados pelos oxigênios não ligados. Entretanto, para muitos casos com materiais cristalinos só pode ser feita essa recombinação com o surgimento de novos níveis eletrônicos no band gap (GURGEL, 2005). A fotoluminescência tem atraído atenção de pesquisas ao longo dos anos, isso porque é possível extrair informações sobre as propriedades ópticas e estruturais dos materiais (WEISBUCH et al., 1981; ZIMMERMANN; RUNGE, 1997; OLIVEIRA et al., 1999; CHEN et al., 2004; LONGO et al., 2011; YANG et al., 2017). O uso da fotoluminescência é bastante útil porque elimina alguns problemas nas características do material causados por outras técnicas para analise de semicondutores, pois essas técnicas empregam elétrons ou íons em suas analises. Já ao contrário dessas outras técnicas, a fotoluminescência apresenta uma análise óptica que pode ter um grande número de detectores, incluindo o olho humano. A sua sensibilidade possibilita detectar defeitos pontuais e estruturais de materiais semicondutores, cujo processo de ocorre quando um fóton de luz de excitação com energia maior ou igual a da Figura 6. Ilustração dos efeitos da fotoluminescência: Fosforescência e fluorescência (Diagrama de Jablonnski) (SKOOG). 34 banda proibida (band gap), é absorvido criando um par elétron-lacuna, que em seguida se recombina gerando outro fóton (LAURETO et al., 2005; SAOUD et al., 2017). Em molibdatos, os espectros de emissão fotoluminescentes geralmente apresentam um perfil de banda larga, que na maioria das vezes é influenciado pelas modificações específicas nas disposições atômicas, do método de síntese, morfologia e defeitos de superfície (CAVALCANTE et al., 2009). Esse perfil largo é característico para bandas de emissão multi-fonon, ou de um mecanismo no qual o relaxamento ocorre por varias vias envolvendo a participação de estados intermediários dentro do band gap do material (ALENCAR et al., 2017). Alguns autores sugerem que a banda fotoluminescente para os molibdatos está associada à existência de clusters distorcidos [MoO4], levando assim à formação de níveis de energia intermediários dentro do intervalo de banda que por via de regra são basicamente compostos pelos orbitais do oxigênio 2p e dos orbitais do molibdênio 4d. Entretanto, é comum aceito esses espectros de emissão estarem associados às transições de transferência de cargas dentro dos complexos [MoO4]2- (LIU et al., 2012). 35 36 3. Metodologia 3.1. Procedimento experimental - Síntese do BaMoO4 Os reagentes utilizados nas sínteses dos pós de BaMoO4 encontram-se na tabela 3. Tabela 3. Reagentes empregados nas sínteses do BaMoO4. A síntese dos pós de molibdato de bário ocorreu em processo hidrotérmico assistido por micro-ondas, após reação de coprecipitação, variando os tempos e os surfactantes (Setil e Sbenzol). Em uma síntese padrão, foram utilizados 5×10-3 mol de ácido molíbdico e 5×10-3 mol de nitrato de bário em que foram dissolvidos em 90 mL de água deionizada sob agitação durante 15 min. Neste sistema, foi adicionado 5 mL de hidróxido de amônia em agitação por 15 min para promover a precipitação do BaMoO4. Os precipitados formados originaram-se das ligações covalentes entre oácido de Lewis (cátions Ba2+), aceitador de pares de elétrons da base de Lewis, (ânions MoO4-). O pH final da solução resultante foi igual a 14. O material resultante foi transferido para uma autoclave de Teflon e processada a 140°C no hidrotérmico micro-ondas em tempos 1, 2, 4 e 8 minutos. A pressão na autoclave foi estabilizada para 3.4 bar. Ao final da síntese, a autoclave foi retirada do micro-ondas e resfriada a temperatura ambiente. A solução obtida foi lavada com água destilada 10 vezes para neutralizar a base para um pH aproximadamente 7. Por fim, os precipitados de BaMoO4 foram secos a 100°C em estufa. Os pós obtidos foram em seguida caracterizados pelas técnicas de difração de raios-X (DRX), espectroscopia vibracional na região do infravermelho, espectroscopia na região do Reagente Fórmula Química Marca Pureza (%) Ácido Molíbdico H2MoO4 Synth 85% Nitrato de Bário Ba(NO3)2 Sigma-Aldrich 99,50% Hidróxido de Amônia NH4OH Ethyl 4-dimethylaminobenzoate Sigma-Aldrich 97% C11H15NO2 1,2,4,5-Benzenetetracarboxylic 1,2:4,5-dianhydride C10H2O6 Merck 99% 37 ultravioleta visível no modo refletância difusa, espectroscopia de fotoluminescência e microscopia eletrônica de varredura com emissão de campo (MEV-FEG), figura 7. Figura 7. Fluxograma do processo de síntese. 3.2. Ensaios de fotocatálise Para os ensaios de fotocatálise, foram utilizadas soluções aquosas de corantes da indústria têxtil nas concentrações de 1x10-5 mol/L e volume de 50 ml para uma quantidade em massa de 0,05g de pó de BaMoO4. Os pós foram pesados e dispersos nas soluções dos respectivos corantes. Em seguida, foram levados para o ultrassom por 30 minutos no escuro para dispersão das partículas e absorção do corante nas partículas. Após esse tempo, as soluções foram alocadas na caixa de degradação sob irradiação ultravioleta, conforme demonstrado na figura 8. Alíquotas de 3 ml foram recolhidas de 20 em 20 minutos para análise da concentração pela absorbância. Foi feita uma seleção dos pós sintetizados de acordo com a energia de band gap (Egap), em que foram utilizadas as amostras com maiores e menores valores. Os resultados foram plotados de acordo com a equação (7), em que foi utilizada uma curva analítica que relacionou os valores das absorbâncias com as concentrações de cada alíquota no seu 38 respectivo tempo, determinando as concentrações residuais, bem como a porcentagem de descoloração. Descoloração (%) = 100 x [(Co - Cf) / Co] Eq. (7) Em que, Cf = Concentração final da solução após o teste fotocatalítico em (mol.L -1); Co = Concentração inicial da solução do corante em (mol.L -1). Como o objetivo de simular um meio contaminado, foram utilizados soluções de corantes da indústria têxtil como possíveis efluentes. Os corantes utilizados foram o azul de metileno, o alaranjado de metila e rodamina B, tabela 4. Corante Fórmula Molecular Fórmula Estrutural Massa Molecular Azul de Metileno C16H18N3SCl 319,85 g/mol Alaranjado de Metila C14H14N3NaO3S 327,33 g/mol Rodamina B C28H31ClN2O3 479,02 g/mol Figura 8. Representação esquemática da caixa de degradação. Tabela 4. Características dos corantes sintéticos da indústria têxtil. 39 3.3. Caracterização 3.3.1. Difração de raios-X (DRX) As análises de difração de raios-X dos pós de BaMoO4 foram realizadas em um difratômetro de raios-X da marca Shimadzu modelo XRD – 7000, com voltagem de 40.0 kV, corrente de 30.0 mA e radiação Kα do cobre (λ = 0,15406 Ǻ). O refinamento Rietiveld foi realizado no programa GSAS para refinamento, em que é fornecido através do grau de convergência das funções pelos índices ou fatores R convencionais de Rietiveld: Rwp, Rp, RBragg e X2, subsídios para julgar a qualidade do refinamento, conferindo confiabilidade aos parâmetros refinados. • Os índices Rwp e Rp avaliam o ajuste do difratograma em porcentagem, e é dado pelas expressões: 𝑅𝑤𝑝 = 100[ ∑ 𝑤𝑖|𝑦𝑖(𝑜𝑏𝑠)−𝑦𝑖(𝑐𝑎𝑙𝑐)|2𝑖 ∑ 𝑤𝑖|𝑦𝑖(𝑜𝑏𝑠)|2𝑖 ]1/2 Eq. (8) Em que: yi(obs) e yi(calc) são as intensidades observadas e calculadas no i-ésimo ponto do difratograma, e wi é o valor ponderado das intensidades. • Na avaliação da qualidade do modelo estrutural refinado utiliza-se o RBragg que é descrito como uma função das intensidades integradas dos picos de acordo com: 𝑅𝐵𝑟𝑎𝑔𝑔 = 100 ∑ |𝐼𝑘𝑘 (𝑂𝑏𝑠)−𝐼𝑘(𝑐𝑎𝑙𝑐)| ∑ |𝐼𝑘𝑘 (𝑜𝑏𝑠)| Eq. (9) Em que: Ik é a intensidade integrada (área sobre a curva) da k-ésima reflexão de Bragg. • Também como fator de qualidade de ajuste o X2, em que o seu valor ideal geralmente deve ser > ou aproximadamente a 1, e é dado pela expressão: 𝑋2 = ( 𝑅𝑤𝑝 𝑅𝑒 )2 Eq. (10) 40 - Fator esperado Re, 𝑅𝑒 = 100[ 𝑁+𝑃+𝐶 ∑ 𝑤𝑖𝑦𝑖2(𝑜𝑏𝑠)𝑖 ]1/2 Eq. (11) Em que: N+P+C representa o número de graus de liberdade; em que N é o número de pontos do difratograma, P é o número de parâmetros refinados e C é o número de equações de vínculo entre os parâmetros. Em que teoricamente o fator Re corresponde ao menor valor de Rwp. 3.3.2. Espectrometria do ultravioleta Visível – (UV-Vis) As amostras foram submetidas a análises de espectrometria do ultravioleta Visível – (UV-Vís) no modo reflectância difusa em um equipamento da marca Shimadzu UV-2600 com varredura de comprimentos de onda na faixa de 400 a 800nm para realização dos cálculos da energia de band gap das amostras, por intermédio do método de Wood e Tauc. O UV-Vís também foi empregado para analisar as concentrações das soluções de rodamina B, azul de metileno e alaranjado de metila, submetidas à radiação ultravioleta no processo de degradação. 3.3.3. Cálculo de energia do “band gap” óptico O cálculo do “band gap” (Egap) foi realizado utilizando o método de Wood e Tauc, através das equações descritas abaixo. ℎ𝛼𝑣 ∝ (ℎ𝑣 − 𝐸𝑔) 1 2 Eq. (12) ou (𝐸𝛼)2 ∝ (𝐸 − 𝐸𝑔) Eq. (13) Em que h é a constante de Planck, v é a frequência, α é a absorbância e Eg é a energia do “band gap” óptico. Portanto, ao ser traçado um gráfico de (Eα)2 em função de E será possível estimar o valor de Eg por intermédio de uma extrapolação da porção linear da curva de absorção, ou seja, quando (Eα)2 é igual a 0. 41 3.3.4. Espectroscopia no infravermelho por transformada de Fourier – (FTIR) Uma mistura das amostras de BaMoO4 com sal de brometo de potássio (KBr) em forma de pastilha foram submetidas a análises de transmitância no infravermelho para identificar as estruturas dos compostos através das frequências das vibrações das ligações nas moléculas. O equipamento utilizado foi um espectrofotômetro da Shimadzu, modelo IRTracer- 100 com scanning 30 em resolução 8. 3.3.5. Fotoluminescência – (FL) As medidas de fotoluminescência das amostras foram realizadas a temperatura ambiente em um monocromador Monospec 27 (Thermal Jarrel Ash, USA) acoplado a uma fotomultiplicadora R446 (Hanramatsu, Japan) com um laser de Argônio (Coherent Innova 90 K, USA) e comprimento de onda de excitação de (λ = 350,7 nm). O sistema CIE (Comissão internacional de Iluminação) é utilizado para descrever as cores (ROBERTSON, 1968). A medição feita pela CIE se baseia na possibilidade de misturar qualquer cor como uma combinação de três cores primárias. Essa mistura tem como cores primárias o vermelho, o verde e o azul. A soma delas resulta no branco, sendo preta a ausência total de luz. A CIE convencionou as integrais espectrais (14) X, Y e Z como substitutas para as cores primárias no diagrama de cromaticidade, sendo elas funções de representação e combinaçõesdessas cores (15). O diagrama de cromaticidade então projeta no plano de X+Y+Z=1, mostrando x e y como coordenadas para todos os valores de cromaticidade visível no intervalo do espectro de 450 a 800 nm. -Sistemas de equações: X = ∫ 𝑥′ 𝑃(𝜆)𝑑𝜆 Y = ∫ 𝑦′ 𝑃(𝜆)𝑑𝜆 Z = ∫ 𝑧′ 𝑃(𝜆)𝑑𝜆 Eq. (14) x = X X+Y+Z y = Y X+Y+Z z = Z X+Y+Z X + Y + Z = 1 Eq. (15) Em que: P (λ) é o espectro de luminescência das amostras, que fornece a intensidade emitida para cada região dentro do visível. E os valores de λ para os componentes x', y’ e z’ são 599, 555 e 446 nm, respectivamente. 42 3.3.6. Microscopia eletrônica de varredura com canhão de elétrons por emissão de campo – (MEV-FEG) As características morfológicas das amostras de molibdato de bário foram analisadas por intermédio de um microscópio eletrônico de varredura com canhão de elétrons por emissão de campo MEV-FEG ZEISS, modelo Supra 35. 3.3.7. Fotocatálise A eficiência fotocatalítica das amostras foram realizadas em câmara de degradação com dimensões de h= 45 cm C= 60 cm e L= 35 cm, com seis lâmpadas UVC (254 nm ≈ 4,9 eV) da marca Philips Ultravioleta, modelo G-15T8, figura 6. Foram escolhidas para realização dos testes as amostras com maiores e menores Egap. 43 44 4. Resultados e Discussão 4.1. Difração de raios-X (DRX) Os pós foram estruturalmente analisados por difratometria de raios-X. Após analises de drx, as amostras sintetizadas apresentaram as difrações características para o material BaMoO4 de acordo com a carta (JCPDS nº 29-0193), em que também não é observado nenhum pico de alguma impureza, comprovando um material puro com estrutura tetragonal do tipo scheelita e grupo espacial I41/a, figura 9. A cristalinidade do material também é observada, com os picos apresentando boa nitidez e definição. As amostras sintetizadas com os surfactantes também apresentaram o mesmo padrão em relação ao que foi observado para as amostras puras, não tendo nenhuma influência na cristalinidade do material (SCZANCOSKI et al., 2010). Em sua pesquisa utilizando o EDTA como surfactante, Yin constatou que também não houve influência do agente quelante na cristalinidade do pó sintetizado. Assim como Ghaed- Amini, que estudou quais os efeitos de diversos surfactantes em sua pesquisa. Tais como: polivinil pirrolidona (PVP), dodecil sulfato de sódio (SDS) e brometo de cetil trimetil amónio (CTAB), constando também não observar alterações na cristalinidade do material (YIN et al., 2013; GHAED-AMINI et al., 2015). Os resultados mostraram formação de pós de BaMoO4 cristalinos pelo método empregado neste trabalho (coprecipitação seguido do HM) com redução significativa do tempo de processamento em relação a resultados encontrados na literatura e em outros métodos convencionais (XIA et al., 2001; CUI et al., 2008). 45 Figura 9. Difratogramas das partículas, (a) Puro, (b) surfactante setil e (c) surfactante sbenzol. 46 4.1.1. Parâmetros de rede Uma analise ainda mais detalhada, o refinamento Rietveld, foi aplicada utilizando os valores dos parâmetros de rede dos pós. Os resultados podem ser vistos na tabela 5, em que possível observar pequenos desvios que podem ser atribuídos pela influência do método de síntese, pois a forma empregada para obtenção dos pós de BaMoO4, exercem influência nos parâmetros de rede e no volume da célula unitária (CAVALCANTE et al., 2009). Amostras Parâmetro de rede (Ângstrons) a c Razão c/a Vol. da célula unit. (Å3) Tam. de cristalito (nm) Rp % Rwp % X2 R Bragg BaMoO4_1min 5.58 12.83 2.29 399.49 526.31 24.97 33.34 1.09 0.20 BaMoO4_2min 5.58 12.83 2.29 399.54 505.05 25.01 33.31 1.08 0.17 BaMoO4_4min 5.58 12.83 2.29 399.40 478.46 24.24 32.43 1.11 0.20 BaMoO4_8min 5.58 12.83 2.29 399.57 505.05 24.71 32.99 1.06 0.20 BaMoO4_1min_Setil 5.58 12.82 2.29 399.63 543.47 23.39 31.41 1.34 0.17 BaMoO4_2min_Setil 5.58 12.83 2.29 399.61 429.10 24.01 32.19 1.38 0.16 BaMoO4_4min_Setil 5.58 12.83 2.29 399.80 444.44 25.08 33.42 1.06 0.22 BaMoO4_8min_Setil 5.58 12.83 2.29 399.71 406.50 25.45 33.43 1.06 0.20 BaMoO4_1min_Sbenzol 5.58 12.83 2.29 399.86 476.19 25.42 33.88 1.12 0.22 BaMoO4_2min_Sbenzol 5.58 12.83 2.29 399.81 454.54 24.05 33.08 1.18 0.21 BaMoO4_4min_Sbenzol 5.58 12.83 2.29 399.80 497.51 23.93 32.55 1.16 0.20 BaMoO4_8min_Sbenzol 5.58 12.83 2.29 399.58 531.91 23.31 32.17 1.22 0.20 JCPDS 29-0193 5.58 12.82 2.29 400.14 Tabela 5. Parâmetros de rede dos pós de BaMoO4. O método de Rietveld permite caracterização a partir de medidas de varredura lenta dos pós pela técnica de difração de raios-X e estima um modelo estrutural aproximado para a estrutura real obtida. Envolvem (i) indexação de fases cristalinas, (ii) refinamentos de cela unitária, (iii) determinação de tamanho de cristalito e micro deformação de rede, (iv) análise quantitativa de fases, (v) determinação de estruturas cristalinas, (vi) refinamento de estruturas cristalinas, (vii) determinação de orientação preferencial (textura), (RIETVELD 1967; MANIAMMAL et al., 2017). Os resultados fornecidos através do grau de convergência das funções pelos índices Rwp, Rp e X2, apresentou que houve um refinamento considerado satisfatório. Uma vez que um bom ajuste os valores precisam estar aproximadamente entorno de 20% para os R’s e aproximadamente 1 para o X2 (AHSAINE et al., 2015), figura 10. http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1386947716305677 http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0272884215016193#! 47 48 Figura 10: Difratogramas de refinamento estrutural Rietveld das amostras de BaMoO4_Puro (a), BaMoO4_Setil (b) e BaMoO4_Sbenzol (c) 49 Os dados na tabela 5 foram utilizados para ilustrar as células unitárias de BaMoO4, que apresenta uma estrutura tetragonal do tipo scheelita em que se observa os clusters de bário que está ligado a oito átomos de oxigênios e o de molibdênio, ligado a quatro oxigênios e disposição distorcida, com ângulos de ligação α e β entre o Mo-O variando, figura 11. Figura 11: Representação esquemática das células unitárias de BaMoO4 ilustrando os clusters de [MoO4] e os ângulos (α e β) entre as ligações O-Mo-O. 50 4.2. Espectroscopia no infravermelho por transformada de Fourier – (FTIR) Para inicio da discussão dos resultados e verificar a formação dos pós sintetizados, é apresentado através da figura 12 (a) a análise de FTIR com espectro de infravermelho localizado entre 400 cm-1 a 2000 cm-1, em que através da análise dos espectros pode ser verificado a banda característica comum para materiais com arranjo de óxidos de molibdatos metálicos, que para essa pesquisa há o interesse da formação de pós cristalinos de molibdato de Bário (BaMoO4) (THONGTEM et al., 2008; SUNG LIM et al., 2012). Essa banda está situada na faixa de 900-800 cm-1, que corresponde ao estiramento antissimétrico Mo-O dentro do grupo [MoO4] 2-, característico de estrutura tetragonal do tipo scheelita (GHAED-AMINI et al., 2015). Podendo ser observada também na figura 12 (b) e 12 (c) que corresponde as amostras com os surfactantes Setil e Sbenzol. Pode-se também observar que aparecem para todos os espectros as bandas em 1371,96 cm-1, 1629,11 cm-1 e 1690,81 cm-1 que correspondem respectivamente ao estiramento entre as ligações N-O, N-H e C-O, dos quais o estiramento em 1371,96 cm-1 é atribuídos aonitrato de bário, assim como o estiramento em 1629,11 cm-1 ao hidróxido de amônio, ambos reagentes utilizados na síntese. Já o estiramento em 1690,81 cm-1 pode está relacionado com CO2 da atmosfera (MARQUES et al., 2005). Os espectros das figuras 12 (a) e 12 (b) referentes às amostras BaMoO4_Puro e BaMoO4_Setil estão bastante semelhantes, entretanto o espectro para as amostras BaMoO4_Sbenzol, aparecem algumas bandas mais acentuadas que podem estar relacionadas aos grupos carbonatos do surfactante. Com alongamentos de ⱱ(CO) ocorrendo em 2375-1100 cm-1e em 1100-550 cm-1 ⱱ(OCO), de acordo com (NAKAMOTO, 2008). É possível ainda observar uma banda em 443,45 cm-1 que corresponde ao modo de estiramento entre ligações Mo-O (THONGTEM et al., 2008). 51 - Figura 12. Espectro de infravermelho de 400 cm-1 a 2000 cm-1 dos pós de BaMoO4 em diferentes tempos: a) BaMoO4_Puro; b) BaMoO4_Setil e c) BaMoO4_Sbenzol. 52 4.3. Microscopia eletrônica de varredura com canhão de elétrons por emissão de campo – (MEV-FEG) A microscopia de alta resolução foi utilizada para identificar e estudar as diversas morfologias dos pós de BaMoO4 sintetizados, corroborando com as análises até aqui apresentadas. As imagens geradas pelo MEV-FEG (figuras 13, 15 e 16), mostram a formação de pequenos octaedros de BaMoO4 processados em diferentes tempos com e sem o uso de surfactantes. Observa-se alto índice de aglomeração de partículas, que pode ter relação com o aquecimento rápido, e consequentemente maiores taxas nos choques efetivos entre as partículas geradas pelas radiações micro-ondas durante a síntese. É também observado que as características morfológicas implicam que a taxa de crescimento das faces dos cristais é independente da taxa de supersaturação da solução, uma vez que é possível a formação de solução concentrada de sais no meio reacional (CAVALCANTE et al., 2009). É observado ainda que, a formação e o crescimento das estruturas se dão pela absorção dos octaedros menores, sendo favorecidas nas amostras sintetizadas com surfactantes (figura 15 e 16). Como são substâncias com característica química à disposição há absorção em superfícies e interfaces, os surfactantes ao serem adicionados são adsorvidos nas superfícies, aumentando as interações entre as partículas e como consequência o crescimento dos cristais. Há, portanto um favorecimento nas interações entre as caudas das moléculas do surfactante, que influenciam no processo de crescimento dos microcristais devido às elevadas taxas de adsorção (CAVALCANTE et al., 2009). Figura 13. Micrografia dos pós de BaMoO4_Puro nos tempos (a) 1min, (b) 2min, (c) 4 min e (d) 8min. 53 A figura 13 (a-d) se refere aos pós de BaMoO4_Puro nos tempos de 1, 2, 4, e 8 minutos respectivamente. Em que se pode observar que desde o processo inicial, no tempo de um minuto as partículas têm um padrão geométrico octaédrico. Cujo padrão já vem sendo reportado na literatura e que o MH gera estruturas observadas para molibdatos (BOMIO et al., 2013). Porém, as faces apresentam irregularidades, alguns defeitos de superfícies possivelmente causados devido à hidrólise rápida durante a adição do hidróxido de amônia em solução e maiores taxas nos choques efetivos entre as partículas geradas pelas radiações micro-ondas. (ARAÚJO et al., 2014). A figura 13 (d) cujo tempo de síntese foi de 8 minutos, apresenta uma estrutura com quantidade de planos bem maior e faces quase sem defeitos, quando comparadas com as estruturas das amostras sintetizadas nos tempos de 1, 2, e 4 minutos. Mostrando que o processamento realizado MH com tempo de síntese maior favoreceu o crescimento dos micros octaedros e o aparecimento de outras faces, resultando em cristais maiores, com maior quantidade de faces e faces bem mais definidas. Em seu trabalho, Cavalcante sugere que o crescimento anisotrópico para os micro octaedros de BaMoO4 é causado por diferenças nas energias de superfície em cada face cristalina, e que provavelmente, esse crescimento é decorrente de ligações interatômicas mais fortes entre os clusters [BaO8] e [MoO4] (CAVALCANTE et al., 2009). Na figura 14 é proposto de forma mais detalhada o sistema de crescimento dos octaedros. Cujo mecanismo pode ser explicado pela teoria de ostwald ripening, em que o crescimento das partículas ocorre termodinamicamente conduzido, com a maturação ocorrendo espontaneamente da coalescência de partículas menores e próximas, eliminando a interface comum entre elas (GURGEL et al., 2017). Figura 14. Micrografias dos pós de BaMoO4_Puros sintetizados em tempos diferentes e modelo de crescimento de cristais de PbMoO4; Adaptado Gurgel (2017). 54 Como pode ser visto na figura 14 (a), as nanopartículas de partida têm em torno de 200 nm e forma irregular. Entretanto, com o passar do tempo essas partículas passam a ter forma aproximada a octaedros, com tamanhos em torno de 400 nm, figuras (b) e (c). Chegando então ao fim, com estagio de maturação observado na figura (d), com tamanho de 600 nm e formato de octaedro perfeitos e faces bem definidas. A formação de pequenas partículas é cineticamente preferencial, pois são mais fáceis de nuclear. No entanto, as partículas grandes são favorecidas termodinamicamente, porque partículas pequenas possuem maior área superficial em volume do que partículas grandes e, portanto, são mais fáceis de produzir. Sendo assim, há uma competição entre termodinâmica e cinética que impulsiona o processo de transformação do cristal, portanto, as partículas pequenas obtêm um estado de energia mais baixo se transformando em partículas grandes (DAI et al., 2017). O amadurecimento de ostwald é então um mecanismo de crescimento anisotrópico em que as partículas maiores são mais favorecidas energeticamente, sugerindo então um esquema de crescimento contínuo de nucleação, dissolução e recristalização. Consequentemente, tal mecanismo favorece um processo de formação de agregados não orientados. O estudo da formação de estruturas morfológicas de molibdatos pelo mecanismo ostwald ripening, tem sido reportado na literatura. Shen observou a formação de estruturas morfológicas de PbMoO4 em função do tratamento hidrotérmico aplicado e atribuiu ao crescimento das partículas o mecanismo de maturação de ostwald (SHEN et al., 2011). Em seu trabalho, DAI também verificou a influencia do mesmo mecanismo para o crescimento de micro elipsoides de CdMoO4 (DAI et al., 2017). 55 Abaixo a figura 15 apresenta as micrografias dos pós de BaMoO4 com o surfactante Setil, mostrando um mecanismo de crescimento parecido com o observado nas amostras puras (figura 13), assim como sua morfologia (octaedros). Porém, a figura 15 (a) apresenta uma estrutura morfológica diferente das observadas para os mesmos tempos de síntese (1 min), das amostras puras e com o surfactante Sbenzol, o que sugere influência do surfactante utilizado (Setil) (YIN et al., 2013b). Figura 15. Micrografia dos pós de BaMoO4_Setil nos tempos (a) 1min, (b,c,d) 2min, (e,f,g) 4 min e (h,i,j) 8min. A influência de surfactantes nas morfologias de materiais pode ser tanto de forma positiva, favorecendo um crescimento orientando ou formação de novas faces, quanto de forma negativa, impedindo o crescimento dos cristais em função da concentração do surfactante no processo de síntese do material (DAI et al., 2017). Neste caso em questão, ação do surfactante utilizado foi de forma positiva, influenciando desde os primeiros momentos da síntese até a formação final do cristal. A morfologia diferente observada nos cristais
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