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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIENCIAS ODONTOLÓGICAS ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM PATOLOGIA ORAL E ESTOMATOLOGIA DÁUREA ADÍLIA CÓBE SENA ESTUDO DA IMUNOEXPRESSÃO DE PROTEÍNAS ENVOLVIDAS NA TRANSIÇÃO EPITÉLIO-MESÊNQUIMA EM TUMORES DE GLÂNDULA SALIVAR NATAL/RN 2022 DÁUREA ADÍLIA CÓBE SENA ESTUDO DA IMUNOEXPRESSÃO DE PROTEÍNAS ENVOLVIDAS NA TRANSIÇÃO EPITÉLIO-MESÊNQUIMA EM TUMORES DE GLÂNDULA SALIVAR Tese apresentada ao Colegiado do Programa de Pós- Graduação em Ciências Odontológicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como parte dos requisitos para obtenção do título Doutor em Ciências Odontológicas, área de concentração em Patologia Oral e Estomatologia. Orientadora: Professora Dra. Lélia Batista de Souza. NATAL/RN 2022 A defesa deste trabalho foi realizada no dia 23 de Junho de 2022, em Natal/RN, tendo sido aprovado (a). COMISSÃO EXAMINADORA Profa. Dra. Jamile Marinho Bezerra de Oliveira Moura Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, UERN 1º Examinador Prof. Dr. Leorik Pereira da Silva Universidade Federal do Rio Grande do Norte, UFRN 2º Examinador Prof. Dr. Leão Pereira Pinto Universidade Federal do Rio Grande do Norte, UFRN 3º Examinador Profa. Dra. Amanda Katarinny Goes Gonzaga Universidade Federal do Rio Grande do Norte, UFRN 3º Examinador Profa. Dra. Lélia Batista de Souza Universidade Federal do Rio Grande do Norte, UFRN Presidente - Orientador Dedicatória A minha avó. Eu era bem pequena quando a ouvia dizer que gostaria de participar da minha festa de 15 anos. Diante de tantos problemas de saúde, a morte sempre foi seu medo constante. Sim, ela tinha muito medo de deixar a família que tanto amava. E toda sua vontade de viver, transformou o que seria poucos, em muitos anos de vida. Recentemente ela se foi. E ela não só viu os meus 15 anos, como também esteve durante todos os 16 anos seguintes. Difícil foi a ansiedade que seus últimos momentos na Terra causaram. Difícil foi aceitar que sua hora chegara. Difícil foi dizer adeus. Difícil é a saudade que ela deixou dentro dos nossos corações. Dedico toda esta obra à mulher mais guerreira que eu conheci. À mulher que lutou pela sua vida muitas e muitas vezes, entre tantas doenças e idas a UTI. À mulher que amou sua família incondicionalmente. À mulher cujo nome me foi dado e sinto tanto orgulho, Maria Dáurea de Oliveira Cóbe. “A morte não é nada (Santo Agostinho) A morte não é nada. Eu somente passei para o outro lado do Caminho. Eu sou eu, vocês são vocês. O que eu era para vocês, eu continuarei sendo. Me deem o nome que vocês sempre me deram, falem comigo como vocês sempre fizeram. Vocês continuam vivendo no mundo das criaturas, eu estou vivendo no mundo do Criador. Não utilizem um tom solene ou triste, continuem a rir daquilo que nos fazia rir juntos. Rezem, sorriam, pensem em mim. Rezem por mim. Que meu nome seja pronunciado como sempre foi, sem ênfase de nenhum tipo. Sem nenhum traço de sombra ou tristeza. A vida significa tudo o que ela sempre significou, o fio não foi cortado. Porque eu estaria fora de seus pensamentos, agora que estou apenas fora de suas vistas? Eu não estou longe, apenas estou do outro lado do Caminho… Você que aí ficou, siga em frente, a vida continua, linda e bela como sempre foi.” Agradecimento À Deus, o dono da minha vida. O senhor que me guia e me protege de todos os males. Agradeço todos os dias por estar de pé, mesmo após tantas provações. Se em algum momento eu caí, foi o Senhor que me segurou. “A ti, meu Deus Elevo meu coração Elevo as minhas mãos Meu olhar, minha voz A ti, meu Deus, eu quero oferecer Meus passos e meu viver Meus caminhos, meu sofrer A tua ternura, Senhor, vem me abraçar E a tua bondade infinita me perdoar Vou ser o teu seguidor e te dar o meu coração Eu quero sentir o calor de tuas mãos” A minha mãe Dailde de Oliveira Cóbe, por saber ser doce e dura nos momentos necessários. Por me apoiar, me amar e me perdoar por meus erros. Ao meu pai João Dantas de Sena, pelo apoio que me deu em todos os momentos difíceis vividos na pandemia. Obrigada por se fazer presente mesmo estando longe. Ao meu padrasto João Maria da Silva, por não me deixar fraquejar nenhum minuto e por todo apoio dado a minha família nos momentos mais difíceis. Ao meu irmão André Luís Cóbe Sena, pois ele torna meus dias mais leves quando nos sentamos para conversar e trocar conselhos. Ao meu namorado Claude Frederick Duarte Reginaldo, por toda a força na etapa final do doutorado. Por ter me “suportado” no ponto máximo do estresse e me tranquilizado a cada desabafo meu. A minha psicóloga Andrielle Caldas e minha psiquiatra Ana Beatriz Renda de Escobar por todo o apoio nas crises de ansiedade. Sem vocês não teria conseguido tornar a mente sã para a realização deste trabalho. A minha orientadora Profa Dra. Lélia Batista de Souza. Seis anos de convívios que serão eternizados. E aqui compartilho minha admiração pela sua determinação como pesquisadora e como pessoa. Aqui agradeço por entender os meus maus momentos, em que por vezes não dei o meu melhor, devido a crises de ansiedade. Muito obrigada por cada cobrança, por cada palavra dura e, principalmente, por ter acreditado em mim, mesmo quando eu mesma já não acreditava. Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Ciências Odontológicas com área de concentração em Patologia Oral e Estomatologia: Prof. Dr. Leão Pereira Pinto, Profª Dra. Roseana de Almeida Freitas, Profª Dra. Lélia Maria Guedes Queiroz, Profª Dra. Márcia Cristina da Costa Miguel, Profª Dra. Hébel Cavalcanti Galvão, Prof. Dr. Antônio de Lisboa Lopes Costa, Profª Dra. Éricka Janine Dantas da Silveira, Profª Dra. Ana Myriam Costa de Medeiros e Profª Dra. Patrícia Teixeira de Oliveira; e do antigo Programa de Patologia Oral: Pedro Paulo de Andrade Santos e Prof. Dr. Carlos Augusto Galvão Barbosa. Obrigada pela contribuição ao longo destes seis anos na minha formação acadêmica. Tudo o que aprendi tem um pouco de cada um de vocês. Ao Prof. Dr. Rodrigo Porpino Mafra, amigo desde a graduação e contemporâneo da pós. Muito obrigada por toda dedicação e paciência destinados à análise estatística desta pesquisa. Serei eternamente grata por ter realizado tudo de forma tão cuidadosa e em um curto período de tempo. Ao Prof. Dr. Ciro Dantas Soares por ter cedido uma boa parte dos casos que compôs a amostra desta pesquisa! Eterna gratidão, pois desta forma podemos chegar aos resultados alcançados! Aos meus amigos, verdadeiros presentes, que a pós-graduação me concedeu: Ondina Karla Mousinho da Silva Rocha, Caio César aa Silva Barros, Larissa Santos Amaral Rolim, Juliana Campos Pinheiro, Everton Freitas de Morais, Yailit del Carmen Martinez Vargas, Israel Leal Cavalcante, Glória Maria de França, Cristianne Kalinne Santos Medeiros, Janaina Lessa de Moraes dos Santos, Ana Claudia de Macedo Andrade, Mariana Carvalho Xerez, Hellen Bandeira de Pontes Santos, Hianne Cristinne de Morais Medeiros, Deborah Gondim Lambert Moreira, Rani Iani Costa Gonçalo, Carla Samily de Oliveira Costa, Maurília Raquel De Souto Medeiros, Clarice Pereira De Brito, Hannah Gil de Farias Morais, Leonardo MagalhãesCarlan, Hugo Costa Neto, Amanda Katarinny Goes Gonzaga, Luiz Arthur Barbosa Silva, Mara Luana Batista Severo e Patrícia Peixe. A todos os meus irmãos de orientação ao longo desses seis anos: Marcelo Nascimento, Leorik Pereira, Nara Régia Da Silva Domingos, André Azevedo Dos Santos, Débora Frota Colares, Gustavo Alcântara da Trindade. Entre tantos vínculos, ser irmão de orientação é passar conhecimento, dividir responsabilidades e ter um apoio perante as situações mais difíceis. Vocês sempre estarão no meu coração! Aos funcionários do Programa de Pós-Graduação em Ciências Odontológicas: Gracinha, Hévio, Idelzuíte, Lourdinha, Ricardo, Sandrinha, Bete e Amanda pela competência em cada dia de trabalho e tempo cedido para auxilio. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela colaboração financeira ao longo destes seis anos que possibilitou a realização desta pesquisa. A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), minha segunda casa. Aqui estou desde 2008 e posso afirmar que a maior parte dos meus momentos de felicidade foram dentro desta instituição. Sou a grata a todos que juntos compõem esta universidade e trabalham de alguma forma a favor de gerar educação e saber. Meu muitíssimo obrigada! Resumo RESUMO Os tumores de glândula salivar (TGS) apresentam notável complexidade clínica e biológica, razão para a qual muitos estudos investigam os eventos envolvidos na sua progressão. Uma das dinâmicas envolvidas na invasão tumoral de diversos tipos de carcinomas é a transição epitélio-mesênquima (TEM). Neste processo, as células epiteliais sofrem transição para um estado mesenquimal móvel, favorecendo a invasão e metástase. Sendo assim, esta pesquisa analisou a expressão imuno-histoquímica de E-caderina, Twist1, Snail1, α-SMA, metaloproteinases de matriz 9 (MMP-9) e Vimentina (VM) em 90 casos de TGS, correlacionando-os entre si e com parâmetros clinicopatológicos. Foram selecionados 20 casos de Adenoma pleomórfico (AP), 20 casos de Carcinoma mucoepidermoide (CME), 20 casos de Carcinoma adenoide cístico (CAC), 10 casos de Adenocarcinoma polimorfo (ACP), 10 casos de Carcinoma epitelial-mioepitelial (CEME) e 10 casos de Carcinoma ex-adenoma pleomórfico (CexAP). A análise de E-caderina, Twist1, Snail1 foi realizada em parênquima tumoral sendo observado o percentual de células positivas (PP), com escores variando de 0 a 4, e a intensidade de expressão (IE), cujos escores variaram de 0 a 3. A avaliação de MMP-9 foi realizada em parênquima e estroma tumoral, também avaliando-se a PP e a IE, ambos baseados em escores que variaram de 0 a 3. A marcação para α-SMA e VM foi analisada em região de estroma tumoral. Células positivas para α-SMA foram contabilizadas em 10 campos, obtendo-se, então a média. A VM foi avaliada de forma qualitativa, utilizando-se 4 escores de acordo com a IE e se a marcação é difusa ou focal. Os dados obtidos foram analisados no software Statistical Package for Social Science, GraphPad Prism e STATA. O nível de significância de 5% foi adotado para os testes estatísticos. Foi verificada menor imunomarcação de E-caderina nos APs em relação às neoplasias malignas de glândula salivar (NMGS). Observou-se baixa imunoexpressão de Twist1 e Snail1 em APs. Em relação a expressão nuclear do Twist1, constatou-se maior expressão nas neoplasias malignas quando comparadas aos APs. Ainda, Twist1 em núcleo foi correlacionado à expressão citoplasmática de E-caderina nas NMGS. No que concerne aos parâmetros clinicopatológicos, esta proteína se relacionou estatisticamente com maiores chances de óbito. Foi evidenciada baixa imunoexpressão de Snail1 entre as NMGS. No entanto, na análise dos CACs, foi verificada maior expressão nuclear na variante sólida em relação às demais. A expressão de MMP-9 em parênquima demonstrou correlação positiva com Twist1 citoplasmático e Snail1nuclear nas NMGS. A MMP-9 também apresentou correlação positiva na comparação da sua imunoexpressão em região de parênquima e de estroma. A VM se apresentou como um biomarcador a ser considerado na avaliação clínica dos pacientes, já que esta apresentou relação significativa com tamanho do tumor (T3-T4) e maior frequência de óbito. Ademais, a alta expressão desta proteína se apresentou como um fator preditivo independente para piores taxas de sobrevida global (SG). A avaliação dos demais fatores clinicopatológicos apresentou estágios clínicos avançados como indicador de valor prognóstico independente para menores taxas de SG, enquanto que para a sobrevida livre da doença, estes foram a localização em glândula salivar menor e presença de metástase à distância. Os resultados deste estudo sugerem que o processo de TEM pode estar relacionado ao estágio de diferenciação celular em APs e à progressão tumoral nas NMGS. Ressalta-se, também, maior participação de Twist1 e MMP-9 no cenário da TEM em tumores malignos de glândula salivar, além da possibilidade de utilização da VM como indicador de valor prognóstico. Palavras-chave: Neoplasias de glândula salivar. Transição epitélio-mesênquima (TEM). Snail1. Twist1. E-caderina. Vimentina. MMP9. Miofibroblastos. Imuno-histoquimica. Abstract ABSTRACT Salivary gland tumors (SGTs) present remarkable clinical and biological complexity; therefore, many studies investigate the events involved in their progression. One of the dynamics involved in the tumor invasion of different types of carcinomas is the epithelial-mesenchymal transition (EMT). In this process, epithelial cells undergo a transition to a mobile mesenchymal state, favoring invasion and metastasis. Therefore, this research analyzed the immunohistochemical expression of E-cadherin, Twist1, Snail1, α-SMA, vimentin (VM) and matrix metalloproteinase 9 (MMP-9) in 90 SGTs cases; correlations among the biomarkers, as well as between the biomarkers and clinicopathological parameters were made. We selected 20 cases of pleomorphic adenoma (PA), 20 cases of mucoepidermoid carcinoma (MEC), 20 cases of adenoid cystic carcinoma (ACC), 10 cases of polymorphous adenocarcinoma (PAC), 10 cases of epithelial-myoepithelial carcinoma (EMC) and 10 cases of carcinoma ex-pleomorphic adenoma (CXPA). E-cadherin, Twist1, and Snail1 were analyzed in tumor parenchyma, observing the percentage of positive cells (PP) using scores ranging from 0 to 4, and the expression intensity (EI), whose scores were ranged from 0 to 3. The evaluation of MMP-9 was performed in tumor parenchyma and stroma, also evaluating PP and IE, both based on scores that ranged from 0 to 3. The labeling for α-SMA and VM was analyzed in stromal cells. Positive cells for α-SMA were counted in 10 fields and the mean was calculated. VM was evaluated qualitatively, using 4 scores according to EI and whether the labeling was diffuse or focal. Obtained data were analyzed using Statistical Package for Social Science, GraphPad Prism, and STATA software. The significance level of 5% was adopted for the statistical tests. Patients were mostly female, with a mean age of 49.8 years; the major salivary glands were the most affected anatomical site, mainly the parotid gland. A lower E-cadherin immunostaining was verified in PAs in comparison to malignant neoplasms of salivary glands (MNSGs). Low immunoexpression of Twist1 and Snail1 was observed in PAs. Regarding the nuclear expression of Twist1, it was found greater expression in malignant neoplasms than in PAs. Furthermore, Twist1in the nucleus was correlated with cytoplasmic expression of E-cadherin in MNSGs. Regarding clinicopathological parameters, this protein was statistically related to higher chances of death. Low immunoexpression of Snail1 was evidenced among the MNSGs. However, in the analysis of CACs, greater nuclear expression was observed in the solid variant compared to the others. Expression of MMP-9 in parenchyma showed a positive correlation with cytoplasmic Twist1 and Snail1nuclear in MNSGs. MMP-9 also showed a positive correlation when comparing its immunoexpression in the parenchyma and the stroma. VM was presented as a biomarker to be considered in the clinical evaluation of patients since it showed a significant correlation between greater tumor size and a higher frequency of death. Furthermore, the high expression of this protein appeared as an independent predictive factor for worse overall survival (OS) rates. The evaluation of the rest of the clinicopathological factors showed advanced clinical stages as an indicator of independent prognostic value for lower rates of OS. For disease-free survival, these indicators were the location in the minor salivary gland and the presence of distant metastasis. Our results suggest that the EMT may be related to myoepithelial differentiation in PAs and tumor progression in MNSGs. Also, Twist1 and MMP-9 appear to play a greater role in the scenario of EMT in MNSGs; finally, VM might be used as a prognostic value indicator. Keywords: Salivary gland neoplasms. Epithelial/Mesenchymal Transition (EMT). Snail1. Twist1. E-cadherin. Vimentin. MMP-9. Myofibroblast. Immunohistochemistry. Lista de ilustrações LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Esquema representativo dos genes e fatores envolvidos na plasticidade epitélio-mesênquima. Fonte: BHATIA et al. (2020). ...... 56 Figura 2 - Representação esquemática do complexo catenina-caderina. Fonte: Lo; Hawrot; Georgiou (2012). ........................................................... 57 Figura 3 - Esquema demonstrando as vias de atuação de Snail1, Fonte: Lin et al. (2010). ......................................................................................... 63 Figura 4 - Esquema representativo da via canônica do TGF-β/Smad na mudança para o fenótipo de miofibroblastos. Fonte: Meng; Paterson; Lan, 2016............................................................................................ 67 Figura 5 - Distribuição absoluta dos pacientes de acordo com o comportamento biológico do tumor e a idade em décadas. Natal-RN, 2022. ................ 90 Figura 6 - Fotomicrografias ilustrando a expressão dos biomarcadores estudados em APs (A) Membranar e citoplasmática de E-caderina (B) Twist1 em citoplasma (C) Snail1 em citoplasma (D) Setas apontando miofibroblastos (E) Forte imunoexpressão de MMP-9 (F) Imunoexpressão difusa da VM (Envision/200X). Fonte: Programa de Pós Graduação em Ciências Odontológicas/ Patologia oral e Estomatologia – UFRN....................................................................... 98 Figura 7 - Figura 07 - Aspecto microscópico representando a imunomarcação das proteínas envolvidas na TEM em CME (A) Imunoexpressão de E-caderina no citoplasma das células tumorais (B) Expressão nuclear de Twist1 (C) Fraca expressão de Snail1 em região de citoplasma (D) Presença de miofibroblastos destacada pelas setas (E) Forte expressão de MMP-9 em parênquima e estroma (F) Expressão de VM em células do estroma e em paredes de vasos sanguíneos (Envision//200X). Fonte: Programa de Ciências Odontológicas/ Patologia oral e Estomatologia – UFRN. ........................................... 99 Figura 8 – Fotomicrografias representativas da imunoexpressão das proteínas avaliadas em CAC (A) E-caderina em citoplasma das células tumorais (B) Twist1 em núcleo e citoplasma (C) Fraca expressão de Snail1 em citoplasma (D) Miofibroblastos evidenciados pelas setas (E) Forte expressão de MMP-9 em parênquima e estroma (F) Expressão difusa de VM (Envision/200X). Fonte: Programa de Pós Graduação em Ciências Odontológicas/ Patologia oral e Estomatologia – UFRN....................................................................... 100 Figura 9 – Imunoexpressão das proteínas avaliadas em ACP (A) E-caderina em região de citoplasma das células neoplásicas (B) Forte expressão de Twist1 em núcleo (C) Fraca expressão de Snail1 em citoplasma (D) Miofibroblastos apontados pelas setas (E) MMP-9 em região de parênquima e estroma (F) Expressão difusa de VM (Envision/200X). Fonte: Programa de Pós Graduação em Ciências Odontológicas/ Patologia oral e Estomatologia – UFRN. ........................................... 101 Figura 10 – Fotomicrografias ilustrando a expressão dos biomarcadores analisados em CEME (A) Imunoexpressão de E-caderina em membrana nas células tumorais (B) Forte imunomarcação de Twist1 em núcleo (C) Fraca expressão de Snail1 em núcleo (D) Miofibroblastos indicados pelas setas (E) Forte imunoexpressão de MMP-9 em parênquima e estroma (F) Imunoexpressão difusa de VM (Envision/200X). Fonte: Programa de Pós Graduação em Ciências Odontológicas/ Patologia oral e Estomatologia – UFRN. ................... 102 Figura 11 – Aspecto microscópico representando imunoexpressão das proteínas analisadas em CexAP (A) E-caderina em região de membrana e citoplasma das células neoplásicas (B) Forte imunoexpressão de Twist1 em núcleo (C) Imunoexpressão de Snail1 em núcleo (D) Presença de miofibroblastos evidenciada pelas setas (E) Forte imunoexpressão de MMP-9 em parênquima e estroma (F) Imunoexpressão difusa de VM (Envision//200X). Fonte: Programa de Pós Graduação em Ciências Odontológicas/ Patologia oral e Estomatologia – UFRN. ..................................................................... 103 Figura 12 - Medianas + distâncias interquartílicas dos imunoescores de expressão membranar da E-caderina (A), nuclear do Twist1 (B), citoplasmática do Twist1 (C) e citoplasmática do Snail1 (D) de acordo com o subtipo histopatológico das neoplasias de glândulas salivares. Pares de grupos foram comparados pelo teste de Mann- Whitney. Valores de p significativos (p<0,05) encontram-se destacados nos gráficos. ........... 110 Figura 13 - Gráficos das curvas de sobrevida global (A) e livre da doença (B) em 5 anos. ................................................................................................. 121 Figura 14 - Curvas de sobrevida global em cinco anos para as variáveis estadiamento clínico (TNM) (A) e vimentina (B). ............................. 125 Figura 15 - Curvas de sobrevida livre da doença em cinco anos para as variáveis localização anatômica (A) e metástase à distância (B). ...................... 126 Lista de quadros LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Sistema TNM para neoplasias malignas de glândula salivar pela 8ª edição do AJCC. ........................................................................ 79 Quadro 2 - Sistema de estadiamento para neoplasias malignas de glândula salivar, preconizado pela 8ª edição do AJCC. ................................. 80 Quadro 3 - Especificações dos anticorpos que serão utilizados para imuno- histoquímica do presente estudo. ....................................................81 Quadro 4 - Descrição dos escores utilizados na análise do PP para E- caderina............................................................................................. 83 Quadro 5 - Descrição dos escores utilizados na análise do PP para Twist1....... 84 Quadro 6 - Descrição dos escores utilizados na análise de expressão de Snail1. 84 Quadro 7 - Escores de imunorreatividade utilizados na análise do PP para a MMP-9. .......................................................................................... 85 Quadro 8 - Descrição dos critérios qualitativos para a análise da VM................ 86 Lista de tabelas LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Distribuição dos casos de neoplasias de glândulas salivares de acordo com variáveis demográficas. Natal-RN, 2022. .................. 89 Tabela 2 - Distribuição dos casos de neoplasias de glândulas salivares de acordo com o subtipo histopatológico e a localização anatômica. Natal-RN, 2022. .............................................................................. 90 Tabela 3 - Características clínicas, tratamento e desfecho clínico dos casos de neoplasias malignas de glândulas salivares. Natal-RN, 2022.......... 91 Tabela 4 - Parâmetros utilizados no teste de Mann-Whitney (U) para a avaliação dos escores de imunoexpressão da E-caderina e suas diferenças em relação ao comportamento biológico de neoplasias de glândulas salivares. Natal-RN, 2022. .......................................... 104 Tabela 5 - Parâmetros utilizados no teste de Kruskal-Wallis (KW) para a avaliação dos escores de imunoexpressão da E-caderina e suas diferenças em relação aos grupos de neoplasias de glândulas salivares. ........................................................................................ 105 Tabela 6 - Parâmetros utilizados no teste de Mann-Whitney (U) para a avaliação dos escores de imunoexpressão do Twist1 e suas diferenças em relação ao comportamento biológico de neoplasias de glândulas salivares. Natal-RN, 2022. ......................................... 106 Tabela 7 - Parâmetros utilizados no teste de Kruskal-Wallis (KW) para a avaliação dos escores de imunoexpressão do Twist1 e suas diferenças em relação aos grupos de neoplasias de glândulas salivares. ....................................................................................... 106 Tabela 8 - Parâmetros utilizados no teste de Mann-Whitney (U) para a avaliação dos escores de imunoexpressão do Snail1 e suas diferenças em relação ao comportamento biológico de neoplasias de glândulas salivares. Natal-RN, 2022. ......................................... 107 Tabela 9 - Parâmetros utilizados no teste de Kruskal-Wallis (KW) para a avaliação dos escores de imunoexpressão do Snail1 e suas diferenças em relação aos grupos de neoplasias de glândulas salivares. ....................................................................................... 107 Tabela 10 - Parâmetros utilizados no teste de Mann-Whitney (U) para a avaliação dos escores de imunoexpressão da α-SMA e suas diferenças em relação ao comportamento biológico de neoplasias de glândulas salivares. Natal-RN, 2022. ......................................... 108 Tabela 11 - Parâmetros utilizados no teste de Kruskal-Wallis (KW) para a avaliação dos escores de imunoexpressão estromal da α-SMA e suas diferenças em relação aos grupos de neoplasias de glândulas salivares. ........................................................................................ 108 Tabela 12 - Parâmetros utilizados no teste de Mann-Whitney (U) para a avaliação dos escores de imunoexpressão da MMP-9 e suas diferenças em relação ao comportamento biológico de neoplasias de glândulas salivares. Natal-RN, 2022. ......................................... 108 Tabela 13 - Parâmetros utilizados no teste de Kruskal-Wallis (KW) para a avaliação dos escores de imunoexpressão da MMP-9 e suas diferenças em relação aos grupos de neoplasias de glândulas salivares. ........................................................................................ 109 Tabela 14 - Parâmetros utilizados no teste de Mann-Whitney (U) para a avaliação dos escores de imunoexpressão da vimentina e suas diferenças em relação ao comportamento biológico de neoplasias de glândulas salivares. Natal-RN, 2022. ......................................... 109 Tabela 15 - Parâmetros utilizados no teste de Kruskal-Wallis (KW) para a avaliação dos escores de imunoexpressão estromal da vimentina e suas diferenças em relação aos grupos de neoplasias de glândulas salivares. ........................................................................................ 109 Tabela 16 - Coeficiente de correlação de Spearman (r) e significância estatística das correlações entre os escores de imunoexpressão de E-caderina, Snail, Twist, vimentina, MMP-9 e α-SMA em adenomas pleomórficos (n = 20). Natal-RN, 2022. ........................ 113 Tabela 17 - Coeficiente de correlação de Spearman (r) e significância estatística das correlações entre os escores de imunoexpressão de E-caderina, Snail, Twist, vimentina, MMP-9 e α-SMA em neoplasias malignas de glândulas salivares (n = 70). Natal-RN, 2022. .............................................................................................. 114 Tabela 18 - Parâmetros utilizados no teste de Mann-Whitney (U) para a avaliação dos escores de imunoexpressão membranar da E- caderina e suas diferenças em relação a variáveis clínicas de neoplasias malignas de glândulas salivares. Natal-RN, 2022. ....... 115 Tabela 19 - Parâmetros utilizados no teste de Mann-Whitney (U) para a avaliação dos escores de imunoexpressão citoplasmática da E- caderina e suas diferenças em relação a variáveis clínicas de neoplasias malignas de glândulas salivares. Natal-RN, 2022. ........ 116 Tabela 20 - Parâmetros utilizados no teste de Mann-Whitney (U) para a avaliação dos escores de imunoexpressão nuclear do Twist1 e suas diferenças em relação a variáveis clínicas de neoplasias malignas de glândulas salivares. Natal-RN, 2022. ......................................... 116 Tabela 21 - Parâmetros utilizados no teste de Mann-Whitney (U) para a avaliação dos escores de imunoexpressão citoplasmática do Twist1 e suas diferenças em relação a variáveis clínicas de neoplasias malignas de glândulas salivares. Natal-RN, 2022. ....... 117 Tabela 22 - Parâmetros utilizados no teste de Mann-Whitney (U) para a avaliação dos escores de imunoexpressão nuclear do Snail1 e suas diferenças em relação a variáveis clínicas de neoplasias malignas de glândulas salivares. Natal-RN, 2022. ......................................... 117 Tabela 23 - Parâmetros utilizados no teste de Mann-Whitney (U) para a avaliação dos escores de imunoexpressão citoplasmática do Snail1 e suas diferenças em relação a variáveis clínicas de neoplasias malignas de glândulas salivares. Natal-RN, 2022................................................................................................ 118 Tabela 24 - Parâmetros utilizados no teste de Mann-Whitney (U) para a avaliação dos miofibroblastos (α-SMA+) e suas diferenças em relação a variáveis clínicas de neoplasias malignas de glândulas salivares. Natal-RN, 2022. ............................................................ 118 Tabela 25 - Parâmetros utilizados no teste de Mann-Whitney (U) para a avaliação dos escores de imunoexpressão da MMP-9 nas células tumorais e suas diferenças em relação a variáveisclínicas de neoplasias de glândulas salivares. Natal-RN, 2022. ....................... 119 Tabela 26 - Parâmetros utilizados no teste de Mann-Whitney (U) para a avaliação dos escores de imunoexpressão estromal da MMP-9 e suas diferenças em relação a variáveis clínicas de neoplasias malignas de glândulas salivares. Natal-RN, 2022. .......................... 119 Tabela 27 - Parâmetros utilizados no teste de Mann-Whitney (U) para a avaliação dos escores de imunoexpressão estromal da vimentina e suas diferenças em relação a variáveis clínicas de neoplasias malignas de glândulas salivares. Natal-RN, 2022. .......................... 120 Tabela 28 - Análise univariada das taxas de sobrevida em cinco anos e sua relação com parâmetros clínicos em pacientes portadores de neoplasias malignas de glândulas salivares. Natal-RN, 2022. ....... 122 Tabela 29 - Análise das taxas de sobrevida em cinco anos e sua relação com parâmetros imuno-histoquímicos em pacientes portadores de neoplasias malignas de glândulas salivares. Natal-RN, 2022. ..... 123 Tabela 30 - Modelo de riscos proporcionais de Cox para a análise multivariada da sobrevida em neoplasias malignas de glândulas salivares. Natal-RN, 2022. ............................................................. 124 Lista de Siglas e Abreviaturas LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ▪ ACGSM – Adenocarcinoma cribriforme de glândula salivar menor ▪ ACP – Adenocarcinoma Polimorfo ▪ AdNOS – Adenocarcinoma de outra forma não especificado ▪ AE1/AE3 – Pancitoqueratina ▪ AJCC – American Joint Committee on Cancer ▪ AKT – Proteína Quinase B ▪ AKT1/ AKT2 – Do inglês V-akt murine thymoma viral oncogene homolog ½ ▪ AP – Adenoma Pleomórfico ▪ AP-1 – Proteína adaptadora 1 ▪ bcl-2 – Família de genes B-cell lymphoma 2 ▪ BMI-1 – Oncogene, derivado do inglês B lymphoma Mo-MLV insertion region 1 homolog ▪ CAC – Carcinoma adenoide cístico ▪ CAFs – Fibroblastos associados ao câncer ▪ CAM 5.2 – Marcador de citoqueratina de baixo peso molecular ▪ CD34 – Glicoproteínas ligadas ao processo de angiogênese ▪ CDH1 – Gene da E-caderina ▪ CDS – Carcinoma do ducto salivar ▪ CEME – Carcinoma epitelial-mioepitelial ▪ CEO – Carcinoma epidermoide oral ▪ CexAP – Carcinoma ex-adenoma pleomórfico ▪ circ-10720 – RNA circular Cullin2 ▪ CK – Citoqueratina ▪ C-kit – Proto-oncogene que codifica o receptor de tirosina quinase ▪ CME – Carcinoma mucoepidermoide ▪ c-Myc – Fator de transcrição oncogênico ▪ COX-1/COX-2 – Ciclooxigenase 1/2 ▪ CRTC1 – Coativador de transcrição regulado por CREB 1 ▪ CTNNB1 – Gene da β-catenina ▪ CXCL12 – Do inglês C-X-C Motif Chemokine Ligand 12 ▪ DNMTs – DNA metiltransferases ▪ E47 – Fator de transcrição da família helix-loop-helix (HLH) codificado pelo gene E2A. ▪ EGF – Fator de crescimento epidérmico ▪ EGFR – Receptor do fator de crescimento epidérmico ▪ EMA – Antígeno de membrana epitelial ▪ ERK – Do inglês Extracellular Signal-Regulated Kinases ▪ Ets - Família de fatores de transcrição que se ligam ao DNA através do domínio E twenty-six, ou domínio Ets ▪ FAK – Quinase de adesão focal ▪ FGF – Fator de crescimento de fibroblastos ▪ FSP-1 – Proteína específica de fibroblasto 1 ▪ FSP-1 – Proteína específica para fibroblastos ▪ GSK-3β – Glicogênio sintase quinase 3β ▪ HER-2 – Receptor do fator de crescimento epidérmico humano-2 ▪ HGF – Fator de crescimento de hepatócitos ▪ HRAS – Oncogene homólogo ao v-Ha-ras Harvey rat sarcoma viral ▪ ICAM1 – Molécula de adesão celular ▪ IE – Intensidade de expressão ▪ ILK – Quinase ligada a integrina ▪ Ki-67 – Marcador de proliferação celular ▪ LAP – Peptídeo associado à latência ▪ LEF– Fator estimulador de linfócitos ▪ LIFR – Gene do receptor inibidor de leucemia ▪ LSD1 – Histona lisina-específica demetilase 1 ▪ LTBP – Proteína latente de ligação ▪ MAML2 – Do inglês mastermind like transcriptional coactivator 2 ▪ MAPKs – Proteínas quinases ativadas por mitógenos ▪ MEC – Matriz extracelular ▪ MEK – Quinase ativadora da MAP quinase ▪ MFs – Miofibroblastos ▪ MIB-1 – Marcador de atividade proliferativa ▪ miRNA – Micro RNA ▪ MMP – Metaloproteinase de matriz ▪ MMP-9 – Metaloproteinase de matriz tipo 9 ▪ MSX2 – Proteína homeobox de Msh ▪ MT1-MMP – Metaloproteinase de matriz de membrana tipo I ▪ MTs – Microtúbulos ▪ MYB – Gene que codifica fator de transcrição oncogênico ▪ NFIB – Gene que codifica a proteína fator nuclear 1 tipo B ▪ NFƙ-B – Fator de transcrição nuclear kappa B ▪ NG2 – Antígeno neurônio-glial 2 ▪ NMGS – Neoplasia maligna de glândula salivar ▪ OMS – Organização Mundial da Saúde ▪ p53 – Produto do gene TP53 ▪ p63 – Proteína tumoral 63, da família do p53 ▪ PDGFRβ – Receptor beta do fator de crescimento derivado de plaquetas ▪ PDL-1 – Ligante de morte programada 1 ▪ PEM – Plasticidade epitélio-mesênquima ▪ PI3K – Fosfatidil-inositol-quinase ▪ PIK3R1 – Subunidade catalítica do PI3K ▪ PIP3 – Fosfatidil-inositol-3,4,5-trifosfato ▪ PLAG1 – Gene do adenoma pleomórfico 1 ▪ PP- Percentual de células positivas ▪ PRKD – Proteína quinase D ▪ PTEN – Gene da proteína homóloga a fosfatase e tensina ▪ Ras – Do inglês Rat Sarcoma vírus ▪ Rho GTPase – Guanosina trifosfatase do gene homólogo ao ras ▪ RhoA – Ras homolog gene Family, member A ▪ RKIP – Proteína inibidora de Raf quinase ▪ RTK – Receptor tirosina quinase ▪ RT-PCR – Reação de transcriptase reversa seguida pela reação em cadeia de polimerase ▪ S100 – Proteína astroglial neurotrófica ▪ SG – Sobrevida global ▪ SIP1 – Complexo formado por ZEB2 e a proteína Smad ▪ SLD – Sobrevida livre da doença ▪ Smad – Proteínas transdutoras de sinais para receptores da superfamília do TGF-B ▪ Snail1 – Fator de transcrição da superfamília zinc-finger ▪ SOX10 – Fator de transcrição SRY-related HMG-box 10 ▪ SPSS- Do inglês Statistical Package for Social Science ▪ TCF – Fator de célula T ▪ TEM – Transição epitélio-mesênquima ▪ TGF-β – Fator de crescimento transformante beta ▪ TGF-βR – Receptores de membros da superfamília do TGF-β ▪ TGS – Tumor de glândula salivar ▪ TIMP – Inibidor tecidual de metaloproteinases de matriz ▪ TME – Transição mesênquima-epitélio ▪ TNM – Sistema utilizado para a classificação de tumores malignos e a descrição de sua extensão anatômica ▪ TP53 – Gene supressor tumoral ▪ Twist1 – Proteína membro da família do fator de transcrição helix-loop-helix (bHLH) ▪ VM – Vimentina ▪ Western blot – Método em biologia molecular utilizado na detecção de proteínas numa amostra de homogenato (células bem trituradas) de tecidos biológicos ou estratos. ▪ WISP-1 – Proteína da via de sinalização induzida por Wnt 1 ▪ Wnt – É uma sigla em inglês com letras extraídas das palavras Wingless (drosófilas mutantes sem asas) e Int (denominação do gene mutante que causa a ausência de asas em drosófilas). ▪ ZEB – Do inglês Zinc Finger E-box Binding Homeobox ▪ α -SMA – Alfa actina de músculo liso ▪ β-TrCP – Proteínas contendo repetições de beta-transducina Sumário SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO....................................................................................... 34 2 REVISÃO DA LITERATURA.............................................................. 37 2.1 Adenoma pleomórfico............................................................................. 37 2.2 Carcinoma mucoepidermoide................................................................ 40 2.3 Carcinoma adenoide cístico................................................................... 42 2.4 Adenocarcinoma polimorfo................................................................... 44 2.5 Carcinoma epitelial-mioepitelial...........................................................47 2.6 Carcinoma ex- adenoma pleomórfico................................................... 49 2.7 Transição epitélio-mesênquima............................................................. 52 2.8 E-caderina................................................................................................ 56 2.9 Twist1....................................................................................................... 59 2.10 Snail1........................................................................................................ 61 2.11 Miofibroblastos e α-Actina de músculo liso............................................. 65 2.12 Metaloproteinase de matriz 9.................................................................... 69 2.13 Vimentina.................................................................................................. 72 3 OBJETIVO.............................................................................................. 76 3.1 Objetivo geral.......................................................................................... 76 3.2 Objetivos específicos............................................................................... 76 4 MATERIAL E MÉTODOS................................................................... 78 4.1 Caracterização do estudo....................................................................... 78 4.2 Considerações éticas............................................................................... 78 4.3 População................................................................................................ 78 4.4 Amostra................................................................................................... 78 4.4.1 Critérios de inclusão................................................................................. 79 4.4.2 Critérios de exclusão................................................................................ 79 4.5 Perfil demográfico e clinicopatológico.................................................. 79 4.6 Estudo morfológico................................................................................. 80 4.7 Estudo imuno-histoquímico................................................................... 81 4.7.1 Técnica...................................................................................................... 81 4.7.2 Análise do perfil imuno-histoquímico...................................................... 83 4.8 Análise estatística.................................................................................... 86 5 RESULTADOS........................................................................................ 89 5.1 Perfil demográfico e clinicopatológico.................................................. 89 5.2 Resultado morfológico............................................................................ 91 5.3 Análise imuno-histoquímica................................................................... 92 5.3.1 Análise do perfil imuno-histoquímico das proteínas da TEM nas neoplasias de glândula salivar.................................................................... 92 5.3.1.1 Adenoma Pleomórfico............................................................................... 93 5.3.1.2 Carcinoma mucoepidermoide................................................................... 93 5.3.1.3 Carcinoma adenoide cístico...................................................................... 94 5.3.1.4 Adenocarcinoma polimorfo....................................................................... 95 5.3.1.5 Carcinoma epitelial-mioepitelial.............................................................. 96 5.3.1.6 Carcinoma ex-adenoma pleomórfico........................................................ 96 5.3.2 Análise da relação entre a imunoexpressão das proteínas da TEM e os grupos de lesões......................................................................................... 104 5.3.3 Correlações entre os escores de imunoexpressão das proteínas envolvidas na TEM em adenoma pleomórfico.......................................... 110 5.3.4 Correlações entre os escores de imunoexpressão das proteínas envolvidas na TEM em neoplasias malignas de glândula salivar........................................................................................................ 111 5.3.5 Análise da relação entre as imunoexpressões das proteínas envolvidas na TEM e os parâmetros clinicopatológicos das lesões......................................................................................................... 115 5.4 Análise da sobrevida em tumores malignos das glândulas salivares.................................................................................................... 120 6 DISCUSSÃO............................................................................................ 127 7 CONCLUSÕES....................................................................................... 137 REFERÊNCIAS...................................................................................... 139 ANEXO I................................................................................................. 157 APÊNDICE............................................................................................. 158 Introdução 34 1 INTRODUÇÃO Os tumores de glândula salivar (TGS) apresentam baixa prevalência, compreendendo 3% de todos os tumores de cabeça e pescoço (ALMESLET, 2020). Aproximadamente 80% dos casos relatados são benignos e ocorrem predominantemente nas glândulas salivares maiores, cuja parótida é referida como principal localização (70-80%) (ALKINDI et al., 2020). Em contrapartida, as neoplasias malignas representaram 53,2% dos tumores em glândula salivar menor. As células constituintes destes tumores são capazes de diferenciar-se e modificar-se, o que determina a variedade de padrões morfológicos observados. Estes aspectos peculiares resultam em sobreposição de características microscópicas, por vezes compartilhadas entre neoplasias malignas e benignas. Este fato associado à raridade da ocorrência destes tumores dificultam o correto diagnóstico em muitos casos (TIAN et al., 2010; GUPTA; RAMANI; CHANDRASEKAR; 2012; HELLQUIST; SKALOVA, 2014). Compreender os eventos envolvidos na transformação maligna, bem como a progressão dos TGS tem sido, frequentemente, o objetivo de muitos estudos (BAGUL et al., 2015; PARDIS et al., 2016; YI; LI; ZHOU, 2016; BELULESCU et al., 2020a). A transição epitélio- mesênquima (TEM) é um processo cujas células epiteliais sofrem transição para um estado mesenquimal móvel, resultando na formação de novos tecidos. Este processo é observado durante a embriogênese e organogênese, cicatrização de feridas e na invasão e metástase tumoral (BHATIA et al., 2020). Assim, as glândulas salivares se constituem um excelente modelo de estudo para a TEM, pois além de utilizarem estes mecanismos para seu desenvolvimento durante a embriogênese, estudos investigam se a TEM ocorre durante o seu processo de tumorigênese (PARDIS et al., 2016; SISTO; LISI; RIBATTI, 2018; WANG et al. em 2018; PHATTARATARATIP et al., 2019; BELULESCU et al., 2020a). A TEM é regulada por diversas vias de sinalização, bem como pela expressão de determinados fatores de transcrição, os quais ocasionam alterações nos níveis de marcadores responsáveis pelo novo fenótipo mesenquimal da célula (SCANLON et al., 2013; KIM et al., 2017). Uma das características presentes nestas células é a perda da expressão ou da função da E-caderina (JANISZEWSKA; PRIMI; IZARD, 2020). Esta proteína liga-se a β-catenina, formando o “complexo caderina-catenina”, cuja função está relacionada à organização de estruturasjuncionais responsáveis pela manutenção da polaridade e adesão de células epiteliais (KASZAK et al., 2020). 35 A inibição da E-caderina é diretamente coordenada por fatores de transcrição, dentre estes, o Twist1 e o Snail1 (JANISZEWSKA; PRIMI; IZARD, 2020). O primeiro, interage com fatores de remodelação da cromatina para exercer sua atividade repressora na região promotora do gene da E-caderina (GEORGAKOPOULOS-SOARES et al., 2020). Já o Snail1, regula diretamente este mesmo gene ligando-se a sua região e-box. Esta proteína também interage positivamente com outros repressores, como o ZEB-1 e aumenta a expressão do gene da Vimentina (VM), outro marcador regulado positivamente na TEM (KAUFHOLD; BONAVIDA, 2014). A VM é um filamento de actina, cujo gene é expresso em células mesenquimais. Sua função está associada a formação de uma rede citoesquelética, a qual fornece resistência mecânica às células. Esta liga-se a actina e aos microtúbulos, unindo as forças de propulsão e a orientação celular durante a migração (PÉREZ-SALA et al., 2015; COSTIGLIOLA et al., 2017). Aliada as alterações genéticas nas células epiteliais, a indução de miofibroblastos no estroma pode auxiliar a dinâmica de migração e invasão celular. Este tipo celular caracteriza- se por ser um fibroblasto ativado, exibindo morfologia fusiforme e miofilamentos de músculo liso, o que está associado a positividade para α-SMA (BAGUL et al., 2015; YOKOZAKI et al., 2018). Miofibroblastos estimulam a TEM, através da secreção de moléculas ativadoras presentes em algumas de suas vias de sinalização, além de fatores como metaloproteinases de matriz (BAGUL et al., 2015). As metaloproteinases de matriz (MMPs) correspondem a uma superfamília de enzimas capazes de degradar vários componentes proteicos da matriz extracelular. Dentre estas, encontra-se a metaloproteinase de matriz 9 (MMP-), a qual é responsável pela clivagem de colágeno tipo IV, molécula constituinte da membrana basal dos epitélios. Tal degradação facilita a migração das células tumorais durante a invasão, definindo a MMP-9 como um dos marcadores observados na TEM (O’CONNOR; GOMEZ, 2014; DONG et al., 2019). Diante da complexidade dos eventos que regulam o processo de TEM, este estudo se propõe a investigar como as proteínas envolvidas em tal processo se apresentam e se correlacionam em neoplasias malignas (Carcinoma mucoepidermoide, Carcinoma adenoide cístico, Adenocarcinoma polimorfo, Carcinoma epitelial-mioepitelial e Carcinoma ex-adenoma pleomórfico) e em uma neoplasia benigna de glândula salivar (Adenoma Pleomórfico), além de avaliar as possíveis correlações destes marcadores com características clínicas e patológicas destas lesões. 36 Revisão de literatura 37 2 REVISÃO DA LITERATURA As neoplasias de glândula salivar consistem em um grupo de lesões de ocorrência rara, cuja prevalência entre os tumores de cabeça e pescoço corresponde a 3%. Este grupo de tumores se constitui por mais de 30 subtipos, cujos comportamentos clínicos e padrões morfológicos diferem entre si (EL-NAGAR et al., 2017). Diante da raridade e da ampla variedade de subtipos destes tumores, e manobras terapêuticas tornam-se um desafio constante (TIAN et al., 2010; GAO et al., 2017, SILVA et al., 2018). Estudos de prevalência demonstram o predomínio das lesões benignas (54% a 79%) em relação às malignas (21 a 46%), além de descreverem a parótida como principal local de ocorrência (68% a 80%). A faixa etária mais frequente corresponde a sexta e a sétima décadas de vida (TIAN et al., 2010; GAO et al., 2017, SILVA et al., 2018). Dentre o grupo de neoplasias de glândulas salivares, algumas se destacam por sua frequência, comportamento clínico e características histopatológicas, razão pela qual serão selecionadas para a realização do presente estudo. 2.1 Adenoma pleomórfico O adenoma pleomórfico (AP) representa o tumor de glândula salivar (TGS) mais comum, totalizando cerca de 60 a 80% de todos os TGSs benignos e 60 a 70% de todos os tumores da glândula parótida (VALSTAR et al., 2017; ALMESLET et al., 2020). Sua incidência compreende uma taxa de 4,2-4,9/100.000 pessoas-ano (ANDREASEN et al., 2015; VALSTAR et al., 2017; ARO et al., 2019). Acomete principalmente adultos jovens e de meia- idade, entre 30 e 60 anos, cuja média de idade ao diagnóstico corresponde a 44,14 anos (ALMESLET et al., 2020). Os relatos da literatura sugerem predileção pelo sexo feminino, mostrando uma proporção de mulheres para homens de 1,43:1 (VALSTAR et al., 2017; ALMESLET, 2020). Esta neoplasia ocorre mais frequentemente em glândula parótida (ANDREASEN et al., 2015; VALSTAR et al., 2017; ARO et al., 2019; ALMESLET et al., 2020), seguida pelas glândulas salivares menores e glândula submandibular (proporção de 12:2:1) (VALSTAR et al., 2017). Nas glândulas salivares menores, ocorre principalmente no palato, seguido pelo lábio superior e mucosa jugal (ALMESLET et al., 2020). Apresenta-se como um aumento de volume irregular, em torno de 2 a 6 cm, de consistência firme e evolução lenta, sem sintomatologia 38 associada. Em alguns casos, o AP pode assumir grandes proporções, aspecto relacionado à queixa estética relatada pelos pacientes (ALKINDI et al., 2020; ALMESLET et al., 2020). Triantafyllou et al. (2015) analisaram os aspectos histopatológicos em uma série de casos de AP e definiram características auxiliares no diagnóstico e correta classificação desta neoplasia. Primeiramente, os autores definiram se o tumor é sólido, considerando a proporção entre estroma e parênquima serem semelhantes; cístico, em que há amplos espaços císticos; ou multinodular recorrente, em que o tumor apresenta áreas distintas, algumas ricas em estroma e outras bem celularizadas. A cápsula representa um critério em que é analisada a espessura, a integridade e se há ou não presença de células tumorais. Os componentes celulares epiteliais foram classificados de acordo com os arranjos e a morfologia celular. Os padrões organizacionais das células dos APs se apresentaram como estruturas luminais, as quais poderiam ser em bicamada ou multicamada, arredondadas ou angulares; e/ou de grupos de células não luminais fusiformes semelhante a fascículos entrelaçados. No quesito morfologia celular, as células se classificaram como luminais, as quais assumiram fenótipo cuboide; ou não-luminais, cuja característica variou entre clara, fusiforme, epitelioide, plasmocitoide e estrelado. O estroma foi avaliado quanto ao tipo: mixoide, condroide, fibroso e/ou hialinizado e a composição: mucina, colágenos e/ou elastina. No centro das frequentes estruturas luminais bifásicas compostas por células luminais cuboides e células não-luminais claras, comumente se vê material mucoide. Um outro aspecto histopatológico observado por Hellquist e Skalova (2014) foi a presença de metaplasias, as quais podem do tipo escamosa, óssea, lipomatosa, mucosa e/ou oncocítica. Seifert, Langrock e Donath (1976) propuseram uma classificação histológica para APs baseada na quantidade de componente epitelial/mioepitelial e estromal. Os tumores foram categorizados em três subtipos histológicos: o clássico (tipo I), em que há presença de 30 – 50% de estroma no tumor, havendo um equilíbrio entre a proporção de células do parênquima e estroma; o celular (tipo II), em que que o estroma está presente em pelo menos 30% da lesão, sendo observado o predomínio do componente epitelial; e o padrão rico em estroma (tipo III), ou mixoide, cujos tumores apresentam 80% ou mais de estroma em sua composição (HELLQUIST; SLAKOVA, 2014; HERNANDEZ-PRERA et al., 2021) Por se tratar de um tumor com células epiteliais ductais e mioepiteliais, o AP exibe positividade para diversos imunomarcadores. A proteínap63 exibe marcação nuclear, enquanto S100 e VM demonstram marcação citoplasmática em ambos os tipos celulares. Pancitoqueratina (AE1/AE3), citoqueratinas (CK5/6, CK14 e CK8/18) são imunoexpressas predominantemente de forma forte em células ductais, mas não são específicas para estas, sendo 39 também observadas em algumas células mioepiteliais (NAGAO et al., 2012; HELLQUIST; SKALOVA, 2014). A análise histoquímica evidencia forte positividade para PAS dentro dos lúmens ductais, indicativo de mucina neutra, enquanto as áreas condromixoides revelam coloração fortemente positiva para Alcian blue, indicativo de mucina ácida (SATPATHY et al., 2014). Entre as alterações genéticas presentes em AP, a fusão envolvendo o locus do gene do adenoma pleomórfico1 (PLAG1) apresenta elevada prevalência e especificidade, resultando em altos níveis de sua oncoproteína, detectados por imuno-histoquímica. Entre os demais genes envolvidos no processo de fusão estão o CTNNB1 (β-catenina), LIFR (receptor do fator inibidor de leucemia) e FGFR1 (receptor 1 do fator de crescimento de fibroblastos). Nos casos em que ocorre a transformação maligna para Carcinoma ex-adenoma pleomórfico, essa fusão é bem menos frequente, o que indica a perda desta oncoproteína durante a progressão tumoral e por consequência, baixa imunoexpressão ou negatividade nos exames imuno-histoquímicos (KATABI et al. 2018; ALKINDI et al., 2020). O tratamento cirúrgico padrão, tipo parotidectomia e ressecção com margens livres tem sido associado a taxas de recorrência abaixo de 2-3% (DULGUEROV et al., 2017; ARO et al., 2019; PIWOWARCZYK et al., 2021). De acordo com os autores, quando o tratamento consistiu em enucleação, os resultados mostraram taxas de recorrência de até 40% (DULGUEROV et al., 2017; ARO et al., 2019). Fatores determinantes para a recorrência de AP podem estar relacionados à alguns aspectos histopatológicos, como: fina espessura ou ausência da cápsula, nódulos satélites e morfologia multinodular; e/ou relacionados à cirurgia: ruptura e “derrame” do conteúdo tumoral, margens de ressecção insuficientes (em virtude da proximidade de nervos importantes) e excisão inadequada (DULGUEROV et al., 2017; ARO et al., 2019 PIWOWARCZYK et al., 2021). O diâmetro do tumor, a idade do paciente e as alterações moleculares também podem influenciar na taxa de recidiva desta neoplasia (SUH et al., 2009; PIWOWARCZYK et al., 2021). O risco de transformação maligna para Carcinoma ex-adenoma pleomórfico ocorre em apenas 1,8-6,2% dos casos de AP, sendo relatada prevalência de 5,6 casos a cada 100.000 tumores malignos e incidência de 0,17 tumores por milhão de pessoas (PIWOWARCZYK et al., 2021). 40 2.2 Carcinoma mucoepidermoide O Carcinoma Mucoepidermoide (CME) é uma neoplasia maligna de glândula salivar (NMGS) que apresenta diferenciação semelhante a ductos excretores das estruturas glandulares (TINOCO et al., 2011). Este tem sido apontado como a NMGS mais frequente em estudos de prevalência de diferentes localidades do mundo, como no Reino Unido, Siri-Lanka e Nigéria (JONES et al., 2008; TILAKARANTE et al., 2009; OCHICHA et al., 2009), assim como no Brasil, em que esta ocorre principalmente na parótida, quando em glândulas salivares maiores, e, no palato, quando em glândulas salivares menores (SILVA et al., 2018). Apresenta predileção por pacientes do sexo feminino, apesar de não haver diferença acentuada entre os gêneros, e ocorre em uma ampla variação etária, com um pico ocorrência na segunda década de vida (EL- NAGAR et al., 2017). Clinicamente, este tumor manifesta-se como um aumento de volume de evolução lenta, assintomático, que pode ou não estar associado a parestesia e ulceração superficial. Quando acomete glândulas salivares menores, o CME pode apresentar coloração azulada ou avermelhada, semelhante a apresentação clínica da mucocele (COCA‑PELAZ et al., 2015a). Foi demonstrado que aproximadamente metade dos casos de CME apresentam uma translocação cromossômica recorrente, a qual resulta na fusão de éxons do gene CTRC1 com éxons do gene MAML2, gerando uma nova fusão oncogênica denominada CRTC1-MAML2. Acredita-se que o resultado desta fusão leva a desregulação de vias do ciclo celular e diferenciação (OKUMURA et al., 2011). Okabe et al. (2006) evidenciaram que a maioria dos tumores de alto grau apresentaram múltiplos desequilíbrios genômicos negativos para fusão CRTC1- MAML2 e desenvolveram metástases e/ou recorrências. Jee et al. (2013) concluíram em seu estudo que os CMEs de baixo grau apresentaram, em sua maioria, fusão de CRTC1- MAML2 e desfechos clínicos favoráveis. Histologicamente o CME é composto por células produtoras de muco, células escamosas e células do tipo intermediário. O padrão morfológico observado auxilia na classificação em graus de malignidade (alto, médio ou baixo grau) de acordo com a quantidade de formação cística, grau de atipia citológica e proporção de cada tipo celular (COCA‑PELAZ et al., 2015a). Esta subdivisão é de extrema importância para o manejo do paciente e estabelecimento da terapêutica, assim como para determinar prognóstico (EL-NAGAR et al., 2017). Características histopatológicas como mínima atipia celular, proporção relativamente alta de células mucosas, formação cística proeminente, raras mitoses e limites bem definidos 41 são relacionadas a lesões de baixo grau. Já o grau intermediário, apresenta um padrão de crescimento mais invasivo. Além disso, os espaços císticos são menores e em menor quantidade; há maior proporção de células intermediárias, que tendem a formar lençóis extensos e observa-se discreto pleomorfismo celular, nucléolos proeminentes e mitoses ocasionais (COCA‑PELAZ et al., 2015a). Os tumores de alto grau são menos frequentes e exibem um arranjo histopatológico sólido, com ilhas de células escamosas e intermediárias que geralmente apresentam pleomorfismo considerável e atividade mitótica acentuada; necrose focal e invasão vascular, são achados frequentes (COCA‑PELAZ et al., 2015a). Além da gradação histopatológica de alto grau, a literatura cita outros fatores associados a pobre prognóstico para CME como a idade avançada, lesões localizadas em glândula submandibular, crescimento rápido, presença de metástase linfonodal, metástase a distância, extensão tumoral, estadiamento clínico avançado, presença de paralisia facial, margens cirúrgicas positivas, invasão perineural, ausência da translocação CRTC1-MAML2 e maior expressão de MUC-1 (MCHUGH et al., 2012; JEE et al., 2013; LIU et al., 2014). A taxa de sobrevida de 5 anos para o CME é relativamente alta para tumores avaliados como de baixo grau ou intermediário, chegando a 95,1%. Entretanto, este valor cai para 51% quando se analisa tumores de alto grau (JANET-OFELIA et al., 2016). Além disso, a presença de metástases nodais ou a distância fazem com que tais índices atinjam valores ainda mais baixos, chegando a 26% (MCHUGH et al., 2012). O crescimento lento dos CME tem como consequência a presença de recorrência tumoral ou metástases após longos períodos de tempo. Tais fatores usualmente não são avaliados em trabalhos com tempo de acompanhamento de 5 anos (JANET-OFELIA et al., 2016). Diante do comportamento clínico variável desta neoplasia, algumas pesquisas envolvendo marcadores de transição epitélio-mesênquima têm sido realizadas a fim de fornecer novas informações acerca de sua patogênese (SOBRAL et al., 2004; FURUSE et al., 2006; WANG et al., 2011; PHATTARATARATIPA et al., 2019). O tratamento de escolha do CME depende principalmente da localização, grau histopatológico e estágio clínico do tumor (COCA‑PELAZ et al., 2015a). Em geral, a terapêutica segue o manejo proposto para as neoplasias de glândula salivar em que a ressecção cirúrgica com margens é a primeira opção. A depender do tamanho da lesão, estas cirurgiaspodem vir a mutilar o paciente, como nos casos em que se realiza parotidectomia ou maxilectomia, gerando morbidade para alguns pacientes. A radioterapia adjuvante é recomendada para casos com características de agressividade como: metástase nodal, alto grau histológico, presença de invasão perineural, margens cirúrgicas comprometidas, entre outros (GUZZO et al., 2002). 42 2.3 Carcinoma adenoide cístico Conforme a revisão de Coca-Pelaz et al. (2015b), o Carcinoma adenoide cístico (CAC) foi descrito pela primeira vez por Robin, Lorain e Laboulbene (1853) em dois relatos de caso em que a neoplasia estava localizada em região nasal. Esses autores descreveram a característica microscópica de arranjo cribriforme das células tumorais, bem como a invasão às estruturas vizinhas e a disseminação ao longo dos nervos. Apesar das observações iniciais de Robin e colaboradores, o tumor foi considerado uma variante de um tumor misto benigno. Em 1856, Billroth sugeriu o termo "cilindroma" para este tumor. O nome atual de "carcinoma adenoide cístico" foi introduzido por Spies em 1930. O CAC é um tumor incomum, com uma incidência anual relatada entre 3-4,5 casos por milhão, sendo responsável por aproximadamente 10% de todas as neoplasias epiteliais de glândulas salivares e 22-28% de todas as NMGS (COCA-PELAZ et al., 2015b; GAO et al., 2017; SILVA et al., 2018). Acometem com mais frequência a parótida, a submandibular e as glândulas salivares menores. Neste último sítio, o CAC compreende 30% de todos os tumores, ocorrendo predominantemente em palato, seguido de língua, mucosa jugal, lábio e assoalho de boca. Apesar de se apresentar em todas as faixas etárias, esta neoplasia é mais prevalente em pacientes de meia-idade e idosos. Além disso, não há predileção por sexo, embora haja alta incidência de tumores na glândula submandibular em mulheres (EL-NAGAR et al., 2017). Estudos epidemiológicos realizados na China e Holanda apontam o CAC como a NMGS mais prevalente (TIAN et al., 2010; DE RIDDER et al., 2014). Já outros realizados na Índia, Tailândia e no Brasil, o CAC é referido como o segundo mais prevalente (OCHICHA et al., 2009; FONSECA et al., 2012; JUENGSOMJIT et al., 2015; SILVA et al., 2018). O aspecto clínico do CAC demonstra um aumento de volume de crescimento lento que pode ou não estar associada a ulceração e dor em virtude da sua tendência a invasão perineural. Quando localizado em parótida, pode ocorrer paralisia do nervo facial. Já no palato, pode ser observada além do nódulo, ulceração ou fístula (COCA-PELAZ et al., 2015b). A histopatologia dessa neoplasia revela células com diferenciação ductal e mioepitelial organizadas em padrões distintos. As células epiteliais (ductais) têm morfologia cuboidal ou colunar e citoplasma eosinofílico mais amplo. Já as células mioepiteliais são fusiformes, com citoplasma escasso e indistinto e núcleo angulado e hipercromático. No padrão cribriforme, observa-se ilhas com espaços pseudocísticos, normalmente revestidos pelas células não- luminais. No centro destes espaços, pode-se observar material basofílico compatível com glicosaminoglicanos. O padrão tubular revela estruturas ductiformes com dupla camada de 43 células revestidas mais internamente por células luminais e, externamente, pelas células não- luminais. No centro dos túbulos pode haver a presença de material eosinofílico amorfo. Além disso, o estroma neste tipo de padrão é frequentemente hialinizado. Por último, o padrão sólido revela massas sólidas formadas por células luminais e não luminais em permeio a escasso estroma de tecido conjuntivo fibroso denso (HELLQUIST; SKALOVA, 2014). Invasão perineural representa um achado histopatológico relativamente comum e associado a um pobre prognóstico (MORAIS et al., 2021). Com base na predominância destes padrões, sistemas de gradação têm sido elaborados a fim de correlacioná-los com o prognóstico das lesões. Szanto et al. (1984) classificaram o CAC em três graus: tumores com áreas tubulares e cribriformes, sem componente sólido correspondem a malignidade grau I, enquanto os que apresentam padrões mistos com menos de 30% de áreas sólidas, se constituem como grau II; tumores com predominância de padrão sólido são considerados como de grau III. Em 2015, Weert e colaboradores propuseram um sistema em que a presença de áreas sólidas definiriam um CAC de alto grau, enquanto a ausência dessas áreas, o classificaria como de baixo grau. A análise imuno-histoquímica mostra que as células mioepiteliais e ductais podem ser positivas para CK8/18, CK7 e CK5/6. Além disso, o CAC é fortemente positivo para C-kit e bcl-2. Quando se realiza a marcação com EMA, observa-se um padrão com uma positividade luminal semelhante ao observado no tecido normal da glândula salivar. A marcação com CK14 é variável sendo sua expressão frequentemente negativa em áreas sólidas ou pode mostrar uma marcação nas células da periferia das ilhas. No padrão cribriforme, apresenta-se fortemente positivo em áreas não sólidas com numerosos pseudocistos. Em áreas tubulares, este marcador é positivo nas células luminais das estruturas. As células mioepiteliais são evidenciadas por diversos marcadores, dentre estes o p63, α-SMA e calponina. No entanto, a marcação por estas proteínas também pode se apresentar variável, de acordo com o padrão morfológico. Enquanto nas regiões tubulares, a marcação dessas proteínas encontra-se na camada não-luminal dos túbulos, no padrão sólido esta marcação é inexistente ou fracamente dispersas (HELLQUIST; SKALOVA, 2014). Estudos sobre biologia celular e molecular têm demonstrado que a grande maioria dos casos de CAC (80%-90%) apresentam a fusão do oncogene MYB com o fator de transcrição NFIB, caracterizado pela translocação t(6;9)(q22-23;p23-24). MYB desempenha um papel importante como oncogene no controle da proliferação celular, apoptose e diferenciação. Apesar da fusão de MYB-NFIB ser específica para o CAC, funcionando como um biomarcador para o diagnóstico desta lesão, este achado não tem contribuído para o entendimento da via de 44 disseminação metastática da maioria dos pacientes (SIMPSON et al., 2014; BRILL et al., 2011; DI PALMA et al., 2014; ANDREASEN et al., 2018). O estudo de Andreasen et al. (2018) concluiu que o padrão da translocação se manteve em tumores metastáticos em relação aos iniciais. No entanto, observou-se uma mudança no padrão de expressão de diversos miRNAs. Em geral, o prognóstico do CAC de cabeça e pescoço é pobre. Ocasionalmente, são relatadas taxas de sobrevivência otimistas em 5 anos, mas estas taxas caem continuamente em 10 e 20 anos (COCA-PELAZ et al., 2015b). Van Weert et al. (2015) relataram taxas de sobrevida após 5, 10 e 20 anos, de 68%, 52% e 28%, respectivamente, em uma série de 105 pacientes. Recentemente, o estudo de De Morais et al. (2021) relatou que padrão histopatológico sólido, estágio clínico avançado, idade (menos de 50 anos), metástase a distância, invasão perineural, margens cirúrgicas comprometidas, recidiva e tratamento impactaram negativamente no prognóstico após 10 anos de acompanhamento. Tal comportamento clínico agressivo é um dos fatores que intrigam cientistas em diversos estudos. Um dos fatores constantemente investigados é a TEM, em que estudos, com os mais variados marcadores envolvidos em tal processo, têm sido propostos ao longo dos anos (JIANG et al., 2010; ZHAO et al., 2013; GUAN et al., 2015; WU et al., 2016; LI et al., 2016; YI; LI; ZHOU, 2016; FREITAS et al., 2018; BELULESCU et al., 2020a). 2.4 Adenocarcinoma polimorfo Segundo a revisão de Hernández-Prera (2019) o Adenocarcinoma polimorfo (ACP) foi descrito pela primeira vez como uma lesão distinta por dois grupos independentes em 1983. Freedman e Lumerman (1983) designaram tais tumores como “carcinoma lobular de glândulas salivares menores”.Batsakis et al. (1983) sugeriram a terminologia “carcinoma de ducto terminal” para se referir ao mesmo tumor com base na sua possível origem. Independentemente da nomenclatura, ambas as publicações retrataram uma neoplasia de glândula salivar menor com as mesmas características histopatológicas e comportamento clínico indolente, sem histórico de recorrências ou metástases. Em 1984, Evans e Batsakis unificaram este grupo, denominando-o “Adenocarcinoma polimorfo de baixo grau”, o qual foi incluído pela classificação da OMS em 1991. Este termo refletia os diversos padrões morfológicos presentes nesta neoplasia, bem como o baixo potencial metastático em seu curso clínico. Em 1999, Michal e colaboradores descreveram uma série de casos de neoplasias inicialmente diagnosticadas como Adenocarcinoma polimorfo de baixo grau, todas localizadas em base de língua e com curso clínico mais agressivo do que o normalmente observado. Os 45 autores sugeriram que estes tumores poderiam representar uma nova entidade, a qual foi denominada “adenocarcinoma cribriforme de língua (ACL)”, sendo posteriormente designada como “adenocarcinoma cribriforme de glândula salivar menor (ACGSM)”, por ser observada em outras localizações. Uma característica relatada de forma recorrente no ACGSM é que mais da metade dos pacientes apresentam metástase linfonodal no diagnóstico e, em muitos casos, o sintoma inicial dos pacientes correspondeu a aumento de volume na região cervical. Em 2017, a OMS optou por tratar o ACGSM como variante do ACP, excluindo o adjetivo “de baixo grau” de sua nomenclatura, diante do argumento de que os números são estatisticamente insuficientes e a sobrevida global não difere entre ambas as lesões (EL-NAGAR et al., 2017; HERNÁNDEZ- PRERA, 2019). Análises de base populacional relatam a ocorrência de ACP em torno de 0,051 casos por 100.000 indivíduos (PATEL et al., 2015; MIMICA et al., 2019). Em uma amostra de mais de 8.000 tumores de glândulas salivares intraorais identificados na literatura, a incidência de ACP correspondeu a 1,2%, confirmando sua raridade (KIMPLE et al., 2014). A porcentagem de ACP entre tumores malignos de glândulas salivares menores variou de 0% a 46,8%, de acordo com o ano do estudo ou o país em que este foi realizado (ARAUJO et al., 2013; CHATURA, 2015; GAO et al., 2017; SILVA et al., 2018). Aproximadamente, 95% dos casos de ACP afetam as glândulas salivares menores do trato aerodigestivo superior, mais comumente o palato (em aproximadamente 60%). Outros locais acometidos incluem: base da língua, mucosa jugal, assoalho da boca, lábio, borda lateral de língua, trígono retromolar, trato sinonasal orofaringe e nasofaringe (KIMPLE et al., 2014; PATEL et al., 2015; KATABI; XU, 2021). Clinicamente, o ACP ocorre mais frequentemente em mulheres em uma proporção que pode variar entre 1,3:1 a 2,15:1 (PATEL et al., 2015; XU et al., 2016; MIMICA et al., 2019; KATABI; XU, 2021). Este tumor acomete ampla faixa etária, compreendendo dos 16 aos 94 anos, cuja média de idade ao diagnóstico equivale a aproximadamente, 60 anos (PATEL et al., 2015; XU et al., 2016; MIMICA et al., 2019; KATABI; XU, 2021). Do ponto de vista clínico o ACP é referido como nódulo, com ou sem ulceração (SURYA et al., 2015; KATABI; XU, 2021). O tempo de surgimento de sintomatologia clínica pode variar de poucos dias a 40 anos, com duração média de 27 meses. Sinais e sintomas clínicos como dor, sangramento e/ou ulceração não estão associados a um curso agressivo e recorrências. O tamanho do tumor pode se estender de 0,4 cm a 6,0 cm (SURYA et al., 2015). 46 A histopatologia do ACP é demarcada pela variedade de padrões organizacionais. O tumor é não-encapsulado e apresenta crescimento infiltrativo. Entre os padrões morfológicos apresentados a literatura relata: sólido, tubular, trabecular, papilar-cístico e cribriforme. Na periferia da lesão, observa-se a presença de arranjos celulares denominados de fileiras indianas, as quais frequentemente infiltram os tecidos adjacentes e glândula salivar, podendo se estender até o epitélio da superfície. Além disso, invasão perineural e arranjos concêntricos em volta de nervos e vasos, são comumente encontrados. Independentemente da arquitetura descrita, as células desta neoplasia assumem uma aparência monótona, exibindo morfologia cuboidal, colunar ou fusiforme. Os seus núcleos são uniformes, redondos a ovoides, com cromatina nuclear dispersa, o que lhes confere coloração pálida ou aparência de “vidro fosco”. O estroma do ACP também se revela diversificado, apresentando-se mixoide, fibroso ou hialinizado. Entre os achados histopatológicos identificados menos frequentemente, cita-se: células oncocíticas, células claras e mucosas; diferenciação sebácea; calcificações irregulares; corpos de psamoma e necrose (HELLQUIST; SKALOVA, 2014; CHATURA, 2015; SURYA et al., 2015; KATABI; XU, 2021). A análise imuno-histoquímica do ACP demonstra positividade forte e difusa para S100, SOX10, CAM 5.2 e CK7. Marcadores de células mioepiteliais como α-SMA e proteína glial ácida (GFAP) são observados de forma focal (KATABI; XU, 2021). A imunoexpressão fraca e/ou focal deste último no ACP, auxilia no diagnóstico diferencial com o AP, difusamente positivo para tal proteína (ZAIB et al., 2014; CHATURA et al., 2015) Para se distinguir ACP de CAC, pode-se utilizar a GFAP, a qual negatividade para o primeiro e algum grau de positividade para o segundo (HELLQUIST; SKALOVA, 2014; BERARDINI et al., 2018) e α- SMA, o qual apresenta marcação difusa em CAC e focal em ACP (ZAIB et al., 2014; CHATURA et al., 2015). O estudo de Atiq et al. (2019) traçou diferenças entre os perfis de marcação imuno-histoquímica das proteínas p63 e p40 em CAC e ACP. Foi relatada correlação estatisticamente significativa entre o perfil p63+/p40+, predominante entre os casos de CAC, e o p63+/p40-, predominante entre os casos de ACP. Os autores concluíram que estas proteínas podem ser utilizadas para fins diagnósticos em caso de dúvidas entre estas lesões. Diversos estudos buscaram avaliar as alterações genéticas mais frequentes em ACP. Foi relatado que o ACP clássico é sustentado por mutações do hotspot recorrentes no PRDK1 E710D, enquanto que a variante mais agressiva, o ACGSM se encontra associado a rearranjos ou fusões moleculares entre os genes PRKD1, PRKD2 e PRKD3 (PRKD1/2/3) (PISCUOGLIO et al., 2016; SEBASTIÃO et al., 2020; XU et al., 2020). Sebastião et al. (2020) compararam os aspectos clinicopatológicos com as modificações genéticas em 37 casos de ACP e os 47 resultados mostraram que nos casos em que ocorria fusão entre o PRKD1/2/3, a localização predominante era base de língua, enquanto que nos casos em que havia mutação, era no palato. Os casos de fusão estavam associados a maior presença de necrose, padrão papilar mais frequente e menor quantidade de filas indianas. A conclusão desta pesquisa inferiu que estas entidades se tratam de uma só neoplasia, mas com espectros diferentes, direcionados de acordo com a alteração presente no PRKD. O comportamento clínico do ACP se mostra indolente na maioria dos casos, com baixa taxa de recorrência, metástase a distância e morte específica pela doença (KIMPLE et al., 2014; XU et al., 2016; MIMICA et al., 2019). Quanto ao parâmetro “T” na classificação TNM, a literatura retrata que 81% dos tumores se apresentam em T1-T2, no momento do diagnóstico (MIMICA et al., 2019). Kimple et al. (2014) avaliaram 72 casos de ACP quanto a parâmetros clinicopatológicos e revisaram outras publicações a fim de comparar e unificar suas amostras, trazendo dados mais concretos acerca das características estudadas. A taxa geral de recorrência da amostra constituída por 456 ACPs correspondeu a 19,1%. Dentre os casos de recidiva, 54% foram locais, 32% nodais e 8% à distância. De acordo com Mimica et al. (2019),
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