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EstudoTectonossedimentar-AlmeidaJunior-2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM GEOFÍSICA 
 
 
 
 
 
MIGUEL MAESTU ALMEIDA JÚNIOR 
 
 
 
ESTUDO TECTONOSSEDIMENTAR DA PORÇÃO EMERSA DA BACIA DE 
BARREIRINHAS COM BASE EM DADOS GEOFÍSICOS 
 
 
 
 
 
NATAL/RN 
2018 
 
 
 
MIGUEL MAESTU ALMEIDA JÚNIOR 
 
 
 
 
ESTUDO TECTONOSSEDIMENTAR DA PORÇÃO EMERSA DA BACIA DE 
BARREIRINHAS COM BASE EM DADOS GEOFÍSICOS 
 
 
 
 
Relatório apresentado no programa de 
graduação em Geofísica da Universidade 
Federal do Rio Grande do Norte, como 
requisito para a obtenção do título de 
Bacharel em Geofísica. 
 Orientador: Prof. Dr. David Lopes de Castro. 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL/RN 
2018 
 
 
 
MIGUEL MAESTU ALMEIDA JÚNIOR 
 
 
 
ESTUDO TECTONOSSEDIMENTAR DA PORÇÃO EMERSA DA BACIA DE 
BARREIRINHAS COM BASE EM DADOS GEOFÍSICOS 
 
Relatório apresentado no programa de 
graduação em Geofísica da Universidade 
Federal do Rio Grande do Norte, como 
requisito para a obtenção do título de 
Bacharel em Geofísica. 
Aprovado em:___/___/___ 
 
_____________________________________________________ 
Prof. Dr. David Lopes de Castro 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
(DGEO-CCET/UFRN-Orientador) 
 _____________________________________________________ 
Prof. Dr. Moab Praxedes Gomes 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
(DGEO-CCET/UFRN) 
_____________________________________________________ 
Dr. Yoe Alain Reyes Pérez 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
 (PPGG/UFRN) 
 
i 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN 
Sistema de Bibliotecas - SISBI 
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Ronaldo Xavier de Arruda - CCET 
 Almeida Júnior, Miguel Maestu. 
 Estudo tectonossedimentar da porção emersa da Bacia de 
Barreirinhas com base em dados geofísicos / Miguel Maestu Almeida 
Júnior. - 2018. 
 72f.: il. 
 
 Relatório (Bacharelado em Geofísica) - Universidade Federal do 
Rio Grande do Norte, Centro de Ciências Exatas e da Terra, 
Departamento de Geofísica. Natal, 2018. 
 Orientador: David Lopes de Castro. 
 
 
 1. Geofísica - Relatório. 2. Atributos sísmicos - Relatório. 3. 
Modelagem gravimétrica 2D - Relatório. 4. Bacia de Barreirinhas 
- Relatório. 5. Zona de falha de Sobradinho - Relatório. 6. Zona 
de fratura Romanche - Relatório. I. Castro, David Lopes de. II. 
Título. 
 
RN/UF/CCET CDU 550.3 
 
 
 
 
 
Elaborado por Joseneide Ferreira Dantas - CRB-15/324 
 
ii 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
Agradeço inicialmente a Deus, ele quem me deu força e paz para que passos fossem 
dados e está sempre comigo em todos os momentos. 
Agradeço aos professores do Departamento de Geofísica e Geologia da Universidade 
Federal do Rio Grande do Norte. Todos eles, em seus respectivos semestres lecionando suas 
matérias, foram importantes para que a aprendizagem fosse construída e aprimorada ao decorrer 
do curso. Em especial, meu agradecimento ao professor e orientador, Dr. David Lopes de 
Castro, por toda a atenção, empenho e tempo fornecidos durante este último ano para que 
imprevistos fossem resolvidos e dúvidas sanadas. Por sempre estar disposto a esclarecer e 
transmitir, novos conhecimentos a cada dia. Muito Obrigado, Professor! 
Agradeço também à Universidade Federal do Rio Grande, em particular ao Laboratório 
de Geologia e Geofísica Marinha e Monitoramento Ambiental (GGEMMA) vinculado ao 
Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica (DG/CCET/UFRN) por ceder as 
instalações e o Software Petrel da Schlumberger para que este trabalho fosse realizado. 
Agradeço a minha família, que forneceram toda a base e apoio necessário para meu 
crescimento pessoal e evolução académica, em especial a minha mãe, cujo apoio e motivação 
nunca deixaram de ser dados e ao meu pai, que mesmo que longe, também deu seu apoio. 
Agradeço a presença e companherismo, até o finalzinho, dos meus amigos de curso, 
Bruno, Daniel, Gustavo, Thabita e Miro, que me acompanham desde o início da graduação, 
aprendemos juntos e crescemos juntos, insistimos até o final e se cheguei até aqui com certeza 
foi também graças às presenças de vocês. 
Agradeço aos amigos que fiz no GGEMMA este ano. Obrigado Andressa Lima, Arthur 
Gerar, Carla Gabriela, Daniela Andrade, Fernando, Flávia Velanea, Jõao Paulo, Júnior, Thiago 
Augusto, Úrsula Martin e Yoe Alain, pelas ótimas conversas e momentos descontraídos neste 
último ano. Agradeço mais uma vez a Carla Gabriela pela paciência tida no desenvolver deste 
trabalho, por todo o apoio fornecido durante esta última etapa do curso e pelas conversas 
aleatórias durante os sábados e domingos no GGEMMA, acredito que eu não teria realizado 
boa parte do que fiz se não fosse por você. 
Agradeço aos meus amigos de Salvador. Em especial a Caio Menezes, Henrique 
Peixoto, Igor Abraão e Matheus Menezes, que apresar de estarem longe, sempre estão comigo. 
Agradeço aos meus amigos da Espanha Borja Fernández, Iciar Mosquera, Célia Alonso, Alex 
iii 
 
 
 
Castro, Diego Dominguéz e Pepe Bernárdez, apesar da distância e do tempo, sempre guardarei 
um lugar especial no meu coração para cada um de vocês. Acredito que eu não teria me tornado 
metade da pessoa que sou hoje se não fosse pelos anos de convivência com todos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
iv 
 
 
 
RESUMO 
A Bacia de Barreirinhas encontra-se inserida na Margem Equatorial Brasileira, sendo 
formada no âmbito da abertura do Atlântico Equatorial no Cretaceo Inferior. Sua origem se deu 
por meio de um regime tectônico misto, retratado por esforços distensionais, responsáveis pela 
separação do supercontinente Gondwana durante o Mesozoico, e cisalhantes, com influência 
direta da Zona de Fratura Romanche. Seu início exploratório deu-se pela influência do petróleo 
na década de 1960, porém devido ao fato deste ocorrer de forma insatisfatória a bacia 
permaneceu estigmatizada, sendo seus estudos retomados recentemente com a descoberta de 
indícios promissores de óleo e gás na sua margem conjungada na África, no Campo Petrolífero 
de Jubilee. Este estudo visa a construção de modelos geofísicos e geológicos, que representem 
de forma fiel a arquitetura interna e o preenchimento sedimentar da porção emersa da Bacia de 
Barreirinhas. Para isto, realizou-se a interpretação de duas seções sísmicas 2D em conjunto com 
informações de cinco perfis geofísicos de poços e de dados gravimétricos. As seções sísmicas 
estão dispostas perperdicularmente entre si e orientadas em direções WNW-ESE e NNE-SSW, 
estando localizadas no segmento central da bacia, ao norte da Zona de Falhas de Sobradinho e 
ao sul da linha de costa. A utilização dos atributos sísmicos promoveu um realce significativo 
tanto nos horizontes sismoestratigráficos, quanto nas feições estruturais, evidenciando, dessa 
maneira, o predomínio de falhas lístricas de rejeito normal na sequência rifte e a cinemática 
transtesional de ocorrência posterior, associada à uma movimentação dextral durante a 
separação da América do Sul e África. Em relação aos dados gravimétricos, a análise qualitativa 
das suas anomalias permitiu a subdivisão da área de estudo em três principais domínios: D1, 
D2 e D3, associados geologicamente a intercalações de rochas meta-vulcano-sedimentares e 
gnaisses ortoderivados, à geometria interna da bacia e à ascensão da Moho em direção à linha 
de costa. A interpretação quantitativa dos dados gravimétricos, vinculada aos dados sísmicos 
previamente analisados, permitiu delimitar em subsuperfície quatro unidades, sendo associadas 
à supersequência Rifte e Drifte e blocos crustais de alta e baixa densidade. A integração das 
informações geofísicas possibilitou a construção de um modelo geológico simplificadoda 
porção emersa da bacia, como também a inferência de uma geometria do tipo Pinch out para os 
depocentros. 
 
Palavras chaves: Atributos Sísmicos, Modelagem Gravimétrica 2D, Bacia de Barreirinhas, 
Zona de Falhas de Sobradinho, Zona de Fratura Romanche. 
v 
 
 
 
ABSTRACT 
The Barreirinhas Basin is located in the Brazilian Equatorial Margin. It was formed 
during the opening of the Equatorial Atlantic in the Lower Cretaceous. The Basin was genereted 
by a combined tectonic regime which are distension, responsible for the separation of the 
supercontinent Gondwana during the Mesozoic, and shearering strain, influenced by the 
Romanche Fracture zone. Barreirinhas basin had its exploratory beginning occurred in the 
1960s, but due to the fact that this occurs unsatisfactorily the basin remained stigmatized. Its 
studies have recently been resumed with the discovery of promising indication of oil and gas in 
its conjugated margin in Africa, in the Oil Field of Jubilee. This study purpuses at the 
construction of reliable geophysical and geological models, which represent the internal 
architecture and the sedimentary filling of the emerged portion of the Barreirinhas Basin. For 
this, the interpretation of two 2D seismic sections was integrated with information from five of 
geophysical profiles of wells and gravimetric data. The seismic sections are arranged 
perpendicular to each other and oriented in WNW-ESE and NNE-SSW directions, being 
located in the central segment of the basin, north of the Sobradinho Fault Zone and south of the 
coastline. The use of seismic attributes provided a significant highlight in both the seismic and 
the structural features, thus evidencing the predominance of listric normal faults in the rifte 
sequence and a later occurrence of trantensional kinematics, associated with a dextral 
movement during separation of South America and Africa. In relation to the gravimetric data, 
the qualitative analysis of its anomalies allowed the subdivision of the study area into three 
main domains: D1, D2 and D3, it is associated to intercalations of meta-vulcano-sedimentary 
rocks and ortho-derivative gneisses, to the internal geometry of the basin and the Moho Rise 
toward the coastline. The quantitative interpretation of the gravimetric data, linked to the 
seismic data previously analyzed, allowed to delimit in four subsurface units, being associated 
to the Rifte and Drifte supersequence and crustal blocks of high and low density. The integration 
of the geophysical information made possible the construction of a simplified geological model 
of the emersed portion of the basin, as well as the inference of a Pinch out type geometry for 
the depocenters. 
Key Words: Seismic Attributes, 2D Gravity Modeling, Barreirinhas Basin, Sobradinho Fault 
Zone, Romanche Fracture Zone. 
 
 
vi 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
Figura 1.1: Fluxograma esquematizando a metodologia abordada na confecção desta 
monografia..................................................................................................................................3 
 
Figura 1.2: Mapa geológico da porção emersa da Bacia de Barreirinhas, com a localização das 
linhas sísmicas e informações de poços empregados. ................................................................ 6 
 
Figura 2.1: Carta estratigráfica referente à Bacia de Barreirinhas.............................................11 
 
Figura 2.2: Representação esquemática do arcabouço estrutural da Bacia de Barreirinhas......12 
 
Figura 3.1: Representação esquemática do percurso das ondas sísmicas em subsuperfície.......15 
 
Figura 3.2: Representação esquemática do modelo convolucional do traço sísmico.................16 
 
Figura 3.3: Determinação da geometria do corpo em profundidade mediante o ajuste entre a 
anomalia gravitacional calculada e observa ............................................................................. 17 
 
Figura 3.4: Análise dos perfis de raio gama, sônico, densidade e neutrônico na estipulação de 
litologias....................................................................................................................................18 
 
Figura 3.5: Representação esquemática dos modelos Dominó (A) e Dominó Soft (B)..............18 
Figura 3.6: Estruturas associadas a falhas de transtração, estrutura em flor negativa (a) e a falhas 
de transpressão, estruturas em flor positivas (b).........................................................................19 
Figura 3.7: Padrões de terminações de refletores em Onlap, Toplap, Downlap e 
Truncamento.............................................................................................................................20 
Figura 3.8: Esquema dos padrões internos de reflexões que definem as fácies sísmicas.....................21 
Figura 3.9: Correções Gravimétricas de elevação. Em (a), tem-se a correção Ar-Livre. Em (b), 
a correção Bouguer. Em (c), a correção de Terreno ou Bouguer Completa...............................25 
Figura 3.10: Determinação da geometria do corpo em profundidade mediante o ajuste entre a 
anomalia gravitacional calculada e observada...........................................................................28 
Figura 3.11: Análise dos perfis de raio gama, sônico, densidade e neutrônico na estipulação de 
litologias....................................................................................................................................30 
Figura 4.1: Fluxograma retratando os principais atributos utilizados nas etapas de interpretação 
sísmica.......................................................................................................................................31 
Figura 4.2: Seção sísmica correspondente à linha L0043, exibindo em (a) o dado sísmico 
original; em (b) o atributo structural smooth com picagem de descontinuidades; em (c) a 
remoção de ruído proporcionado pelo Remove Bias e por último, em (d) ocorre a representação 
completa do atributo tecVA com descontinuidades evidenciadas..............................................33 
vii 
 
 
 
Figura 4.3: Seção sísmica correspondente à linha L0043, exibindo em (A) o dado sísmico 
original com a paleta de cores Seismic default; e em (B) o atributo cosseno de fase instantânea 
responsável por tornar mais evidente e energizada a continuidade dos refletores......................34 
Figura 4.4: Representação simplificada da modelagem litológica realizada mediante a 
interpretação dos perfis geofísicos compostos e o procedimento de correlação dos poços, 
utilizado durante a etapa de delimitação dos horizontes sismo-estratigráficos...........................35 
Figura 4.5: Mapa de anomalias gravimétricas Bouguer, indicando as porções Offshore e 
Onshore da Bacia de Barreirinhas e o seu limite com a Bacia do Parnaíba.................................37 
Figura 5.1: Interpretação sismoestrutural da linha L0043, com delimitação do embasamento e 
principais falhas.........................................................................................................................39 
Figura 5.2: Interpretação sismoestrutural da linha L0052, com delimitação do embasamento e 
principais falhas.........................................................................................................................40 
Figura 5.3: Seções sísmicas interpretadas das Linhas L0052 e L0043. A linha vermelha 
representa o embasamento, as linhas azius as unidades sísmicas com correspondentes nos poços 
e as linhas amarelas as sub-unidades delimitadas com base apenas na interpretação 
sismoestratigráfica....................................................................................................................41 
Figura 5.4: Mapa deanomalias Bouguer, com a delimitação da porção onshore da Bacia de 
Barreirinhas e principais domínios gravimétricos.....................................................................44 
Figura 5.5: Mapa de anomalias Bouguer da Bacia de Barreirinhas, evidenciando os perfis 
gravimétricos L052E e L043N (azul) ao longo das linhas sísmicas L0052 e L0043 (negrito); e 
a área correspondente ao modelo geológico a ser realizado (pontilhado)...................................45 
Figura 5.6: Modelagem gravimétrica realizada sobre o perfil L43N. Em (A) o ajuste entre as 
anomalias gravimétricas observada e calculada; em (B) a seção sísmica L0043 com a 
demarcação do embasamento e a superfície correspondente à base da supersequência Drifte; e 
em (C) o modelo gravimétrico final, vinculado pela seção sísmica em (B)...............................47 
Figura 5.7: Modelagem gravimétrica realizada sobre o perfil L52E. Em (A) o ajuste entre as 
anomalias gravimétricas observada e calculada; em (B) a seção sísmica L0052 com a 
demarcação do embasamento e a superfície correspondente à base da supersequência Drifte; e 
em (C) o modelo gravimétrico final, vinculado pela seção sísmica em (B)..............................48 
Figura 5.8: Mapa do topo do Embasamento da porção emersa da Bacia de Barreirinhas (em 
tempo duplo de percurso)..........................................................................................................50 
Figura 5.9: Representação dos seis horizontes estratigráficos, interceptados pelas linhas 
sísmicas L0043 e L0052............................................................................................................51 
Figura 5.10: Modelo geológico simplificado representativo da porção emersa da Bacia de 
Barreirinhas...............................................................................................................................51 
Figura 5.11: Modelo geológico representativo da porção emersa da Bacia de Barreirinhas, 
interceptado pelas linhas sísmicas L0043 e L0052 (a) e corte realizado sob a linha L0043 (b).52 
 
 
viii 
 
 
 
SUMÁRIO 
Agradecimentos.......................................................................................................................... i 
Resumo..................................................................................................................................... iii 
Abstract..................................................................................................................................... iv 
Lista de Figuras.......................................................................................................................... v 
CAPÍTULO 1-INTRODUÇÃO.............................................................................................. 1 
1.1 Apresentação e Objetivos.............................................................................................. 1 
1.2 Justificativa do Tema e Problemática Abordada........................................................... 1 
1.3 Metodologia................................................................................................................. 2 
1.3.1 Pesquisa Bibliográfica e Banco de Dados Geofísicos................................................. 3 
1.3.2 Análise dos Perfis Geofísicos de Poços........................................................................4 
1.3.3 Geração da Curva Tempo x Profundidade ....................................................................4 
1.3.4 Análise de Atributos Sísmicos.......................................................................................4 
1.3.5 Interpretação Sismo-Estrutural e –Estratigráfica...........................................................4 
1.3.6 Interpretação Gravimétrica Qualitativa..........................................................................4 
1.3.7 Interpretação Gravimétrica Quantitativa.........................................................................5 
1.3.8 Modelagem Geológica....................................................................................................5 
1.4 Localização da Área de Estudo....................................................................................5 
CAPÍTULO 2 – GEOLOGIA REGIONAL............................................................................6 
2.1 Introdução......................................................................................................................6 
2.2 Arcabouço Geológico....................................................................................................6 
2.2.1 Embasamento da Bacia de Barreirinhas..........................................................................7 
2.2.2 Grupo Canárias................................................................................................................8 
2.2.3 Grupo Caju................................................ .....................................................................9 
2.2.4 Grupo Humberto de Campos.........................................................................................10 
2.2.5 Formação Pirabas e Formação Barreiras.......................................................................10 
2.3 Evolução Tectônica e Arcabouço Estrutural............................................................11 
CAPÍTULO 3 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.............................................................13 
3.1 O Método Sísmico........................................................................................................13 
3.1.1 Interpretação Sismoestrutural........................................................................................17 
3.1.2 Interpretação Sismoestratigráfica..................................................................................19 
3.2 O Método Gravimétrico..............................................................................................22 
3.2.1 Correções Gravimétricas...............................................................................................23 
ix 
 
 
 
3.2.2 Interpretação Gravimétrica...........................................................................................25 
3.2.2.1 Modelagem Direta.........................................................................................................26 
3.2.2.2 Inversão.........................................................................................................................26 
3.3 Perfilagem Geofísica de Poços....................................................................................28 
3.3.1 Introdução......................................................................................................................28 
3.3.2 Sônico............................................................................................................................28 
3.3.3 Raio Gama.....................................................................................................................29 
3.4.4 Neutrônico.....................................................................................................................29 
CAPÍTULO 4 – MATERIAIS E MÉTODOS.......................................................................30 
4.1 Introdução....................................................................................................................30 
4.2 Atributos Sísmicos.......................................................................................................30 
4.2.1 Structural Smooth..........................................................................................................32 
4.2.2 Técnica Volume de Amplitudes (tecVA).......................................................................32 
4.2.3 Cosseno de Fase.............................................................................................................33 
4.3 Perfis Geofísicos de Poços............................................................................................344.4 Processamento de Dados Gravimétricos...................................................................36 
4.4.1 Interpolação de Dados Gravimétricos............................................................................36 
CAPITULO 5- INTERPRETAÇÃO E CORRELAÇÃO DOS DADOS GEOFÍSICOS...37 
5.1 Introdução....................................................................................................................37 
5.2 Interpretação Sismoestrutural..................................................................................37 
5.3 Interpretação sismoestratigráfica............................................................................40 
5.4 Interpretação Gravimétrica ......................................................................................43 
5.4.1 Interpretação Gravimétrica Qualitativa........................................................................43 
5.4.2 Interpretação Gravimétrica Quantitativa......................................................................45 
5.5 Modelagem Geológica 3D..........................................................................................49 
CAPÍTULO 6- CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................... 52 
REFERÊNCIAS......................................................................................................................55
1 
 
 
 
CAPÍTULO I- INTRODUÇÃO 
 
1.1 Apresentação e Objetivos 
O presente trabalho retrata o tema escolhido para o relatório de graduação do autor, 
intitulado: “Estudo Tectonossedimentar da Porção Emersa da Bacia de Barreirinhas com Base 
em Dados Geofísicos”. O relatório é um dos requisitos obrigatórios para obtenção do grau em 
Geofísica pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). O desenvolver das 
atividades no mesmo, tornaram-se possíveis através da orientação do Prof. Dr. David Lopes de 
Castro, membro do Departamento de Geologia da UFRN, e pelos dados cedidos da Agência 
Nacional do Petróleo (ANP). 
Este trabalho objetivou a investigação estrutural interna da Bacia de Barreirinhas através 
da interpretação e integração de perfis geofísicos de poços, seções sísmicas 2D e modelagem 
de dados gravimétricos, visando avaliar e identificar as influências termais e deformações 
tectônicas associadas à combinação de esforços mecânicos durante a evolução tectono-
estratigráfica da bacia citada anteriormente e pertencente ao conjunto de Bacias da Margem 
Equatorial brasileira. 
1.2 Justificativa do Tema e a Problemática Abordada 
A evolução das bacias sedimentares, de acordo com as ideias expostas por McKenzie 
(1978), em seus estudos realizados nas proximidades do Mar no Norte, explicam que a 
deposição sedimentar em regimes divergentes podem ser explicados mediante o entendimento 
dos movimentos das placas tectônicas e por modelos térmicos. Segundo Lopes et al. (2018), 
ambas as ideias pregam que o preceito para a evolução de uma bacia do tipo rifte ou margem 
passiva, são a ascensão da Moho devido ao aumento de pressão ocasionada pelo aporte 
sedimentar e o relaxamento térmico associado à subsidência termal. 
Este é o caso da Bacia de Barreirinhas, a qual é reconhecida como uma das principais 
bacias pertencentes à Margem Equatorial Brasileira. Do tipo Margem Passiva, esta compreende 
uma porção Onshore, limitada a Sul, pelo Arco de Ferrer e a Norte pela linha de costa e uma 
porção Offshore estendendo-se desde a linha de costa até alto mar (PAMPLONA, 1969; 
MOHRIAK, 2003). 
 
2 
 
 
 
Soares Júnior et al. (2008) datam sua gênese do período Aptiano (125 Ma), associada à 
separação do supercontinente Gondwana, mais precisamente aos seus efeitos. Estes 
possibilitaram o entendimento da Bacia de Barreirinhas como uma bacia de geometria rômbicas 
com estruturas distensionais, cuja gênese encontra-se associada a regimes de transtração; 
gerados pela interação do o regime divergente presente no período de rifteamento e a 
movimentação dextral associada à projeção em crosta continental da Zona de Fratura Romanche 
(AZEVEDO, 1991; TROSDTORF JÚNIOR et al., 2007; TAVARES, 2017). 
Estudos sobre a Bacia de Barreirinhas foram amplamente desenvolvidos entre as 
décadas de 1960 e 1980, porém devido ao fato de apresentarem um início exploratório 
insatisfatório, para óleo e gás, a bacia permaneceu estigmatizada. No entanto, indícios 
promissores indicando a presença de hidrocarbonetos surgiram recentemente, através da 
produção de gás na porção Onshore e perfuração de poços em águas profundas na sua análoga 
na África (Bacia de Tano) (ATTOH et al., 2004; ANTOBREH et al., 2009). 
Dessa maneira, devido ao fato das descobertas terem sido realizadas há pouco tempo e 
ter-se pouco conhecimento sobre o arcabouço da Bacia de Barreirinhas, torna-se necessária a 
elaboração, através da interpretação de dados geofísicos, de modelos geológicos que 
representem fielmente a influência da evolução tectono-deposicional sobre os sistemas 
petrolíferos em tal bacia, com intuito de comprovar a existência de depósitos de óleo e gás, 
assim como na sua semelhante em Gana e Costa de Marfim. Possibilitando também, de forma 
adicional, um melhor reconhecimento e compressão em âmbitos não só exploratórios, como 
também geológicos em bacias com gênese semelhante (margem passiva). 
1.3 Metodologia 
No presente tópico, as sete etapas metológicas empregadas durante o desenvolvimento 
e confecção desta monografia serão descritas abaixo (Figura 1.1): 
 
3 
 
 
 
Figura 1.1: Fluxograma esquematizando a metodologia abordada na confecção desta monografia 
 
Fonte: Elabora pelo autor, 2018. 
1.3.1 Pesquisa Bibliográfica e Banco de Dados Geofísicos 
 A primeira etapa, no que se refere à elaboração do presente relatório, consistiu na 
realização de um prévio levantamento bibliográfico a respeito da evolução tectônica e 
arcabouço geológico da Bacia de Barreirinhas, que servisse de fundamentação teórica para os 
procedimentos que serão descritos a seguir. De forma simultânea ao exposto precedentemente, 
utilizando o Banco de Dados de Exploração e Produção (BDEP) da ANP, um mapa base 
contendo a localização dos levantamentos geofísicos empregados na confecção deste trabalho 
foi elaborado. 
1.3.2 Análise dos perfis geofísicos de poços 
 O segundo tópico teve como finalidade a análise dos perfis geofísicos de Densidade, 
Neutrônio, Raio Gama e Sônico referentes a cinco poços disponibilizados pela ANP. Os 
registros contínuos dos três primeiros perfis foram empregados na modelagem litológica da 
4 
 
 
 
bacia no local onde o poço foi perfurado, permitindo assim, a utilização desta como ferramenta 
essencial na distinção e delimitação de horizontes sísmicos. 
1.3.3 Geração da curva Tempo x Profundidade 
 O último desses perfis, o perfil Sônico, retrata o tempo de trânsito da onda 
compressional durante a sua propagação no local em estudo. Sendo assim, tendo-se 
conhecimento da profundidade do poço e do registro contínuo do sensor Sônico é possível, por 
meio do desenvolvimento de uma curva tempo x profundidade, realizar a conversão da seção 
sísmica de tempo para profundidade, permitindo dessa maneira atribuir um sentido geológico 
direto às informações sísmicas. 
1.3.4 Análise de Atributos Sísmicos 
A finalidade deste processo compreendeu a avaliação da aplicabilidade dos atributos 
sísmicos em enfatizar uma informação geológica de interesse, permitindo, dessa maneira, uma 
melhor delimitação de feições estruturais e horizontes sísmicos. 
1.3.5 Interpretação Sísmo-Estrutural e Sismo-Estratigráfica 
 A quinta etapa, consistiu no estudo e manuseio do Software de interpretação sísmica da 
Schlumberger, Petrel versão 2015. Este, através da aplicação de atributos sísmicos nas duas 
seções 2D disponibilizadas pela ANP permitiu evidenciar duas características qualitativas de 
interesse. A primeira delas deu-se pela delimitação dos horizontes sismoestratigráficosatravés 
da análise dos maiores valores de impedância acústica e pela correlação com os perfis geofísicos 
de poço. Em contrapartida, o segundo procedimento consistiu na identificação de 
inconsistências e/ou quebra da continuidade dos horizontes sísmicos associadas a 
fraturas/falhas. 
1.3.6 Interpretação Gravimétrica Qualitativa 
 Mediante a utilização do software Oasis Montaj versão 8.4 da Geosoft, tornou-se 
possível a interpolação dos dados gravimétricos das 268 estações disponibilizados pela ANP 
oriundos de levantamentos terrestres. Sendo assim, obtido o mapa de Bouguer total, o 
conhecimento das variações de intensidade das anomalias permitiu a demarcação dos principais 
domínios presentes na área. 
 
 
5 
 
 
 
 1.3.7 Interpretação Gravimétrica Quantitativa 
A interpretação quantitativa representou a penúltima etapa deste trabalho e consistiu na 
modelagem direta de dois perfis gravimétricos dispostos sob a mesma orientação espacial das 
linhas sísmicas. Este procedimento de modelagem direta pode ser entendido como a correlação 
das informações obtidas precedentemente nos processos de interpretação sísmica e gravimétrica 
qualitativa, cujo interesse consiste em outorgar à interpretação geofísica um significado 
geológico direto através da elaboração de um modelo de densidades em profundidade. 
1.3.8 Modelagem Geológica 
Na última etapa do trabalho, a prévia interpretação dos dados geofísicos permitiu, por 
meio de softwares específicos de modelagem, a correlação multidisciplinar entre horizontes 
sísmicos e dados de poços, produzindo mapas geológicos em profundidade, cuja integração 
possibilitou a criação de um modelo simplificado representativo da deposição estratal existente 
na Bacia de Barreirinhas ao longo da sua evolução temporal. 
1.4 Localização da Área de Estudo 
Os dados empregados na elaboração desta monografia referentes às linhas sísmicas, 
estações gravimétricas e perfis de poços compreendem a porção centro-leste da Bacia de 
Barreirinhas, localizada entre a Bacia do Parnaíba (limite onshore) e a Zona de Fratura 
Romanche (limite offshore), mais precisamente entre os meridianos 720000 e 790000 W e os 
paralelos 9720000 e 9675000 S, com extensão aproximada de 3150 km² (Figura 1.2). 
6 
 
 
 
Figura 1.2: Mapa geológico da porção emersa da Bacia de Barreirinhas, com a localização das linhas 
sísmicas e informações de poços empregados. 
 
 Fonte: Adaptado da Agência Nacional do Petróleo (ANP). 
 
CAPÍTULO II- GEOLOGIA REGIONAL 
 
2.1 Introdução 
A Bacia de Barreirinhas é caracterizada como sendo uma das cinco bacias que integram 
a margem equatorial brasileira. Soares Júnior et al. (2008) datam sua gênese do período Aptiano 
e afirma que esta desenvolveu uma porção onshore e outra offshore durante seu assentamento 
sobre a Bacia do Parnaíba, visto que, os mesmos elementos da coluna estratigráfica desta última 
são encontrados na Bacia de Barreirinhas (Figura 2.1). 
A gênese e desenvolvimento desta bacia relacionam-se à fragmentação do super-
continente Gondwana, mais precisamente, à separação dos continentes sul-americano e africano 
por meio de movimentações cisalhantes (TRODSTORF JÚNIOR et al., 2007). Tal fato 
possibilita o entendimento da Bacia de Barreirinhas como uma bacia de geometria rômbica, 
com estruturas distensionais, cuja gênese encontra-se associada a regimes de transtração 
7 
 
 
 
gerados por uma movimentação dextral e projeção em crosta continental da Zona de Fratura 
Romanche (AZEVEDO, 1991). 
2.2 Arcabouço Geológico 
O arcabouço estratigráfico da Bacia de Barreirinhas foi estudado pioneiramente por 
Noguti (1967) e Pamplona (1969,1972). Tais autores, por meio de análises de dados de sísmica 
de reflexão e perfis geofísicos de poços, juntamente com informações lito e bioestratigráficas, 
desenvolveram uma carta estratigráfica para a bacia, subdividindo-a em quatro unidades: 
Embasamento (Pré-Cambriano), Grupo Canindé, Grupo Canárias e Grupo Caju. 
Posteriormente, Pamplona (1969) e Feijó (1994) introduziram o Grupo Humberto de Campos 
e as Formações Pirabas e Barreiras. 
2.2.1 Embasamento da Bacia de Barreirinhas 
Conforme as ideias de Trosdtorf Júnior et al. (2007), a Bacia de Barreirinhas 
desenvolveu-se sobre três grandes elementos do embasamento: a região do Gurupi, a Província 
Borborema e a Bacia do Parnaíba. De acordo com Hurley et al. (1968) e Almeida et al. (1968, 
1976), mediante a utilização de métodos radiométricos, que datam materiais rochosos mais 
antigos (Rb-Sr e K-Ar), a região do Gurupi pôde ser fragmentada em dois grandes domínios: O 
Cráton São Luís e o Cinturão Gurupi. 
O Cráton São Luís é descrito por Almeida et al. (1976) e Almeida e Hasui (1984) como 
sendo uma unidade arqueana de direção NNE, que apresentou modificação crustal ao longo do 
Paleoproterozoico. Nesta identificam-se conjuntos de supracrustais metavulcano-sedimentares 
e granitogênese de origem calcio-alcalina a peraluminosos pertencentes às unidades 
geotectônicas do Grupo Aurizona, Suíte Intrusiva Tromaí, Granito Areal e Suíte Intrusiva 
Tracateua (VEIGA JÚNIOR et al., 2000). 
A Faixa Móvel Gurupi, também conhecida como Cinturão Gurupi, apresenta gênese 
colisional atrelada ao choque entre as rochas que compõe o Cráton São Luís, e um pseudo-
continente Arqueano (KLEIN e MOURA, 2003). Após essa etapa, ocorreram mais dois 
processos responsáveis pela orientação na direção SSW e modelagem atual do cinturão. 
O primeiro deles encontra-se diretamente relacionado com a ruptura da crosta devido a 
um processo de rifteamento no Neoproterozoico (740-730 Ma), enquanto o segundo de 
orogênese mais recente (580-550 Ma) é caracterizado por Palheta (2001), como um período de 
intensa gênese de rochas e forte atividade tectônica, resultando no aparecimento de inter-
8 
 
 
 
calações de gnaisses ortoderivados com rochas metassedimentares e metavulcano-sedimentares 
em fácies xisto-verde (KLEIN et al., 2005). 
A Província Borborema, de acordo com Almeida et al. (1977), situa-se na porção 
Nordeste da Plataforma Sul-Americana e apresenta sua origem associada à ação de fenômenos 
termais e magmáticos ocorridos em dois principais ciclos tectónicos: A orogênese Cariris 
Velhos (início do Neoproterozoico) e a orogênese Brasiliana (final do Neoproterozoico). 
Levando-se em consideração a estratigrafia e história estrutural desses períodos 
caracterizados pelo agrupamento de enormes fragmentos de crostas, Santos (1996) e Santos 
(1999) dividiu a Província Borborema em 21 terrenos tectonoestratigráficos, enquanto que 
outros autores como Brito Neves et al. (2000) os classificam sem levar em consideração sua 
evolução em cinco domínios: Domínio Médio Coreaú, Domínio Ceará Central, Domínio Rio 
Grande do Norte, Domínio da Zona Transversal ou Central e Domínio Sul ou Externo. 
O Grupo Canindé representa a correspondência estratigráfica da Bacia do Parnaíba 
presente na base da Bacia de Barreirinhas. Esta primeira classifica-se como bacia do tipo 
Sinêclise Paleozoica, cuja formação deu-se por atividades termais posteriores ao ciclo 
Brasiliano e a uma lenta e constante subsidência associada a um fraco tectonismo no período 
da estabilização da plataforma (ALMEIDA e CARNEIRO, 2004). 
A Bacia do Parnaíba encontra‐se assentada na porção Norte do Brasil, sobre os Estados 
do Maranhão, Piauí, Tocantins e Pará, tendo como limites três elementos estruturais. Ao norte 
é separada da Bacia de Barreirinhas pelo Arco Ferrer- Urbano dos Santos, à Noroeste o arco de 
Tocantins o separa da Bacia do Marajó e a Sudeste é separada da Bacia de São Francisco pelo 
arco homônimo. Estudos litológicos estimaram um longo período deposicional para o Grupo 
Canindé, o qual se estende desde o Ordoviciano ao Cretáceo (VAZ et al., 2007), subdividindo 
também o mesmo em três formações: Itaim, Pimenteiras e Cabeças. 
2.2.2 Grupo Canárias 
Definido por Pamplona (1969) como fase inferior e essencialmenteterrígena do período 
de deposição Cretácea, o Grupo Canárias representa o pacote de transição entre a deposição dos 
sedimentos Pré-cretáceos referentes à Bacia do Parnaíba e a seção carbonática do Grupo Caju. 
Nogueti (1967) afirmou que o tectonismo intenso na região influenciou o 
desenvolvimento de falhamentos que resultaram na formação de grandes rejeitos com um amplo 
pacote sedimentar, relacionado à acentuada deposição de material clástico (arenito e folhelho). 
9 
 
 
 
Sendo assim, posteriormente, por meio da lito- e bioestratigrafia, Pamplona (1969), Figueiredo 
et al. (1983) e Feijó (1994) dividiram este Grupo em quatro formações: Arpoador, Bom Gosto, 
Tutóia e Barro Duro. 
O termo Formação Arpoador utiliza-se como referência para a deposição do primeiro 
pacote sedimentar formado por sedimentos de granulometria argilo-arenosa que se sobrepõem 
de maneira discordante às rochas Pré-Cretáceas (PAMPLONA, 1969). Sendo esta composta 
principalmente por folhelhos, que apresentam coloração cinza-escura (TROSDTORF JÚNIOR 
et al., 2007), duros e frequentemente calcíferos com intercalações siltíticas, que quando 
observadas em testemunho fraturam paralelamente em um padrão Poker chips Shale 
(PAMPLONA, 1969). 
A Formação Bom Gosto é caracterizada pela presença de arenito grossos, de coloração 
creme claro a cinza claro (TROSDTORF JÚNIOR et al., 2007), cuja deposição deu-se entre as 
formações Arpoador (base) e Tutóia (Topo). A existência de espessas intercalações de camadas 
de folhelhos, assim como estruturas de escorregamento e fácies conglomeráticas, sugerem um 
sistema deposicional atrelado a correntes de turbidez (Pamplona, 1969). 
Na Formação Tutóia predominam folhelhos escuros, de coloração variando de cinza a 
preto que se apresentam laminados, com fraturas planas e ocasionalmente com material 
carbonoso, associado ao caráter transgressivo da formação (TROSDTORF JÚNIOR et al., 
2007). Por último, arenitos médios e cinzentos, depositados sob ação de leques deltaicos em 
ambiente deposicional plataformal, de idade Eoalbiana caracterizam a litologia da Formação 
Barro Duro (REGALI et al., 1985). 
2.2.3 Grupo Caju 
Definido por Pamplona (1969) como fase superior e essencialmente carbonática do 
período de deposição Neocretáceo, o Grupo Caju representa o pacote sedimentar de transição 
entre a deposição dos sedimentos terrígenos pertencentes ao Grupo Canárias e a deposição 
sedimentar do Grupo Humberto de Campos. 
Ao contrário do ocorrido no grupo anterior, Nogueti (1967) afirmou que o tectonismo 
foi suave, apresentando falhamentos com pequenos rejeitos, que como consequência 
terminaram por desenvolver pequenas espessuras sedimentares ao longo do tempo geológico. 
Desta maneira, mais tarde, Figueiredo et al. (1983) e Feijó (1994) subdividiram este grupo de 
10 
 
 
 
acordo com as suas características lito- e bioestratigráficas em formações Bonfim, Preguiças e 
Periá. 
Regali et al. (1985) e Feijó (1994) estimam a idade Neoalbiana do Grupo Caju e definem 
as litologias da Formação Bonfim e Preguiças como sendo compostas, respectivamente, por 
calcarenitos bioclásticos e calcilutitos, associados estes, a ambientes deposicionais neríticos de 
alta e baixa energia. De maneira semelhante, Trodstorf Júnior et al. (2007), descrevem 
litologicamente a Formação Periá pela presença de folhelhos com calcarenitos subornidados, 
associados a uma natureza de sedimentação marinha rasa. 
2.2.4 Grupo Humberto de Campos 
 Inicialmente, o Grupo Humberto de Campos foi introduzido na literatura por Pamplona 
(1969) como formação pertencente ao Grupo Caju, tendo como Membros Areinhas e Ilha de 
Santana. Ao longo dos anos, estes foram promovidos, surgindo assim, o Grupo Humberto de 
Campos, as formações Areinhas e Ilha de Santana, do mesmo modo uma nova formação foi 
designada, a Formação Travosas (FIGUEIREDO et al., 1983; FEIJÓ, 1994). 
 De acordo com Soares Júnior et al. (2008), estas formações se integram lateralmente 
formando um pacote depositado por um único sistema em ambientes marinhos, do nerítico ao 
abissal. No que se refere à Formação Areinhas, esta compreende clastos grossos depositados na 
zona nerítica. A Formação Ilha de Santana caracteriza-se pela presença de carbonatos de alta 
energia, os quais também são depositados no mesmo ambiente. Enquanto que, a Formação 
Travosas, diferentemente das outras duas, possui folhelhos escuros e arenitos finos depositados 
mais profundamente, na zona abissal (TROSDTORF JÚNIOR et al., 2007). 
2.2.5 Formação Pirabas e Formação Barreirias 
 As formações Pirabas e Barreiras representam as unidades cronoestratigráficas mais 
recentes da Bacia de Barreirinhas. A deposição destas ocorreu no período Neógeno sobre o 
Grupo Humberto de Campos. A primeira, a Formação Pirabas, é marcada pela variação 
litológica dos clastos grossos da Formação Areinhas para uma extensa plataforma carbonática, 
a qual Holz (2012) associa a uma transgressão marinha. No entanto, a Formação Barreiras 
torna-se representativa de uma progradação dos sistemas deposicionais costeiros, os quais são 
explicados através de um estágio de regressão marinha (TROSDTORF JÚNIOR et al., 2007). 
11 
 
 
 
Figura 2.1: Carta estratigráfica referente à Bacia de Barreirinhas. 
 
Fonte: Extraído de Trosdtorf Júnior (2007). 
2.3- Evolução Tectônica e Arcabouço Estrutural 
De acordo com Milani et al. (2007), considerando-se os movimentos que a geraram e o 
seu contexto tectônico, podemos agrupar as Bacias da Margem Continental brasileira em dois 
grandes grupos: Distensional e Transformante. Neste contexto, a Bacia de Barreirinhas 
encontra-se inserida no grupo de margem transformante, cuja origem está associada a um 
evento tectônico policíclico (CONCEIÇÃO et al., 1988) e um sistema de falhas do tipo 
continente-continente, responsável pela separação da África e América do Sul (MATOS, 2000; 
TAVARES, 2017). 
12 
 
 
 
Comumente levando-se em consideração apenas os processos evolutivos é possível 
estruturar as Bacias da Margem Continental Brasileira através de um arcabouço fundamental 
composto por quatro megasequências: Supersequência Pré-rifte, Supersequência Sinrifte, 
Supersequência Pós-Rifte e Supersequência Drifte (PAMPLONA, 1969; FIGUEIREDO et al., 
1983; FEIJÓ, 1994; e MOHRIAK, 2003). 
 A primeira, a fase Pré-rifte, entende-se como um estágio de sinéclise caracterizada pela 
sedimentação da Bacia do Parnaíba anterior ao desenvolvimento da Bacia de Barreirinhas. Este 
estágio é definido pelo acumulo de tensões referentes ao estiramento da litosfera, resultando 
numa deformação dúctil e posterior à subsidência flexural da mesma (CONCEIÇÃO et al., 
1988). Segundo Milani et al. (2007), tais características promoveram na bacia uma geometria 
do tipo sag, com leves mergulhos, ampla deposição e sem falhamentos acentuados. 
Por seguinte, tem-se o estágio Sinrifte, o qual por meio de um aumento na subsidência 
mecânica gerada por intensos falhamentos normais dispostos em padrão backstepping e direção 
preferencial Oeste-Sudoeste (TROSDTORF JÚNIOR et al., 2007). De acordo com as ideias de 
Milani et al. (2007) e Soares Júnior et al. (2011), esta segunda etapa caracterizou-se pela 
expansão da bacia associada à nucleação das descontinuidades em grandes falhas transcorrentes 
que foram ativadas e reativadas durante todo o período de separação dos continentes africano e 
sul-americano. Segundo Szatmari (1987), tal procedimento influenciou fortemente o estilo 
estrutural da bacia, resultando na gênese de blocos falhados e rotacionados, com grandes 
depocentros relacionados a grábens rômbicos (Figura 2.2). 
Figura 2.2: Representação esquemática do arcabouço estrutural da Bacia de Barreirinhas. 
 
Fonte: Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM-2018). 
13 
 
 
 
A fase Pós-Rifte configura um período de contínua extensão lateral associado ao alívio 
de tensões e diminuição da intensidadeda atividade tectônica, principalmente àquela associada 
às principais falhas normais (TROSDTORF JÚNIOR et al., 2007). Concomitante a isso, ocorre 
o desenvolvimento de uma segunda bacia em formato sag que segundo Soares Júnior et al. 
(2011), tem relação direta com a acentuação dos processos de subsidência térmica. 
Dando continuidade às megassequências, tem-se a supersequência Drifte. Sendo esta 
caracterizada pela progressiva separação dos continentes e instalação de uma crosta oceânica 
(período de Mar restrito) (TROSDTORF JÚNIOR et al., 2007). O início deste encontra-se 
demarcado em carta estratigráfica pela discordância Breakup, retratando a variação do regime 
tectônico atuante durante a sua passagem da sequência Pós-Rifte para Drifte. Durante o período 
de deriva continental, desenvolveu-se, na área de estudo, um processo de basculamento, sendo 
este responsável pelo aumento do aporte sedimentar na bacia, permitindo o desenvolvimento 
do padrão sag na mesma (MILANI et al., 2007). 
Por meio de estudos da atividade termal, de esforços tectônicos e até mesmo os tipos de 
falhas atuantes na região, Pamplona (1969) associou todos esses fatores às quatro etapas 
anteriores, caracterizando esta região como consequência de um complexo processo de 
cinemática transformante. A forte deformação gerada pela extensão da Zona de Fratura 
Romanche no extremo nordeste da bacia e na região oriental durante a fase rifte, possibilitou o 
desenvolvimento de vários dobramentos em échelon e formação de arcos anticlinais (ZALÁN 
et al., 2004). Dando continuidade a esses estudos, Woodcock e Fischer (1986) confirmaram a 
geometria transtensional na região oeste da bacia. Por meio da retratação da natureza estrutural 
da bacia, compreendida por falhas normais paralelas e lístricas de direções WNW-ESE e NW-
SE, pôde‐se definir assim um sistema distensivo cortado por falhas transcorrentes mais recentes 
com orientação NE-SW (PAMPLONA, 1969; WOODCOCK e FISHER, 1986; ZALÁN et al., 
2004). 
CAPITULO III- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
3.1 O Método Sísmico 
O método sísmico é definido como sendo um método geofísico indireto, que mediante 
a “propagação e difusão” de ondas elásticas em rochas na subsuperfície, permite um melhor 
entendimento do interior da Terra (KEAREY, 2009). Muito do que se sabe sobre estruturação 
e composição terrestre deve-se à sísmica e a sua capacidade de imagear, em grandes 
14 
 
 
 
profundidades, diferentes feições geológicas-estruturais, tornando possível por meio desta, a 
definição de alvos de interesse exploratório (THOMAS, 2004). 
De maneira semelhante a todos os métodos geofísicos, a sísmica apresenta três 
principais etapas, que variam desde a realização do levantamento e obtenção dos dados até sua 
análise conjunta com informações geológicas (LOWRIE, 2007). A primeira destas etapas, 
denominada de aquisição sísmica, consiste na observação das influências geradas por estruturas 
presentes em profundidade sobre pulsos de energia emitidos através de uma fonte artificial 
durante o seu percurso em subsuperfície. 
Em outras palavras, o método sísmico é fundamentado na resistência ou dificuldade que 
pacotes de energia elástica emitidos por uma fonte, geralmente artificial, apresentam durante a 
sua passagem em diferentes meios em profundidade (SHERIFF e GELDART, 1995). Esta 
propriedade que permite discernir diferentes ambientes ou estruturas denomina-se de 
impedância acústica e é expressa pelo produto entre a densidade da rocha (𝜌𝑎) e a velocidade 
da onda sísmica (ν) na mesma (Equação 3.1): 
𝒁 = 𝝂 ∗ 𝝆𝒂 (3.1) 
Durante sua propagação em subsuperfície, como pode ser visto na Figura 3.1, os pacotes 
de energia liberados por um pulso sísmico podem desenvolver três diferentes trajetórias: Onda 
Direta (OD), Onda Refletida (OR) e Onda Refratada (OR’). Os fatores que determinam a 
quantidade de energia que irá propagar-se de uma maneira ou de outra encontram-se 
diretamente relacionados aos contrastes de impedância acústica entre dois meios, sendo estes 
conhecidos como coeficientes de Reflexão e Refração. 
Os coeficientes de reflexão e refração são complementares e o módulo do somatório 
entre eles é sempre 1. No que se refere ao coeficiente de reflexão (R), este encontra-se 
representado através da Equação 3.2 e pode ser entendido como a razão dos contrastes elásticos 
entre duas interfaces em contato (PARASNIS, 1997). 
 𝑹 =
𝑨𝟏
𝑨𝟎
=
𝒁𝟐−𝒁𝟏
𝒁𝟐+𝒁𝟏
 (3.2) 
onde 𝐴1representa a amplitude da onda refletida, a variável 𝐴0 retrata a amplitude da onda 
incidente e os valores de 𝑍1𝑒 𝑍2 fazem referência à impedância elástica dos meios geológicos 
em contato. 
15 
 
 
 
No instante em que a energia sísmica atinge uma dada interface, com diferentes 
propriedades físicas, possibilitando a existência de um contraste de impedância entre os dois 
meios, esta tem sua trajetória alterada. Como introduzido anteriormente, a depender dos valores 
assumidos para o coeficiente de reflexão, a energia presente no pulso sísmico poderá sofrer 
reflexão (R = 1), retornando para a superfície ou uma camada anterior, refração (R = 0), 
prosseguindo para a camada seguinte ou até apresentar coeficiente de reflexão diferente de 0 
ou 1, resultando na propagação simultânea das duas anteriores (Figura 3.1). 
Figura 3.1: Representação esquemática do percurso das ondas sísmicas em subsuperfície. 
 
Fonte: Adaptado de Kearey (2009). 
 Após o pulso ser emitido e sofrer reflexão (Onda Refletida), este retornará para a 
superfície e será registrado por uma série de receptores (hidrofones ou geofones), responsáveis 
estes, por armazenar informações das amplitudes das ondas em intervalos de tempo regulares 
(SIMM e BACON, 2014). Dessa maneira, entende-se que o método sísmico é fundamentado 
na medição dos tempos duplos referentes aos trajetos realizados pela energia oriunda da fonte 
sísmica ao longo de diferentes distâncias e trajetórias (KEAREY, 2009). 
O produto final desta etapa de aquisição é o dado registrado pelo receptor, o qual 
denomina-se de traço sísmico. Este é definido como a representação gráfica das amplitudes e 
dos tempos de percurso da onda em cada um dos receptores após a sua emissão na fonte. Que 
de acordo com as ideias de Simm e Bacon (2014), pode ser obtido por meio da adição de ruído 
à resposta da convolução do pulso sísmico com a função refletividade (Figura 3.2). 
 
 
16 
 
 
 
Figura 3.2: Representação esquemática do modelo convolucional do traço sísmico. 
 
Fonte: Adaptado de Yilmaz (2001). 
 Devido ao fato dos sinais adquiridos não representarem unicamente informações 
referentes ao sinal sísmico, mas também ao ruído, tem-se como necessidade inicial a realização 
de um processo de tratamento do dado. Neste procedimento geofísico denominado de 
processamento, ocorre a priorização e consequente melhoria da razão sinal/ruído por meio de 
ferramentas computacionais. Tais ferramentas visam a atenuação da amplitude e remoção de 
sinais de não interesse, assim como correções topográficas e quando conveniente, a retirada de 
anomalias superficiais (YILMAZ, 2001). 
O resultado obtido na etapa de processamento, por intermédio da utilização dos passos 
retratados anteriormente, consiste numa seção sísmica livre de efeitos adversos. Nesta etapa de 
processamento é possível evidenciar a retirada de múltiplas, a horizontalização dos refletores, 
como também a migração dos mesmos. Tais procedimentos permitem ao intérprete a obtenção 
de informações mais confiáveis e fieis ao real modelo geológico de ocorrência em 
subsuperfície. 
 A função do interprete e da última etapa, a etapa de interpretação, consiste na análise 
dos dados anteriormente processados e, por meio destes, inferir o modelo geológico 
representativo da área em subsuperfície (SHERIFFe GELDART, 1995). A depender do 
objetivo, a interpretação sísmica pode ser realizada considerando duas vertentes: Interpretação 
Sismoestrutural e Sismoestratigráfica. 
 
 
17 
 
 
 
3.1.1 Interpretação Sismo-Estrutural 
A interpretação sismoestrutural, segundo Schinelli (2011), baseia-se na análise 
geométrica dos refletores, delimitando e identificando falhas, assim como outros fatores 
geológicos responsáveis por promoverem descontinuidades nos horizontes sísmicos. O hori-
zonte sísmico é definido por Duarte (2011) como uma superfície espacial de reflexão com 
continuidade lateral e cunho estratigráfico, cujo estudo retrata as diferentes impedâncias entre 
dois meios e, consequentemente, propriedades físicas distintas, o que auxilia no mapeamento 
de falhas e demais estruturas (SHERIFF e GELDART, 1995). 
O termo falha define uma região de descontinuidade dominada por um regime 
deformacional rúptil, onde ocorre deslocamento paralelo às suas superfícies (LOCZY e 
LADEIRA, 1976). Na sísmica, a geometria da falha determina-se com base na geometria dos 
seus traços, os quais correspondem a regiões com variações de velocidade ou pausa na 
continuidade dos refletores (FOSSEN, 2017). A classificação destas é feita de acordo com o 
regime tectônico atuante, podendo ser compressivo, tensional e/ou cisalhante (Figura 3.3). 
Figura 3.3: Esquematização das influências dos esforços máximos (𝜎1), intermediários (𝜎2) e mínimos 
(𝜎3) aplicados em blocos. Em (A) regime compressional e aparecimento de falhas reversas. Em (B) 
regime distensional e falhamentos normais. E em (C), tem-se falhas direcionais, resultado estas de uma 
compressão máxima perpendicular aos eixos intermediário e mínimo. 
 
Fonte: Modificado de Fossen (2017). 
Os regimes citados anteriormente encontram-se intrinsecamente relacionados com os 
eixos de stress (FOSSEN, 2017). O primeiro deles, o sistema compressional, associa-se a uma 
contração máxima lateral (𝜎1) e mínima vertical (𝜎3) (Figura 3.3a), resultando no aparecimento 
de falhas reversas (mergulho >30°) ou de cavalgamento (mergulho <30°). Com base na 
agregação de um sistema de falhas de cavalgamento, duas estruturas preferenciais são 
destacadas: Nappes e Duplex (Figura 3.4). 
18 
 
 
 
Os Nappes de cavalgamento são definidos por Duarte (2011) como estruturas de baixo 
ângulo, limitadas por uma superfície livre e uma falha mestra, cuja movimentação do topo em 
relação à base dá-se seguindo a linha de maior mergulho. Diferentemente dos Nappes, a 
estrutura Duplex encontra-se limitada em topo e em base por falhas mestras. 
Figura 3.4: Estruturas associadas a falhas contracionais. Em (a) tem-se a presença de Nappes e em (b) 
estruturas denominadas de Duplex. 
 
Fonte: Modificado de Fossen (2017). 
O segundo, o sistema tensional ou distensional, representado por uma compressão 
máxima vertical (𝜎1) e mínima lateral (𝜎3) (Figura 3.3b) tem relação direta com a gênese de 
falhas normais (mergulhos >60°). Fundamentado na correlação de um sistema de falhas 
normais, assim como no regime anterior, duas estruturas são enfatizadas: modelo dominó e 
dominó soft (Figura 3.5). 
Figura 3.5: Representação esquemática dos modelos Dominó (A) e Dominó Soft (B). 
 
Fonte: Modificado de Fossen (2017). 
O modelo dominó, de acordo Fossen (2017), representa a associação de falhamentos 
normais paralelos, definindo blocos rotacionados de mesmo comprimento e rejeito. No entanto, 
apesar de apresentarem o mesmo fundamento, o modelo dominó soft discerne do anterior, pois 
desconsidera a simetria da disposição dos blocos, retratando variações nos rejeitos e dimensões 
do falhamento. 
 
19 
 
 
 
Por último, o regime cisalhante (Figura 3.3c) reflete os efeitos de uma compressão 
máxima (𝜎1) perpendicular aos eixos intermediário (𝜎2) e mínimo (𝜎3), ocasionando o 
surgimento de falhas direcionais. As quais, através do acréscimo das componentes 
contracionais e distensionais possibilita sua subdivisão em falhas de transpressão e transtração. 
As falhas de transpressão são resultados de uma junção dos regimes cisalhantes e 
contracionais, cujas estruturas têm sua gênese concatenada à curvas de restrição (falha sinistral 
inclidada para a direita). Na sísmica, estas podem ser visualizadas como estruturas em flor 
positivas. No entanto, as falhas de transtração são relacionadas a curvas de liberação (falha 
sinistral inclinada para a esquerda), as quais identificam-se por estruturas em flor negativas 
(Figura 3.6). 
Figura 3.6: Estruturas associadas a falhas de transtração, estrutura em flor negativa (a) e a falhas de 
transpressão, estruturas em flor positivas (b). 
 
 
Fonte: Modificado do Fossen (2017). 
3.1.2 Interpretação Sismo-Estratigráfica 
 A sismo-estratigrafia é a parte da estratigrafia responsável pela interpretação dos dados 
sísmicos, possibilitando um melhor entendimento da evolução tectônica e deposição sedimentar 
dentro de uma bacia (SEVERIANO RIBEIRO, 2001). O método estratigráfico de interpretação, 
de acordo com Mitchum Jr. e Vail (1977), dá-se por meio da demarcação de pacotes 
deposicionais geneticamente relacionados (sismosequências) e limitados por superfícies 
refletoras, as quais se apresentam como superfícies estratais ou discordâncias. 
 Ainda neste contexto, Mitchum Jr. e Vail (1977) fragmentaram o processo de 
interpretação sismoestratigráfica em três principais etapas: Análise das sismosequências, das 
fácies sísmicas e dos níveis eustáticos. Segundo Catuneanu (2006), a primeira tem como 
fundamento a ideia de que uma sequência sísmica representa pacotes de refletores dispostos de 
20 
 
 
 
forma concordante, onde seu limite de sequência pode ser identificado através das relações de 
terminação desses refletores, os quais ocorrem em Toplap, Baselap (Onlap e Downlap) e 
Truncamento (Figura 3.7). 
Figura 3.7: Padrões de terminañóes de refletores em Onlap, Toplap, Downlap e Truncamento. 
 
Fonte: Adaptado de Mitchum Jr. e Vail (1977). 
De acordo com as ideias de Holz (2012), definem-se as terminações dos refletores 
citados anteriormente. O padrão Toplap caracteriza-se pela diminuição progressiva do 
mergulho em direção ao limite superior de uma sequência. O Downlap define-se como um 
padrão de terminação de refletores que inicialmente apresenta-se inclinado, o qual termina 
mergulho abaixo de uma superfície normalmente horizontalizada. Refletores horizontalizados 
terminando sobre uma superfície inclinada identificam o Onlap. Por último, o Truncamento 
designa refletores concluindo sobre uma superfície erodida. 
Afim de compreender e desenvolver um melhor entendimento sobre os padrões de 
reflexões no interior de uma mesma sequência, Campbell (1967) estabeleceu o conceito de fácie 
sísmica. Este autor associou a sua ocorrência com unidades estratais menores (parasequência, 
camadas e lâminas) e ressaltou sua dependência em relação a parâmetros como configuração, 
continuidade, amplitude e velocidade intervalar dos refletores. Estes conceitos foram 
aperfeiçoados por Mitchum Jr. e Vail (1977), desenvolvendo a estratificação mais aceita e 
utilizada atualmente, quando se trata da classificação de fácies sísmicas. 
Outros autores como Zarauza (1977) e Posamentier et al. (1988) associaram os diversos 
padrões de reflexões das estratificações a mudanças climáticas e de estações, variação da 
energia de correntes, assim como também à subsidência tectônica e variação dos níveis do mar 
21 
 
 
 
(eustasia). Tais padrões de reflexão das fácies sísmicas podem ser evidenciados de forma 
esquemática na Figura 3.8. 
Figura 3.8: Esquema dos padrões internos de reflexões que definem as fácies sísmicas. 
 
Fonte: Extraído de Mitchum Jr. e Vail (1977). 
 Conforme as ideias de Severiano Ribeiro (2001), cada uma dessas configurações podem 
ser compreendidas com base no sistema deposicional gerador e ambiente de deposição: 
 A configuração paralela/subparalelacaracteriza-se por um aporte sedimentar constante 
e uniforme, sobre uma superfície estável ou fracamente subsidida. No caso da configuração 
divergente, seu aporte sedimentar deixa de ser uniforme, apresentando taxas de deposição 
variável, assim como seu ambiente de deposição, ocorrendo sob uma superfície de inclinação 
progressiva. 
Outro grande grupo de fácies sísmicas são as de configuração progradante. Estas 
caracterizam-se por apresentar uma origem associada a estratos superpostos lateralmente em 
clinoformas (superfícies inclinadas), podendo ser sigmoidal, oblíqua (paralela e tangencial), 
complexo sigmoidal-oblíquo e shingled. Seguindo essa ordem, a primeira delas caracteriza-se 
por um baixo aporte sedimentar, sendo associado à uma possível subsidência contínua ou subida 
relativa dos níveis do mar. Numa seção sísmica, esta sismofácie é facilmente identificada pela 
sua forma “S” característica. 
A configuração oblíqua devido à baixa taxa de subsidência e a níveis estacionários do 
mar, implicam num grande aporte sedimentar. A principal diferença entre a tangencial e a 
paralela diz respeito à terminação dos seus refletores. Nesta primeira, eles decrescem 
levemente, resultando num término suave. No caso da paralela, sua terminação de mergulho 
dá-se em alto grau contra a superfície inferior. 
22 
 
 
 
Por meio da correlação das características das configurações oblígua e sigmoidal surge 
o complexo sigmoidal-oblíquo. Este retrata uma situação intermediária entre as duas citadas, 
caracterizando um ambiente de alta energia, com alternância entre processos bypass e 
construtivos. 
Como última configuração na classe progradante tem-se a configuração shingled, que 
retrata um pacote de pequena espessura, com limites de superfície paralelos e reflexões internas 
com ângulo de mergulho reduzido, sendo característico de sistemas deposicionais associados a 
águas rasas. 
Dando seguimento à classe anterior tem-se a configuração caótica. Esta é formada por 
um padrão de refletores discordantes e descontínuos, associados a um possível ambiente de alta 
energia deposicional ou de deformações posteriores à essa deposição. A configuração caótica 
apresenta grande funcionalidade no quesito de delimitação de zonas de fraqueza da rocha ou 
estruturas de escorregamento. 
Finalizando os padrões de configuração das fácies sísmicas, menciona-se a configuração 
Hummocky e Transparente. Refletores irregulares produzindo um padrão em formato de ondas 
definem o primeiro. Já a configuração transparente representa intervalos limitados por 
descontinuidades, onde evidencia-se ausência de reflexão no interior das mesmas. 
3.2 O Método Gravimétrico 
O método gravimétrico é definido como sendo um método geofísico indireto, 
fundamentado em medições de aceleração da gravidade, utilizando como instrumentação um 
gravímetro (BLAKELY, 1995). A interpretação das variações entre os valores mensurados 
possibilita um entendimento mais aprofundado das estruturas em subsuperfície, permitindo 
delimitar os fatores geométricos e profundidade das fontes que as causam (LOWRIE, 2007). 
Em primeira instância, tais contrastes encontram-se diretamente associados às diferenças de 
densidades entre a fonte e o meio encaixante (KEAREY, 2009). 
A Gravimetria tem como base as ideias propostas por Newton sobre a gravitação, as 
quais explanam que a força atrativa atuante entre um corpo de massa 𝑚2 e um sólido massivo 
de massa M e raio R, pode ser obtida através da razão entre o produto da constante gravitacional 
(G) com as massas e o quadrado das suas respectivas distâncias entre os corpos (Equação 3.3): 
𝑭 =
𝑮𝑴𝒎𝟐
𝑹𝟐
 (3.3) 
23 
 
 
 
Por meio de manipulações na equação anterior, e considerando que a relação entre força 
e massa pode ser estabelecida através da influência de uma aceleração, principiou-se a Equação 
3.4, a qual afirma que a força peso de um corpo de massa 𝑚2 atuando sobre a Terra é definida 
pelo produto da massa do mesmo e a aceleração gravitacional (LOWRIE, 2007). 
𝑭 = 𝒎𝟐𝒈 (3.4) 
Os valores da aceleração gravitacional obtidos durante a realização de um levantamento 
geofísico são dependentes de uma série de parâmetros associados à dinâmica, morfologia e 
composição da Terra. Devido a tais fatores e com o intuito de isolar o efeito gravimétrico 
causado apenas pelo contraste de densidade entre a fonte e o meio torna-se necessário a 
aplicação das denominadas correções gravimétricas. 
3.2.1 Correções Gravimétricas 
Através destes princípios, um levantamento gravimétrico realiza-se com base no valor 
de 𝑔𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜 fornecido pela Rede Internacional de Padronização da Gravidade. A correlação desta 
grandeza com os valores observados na estação gravimétrica evidencia contrastes, sendo estes 
associados ao fato do campo gravitacional ser aditivo e representar o somatório das fontes 
presentes em subsuperfície (CASTRO, 2005). No entanto, com o intuito de isolar apenas o 
contraste gerado pelas mudanças de densidade vê-se necessária a aplicação das chamadas 
correções gravimétricas: Deriva, Maré, Eötvös, Elevação e Isostática. 
O fenômeno de deriva consiste na variação da leitura dos valores da gravidade com o 
tempo, devido a deformações nos componentes do gravímetro causadas pelo ambiente. 
Adotando-se o valor de g como aquele fornecido pela Rede Internacional de Padronização da 
Gravidade, a deriva representa o contraste entre a gravidade de referência e a leitura obtida, 
sendo sua correção executada mediante a estipulação da média de reiteradas leituras num dado 
ponto. 
 Com o tempo, a gravidade medida em um ponto fixo varia em função dos efeitos 
gravitacionais associados a movimentos orbitais de corpos celestes próximos (Lua e Sol). Tais 
efeitos tornam-se visíveis diariamente através de variações eustáticas do nível do mar, 
resultando em alterações no centro de massa da Terra por meio de mudanças na elevação de um 
ponto observado (KEAREY, 2009). Com intuito de remover todos os efeitos citados 
anteriormente, faz-se uso da etapa denominada de correção de Maré. Sua realização é necessária 
quando os levantamentos gravimétricos são realizados sob uma plataforma em movimento, que 
24 
 
 
 
a depender da direção, pode gerar uma aceleração centrípeta que influenciará positiva ou 
negativamente os valores do 𝑔𝑜𝑏𝑠 (KEAREY, 2009). Sendo assim, a correção Eötvös (𝑔𝐸) 
aplica-se com a finalidade de retificar a influência da movimentação do veículo (Equação 3.5) 
𝒈𝑬 = 𝟕. 𝟓𝟎𝟑𝒗. 𝒄𝒐𝒔𝜸. 𝒔𝒊𝒏𝜶 + 𝟎. 𝟎𝟎𝟒𝟏𝟓𝒗
𝟐 (3.5) 
onde 𝑣 representa a velocidade do veículo em nós, 𝛾 a latitude local e 𝛼 o valor referente à 
angulação com o Norte. 
No que diz respeito à correção realizada em estações que possuem diferentes elevações, 
esta pode ser dividida em três etapas: Correção Ar-Livre, Bouguer e Terreno. 
A primeira, a correção Ar-Livre, segundo Blakely (1995), fundamenta-se na ideia de 
que o valor da aceleração gravitacional diminui à medida que a distância em relação ao centro 
de massa da Terra aumenta. Em regiões de topografia não uniforme, onde levantamentos são 
realizados em pontos de diferentes altimetrias, os valores de gravidade obtidos também serão 
diferentes. Visando a correção de tais efeitos indesejados, aplica-se a correção Ar-Livre 
(Equação 3.6), cuja função consiste em dispor todos os pontos levantados sobre o mesmo datum 
de referência, desconsiderando a atração gerada pela própria, assim como por corpos anômalos 
em profundidade (Figura 3.9a). 
∆𝒈𝑨𝑳 = 𝒈𝒐𝒃𝒔 − 𝒈𝑨𝑳 − 𝒈𝒕𝒆ó𝒓𝒊𝒄𝒐(3.6) 
A correção Bouguer (𝑔𝑠𝑏) considera o efeito gravitacional produzido por rochas 
presentes entre o ponto de observação e o datum de referência (BLAKELY, 1995). De acordo 
com Blakely (1995), a finalidade desta correção consiste na remoção de tais influências através 
do preceito que a camada abaixo da estação de medição é horizontalizada e de espessura 
constante representada pela distância entre o datum e a altitude do ponto observado (Figura 
3.9b). Em terra, dito valor deve ser subtraído da gravidade medida (𝑔𝑜𝑏𝑠), pois representa a 
influência da rocha (massa de elevação) sobre a aceleração gravitacional. No entanto, em mar, 
este deve ser acrescentado com intuito de corrigir a ausência de rocha (massa) entre o leito e o 
datum de referência (Equação 3.7). 
∆𝒈𝒔𝒃 = 𝒈𝒐𝒃𝒔 − 𝒈𝑨𝑳 ± 𝒈𝒔𝒃 − 𝒈𝒕𝒆ó𝒓𝒊𝒄𝒐 (3.7) 
 A etapa posterior à Correção Bouguer é denominada de Correção de Terreno ou 
Bouguer Completa (Figura 3.9c). Segundo Kearey (2009), esta, diferentemente da correção 
25 
 
 
 
Bouguer, desconsidera a aproximação realizada sobre a topografia ser plana nas proximidades 
da estação gravimétrica, considerando-a com a sua real morfologia (Equação 3.8): 
∆𝑪𝑩= 𝒈𝒐𝒃𝒔 − 𝒈𝑨𝑳 ± 𝒈𝒔𝒃 − 𝒈𝒕𝒆ó𝒓𝒊𝒄𝒐 − 𝒈𝒕𝒆𝒓𝒓𝒆𝒏𝒐 (3.8) 
Figura 3.9: orreções Gravimétricas de elevação. Em (a), tem-se a correção Ar-Livre. Em (b), a 
correção Bouguer. Em (c), a correção de Terreno ou Bouguer Completa. 
 
Fonte: Adaptada de Kearey (2009). 
Como última correção, tem-se a Correção Isostática. O estudo do estado de equilíbrio 
da litosfera sob os efeitos da gravidade é denominado de isostasia. Os modelos de compensação 
isostática afirmam que montanhas e oceanos apresentam compensação de massas internas em 
relação ao geoide. Sendo assim, evidenciamos anomalias Bouguer regionais (𝑔𝑖) negativas nos 
continentes e positivas nos oceanos (KEAREY, 2009). A utilização da correção isostática 
implica numa maior estabilização desses efeitos, inferindo-se que uma anomalia 
aproximadamente nula indica condições de equilíbrio isostático (Equação 3.9): 
∆𝒈𝒊 = 𝒈𝒐𝒃𝒔 − 𝒈𝑨𝑳 ± 𝒈𝒔𝒃 − 𝒈𝒕𝒆ó𝒓𝒊𝒄𝒐 − 𝒈𝒕𝒆𝒓𝒓𝒆𝒏𝒐 ± 𝒈𝒊 (3.9) 
onde ∆𝑔𝑖 representa a componente residual da anomalia Boguer, 𝑔𝑜𝑏𝑠 o valor da gravidade 
medida, 𝑔𝐴𝐿o valor da correção Ar-Livre, 𝑔𝑠𝑏 o valor da correção Bouguer, 𝑔𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜 o valor 
corrigido de latitude e fornecido pela Rede Internacional de Padronização da gravidade, 
𝑔𝑡𝑒𝑟𝑟𝑒𝑛𝑜 a correção de terreno e como último termo tem-se o 𝑔𝑖, que retrata as anomalias 
Bouguer regionais. 
3.2.2 Interpretação Gravimétrica 
 De acordo com as ideias de Blakely (1995), o verdadeiro desafio inicia-se 
posteriormente às etapas de aquisição e separação regional-residual. Tal desafio é denominado 
de interpretação gravimétrica e pode ser entendido como a etapa de integração dos valores de 
gravidade observados e das informações geológicas, visando prioritariamente a estipulação de 
26 
 
 
 
um modelo de densidades. Sendo assim, Blakely (1995) agrupou as técnicas de modelagem 
gravimétrica em duas principais categorias: Modelagem Direta e Inversão. 
3.2.2.1 Modelagem Direta 
 A Modelagem Direta, segundo Castro (2005), parte da criação “manual” de um modelo 
de densidades baseado na integração de dados geológicos e geofísicos, tendo como intuito 
verificar a semelhança entre as anomalias gravitacionais observadas e o efeito gravimétrico do 
modelo geofísico assumido. As idéias de LaFehr e Nabighian (2012) retratam que, caso a 
similaridade entre as anomalias não se dê de maneira satisfatória, reiteradas interações devem 
ser realizadas, tendo estas, como finalidade principal, a estipulação de novos modelos, os quais 
visam promover um aumento da correspondência entre dados observados e calculados. 
3.2.2.2 Inversão 
De acordo com Li e Oldenburg (1998), a Inversão, diferentemente da Modelagem dire‐
ta, fundamenta-se no conhecimento inicial da gravidade e posterior estipulação dos parâmetros 
da fonte geradora (densidade e/ou geometria) através de cálculos probabilísticos e algoritmos 
computacionais (por exemplo, método de Gauss-Newton). De forma semelhante à Modelagem 
Direta, após serem estipulados os parâmetros da fonte, um modelo de densidade baseado nos 
mesmos é desenvolvido e sua anomalia gerada é comparada com dados reais. De acordo com 
Castro (2005), o problema inverso empregado no processo de modelagem gravimétrica realiza-
se através de duas vertentes. 
A primeira delas, conforme Braile et al. (1974), baseia-se na utilização de corpos de 
geometria fixa, os quais se encontram regularmente representados por blocos retangulares ou 
quadrados, que apresentam variação de densidade entre si. Já a segunda, considerando as ideias 
de Talwani e Ewing (1960), parte da consideração inicial que a modelagem é obtida por meio 
de um ou mais corpos de densidade constante e geometria variável. Ainda neste contexto, 
Castro (2005), estipula que a modelagem do relevo de uma superfície que limita dois meios 
homogêneos, com contraste de densidade regular, pode ser representada através da sobrepo-
sição de prismas verticais. 
Rao (1986) desenvolveu uma função parabólica fundamentada no princípio que a 
diminuição do contraste de densidade entre o embasamento e os sedimentos encontra-se 
diretamente associada a um aumento da compactação dos últimos com a profundidade (Equação 
27 
 
 
 
3.10). Tal grandeza tem sua estipulação por meio da determinação das espessuras dos prismas 
verticais sobrepostos. 
∆𝛒 (𝐳) = 𝐚𝟎 + 𝐚𝟏𝐳 + 𝐚𝟐𝐳
𝟐 (3.10) 
onde ∆𝜌 (𝑧) representa o contraste de densidade, z a profundidade medida e 𝑎0, 𝑎1e 𝑎2 as 
constantes da função quadrática obtidas através do método de mínimos quadrados com base na 
densidade e profundidade medidos ou assumidos. 
 Por meio de manipulações matemáticas, sobre a Equação 3.10, o mesmo autor 
desenvolveu uma expressão que estima a profundidade a da base do prisma em qualquer ponto 
do corpo (Equação 3.11) 
𝑍 = 
∆𝑔𝑖𝑛𝑓
2𝜋𝛾𝑎0
 (𝟑. 𝟏𝟏) 
onde ∆𝑔𝑖𝑛𝑓 representa a anomalia gravitacional associada ao prisma, 𝑎0 a constante da função 
quadrática e o coeficiente 𝛾 que representa a contante da gravitação universal. No que se refere 
à estipulação das profundidades dos prismas esta é obtida mediante a razão do contraste entre 
as anomalias observadas e calculadas e a variação de densidade no meio (Equação 3.12) 
𝑍𝑖 =
[∆𝑔𝑜𝑏𝑠(𝑥𝑖) − ∆𝑔𝑐𝑎𝑙𝑐(𝑥𝑖)]
2𝜋𝛾∆𝜌 (𝑍)
 (𝟑. 𝟏𝟐) 
 Caso o procedimento acima não se mostre satisfatório, reiteradas interações devem ser 
realizadas visando a correspondência e uma maior similaridade entre as anomalias do modelo 
assumido e o real (Figura 3.10). 
28 
 
 
 
Figura 3.10: Determinação da geometria do corpo em profundidade mediante o ajuste entre a anomalia 
gravitacional calculada e observada. 
 
Fonte: Adaptado de Castro (2005). 
3.3 Perfis Geofísicos de Poços 
3.3.1 Introdução 
Segundo Mostaghel (1999), a perfilagem geofísica de poços é um procedimento 
empregado com o intuito de complementar informações litológicas. Este, define tal processo, 
como sendo uma ferramenta capaz de gerar perfis verticais integrando vários métodos 
geofísicos em um mesmo ponto. Alguns desses registros recebem grande importância devido 
ao fato de apresentarem um papel fundamental no que se refere à investigação

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