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GeoprocessamentonoDiagnAsticodeConflitos-Pereira-2022

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
Centro de Tecnologia 
Departamento dos cursos de Engenharias Civil e 
Ambiental 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Geoprocessamento no Diagnóstico de Conflitos de Uso e 
Ocupação Solo em Áreas de Preservação Permanente em 
Manancial no Nordeste Brasileiro 
 
 
 
 
 
 
 
Marcelle Caroline Medeiros Pereira 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Natal, janeiro 
2022 
2 
 
 
Marcelle Caroline Medeiros Pereira 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Geoprocessamento no Diagnóstico de Conflitos de Uso e 
Ocupação Solo em Áreas de Preservação Permanente em 
Manancial no Nordeste Brasileiro 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao 
Departamento de Engenharia Civil e Ambiental 
(DECAM) da Universidade Federal do Rio Grande do 
Norte como requisito para obtenção de grau de Bacharel 
em Engenharia Ambiental. 
 
Orientador: Dr. Carlos Wilmer Costa 
 
 
 
 
 
 
Natal, janeiro 
2022 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN 
Sistema de Bibliotecas - SISBI 
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede 
 
 Pereira, Marcelle Caroline Medeiros. 
 Geoprocessamento no diagnóstico de conflitos de uso e 
ocupação solo em áreas de preservação permanente em manancial no 
nordeste brasileiro / Marcelle Caroline Medeiros Pereira. - 
2022. 
 33 f.: il. 
 
 Monografia (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande 
do Norte, Centro de Tecnologia, Curso de Engenharia Ambiental, 
Natal, RN, 2022. 
 Orientador: Prof. Dr. Carlos Wilmer Costa. 
 
 
 1. Geoprocessamento - Monografia. 2. Legislação ambiental - 
Monografia. 3. Preservação ambiental - Monografia. I. Costa, 
Carlos Wilmer. II. Título. 
 
RN/UF/BCZM CDU 528.4/.47 
 
 
 
 
 
Elaborado por Ana Cristina Cavalcanti Tinôco - CRB-15/262 
 
4 
 
Marcelle Caroline Medeiros Pereira 
 
 
 
Geoprocessamento no Diagnóstico de Conflitos de Uso e Ocupação 
Solo em Áreas de Preservação Permanente em Manancial no 
Nordeste Brasileiro 
 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
________________________________________ 
Dr. Carlos Wilmer Costa – Orientador 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) 
 
 
 
________________________________________ 
Me. Giulliana Karine Gabriel Cunha 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) 
 
 
 
________________________________________ 
Me. Ismael Aparecido da Silva 
Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aprovado em 14 de fevereiro de 20222 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
RESUMO 
 
As Áreas de Preservação Permanentes (APPs) são locais que podem ser cobertos ou não por 
vegetação com as funções principais de: preservar os recursos hídricos, a paisagem, a 
estabilidade geológica, a biodiversidade além de assegurar o bem estar das populações 
humanas. Apesar da existência de uma normativa extensa e completa abordando as APPs, ainda 
falta a aplicação de políticas públicas de planejamento ambiental que visem o controle e 
equilíbrio entre o meio antrópico e o meio natural. Desse modo, com o uso de técnicas de 
geoprocessamento e auxílio do Sistemas de Informações Geográficas (SIG), esta pesquisa 
executou um levantamento sistêmico nas Áreas de Preservação Permanentes presentes na sub-
bacia hidrográfica do Rio Pirangi/RN, um dos principais mananciais que abastece o município 
de Natal. Os objetivos principais foram: a quantificação, a análise e a identificação da existência 
de conflitos de Uso e Ocupação do Solo no local. A metodologia utilizada para obtenção de 
resultados resumiu-se primeiramente na caracterização dos parâmetros ambientais da área de 
estudo, seguido pela criação de um banco de dados digitais georreferenciados contendo: dados 
vetoriais em formato shapefile, modelos digitais de elevação do terreno e imagens do satélite 
sentinel-2. Em seguida, em posse dos geodados, foram gerados os seguintes planos de 
informação: Uso e Ocupação do Solo, delimitação das APPs do local de estudo, delimitação da 
declividade do terreno e a compilação dos imóveis agrícolas existentes no local, vale ressaltar 
que, como objeto norteador, foi utilizado o Código Florestal Brasileiro, cujo discorre acerca das 
regras para estas áreas. Por fim foi realizada a mesclagem dos dados secundários obtidos. Os 
resultados mostraram que, na região a ocupação das APPs por atividades agrícolas 
correspondem a 27,47% do total destas. Desse modo, conclui-se que de fato, na região o 
preconizado em lei não é seguido e fiscalizado do modo que se deveria causando, devido a tal, 
um grande impacto na região. 
 
Palavras Chaves: Geoprocessamento, Legislação Ambiental, Preservação Ambiental. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
ABSTRACT 
 
Permanent Preservation Areas (APPs) are places that can be covered or not by vegetation with 
the main functions of: preserving water resources, landscape, geological stability, biodiversity 
in addition to ensuring the well-being of human populations. Despite the existence of extensive 
and complete regulations addressing APPs, there is still a lack of public environmental planning 
policies aimed at controlling and balancing the anthropic environment and the natural 
environment. Thus, with the use of geoprocessing techniques and the help of Geographic 
Information Systems (GIS), this research carried out a systemic survey in the Permanent 
Preservation Areas present in the Pirangi River sub-basin/RN, one of the main sources that 
supply the municipality of Natal. The main objectives were: quantification, analysis and 
identification of the existence of Land Use and Occupancy conflicts in the place. The 
methodology used to obtain the results was first summarized in the characterization of the 
environmental parameters of the study area, followed by the creation of a georeferenced digital 
database containing: vector data in shapefile format, digital models of terrain elevation and 
images from the sentinel satellite -two. Then, in possession of the digital data, using the 
technique of visual mapping on the screen of satellite images, the following secondary data 
were generated: Land Use and Occupation, delimitation of the APPs of the study site, 
delimitation of the terrain slope and the compilation of existing agricultural properties in the 
place, it is worth mentioning that, as a guiding object, the Brazilian Forest Code was used, 
which discusses the rules for these areas. Finally, the secondary data obtained was merged. The 
results showed that, in the region, the occupation of APPs by agricultural activities corresponds 
to 27.47% of the total of these. In this way, it is concluded that, in fact, in the region, what is 
recommended by law is not followed and supervised in the way it should, causing, due to this, 
a great impact in the region. 
 
Key Words: Geoprocessing, Environmental Legislation, Environmental Preservation. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
Figura 1. Mapa de localização da bacia hidrográfica do Rio Pirangi/RN. ............................... 16 
Figura 2. Hidrografia da sub-bacia do Rio Pirangi/RN. ........................................................... 17 
Figura 3. Mapa de altimetria da sub-bacia do Rio Pirangi/RN. ............................................... 18 
Figura 4. Biomas presentes na área de estudo. ......................................................................... 19 
Figura 5. Localização de quadrículas onde se encontra inserida a sub-bacia do Rio Pirangi. . 21 
Figura 6. Detalhe das quadrículas utilizadas. ........................................................................... 21 
Figura 7. Imóveis Cadastrados no CAR ................................................................................... 26Figura 8. Mapa de Uso e Ocupação do Solo. ........................................................................... 28 
Figura 9. Mapa das áreas de APPs identificadas. ..................................................................... 29 
Figura 10. Mapa de Declividade na sub-bacia. ........................................................................ 30 
Figura 11. Trecho da drenagem com presença de barramento. Fonte: Google Earth. ............. 31 
Figura 12. Trecho da drenagem com sinal de assoreamento. Fonte: Google Earth ................. 31 
Figura 13. Mapa de Conflito do Uso e Ocupação do Sono na Sub-bacia do Rio Pirangi. ....... 31 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
LISTA DE TABELAS 
Tabela 1. Descrição das características do uso e ocupação de cada porção identificada. ........ 26 
Tabela 2. Explanação de dados por área dos usos do solo ....................................................... 27 
Tabela 3. Explanação dos dados de área das APPs. ................................................................. 30 
Tabela 4. Áreas de conflito de Uso e Ocupação do Solo na Sub-bacia do Rio Pirangi. .......... 32 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
SUMÁRIO 
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 10 
2. JUSTIFICATIVA ......................................................................................................................... 11 
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..................................................................................................... 11 
3.1 Áreas de Preservação Permanente ........................................................................................ 11 
3.2 Histórico do Código Florestal Brasileiro .............................................................................. 13 
3.3 Uso e Ocupação do Solo ....................................................................................................... 14 
3.4 Geoprocessamento ................................................................................................................ 15 
4. MATERIAIS E MÉTODOS ......................................................................................................... 15 
4.1 Caracterização da área de estudo .......................................................................................... 15 
4.2 Elaboração do banco de dados digital e georreferenciado .................................................... 19 
4.3 Geoprocessamento ................................................................................................................ 20 
4.4 Delimitação de APPs ............................................................................................................ 22 
4.4.1 Delimitação de APPs em nascentes .............................................................................. 22 
4.4.2 Delimitação de APPs nas margens dos rios ................................................................. 22 
4.4.3 Delimitação de APPs em encostas e topos de morros .................................................. 22 
4.4.4 Verificação de módulos fiscais ..................................................................................... 24 
4.5 Geração do mapa de Uso e ocupação do solo ....................................................................... 24 
4.6 Análise de dados finais ......................................................................................................... 25 
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................................................ 25 
5.1 Análise dos dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR) ...................................................... 25 
5.2 Uso e ocupação do Solo ....................................................................................................... 26 
5.3 Áreas de Preservação Permanente ........................................................................................ 28 
5.4 Áreas de Conflito do Uso do Solo com as Áreas de Proteção Permanente ........................... 31 
6. CONCLUSÕES............................................................................................................................ 32 
7. REFERÊNCIAS ........................................................................................................................... 34 
 
 
10 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 Expressivos processos de modificação de paisagens tem sido cada vez mais comuns, 
sendo esses, resultados da exploração de recursos naturais, crescimento de áreas urbanas e por 
tantos outros tipos uso e ocupação do solo. As grandes áreas de cobertura florestal têm se 
convertido em apenas fragmentos e tal fato ocasiona consequências ambientais negativas 
(ARES, 2006 apud EUGENIO et al. 2011, p. 564). 
 Pode-se citar como umas das principais causas dessa alteração no ambiente natural, o 
crescimento populacional, que tem intensificado a expansão territorial, aumentando a pressão 
habitacional sobre áreas de preservação, que, muitas vezes são ocupadas por assentamentos 
informais (DENSKI, 2011, p. 13). Um forte exemplo de ambiente natural afetado pela pressão 
do crescimento urbano é o bioma da Mata Atlântica. (SILVA, 2019, p. 37) 
Segundo a Fundação SOS Mata Atlântica e o INPE (2020), antes da colonização, a Mata 
Atlântica ocupava cerca de 15% da extensão do território brasileiro, entretanto, hoje, restam 
apenas aproximadamente 13% da sua área original. Delimitando a área de estudo para o estado 
do Rio Grande do Norte (RN), originalmente a Mata Atlântica ocupava 7% do estado, 
abrangendo uma área próxima à 3.507 km², porém, hoje, o remanescente abrange uma região 
de apenas 456,26 km², ou seja, uma área 87,00% menor que seu estado original. 
A Lei Federal 12.651 de 25 de maio de 2012 no Art. 4º (Também conhecida como 
Código Florestal Brasileiro) determina que florestas ou demais formações vegetais marginais à 
cursos de água (perenes ou intermitentes), ou presentes em áreas de nascentes, em topos de 
morros, montes, montanhas ou serras (com altura mínima de 100 metros e inclinação média 
maior que 25º), em regiões de mangues e restingas, em encostas (com declividade maior que 
45º), nas bordas de tabuleiros ou chapadas e nas áreas com altitude superior a 1.800 metros são 
consideradas Áreas de Preservação Permanente (APPs). Adicionalmente, existe a Resolução do 
CONAMA nº 303, de 20 de março de 2002 que dispõe sobre os parâmetros, definições e limites 
de APPs. Para a região de Mata Atlântica em específico, existe também a Lei 11.428 de 22 de 
dezembro de 2006 que discorre acerca da utilização e proteção da vegetação nativa do Bioma. 
Sabe-se que, em teoria, existem as normativas voltadas para a proteção das áreas de 
preservação, porém, na prática, na maioria dos núcleos urbanos estas são negligenciadas, 
acarretando diversos prejuízos ambientais e trazendo, inclusive, riscos à população. De acordo 
com (DENSKI, 2011, p. 13) 
 
Conflitos existentes na legislação regulamentadora, o desconhecimento da população, 
11 
 
a ineficiência dos órgãos públicos fiscalizadores e a falta de políticas de planejamento 
ambiental – urbano são apontadas como fatores de formação da situação posta na 
maioria das cidades brasileiras. 
 
 
2. JUSTIFICATIVA 
 
 Para que o planejamento territorial e ambiental seja eficiente, deve-se viabilizar a 
organização dos espaços conciliando o meio antrópico e o natural, visando a sustentabilidade e 
equilíbrio dos sistemas, principalmente das áreas protegidas por lei (APPs). 
Uma metodologia eficaz para se realizar um diagnóstico da situação das APPs e a 
influência antrópica nas mesmas é o emprego de Sistema de Informações Geográficas (SIG). 
Segundo Machado (2002, p. 15), os mesmoscontam com um grande potencial para se realizar 
planejamentos voltados para conservação do solo e da água. A ferramenta é capaz de manipular 
informações geográficas representativas de processos ambientais de forma eficiente, 
economizando tanto o uso de recursos quanto o tempo de execução. 
Ressalta-se que as técnicas de Geoprocessamento possibilitam a espacialização da 
informação, trazendo mais acessibilidade, precisão e velocidade para se obter e processar 
dados necessários às análises. Desse modo, essas ferramentas convergem informações variadas 
de uma base de dados, permitindo sua atualização constante, aprimorando a observação de 
ações que ocorrem no espaço possibilitando uma análise sistêmica das informações. (VEIGA 
e XAVIER-DA-SILVA, 2004, apud ZANATA et al. 2012, p. 05) 
 O presente trabalho se inseriu nesse contexto, com a finalidade de realizar uma 
análise e diagnóstico das APPs presentes na sub-bacia hidrográfica do Rio Pirangi, localizada 
na região do litoral sul do RN, verificando a ocorrência de conflitos de uso e ocupação do solo 
e sua concordância com as normativas determinadas no Código Florestal Brasileiro. 
 
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
 
3.1 Áreas de Preservação Permanente 
 
Segundo a Lei Federal nº 12.651 de 2012 denominada também de “Código Florestal 
Brasileiro”, as Áreas de Preservação Permanentes são definidas como “áreas protegidas, 
cobertas ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, 
a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger 
12 
 
o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas” (BRASIL, 2012). Sendo assim, deve-
se preservar todos os componentes presentes nestas áreas. 
Segundo o Art. 4º: Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou 
urbanas, para o efeito desta Lei: 
 I – as faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente, 
excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular, em largura mínima de: 
a) 30 (trinta) metros, para cursos d’água de menos de 10 (dez) metros de largura; b) 
50 (cinquenta) metros, para cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) 
metros de largura; c) 100 (cem) metros, para cursos d’água que tenham de 50 
(cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura; d) 200 (duzentos) metros, para cursos 
d’água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura; e) 500 
(quinhentos) metros, para os cursos d’água que tenham largura superior a 600 
(seiscentos) metros; 
 II – as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura mínima: a) 
100 (cem) metros, em zonas rurais, exceto para o corpo d’água com até 20 (vinte) 
hectares de superfície, cuja taxa marginal será de 50 (cinquenta) metros; b) 30 (trinta) 
metros, em zonas urbanas; 
III – as áreas no entorno dos reservatórios d’água artificiais, decorrentes de 
barramento ou represamento de cursos d’água naturais, na faixa definida na licença 
ambiental do empreendimento; 
IV - as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer que seja 
sua situação topográfica, no raio mínimo de 50 (cinquenta) metros; 
V - as encostas ou partes destas com declividade superior a 45º, equivalente a 100% 
(cem por cento) na linha de maior declive; 
VI - as restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues; 
VII - os manguezais, em toda a sua extensão; 
VIII - as bordas dos tabuleiros ou chapadas, até a linha de ruptura do relevo, em faixa 
nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais; 
IX - no topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de 100 (cem) 
metros e inclinação média maior que 25º, as áreas delimitadas a partir da curva de 
nível correspondente a 2/3 (dois terços) da altura mínima da elevação sempre em 
relação à base, sendo esta definida pelo plano horizontal determinado por planície ou 
espelho d’água adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota do ponto de sela mais 
próximo da elevação; 
X - as áreas em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja 
a vegetação; 
XI - em veredas, a faixa marginal, em projeção horizontal, com largura mínima de 50 
(cinquenta) metros, a partir do espaço permanentemente brejoso e encharcado. 
 
Já o Art. 7º diz que: A vegetação situada em Área de Preservação Permanente deverá 
ser mantida pelo proprietário da área, possuidor ou ocupante a qualquer título, pessoa física ou 
pessoa jurídica, de direito público ou privado. 
O Código Florestal também dispõe sobre as propriedades que ocupavam APPs com 
atividades agrossilvipastoris (cultivo de agricultura, silvicultura e/ou pecuária), de ecoturismo 
e turismo rural estabelecidas até 22 de julho de 2008. As disposições acerca da continuidade, 
permissões e restrições das atividades consolidadas em tais áreas foram instituídas com a 
alteração na lei 12.651 de 2012 pela Lei nº 12.727, do mesmo ano, determinado que nas áreas 
consideradas consolidadas, existe a autorização da continuidade de execução das atividades 
agrossilvipastoris, de ecoturismo e de turismo rural. Porém, apesar disso, há a obrigatoriedade 
13 
 
de uma recomposição mínima. Essa recomposição varia segundo o módulo fiscal (unidade de 
medida agrária estabelecida pelo INCRA) dos imóveis. Essas determinações estão descritas 
conforme o Art. 6º da referida Lei (BRASIL, 2012): 
Art. 6º: Para os imóveis rurais com área de até 1 (um) módulo fiscal que possuam 
áreas consolidadas em Áreas de Preservação Permanente ao longo de cursos d’água 
naturais, será obrigatória a recomposição das respectivas faixas marginais em 5 
(cinco) metros, contados da borda da calha do leito regular, independentemente da 
largura do curso d´água. 
Para os imóveis rurais com área superior a 1 (um) módulo fiscal e de até 2 (dois) 
módulos fiscais que possuam áreas consolidadas em Áreas de Preservação 
Permanente ao longo de cursos d’água naturais, será obrigatória a recomposição das 
respectivas faixas marginais em 8 (oito) metros, contados da borda da calha do leito 
regular, independentemente da largura do curso d´água. 
Para os imóveis rurais com área superior a 2 (dois) módulos fiscais e de até 4 (quatro) 
módulos fiscais que possuam áreas consolidadas em Áreas de Preservação 
Permanente ao longo de cursos d’água naturais, será obrigatória a recomposição das 
respectivas faixas marginais em 15 (quinze) metros, contados da borda da calha do 
leito regular, independentemente da largura do curso d’água. 
Para os imóveis rurais com área superior a 4 (quatro) módulos fiscais que possuam 
áreas consolidadas em Áreas de Preservação Permanente ao longo de cursos d’água 
naturais, será obrigatória a recomposição das respectivas faixas marginais: Nos casos 
de áreas rurais consolidadas em Áreas de Preservação Permanente no entorno de 
nascentes e olhos d’água perenes, será admitida a manutenção de atividades 
agrossilvipastoris, de ecoturismo ou de turismo rural, sendo obrigatória a 
recomposição do raio mínimo de 15 (quinze) metros. 
Para os imóveis rurais que possuam áreas consolidadas em Áreas de Preservação 
Permanente no entorno de lagos e lagoas naturais, será admitida a manutenção de 
atividades agrossilvipastoris, de ecoturismo ou de turismo rural, sendo obrigatória a 
recomposição de faixa marginal com largura mínima de: 
 I - 5 (cinco) metros, para imóveis rurais com área de até 1 (um) módulo fiscal; 5 
II - 8 (oito) metros, para imóveis rurais com área superior a 1 (um) módulo fiscal e de 
até 2 (dois) módulos fiscais; 
III - 15 (quinze) metros, para imóveis rurais com área superior a 2 (dois) módulos 
fiscais e de até 4 (quatro) módulos fiscais; e 
IV - 30 (trinta) metros, para imóveis rurais com área superior a 4 (quatro) módulos 
fiscais. 
 
 
3.2 Histórico do Código Florestal Brasileiro 
 
O primeiro Código Florestal no Brasil foi criado no anode 1934 com objetivo de 
normatizar o uso das florestas, este foi instituído através do Decreto Federal nº 23.793. Neste 
primeiro, uma importante determinação era a preservação da vegetação original em 
propriedades em 25% (vinte e cinco por cento) da área total da mesma (BRASIL, 1934). 
Já no ano de 1965 através Lei Federal nº 4.771, foi criado o segundo Código Florestal 
Brasileiro, onde surgiu a preocupação com a preservação dos recursos hídricos e com as áreas 
de risco (encostas íngremes e dunas) chamadas de “florestas protetoras”. É nesta lei que 
aparecem, pela primeira vez, os termos “Áreas de Preservação Permanente”, as APPs, definidas 
em 5m (cinco metros) e “Reserva Legal” determinadas em 50% (cinquenta por cento) na 
14 
 
Amazônia e 20% (vinte por cento) nas demais regiões do País. Vale ressaltar até o ano da 
criação do atual Código Florestal, houveram diversas atualizações no Código vigente da época. 
(FILHO et al, 2015, p. 279) 
No ano de 2012, após o processo de reformulação, entrou em vigor a Lei Federal nº 
12.651, o atual Código Florestal Brasileiro. Este determinou uma nova regulamentação para as 
Áreas de Preservação Permanente, Reserva Legal e áreas verdes urbanas. Foram determinadas 
também Áreas de Uso Restrito para proteção dos pantanais e planícies pantaneiras. (FILHO et 
al, 2015, p. 285). 
Esta Lei (nº 12.651), apesar de ainda estar em vigor, foi alterada em alguns pontos pela 
Lei n◦ 12.727, de 17 de outubro de 2012. A normativa é intitulada de Lei de Proteção da 
Vegetação Nativa (LPVN), conhecida popularmente por Novo Código Florestal. Um ponto 
importante de ajuste nesta lei, foi acerca das atividades executadas em propriedades rurais e a 
recuperação de APP nas mesmas, nesta lei foi criado o Cadastro Ambiental Rural (CAR) 
visando a regularização ambiental nas propriedades em todo território nacional. Segundo 
Brancalion, (2016, p. 13) “O cumprimento efetivo da LPVN é fundamental para a preservação 
do que resta da flora, da fauna e dos mananciais brasileiros, uma vez que 53% da vegetação 
nativa remanescente no país se encontram em propriedades rurais particulares”. 
 
3.3 Uso e Ocupação do Solo 
 
Segundo Behr (2014, p. 01), tem-se que o uso e ocupação do solo urbano é “o reflexo 
do processo de ocupação do território determinado por condicionantes naturais e sociais, que 
produzem efeitos diversos na paisagem e no ambiente. 
Na área de estudo (Bacia do Rio Pirangi), a economia da área é bastante variada, porém 
deve-se ressaltar a grande presença de atividades voltadas para a agricultura e pecuária, 
cocoicultura, cana-de-açúcar, mandioca, banana, mamão, laranja e hortaliças são comuns na 
região. Essa diversidade deve-se as condições locais como a disponibilidade de água para 
irrigação e também pela proximidade da região com o maior centro consumidor do estado, a 
capital Natal. Em relação à pecuária, destacam-se a avicultura de postura e de corte e a bovino-
cultura de leite e de corte. 
A implantação de indústrias na região segue em constante crescimento, porém, deve-se 
ressaltar que a atividade econômica que mais cresce no local é a do turismo, representando um 
importante fator socioeconômico regional. Fato este que se deve a localização da área, no litoral, 
15 
 
onde a infraestrutura hoteleira vem se expandindo progressivamente (LUCENA, 2005, p. 23). 
 
3.4 Geoprocessamento 
 
As técnicas de planejamento territorial mais convencionais utilizadas anteriormente não 
acompanham a rapidez que ocorrem as alterações. Devido a isso, a aplicação das técnicas de 
geoprocessamento nos processos auxilia para que as análises ocorram de forma mais 
tecnológica e adequada para que se detecte, em tempo real, a expansão do espaço geográfico e 
as alterações ambientais decorrentes de tal fenômeno. Desse modo, pode-se afirmar que o uso 
do geoprocessamento é essencial para que se tenha maior eficiência no planejamento do 
território (FARINA, 2002, p. 02). 
O geoprocessamento é definido como um conjunto de técnicas e métodos voltados para 
o processamento de dados espaciais com intuito de fazer o cruzamento de dados, classificação, 
realizar o acompanhamento de evoluções, fazer estimativas tanto territoriais quanto temporais 
acerca de entidades ambientais presentes em uma base de dados georreferenciados. Estas ações 
citadas são realizadas por meio de sistemas cujo são denominados de Sistemas de Informações 
Geográficos (SIG) (XAVIER DA SILVA E ZAIDAN, 2012) 
O SIG é um sistema que realiza o processamento de dados gráficos e alfanuméricos 
focando nas análises espaciais e modelagens de superfícies. Ele possui a função de integrar 
dentro de uma base de dados, as informações espaciais advindas de dados cartográficos, realiza 
a compilação de dados de censo e cadastro urbano e rural, juntamente com imagens de satélite, 
redes e modelos numéricos de terreno (INPE, 1991). 
 O geoprocessamento tem sido cada vez mais empregado para uso em diversas áreas das 
ciências, onde podemos citar algumas como a geografia, geologia, cartografia e agricultura, 
auxiliando estudos ambientais, estruturação de meios de transportes, planejamento territorial, 
comunicação e energia (SILVA,2020). 
Conforme afirma Peluzio et al. (2010) “O geoprocessamento é uma alternativa bastante 
viável que reduz significativamente o tempo gasto com mapeamento das áreas a serem 
protegidas e otimiza o período hábil de fiscalização do cumprimento das normas pertinentes a 
legislação”. 
4. MATERIAIS E MÉTODOS 
 
4.1 Caracterização da área de estudo 
 
16 
 
A bacia hidrográfica do Rio Pirangi está localizada na porção sul do estado do Rio 
Grande do Norte, Brasil, estando entre as coordenadas geográficas de latitude 05º 50’ – 06º 30’ 
Sul e de longitude 35º 30’ – 35º 00’ Oeste. A sua extensão aproximada é de 495 Km², o que 
corresponde a 0,93% da área total do estado. 
A bacia que é responsável por parte do abastecimento de Natal, permeia pelos seguintes 
municípios: Parnamirim, Natal, Macaíba, Nísia Floresta, São José do Mipibu e Vera Cruz, 
destes, apenas Vera Cruz não integra a região metropolitana da capital Natal (Figura 1). 
Concomitante ao manancial superficial, também é verificada a presença de um grande 
manancial subterrâneo que ocupa parte da bacia hidrográfica do Rio Pirangi. É o Aqüífero 
Barreiras. Este, atualmente, é considerado o mais relevante reservatório da faixa costeira, sendo 
ele responsável por abastecer grande parte das cidades litorâneas estado do Rio Grande do 
Norte, incluindo a capital, Natal. O manancial possui boas vazões para realização de sua 
exploração em algumas localidades, principalmente naquelas onde o sedimento possui maior 
espessura do Grupo Barreiras segundo observado durante captações de água na região sul de 
Natal e Parnamirim-RN (onde as vazões são da ordem de 100 m³/h) (LUCENA, 2005, p. 24). 
 
 
Figura 1. Mapa de localização da bacia hidrográfica do Rio Pirangi/RN. 
17 
 
 
Geologicamente, há predominantemente na área de estudo presença de rochas 
sedimentares da Formação Barreiras, da idade Plio-Pleistocênica. Também é possível encontrar 
depósitos quaternários de aluviões além de dunas presentes na borda oriental da superfície do 
leito dos rios e dos tabuleiros. No alto curso hidrográfico, pode-se encontrar mesmo que em 
menor quantidade afloramentos cristalinos. (RAMALHO e FARIAS, 2010 apud Projeto 
RadamBrasil, 1981, p. 23). 
Em relação aos tipos de solo, segundo o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos 
(EMBRAPA, 2018, np), no local existem 3 tipos diferentes, que são eles o Latossolo Amarelo, 
Neossolo Quartzarênico e o Argissolo Vermelho e Amarelo. Na rede de drenagem da sub-bacia 
hidrográfica do Rio Pirangi existem os rios: Taborda, Pitimbu e Pium e os riachos: Mendes, 
Água Vermelha e Lamarão. Além de duas lagoas: Jiquí e Pium (Figura 2) (SILVA 2020, p. 02). 
 
 
Figura 2. Hidrografia da sub-bacia do Rio Pirangi/RN.O relevo é de extrema relevância para a determinação da modelagem hidrológica de 
uma bacia, visto que este atua como divisor de águas moldando sua superfície hidrostática. A 
sub-bacia conta com presença de dois domínios morfológicos, sendo eles: a planície litorânea, 
18 
 
abrangendo as áreas de praias e os platôs do litoral leste, com a existência de vales encaixados 
com a presença de várzeas, terraços fluviais e ambientes lacustres. Adicionalmente, pode-se 
observar os também os cordões dunares e os mangues. Na área de estudo o relevo é 
predominantemente plano com suaves ondulações. Os declives locais variam entre 0% e 5% 
exceto para áreas próximas a rede de drenagem, onde estes costumam ter uma acentuação maior 
(LUCENA, 2005, p. 09) 
Em relação a altitude da sub-bacia hidrográfica do Rio Pirangi, o seu ponto mais alto 
fica em torno de 118 metros de altura à oeste de sua área conforme dados compilados no mapa 
abaixo (Figura 3). 
 
 
Figura 3. Mapa de altimetria da sub-bacia do Rio Pirangi/RN. 
 
De acordo com a Classificação de Köppen, (ALVARES et al, 2013, p. 717) o clima 
local se caracteriza por ser do tipo As’, quente e úmido. As temperaturas médias giram em torno 
de 24 ºC (mínima) e 27ºC (máxima). Em relação aos índices pluviométricos, estes ficam em 
torno de 1.500 a 2.000 milímetros anuais. O período chuvoso se concentra entre os meses de 
fevereiro a julho (RAMALHO e FARIAS, 2010 apud Projeto RadamBrasil, 1981, p. 23-24). 
A área em questão se encontra dividida em dois biomas diferentes, na porção próxima 
ao litoral, está a mata atlântica e à oeste da bacia, a caatinga conforme apresentada a seguir 
19 
 
(Figura 4). 
Na área de estudo, pode-se observar diversos impactos ambientais. Entre eles, estão 
presentes, sobretudo na faixa próxima ao litoral, a urbanização voltada para o turismo e lazer. 
Além disso, impactos como desmatamento, abertura de estradas, atividades industriais, 
loteamentos em áreas rurais e a crescente especulação imobiliária estão presentes na sub-bacia 
do Rio Pirangi(RAMALHO E FARIAS 2010, p. 20) 
 
 
Figura 4. Biomas presentes na área de estudo. 
 
4.2 Elaboração do banco de dados digital e georreferenciado 
 
Foi criado um banco de dados para se armazenar e organizar os dados necessários para 
a realização do estudo, os dados utilizados foram os seguintes: 
-Imagens do satélite Sentinel-2A datadas de 14 de outubro de 2020 com resolução 
espacial de 10 metros. Estas foram obtidas no site do United States Geological Survey (USGS, 
2020) através da plataforma Earth Explorer. As imagens serviram de base para a caracterização 
do uso e ocupação do solo no local, embasando a geração posterior de mapa temático. 
20 
 
-Modelo Digital de Elevação (MDE), este foi essencial para a identificação e a geração 
do mapa de declividade do terreno e o mapa de altimetria. O modelo advém do projeto 
TOPODATA, que utilizou como base dados da missão de mapeamento do relevo terrestre 
Shuttle Radar Topography Mission (SRTM) fornecidos pela USGS. O projeto TOPODATA 
executou o preenchimento de possíveis falhas, refinamento e realizou o pós-processamento do 
MDE original oriundo da missão americana gerando, assim, um novo produto abrangendo o 
território brasileiro. Estas imagens de radar contêm informações altimétricas com resolução 
espacial de 1 arco-segundo e são divididas em cartas (quadrantes). Para esse estudo foram 
utilizados dois quadrantes que abrangem a área de interesse. 
 -Dados vetoriais em formato shapefile. Os dados da rede de drenagem foram obtidos 
através do site da Agência Nacional de Águas (ANA), disponibilizado em 2019, assim como 
também o contorno das sub-bacias hidrográficas do Brasil. Além deste, foram usadas as 
seguintes shapefiles extraídas do site do Instituto Brasileiro de Geográfica e Estatística (IBGE): 
o estado e municípios do Rio Grande do Norte, o contorno do Brasil e seus estados e os biomas 
brasileiros.. 
 
4.3 Geoprocessamento 
 
Para todos os procedimentos, desde geração de mapas, projeção de coordenadas, ajuste 
de shapefiles e processamento das imagens, foi utilizado o software da Environmental Systems 
Research Institute (ESRI) ArcGis na versão 10.6.1. 
O primeiro procedimento realizado foi a obtenção da shapefile da bacia hidrográfica do 
Rio Pirangi. A mesma advém do banco de dados geográficos da ANA. O arquivo utilizado foi 
o de Bacias Ottocodificadas de Nível 3. Para extrair apenas a área de interesse, foi utilizada a 
ferramenta de seleção do Arcgis e, em seguida o dado foi exportado como uma nova shapefile 
abrangendo apenas o local escolhido. 
Em posse da shapefile da bacia hidrográfica, o passo seguinte foi a realização dos ajustes 
necessários no MDE. Foram utilizadas duas quadrículas do Modelo Digital de Elevação (MDE), 
sendo elas numeradas como 05_36 e 06_36, disponibilizadas no site do projeto TOPODATA 
(Figuras 5 e 6). 
 
21 
 
 
Figura 5. Localização de quadrículas onde se encontra 
inserida a sub-bacia do Rio Pirangi. 
 
Figura 6. Detalhe das quadrículas utilizadas. 
 
Para se fazer a união das imagens de cada um dos quadrantes tornando-as uma só, foi 
empregada a ferramenta “Mosaico para um novo raster”, encontrada em ArcToolBox>Data 
Management Tools>Raster>Raster Dataset>Mosaic to a New Raster. A junção das duas 
quadrículas é necessária para que a visualização da área da bacia seja completa, visto que a 
mesma encontra-se dividida entre as quadriculas indicadas na imagem apresentada 
anteriormente. 
No MDE, para melhorar ainda mais sua precisão, foi utilizada a ferramenta FILL, 
encontrada em ArcToolBox>Spatial Analyst Tools>Fill. Sua função é regularizar imperfeições 
nos dados, removendo picos e possíveis buracos. Adicionalmente, para realizar a exclusão de 
valores altimétricos negativos, a função Copy Raster foi aplicada, ela está presente em 
ArcToolBox>Data Management Tools>Raster>Raster Dataset>Copy Raster. Esta ferramenta 
cria um novo arquivo excluindo os valores menores que zero. 
Posteriormente tanto o MDE quanto a imagem obtida do Sentinel-2A foram recortados 
utilizando como “molde” a shapefile da sub-bacia do Rio Pirangi, para que a visualização desses 
rasters abranja apenas da área de interesse. Para tal, foi feito uso da ferramenta “Extract by 
Mask” para cada uma das imagens separadamente. A ferramenta se encontra em 
ArcToolBox>Spatial Analysis Tools>Extraction>Extract by Mask. 
Em relação a shapefile de hidrografia, foi realizado um ajuste manual com o auxílio da 
ferramenta de edição do ArcGis e da imagem de satélite Sentinel-2A como base, a fim de obter 
maior precisão do local onde permeiam os cursos d’água. 
Em posse das imagens rasters e das shapefiles devidamente ajustadas para o estudo, foi 
22 
 
feita a projeção dos dados para o Datum: Sirgas 2000 e a conversão das coordenadas para UTM. 
Esse passo é importante visto que os dados baixados se encontram cada um com uma projeção 
diferente. A ferramenta responsável para a projeção dos arquivos vetoriais se encontra em 
ArcToolBox>Data Management Tools>Projections and Transformations>Project. E para as 
imagens raster, ArcToolBox> Data Management Tools>Projections and Transformations 
>Raster>Project Raster. 
 
4.4 Delimitação de APPs 
 
A delimitação das APPs se dividiu em três etapas conforme explanado a seguir: 
 
4.4.1 Delimitação de APPs em nascentes 
 
Foi criada uma shapefile de forma manual marcando todas as áreas de nascentes com o 
editor do Arcgis. Logo após foi utilizada a ferramenta Buffer encontrada em 
ArcToolBox>Analysis Tools>Proximity>Buffer delimitando um raio de 50 metros no entorno 
das mesmas conforme preconiza a legislação. 
 
4.4.2 Delimitação de APPs nas margens dos rios 
 
Para as APPs margeando os cursos d’agua, foi feito novamente o Buffer, porém agora 
na hidrografia do local. Foi realizada a segmentação desta shapefile de hidrografia de modo a 
separar as diferenteslarguras de rios caso conforme a necessidade visualizada. Após a 
separação da shapefile principal em shapes secundárias. O Buffer criou raios de 30 metros em 
cursos d’água com largura menor que 10 metros, de 50 metros em cursos com largura entre 10 
e 50 metros e 100 metros em cursos com largura entre 50 e 200 metros. 
 
4.4.3 Delimitação de APPs em encostas e topos de morros 
 
Segundo o Código Florestal Brasileiro (Lei 12.651) apenas encostas com declividade 
acima de 45º graus, são consideradas APPs. Sendo assim, para fazer a identificação de tais 
áreas, foi usado o Modelo Digital de Elevação (MDE). 
Com auxílio da ferramenta Slope, encontrada em ArcToolBox>Analyst 
Tools>Surface>Slope, a partir do MDE, foi obtida uma nova imagem matricial contendo as 
informações da declividade do terreno em graus. Após seu processamento, foi gerado um mapa 
23 
 
temático expondo a declividade do terreno na área da bacia. Desse modo, foi possível verificar 
a presença ou não de APPs de encostas. 
 Para a delimitação das APPs de topo de morro o procedimento utilizado foi embasado no 
método de Oliveira Fernandes Filho, (2013). Conforme explanado a seguir: 
1. Inversão do MDE transformando os morros em vales da seguinte forma: Deve-se 
escolher um valor de altitude “n” que não exista no local e, em seguida, deve-se fazer a 
subtração do MDE deste valor utilizando a função Minus. Desse modo é resultado um 
MDE invertido; 
2. Geração de raster de fluxo de escoamento no MDE invertido com a ferramenta Flow 
Direction; 
3. Delimitação das bacias de drenagem com a ferramenta Basin; 
4. Delimitação dos pontos de sela (pontos com declividade nula): 
-Vetorização do contorno de bacias com a ferramenta Raster to Polygon; 
-Divisão do polígono em linhas com a ferramenta Feature to line; 
-Cálculo dos valores máximos das linhas em um arquivo raster com a ferramenta Zonal 
Statistics; 
-Identificar células do MDE e do arquivo gerado anteriormente com o máximo de linhas 
-com a ferramenta Raster Calculator; 
-Conversão do arquivo obtido em pontos com a ferramenta Raster to Point; 
 -Colocar valores de altitude nos pontos com a ferramenta Add Surface Information; 
5. Delimitação do topo de morro: 
-Obtenção do ponto máximo do arquivo do contorno de bacias com a ferramenta Zonal 
Statistics; 
-Verificação de pontos em comum com o arquivo gerado e o MDE com a ferramenta 
Raster Calculator; 
-Reclassificação dos pontos de máximo com valor 1 com a ferramenta Reclassify; 
-Criar vetorização de pontos máximos com a ferramenta Raster to Point; 
-Colocação das altitudes nos pontos vetoriais gerados com a ferramenta Add Surface 
Information; 
6. Delimitação da base de morro: 
-Criação de tabela de atributos com dados do topo do morro; 
-Adicionar coluna com a ferramenta Join Field com os pontos de sela e outra com os pontos 
geográficos dos topos; 
24 
 
-Fazer subtração de cotas dos pontos de sela do MDE com a ferramenta Raster Calculator; 
-Reclassificar células com valores maiores que 1 com a ferramenta Reclassify; 
-Realizar a vetorização dos polígonos com a ferramenta Raster to Polygon cujo arquivo será 
referente a base do morro; 
Após isso, foi observado a inexistência desse tipo de APP na área de estudo. 
 
4.4.4 Verificação de módulos fiscais 
 
Conforme citado anteriormente, segundo o que preconiza a Lei nº 12.727 de 17 de 
outubro de 2012, nas Áreas de Preservação Permanente é autorizada a continuidade das 
atividades agrossilvipastoris, de ecoturismo e de turismo rural em propriedades rurais 
estabelecidas até a data de 22 de julho de 2008. O Código estabelece regras específicas para a 
recomposição vegetal desses locais segundo o tamanho da propriedade e de acordo com seu 
módulo fiscal. 
A definição das faixas que precisam ser recompostas para cursos d´água são definidas 
para se iniciar da borda da calha do leito regular, independentemente da largura do curso d´água. 
Desse modo, foram utilizadas shapefiles com informações do tamanho de módulo, área de 
propriedade e a área necessária a ser recomposta disponibilizadas pelo portal do Cadastro 
Ambiental Rural (CAR). Em posse desses dados, foi feita análise dos dados e a explanação 
acerca daqueles que necessitam de reposição florestal. 
 
4.5 Geração do mapa de Uso e ocupação do solo 
 
O mapa de uso de ocupação do solo foi elaborado objetivando a análise do atual estado 
ocupacional da sub-bacia hidrográfica. A imagem de satélite acima citada pertencente a missão 
Sentinel-2A serviu como base. Para esta etapa primeiramente foi feita a composição das bandas 
espectrais a partir da ferramenta Composite Bands do Arcgis. Em seguida, foi avaliada a melhor 
composição para a realização da análise. Para a geração das classes de uso e ocupação do solo 
realizou-se a vetorização poligonal manual em tela (heads-up) (JENSEN 2009; LONGLEY et 
al., 2013) a partir da imagem de satélite como pano de fundo . Para a definição do tipo de classe 
de uso, o embasamento teórico será proveniente do Manual Técnico de Uso da Terra do IBGE 
(2013). 
 
 
25 
 
4.6 Análise de dados finais 
 
Nessa etapa, por fim, foi feita a mesclagem dos dados obtidos. As shapefiles de APPs 
foram sobrepostas à de uso e ocupação do solo, desse modo, foi possível quantificar e qualificar 
a ocupação do solo existente nas áreas que deveriam estar em estado de preservação. Feito isso, 
este projeto seguiu para a explanação análise do produto cartográfico final obtido confrontando-
o com a legislação vigente. 
 
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES 
 
5.1 Análise dos dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR) 
 
Dentro da área de Sub-bacia do Rio Pirangi, existem 806 propriedades rurais registradas 
no Cadastro Ambiental Rural. A área ocupada pelos imóveis até o limite da bacia é de 17.004,54 
hectares o que corresponde a 34,38% da área total da sub-bacia. Dentre os imóveis, 797 deles 
são imóveis rurais (IRU) e 9 são assentamentos (AST). 
Após consulta ao CAR, constatou-se que 158 desses imóveis estão presentes em alguma 
região da APP da área em questão, destes, apenas 2 dos 158 imóveis estão com status de 
pendência no sistema, essa pendência diz respeito à quando o imóvel não cumpriu ainda os 
requisitos legais definidos por lei, ou seja, o mesmo está ocupando de forma irregular alguma 
região da APP e ainda não regularizou esta situação. Em relação ao restante, seus cadastros 
encontram-se como ativos, com o status de “Aguardando análise” pelo órgão competente. O 
mapa a seguir (figura 7) ilustra a disposição das propriedades na área da sub-bacia. 
26 
 
 
Figura 7. Imóveis Cadastrados no CAR 
 
5.2 Uso e ocupação do Solo 
 
Após a análise e classificação em tela da distribuição espacial do Uso e Ocupação do 
Solo na Sub-bacia do Rio Pirangi, usando como instrumento norteador o Manual de Uso de 
Terra elaborado pelo IBGE (BRASIL, 2013) e fazendo uma adaptação do mesmo para a área 
em questão, foram identificadas 7 classes diferentes de uso, sendo essas: Áreas Antrópicas 
Agrícolas, Áreas Antrópicas Não Agrícolas, Áreas de Vegetação, Corpos de Água, Dunas, Solo 
Exposto e Áreas Úmidas. A tabela 1 abaixo explana a característica de cada uma das áreas. 
 
Tabela 1. Descrição das características do uso e ocupação de cada porção identificada. 
Classes Características 
Áreas Antrópicas Agrícolas 
“A terra agrícola pode ser definida como terra utilizada 
para a produção de alimentos, fibras e commodities do 
agronegócio. Inclui todas as terras cultivadas, 
caracterizadas pelo delineamento de áreas cultivadas 
ou em descanso, podendo também compreender áreas 
alagadas. Podem se constituir em zonas agrícolas 
heterogêneas ou representar extensas áreas de 
“plantations”. Encontram-se inseridas nesta categoria 
as lavouras temporárias, lavouras permanentes, 
27 
 
pastagens plantadas, silvicultura e áreas 
comprovadamente agrícolas cujo uso não foi 
identificado no períododo mapeamento.” (BRASIL, 
2012) 
Áreas Antrópicas Não Agrícolas 
“A esta nomenclatura estão associados todos os tipos 
de uso da terra de natureza não agrícola, florestal ou 
água, tais como áreas urbanizadas, industriais, 
comerciais, redes de comunicação e áreas de extração 
mineral.” (BRASIL, 2013) 
Áreas de Vegetação 
“A vegetação natural compreende um conjunto de 
estruturas florestais e campestres, abrangendo desde 
florestas e campos originais (primários) e alterados até 
formações florestais espontâneas secundárias, 
arbustivas, herbáceas e/ou gramíneo-lenhosas, em 
diversos estágios sucessionais de desenvolvimento”. 
(BRASIL, 2013) 
Corpos de Água 
“Incluem todas as classes de águas interiores e 
costeiras, como cursos de água e canais (rios, riachos, 
canais e outros corpos de água lineares), corpos d’água 
naturalmente fechados, sem movimento (lagos 
naturais regulados) e reservatórios artificiais 
(represamentos artificiais d’água construídos para 
irrigação, controle de enchentes, fornecimento de água 
e geração de energia elétrica), além das lagoas 
costeiras ou lagunas, estuários e baías.” (BRASIL, 
2013) 
Dunas 
“São unidades geomorfológicas compostas 
principalmente de areia, podendo conter ou não 
vegetação esparsa.” (BRASIL, 2013) 
Solo Exposto 
São Áreas onde, por algum motivo o solo encontra-se 
sem nem uma cobertura vegetal. 
Áreas Úmidas 
São áreas de águas naturais permanentes ou 
temporariamente inundadas (MMA, 2013). No caso da 
área de estudo em questão, estas são esparsas e com 
pouca profundidade (Menor que 6 metros). 
 
 
Conforme é mostrado na Tabela 2, é possível observar que as áreas com maior 
abrangência na sub-bacia hidrográfica são as Áreas Antrópicas Agrícolas, as Áreas Antrópicas 
Não Agrícolas e as Áreas de Vegetação. É possível observar um equilíbrio nos valores destas 
classes, visto que as porcentagens de ocupação das mesmas resultaram em 31,10%; 32,95 e 
33,51 respectivamente. Em contrapartida, as áreas com menor abrangência foram as áreas de 
dunas e os Solos Expostos. Vale ressaltar que os corpos de água foram calculados segundo a 
calha dos cursos d’água delimitadas por fotointerpretação das imagens do satélite sentinel-2. 
 
Tabela 2. Explanação de dados por área dos usos do solo 
Classes Área (ha) Área (%) 
Áreas Úmidas 450,81 0,91 
Áreas Antrópicas Agrícolas 15381,97 31,10 
Áreas Antrópicas Não Agrícolas 16297,32 32,95 
Áreas de Vegetação 16572,76 33,51 
Corpos de água 311,13 0,63 
28 
 
Dunas 229,23 0,46 
Solo exposto 219,80 0,44 
TOTAL 49.463,02 hectáres 
 
 
O mapa abaixo (figura 8) ilustra as classes presentes na Sub-bacia do Rio Pirangi: 
 
 
Figura 8. Mapa de Uso e Ocupação do Solo. 
 
5.3 Áreas de Preservação Permanente 
 
As áreas de Preservação Permanentes foram delimitadas conforme o preconizado no Código 
Florestal Brasileiro (Lei nº 12.651 de 2012). Foram verificadas as legislações locais, bem como 
os planos diretores dos municípios que compõem a sub-bacia hidrográfica, porém o descrito na 
lei supracitada atendeu os critérios necessários para a delimitação, exceto para o trecho da 
drenagem que corresponde ao Rio Pitimbu. Para este, existe a Lei Estadual nº 8.426 de 14 de 
novembro de 2003 que dispõe sobre a faixa de preservação ambiental do rio. Em seu artigo 4º 
é definido que: 
§ 1o - As Áreas de Preservação Permanente destinam-se, prioritariamente, à 
criação de unidade de conservação e aos usos estabelecidos em plano de 
29 
 
manejo, compreendendo: 
 I - a vegetação ciliar, considerando-se uma faixa mínima de 100 (cem) 
metros para cada margem, medidos horizontalmente, a partir do leito 
maior sazonal do rio, seus afluentes e entorno das nascentes; 
II - as áreas inundáveis situadas nas margens direita e esquerda do Rio 
Pitimbu em toda a sua extensão; 
 
 Desse modo, foi adotado como parâmetro de medição, o leito maior sazonal. Este é 
definido pela resolução Conama nº 04 de 18 de setembro de 1985 (BRASIL, 1985), como “a 
calha alargada ou maior de um rio, ocupada nos períodos anuais de cheia”. 
 As APPs então foram delimitadas conforme a largura de calha dos rios conforme 
definido no Código Florestal Brasileiro, e para o Rio Pitimbu, respeitando a largura mínima de 
100 metros definida pela lei 8.426. 
A Figura 9 a seguir corresponde a delimitação das APPs de Rios e Nascentes:: 
 
 
 
Figura 9. Mapa das áreas de APPs identificadas. 
 
As regiões que são consideradas como APPs abrangem uma área de 3.067,5 hectares 
representando um total de 6,2% da área total da sub-bacia hidrográfica que devem, por lei, 
30 
 
serem protegidas. Em relação as APPs de topo de morro e de encosta foi constatado que a região 
de estudo não as possui. Para as APPs de topo de morro, após procedimento de identificação, o 
software Arcgis não retornou resultado. E para as APPs de encosta o mapa de declividade a 
seguir explana que, no local, o maior valor para este parâmetro foi de 26,38º quando o mínimo 
para haver APPs de encosta seria de 45º conforme ilustra o mapa abaixo (figura 10). 
 
Figura 10. Mapa de Declividade na sub-bacia. 
 
 Na tabela 3 a seguir constam as áreas de APPs identificadas: 
 
Tabela 3. Explanação dos dados de área das APPs. 
APPs Área (ha) Área (%) 
Nascentes 47,45 1,57 
Margens de cursos d’água 3020,05 98,43 
TOTAL 3.067,5 hectares 
 
Foi possível observar durante a análise das APPs que em muitas regiões os cursos 
d’agua encontram-se assoreados e devido às intervenções antrópicas, em alguns pontos, pode-
se observar que não existe mais fluxo de água. Outro ponto importante a ressaltar é a existência 
ao longo da extensão da rede de drenagem, a presença de diversas áreas com barramento. As 
31 
 
imagens a seguir (figuras 11 e 12) mostram alguns trechos da rede hidrográfica onde foram 
constatadas as situações supracitadas. 
 
Figura 11. Trecho da drenagem com presença de 
barramento. Fonte: Google Earth. 
 
Figura 12. Trecho da drenagem com sinal de 
assoreamento. Fonte: Google Earth 
 
5.4 Áreas de Conflito do Uso do Solo com as Áreas de Proteção Permanente 
 
A realização da sobreposição dos dados de Uso e Ocupação do Solo e da Área de 
Preservação Permanente resultou no mapa exposto a seguir (Figura 13). Nele é possível 
observar que, de fato, existem áreas de conflito de uso na área de estudo. 
 
 
Figura 13. Mapa de Conflito do Uso e Ocupação do Sono na Sub-bacia do Rio Pirangi. 
32 
 
 Os dados de área estão explanados na tabela a seguir na Tabela 4: 
 
Tabela 4. Áreas de conflito de Uso e Ocupação do Solo na Sub-bacia do Rio Pirangi. 
Tipo de Uso Área de Conflito (ha) 
Área de Conflito 
(%) 
Porcentagem em 
relação à área 
total da APP (%) 
Áreas Antrópicas 
Agrícolas 
390,80 46,38 12,74 
Áreas Antrópicas Não 
Agrícolas 
451,93 53,62 14,73 
TOTAL 842,73 hectáres 27,47% 
 
Conforme observado acima, o tipo de uso de maior conflito corresponde às Áreas 
Antrópicas Não Agrícolas, contando estas com 53,62% do total da área conflitante. Em relação 
ao tamanho total da APP da área de estudo, esse uso corresponde a 14,73% da área total. A 
respeito das Áreas Antrópicas Agrícolas, estas são responsáveis por 46,38% do conflito, 
correspondendo a 12,74% da área total das APPs. Desse modo, pode-se concluir que 
aproximadamente 27,47% das APPs estão ocupadas de forma irregular. Para as Áreas 
Antrópicas Não Agrícolas, observou-se que esta se trata principalmente de ocupação de centros 
urbanos e as Áreas Antrópicas Agrícolas são, em sua maioria compostas por porções de 
pastagens, e diversos tipos de plantações voltadas para agricultura, bem como também foi 
observada a existência de quadrículas preparadas para receber plantios. 
É evidente que o processo de urbanização e a demanda pela agricultura e pecuária tem 
crescido drasticamente nos últimos anos. Aliado a isso, tem-se a escassez de condições de 
habitabilidade o que gera um descaso com os espaçosnaturais, em especial com as APPs, pelo 
fato de que os avanços populacionais tendem a se expandir para esses locais. Estes fatos 
elucidam a importância que o planejamento ambiental tem para diminuir esses problemas, 
planejamento este que quando aliado com as ferramentas de geoprocessamento, se torna muito 
mais eficiente. 
 
6. CONCLUSÕES 
 
A metodologia aplicada utilizando como ferramenta principal o geoprocessamento, 
possibilitou de forma eficaz que o objetivo principal desse trabalho (identificar as áreas de 
conflito de uso do solo) fosse atingido. O Cadastro Ambiental Rural, possibilitou ter uma 
dimensão da grande quantidade de imóveis rurais (com dados ainda em análise) estão presentes 
na área de estudo. Adicionalmente com a execução dos mapas temáticos e a delimitação destes 
realizadas por mapeamento manual e visual em tela, ilustrou, de modo eficaz, o problema 
33 
 
presente na região. 
Pode-se concluir que na sub-bacia do Rio Pirangi existe, de fato, um conflito da 
ocupação do solo contrariando o preconizado em lei. Ações antrópicas irregulares na região 
prejudicam a função ambiental das APPs que tem como objetivos principais preservar os 
recursos hídricos, o solo, a paisagem natural, a estabilidade geológica, a biodiversidade e o 
próprio bem estar das populações, visto que a degradação dessas áreas pode causar impactar 
diretos. Esse trabalho pode ser considerado importante pelo fato de explanar na área de estudo 
onde a vegetação é escassa ou inexistente. Fornecendo, dessa forma, um subsídio para auxiliar 
na recuperação da vegetação e no ordenamento territorial local. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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