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MA-todosAnalAticos-Ramos-2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA 
INSTITUTO DE QUÍMICA 
 
 
 
 
 
BEATRIZ ANDRADE DOS RAMOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RELATÓRIO DE ESTÁGIO OBRIGATÓRIO 
MÉTODOS ANALÍTICOS APLICADOS À CARACTERIZAÇÃO DE 
COMBUSTÍVEIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL/RN 
2018 
 
 
 
BEATRIZ ANDRADE DOS RAMOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RELATÓRIO DE ESTÁGIO OBRIGATÓRIO 
MÉTODOS ANALÍTICOS APLICADOS À CARACTERIZAÇÃO DE 
COMBUSTÍVEIS 
 
 
 
 
 
 
 
Relatório de estágio apresentado ao 
Instituto de Química da Universidade Federal 
do Rio Grande do Norte, como requisito à 
obtenção do título de Bacharelado em 
Química, orientado pelo Prof. Dr. Valter José 
Fernandes Júnior. 
 
 
 
 
 
NATAL/RN 
2018 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN 
Sistema de Bibliotecas - SISBI 
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede 
 Ramos, Beatriz Andrade Dos. 
 Métodos analíticos aplicados a caracterização de combustíveis / Beatriz 
Andrade Dos Ramos. - 2018. 
 51 f.: il. 
 
 Relatório de estágio (graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do 
Norte, Centro de Ciências Exatas e da Terra, Instituto de Química. Natal, RN, 
2019. 
 Orientador: Prof. Dr. Valter José Fernandes Júnior. 
 
 
 1. Combutíveis automotivos - TCC. 2. Caracterização físico-química - TCC. 
3. Monitoramento da qualidade - TCC. 4. Metodologias de normalização - 
TCC. I. Fernandes Júnior, Valter José. II. Título. 
 
RN/UF/BCZM CDU 661.72 
 
 
 
 
 
Elaborado por Ana Cristina Cavalcanti Tinôco - CRB-15/262 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
Aos meus pais, que nunca mediram esforços para me proporcionar uma 
educação de qualidade. Em especial, à minha mãe, por todo incentivo e 
paciência ao longo destes anos. 
 
À minha avó materna, que orou pela minha dedicação e sucesso, 
sempre me abençoando com suas doces palavras. 
 
À minha madrinha, por ser minha referência acadêmica e impulsionar 
minha vida profissional. 
 
Aos professores coordenadores do Laboratório de Combustíveis e 
Lubrificantes, Valter Fernandes e Antônio Souza, pela oportunidade de estágio 
e pelas orientações que mudaram minhas perspectivas. 
 
A todos os colaboradores do LCL, pelos aprendizados compartilhados e 
carinho de família. Em especial a Jilliano, que muito me ajudou na qualidade 
deste trabalho, e à Marciellen, pela amizade que conquistei para vida. 
 
Aos meus queridos amigos da faculdade, que fizeram suportáveis as 
aflições de cada semestre. Particularmente, à Rosângela e Débora pelos anos 
de companheirismo e ajuda durante a reta final. 
 
Às minhas Deusas, Larissa, Susan, Nicole, Thaynara, Alyne, Julia e 
Andressa, que sempre me deram apoio frente às batalhas da vida. 
 
A Cesar, meu psicólogo, por me encorajar a seguir os meus objetivos. 
 
 
Ao meu amado, João Augusto, pelo apoio inigualável e por sempre me 
lembrar da minha capacidade e inteligência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“As falhas são o combustível do sucesso.” 
Ishikawa 
RESUMO 
 
 
 
A caracterização físico-química de combustíveis automotivos possibilita a 
formatação de especificações que cada um deve atender para que seja 
considerado adequado ao consumo. A conformidade dos combustíveis é de 
grande importância à sociedade, por tratar-se de produtos amplamente 
utilizados e que podem acarretar impactos negativos tanto para o meio 
ambiente como para os proprietários e veículos, quando estes são adulterados. 
O Laboratório de Combustíveis e Lubrificantes atua na realização de ensaios 
físico-químicos, monitorando a conformidade dos combustíveis de acordo com 
as especificações da ANP. O laboratório participa do Programa de 
Monitoramento da Qualidade de Combustíveis atendendo os estados do Rio 
Grande do Norte e da Paraíba. A adulteração de combustíveis é uma prática 
ilegal normalmente ocasionada pela adição de solventes similares ao 
combustível, podendo ocasionar vários de tipos de problemas, como perda de 
potência do motor e danos ao automóvel, além de contribuir para uma maior 
emissão de poluentes atmosféricos. Todos os ensaios físico-químicos são 
executados segundo metodologias de normas brasileiras e ou internacionais. 
Os resultados para o período de estágio foram satisfatórios, sendo sua maioria 
aprovados quanto à conformidade com as especificações da ANP. O Programa 
de Monitoramento da Qualidade de Combustíveis tem se demonstrado 
importante para a manutenção da qualidade dos combustíveis comercializados 
nos estados do RN e PB, sendo perceptível a melhora dos produtos desde a 
implementação do programa em todo o território brasileiro, em 1998. 
LISTA DE FIGURAS 
 
 
 
 
FIGURA 1 - DESTILAÇÃO ATMOSFÉRICA DA GASOLINA .................................................................................................. 21 
FIGURA 3 – DETERMINAÇÃO DO TEOR DE EAC PRESENTE EM GASOLINA ......................................................... 24 
FIGURA 4 - ANALISADORES DE PONTO DE FULGOR .................................................................................................................. 26 
FIGURA 5 – DESTILAÇÃO ATMOSFÉRICA DE ÓLEO DIESEL .................................................................................. 27 
FIGURA 6 - APARÊNCIA E COR DE ÓLEO DIESEL, S10 (ESQUERDA) E S500 (DIREITA) ............................................ 27 
FIGURA 7 - ESPECTROFOTÔMETRO DE INFRAVERMELHO COM TRANSFORMADA DE FOURIER ........................................... 28 
FIGURA 8 - CÉLULA DE TRANSMISSÃO PARA INFRAVERMELHO .................................................................................... 29 
FIGURA 9 - ANALISADOR DE ENXOFRE TOTAL ................................................................................................................. 29 
FIGURA 10 - CUBETAS PARA AMOSTRAS.......................................................................................................................... 30 
FIGURA 11 - COLORÍMETRO E FRASCO DE AMOSTRA ............................................................................................................... 30 
FIGURA 12 - TITULADOR COULOMÉTRICO KARL FISCHER ............................................................................................. 31 
FIGURA 13 - DENSÍMETRO DIGITAL ................................................................................................................................... 32 
FIGURA 14 - APARÊNCIA E COR DE EHC .......................................................................................................... 33 
FIGURA 15 - PHMETRO E CONDUTIVÍMETRO DIGITAIS METROHM ................................................................................ 34 
LISTA DE QUADROS 
 
QUADRO 1 - ÍNDICES DE CONFORMIDADE PARA OS POSTOS DO RN .......................... 36 
QUADRO 2 - ÍNDICES DE CONFORMIDADE PARA OS POSTOS DA PB .......................... 37 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
 
 
ABNT – Associação Brasileira de Normas e Técnicas 
ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis 
ASTM – American Society for Testing and Materials 
CG – Cromatografia Gasosa 
DIN – Deutsches Institut für Normung 
DRX – Dispersão por fluorescência de raios-x 
EAC – Etanol Anidro Combustível 
EHC – Etanol Hidratado Combustível 
EN – Européenne Norme 
EPI – Equipamento de Proteção Individual 
EPC – Equipamento de Proteção Coletiva 
FID – Flame Ionization Detector (detector por ionização de chama) 
FTIR – Fourier Transform Infrared 
IAD – Índice Anti-Detonante 
IEC - International Electrotechnical Commission 
ISO – International Organization of Standardization 
IT – Instrução de Trabalho 
LCL – Laboratório de Combustíveis e Lubrificantes 
LIMS – Laboratory Information Management System 
MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento 
MON – MotorOctane Number 
NBR – Norma Brasileira 
PB – Paraíba 
PMQC – Programa de Monitoramento da Qualidade de Combustíveis 
POP – Procedimento Operacional Padrão 
RBC – Rede Brasileira de Calibração 
RN – Rio Grande do Norte 
RON – Research Octane Number 
UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 10 
1.1 Descrição do local de estágio .............................................................. 11 
2 OBJETIVOS .............................................................................................. 12 
2.1 Objetivos Gerais .................................................................................. 12 
2.2 Objetivos Específicos .......................................................................... 12 
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................. 13 
3.1 Combustíveis automotivos .................................................................. 15 
3.1.1 Gasolina ....................................................................................... 15 
3.1.2 Óleo Diesel ................................................................................... 16 
3.1.3 Etanol Combustível ....................................................................... 17 
3.2 Adulteração de combustíveis .............................................................. 18 
4 MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................ 20 
4.1 Coleta e armazenamento das amostras .............................................. 20 
4.2 CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA .............................................. 20 
4.2.1 Gasolina tipo C (comum e aditivada) ............................................ 21 
4.2.2 Óleo Diesel BX ............................................................................. 25 
4.2.3 Etanol Hidratado Combustível ...................................................... 32 
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES .............................................................. 36 
6 CONCLUSÃO ........................................................................................... 40 
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 41 
10 
Beatriz Andrade dos Ramos 
 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
A caracterização físico-química de combustíveis líquidos possibilita a 
formatação de especificações que cada um deve seguir, a fim de facilitar sua 
distinção e acompanhar os indicadores gerais de qualidade do produto. 
O não atendimento às especificações da legislação vigente é um indício 
de existência de adulterações no produto, que podem ocorrer em toda a cadeia 
de distribuição. Essas adulterações nos combustíveis podem promover 
impactos fiscais e ambientais, que são prejudiciais à sociedade, como o valor 
indevido de produtos, sonegação de impostos e potencializar os impactos 
ambientais, como a chuva ácida. Além disso, dependendo da adulteração, 
pode ocorrer perda de eficiência no motor e diversos danos ao automóvel. 
A Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) é 
responsável pela regulamentação e fiscalização de todas as indústrias e 
comércios envolvidos na exploração, desenvolvimento, produção e 
abastecimento de combustíveis derivados do petróleo, gás natural e 
biocombustíveis. 
O Programa de Monitoramento da Qualidade de Combustíveis (PMQC), 
que funciona segundo a resolução ANP nº 8/2011, é um programa mantido 
pela ANP para orientação da fiscalização em território brasileiro. Tem como 
objetivo analisar determinados parâmetros dos combustíveis líquidos 
(gasolina, óleo diesel e etanol combustível) para que estes tenham a qualidade 
mínima necessária para o uso satisfatório e promova um desempenho 
adequado, e identificar possíveis adulterações que possam ocasionar danos 
materiais e ambientais. 
Diversas análises são realizadas pelo PMQC para aprovação ou não do 
combustível quanto à conformidade com às especificações da ANP. A 
padronização dos ensaios em todo o território brasileiro coberto pelo PMQC é 
mantida pelo uso de normas brasileiras e internacionais (ABNT, ASTM e 
Normas Europeias). 
11 
Beatriz Andrade dos Ramos 
 
 
 
 
1.1 Descrição do local de estágio: 
Fundado em 2001, inicialmente denominado como GASOL, o 
Laboratório de Combustíveis e Lubrificantes (LCL) é, atualmente, o 
responsável pelo monitoramento da qualidade de combustíveis nos estados do 
Rio Grande do Norte (RN) e da Paraíba (PB). 
Localizado na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), 
dispõe de infraestrutura adequada à realização das análises requeridas pelo 
PMQC. O laboratório participa de Programa Interlaboratorial uma vez por ano, 
além de passar por auditorias interna, de primeira e segunda parte (LCL e 
ANP). 
Atualmente, conta com a colaboração de sete estagiários aptos à 
execução dos ensaios, um supervisor técnico, um gerente da qualidade, um 
gerente técnico, pesquisadores convidados, um coletor e dois coordenadores. 
12 
Beatriz Andrade dos Ramos 
 
 
 
 
2 OBJETIVOS 
 
2.1 Objetivos Gerais 
Pesquisar e implementar metodologias analíticas para caracterização 
físico-química de combustíveis líquidos (gasolinas, óleo diesel, etanol 
combustível) e misturas complexas de hidrocarbonetos. 
 
2.2 Objetivos Específicos 
Realizar ensaios físico-químicos para o monitoramento da qualidade de 
combustíveis automotivos comercializados nos estados do RN e PB, em 
conformidade com especificações da ANP, a partir de metodologias descritas 
por normas brasileiras e/ou internacionais. 
Desenvolver habilidades práticas em relação a operação de 
equipamentos analíticos, bem como a capacidade de percepção e solução de 
possíveis problemas. 
Inteirar-se a respeito das normas e procedimentos utilizados no 
laboratório para aptidão à edição e elaboração de procedimentos operacionais 
padrão internos. 
Auxiliar na implementação do sistema de gestão da qualidade no 
laboratório conforme a norma ABNT NBR ISO/IEC 17025. 
13 
Beatriz Andrade dos Ramos 
 
 
 
 
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
 
Combustíveis são, por definição, qualquer matéria que se queima para 
produzir energia térmica ou elemento que libera energia por fissão ou fusão. A 
energia gerada pode ser classificada como renovável ou não-renovável, de 
acordo com a disponibilidade de matéria-prima. 
• Energia renovável: provém de matéria prima possível de se repor. 
• Energia não renovável: utiliza matéria prima esgotável. 
Pode-se classificá-los também de acordo com o estado físico que se 
encontram: gasoso, líquido ou sólido, como por exemplo, gás natural, 
querosene e madeira, respectivamente [1] 
O petróleo é um produto de alto valor agregado e de destaque no comércio 
mundial, inclusive sendo o gatilho de algumas guerras. Possui ampla aplicação, 
pois o óleo cru serve de matéria prima para produção de compostos 
petroquímicos como eteno, propeno, buteno e benzeno, que originam diversos 
produtos úteis à sociedade como fibras, fertilizantes, detergentes e 
combustíveis [2]. 
O petróleo é formado por um processo espontâneo, que ocorre através da 
deposição de matéria orgânica ao longo de milhares de anos, gerando um óleo 
viscoso, inflamável e menos denso que a água. Composto por uma mistura de 
hidrocarbonetos, incluindo cadeias alifáticas, alicíclicas e aromáticas, além de 
um percentual de compostos orgânicos contendo oxigênio, nitrogênio e enxofre 
[2,3]. 
O processo de destilação é o refino capaz de separar o petróleo em 
frações, de acordo com sua temperatura de ebulição, tornando possível suas 
aplicações. Os principais produtos obtidos da destilação do petróleo podem se 
caracterizar em frações leves, médias ou pesadas em relação ao número de 
carbonos presente [3]. 
As principais frações do petróleo são obtidas em ordem crescentede 
ebulição através da destilação, tais como: gás natural, gás liquefeito de 
petróleo (GLP), gasolina, querosene, óleo diesel, óleo lubrificante e asfalto, 
respectivamente, que compõem os derivados finais, misturadas ou não a 
outras frações [2]. 
14 
Beatriz Andrade dos Ramos 
 
 
 
 
A problemática em relação ao uso de combustíveis derivados do petróleo é 
que, além de serem produtos provenientes de uma fonte de energia não 
renovável, sua combustão aumenta a poluição atmosférica devido a emissão 
de gases como metano (CH4), dióxido de carbono (CO2), óxidos de nitrogênio 
(NOX) e óxidos de enxofre (SOx), alguns causadores de impactos ambientais 
como a chuva ácida e o aquecimento global [3]. 
Com isso, a utilização de biomassa para produção de biocombustíveis tem 
se tornado uma alternativa ao uso de derivados do petróleo, como substituto a 
gasolina, por exemplo, devido à diminuição da emissão de gases poluentes. 
Biocombustível é um combustível derivado de biomassa renovável, como 
cana-de-açúcar, plantas oleaginosas, biomassa florestal, que substitui parcial 
ou totalmente os combustíveis de origem fóssil, por exemplo, o biodiesel, o 
etanol, o metanol e o carvão vegetal [4]. 
O etanol pode ser utilizado como combustível em automóveis com motores 
do tipo flex fuel, como etanol hidratado combustível, e também pode ser 
adicionado à gasolina tipo A, como etanol anidro combustível, em percentual 
fixado por lei federal em 27% como aditivo para melhorar a sua octanagem 
[2,4]. 
O biodiesel, segundo a American Society of Testing and Materials (ASTM), 
é um composto de alquil-ésteres de ácidos graxos de cadeias longas, derivado 
de óleos vegetais ou gordura animal. Sua obtenção normalmente ocorre por 
reação de transesterificação ou craqueamento térmico e seu uso é maior em 
misturas ao óleo diesel [4]. 
A combustão de biocombustíveis é menos poluente, comparada à de 
combustíveis fósseis, devido ao ciclo fechado do carbono, qual a quantidade de 
CO2 emitida pela queima do combustível equivale a que foi sequestrada da 
atmosfera durante o crescimento da matéria prima utilizada para sua produção 
[4]. 
15 
Beatriz Andrade dos Ramos 
 
 
 
 
3.1 Combustíveis automotivos 
 
 
3.1.1 Gasolina 
A gasolina é um líquido volátil, inflamável, obtido da destilação do 
petróleo, com temperatura de ebulição na faixa de 40 à 220ºC, caracterizada 
por sua fração leve de carbonos (4 à 12 átomos de carbono) e mistura 
complexa de hidrocarbonetos voláteis, que são classificados de acordo com o 
tipo de estrutura molecular (parafinas, naftênicos, olefinas e aromáticos). 
Apresenta baixo percentual de contaminantes naturais de compostos contendo 
enxofre, nitrogênio, oxigênio e metais [2, 5]. 
Utilizada como combustível em motores por combustão interna com 
ignição por centelha (ciclo Otto) devido a suas características de volatilidade e 
alto poder antidetonante (traduzido pelo índice de octano), a gasolina possui 
ótimo desempenho de partida, com um menor consumo de combustível. 
A octanagem é uma propriedade que determina a resistência à 
detonação. Esta pode ser medida pelos números MON (motor octane number), 
RON (research octane number) e IAD (índice antidetonante), que avaliam a 
octanagem a alta e baixa rotação. Outras propriedades são consideradas para 
formulação de uma gasolina de qualidade, como volatilidade, estabilidade e 
corrosividade [5]. 
Diretamente da refinaria é obtida a gasolina tipo A que após adição de 
etanol anidro combustível nas distribuidoras, é comercializada como gasolina 
tipo C comum ou aditivada. A gasolina tipo C aditivada é diferenciada pela 
presença de aditivos que melhoram o desempenho e mantém a qualidade do 
produto, pois possuem funções como antioxidante, inibidora de corrosão e 
auxliar na limpeza do sistema de combustão do motor [2]. 
Outro tipo de gasolina é a Premium (tipo A ou C), definida pela 
formulação diferente a partir de Naftas de elevada octanagem, produzida 
especialmente para veículos com altas taxas de compressão e desempenho 
[2]. 
Até meados dos anos 1970, adicionava-se chumbo-tetraetila (CTE) à 
gasolina, para potencializar sua octanagem, substância altamente tóxica 
através da inalação ou contato com a pele. Outros aditivos foram utilizados 
tentando substituir o CTE, porém, nos dias atuais, utiliza-se etanol anidro 
16 
Beatriz Andrade dos Ramos 
 
 
 
 
combustível (EAC), devido a disponibilidade de oxigênio, que melhora a 
queima dos hidrocarbonetos presentes na gasolina, mantendo sua alta 
octanagem. 
 
3.1.2 Óleo Diesel 
O óleo diesel é um líquido viscoso de coloração amarela, fração do 
petróleo um pouco mais pesada do que a gasolina, contendo de 10 à 25 
átomos de carbono, caracterizada pela presença de hidrocarbonetos 
parafínicos, naftênicos e aromáticos, com uma faixa de ebulição entre 150 e 
400°C. Além de hidrocarbonetos, a presença de enxofre, nitrogênio e oxigênio 
é comum no óleo diesel. Sendo os compostos sulfurados os principais 
responsáveis pelo aumento da emissão de poluentes, no entanto, sua 
viscosidade garante a lubrificação do mecanismo de injeção e mantem uma 
atomização adequada [2,6]. 
O óleo diesel é utilizado em motores de combustão interna por 
compressão (ciclo diesel), empregado em máquinas agrícolas, ferroviárias ou 
marítimas. O motor do ciclo diesel foi desenvolvido por Rudolf Diesel, e possui 
alta versatilidade quanto ao uso de combustíveis, sendo possível a utilização 
de óleo diesel, biodiesel ou a mistura de óleo diesel com biodiesel [2]. 
O óleo diesel comercializado nos postos revendedores é do tipo 
rodoviário (tipo B), que pode ser classificado pelo teor de enxofre presente em 
sua composição, sendo S10 referente aqueles que contém até 10 ppm de 
enxofre e S500 para aqueles contendo até 500 ppm. O diesel S10 é de uso 
obrigatório em região metropolitana (capitais e grandes cidades), enquanto o 
S500 é utilizado nas demais regiões. 
Também pode ser classificado conforme a adição de biodiesel, sendo 
conhecido como óleo diesel BX, onde X refere-se a porcentagem de biodiesel 
adicionado ao combustível [6]. O teor de biodiesel, regulamentado atualmente 
é de 10% v/v em mistura óleo diesel-biodiesel, esta porcentagem é alterada 
periodicamente, com o intuito de chegar a 20% até o ano de 2020. A intenção é 
diminuir a utilização exclusiva de derivados do petróleo, aproveitando a 
biodisponibilidade do local. 
A qualidade deste combustível é reflexo de características como número 
de cetano, viscosidade, lubricidade e teor de água. Estas propriedades 
17 
Beatriz Andrade dos Ramos 
 
 
 
 
conferem ao óleo diesel qualidade de ignição, nebulização e lubrificação nas 
bombas e injetores e estabilidade oxidativa, respectivamente [2]. 
 
3.1.3 Etanol Combustível 
O etanol combustível é um tipo de biocombustível utilizado em 
automóveis com motores de ignição por centelha (ciclo Otto), na sua forma 
hidratada, ou como aditivo na gasolina, quando anidro (baixo percentual de 
água). Demonstra diversas vantagens, dentre elas a diversificação energética e 
a contribuição para diminuição da emissão de gases poluentes na atmosfera 
[7]. 
Pode ser produzido a partir de açúcares (ou materiais conversíveis à 
açúcares) contidos em matéria orgânica (biomassa), como por exemplo, cana- 
de-açúcar, beterraba ou milho. A obtenção do etanol ocorre em dois processos 
principais: o preparo do mosto de açúcar e a destilação deste caldo. Primeiro, a 
matéria prima é submetida a tratamentos físicos e químicos (moagem, 
obtenção do caldo e clarificação), posteriormente, pode-se destilar o caldo 
obtido e desidratar para obter a concentração de álcool desejada [4]. 
O etanol tem a função de aumentar a octanagem da gasolina, em função 
do seu baixo poder calorífico. A adição de EAC a gasolina é regulamentada 
pela ANP e MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). A 
portariaMAPA nº 75 de 05 de março de 2015, estabelece o porcentual de 27% 
de EAC na gasolina comum e de 25% para gasolina premium. 
O etanol anidro, possui pureza de 99,95% em teor alcóolico (na escala 
Gay-Lussac) [8], enquanto o etanol hidratado possui em média 94% de pureza 
na mesma escala (ºGL). Comparado a gasolina, o etanol hidratado combustível 
tem características como alta resistência à detonação (apesar de não 
apresentar índice de octanas) e baixo poder calorífico (gera menos energia). 
Em 1970, o Programa Nacional do Álcool (ProÁlcool), estimulou a 
produção de etanol combustível a partir da cana-de-açúcar no Brasil, visando a 
diminuição da dependência com os combustíveis de origem fóssil. Este 
programa garantiu um preço mais acessível ao etanol frente a gasolina, obrigou 
a venda do combustível em postos revendedores e reduziu impostos para os 
veículos que funcionam com bioetanol. O ProÁlcool foi reconhecido como um 
18 
Beatriz Andrade dos Ramos 
 
 
 
 
dos mais importantes programas de incentivo à produção de energia por 
biomassa no mundo [4]. 
A produção de etanol a partir da cana-de-açúcar no Brasil ganhou 
destaque mundial, devido seu fácil processo de produção, associado ao seu 
alto rendimento comparado à outras matérias primas e o balanço energético 
favorável ao meio ambiente. 
 
3.2 Adulteração de combustíveis 
A ANP especifica um conjunto de características e parâmetros físico- 
químicos com seus respectivos limites que os combustíveis tem que possuir 
para serem comercializados. Esses parâmetros são avaliados através de 
metodologias baseadas em normas brasileiras e internacionais. Os 
combustíveis são considerados adulterados quando não atendem a uma das 
especificações da legislação da ANP. 
A adulteração de combustíveis pode ocasionar perda de potência no 
motor, aumento de consumo de combustível pelo veículo, rendimento 
insatisfatório do veículo, geração de resíduos sobre as velas de ignição e 
aumento de contaminação ao meio ambiente, devido a emissão de poluentes 
não monitorados. Os tipos mais comuns de adulteração praticados no Brasil 
são por adição de solvente ou mistura de combustíveis, causando variação em 
parâmetros analíticos e físico-químicos, como teor de metanol, teor de 
biodiesel, massa específica e separação por destilação. [9] 
Para a gasolina tipo C, o excesso de etanol anidro combustível não é tão 
prejudicial ao desempenho dos veículos do tipo flex fuel. Contudo, este tipo de 
adulteração revela desvantagens ao consumidor, que acaba pagando por um 
produto de menor rendimento. Além de indicar fraude fiscal por parte do 
revendedor do produto adulterado, visto que os produtos não têm mesmo valor. 
Solventes alifáticos leves (solvente de borracha, por exemplo) podem ser 
adicionados à gasolina como adulterante, pois apesar de apresentar a mesma 
faixa de destilação e densidade da gasolina, ocasionam perda de potência e 
aumento do consumo. Em contrapartida, os solventes aromáticos como tolueno 
e xileno incrementam a octanagem, porém não são regulamentados pela ANP, 
caracterizando adulteração. 
19 
Beatriz Andrade dos Ramos 
 
 
 
 
Segundo o BQ, a não conformidade mais encontrada para o óleo diesel 
está no teor de biodiesel, normalmente abaixo do especificado. Este tipo de 
adulteração visa aumento do lucro, visto que o preço do biodiesel é mais alto 
que o do óleo diesel. 
Outra não conformidade comum para o óleo diesel comercializado em 
regiões metropolitanas é para a característica de teor de enxofre [2], cujo teor 
máximo permitido para essas regiões é de até 10 ppm devido à proximidade 
com as cidades e patrimônios culturais que podem ser danificados por chuva 
ácida (precipitação atmosférica com índice de acidez, associada a presença de 
óxidos de enxofre). 
O excesso de água é um tipo de adulteração comum ao etanol hidratado 
combustível, que ocasiona aumento na corrosão do motor, e pode ser 
detectada por análises do teor alcóolico, pH e condutividade. [9] 
20 
Beatriz Andrade dos Ramos 
 
 
 
 
4 MATERIAIS E MÉTODOS 
 
4.1 Coleta e armazenamento das amostras 
O LCL é responsável pela coleta, transporte e análises físico-químicas 
dos combustíveis, gasolina, óleo diesel e etanol hidratado combustível, 
comercializados nos postos revendedores dos estados do Rio Grande do Norte 
(579 postos) e da Paraíba (767 postos). 
Para facilitar a logística da coleta, cada estado foi dividido em cinco 
regiões, onde 76 postos no RN e 63 postos na PB são visitados por mês, 
aproximadamente. As amostras são coletadas em postos revendedores que 
são selecionados através de sorteios mensais. 
Cada amostra é coletada em frasco de 1 litro, de polietileno de alta 
densidade (PEAD), os quais são codificados para manter a confidencialidade 
dos postos. As etiquetas colocadas nos frascos contêm as seguintes 
informações: tipo de combustível, data da coleta, região do posto, número de 
registro e número da amostra. 
Após o procedimento de coleta, as amostras de gasolina são 
acondicionadas sob refrigeração, temperatura entre 5 e 10ºC, para evitar 
perdas de compostos orgânicos voláteis até o início das análises. As amostras 
de EHC e óleo diesel são armazenadas em temperatura ambiente. 
 
4.2 CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA 
Os ensaios para caracterização físico-química dos combustíveis 
coletados são realizados conforme metodologias descritas em normas 
brasileiras e internacionais, como da Associação Brasileira de Normas 
Técnicas (ABNT) – Norma Brasileira (NBR), da American Society of Testing 
and Materials (ASTM) e Européenne Norme (EN). 
Todos os equipamentos utilizados para realização das análises são 
calibrados e verificados periodicamente (conforme as especificações do 
fabricante do equipamento ou da norma utilizada). Todas as vidrarias 
graduadas que afetam os resultados das análises são calibradas em 
laboratórios que fazem parte da Rede Brasileira de Calibração (RBC), 
aumentando a confiabilidade dos resultados dos obtidos dos ensaios. 
21 
Beatriz Andrade dos Ramos 
 
 
 
 
A seguir, estão descritos todos os ensaios realizados no LCL para o 
monitoramento da qualidade dos combustíveis, conforme o tipo de combustível 
analisado. 
 
4.2.1 Gasolina tipo C (comum e aditivada) 
• Destilação à pressão atmosférica 
A destilação é um teste básico de determinação das características de 
volatilidade do combustível e também utilizado com a finalidade de detecção de 
contaminação com outros produtos petroquímicos de frações leves e/ou 
pesadas. 
Neste ensaio, um determinado volume de gasolina foi colocado em um 
balão e aquecido gradativamente, até o final da ebulição do combustível, sob 
condições padronizadas. A quantidade evaporada a uma determinada 
temperatura foi condensada e coletada em uma proveta graduada. Foram 
feitas observações sistemáticas de temperatura de cada fração condensada, 
possibilitando o levantamento da curva de destilação. As destilações foram 
realizadas utilizando destiladores automáticos Herzog PAC, modelo OptiDistTM, 
Figura 1 - Destilação atmosférica da Gasolina 
22 
Beatriz Andrade dos Ramos 
 
 
 
 
O procedimento consistiu em destilar 100 mL de amostra, sob condições 
específicas, utilizando prato adequado para destilação da gasolina (diâmetro do 
orifício de 38 mm). A temperatura de avolumação da gasolina deve ser de 13 à 
18ºC. Após a destilação, mediu-se o resíduo final (%v/v). 
A legislação especifica valores máximos dos pontos de evaporados ou 
recuperados, ponto inicial e final de ebulição e resíduo final, segundo as 
normas ABNT NBR 9619 e ASTM D86. 
 
• Determinação do aspecto e da cor visual 
Análise de cunho visual, recomendada para detecção de contaminantes 
visíveis como material particulado, gotículas de água livre, entre outros. Neste 
ensaio observa-se a aparência e cor da gasolina, que deve ser classificada 
como límpida e isenta de contaminantes.Figura 2 - Aparência e cor de Gasolina Comum (esquerda) e Gasolina Aditivada (direita) 
 
 
O procedimento foi realizado conforme as normas ABNT NBR 14954 e 
ASTM D4176, consistindo em homogeneizar e transferir a amostra para uma 
proveta de 1 litro sem graduação. Em seguida, a verificação visual do 
combustível foi feita posicionando a amostra contra a luz natural e observou-se 
o aspecto quanto a coloração e a presença de impurezas, Figura 2. 
23 
Beatriz Andrade dos Ramos 
 
 
 
• Determinação da massa específica 
A massa específica pode ser definida como a massa por unidade de volume 
(kg/m3), a uma determinada temperatura. A temperatura utilizada neste ensaio 
foi de 20 ºC, segundo determinações das normas ABNT NBR 14065 e ASTM 
D4052. Foi utilizado um densímetro digital de bancada DMA 4500M, da marca 
Anton Paar. Este método utiliza um tubo oscilatório, em que uma pequena 
quantidade de amostra é introduzida e, com base na variação da frequência de 
oscilação causada pela variação da massa no tubo, determina-se a massa 
específica da amostra. 
Para cada combustível, há um intervalo aceitável de massa específica. A 
gasolina padrão tem uma massa específica em torno de 750 kg/m3 e a gasolina 
adulterada apresenta, em geral, uma massa específica menor devido à adição 
de solventes menos densos. 
O procedimento de medição é realizado introduzindo um pequeno volume 
de amostra, utilizando uma seringa, no tubo oscilatório do densímetro digital. 
Depois que a temperatura da amostra é estabilizada à 20 ºC, o equipamento 
apresenta o valor da massa específica que é dado em kg/m3. 
 
• Determinação do teor de etanol anidro combustível 
Método volumétrico que visa a determinação do teor de etanol anidro 
combustível (EAC) presente em uma mistura de gasolina-álcool comercializada 
nos postos revendedores, a qual o etanol é adicionado à gasolina do tipo A na 
companhia distribuidora. A quantidade de etanol pode ser medida com a adição 
de uma solução de cloreto de sódio (NaCl) 10% m/v, onde ocorre a extração do 
etanol da gasolina pela solução salina. 
O procedimento experimental, estabelecido pela norma ABNT NBR 13992, 
determina o uso de proveta de 100 mL graduada com subdivisão de 1,0 mL, 
boca e tampa esmerilhadas, calibrada em cinco pontos pré-definidos. Foi 
transferido 50 mL de amostra para a proveta graduada limpa e adicionou-se a 
solução de cloreto de sódio (10% m/v) até completar o volume de 100 mL, 
procedeu-se a mistura das camadas a partir de 10 inversões sucessivas da 
proveta e deixou-se repousar por 10 minutos, permitindo a separação da fase 
24 
Beatriz Andrade dos Ramos 
 
 
 
 
aquosa da orgânica. O aumento do volume da camada aquosa (V), possibilita a 
obtenção do resultado (%EAC) a partir da seguinte equação: 
%𝐸𝐴𝐶 = [(𝑉𝑓𝑎𝑠𝑒 𝑎𝑞𝑢𝑜𝑠𝑎 − 50 𝑚𝐿) 𝑥 2] + 1 
Onde: 
%EAC = percentual em volume de EAC na gasolina 
V = aumento volumétrico da camada aquosa 
 
 
Figura 3 – Determinação do teor de EAC presente em Gasolina 
 
 
• Determinação do teor de enxofre total 
O teste de teor de enxofre determina a concentração total de enxofre na 
gasolina. Este ensaio foi realizado de acordo com a norma ASTM D7220, 
utilizando um analisador de enxofre e cloro total por fluorescência de raio-X, da 
marca HORIBA, modelo MESA-7220. 
O ensaio foi realizado a partir da transferência de 5 mL do combustível para 
uma cubeta (porta amostra), lacrada com filme plástico transparente ao raios-x. 
A porta amostra foi posicionado no equipamento de forma a possibilitar a 
quantificação de enxofre, a partir da dispersão de energia após a passagem do 
feixe de raio-X pela amostra, em mg/kg. 
O teor de enxofre na gasolina foi quantificado utilizando uma curva analítica 
de enxofre com uma faixa de trabalho de 10 a 70 ppm. 
25 
Beatriz Andrade dos Ramos 
 
 
 
 
 
• Determinação do teor de metanol 
O metanol é um combustível não regulamentado pela ANP, devido sua 
toxicidade. É empregado como adulterante devido sua disponibilidade de 
mercado, porém, provoca maior consumo de combustível devido ao menor 
poder calorífico. 
O teor de metanol foi determinado utilizando cromatografia gasosa com 
detecção por ionização de chama (CG-FID), como normatizado pela ABNT 
NBR 16041, para quantificação de metanol em combustíveis. 
 
4.2.2 Óleo Diesel BX 
• Determinação do ponto de fulgor por aparelho de vaso fechado 
Ponto de fulgor é definido como a menor temperatura corrigida para 
pressão barométrica de 101,3 kPa, na qual a aplicação de uma fonte de ignição 
faz com que os vapores da amostra se inflamem. Esta determinação é 
essencial para avaliar os riscos de manuseio e transporte devido a 
inflamabilidade do combustível, caso o ponto de fulgor seja baixo. 
O procedimento foi realizado de acordo com a norma ABNT NBR 14598, 
utilizando um aparelho de vaso fechado Pensky-Martens, modelo APM 7 da 
marca TANAKA, para amostras com ponto de fulgor acima de 40ºC. Para 
amostras com ponto de fulgor abaixo de 40 ºC foi utilizado o método de vaso 
fechado TAG, conforme descrito nas normas ABNT NBR 7974 e ASTM D56. 
Um volume de aproximadamente 60 mL da amostra foi transferido para uma 
cuba metálica. No equipamento, a amostra foi submetida a agitação constante 
e a temperatura monitorada constantemente. A temperatura da amostra é 
elevada gradativamente, e de 1 em 1 ºC é submetida uma ignição até que 
houvesse um lampejo (flash point), devido a inflamação dos vapores produzido 
do combustível. 
O ponto de fulgor não deve ser confundido com o ponto de combustão, pois 
não há queima de combustível, apenas inflamação dos vapores produzidos 
pelo aquecimento do combustível. A legislação vigente permite um ponto de 
fulgor no mínimo de 38 ºC. 
26 
Beatriz Andrade dos Ramos 
 
 
 
 
 
Figura 4 - Analisadores de Ponto de Fulgor 
 
 
• Destilação à pressão atmosférica 
As características de volatilidade do óleo diesel exercem grande influência 
sobre o seu desempenho e tais características são determinadas através da 
destilação atmosférica, assim como a detecção de adulteração. 
Procedimento equivalente ao da gasolina, baseado nas mesmas normas 
(ABNT NBR 9619 e ASTM D86). Foram utilizados destiladores automáticos 
Herzog PAC, modelo OptiDistTM para a destilação do óleo diesel. 
O ensaio consistiu em transferir 100 mL de amostra para um balão de 
destilação, qual foi aquecido gradativamente para que ocorresse toda a 
evaporação do amostra. A curva de destilação obtida forneceu informações 
que associam a fração condensada (em volume) à determinada temperatura de 
ebulição. 
Os resultados de importância para o PMQC são para observação das 
temperaturas obtidas para o ponto inicial e final de destilação e para os 
percentuais de 10, 50, 85 e 90% corrigidos, com a finalidade de caracterização 
da volatilidade da amostra. 
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Beatriz Andrade dos Ramos 
 
 
 
 
 
Figura 5 – Destilação atmosférica de Óleo Diesel 
 
 
• Determinação do aspecto e da cor visual 
Este ensaio consiste na avaliação visual da amostra, para determinar a 
aparência, a cor e verificar a presença de contaminantes no combustível. O 
óleo diesel pode ser classificado como límpido e isento de impurezas. As 
impurezas podem ser materiais particulados em suspensão e/ou gotículas de 
água livre. O óleo diesel tipo S10 apresenta coloração amarela, enquanto o tipo 
S500 tem coloração avermelhada devido à adição de corante vermelho para 
diferenciar do S10. 
 
Figura 6 - Aparência e cor de Óleo Diesel, S10 (esquerda) e S500 (direita) 
A análise foi realizada a conforme metodologias das normas ABNT NBR 
14954 e ASTM D4176, assim como para as amostras de gasolina, transferindo 
a amostra para uma proveta de 1 litro sem graduação e homogeneizando-a 
para observação dos critérios citados. 
28 
Beatriz Andrade dos Ramos 
 
 
 
• Determinação da massa específica 
A massa específica do óleo diesel, assimcomo da gasolina, foi determinada 
a 20 ºC, de acordo com as normas ABNT NBR 14065, ASTM D4052, utilizando 
um densímetro digital de bancada, modelo DMA 4500M da marca Anton Paar. 
O procedimento de medição consiste em introduzir um pequeno volume da 
amostra no tubo oscilatório do densímetro digital. Ao estabilizar a temperatura 
da amostra a 20 °C, o equipamento fornece o valor da massa específica em 
kg/m3. 
Os resultados esperados de massa específica para o óleo diesel variam de 
acordo com seu teor de enxofre, sendo especificado para o óleo diesel S10 os 
valores de 815 a 853 kg/m3, e para o óleo diesel S500 os valores de 815 a 865 
kg/m3. 
 
• Determinação do Teor de Biodiesel 
Para determinação do teor de biodiesel em óleo diesel, utilizou-se um 
espectrofotômetro de infravermelho com transformada de Fourier (FTIR), 
modelo IRA-ffinity1 da marca Shimadzu. Conforme metodologia descrita pela 
norma europeia EN 14078, Figura 7. 
O procedimento foi realizado a partir da injeção de um pequeno volume da 
amostra em célula de transmissão, própria para este tipo de análise. Estas 
células empregam janelas de fluoreto de cálcio (CaF2), luvas de teflon para 
vedação apropriada e espaçador de teflon de 0,025 mm, Figura 8. 
 
Figura 7 - Espectrofotômetro de Infravermelho com transformada de Fourier. 
29 
Beatriz Andrade dos Ramos 
 
 
 
 
 
Figura 8 - Célula de transmissão para Infravermelho. 
 
 
• Determinação de enxofre total 
Este ensaio determina a concentração total dos compostos sulfurosos 
presentes no óleo diesel. Aplicou-se a dispersão de energia por fluorescência 
de raio-X (FRX), assim como para a gasolina, em equipamento da marca 
HORIBA, modelo MESA-7220, como descrito na norma ASTM D7220. 
O procedimento deste ensaio compreende a transferência de 5 mL de 
amostra para uma cubeta apropriada para análise, lacrada com papel filme de 
polietileno, poliamida ou poliéster. 
 
 
Figura 9 - Analisador de enxofre total 
30 
Beatriz Andrade dos Ramos 
 
 
 
 
 
Figura 10 - Cubetas para amostras 
 
 
• Determinação da cor ASTM 
Este método é utilizado para determinar a cor (que tipo de cor???) de óleo 
diesel S10 conforme metodologia descrita na norma ASTM D1500, utilizando 
um colorímetro manual da marca Micronal, qual baseia o procedimento no 
princípio que a absorbância de uma substância é proporcional à sua 
concentração e que os derivados do petróleo tem sua gama de variação de 
cores, de acordo com a fração presente. Logo, a cor característica pode ser um 
indicativo de contaminação ou degradação. 
Dispondo de três frascos de vidro de espessuras idênticas, preenche-se um 
deles com a amostra de combustível e os outros dois com o mesmo volume de 
água destilada. Uma luz atravessa os frascos e possibilita a comparação de 
filtros de coloração tabelada com a coloração exibida pela amostra. 
 
Figura 11 - Colorímetro e frasco de amostra 
31 
Beatriz Andrade dos Ramos 
 
 
 
 
No caso de reprovações nos ensaios de aspecto e cor, a amostra é 
submetida aos ensaios complementares descritos: 
 
• Determinação do Teor de água pelo método coulométrico 
A titulação coulométrica foi utilizada para detectar a presença de água livre 
na grandeza de partes por milhão (ppm), segundo as normas ASTM D6304 e 
EN 12937, utilizando um titulador Karl Fischer modelo KFC 831, da marca 
Metrohm. 
 
Figura 12 - Titulador coulométrico Karl Fischer 
 
 
Caso ainda haja incerteza no resultado, os seguintes procedimentos podem 
ser aplicados: 
 
• Determinação de contaminação total 
Para os óleos diesel tipo S10, existe o método descrito na norma EN 12662, 
que determina o teor de contaminantes a partir da filtração à vácuo de 300mL 
da amostra para evidenciar a contaminação. Após secagem, torna-se possível 
a quantificação desta adulteração. 
 
• Determinação de água e sedimentos por centrifugação 
Para óleos diesel tipo S500, como apresentado na norma ASTM D2709, 
aplica-se centrifugação precisa à 100mL de combustível, em tubo graduado 
com variações de 0,01mL no fundo, para quantificar a presença de impurezas. 
32 
Beatriz Andrade dos Ramos 
 
 
 
 
 
 
4.2.3 Etanol Hidratado Combustível 
• Determinação da massa específica e do teor alcoólico 
A massa específica do etanol hidratado combustível é quantificada em 
kg/m3 a 20 ºC e o teor alcoólico em ºINPM (Instituto de Pesos e Medidas), que 
traduz a porcentagem de álcool em peso, ou seja, gramas de álcool absoluto 
em 100 gramas de mistura hidroalcoólica. Define-se teor alcoólico como teor de 
alcoóis presente em base mássica (%m/m) ou volumétrica (%v/v), aplicável às 
amostras de EHC. 
O ensaio foi realizado de acordo com as normas ABNT NBR 15639 e ASTM 
D4052, utilizando um densímetro digital. O equipamento foi o mesmo utilizado 
na medição da massa específica da gasolina e óleo diesel, porém, para este 
ensaio, obtém-se o valor de teor alcoólico através da utilização de uma tabela 
da ABNT (ver o nome da tabela), com os dados obtidos nesta análise. 
O procedimento de determinação consiste em introduzir uma pequena 
quantidade de amostra no tubo oscilatório do densímetro digital. Ao estabilizar 
a temperatura da amostra a 20 ºC o equipamento fornece o resultado de 
massa específica. Com a informação da massa especifica é possível 
determinar o teor alcoólico da amostra. A ANP especifica um pequeno intervalo 
para os valores de teor alcoólico, tornando possível a identificação de 
adulteração, por adição de água, por exemplo. 
 
 
Figura 13 - Densímetro digital 
33 
Beatriz Andrade dos Ramos 
 
 
 
• Determinação do aspecto e da cor visual 
Este teste é visual e deve resultar na percepção de um líquido incolor e 
isento de impurezas à temperatura ambiente. O procedimento descreve a 
homogeneização e transferência da amostra para uma proveta de 1 litro sem 
graduação. 
 
Figura 14 - Aparência e cor de EHC 
 
 
• Determinação do Teor de Hidrocarbonetos 
Hidrocarbonetos são compostos químicos de carbono e hidrogênio que em 
determinadas estruturas, podem apresentar características indesejáveis para o 
EHC. Para este teor são contabilizados compostos de baixa polaridade 
presentes em derivados do petróleo com base na diferença de solubilidade 
destes compostos. 
O procedimento é descrito pela norma ABNT NBR 13993, utilizando 
provetas de 100mL, boca e tampa esmerilhadas e calibradas. Da mesma forma 
que para determinação do teor de EAC na gasolina, coloca-se 50 mL de 
amostra na proveta limpa, e adiciona-se a solução de cloreto de sódio (10% 
m/v) até completar o volume de 100 mL, promove a mistura das camadas a 
partir de 10 inversões sucessivas da proveta e deixa repousar por 15 minutos, 
permitindo a separação da fase orgânica da fase aquosa. Em seguida é 
determinado o volume da camada orgânica. 
O teor máximo de hidrocarbonetos é calculado segundo a tabela: 
34 
Beatriz Andrade dos Ramos 
 
 
 
 
A (mL a) G % (v/v b) 
< 0,5 < 2 
≥ 0,5 (𝐴 × 2) + 1 
 
Onde A representa o volume da camada de hidrocarbonetos em mL e G é o 
teor de hidrocarbonetos, em porcentagem em volume. 
 
• Determinação do potencial hidrogeniônico (pH) 
Parâmetro de medida relacionado à concentração de íons livres de 
hidrogênio carregados positivamente. A análise é realizada de acordo com a 
norma ABNT NBR 10891, utilizando um pHmetro digital, modelo 913 da marca 
Metrohm. 
O equipamento é composto por um eletrodo de vidro combinado, 
prata/cloreto de prata com eletrólito de referência, eletrodo de medição e 
sensor de temperatura. A medição do pH foi realizada com a temperatura da 
amostra em 25 ± 2 °C. 
 
 
Figura 15 - pHmetro e condutivímetro digitais Metrohm 
 
 
• Determinação da condutividade elétrica 
A condutividade elétrica é a capacidade de um material conduzir corrente 
elétrica a partir de íons presentes em solução. 
35 
Beatriz Andrade dos Ramos 
 
 
 
 
Este ensaio é realizado conforme a normaABNT NBR 10547, utilizando um 
condutivímetro digital, modelo 912 da marca Metrohm. A amostra é mantida a 
uma temperatura de 25,0 ± 0,5 para a determinação da condutividade elétrica. 
 
• Determinação dos Teores de Metanol em Etanol 
Segue a norma ABNT NBR 16041, por cromatografia gasosa, uma técnica 
de alta sensibilidade, capaz de detectar a grandeza de ppm. 
Se ocasionalmente uma amostra de EHC for reprovada no procedimento 
de análise do aspecto e cor, a mesma passará pela análise complementar de: 
• Determinação do teor de material não volátil 
Análise normatizada pela ABNT NBR 15559, aplicando-se um ensaio 
termogravimétrico a amostra do combustível, evaporando todo o etanol em 
250mL de amostra, utilizando banho térmico. 
36 
Beatriz Andrade dos Ramos 
 
 
 
 
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES 
 
Os procedimentos realizados visam o monitoramento da qualidade dos 
combustíveis comercializados nos postos revendedores dos estados RN e PB. 
Os resultados das análises são comparados às especificações da ANP, 
gerando resultados conformes ou não conformes. A não conformidade é 
determinada quando um parâmetro não atende a especificação da legislação 
da ANP. 
Os resultados são enviados à ANP para avaliar o índice de conformidade 
das amostras analisadas e para gerar um Boletim de Monitoramento da 
Qualidade de Combustíveis (BQC), documento divulgado mensalmente no site 
da ANP que apresenta dados quantitativos da conformidade dos combustíveis 
de cada estado brasileiro, bem como gráficos comparando os meses e 
regularidade por bandeira de distribuidor. 
Analisando o índice de conformidade durante os meses de estágio (julho, 
agosto e setembro), foi possível avaliar a qualidade dos combustíveis 
comercializados no RN e PB de forma representativa. 
Para os resultados obtidos no estado do Rio Grande do Norte, é 
perceptível a manutenção da qualidade nos produtos dos postos revendedores 
nos primeiros meses. Para o mês de setembro, as amostras de óleo diesel e do 
EHC atenderam todas as especificações de qualidade de cada combustível, 
enquanto que as amostras de gasolina apresentou uma não conformidade para 
o parâmetro de etanol anidro combustível. 
 
Quadro 1 - Índices de conformidade para os postos do RN 
 
MÊS CONFORMIDADE 
DA GASOLINA 
CONFORMIDADE 
DO ÓLEO DIESEL 
CONFORMIDADE 
DO EHC 
Julho 97,4% 97,2% 97,9% 
Agosto 98,7% 98,6% 97,7% 
Setembro 98,6% 100% 100% 
Fonte: SBQ/ANP 
 
 
Para o estado da Paraíba, temos os resultados de 100% de 
conformidade de todas as amostras de gasolinas coletadas para estes meses. 
De julho para agosto, houve uma queda para o índice de conformidade do EHC 
37 
Beatriz Andrade dos Ramos 
 
 
 
 
e, mais evidente, para o óleo diesel. Contudo, o índice de conformidade do óleo 
diesel foi reestabilizado em setembro e o do EHC atingiu 100% de 
conformidade. 
Durante o mês de setembro foram identificadas não conformidades 
apenas para o óleo diesel, relativo a duas amostras que foram reprovadas, 
uma quanto ao ponto de fulgor que foi menor que o especificado e a outra 
quanto à presença de água livre, visualizada no ensaio de aspecto e cor e 
confirmada pela determinação do teor de água. 
 
Quadro 2 - Índices de conformidade para os postos da PB 
 
MÊS CONFORMIDADE 
DA GASOLINA 
CONFORMIDADE 
DO ÓLEO DIESEL 
CONFORMIDADE 
DO EHC 
Julho 100% 97,3% 100% 
Agosto 100% 86,4% 98,1% 
Setembro 100% 98,3% 100% 
Fonte: SBQ/ANP 
 
 
O BQC também apresenta as adulterações encontradas no mês de 
setembro de 2018, fornecendo um ranking percentual de não conformidade 
para os três combustíveis em relação à todos os postos revendedores do Brasil 
que participam do PMQC. Avaliando o mês de setembro, os principais 
parâmetros não conformes a nível nacional foram as seguintes: 
38 
Beatriz Andrade dos Ramos 
 
 
 
 
 
Figura 16 - Não conformidades registradas para os combustíveis comercializados no Brasil em 
setembro/2018 
Fonte: SBQ/ANP – Setembro/2018 
 
 
Foram encontradas 150 amostras não conformes para o óleo diesel, 
sendo 40,7% referente a teor de biodiesel, 24,7% a destilação e 24% a ponto 
de fulgor. Compreende-se em “Outros” irregularidades encontradas para 
aspecto, teor de enxofre, teor de água, cor e água livre. 
Para o etanol, de 67 amostras não conformes, reprovaram 40,3% na 
análise de pH, 37,3% na determinação da massa específica à 20ºC e 11,9% na 
medida de condutividade elétrica. As reprovações contidas em “Outros” 
incluem desvios nos parâmetros de aspecto, material não volátil, cor e teor de 
hidrocarbonetos. 
A gasolina foi o combustível que apresentou a menor quantidade de 
amostras não conformes para o mês de setembro, com apenas 50 amostras 
identificadas como não conformes em todo o país. Destas amostras, 58% 
foram reprovadas em teor de EAC, 22% em destilação e 14% em teor de 
marcadores. Na categoria “Outros” encontra-se irregularidades na 
determinação do teor de metanol e aspecto. 
Percebe-se que as não conformidades encontradas pelo LCL nos 
combustíveis são compatíveis com as não conformidades mais comuns no 
país, o que permite dizer que o resultado geral das análises realizadas 
39 
Beatriz Andrade dos Ramos 
 
 
 
 
regularmente pelo LCL para o PMQC tem sido positivo, pois mesmo que não 
haja 100% de conformidade garantida pelos distribuidores e revendedores para 
todos os combustíveis, o monitoramento é eficiente para identificação destas 
não conformidades. 
40 
Beatriz Andrade dos Ramos 
 
 
 
 
6 CONCLUSÃO 
 
O período de estágio no LCL, rendeu diversos aprendizados sobre 
combustíveis e suas técnicas de caracterização, possibilitou o contato direto 
com a realidade do químico, além do aperfeiçoamento de habilidades técnicas 
e desenvolvimento de uma postura profissional. 
O estudo das normas brasileiras e internacionais adotadas pela ANP, 
juntamente aos treinamentos sobre caracterização de cada combustível, 
favoreceu o entendimento dos procedimentos utilizados, bem como a 
fundamentação teórica que baseia cada ensaio e orientou a identificação de 
adulteração nas amostras. 
Durante o estágio, houve vários treinamentos em prol do sistema de gestão 
da qualidade do LCL, incluindo também testes de repetibilidade e 
reprodutibilidade para estudo de validação e confirmação de métodos, para 
implementação do sistema de gestão da qualidade do laboratório conforme a 
norma ABNT NBR ISO/IEC 17025. Houve também a oportunidade de 
participação na edição de procedimentos operacionais, visto a habilidade 
obtida para identificação de problemas. 
Com base nos dados expostos neste trabalho, fica evidente a importância 
do monitoramento de combustíveis realizada pelo PMQC, cujos os resultados 
tem sido favoráveis aos estados monitorados por esse programa. 
41 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
[1] ANP, Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. 
Qualidade de produtos: Programas de monitoramento da qualidade de 
combustíveis. 2018. Disponível em: <http://www.anp.gov.br/qualidade- 
produtos/158-programas-de-monitoramento/1864-pmqc>. Último acesso em: 
10 dez. 2018. 
 
[2] FARAH, Marco Antônio. Petróleo e seus derivados: definição, constituição, 
aplicações, características de qualidade. Rio de Janeiro: LTC, 2013. 261 p. 
 
[3] FARIAS, Robson Fernandes de. Introdução à Química do Petróleo. Rio 
de Janeiro: Editora Ciência Moderna Ltda., 2008. 106 p. 
 
[4] LORA, Electo Eduardo Silva; VENTURINI, Osvaldo José (Org.). 
Biocombustíveis: definição, constituição, aplicações, características de 
qualidad. Rio de Janeir: Interciência Ltda., 2012. 588 p. v. 1. 
 
[5] TAKESHITA, Elaine Vosniak. Adulteração de gasolina por adição de 
solventes: análise dos parâmetros físico-químicos. 2006. 113 p. Dissertação 
(Mestrado em Engenharia Química)- Universidade Federal de Santa Catarina, 
 
<https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/89520/226279.pdf?seq 
uence=1>. Último acessoem: 10 dez. 2018. 
 
[6] ALISKE, Marcelo Adriano. Medidas de espectroscopia no infravermelho 
médio para a determinação do teor de biodiesel em óleo diesel. 2010. 100 
p. Dissertação (Mestrado em Engenharia e Ciência dos Materiais)- 
Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2010. Disponível em: 
<https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/24912/Dissertacao_Mestrad 
o_Marcelo_Adriano_Aliske.pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Último acesso em: 
10 dez. 2018. 
Florianopólis, 2006. Disponível em: 
http://www.anp.gov.br/qualidade-
42 
 
 
 
 
[7] SILVA, Adenilton Camilo da. Metodologias analíticas para a identificação 
de não conformidades em amostras de álcool combustível. 2013. 98 p. 
Dissertação (Mestrado em Química)- Universidade Federal da Paraíba, João 
 
<https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/tede/8167>. Último acesso em: 10 dez. 
2018. 
 
[8] SANTOS, A. da Silva. Adição de compostos oxigenados a motores de ciclo 
Otto e Diesel. Projeto final de curso. Escola de Química, UFRJ, Rio de Janeiro, 
1998. 
 
[9] ANP, Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. 
Boletim de Monitoramento da Qualidade dos Combustíveis : julho, agosto e 
setembro. 2018. Disponível em: <http://www.anp.gov.br/publicacoes/boletins- 
anp/2390-boletim-de-monitoramento-da-qualidade-dos-combustiveis-pmqc>. 
Último acesso em: 10 dez. 2018. 
 
[] – GUARIEIRO, L. L. N.; VASCONCELOS, P. C.; SOLCI, M. C. Poluentes 
Atmosféricos Provenientes da Queima de Combustíveis Fósseis e 
Biocombustíveis: Uma Breve Revisão. Revista Virtual de Química, 2011, 3 
(5), 434-445. Data de publicação na Web: 16 de novembro de 2011. Último 
acesso em: 10 dez. 2018. 
Pessoa, 2013. Disponível em: 
http://www.anp.gov.br/publicacoes/boletins-
43 
 
 
 
 
ANEXOS 
44 
 
 
 
 
ANEXO I 
1. Estrutura do laboratório 
O Laboratório de Combustíveis e Lubrificantes possui estrutura adequada 
para realização dos ensaios de rotina referentes à monitoração da qualidade de 
combustíveis líquidos, conforme regulamentado nas normas vigentes, 
estabelecidas em portaria pela ANP. 
Alguns instrumentos utilizados para o monitoramento da qualidade de 
combustíveis, a respectiva marca e modelo: 
- Equipamentos 
Destiladores atmosféricos automáticos – Herzog PAC, modelo OptiDist; 
Analisador de enxofre e cloro total por FRX – Horiba, modelo Mesa 7220; 
pH-metro digital – Metrohm, modelo 913; 
Condutivímetro digital – Metrohm, modelo 912; 
Ponto de fulgor automático de vaso fechado Pensky-Martens –Tanaka, APM 7; 
Ponto de fulgor automático de vaso fechado TAG – Herzog PAC, HFP 362; 
Densímetro digital de bancada – Anton Paar, modelo D4500M; 
Cromatógrafos à gás (CG-FID) – Shimadzu; 
Colorímetro manual – Stanhope-Seta; 
Espectrofotômetro de infravermelho com transformada de Fourier – Shimadzu, 
modelo IRAffinity 1; 
Titulador coulométrico Karl-Fischer – Metrohm, modelo KFC 831; 
 
 
- Acessórios 
Balança analítica; 
Banho térmico; 
Termômetro; 
Barômetro; 
Higrômetro; 
Bomba de vácuo; 
Bomba de água; 
Linha de ar comprimido; 
Geladeira; 
Chapa de aquecimento; 
Entre outros. 
45 
 
 
 
 
2. Segurança no laboratório 
A segurança é de responsabilidade do coletivo e necessita da cooperação 
de todos os indivíduos do laboratório. A falha no cumprimento das instruções 
de trabalho e ausência de senso na utilização de equipamentos e amostras é 
prejudicial para a qualidade do trabalho exercido, além de demonstrar riscos 
aos operadores. 
Para tanto, os funcionários do LCL passam por treinamentos específicos de 
segurança e qualidade, fora os treinamentos de caracterização dos 
combustíveis. Nestes treinamentos, são expostos instrução de trabalho e 
procedimento operacional padrão, que descrevem a necessidade de 
equipamentos de proteção. 
 
- Equipamentos de Proteção Individual 
Todos os funcionários do LCL, incluindo bolsistas e gerentes, são 
obrigados a apresentar-se vestindo calças de tecido grosso, sapatos fechados 
e adequados. É fornecido a cada integrante jalecos personalizados, máscara 
com filtro químico e óculos de proteção, a fim de evitar ao máximo o contato ou 
a exposição a compostos voláteis. O uso de luvas de nitrila é indispensável. 
 
- Equipamentos de Proteção Coletiva 
O manuseio das amostras deve ser realizado em capelas com luzes 
para facilitar a visualização do procedimento e exaustores ligados para evitar a 
perda de compostos voláteis contidos nas mesmas. 
46 
 
 
 
 
ANEXO II 
1. Tabela das Especificações da Gasolina Automotiva 
 
RESOLUÇÃO ANP Nº 40, DE 28.10.2013 - DOU 30.10.2013 
PORTARIA MAPA N° 75 de 05/03/2015 
 
 
CARACTERÍSTICA 
 
UNIDADE 
LIMITE 
MÉTODO Gasolina 
Comum 
Gasolina 
Premium 
Tipo C Tipo C ABNT ASTM 
Cor - (3) Visual 
Aspecto - (4) 14954 (5) 
D4176 
(5) 
Teor de Etanol Anidro 
Combustível - EAC 
%volume 27 (7) 25 (7) 13992 - 
Massa específica a 
20ºC 
kg/m3 anotar 
7148 
14065 
D1298 
D4052 
Destilação 
 
 
 
 
9619 
 
 
 
 
 
D86 
10% evaporado, 
máx. 
 
 
 
ºC 
65,0 
50% evaporado, 
máx. 
80,0 
90% evaporado, 
máx. 
190,0 
PFE, máx. 215,0 
Resíduo, máx. %volume 2,0 
Nº de Octano Motor - 
MON, mín. (9) 
- 82,0 - Infravermelho - 
Índice Antidetonante - 
IAD, mín. (9) (10) 
- 87,0 91,0 Infravermelho - 
Teor de Enxofre, máx. 
(13) 
mg/kg 50,0 - 
D5453 
D7220 
Benzeno, máx. (13) %volume 1,0 - D6277 
Hidrocarbonetos: (13) (14) 
Aromáticos, máx. 
 
%volume 
35 
 
Infravermelho 
 
 
- Olefínicos, máx. 25 
Saturados anotar 
Teor de Metanol, 
máx. 
% volume 0,5 (1) 16041 - 
47 
 
 
 
 
(1) Proibida a adição. Deve ser medido quando houver dúvida quanto à 
ocorrência de contaminação. 
(3) De incolor a alaranjada, se isenta de corante, cuja utilização é permitida no 
teor máximo de 50 ppm com exceção da cor azul, restrita à gasolina de 
aviação. 
(4) Límpido e isento de impurezas. 
(5) Procedimento 1. 
(7) O teor de etanol anidro combustível (EAC) a ser misturado à gasolina A 
para produção da gasolina C deverá estar em conformidade com a legislação 
vigente. 
(9) Os ensaios de número de octano MON e RON deverão ser realizados com 
a adição de EAC à gasolina A, no teor de um ponto percentual abaixo do valor 
em vigor na data da produção da gasolina A. 
(10) Índice Antidetonante é a média aritmética dos valores de número de 
octano determinados pelos métodos MON e RON. 
(13) Os ensaios de teor de compostos aromáticos, olefínicos, saturados, de 
benzeno e enxofre deverão ser realizados com a adição de EAC à gasolina A, 
no teor de um ponto percentual abaixo do valor em vigor na data da produção 
da gasolina A. 
(14) Alternativamente, é permitida a determinação dos hidrocarbonetos 
aromáticos, olefínicos e saturados por cromatografia gasosa. Em caso de 
desacordo entre resultados, prevalecerão os valores determinados pelo ensaio 
realizado conforme a norma ABNT NBR 14932 ou ASTM D1319. 
48 
 
 
 
2. Tabela das Especificações do Óleo Diesel de Uso Rodoviário 
RESOLUÇÃO ANP Nº 50, DE 23.12.2013 - DOU 24.12.2013 
RESOLUÇÃO ANP Nº 69, DE 23.12.2014 - DOU 24.12.2014 – Edição Extra 
RESOLUÇÃO ANP Nº 13, DE 06.3.2015 - DOU 9.3.2015 – Edição Extra 
 
 
CARACTERÍSTICA 
 
UNIDADE 
LIMITE MÉTODO 
TIPO A e B ABNT 
NBR 
ASTM/ 
EN S10 S500 
Aspecto (2) (22) (23) - 
Límpido e isento de 
impurezas 
14954 D4176 
Cor - (3) 
Vermelh 
o (4) 
Visual - 
Cor ASTM, máx. (5) - 3,0 14483 D1500 
Teor de biodiesel (6) % volume (7) 15568 
EN1407 
8 
Enxofre total, máx. (21) mg/kg 10,0 (8) 500 - 
D5453 
D7220 
Massa específica a 20ºC kg/m3 
815,0 a 
853,0 (10) 
815,0 a 
865,0 
7148 
14065 
D1298 
D4052 
Ponto de fulgor, mín. ºC 38,0 
7974 
14598 
D56 
D93 
Destilação 
 
 
 
 
9619 
 
 
 
 
 
D86 
10% vol., recuperados, 
mín. 
 
 
 
 
ºC 
180,0 Anotar 
50% vol., recuperados 
245,0 a 
295,0 
245,0 a 
310,0 
85% vol., recuperados, 
máx. 
- 360,0 
90% vol., recuperados - Anotar 
95% vol., recuperados, 
máx. 
370,0 - 
Teor de água(13), máx. mg/kg 200 500 - D6304 
Contaminação total (14), 
máx. 
mg/kg 24 - 
 EN 
12662 
Água e sedimentos, máx. 
(14) 
% volume - 0,05 - D2709 
 
 
 
 
 
(2) Deverá ser aplicado o procedimento 1 para cada método. 
49 
 
 
 
 
(3) Usualmente de incolor a amarelada, podendo apresentar-se ligeiramente 
alterada para as tonalidades marrom e alaranjada devido à coloração do 
biodiesel. 
(4) O corante vermelho, especificado conforme a Tabela III, deverá ser 
adicionado no teor de 20 mg/L de acordo com o artigo 12. 
(5) Limite requerido antes da adição do corante. 
(6) Aplicável apenas para o óleo diesel B. 
(7) No percentual estabelecido pela legislação vigente. Será admitida variação 
de ± 0,5 % volume. A norma EM 14078 é de referência em caso de disputa 
para a determinação do teor de biodiesel no óleo diesel B. 
(8) Para efeito de fiscalização nas autuações por não conformidade, será 
admitida variação de +5 mg/kg no limite da característica teor de enxofre do 
óleo diesel B S10, nos segmentos de distribuição e revenda de combustíveis. 
(10) Será admitida a faixa de 815 a 850 kg/m3 para o óleo diesel A. 
(13) Aplicável na produção e na importação do óleo diesel A S10 e A S500 e a 
ambos os óleos diesel B na distribuição. 
(14) Aplicável 
comercialização. 
na importação, antes da liberação do produto para 
(21) Em caso de disputa, a norma ASTM D5453 deverá ser utilizada. 
(22) Em caso de disputa, o produto será considerado como não especificado 
na característica Aspecto, caso ao menos um entre os parâmetros teor de água 
e água e sedimentos, para o óleo diesel S500, e um entre os parâmetros teor 
de água e contaminação total, para o óleo diesel S10, esteja não conforme. 
(23) Para efeito de fiscalização, nas autuações por não conformidade no 
Aspecto, deverão ser realizadas as análises de teor de água e água e 
sedimentos, para o óleo diesel S500, ou teor de água e contaminação total, 
para o óleo diesel S10. O produto será reprovado caso ao menos um desses 
parâmetros esteja fora de especificação. 
50 
 
 
 
 
3. Tabela das Especificações do EHC 
 
RESOLUÇÃO ANP Nº 19, DE 15.4.2015 - DOU 16.4.2015 
REPUBLICADA DOU 17.4.2015 
REPUBLICADA DOU 20.4.2015 
 
CARACTERÍSTICA UNIDADE 
LIMITE MÉTODO 
EHC EHCP(2) NBR ASTM 
Aspecto (3) - 
Límpido e Isento de 
Impurezas (LII) 
Visual 
Cor - (5) Visual 
Condutividade elétrica, máx. (6) µS/m 300 10547 - 
Massa específica a 20ºC kg/m3 
802,9 a 
811,2 
796,2 a 
802,8 
5992 
15639 
- 
Teor alcoólico (8) (9) % massa 
92,5 a 
95,4 
95,5 a 
97,7 
5992 
15639 
- 
Potencial hidrogeniônico (pH) - 6,0 a 8,0 10891 - 
Resíduo por evaporação, máx. (12) mg/100 mL 5 8644 
 
Teor de hidrocarbonetos, máx. (12) % volume 3 13993 - 
Teor de metanol, mín. (10) % volume 0,5 16041 - 
* Características do EHC que deverão estar presentes no Boletim de Conformidade 
emitido pelo distribuidor de Etanol (19). 
51 
 
 
 
 
(2) No Certificado da Qualidade deverá ser indicada a nomenclatura Etanol Hidratado 
Combustível Premium, quando os resultados das análises atenderem aos limites de 
especificação do EHCP. 
(3) O produto só poderá ser considerado reprovado no Aspecto, caso o parâmetro resíduo 
por evaporação estiver não conforme. Alternativamente, o parâmetro resíduo por 
evaporação pode ser substituído pelo teor de material não volátil, segundo a norma ABNT 
NBR 15559: Etanol combustível - Determinação do teor de material não volátil por 
evaporação, sendo aceito o limite de 5 mg/100mL. 
(4) Laranja após adição do corante especificado segundo a Tabela VII deste Regulamento 
Técnico. 
(5) Não pode apresentar as colorações laranja e azul, restritas ao EAC e à gasolina de 
aviação, respectivamente. 
(6) O limite de 300 uS/m entrará em vigor a partir de 1º de julho de 2015. Até 30 de junho 
de 2015, fica o valor máximo de 389 uS/m. 
(8) A unidade ºINPM é equivalente à unidade % massa para o teor alcoólico. 
(9) Para o cálculo do teor alcoólico, deve ser considerado o valor da massa específica 
com apenas uma casa decimal. Aplicar a regra de arredondamento determinada na norma 
NBR 5891. 
(10) Análise obrigatória para produto importado e quando houver suspeita de 
contaminação ou por solicitação da ANP. 
(12) Análise obrigatória para produto importado e em caso de Etanol Combustível 
proveniente de transporte dutoviário ou aquaviário, o que não isenta de responsabilidade 
os agentes econômicos em atender o limite previsto na especificação nos casos em que o 
etanol não for transportado por estes modais. 
(13) No caso de Etanol Combustível aditivado, a determinação da característica resíduo 
por evaporação deverá ser conduzida conforme procedimento 2 da norma ABNT NBR 
8644. 
(19) A cadeia de distribuição e revenda também deverá atender aos limites estabelecidos 
na Tabela V, nos parâmetros não exigidos no Boletim de Conformidade.

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