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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS CURSO DE ADMINISTRAÇÃO RENATO DA CUNHA MEDEIROS PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO: UM DIAGNÓSTICO NA EMPRESA EMPÓRIO REGIONAL Natal 2019 RENATO DA CUNHA MEDEIROS PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO: UM DIAGNÓSTICO NA EMPRESA EMPÓRIO REGIONAL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Coordenação do curso de graduação em Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, com requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Administração. Orientador(a): Dinara Leslye Macedo e Silva Calazans Natal 2019 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências Sociais Aplicadas - CCSA Medeiros, Renato da Cunha. Planejamento estratégico: um diagnóstico na empresa Empório Regional / Renato da Cunha Medeiros. - 2019. 71f.: il. Monografia (Graduação em Administração) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Departamento de Ciências Administrativas. Natal, RN, 2019. Orientador: Profa. Dra. Dinara Leslye Macedo e Silva Calazans. 1. Planejamento Estratégico - Monografia. 2. Vantagem competitiva - Monografia. 3. Análise ambiental - Monografia. 4. Balanced scorecard - Monografia. I. Calazans, Dinara Leslye Macedo e Silva. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título. RN/UF/Biblioteca do CCSA CDU 005.51 Renato da Cunha Medeiros PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO: UM DIAGNÓSTICO NA EMPRESA EMPÓRIO REGIONAL Monografia apresentada e aprovada em ___/___/___, pela banca examinadora composta pelos seguintes membros: ______________________________________ Profª Dinara Leslye Macedo e Silva Calazans, Dra. Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Orientadora _______________________________________ Prof. Fábio Resende Araújo, Dr. Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Membro ________________________________________ Profª Luciana Bezerra de Souza Gianasi, Drª Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Membro Dedico este trabalho aos meus pais, que sempre estiveram presente em minha vida, oferecendo uma educação de qualidade para mim e minha irmã, além de proporcionarem apoio, carinho e amor de forma inigualável. RESUMO Pode-se dizer que o cenário mercadológico está cada vez mais globalizado, dinâmico e competitivo, devendo os gestores estarem cada vez mais atualizados com o mercado, entendendo as necessidades dos clientes, sendo de extrema importância a presença de um planejamento estratégico. Dessa forma, o presente trabalho tem como objetivo realizar um planejamento estratégico na empresa Empório Regional, fazendo um diagnóstico na empresa com o intuito de apresentar iniciativas estratégicas que possam configurar vantagens competitivas em relação aos concorrentes, levando em consideração os ambientes internos e externos no qual a empresa está submetida. Para isso, foi realizada uma análise da identidade organizacional da empresa, definindo o negócio, missão e visão da organização; além da análise dos ambientes externos e internos da organização e das vantagens competitivas que a empresa apresenta, sendo estabelecidos objetivos estratégicos, metas, indicadores e estratégias que configuraram os planos de ação propostos. Para a obtenção dos dados, foi realizada uma entrevista com os gestores, observações pelo autor do trabalho no local de pesquisa, além da utilização das ferramentas matriz SWOT e Balanced Scorecard. Por fim, o presente trabalho destaca a importância da presença de um planejamento estratégico nas empresas, contribuindo para uma gestão mais sólida e eficiente. Palavras-Chaves: Planejamento estratégico. Vantagem competitiva. Análise ambiental. SWOT. Balanced Scorecard. ABSTRACT It can be said that the Market scenario is increasingly globalized, dynamic and competitive, therefore, managers should be updated with the market, understanding customer needs, being extremely important the presence of strategic planning. Therefore, this work has as objective the accomplishment of a strategic planning in the company Empório Regional, making a diagnosis in the company in order to present strategic initiatives that can set competitive advantages over competitors, taking into consideration the internal and external environments in which the company is subjected. For this, an analysis of the organizational identity of the company was performed, defining the business, mission and vision of the organization; beyond the analysis of the external and internal environments of the organization and the competitive advantages that the company presents, being established strategic objectives, goals, indicators and strategies that set up the proposed action plans. For obtaining the data, an interview was conducted with the managers, observations were made by the author of the work at the research site, besides using the SWOT and Balanced Scorecard tools. Finally, this paper highlights the importance of the presence of strategic planning in companies, contributing to a more solid and efficient management. KEY-WORDS: Strategic planning. Competitive advantages. Environment analysis. SWOT. Balanced scorecard. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Imagem 1 – Número de estabelecimentos de pequeno porte no Nordeste ............. 14 Quadro 1 - Varejo alimentício no Brasil: formatos e tipos de loja ............................. 21 Imagem 2 - Industria brasileira de alimentos e bebidas ........................................... 23 Imagem 3 - Vendas no mercado interno .................................................................. 24 Quadro 2 - Características positivas das empresas familiares ................................. 25 Quadro 3 - Características negativas das empresas familiares ................................ 25 Figura 1 - Análise SWOT: matriz de avaliação estratégica ....................................... 33 Quadro 4 - Matriz SWOT cruzada ............................................................................ 34 Figura 2 - Construção da missão .............................................................................. 36 Figura 3 - Orientação estratégica da organização .................................................... 37 Quadro 5 - Matriz SWOT .......................................................................................... 51 Quadro 6 - Cruzamento matriz SWOT...................................................................... 53 Imagem 4 - Mapa estratégico do Empório Regional ................................................ 56 Quadro 7 - Perspectiva financeira: objetivos, metas, indicadores e estratégias ....... 57 Quadro 8 - Perspectiva de clientes: objetivos, metas, indicadores e estratégias ..... 58 Quadro 9 - Perspectiva dos processos internos: objetivos, metas, indicadores e estratégias ................................................................................................................. 59 Quadro 10 - Perspectiva de aprendizado e crescimento: objetivos, metas, indicadores e estratégias........................................................................................... 61 Quadro 11 - Plano de ação 1 e 2 ..............................................................................62 Quadro 12 - Plano de ação 3, 4 e 5 .......................................................................... 63 Quadro 13 - Plano de ação 6 e 7 .............................................................................. 63 SUMÁRIO 1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................. 10 1.1 Caracterização da empresa ......................................................... 10 1.2 Contextualização do problema ..................................................... 11 1.3 Objetivos .................................................................................. 12 1.3.1 Objetivo Geral ...................................................................12 1.3.2 Objetivos Específicos ..........................................................13 1.4 Justificativa ............................................................................... 13 2.0 REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................. 15 2.1 Definição de planejamento .......................................................... 15 2.2 Definição de estratégia ............................................................... 17 2.3 Varejo ...................................................................................... 18 2.3.1 Conceitos ..........................................................................18 2.3.2 Varejo no setor alimentício ..................................................19 2.3.3 Empresas familiares ...........................................................24 2.4 Planejamento estratégico ............................................................ 26 2.4.1 Conceito ...........................................................................26 2.4.2 Estratégias competitivas .....................................................28 2.4.3 Componentes do planejamento estratégico ...........................31 2.4.3.1 Diagnóstico: matriz SWOT .............................................31 2.4.3.2 Identidade organizacional: definição do negócio, missão, visão e valores ........................................................................34 2.4.3.3 BSC e Mapa Estratégico ................................................38 2.4.3.4 Objetivos, Metas e Indicadores ......................................41 2.4.4 Plano de ação – 5W2H ........................................................42 3.0 METODOLOGIA ................................................................................................. 44 3.1 Caracterização do estudo ............................................................ 44 3.2 Unidade de análise ..................................................................... 44 3.3 Coleta de dados ......................................................................... 44 3.4 Análise de dados ........................................................................ 45 4.0 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ........................................ 46 4.1 Avaliação do negócio, missão, visão e valores da empresa .............. 46 4.2 Diagnóstico organizacional .......................................................... 49 4.3 Análise das vantagens competitivas da empresa ............................ 54 4.4 Balanced scorecard .................................................................... 55 4.4.1 Mapa estratégico ............................................................55 4.4.2 Perspectiva financeira – objetivos, metas e indicadores .56 4.4.3 Perspectiva de cliente – objetivos, metas e indicadores .57 4.4.4 Perspectiva dos processos internos – objetivos, metas e indicadores ..............................................................................59 4.4.5 Perspectiva de aprendizagem e crescimento – objetivos, metas e indicadores ................................................................60 4.5 Plano de ação – 5W2H ................................................................ 61 5.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 64 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 65 APÊNDICE A – MODELO DE INSTRUMENTO DE PESQUISA APLICADO COM OS GESTORES - ENTREVISTA .............................................................................. 71 10 1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS O presente trabalho faz alusão a um planejamento estratégico que será realizado na empresa familiar de pequeno porte, Empório Regional, a qual está no mercado potiguar há 30 anos, atuando no setor de varejo alimentício. O planejamento estratégico busca traçar objetivos e metas, contribuindo para uma gestão mais eficaz, alinhando as demais áreas da empresa, com uma visão sistêmica, oferecendo um rumo para a empresa, de forma organizada e direcionada. “O planejamento estratégico envolve a determinações de intenções e objetivos a longo prazo, a definição de diretrizes estratégicas e o planejamento tático envolvendo as atividades de marketing no curto prazo. Para as empresas sintonizadas com o mercado, o planejamento estratégico consiste no processo gerencial de desenvolver e manter um ajuste adequado entre os recursos, talentos e objetivos da empresa e as oportunidades e ameaças de um ambiente varejista sempre mutante.” (PARENTE, 2011, p. 51) 1.1 Caracterização da empresa O Empório Regional é uma empresa familiar que atua no ramo alimentício, principalmente de produtos regionais, há cerca de 30 anos. A organização iniciou suas atividades em 1988, na Rua Mossoró, no bairro de Petrópolis, possuindo seus fundadores origens seridoenses do estado do Rio Grande do Norte, cujas origens facilitaram a percepção da falta de produtos regionais em Natal na época, os quais eram comercializados apenas no interior do Estado. Nessa perspectiva, o Empório Regional foi criado, sendo seu foco inicial produtos regionais, como os queijos de coalho e de manteiga, carne de sol e galinha caipira. Com o decorrer dos anos, conforme ia se consolidando no mercado, seu rol de produtos foi aumentando, com a presença da canjica e da pamonha, possibilitando um certo reconhecimento da clientela local, fidelizando vários destes. Ainda nessa linha de raciocínio, com o crescimento do mercado e da própria organização, naturalmente, um rol maior de produtos foi incorporado, incluindo produtos não regionais, como produtos integrais, sem glúten, sem lactose, diet, light, frutos do mar, salgadinhos, entre outros. É fato que o 11 mercado foi se incorporando, com a presença de vários outros concorrentes, como supermercados, lojas de conveniência, padarias e até feiras, contudo, a tradição da empresa, devido inclusive, ao longo tempo consolidado no mercado, aliado à qualidade, acaba favorecendo o Empório em relação à disputa com os concorrentes, possuindo uma clientela fidelizada e estabelecida. No que tange à definição do negócio estratégico da empresa, destaca- se: soluções em produtos alimentícios regionais, atraindo, em sua maioria, o público natalense, de ambos os sexos, das classes A e B, que prezam pela culinária sertaneja e regional, buscando produtos de confiança e qualidade. Atualmente, a empresa está localizada na Av Afonso Pena, 968, sala 2, no bairro de Tirol, contando com 8 funcionários capacitados para o atendimento da clientela. 1.2 Contextualização do problema É fato que vive-se atualmente em um mundo cujas mudanças acontecem de forma muito rápida, principalmente com o advento da tecnologia, culminando em uma modernização acelerada no dia a dia das sociedades, influenciando inclusive, nos negócios das empresas. Assim, tendo em vista essas constantes mudanças, os gestores atuais devem sempre se atualizar, buscar conhecimento,atendendo assim, as necessidades do seu público alvo que está cada vez mais exigente. Nessa perspectiva, levando em consideração o alto grau de exigência dos clientes, além da exacerbada concorrência existente, tendo como base o setor alimentício, percebe-se a real necessidade de se fazer um planejamento estratégico, podendo entender melhor a empresa, traçar planos, objetivos e metas para o futuro, alinhar-se com as novas tecnologias, além de definir uma vantagem competitiva. “A necessidade de planejar estrategicamente é resultado de dois conjuntos de forças principais: O primeiro compreende as oportunidades e desafios criados pelos segmentos do ambiente, como concorrência, consumidores, tecnologia, fontes de matéria- prima e outros elementos. O segundo compreende os problemas e as oportunidades que surgem nos sistemas internos da organização, como as competências de seus funcionários, a tecnologia de suas máquinas, equipamentos e processos.” 12 (MAXIMILIANO, 2000, p. 203) Vale salientar ainda as dificuldades que uma pequena empresa enfrenta no Brasil nos dias atuais, sendo as decisões estratégicas de suma importância para a sobrevivência dessas empresas. Segundo pesquisa do Sebrae (2014) dentre os principais problemas para o fechamento da empresa, destaca-se: a falta de lucro (19%), mudança de atividade (14%), falta de clientes (9%), problemas de planejamento (8%), problemas com impostos (6%), forte concorrência (3%). Ainda de acordo com esta pesquisa, as duas principais causas para o fechamento do negócio, de modo geral, são a carência de um planejamento prévio e uma gestão empresarial ineficaz. Tendo em vista ainda, estes desafios, é importante ressaltar a pesquisa realizada pela Serasa Experian (2018), no qual contabiliza-se, no Brasil, 5 milhões de micro e pequenas empresas no vermelho, apresentando uma taxa de inadimplência destas, em janeiro de 2018, 10,3% superior às taxas referentes ao mesmo mês no ano de 2017. Ademais, é importante ressaltar que o Empório Regional é uma empresa familiar, ou seja, uma organização onde o fundador e os gestores são de uma mesma família, sendo as decisões estratégicas centralizadas nestes. Dessa forma, o auxílio de um planejamento estratégico é fundamental, compreendendo para uma comunicação mais eficaz, além de uma gestão mais eficiente. Portanto, levando em consideração a realidade cada vez mais difícil enfrentada pelas pequenas empresas, incluindo as empresas familiares, foi realizado, neste trabalho, um planejamento estratégico na empresa Empório Regional, abordando a seguinte problemática: Que estratégias e objetivos podem ser adotados, configurando uma vantagem competitiva organizacional que possa alavancar o desempenho organizacional da empresa? 1.3 Objetivos 1.3.1 Objetivo Geral 13 Realizar uma proposta de planejamento estratégico, que possa subsidiar as vantagens competitivas da empresa, melhorando assim, a gestão estratégica e o desempenho organizacional. 1.3.2 Objetivos Específicos a) Avaliar a visão e a missão da empresa. b) Analisar os ambientes externo e interno a qual a empresa está inserida. c) Fazer uma análise das vantagens competitivas da empresa. d) Definir objetivos e metas com base no mapa estratégico da empresa. e) Elaborar uma proposta de plano de ação com base nos objetivos estratégicos. 1.4 Justificativa Pode-se dizer que o planejamento estratégico é um ponto de extrema importância na sobrevivência e na manutenção das empresas no mercado, tendo em vista inclusive, a vasta quantidade de empresas concorrentes no setor, assim como a crescente exigência dos consumidores no mundo atual. Segundo dados do Sebrae (2016) no RN, em 2006, haviam 56.677 micro e pequenas empresas, enquanto que em 2016 este número subiu para 78.481. Isto é, nota-se uma evolução do número de empresas. A pesquisa em questão relata ainda os 20 estabelecimentos com mais incidência nos pequenos negócios na região Nordeste, com prevalência para o comércio varejista no setor de alimentos. Segue a imagem: 14 Imagem 1 – Número de estabelecimentos de pequeno porte no Nordeste Fonte: MTb. Rais. Elaboração: DIEESE apud Sebrae, p. 71. Nessa perspectiva, a adoção de um planejamento estratégico; cujos objetivos auxiliam no fortalecimento de vantagens competitivas, assim como na análise do ambiente que permeia a empresa; ajudam na gestão estratégica da organização. Segundo Maximiano (2000, p. 179) “A organização que planeja procura antecipar-se às mudanças em seus sistemas internos e no ambiente, como forma de garantir sua sobrevivência e eficácia.” É fato também, que uma organização como o Empório Regional, no qual possui 30 anos de existência, necessita de vantagens competitivas mais sólidas, diferindo o estabelecimento dos demais concorrentes, dessa forma, a relevância do estudo a respeito do planejamento estratégico é fundamental, trazendo à tona, estudos teóricos, análises de metodologias empresariais, podendo subsidiar o desempenho organizacional. Além disso, a proximidade do autor com a empresa em questão é um fator de extrema importância, levando em consideração a facilidade de obtenção dos dados que possam auxiliar neste trabalho, contribuindo para um planejamento estratégico mais eficaz e impactante. 15 2.0 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Definição de planejamento É possível afirmar que o conceito de planejamento engloba diversos fatores, sendo, portanto, bastante amplo e abrangente. Dessa forma, Steiner (apud OLIVEIRA, 1998) estabelece cinco dimensões em que se visualiza a amplitude do tema planejamento: A primeira dimensão trata do assunto abordado, podendo ser marketing, produção, finanças, recursos humanos etc. A segunda dimensão diz respeito aos elementos do planejamento, podendo destacar os orçamentos, estratégias, políticas, objetivos, normas etc. A terceira dimensão relaciona-se com o tempo do planejamento, podendo ser de curto, médio ou longo prazo. A quarta dimensão corresponde às unidades organizacionais onde será elaborado o planejamento A quinta dimensão, por fim, está relacionada com as características do planejamento, podendo ser simples ou complexas, confidenciais ou públicas, formal ou informal, econômico ou caro etc. Considerando as dimensões citadas, Oliveira (1998) conceitua planejamento como um processo, em que se busca a obtenção de uma situação almejada de modo eficiente, levando em consideração os recursos da empresa. Seguindo nessa linha de raciocínio, Gil (2010) defende que o planejamento engloba quatro elementos fundamentais: processo, eficiência, prazos e metas. Segundo Pereira (2010, p. 44): “a palavra “planejamento” lembra pensar, agir, criar, tentar controlar o futuro da organização dentro de um horizonte estratégico. O planejamento pode ser o processo formalizado para gerar resultados a partir de um sistema integrado de decisões.” É preciso ressaltar a importância da tomada de decisão no processo de planejamento, tendo em vista que esta irá escolher possíveis alternativas para guiar a organização aos seus objetivos futuros que foram traçados no 16 planejamento. “Planejar consiste em tomar antecipadamente um conjunto de decisões.” (LAS CASAS, 2010, p. 81). Corroborando com este prisma de abordagem, Maximiano (2009, p. 121) explica que “planejamento é o processo de tomar decisões sobre o futuro. As decisões que procuram, de alguma forma, influenciar o futuro, ou que serão colocadas em prática no futuro, são decisões de planejamento.” Para Chiavenato (2005, p. 193) “Planejar significa olhar para frente, visualizar o futuro e o que deverá ser feito, elaborar bons planos e ajudar as pessoas a fazer hoje as ações necessárias para melhor enfrentar os desafios doamanhã.” Chiavenato (2005) discorre ainda a respeito do processo de planejamento, segundo ele, em um planejamento, devem ser seguidas as seguintes séries: Definição dos objetivos: trata-se do primeiro passo do planejamento, servindo de direção aos planos e especificando os resultados almejados. Verificação da situação atual em relação aos objetivos: Deve-se avaliar a situação atual em relação aos objetivos almejados, analisando o que necessita ser feito. Desenvolvimento de premissas quanto às condições futuras: trata-se de gerar cenários alternativos para os estados futuros das ações, analisando o que pode prejudicar ou ajudar os objetivos traçados. Analisar alternativas de ação: nessa série, deve-se avaliar as possíveis ações a serem tomadas para que se possa escolher uma que favoreça o alcance dos objetivos traçados. Escolher uma ação entre as demais: trata-se de uma tomada de decisão, em que se escolhe uma alternativa e abandona as demais. Implementar o plano e avaliar os resultados: deve-se seguir o que foi determinado no plano e avaliar os resultados de forma que assegure o alcance dos objetivos. Cazagrande e Pontes (2018), no entanto, desviam um pouco o foco estabelecido pelos outros autores no que diz respeito à ligação do planejamento com o futuro, segundo eles, “o planejamento não trata apenas das decisões sobre o futuro, mas questiona principalmente o momento atual 17 em que está inserido.” (CAZAGRANDE; PONTES, 2018, p. 26) Isto é, a arte de planejar consiste em perceber a realidade a qual está inserida, analisando recursos e possibilidades do presente, podendo pensar em medidas a serem tomadas que modifiquem situações adversas vividas no período atual, para que assim seja possível obter um melhor cenário atual, e consequentemente, futuro. 2.2 Definição de estratégia Pode-se dizer que existem diversas concepções teóricas acerca do tema estratégia, tendo sido possível a estruturação desta com o passar dos anos, contudo, apesar de haver concordâncias por parte da maioria dos autores deste tema no que diz respeito à contribuição da estratégia para a prosperidade das organizações, não há um consenso comum a respeito da definição do que é uma estratégia. Segundo Clausewitz (apud BRAUM; VILLAR; WALTER, 2017) a estratégia tem origem militar, oriundo do grego strategus, no qual fazia referência a um plano de guerra, isto é, um retrato de como as pessoas atuarão, individualmente ou coletivamente, em prol dos objetivos esperados. De acordo com Barnard (apud BARBOSA et al., 2017, p. 319): A importância da estratégia relaciona-se com a eficiência, podendo ser do ponto de vista externo, relacionada ao meio em que está envolvida, ou relacionado ao meio interno, considerando a contribuição dos membros para o alcance dos objetivos almejados. Segundo CHIAVENATO E SAPIRO (2004, p. 38) “a estratégia tem muito a ver com o comportamento sistêmico e holístico, isto é, ela envolve a organização como uma totalidade, ela se refere ao comportamento adaptativo da organização.” Para PORTER (1999) estratégia é a criação de compatibilidade entre as atividades da empresa, ou seja, o sucesso da implantação de uma estratégia, assim como sua execução, depende de várias atividades e da integração entre elas. Corroborando com estes autores, Ansoff (apud BRAUM; VILLAR; WALTER, 2017, p. 11) entende que “estratégia é entendida como um dos vários conjuntos de regras de uma organização utilizados para orientar o comportamento de uma organização.” Chandler (apud BRAUM; Villar; 18 WALTER, 2017, p. 10) complementa ainda, ao definir estratégia como “uma visão dos objetivos organizacionais em longo prazo, e da viabilização de ações e recursos para atingi-los”. Pode-se afirmar, portanto, que a estratégia possui um valor essencial para as organizações, englobando a empresa como um todo, sendo de extrema importância para o alcance dos objetivos traçados. Segundo OLIVEIRA (2009, p. 5): A estratégia constitui-se na melhor arma de que pode dispor uma empresa para otimizar o uso de seus recursos, tornar-se altamente competitiva, superar a concorrência, reduzir seus problemas e otimizar a exploração das possíveis oportunidades que o ambiente possa proporcionar à empresa e esta tenha condições de usufruir. OLIVEIRA (2009) complementa ainda, definindo a função da estratégia, segundo ele, a finalidade das estratégias empresariais é nortear os planos de ação das empresas para o alcance dos objetivos e resultados almejados. No ponto de vista de Mintzberg e Quinn (2001, p. 58): Estratégia empresarial é o padrão de decisões em uma empresa que determina e revela seus objetivos, propósitos ou metas, produz as principais políticas e planos para a obtenção dessas metas e define a escala de negócios em que a empresa deve se envolver, o tipo de organização econômica e humana que pretende ser e a natureza da contribuição econômica e não-econômica que pretende proporcionar a seus acionistas, funcionários e comunidades. 2.3 Varejo 2.3.1 Conceitos Na visão de Kotler (2000, p. 540) “O varejo inclui todas as atividades relativas à venda de produtos ou serviços diretamente aos consumidores finais, para uso pessoal e não-comercial.” Seguindo nesta linha de raciocínio, Parente (2011, p. 22) fala que “varejo consiste em todas as atividades que englobam o processo de venda de produtos e serviços para atender a uma necessidade pessoal do consumidor final.” Ainda nesse prisma de abordagem, a American Marketing Association apud Las Casas (2010) cita o varejo como unidade de negócio que compra mercadorias de fabricantes, atacadistas e distribuidores, vendendo para os consumidores finais. 19 Para Las Casas (2010, p. 320) “Um comércio varejista que vende por meio de lojas é chamado de varejo lojista, e aquele que vende diretamente é o não lojista.” Las Casas (2010) complementa ainda ao dizer que consideram-se estabelecimento varejistas empresas que possuem mais da metade de suas operações através das vendas a varejo. Conforme Levy e Weitz (2000) apud Carvalho; Lima; Neto (2012) os varejistas são responsáveis por negociar e efetuar funções que aumentem o valor agregado dos produtos e serviços ofertados aos clientes e consumidores Analisando dados do IBGE (2019), relata-se que o segmento varejista no ano de 2014 respondeu por 73,7% do pessoal ocupado do comércio no Brasil, dos quais, em termos salariais, foi responsável por 117,2 bilhões de reais, correspondendo a 62,9% do total pago na atividade comercial. Para o IBGE, observa-se um vasto número de empresas de pequeno porte no ramo varejista, cujas vendas são destinadas ao consumidor final, para uso familiar ou pessoal. Pantano (2014) apud Varotto (2018, p. 440), por sua vez, defende que “O varejo é frequentemente alvo de processos disruptivos de inovação que modificam a sua organização tradicional.” Para Kotler (2003), por fim, os varejistas devem dedicar tempo para identificar e conhecer os clientes, proporcionar experiências cativantes, focar nas próprias marcas e oferecer informações para os clientes através de inovações. 2.3.2 Varejo no setor alimentício De acordo com Parente (2011) o varejo alimentício no Brasil possui uma ampla variedade de modelos e formatos de lojas, atendendo à diversas características e necessidades de mercado. Parente (2011, p. 30 – 33) classifica e conceitua os formatos de varejo: Bares: também denominados de botecos, botequins, lancherias, bares e cafés, possuem grande importância na distribuição de bebidas alcoolicas e não alcoolicas. Em geral, servem lanches e bebidas para consumo local, e oferecem uma linha restrita de mercearia de consumo imediato, concentrada em cigarros, balas, chocolates e salgadinhos. 20 Mercearia: também chamadas de armazém ou empórios,são lojas pequenas de 20 a 50m² de área de venda, que oferecem uma linha básica de produtos de mercearia, frios, laticínios e bazar. Estão localizadas e sobrevivem, principalmente, em regiões de baixo potencial de mercado, onde não se justifica a instalação de supermercados compactos. Padarias: é um formato varejista peculiar, já que boa parte de sua receita é proveniente da própria fabricação de pães e bolos. Minimercados: um expressivo tipo de varejo, especialmente forte nos bairros de classe baixa, localizados na periferia das cidades brasileiras. Apresentam a linha de produtos de uma mercearia, porém já adotam o sistema de auto-serviço, com apenas um check out. Lojas de conveniência: localizadas principalmente em postos de gasolina, enfrentam dois fortes concorrentes que têm limitado sua expansão: de um lado, os super e hipermercados, e do outro, o atendimento personalizado e a maior variedade de padarias. Supermercados compactos: caracterizam-se pelo sistema auto-serviço, check outs (caixa registradora sobre balcão na saída da loja) e produtos dispostos de maneira acessível, que permitem aos fregueses “auto- servirem-se”, utilizando cestas e carrinhos. Supermercados convencionais: são supermercados de porte médio, que mantém o caráter essencialmente de loja de alimentos, apresentando boa variedade de produtos. Superlojas: são grandes supermercados, que apresentam completa linha de produtos perecíveis. Apesar de serem lojas predominantemente de alimentos, oferecem também razoável gama de produtos não- alimentícios, inclusive têxtil e eletrônicos. Hipermercados: são grandes lojas de auto-serviço, que apresentam enorme variedade de produtos alimentícios e não-alimentícios. Clubes atacadistas: são grandes lojas que tanto realizam vendas no varejo (para o consumidor final), como vendas no atacado (para comerciantes e operadores de restaurantes). Apresentam um sortimento 21 bastante compacto, instalações despojadas, limitada gama de serviços e preços especialmente baixos. As informações referentes aos formatos e tipos de varejo alimentício, assim como suas características e peculiaridades são resumidas no quadro 1 abaixo: Quadro 1 - Varejo alimentício no Brasil: formatos e tipos de loja Formatos de loja Área de vendas/m² N° médio de itens % de vendas não- alimentos N° de check outs Seções Bares 20 – 50 300 1 * Mercearia, lanches e bebidas Mercearia 20 – 50 500 3 * Mercearia, frios, laticínios e bazar Padaria 50 – 100 1000 1 * Padaria, mercearia, frios, laticínios, lanches Minimercado 50 – 100 1000 3 1 Mercearia, frios, laticínios e bazar Loja de conveniência 50 – 250 1000 3 1 – 2 Mercearia, frios, laticínios, bazar, lanches Supermercado compacto 300 – 700 4000 3 2 – 6 Mercearia, hortifrúti, carnes, aves, frios, laticínios, bazar Supermercado convencional 700 – 2500 9000 6 7 – 20 Mercearia, hortifrúti, carnes, aves, frios, laticínios, peixaria e bazar Superloja 3000 – 5000 14000 12 25 – 36 Mercearia, hortifrúti, carnes, aves, frios, laticínios, peixaria, padaria, bazar, têxtil, eletrônicos Hipermercado 7000 – 16000 45000 30 55 – 90 Mercearia, hortifrúti, carnes, aves, frios, 22 laticínios, peixaria, padaria, bazar, têxtil, eletrônicos Clube atacadista 5000 – 12000 5000 35 25 – 35 Mercearia, hortifrúti, carnes, aves, frios, laticínios, bazar, têxtil, eletrônicos Fonte: Adaptado de Brito (1998) apud Parente (2011, p. 30) No ponto de vista de Degrande et al. (2017), Com o surgimento da internet, o varejo físico tendia a se desvalorizar, porém, no varejo alimentício ainda há dependência das instalações físicas, havendo a necessidade dos consumidores tocarem e verem os produtos. Piotrowicz & Cuthbertson apud Varotto (2018) corroboram com esta linha de pensamento ao defender que: O impacto das novas tecnologias no hábito de consumo do consumidor brasileiro, em especial para as lojas físicas, é bastante grande. No Brasil, assim como na maior parte do mundo, os consumidores querem ter a liberdade de transitar por diferentes canais, mas ainda querem continuar a ver, sentir, tocar e testar os produtos, bem como sentir a atmosfera da loja. (Piotrowicz & Cuthbertson, 2014 apud VAROTTO, 2018, p.441) Isto é, apesar de haver um impacto e relevância na adesão de novas tecnologias no universo do varejo, ainda é necessário considerar as lojas físicas, levando em consideração as necessidades dos consumidores em ver algo palpável, sendo ainda uma experiência significativa para os clientes. Vale ressaltar ainda, a importância do varejo para a economia, levando em consideração inclusive, seus desdobramentos, possuindo um impacto significativo para o país. De acordo com dados fornecidos pela ABIA - Associação Brasileira da Industria de Alimentos (2019), o setor alimentício no Brasil representou um crescimento de 2,08% em faturamento no ano de 2018, correspondendo a um total de R$ 656 bilhões somadas exportação e vendas para o mercado interno, representando cerca de 9,6% do PIB brasileiro. A indústria alimentícia foi geradora ainda, de 1,6 milhões de postos diretos de trabalho, reunindo 35,7 mil empresas, alcançando um investimento total de R$ 21,4 bilhões, com um aumento de cerca de 13,4% em relação ao ano de 2017. 23 As informações referentes aos dados do setor alimentício no Brasil, citadas anteriormente, são compiladas e resumidas na imagem 2 abaixo: Imagem 2 - Industria brasileira de alimentos e bebidas Fonte: ABIA – Relatório Anual 2018, (2019, p. 10) No que tange ao mercado interno, o varejo de alimentos alcançou um índice de R$352 bilhões em venda, enquanto o food service (alimentação fora do lar) alcançou um índice de R$172 bilhões em venda, ambos apresentando um crescimento em relação aos anos anteriores. Segue a imagem 3 abaixo com os dados referentes às vendas no mercado interno: 24 Imagem 3 - Vendas no mercado interno Fonte: ABIA – Relatório Anual 2018 (2019, p. 11) 2.3.3 Empresas familiares Pode-se dizer que atualmente não existe um conceito definitivo a respeito do tema “empresa familiar”, contudo, observa-se a presença de diferentes conceitos sobre o tema com algumas convergências e divergências. De acordo com Nishitsuji (apud LEONE et al., 2017, p. 22) “uma empresa familiar é aquela em que a sucessão da diretoria está ligada ao fator hereditário e onde os valores institucionais da mesma, identificam-se com um sobrenome da família ou com a figura do fundador”. Corroborando com estas ideias, Rapozo, Aquino e Pagliarussi (apud ALMEIDA; MACHADO; SCARPIN, 2012, p. 97) afirmam que “firmas familiares são organizações nas quais um ou mais membros da família influenciam a direção dos negócios, por meio de seus papéis gerenciais ou de seus direitos de propriedade.” Leone et al. (2017) complementam ainda afirmando que uma empresa pode ser iniciada por um membro de uma família, sendo inicialmente, um negócio particular, porém, ao se firmar no mercado e adquirir características ao longo do tempo, pode tornar-se uma empresa familiar. Lima apud PICCHI (2017), no entanto, diverge um pouco ao afirmar que as empresas familiares não caracterizam-se pela relação de parentes, mas somente quando os herdeiros entram na gestão, ou seja, uma empresa sem herdeiro não pode ser considerada familiar. 25 Ademais, os quadros 02 e 03 abordam as características positivas e negativas, do ponto de vista de diferentes autores: Quadro 2 - Características positivas das empresas familiares Características positivas/força Autores Exigência de comprometimento, dedicação, auto-sacrifício e alta fidelidade por parte de membros da família e funcionários. Welsh e Raven (2006), Gersick et al. (2006), Gonçalves (2000), Lodi (1998),Fritz (1993), Bernhoeft (1989) Sacrifício financeiro familiar em prol da empresa. Auken e Werbel (2006), Gersick et al. (2006), Gonçalves (2000), Bernhoeft (1989),Donneley (1967) Investimentos de longo prazo, reinvestimentos. Gersick et al. (2006), Gonçalves (2000) Estruturas enxutas. Werner (2004), Gonçalves (2000), Lodi (1998) Decisão/ação rápida, flexibilidade, capacidade de reação. Gersick et al. (2006), Werner (2004), Gonçalves (2000), Lodi (1998), Fritz (1993) Conhecimento do negócio, do mercado. Welsh e Raven (2006), Werner (2004), Gonçalves (2000), Lodi (1998) Sentido de missão, visão única, existência de uma forte liderança Gersick et al. (2006), Werner (2004), Lodi (1998), Fritz (1993), Bernhoeft (1989), Donnelley (1967) Fonte: Adaptado de Grzeszczeszyn e Machado (apud ALMEIDA; MACHADO; SCARPIN, 2012, p. 98) Quadro 3 - Características negativas das empresas familiares Características negativas/fraquezas Autores Jogos de poder, onde muitas vezes mais vale a habilidade política ou o fato de ser da mesma família do que a capacidade administrativa. Lank (2001), Lodi (1998), Bernhoeft (1989) Valorização da antiguidade como um atributo que 26 supera a exigência de eficácia ou competência. Dificuldades na separação entre o que é emocional e racional, tendendo mais para o emocional. Gersick et al. (2006), Lodi (1998), Bernhoeft (1989) Gestão centralizada, autoritária, intuitiva. Welsh e Raven (2006), Werner (2004), Gonçalves (2000) Estruturas difusas, organização confusa e incompleta, autoridade indefinida. Werner (2004), Gonçalves (2000) Excesso de informalidade Cultura familiar interferindo negativamente nos negócios. Gonçalves (2000), Bernhoeft (1989), Donnelley (1967) Fonte: Adaptado de Grzeszczeszyn e Machado (apud ALMEIDA; MACHADO; SCARPIN, 2012, p. 98) Vale-se destacar também, a importância e os impactos que as empresas familiares causam no país. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Sebrae (2017), no ano de 2015, cerca de 57% das micro e pequenas empresas no Brasil possuem parentes entre seus sócios e/ou empregados (com ou sem carteira assinada), chegando no Nordeste, a um percentual de 52%. É importante ressaltar também, a falta de planejamento existente nas empresas familiares, inclusive no que tange à sucessão por parte dos herdeiros. Segundo pesquisa realizada pela PwC (2017), em 2016, 43% das empresas familiares no mundo não têm plano de sucessão e apenas 12% chegam à terceira geração. Isto é, o fator sucessão é um problema que pode acabar causando o fracasso da organização, cabendo às empresas encontrar uma forma de conciliar as questões pessoais e profissionais. Para Drucker (1998, p. 29): A empresa e a família somente sobreviverão e se sairão bem se a família servir a empresa. Nenhuma das duas se sairá bem se a empresa for dirigida para servir à família. A palavra mais importante em “empresas administradas pela família” não é “família”. Ela tem de ser “empresa”. 2.4 Planejamento estratégico 2.4.1 Conceito 27 Pode-se dizer que o planejamento estratégico envolve diversas tomadas de decisão, englobando a organização de forma total, abrangendo as diversas áreas, incluindo inclusive, os impactos do ambiente externo. Preocupa-se ainda, em atingir os objetivos estratégicos organizacionais, além de procurar focar suas ações em um longo prazo, isto é, com uma visão futura estabelecida, dessa forma, o estabelecimento de um planejamento estratégico nas organizações é de extrema importância, podendo orientar a organização no alcance de seus objetivos. Para Borba (2006) (apud CAZAGRANDE; PONTES, 2018, p. 27) “o planejamento estratégico se encontra diretamente ligado ao pensar e repensar “de uma organização”, de modo a focar no seu futuro e no ambiente externo que a rodeia.” O ENAP foca também na visão de futuro do plano estratégico, contudo, dá destaque ainda para os objetivos estratégicos, de acordo com o ENAP (2017, p. 7) “a robustez do plano estratégico de uma organização depende de uma visão do futuro ousada e ambiciosa e de uma missão clara, de forma a propiciar a construção de uma estratégia sólida por meio de objetivos estratégicos.” Para Tavares (2010, p. 52) “o planejamento estratégico corresponde ao processo de formulação e implementação de estratégias para aproveitar as oportunidades e neutralizar as ameaças ambientais.” De acordo com Pagnoncelli e Vasconcellos Filho (1992) apud Muller (2014, p. 12) “Planejamento estratégico é o processo através do qual a empresa se mobiliza para atingir o sucesso e construir o seu futuro, por meio de um comportamento proativo, considerando seu ambiente atual e futuro..” De uma forma complementar a este pensamento, com foco à implementação das estratégias com um olhar no ambiente que rodeia as organizações, Terence (2002) apud Freitas; Maziero (2018, p. 153) define o planejamento estratégico como “um processo gerencial que examina as questões principais da organização, considerando a análise do ambiente externo e interno, determinando um rumo amplo e generalizado para a organização.” Corroborando, ainda, com esse prisma de abordagem, Ansoff (1993) defende a ideia de que é realizada uma análise das perspectivas da empresa 28 no planejamento estratégico, identificando tendências, ameaças, oportunidades, além da definição de prioridades e alocação de recursos estratégicos ás áreas do negócio. No ponto de vista de Auday (2000) apud Freitas; Maziero (2018, p. 152) “o planejamento estratégico deve ser visto como um instrumento dinâmico de gestão, que contém decisões antecipadas sobre a linha de atuação a ser seguida pela organização no cumprimento de sua missão.” Mendonça (2017, p. 62), por sua vez, define que: O planejamento estratégico auxilia as empresas e seus administradores a estabelecer a direção a ser seguida, diz respeito a pretensões futuras de decisões recentes, para que as empresas alcancem seus objetivos pré-estabelecidos, e visa organizar e prever uma serie de efeitos indesejáveis. Muller (2014) vai de encontro com este pensamento ao defender que a ideia do planejamento estratégico não é adivinhar o futuro, mas traçar objetivos futuros viáveis e propor planos de ação para alcança-los, evitando assim, possíveis incertezas. 2.4.2 Estratégias competitivas Tendo em vista o relacionamento do plano estratégico com o ambiente que cerca a empresa, pode-se dizer que as estratégias competitivas são um segmento que fazem parte do planejamento estratégico, no qual há uma preocupação com o modo em que a empresa se comporta com relação às forças externas e internas, além de como ela pode competir com uma maior precisão e eficácia, fortalecendo sua posição no mercado. De acordo com OLIVEIRA (2009, p. 154) “a análise da posição competitiva da empresa inicia-se pela estruturação e aplicação do sistema de informações estratégicas, este, fornece insumos para o delineamento dos cenários estratégicos.” As finalidades dos cenários devem estar relacionadas a identificar antecipadamente e interpretar mudanças futuras no ambiente empresarial; contribuir para o aprimoramento do processo estratégico da empresa; e consolidar a visão do negócio em torno de certas expectativas identificadas e incorporadas como possíveis pela empresa. (OLIVEIRA, 2009, P.168). Para Baron; Shane (2016, p. 270) “vantagem competitiva é um atributo que permite à empresa, e não a seus concorrentes, tirar proveito da exploração de uma oportunidade.” 29 Segundo Oliveira (2009, p. 373) “estratégia competitiva é a posição que uma empresa adota , conscientemente ou não, dentro do setor ou indústria em que atua, e com base na qual ela se defende contra as forças competitivas ouprocura influenciá-las a seu favor.” De acordo com Porter (2004) existem cinco forças competitivas (ameaça de entrada, rivalidade entre os concorrentes, produtos substitutos, poder de negociação dos compradores e poder de negociação dos fornecedores). Ameaça de Entrada: trata-se das dificuldades de introdução de novas empresa em um mesmo setor, as principais barreiras de entrada são a economia de escala; diferenciação de produtos; necessidade de capital e canais de distribuição. Rivalidade Entre os Concorrentes Existentes: forma corriqueira de disputa por posição, com táticas como concorrência de preço, introdução de produtos, publicidade, enfim, deve-se conhecer os pontos fortes e fracos do concorrente, principalmente no que atua no mesmo segmento. Produtos Substitutos: são produtos que podem desempenhar a mesma função que o produto ofertado pela empresa. Poder de Negociação dos Compradores: os compradores forçam os preços para baixo, barganhando por melhor qualidade ou mais serviços e jogando os concorrentes uns contra os outros. Poder de Negociação dos Fornecedores: os fornecedores podem exercer poder de negociação ameaçando elevar os preços ou reduzir a qualidade dos bens fornecidos, principalmente se houverem poucos fornecedores no setor. Segundo PORTER (1999, p. 41): A estratégia é vista como a construção de defesas contra as forças competitivas ou como a descoberta de posições no setor onde as forças são mais fracas. O conhecimento das capacidades da empresa e das forças competitivas realçará as áreas em que deve enfrentar ou evitar a competição. Segundo OLIVEIRA (2009, p. 227 ) “Vantagem competitiva é aquele algo mais que identifica os produtos e serviços e os mercados para os quais a empresa está, efetivamente, capacitada a atuar de forma diferenciada.” Isto é, trata-se do diferencial que faz os clientes escolherem determinada empresa em detrimento de outra. “Vantagens competitivas são fatores que contribuem para 30 que um produto, serviço ou empresa tenha sucesso em relação aos concorrentes.” (MAXIMIANO, 2000, p. 208). Corroborando com esta perspectiva, PORTER (1999) compreende que para o crescimento e sobrevivência da empresa, ela deve ter algum diferencial frente aos concorrentes, podendo apresentar um bom relacionamento com os clientes ou diferenciação dos produtos em termos materiais ou psicológicos. Kotler (2003) segue essa linha de raciocínio ao afirmar que: As empresas são capazes de construir vantagem competitiva com base em muitas fontes, como qualidade, velocidade, segurança, projeto e confiabilidade, além de baixo custo, baixo preço e assim por diante. Quase sempre, a vantagem competitiva é uma combinação singular desses fatores. (KOTLER, 2003, p. 221) Porter (2004) sugere que existem três medidas estratégicas para enfrentar as forças competitivas que podem trazer bons resultados às empresas, são elas: a liderança no custo total; a diferenciação e o enfoque. Segundo Porter (2004, p. 37 – 41): Liderança no Custo Total: a liderança no custo exige a construção agressiva de instalações em escala eficiente, uma perseguição de reduções de custo pela experiência, um controle rígido do custo e das despesas gerais, a não permissão da formação de contas marginais dos clientes, e a minimização do custo em áreas como P&D, assistência, força de vendas, publicidade etc. Uma posição de baixo custo proporciona uma defesa contra os concorrentes, os fornecedores poderosos, proporcionam também barreiras de entradas substanciais, defende a empresa contra compradores poderosos, além de colocar a empresa em uma boa posição em relação aos produtos substitutos dos concorrentes. Diferenciação: a diferenciação de um produto ou serviço oferecido pela empresa cria algo único para empresa, e se alcançada, pode proporcionar isolamento contra a rivalidade competitiva devido à lealdade dos clientes; aumenta as margens, excluindo a necessidade de uma posição de baixo custo; coloca barreira de entrada devido a lealdade do consumidor e a necessidade do concorrente superar a empresa; produz margens altas, podendo lidar com o poder dos fornecedores e ameniza o poder dos compradores; além de estar mais bem posicionada frente aos produtos substitutos. 31 Enfoque: trata-se de enfocar um determinado grupo comprador, um segmento da linha de produtos, ou um mercado geográfico. A estratégia parte da premissa que é capaz de atender seu alvo estratégico estreito de forma mais eficiente que os concorrentes. Oliveira (2009) vai de encontro com este pensamento ao citar a vantagem competitiva como interna e externa. Segundo ele “a vantagem competitiva é interna se estiver baseada em uma superioridade da empresa em custos de fabricação, administração ou gestão do produto, conferindo-lhe um custo inferior ao do principal concorrente.” (OLIVEIRA, 2009, p. 232). Ainda no ponto de vista de Oliveira (2009, p. 232): A vantagem competitiva é externa, se estiver baseada em qualidades diferenciais do produto ou serviço ampliados, que representam valor para o comprador, seja pela diminuição de seus custos, seja pelo aumento de seu desempenho no atendimento da necessidade-alvo existente no mercado. Ansoff (1990, p. 102), por sua vez, destaca que “a estratégia competitiva especifica o enfoque especial que a empresa tentará utilizar para ter sucesso em cada uma das áreas estratégicas do negócio.” Para Itami e Roehl (1987) apud Oliveira (2009, p. 235), no entanto, “os ativos invisíveis, o que engloba a confiança do cliente, a imagem da marca, cultura organizacional e habilidades administrativas são a real fonte de força competitiva.” 2.4.3 Componentes do planejamento estratégico 2.4.3.1 Diagnóstico: matriz SWOT A respeito do tema planejamento, é fato afirmar que a matriz SWOT é uma das ferramentas mais populares e utilizadas em um diagnóstico quando se fala em planejamento estratégico. A SWOT trata-se de uma ferramenta que auxiliará o planejamento, através de uma análise ambiental, englobando fatores internos e externos da empresa. A sigla S.W.O.T. vem da língua inglesa e significa Strenghts (Pontos Fortes), Weaknesses (Pontos Fracos), Opportunities (Oportunidades), Threats (Ameaças). Para Kotler (1998) uma empresa deve reconhecer as forças macroambientais e microambientais que afetam sua habilidade de obter lucro, rastreando possíveis tendências para identificar oportunidades e ameaças associadas. 32 Serra (2003) apud (Cupertino et al., 2007, p. 6), por sua vez, alertam para a função da análise SWOT, segundo os autores, “A função primordial da análise SWOT é possibilitar a escolha de uma estratégia adequada, a partir de uma avaliação crítica dos ambientes interno e externo da empresa” Alves et al. (2018) atentam para o objetivo da ferramenta em questão, segundo os autores, a SWOT objetiva possibilitar vantagens no ambiente em que a empresa está inserida ou minimizar ameaças ambientais, isto é, há uma tentativa de explorar os pontos fortes e minimizar o impacto dos pontos fracos. Indo de encontro com esta análise, Kroll; Parnell; Wright (2000, p. 86) dizem que o objetivo da SWOT é “possibilitar que a empresa se posicione para tirar vantagem de determinadas oportunidades do ambiente e evitar ou minimizar as ameaças ambientais.” Para PORTER (1999) após a análise dos fatores que influenciam a competição, o gestor deve identificar os pontos fortes e fracos da empresa, desenvolvendo assim, um plano de ação que englobe o posicionamento desta. Nas condições internas afloram forças e fraquezas. As forças correspondem a recursos, habilidades, posição de mercado, patentes, capital humano, além de outras competências distintivas. As fraquezas podem levar a empresa a um fraco desempenho. Métodos de produção obsoletos, carência de recursos tecnológicos, políticade incentivos inadequada, entre outros fatores, podem comprometer o desempenho da empresa. (TAVARES, 2010, p. 21) Em outra linha de pensamento, Ferreira et al. (2014) analisam a vantagem no uso dessa ferramenta, para os autores “a vantagem da análise SWOT, enquanto instrumento, é que é um quadro de referência que propicia uma orientação para a procura de soluções, é simples, fácil de entender e consistente.” (FERREIRA et al., 2014, p. 156). No que tange às desvantagens, Ferreira et al. (2014) relatam algumas limitações da análise SWOT: Uma das limitações assenta em que a análise SWOT não distingue as competências da empresa das suas concorrentes, dado que não mostra como identificar os aspectos duradouros, nem relaciona os aspectos mais sujeitos às pressões ambientais num futuro distante. Os críticos afirmam ainda que, como a maioria das análises deste tipo, a SWOT é suportada em interpretações e avaliações subjetivas quer do ambiente externo quer do interno. (FERREIRA et al., 2014, p. 159) É importante ressaltar, portanto, que é de extrema importância o conhecimento e a reflexão dos fatores que influenciam e impactam a organização, sejam eles fatores internos ou externos. Os gestores devem, 33 então, conhecer seus pontos fortes, ou seja, as vantagens da organização em relação aos concorrentes, a proposta de valor da organização; assim como deve reconhecer os pontos fracos, isto é, os problemas existentes na empresa. Além disso, devem também conhecer e analisar as ameaças e oportunidades externas, mas acima de tudo, relacioná-las com o fator interno, observando como o microambiente se relaciona com o macroambiente e de que forma estes fatores podem impactar na organização de forma negativa ou positiva, isto é, como uma oportunidade pode potencializar um ponto forte ou amenizar um ponto fraco, ou, como uma ameaça pode complicar ainda mais uma fraqueza, e como uma ameaça pode dificultar o aproveitamento de uma oportunidade. A figura 1 abaixo mostra uma matriz de avaliação estratégica, desdobrando os ambientes internos e externos. Figura 1 - Análise SWOT: matriz de avaliação estratégica Fonte: Adaptado de Enap (2017, p. 15) Segundo Macroplan; Tachizawa e Freitas apud (FERNANDES, 2012, p. 61 – 62) os quadrantes da matriz SWOT podem ser entendida como: O quadrante I indica a existência de potencialidade de ação ofensiva, ou capacidade ofensiva, apontando o quanto as forças podem ajudar a aproveitar as oportunidades do mercado. 34 O quadrante II indica o potencial da capacidade defensiva demonstrando o quanto o conjunto de forças está preparado para rechaçar as ameaças que se aproximam O quadrante III identifica o nível de debilidade da capacidade ofensiva indicando o quanto as fraquezas podem causar problemas para o aproveitamento das oportunidades O quadrante IV apresenta o nível de vulnerabilidade da organização indicando o quanto o conjunto de fraquezas pode amplificar o efeito das ameaças No quadro 04 abaixo, segue um exemplo de uma matriz SWOT cruzada, em que é possível relacionar os quadrantes referentes aos ambientes interno e externos, podendo entender quais pontos merecem mais atenção e devem ser priorizados. Quadro 4 - Matriz SWOT cruzada Fonte: Elaborado pelo autor do trabalho (2019), com base em Fernandes (2012). 2.4.3.2 Identidade organizacional: definição do negócio, missão, visão e valores No que tange ao processo de implementação de um planejamento estratégico, há de se considerar os elementos que irão compor a identidade organizacional, compondo a base da organização, servindo para criar uma SOMA SOMAAMEAÇASOPORTUNIDADES AMBIENTE INTERNO AMBIENTE EXTERNO F O R Ç A S F R A Q U E Z A 35 personalidade e guiar a empresa em prol de seus objetivos. Nesse aspecto, destaca-se a presença de importantes fatores, como a definição do negócio organizacional, a formulação da missão, uma visão, além dos valores. De acordo com Ansoff (1990), o conceito de negócio é um fator bastante importante à organização, tendo em vista que ele dá orientação específica à empresa, além de oferecer espaço para crescimento. Muller (2014), por sua vez, destaca o motivo pelo qual é necessário um negócio bem estabelecido, segundo ele, a definição do negócio envolve a explicitação do âmbito de atuação da empresa, além dos benefícios que a empresa pretende oferecer aos seus clientes. Segundo Chiavenato; Sapiro (2003) na definição do negócio é necessário entender o produto ou serviço que o cliente está comprando, isto é, é necessário entender as necessidades dos clientes e criar uma intimidade com eles. Fazendo uma ligação com o negócio da empresa, Certo e Peter (1993) atentam-se para o conceito de missão, segundo eles, a missão é a proposta pela qual a organização existe, podendo conter informações como os tipos de produtos e serviços que a empresas possui, quem são os clientes e quais os valores. Nesta linha de raciocínio, Parente destaca a importância do estabelecimento de uma missão, para ele, “a missão é o propósito da empresa, é seu negócio, a razão central de sua existência, é sua utilidade no meio.” (PARENTE, 2011, p. 53). Dessa forma, segundo o ENAP (2017) cabe à missão determinar as competências, os valores, os Stakeholders e o impacto a ser produzido. A figura 2 abaixo mostra passos importantes para a construção da missão organizacional. 36 Figura 2 - Construção da missão Fonte: Adaptado de Enap (2017, p. 6). Kotler, por sua vez, destaca as vantagens de se estabelecer uma missão organizacional, de acordo com ele, “uma declaração de missão bem preparada proporciona aos funcionários da empresa um senso único de propósito, direção e oportunidade.” (KOTLER, 1998, Atlas, p. 76) Já Kroll; Parnell e Wright destacam a relevância de se estabelecer uma missão, fazendo uma ponte, inclusive, com os objetivos organizacionais, para os autores, “um sentido agudo de propósito é necessário ao estabelecimento de objetivos, porque é difícil saber para onde se está indo se não se sabe primeiro quem se é.” (KROLL; PARNELL; WRIGHT, 2000, p. 97) Isto é, a missão proporciona uma identidade para a organização, culminando em uma direção a ser seguida. É importante ressaltar também a ligação entre os fatores da identidade organizacional, devendo estes, estarem correlacionados e sincronizados, podendo guiar a organização no futuro em busca de seus objetivos. Segundo Parente (2011) para o alcance de melhores resultados, a missão deve ser direcionada por uma visão, um sonho, no qual permita direcionar a empresa nos próximos anos. Convergindo com este conceito, Hitt; Hoskisson; Ireland (2015, p. 19) definem que “juntas, a visão e a missão oferecem o alicerce do qual a companhia precisa para escolher e implantar uma ou mais estratégias.” Para Muller (2014, p. 29) “criar uma visão de futuro é construir uma imagem viva de um estado futuro, ambicioso e desejável, relacionado com o cliente, a equipe e o acionista, e superior, em algum aspecto importante, ao estado atual.” De uma forma similar, Hitt; Hoskisson e Ireland dizem que “visão 37 é a imagem do que a empresa deseja ser e, em termos gerais, do que deseja alcançar.” (HITT; HOSKISSON; IRELAND, 2015, p. 19) No que diz respeito à finalidade, para Hitt; Hoskisson; Ireland (2015, p. 19) a visão espera, “ganhar o coração e a alma de cada empregado e, espera- se, de muitos outros stakeholders.” Complementando este raciocínio, Freitas e Maziero conceituam que “a visão de negócios determina as aspirações futuras da organização por meio de objetivos expressos em uma frase.” (FREITAS; MAZIERO, 2018, p. 154) No que tange à relevância da visão, Oliveira (2009, p. 156) cita que: Toda empresa tem uma orientação estratégica que representa a visão do futuro da empresa, e do queprecisa ser feito para realizar o esperado; e determina as ações, o nível de comprometimento e a forma de atuação dos gestores, os quais induzem nos diversos funcionários os valores da empresa, focando as decisões estratégicas, táticas e operacionais na perseguição da visão do futuro. Analisando o ponto de vista apresentado anteriormente por Oliveira, é válido afirmar que toda organização possui uma orientação estratégica, sendo esta, uma representação da visão da empresa, daquilo que é almejado, contudo, para a obtenção do sucesso desta orientação, e consequentemente, da sua visão, é preciso que os gestores executem ações em prol dos resultados almejados, conceituando uma missão e o negócio da empresa, criando uma visão de futuro e fazendo com que os colaboradores comprem a ideia, estabelecer os valores da organização, além de orientar o modelo de gestão da organização. A figura 3 retrata de forma resumida esta linha de raciocínio. Figura 3 - Orientação estratégica da organização Fonte: Oliveira (2009, p. 156) VISÃO DA EMPRESA ORIENTAÇÃO ESTRATÉGICA AÇÕES, NÍVEL DE COMPROMETIMENTO E FORMA DE ATUAÇÃO DOS GESTORES 38 Para Muller (2014, p. 27) “os valores são guias para o processo decisório e para o comportamento da empresa no cumprimento da missão e na busca da visão de futuro.” Segundo Ferreira et al. (2014, p. 78) “os valores são qualidades ou características que criam identidade e representam as prioridades da empresa.” Corroborando com esta ideia, Chiavenato e Sapiro definem os valores como um “conjunto de conceitos, filosofias e crenças gerais que a organização respeita e emprega e está acima das práticas cotidianas, na busca de ganhos de curto prazo.” (2003, p. 69) Chiavenato e Sapiro (2003) vão além ao destacar a relevância dos valores organizacionais, para os autores, a relevância dos valores organizacionais é que as organizações possuem sua evolução guiada por políticas e processos resultantes do respeito aos valores. Segundo Muller (2014, p. 28) a importância e os objetivos da formalização dos valores são, entre outros: Explicitar a ética e moral da organização Motivar as pessoas à ação Orientar o comportamento Clarificar as responsabilidades sociais Impulsionar para conquistas extraordinárias Ferreira et al. (2014), por sua vez, destacam que os valores são importantes porque eles indicam como as pessoas devem se comportar, dentro ou fora da organização, quando definidos, os valores influenciarão a generalidade dos aspectos da empresa. 2.4.3.3 BSC e Mapa Estratégico O Balanced Scorecard (BSC) é uma metodologia utilizada no âmbito da administração auxiliando as organizações, tendo por finalidade a medição do desempenho das empresas. A ferramenta em questão foca sua atividade através de quatro perspectivas (financeira, clientes, processos internos e aprendizagem e crescimento). Como trata-se de uma ferramenta de planejamento, ela engloba todos os componentes da implementação do plano estratégico, todos os indicadores, objetivos e metas, com foco também para a 39 missão, visão e os valores, isto é, o BSC contribui para a estruturação da estratégia organizacional de forma sistêmica, desde as áreas mais estratégicas até as áreas mais operacionais. Nesta perspectiva, Cupertino et al. (2007, p. 2) citam que “a ideia central do BSC é que a avaliação abranja todo o conjunto de fatores relevantes no ciclo operacional dos negócios da empresa e que permita estabelecer os pilares que irão moldar e sustentar a estratégia corporativa.” Corroborando com essa ideia, Tavares (2010) afirma que com o uso do BSC, é possível a visualização com mais precisão, por parte, das empresas, no que se refere à contribuição das estratégias para os resultados da organização. Kaplan e Norton, fundadores da metodologia em questão, afirmam que “o BSC cria uma estrutura, uma linguagem, para comunicar a missão e a estratégia, e utiliza indicadores para informar os funcionários sobre os vetores do sucesso atual e futuro.” (KAPLAN; NORTON, 1997, p. 25). Destacando, portanto, a construção do BSC, com foco na ligação de fatores com o cunho mais estratégico, até fatores mais operacionais e de controle, ressaltando a comunicação da missão e da estratégia, além dos indicadores com os funcionários que englobam a organização. Os autores supracitados resumem o que é o Balanced Scorecard, para eles, “em síntese, o Balanced Scorecard traduz a visão e a estratégia em objetivos e medidas através de um conjunto equilibrado de perspectivas.” (KAPLAN; NORTON, 1997, p. 29). No que tange às perspectivas, vale-se ressaltar que a empresa não é obrigada a utilizar exatamente as quatro perspectivas, podendo moldar a ferramenta de acordo com a realidade em que se encontra, incluindo mais perspectivas conforme haja necessidade. Contudo, as perspectivas abordadas pelo Balanced Scorecard, de acordo com Kaplan e Norton (1997) a princípio são: Perspectiva Financeira: a perspectiva financeira preserva as medidas e os objetivos financeiros, ou seja, indica se a estratégia está contribuindo para a melhoria dos resultados financeiros. Os objetivos e medidas financeiras, por sua vez, precisam desempenhar um papel duplo: definir o desempenho financeiro esperado da estratégia e servir 40 de meta principal para os objetivos e medidas de todas as outras perspectivas do scorecard. Perspectiva do Cliente: nesta perspectiva, o BSC permite que os executivos identifiquem os segmentos de clientes e mercados nos quais a unidade de negócio competirá e as medidas do desempenho da unidade nesses segmentos-alvo. Entre algumas medidas essenciais de resultado, encontram-se a satisfação do cliente, retenção do cliente, aquisição de clientes e lucratividade de clientes. Perspectiva dos Processos Internos: nesta perspectiva, os executivos identificam os processos internos críticos nos quais a empresa deve alcançar a excelência. Estes processos permitem que a unidade de negócios ofereça as propostas de valor capazes de atrair e reter clientes, além de satisfazer as expectativas que os acionistas têm de retornos financeiros. Perspectiva do Aprendizado e Crescimento: o aprendizado e crescimento identifica a infra-estrutura que a empresa deve construir para gerar crescimento e melhoria a longo prazo, com foco nas pessoas, nos sistemas e nos procedimentos organizacionais. É importante ressaltar também, a presença dos mapas estratégicos, sendo uma parte com importância considerável para a construção do Balanced Scorecard, permitindo uma identificação visual e simples da construção da estratégia. Para Bomfim (2012) apud Cruz (2017, p. 142) “Os mapas estratégicos são a representação visual da estratégia, pois mostram de forma simples, como os objetivos, de cada perspectiva do BSC, se relacionam para descrever a estratégia.”. Kaplan e Norton (2004, p. 57) corroboram com esta linha de raciocínio, para eles, “o mapa estratégico é a representação visual da estratégia, mostrando numa única página como os objetivos nas quatro perspectivas se integram e combinam para descrever a estratégia.”. Torres e Torres (2014), por outro lado, destacam as vantagens do BSC, segundo os autores, a ferramenta proporciona alinhamento estratégico e sinergia organizacional, construção de um sistema de gerenciamento estratégico, ligação da estratégia ao planejamento e ao orçamento, 41 estabelecimento de alvos estratégicos, prioridade de iniciativas estratégicas e alinhamento dos indivíduos à estratégia. Já Cupertino et al. (2007) alertam que apesar do sucesso e popularidade da ferramenta, existem algumas críticas ao BSC, como a necessidade de inclusão de outras perspectivas, generalidade ou superficialidade da ferramenta. Os autores argumentam ainda, que o BSC é uma ferramenta de gestão,e por isso, acontecem problemas na implementação da ferramenta causados pela própria organização, que gozam muitas vezes, de despreparo gerencial. 2.4.3.4 Objetivos, Metas e Indicadores Dando continuidade, por fim, à elaboração do planejamento estratégico, é necessário discorrer acerca dos conceitos de objetivos, metas e indicadores, sendo estes fatores, de suma importância na implementação e no controle do plano. Para Certo e Peter (1993) os objetivos fornecem fundamento para o planejamento, sem eles a organização perde o foco, podendo tomar qualquer direção. Segundo Maximiano (2000, p. 184) “Os objetivos são os resultados finais em direção aos quais a atividade é orientada, são os fins que uma organização procura realizar, por meio de suas atividades, operações e aplicações de recursos.” Os objetivos podem ser classificados também como objetivos gerais ou específicos. “Os objetivos gerais da organização representam fins genéricos desejados, para os quais são orientados os esforços da empresa.” (KROLL; PARNELL; WRIGHT, 2000, p. 98) Maximiano (2000) vai de encontro com esta linha de pensamento, segundo ele, os objetivos gerais possuem intenções genéricas, indicando o conceito do que se pretende alcançar, são mais amplos, com baixo grau de definição. De acordo com Santos (1992) apud Debia; silva (2017, p. 172), “cada objetivo deve ser quantificado e desdobrado em alvos específicos, a serem perseguidos por todos os setores da organização” 42 No ponto de vista de Maximiano (2000), os objetivos específicos têm um cunho mais operacional, indicando uma ação precisa a ser realizada, além de geralmente estar associada a um indicador de desempenho. Segundo Oliveira (2010) apud Debia; Silva (2017, p. 172) “as metas correspondem aos passos ou etapas, perfeitamente quantificados e com prazos para alcançar os desafios e objetivos.” O ENAP (2017), por sua vez, defende que as metas correspondem aos resultados que se deseja alcançar, devendo ser desafiadoras, porém, factíveis. Complementando a definição acima, acrescentando ainda, a importância do esboço das metas, Martins; Neta e Ribeiro (2017) sustentam que o estabelecimento de metas é importante para assegurar resultados positivos à empresa, podendo, através de uma meta desafiadora e realista, motivar os funcionários e melhorar a produtividade. Para Debia e Silva (2017), os indicadores são responsáveis por mensurar e avaliar os resultados obtidos, tornando possível a análise de desempenho da organização, inclusive, com relação aos pontos traçados nas metas e nos objetivos. De acordo com o ENAP (2017) os indicadores contêm informações referentes a alguma variável em observação, devendo mostrar pontos do passado da organização, como também perspectivas futuras. Muller (2014), por sua vez, fala a respeito da importância da medição de desempenho, para ele é de vital importância a medição dos processos e resultados, além da comparação com os objetivos já determinados, analisando assim, se o plano traçado está sendo cumprido de fato. Ostrenga (1993) apud Muller (2014, p. 83), por outro lado, aponta uma desvantagem da análise de desempenho, segundo ele, “o sistema de medição de desempenho pode ser um impedimento ao aperfeiçoamento contínuo, com enfoques de resultados financeiros de curto prazo em detrimento de objetivos estratégicos de longo prazo.” 2.4.4 Plano de ação – 5W2H Pode-se dizer que o plano de ação é uma ferramenta que busca a resolução de problemas e resultados eficientes, focando e priorizando as 43 atividades da empresa, levando em consideração o que será feito, quem realizará a atividade, por qual motivo será realizado, em qual local serão realizados os objetivos, além da data e dos meios utilizados para realizar os objetivos, isto é, o plano de ação descreve como colocar em prática tudo que foi estabelecido e planejado no balanced scorecard. Nessa perspectiva, Torres (2014, p. 144) cita que “o plano de ação serve como referência às decisões, permitindo que seja feito o acompanhamento do desenvolvimento da gestão estratégica competitiva”. Dessa forma, uma ferramenta bastante comum e utilizada cujo foco está no plano de ação, é o 5W2H. De acordo com Torres (2014, p. 145) o 5W2H significa: What – O que será feito? – são determinadas as iniciativas e os projetos estruturadores Who – Quem fará o quê? – é definido quem será o responsável por planejamento, avaliação e realização das iniciativas e os projetos estruturadores When – Quando será feito o quê? – são estabelecidos os prazos para planejamento, avaliação e realização das iniciativas e os projetos estruturadores. Where – Onde será feito o quê? – é determinado o local para as diversas iniciativas e os projetos estruturadores propostos Why – Por quê será feito o quê? – são formulados os indicativos da necessidade, da importância e da justificativa de se executar as iniciativas e os projetos estruturadores How – Como será feito o quê? – são planejados os meios para a execução, avaliação e realização das iniciativas e os projetos estruturadores How much – Quanto custará o quê? – são levantados os esforços e os custos para a realização das iniciativas e os projetos estruturadores Portanto, a elaboração de um plano de ação é de suma importância, tendo em vista que a ferramenta; além de ser bastante prática, simples e fácil de utilizar; permite uma maior priorização e organização no processo de tomada de decisão, auxiliando a gestão estratégica. 44 3.0 METODOLOGIA 3.1 Caracterização do estudo No que diz respeito à caracterização do estudo, pode-se dizer que a natureza do presente trabalho é de origem qualitativa. Para Godoy (1995, p. 62) “a pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como fonte direta de dados e o pesquisador como instrumento fundamental.”. O tipo de estudo, por sua vez, corresponde a um estudo de caso. De acordo com Godoy (1995, p. 25), “o estudo de caso se caracteriza como um tipo de pesquisa cujo objeto é uma unidade que se analisa profundamente.” O autor complementa ainda, ao afirmar que “no estudo de caso, o pesquisador geralmente utiliza uma variedade de dados coletados em diferentes momentos, por meio de variadas fontes de informação. Tem como técnicas fundamentais de pesquisa a observação e a entrevista.”. (GODOY, 1995, p. 26). 3.2 Unidade de análise A unidade de análise é responsável por englobar o local onde o objeto de estudo foi realizado. Segundo Vergara (2011) existem dois tipos de amostra: a probabilística e a não probabilística, esta, distancia qualquer procedimento estatístico, selecionando elementos pela facilidade de acesso a eles. Neste contexto, o presente trabalho foi realizado na empresa Empório Regional, englobando os gestores da organização, além disso, a pesquisa é caracterizada como uma pesquisa não probabilística, longe de procedimentos estatísticos, com certa facilidade na obtenção dos dados por parte do autor do trabalho. 3.3 Coleta de dados As informações que subsidiaram este trabalho foram coletadas através de uma entrevista com os gestores, cujo roteiro já estava semiestruturado, 45 buscando um maior conhecimento acerca dos pontos que norteiam a empresa, como os processos internos da organização, os clientes, o lado financeiro, além de fatores que norteiam, como a presença da missão, visão, valores, além da estratégia. Segundo Gil (2010) a realização de entrevistas assume forma mais ou menos estruturada, podendo o entrevistador guiar-se por algum tipo de roteiro. O roteiro de entrevista encontra-se no apêndice do trabalho. Ademais, foram realizadas observações por parte do autor deste trabalho, passando um período de dois meses na empresa, o que permitiu a observação do dia a dia da organização, contribuindo
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