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Fisiologia – Capitulo 50 Guyton O olho: I. Óptica da Visão Giovanna Gabriele PRINCIPIOS FÍSICOS DA ÓPTICA Refração da luz em uma interface entre dois meios com índices de refração diferentes. Quando um feixe de raios de luz atinge interface perpendicular a ele, raios adentram o segundo meio sem desviar seu trajeto, se observa uma redução na velocidade de propagação e a formação de ondas de comprimento mais curto, pelo encurtamento das distâncias entre as frentes de onda. Quando raios atravessam interface angulada, eles se curvarão se os índices refrativos dos dois meios forem diferentes entre si, como a direção em que a luz se propaga é sempre perpendicular ao plano da frente de onda, a direção do trajeto do feixe de luz se curva para baixo. Essa curvatura dos raios de luz em uma interface angulada é conhecida como refração. O grau de refração aumenta em função: (1) da proporção dos dois índices refrativos dos dois meios transparentes; e (2) do grau de angulação entre a interface e a frente de onda que entra. Aplicação dos princípios refrativos às lentes As lentes convexas focalizam os raios de luz. Raios de luz que atravessam o centro da lente, atingem sua superfície de modo perpendicular e, portanto, atravessam a lente sem sofrer refração, em direção a borda da lente, os raios atingem uma interface mais angulada, raios mais externos se curvam em direção ao centro, fenômeno: convergência dos raios. Metade da curvatura ocorre quando os raios entram na lente e a outra metade acontece à medida que eles saem do lado oposto. Se a curvatura da lente for perfeita, os raios de luz paralelos que atravessam cada parte da lente serão curvados com exatidão o suficiente para que todos eles atravessem em um único ponto -> ponto focal. As lentes côncavas divergem os raios de luz. Raios que entram no centro da lente atingem uma interface que é perpendicular ao feixe, e, portanto, não sofrem refração. Raios na borda entram na lente antes dos raios no centro. A lente côncava diverge os raios de luz, e a convexa os converge. As lentes cilíndricas curvam os raios de luz somente em um plano / comparação com lentes esféricas. Lente cilíndrica curva os raios de luz de ambos os lados da lente, mas não de cima para baixo, há curvatura em uma plano, mas não no outro, os raios de luz paralelos são curvados para uma linha focal. Os raios de luz que atravessam a lente esférica são refratados em todas as bordas da lente (em ambos os planos) em direção ao raio central e todos os raios chegam ao ponto focal. A combinação de duas lentes cilíndricas em ângulos retos equivale a uma lente esférica. Distância focal de uma lente Quando os raios de luz que já são divergentes entram em uma lente convexa, a distância de foco no outro lado da lente é maior em relação à lente do que a distância focal da lente para os raios paralelos. Tanto os raios paralelos quanto os raios divergentes podem ser focalizados na mesma distância além de uma lente, desde que a lente altere sua convexidade. Formação de uma imagem por uma lente convexa A: lente convexa com duas fontes pontuais de luz à esquerda, os raios atravessam o centro da lente convexa sem ser refratado em qualquer direção, os raios de luz de cada fonte pontual chegam ao foco pontual do lado oposto da lente diretamente alinhados com a fonte pontual e o centro da lente. Cada fonte pontual de luz sobre o objeto chega ao foco em pontos separados no lado oposto da lente, alinhado ao centro da lente. B: imagem está de cabeça para baixo em comparação ao objeto original e as duas laterais da imagem estão invertidas. A lente de uma câmera focaliza as imagens no filme por meio desse método. Medida da potência refrativa de uma lente / Dioptria Quanto mais uma lente curva os raios de luz, maior é sua “potência refrativas”, essa potência refrativa é medida em termos de dioptrias. A potência refrativa em dioptrias de uma lente convexa é igual a 1 metro dividido por sua distância focal. Uma lente esférica que converge raios de luz paralelos para um ponto focal 1 metro além da lente tem uma potência refrativa de +1 dioptria. Se a lente for capaz de curvar os raios de luz paralelos duas vezes mais que uma lente com uma potência de +1 dioptria, considera-se que ela apresenta uma força de +2 dioptrias e os raios de luz chegam ao um ponto focal 0,5 metro além da lente. Uma lente capaz de convergir os raios de luz paralelos para um ponto focal apenas 10 cm (0,10 metro) além da lente tem uma potência refratura de +10 dioptrias. Se uma lente côncava diverge raios de luz na mesma intensidade que uma lente convexa de 1 dioptria consegue convergi-los, considera-se que a lente côncava tem uma força de -1 dioptria. Se a lente côncava diverge os raios de luz da mesma forma que uma lente de +10 dioptrias os converge, assume-se que essa lente tenha uma força de -10 dioptrias. As lentes côncavas “neutralizam” a potência refrativa das lentes convexas. Posicionar uma lente côncava de 1 dioptria imediatamente à frente de uma lente convexa de 1 dioptria resulta em um sistema de lentes com potência refrativa resultante igual a zero. ÓPTICA DO OLHO Sistema de lentes do olho é composto de quatro interfaces refrativas: (1) interface entre o ar e a superfície anterior da córnea; (2) interface entre a superfície posterior da córnea e o humor aquoso; (3) interface entre o humor aquoso e a superfície anterior do cristalino (lente); e (4) interface entre a superfície posterior do cristalino e o humor vítreo. Consideração de todas as superfícies refrativas do olho como lente única / olho “reduzido”. Se todas as superfícies refrativas do olho forem algebricamente somadas e, então, consideradas como uma lente única, a óptica do olho normal poderá ser simplificada e representada esquematicamente como um “olho reduzido”. No olho reduzido, considera-se a existência de uma superfície refrativa única, com seu ponto central 17 milímetros à frente da retina e potência refrativa total de 59 dioptrias quando o cristalino é acomodado para visão a distância. Aproximadamente dois terços das 59 dioptrias de potência refrativa do olho são fornecidos pela superfície anterior da córnea (não pelo cristalino). A principal razão para a ocorrência desse fenômeno é que o índice refrativo da córnea é extremamente diferente do índice do ar, ao passo que o índice refrativo do cristalino não é muito diferente dos índices do humor aquoso e do humor vítreo. A potência refrativa total do cristalino, considerando sua localização normal no interior do globo ocular, cercado por líquido em ambos os lados, é de apenas 20 dioptrias, cerca de um terço da potência refrativa total do olho. No entanto, a importância do cristalino está em sua capacidade de, respondendo a sinais nervosos provenientes do cérebro, modificar acentuadamente sua curvatura para produzir o fenômeno de “acomodação”. Formação da imagem na retina. A imagem focalizada é invertida e reversa em relação ao objeto. No entanto, os objetos são percebidos na posição correta, a despeito da orientação invertida na retina, porque o cérebro é treinado para codificar uma imagem invertida como normal. MECANISMO DE ACOMODAÇÃO Para fazer essa acomodação, o formato do cristalino é alterado, de uma lente moderadamente convexa para uma lente muito convexa. Em uma pessoa jovem, o cristalino é composto de uma cápsula altamente elástica preenchida com um líquido viscoso e rico em proteínas, mas totalmente transparente. Quando o cristalino está em seu estado relaxado, sem nenhuma tensão sobre sua cápsula, ele assume um formato quase esférico, principalmente em virtude da retração elástica de sua cápsula. Cerca de 70 ligamentos suspensores se fixam radialmente ao redor do cristalino, puxando suas bordas em direção ao círculo externo do globo ocular. Esses ligamentos são constantementetensionados por suas fixações na borda anterior da coroide e da retina. A tensão sobre os ligamentos faz com que o cristalino permaneça relativamente plano sob condições normais do olho. Os músculos ciliares também estão localizados nas fixações laterais dos ligamentos do cristalino ao globo ocular. Esses músculos apresentam dois conjuntos separados de fibras musculares lisas – fibras meridionais e fibras circulares. As fibras meridionais estendem-se das extremidades periféricas dos ligamentos suspensores para as junções corneoesclerais. Quando essas fibras musculares se contraem, as inserções periféricas dos ligamentos do cristalino são puxadas medialmente em direção às bordas da córnea, liberando, assim, a tensão dos ligamentos sobre o cristalino. As fibras circulares são dispostas circularmente em todo o contorno das fixações do ligamento, de modo que, quando elas se contraem, ocorre uma ação semelhante à de um esfíncter, reduzindo o diâmetro do círculo de fixações do ligamento; essa ação também possibilita que os ligamentos exerçam menor tração sobre a cápsula do cristalino. Assim, a contração de qualquer um dos conjuntos de fibras musculares lisas no músculo ciliar relaxa os ligamentos da cápsula do cristalino que, por sua vez, assume um formato mais esférico, como o de um balão, por causa da elasticidade natural de sua cápsula. A acomodação é controlada por nervos parassimpáticos. Através do terceiro par de nervos cranianos (nervo oculomotor) provenientes do núcleo do III par craniano, no tronco encefálico. A estimulação dos nervos parassimpáticos contrai os dois conjuntos de fibras da musculatura ciliar, o que relaxa os ligamentos do cristalino, permitindo, então, que ele se torne mais abaulado e aumente sua potência refrativa. Com essa potência refrativa aumentada, o olho focaliza os objetos mais proximamente do que quando o olho tem uma potência refrativa menor. Consequentemente, à medida que um objeto distante se move em direção ao olho, o número de impulsos parassimpáticos que incidem sobre a musculatura ciliar precisa aumentar progressivamente para que o olho mantenha o objeto em foco constante. A estimulação simpática tem um efeito adicional no relaxamento da musculatura ciliar, mas esse efeito é tão fraco que quase não exerce nenhum papel no mecanismo da acomodação normal; Presbiopia / Perda da acomodação pelo cristalino. À medida que uma pessoa envelhece, o cristalino fica maior e mais denso e se torna muito menos elástico, parcialmente pela progressiva desnaturação de suas proteínas. Portanto, a capacidade do cristalino de alterar seu formato diminui com a idade. A partir dos 70 anos, o cristalino fica quase totalmente sem acomodação -> presbiopia. Ao se alcançar o estado de presbiopia, cada olho permanecerá focalizado permanentemente para uma distância quase constante; essa distância depende das características físicas dos olhos de cada pessoa. Os olhos não conseguem mais acomodar a visão tanto para perto quanto para longe. Para ver claramente, a distância ou de perto, uma pessoa idosa precisa usar óculos bifocais, com o segmento superior focalizado para a visão a distância e o segmento inferior focalizado para perto (p. ex., para leitura). DIÂMETRO PUPILAR A principal função da íris é, por intermédio de sua abertura (pupila), aumentar a quantidade de luz que entra no olho na escuridão e reduzir essa quantidade à luz do dia. A “profundidade de foco” do sistema de lentes aumenta com a redução do diâmetro pupilar. O sistema de lentes superior possui uma profundidade de foco muito maior do que o sistema de lentes do olho inferior. Quando um sistema de lentes tem uma grande profundidade de foco, a retina pode ser consideravelmente deslocada do plano focal, ou a força da lente pode ser bastante alterada em relação ao normal, e a imagem ainda permanece muito próxima de um foco nítido; ao passo que, quando um sistema de lentes tem uma profundidade de foco “rasa”, mesmo uma ligeira movimentação da retina em relação ao plano focal provoca turvamento extremo da imagem. A maior profundidade de foco possível ocorre quando a pupila é extremamente pequena. A razão para isso é que, com uma abertura muito pequena, quase todos os raios atravessam o centro do cristalino e os raios mais centrais estão sempre em foco. ERROS DE REFRAÇÃO Emetropia (visão normal) -> quando os raios de luz paralelos de objetos distantes estiverem em foco nítido na retina quando os músculos ciliares se encontram completamente relaxados. O olho emetrope pode ver claramente todos os objetos distantes com sua musculatura ciliar relaxada. Hipermetropia (hiperopia) -> globo ocular anatomicamente muito curto ou, eventualmente, a um sistema de lentes muito fraco. Os raios de luz paralelos não são suficientemente curvados pelo sistema de lentes relaxado para chegarem ao foco no momento em que alcançam a retina. Para superar essa anormalidade, o músculo ciliar deve se contrair para aumentar a força da lente. Ao usar o mecanismo de acomodação, uma pessoa hipermetrope é capaz de focalizar objetos distantes na retina. Se a pessoa tiver usado apenas uma pequena quantidade de força da musculatura ciliar para acomodar objetos distantes, ela ainda terá muito poder acomodativo para focalizar objetos cada vez mais próximos ao olho, de maneira nítida, até que o músculo ciliar seja contraído no seu limite. Na idade avançada, quando o cristalino se torna “presbiope”, uma pessoa hipermetrope com frequência não consegue acomodar suficientemente o cristalino para focalizar até mesmo objetos distantes, e muito menos para objetos próximos. Miopia (vista curta) -> quando o músculo ciliar está completamente relaxado, os raios de luz provenientes de objetos distantes são focalizados à frente da retina. Globo ocular anatomicamente muito alongado, mas também pode ocorrer como resultado de uma potência refrativa excessiva no sistema de lentes do olho. A pessoa com miopia não tem nenhum mecanismo para focalizar objetos distantes de maneira nítida na retina. No entanto, à medida que um objeto se move mais para próximo do olho da pessoa, ele finalmente chega perto o suficiente para que a imagem consiga ser focalizada. Quando o objeto fica ainda mais próximo do olho, a pessoa pode usar o mecanismo de acomodação para manter a imagem claramente focalizada. Correção da miopia e da hipermetropia pelo uso de lentes -> Miopia: potência refrativa excessiva pode ser neutralizada pela colocação de uma lente esférica côncava em frente ao olho, que divergirá os raios. Hipermetropia: visão anormal pode ser corrigida pelo acréscimo de potência refrativa por meio do uso de uma lente convexa em frente ao olho. Astigmatismo: erro refrativo do olho que faz com que a imagem visual em um plano seja focalizada em uma distância diferente da do plano em ângulo reto. Geralmente decorre de uma curvatura de córnea muito grande em um plano do olho. Como a curvatura da lente astigmática ao longo de um plano é menor do que a curvatura ao longo do outro plano, os raios de luz que atingem as porções periféricas da lente em um plano não se curvam tanto quanto os raios que atingem as porções periféricas do outro plano. Os raios de luz que atravessam uma lente astigmática não chegam todos a um ponto focal comum porque os raios que atravessam um plano focalizam bastante à frente daqueles que atravessam o outro plano. O poder de acomodação do olho pode não ser capaz de compensar o astigmatismo porque, durante a acomodação, a curvatura do cristalino se altera de maneira quase igual em ambos os planos; assim, no astigmatismo, cada um dos dois planos requer um grau diferente de acomodação. Correção do astigmatismo com uma lente cilíndrica -> encontrar, por tentativa e erro, uma lente esférica que corrija o foco em um dos dois planosda lente astigmática. Utiliza-se uma lente cilíndrica adicional para corrigir o erro remanescente no plano restante. Para se fazer isso, é preciso determinar o eixo e a potência da lente cilíndrica necessária. Catarata / Áreas opacas no cristalino -> é uma área (ou áreas) enevoada ou opaca no cristalino. Primeiro estágio de formação da catarata, as proteínas em algumas das fibras do cristalino se tornam desnaturadas. Posteriormente, essas mesmas proteínas se coagulam (solidificam),formando áreas opacas onde existia fibras de proteína transparentes normais. Quando uma catarata obscurece a transmissão de luz de maneira tão intensa que compromete gravemente a visão, a condição pode ser corrigida por remoção cirúrgica do cristalino. ACUIDADE VISUAL Teoricamente, a luz de uma fonte pontual distante, quando focalizada na retina, deve ser infinitamente pequena. No entanto, como o sistema de lentes do olho nunca é perfeito, tal mancha na retina normalmente tem um diâmetro total de aproximadamente 2 micrômetros, mesmo com a resolução máxima do sistema óptico ocular. Essa mancha local é mais brilhante em seu centro e esmaece gradualmente em direção às bordas. O diâmetro médio dos cones na fóvea da retina – a parte central da retina, onde a visão é mais altamente desenvolvida – é de cerca de 1,5 micrômetro, que é um sétimo do diâmetro da mancha de luz. Todavia, como a mancha de luz apresenta um ponto central brilhante e bordas sombreadas, uma pessoa pode distinguir normalmente dois pontos separados se seus centros se situarem a até 2 micrômetros da retina, que é ligeiramente maior do que a largura do cone da fóvea. A acuidade visual normal do olho humano para discriminar entre fontes pontuais de luz é de aproximadamente 25 segundos de arco (7 milésimos de grau de circunferência). Ou seja, quando os raios de luz de dois pontos separados atingem o olho com um ângulo de, pelo menos, 25 segundos entre eles, eles normalmente podem ser reconhecidos como dois pontos em vez de um. Isso significa que uma pessoa com uma acuidade visual normal olhando para dois pontos brilhantes de luz distantes 10 metros um do outro mal pode distingui-los como entidades separadas quando eles estiverem entre 1,5 e 2 metros distantes entre si. Fora dessa área da fóvea, a acuidade visual se torna progressivamente pior, diminuindo mais de 10 vezes à medida que se aproxima da periferia. Isso é causado pela conexão de um número cada vez maior de bastonetes e cones a cada fibra de nervo óptico nas partes mais periféricas, não foveais, da retina. Método clínico para determinação da acuidade visual. O quadro para examinar os olhos consiste em letras de diferentes tamanhos colocadas a 6 metros de distância da pessoa que está sendo examinada. Se a pessoa puder enxergar bem as letras de um tamanho que ela possa ver a uma distância de 6 metros, diz-se que essa pessoa tem uma visão 6/6 – isto é, visão normal. Se a pessoa só conseguir ver as letras que seria capaz de ver a 60 metros de distância, essa pessoa tem uma visão 6/60. Em outras palavras, o método clínico para expressar a acuidade visual é a utilização da fração matemática que expressa a proporção de duas distâncias, o que também é a proporção da acuidade visual de uma pessoa com acuidade visual normal. DETERMINAÇÃO DA DISTÂNCIA ENTRE UM OBJETO E O OLHO / “PERCEPÇÃO DE PROFUNDIDADE” Uma pessoa normalmente percebe distância por três meios básicos: (1) os tamanhos de imagens de objetos conhecidos na retina; (2) o fenômeno da paralaxe de movimento; e (3) o fenômeno da estereopsia. Essa habilidade para se determinar a distância é chamada de percepção de profundidade. Determinação de distância pelo tamanho de imagens retinianas de objetos conhecidos. Se alguém sabe que a pessoa que está sendo vista tem 1,80 m de altura, esse alguém pode determinar o quão distante está a pessoa simplesmente pelo tamanho da imagem dessa pessoa na retina. Não é preciso pensar conscientemente sobre o tamanho, mas o cérebro aprendeu a calcular automaticamente as distâncias dos objetos a partir do tamanho das imagens quando as dimensões são conhecidas. Determinação de distância pela paralaxe de movimento. Outra maneira importante pela qual os olhos determinam a distância é o da paralaxe de movimento, um deslocamento na aparente posição de um objeto visto ao longo de duas diferentes linhas de visão. Se uma pessoa olha para longe com os olhos completamente imóveis, ela não percebe nenhuma paralaxe de movimento, mas quando a pessoa movimenta a cabeça para um lado ou para outro, as imagens dos objetos mais próximos se movimentam rapidamente pelas retinas, ao passo que as imagens de objetos distantes permanecem quase completamente estáticas. Por exemplo, ao se movimentar a cabeça 2,5 centímetros para o lado quando o objeto está a apenas 2,5 centímetros à frente do olho, a imagem se movimenta quase todo o caminho pelas retinas, enquanto a imagem de um objeto a 60 metros de distância dos olhos não se move perceptivelmente. Assim, pelo uso desse mecanismo de paralaxe de movimento, pode-se avaliar as distâncias relativas de diferentes objetos, ainda que se use apenas um olho. Determinação de distância por estereopsia | Visão binocular. Outro método pelo qual se percebe a paralaxe é o da visão binocular. Como um olho se encontra a um pouco mais de 5 centímetros de um lado do outro olho, as imagens nas duas retinas são diferentes entre si. Por exemplo, um objeto 2,5 centímetros à frente do nariz forma uma imagem no lado esquerdo da retina do olho esquerdo, mas, no olho direito, a imagem é formada no lado direito da retina. Já um pequeno objeto posicionado a uma distância de 6 metros à frente do nariz terá sua imagem captada em pontos estreitamente correspondentes nos centros das duas retinas. Essa paralaxe binocular (ou estereopsia) é quase inteiramente o que dá a uma pessoa com dois olhos uma capacidade muito maior de avaliar distâncias relativas quando os objetos estão próximos do que uma pessoa com apenas um olho. No entanto, a estereopsia é praticamente inútil para percepção de profundidade em distâncias além de 15 a 60 metros. SISTEMA DE LÍQUIDOS DO OLHO / LÍQUIDO INTRAOCULAR O olho é preenchido com líquido intraocular, o que mantém pressão suficiente no globo ocular para mantê-lo distendido. Esse líquido pode ser dividido em duas porções – humor aquoso, que fica na frente do cristalino, e humor vítreo, que fica entre a superfície posterior do cristalino e a retina. O humor aquoso é um líquido que flui livremente, enquanto o humor vítreo, algumas vezes chamado de corpo vítreo, é massa viscosa e gelatinosa que se mantém coesa por uma rede fibrilar fina, composta primariamente de moléculas de proteoglicanos bastante alongadas. Tanto água quanto substâncias dissolvidas podem se difundir lentamente no humor vítreo, mas há pouco fluxo de líquido. O humor aquoso é continuamente formado e reabsorvido. O balanço entre formação e reabsorção do humor aquoso regula o volume total e a pressão do líquido intraocular. FORMAÇÃO DO HUMOR AQUOSO PELO CORPO CILIAR O humor aquoso é formado no olho a uma taxa média de 2 a 3 μℓ/min. Essencialmente, todo ele é secretado pelos processos ciliares, que são pregas lineares que se projetam do corpo ciliar para o espaço que fica atrás da íris, onde os ligamentos do cristalino e o músculo ciliar se fixam ao globo ocular. As superfícies desses processos são revestidas por células epiteliais altamente secretoras e com uma área bastante vascularizada imediatamente abaixo delas. O humor aquoso é formado quase inteiramente como uma secreção ativa pelo epitélio dos processos ciliares. A secreção começa com o transporte ativo de íons sódio para os espaços entre as células epiteliais. Os íons sódio levam íons cloreto e bicarbonato junto com eles para manter neutralidade elétrica.Então, todos esses íons juntos promovem a osmose de água dos capilares sanguíneos que se situam abaixo dos mesmos espaços intercelulares epiteliais; a solução resultante flui dos espaços dos processos ciliares para a câmara anterior do olho. Além disso, diversos nutrientes são transportados através do epitélio por transporte ativo ou difusão facilitada, incluindo aminoácidos, ácido ascórbico e glicose. FLUXO DE SAÍDA OCULAR DO HUMOR AQUOSO Após ser formado pelos processos ciliares, o humor aquoso inicialmente flui, para a câmara anterior do olho através da pupila. A partir desse ponto, o líquido flui na direção anterior ao cristalino e entra no ângulo entre a córnea e a íris, seguindo através de malha de trabéculas (espaço de Fontana) para, finalmente, alcançar o canal de Schlemm (seio venoso da esclera), que desemboca nas veias extraoculares. Ainda que o canal de Schlemm seja, na verdade, um vaso sanguíneo venoso, o volume de humor aquoso que normalmente flui para esse canal é tão grande que o deixa preenchido somente com humor aquoso, em vez de sangue. As pequenas veias que saem do canal de Schlemm para as veias maiores do olho geralmente contêm apenas humor aquoso; essas veias são denominadas veias aquosas. PRESSÃO INTRAOCULAR A pressão intraocular normal média gira em torno de 15 mmHg, com uma variação de 12 a 20 mmHg. Determinação da pressão intraocular por tonometria. A córnea do olho é anestesiada com um colírio anestésico local, e a plataforma base da ponta do tonômetro é posicionada sobre a córnea. Aplica-se, então, uma pequena força ao êmbolo central, fazendo com que a parte da córnea embaixo do êmbolo seja deslocada para dentro. O grau de deslocamento é registrado na escala do tonômetro, e essa medida é convertida em unidades de pressão intraocular. Regulação da pressão intraocular: essa permanece constante no olho normal. O nível dessa pressão é determinado principalmente pela resistência ao fluxo de saída do humor aquoso da câmara anterior para o canal de Schlemm. A intensidade do fluxo do líquido para o canal aumenta acentuadamente à medida que a pressão se eleva. Mecanismo de limpeza dos espaços trabeculares e do líquido intraocular: quando grandes quantidades de detritos estão presentes no humor aquoso, há grandes chances de que eles se acumulem nos espaços trabeculares que fluem desde a câmara anterior para o canal de Schlemm; esses detritos podem impedir a reabsorção adequada de líquido da câmara anterior, algumas vezes provocando glaucoma. No entanto, há um grande número de células fagocitárias nas superfícies das placas trabeculares. Imediatamente fora do canal de Schlemm há uma camada de gel intersticial que contém um grande número de células reticuloendoteliais com capacidade extremamente alta de fagocitar detritos e digeri-los em pequenas substâncias moleculares que podem,, então, ser absorvidas. Dessa forma, esse sistema fagocitário mantém os espaços trabeculares limpos. Glaucoma – causa elevação da pressão intraocular e é uma importante causa de cegueira: pressão se eleva de forma aguda, algumas vezes chegando a 60 – 70 mmHg. Pressões acima de 25 – 30 mmHg também provocam perda de visão quando mantidas por longos períodos. À medida que a pressão se eleva, os axônios do nervo óptico sofrem compressão onde eles saem do globo ocular, no disco óptico, essa compressão bloqueia o fluxo axônico de citoplasma dos corpos celulares neuronais da retina nas fibras do nervo óptico que correm para o cérebro. O resultado é a falta de nutrição adequada das fibras, o que, por fim, provoca a morte das fibras envolvidas.
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